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TEXTUAL- II
ALUNO: R.A.:
CURSO: UNIDADE:
PLANO DE ENSINO:
DISCIPLINA: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL II
POSIÇÃO NA GRADE DO CURSO: 2º SEMESTRE LETIVO / CARGA HORÁRIA
SEMESTRAL: 40 HORAS / AULA
Análise de textos
Resenha
Relatório
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BLIKSTEIN, Isidoro. Técnicas de comunicação escrita. 4. ed. São Paulo: Ática, 1987.
BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as ideias. 8. ed. São Paulo: Ática, 2002.
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2002.
GARCIA, Othon. M. Comunicação em prosa moderna. 14. ed. RJ: Fundação Getúlio
Vargas, 1988.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prática. Campinas: Pontes/Editora da Unicamp,
1993.
KOCH, I. G. V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.
KOCH, I. V. e TRAVAGLIA, L. C. . Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. S. Paulo: Cortez,
2001.
ROJO, R. H. (org.). A prática da Linguagem na sala de aula. SP: EDUC/ Mercado das
Letras, 2000.
SOARES, M. B.; CAMPOS, E. N. Técnica de Redação. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,
1978.
TUFANO, Douglas. Michaelis. Guia prático da nova ortografia. São Paulo:
Melhoramentos, 2008. (Disponível em:
http://mail.mailig.ig.com.br/mail/?
ui=2&ik=4fea903c1f&view=att&th=11ee0bee069ed725&attid=0.1&disp=vah&realattid=0.
1&zw)
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2001.
FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis:
Vozes, 1992.
KLEIMAN, A. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1987
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
SERAFINI, M. T. Como escrever textos. 10. ed. Col. dirigida por Humberto Eco. SP:
Globo, 2000.
VALENTE, André. A linguagem nossa de cada dia. Petrópolis: Ed. Vozes, 1977
VIANA, A. C. Roteiro de Redação: lendo e argumentando. 1. ed. São Paulo: Scipione,
1999.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção... SP: Martins Fontes,
1998.
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UNIDADE 1
(Fonte: HTTP://forum.brasilescola.com/index.php?showtopic=38769)
1. Considerando uma partida de futebol, podemos dizer que só não é linguagem não verbal:
a) os cartões amarelos e vermelhos do juiz.
b) as listras pretas das camisas dos bandeirinhas.
c) as cores quadriculadas das bandeiras dos times.
d) o som do apito do juiz.
e) os gritos de gol da torcida.
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Todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação denomina-se
___________.
Língua e fala
Na linguagem, pois, distinguem-se dois fatores – a língua e a fala. Foi Saussure o primeiro a
separar e conceituar estes dois aspectos. Compara ele a língua a um dicionário cujos exemplares
idênticos são distribuídos entre os indivíduos. Cada falante escolhe na língua os meios de expressão
de que necessita para comunicar-se, confere-lhe natureza material, produzindo-se assim a fala. A
fala, de aplicação momentânea, é fruto da necessidade psicológica de comunicação e
expressão.Porque é a realização individual da língua, torna-se flutuante e varia, pois muda de
indivíduo para indivíduo, de situação para situação. Altera-se facilmente pela influência de fatores
diversos – estados psíquicos, ascensão social, migração, mudança de atividade etc. Não é, porém,
um fator de criação e sim de modificação. O indivíduo, pelo ato da fala, não cria a língua, pois
recebe e usa aquilo que a sociedade lhe ministrou e, de certa forma, lhe impôs. A língua tem sempre
a possibilidade de fixação e sistematização em dicionários e gramáticas. É um patrimônio extenso e
ninguém a possui na sua totalidade. Cada falante retém uma parte (embora grande) do sistema, que
não existe perfeito em nenhum indivíduo.
(Francisco da Silva Borba. Introdução aos estudos lingüísticos)
a) 2 – 3 – 5 – 6
b) 1 – 2 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 5 – 6
d) 2 – 3 – 4 – 5
e) 4 – 5 – 6 – 7
7. Baseado na leitura do trecho, assinale a alternativa correta quanto à sua principal temática:
Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou publicitário, um anúncio visual
sem nenhuma palavra, uma canção, um filme, um gráfico, um discurso oral que nunca foi escrito,
enfim, os mais variados arranjos organizados para informar, comunicar, veicular sentidos são texto.
O texto não é, pois, exclusividade da palavra. Para a consagrada bailarina e coreógrafa Martha
Graham, a dança é uma forma de comunicação, logo, é texto – ainda que o código do emissor e do
receptor-expectador não sejam os mesmos.
(MACHADO, Irene A. Texto & Gêneros: fronteiras, publicado em Espaços da Linguagem na Educação).
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a) Variações linguísticas. b) Coesão e coerência. c) Linguagem verbal e linguagem não verbal.
d) Acentuação. e) Pontuação.
8 – Das opções abaixo, marque aquela que representa exemplos de linguagem não verbal:
a) cornetas e uma conversa informal entre amigos.
b) céu estrelado e danças folclóricas.
c) canções folclóricas do boi-da-cara-preta.
d) pregações religiosas.
e) semáforos e discursos políticos.
Dizemos que são considerados bens públicos aqueles de uso comum do povo. Nesse
sentido, não há como deixar de considerar a língua como um bem público, já que ela é de
uso comum dos que dela se utilizam para atos de comunicação. A língua é exterior aos
indivíduos e, por isso, estes não podem criá-la ou modificá-la individualmente. Ela só
existe em decorrência de uma espécie de contrato coletivo que se estabeleceu entre as
pessoas e ao qual todos aderiram. A língua portuguesa, por exemplo, pertence a todos
aqueles que dela se utilizam. No caso de línguas como o português, o inglês e o espanhol,
só para citar alguns exemplos, esse bem público é veículo de comunicação de pessoas de
vários países; são, portanto, línguas multinacionais. A língua portuguesa é utilizada não
somente por brasileiros. (...). O português hoje é falado por cerca de 200 milhões de
pessoas, ocupando o quinto lugar entre as línguas mais faladas do mundo.
(TERRA, Ernani. Linguagem, Língua e Fala. São Paulo: Ed. Scipione, 1997)
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porque, sendo exterior aos falantes, pertence à comunidade linguística como um todo. É
abstrata porque só se realiza através da fala.
(TERRA, Ernani. Linguagem, Língua e Fala. São Paulo: Ed. Scipione, 1997)
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UNIDADE 2
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Objetiva: quando se retrata a realidade como ela é.
Subjetiva: quando se retrata a realidade segundo nossos sentimentos e
emoção.
Descrição objetiva:
“A cômoda era velha, de madeira escura com manchas provocadas pelo longo tempo de
uso. As três gavetas possuem puxadores de ferro em forma de conchas, nas duas laterais há
ornamentos semelhantes àqueles de esculturas barrocas, os pés são redondos e ornamentados.”
Descrição subjetiva:
“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetas guarda
coisas de outros tempos, só para si. Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fechada, egoísta.’’
(QUINTANA, Mário. Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto. 1984,
p. 37).
Observação:
Não confunda descrição e definição.
Definir é explicar a significação de um ser.
Descrever é retratar a partir de um ponto de vista.
Na definição, não há ponto de vista, o objeto é descrito de maneira geral e serve para
qualquer cômoda; já nas descrições prevalecem a particularidade; cada cômoda foi descrita de
forma diferente.
Descrição sensorial
A descrição sensorial, também conhecida por sinestésica, apóia-se nas sensações. Este tipo
de descrição faz com que o texto fique mais rico, forte, poético; nele o leitor interage com o
narrador e com a personagem. As sensações são:
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Descrição técnica
A descrição técnica deve apresentar precisão vocabular e exatidão de pormenores. Deve
esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos, fenômenos, fatos,
lugares, eventos. Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto é muito importante na
construção do texto descritivo, deles depende a estrutura do texto:
• que será descrito?
• que aspecto será destacado?
• quais são os pormenores mais importantes?
• que ordem será adotada para a descrição?
• a quem se destina o texto: ao técnico ou ao leigo?
“O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio, a
qual, por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os
cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um
cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são comandadas por meio de
tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera
especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de
engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e os pistões são fundidos
de uma liga de metal leve.”
(Fonte: Manual de instruções [Volkswagen]. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon,
Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.)
Espaço é o lugar físico onde se passa a ação narrativa, e ambiente é o espaço com
características sociais, morais, psicológicas, religiosas, etc. Ao se descrever um ambiente fechado,
escuro, sujo, desarrumado, normalmente é sugerido um estado de angústia, ou solidão, ou desleixo.
Já os lugares abertos, claros, coloridos, sugerem felicidade, harmonia, paz, amor. Portanto o
ambiente descrito em seu texto deverá fazer com que o leitor perceba o rumo da história. Veja um
exemplo:
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crescidos, corriam e guinchavam, empinando papagaios de papel. Um ou outro branco, levado pela
necessidade de sair, atravessava a rua suando, vermelho, afogueado, à sombra de um enorme
chapéu-de-sol. Os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos,
movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos. Ao longe, para as bandas de
São Pantaleão, ouvia-se apregoar: “Arroz de Veneza! Mangas! Macajubas!” Às esquinas, nas
quitandas vazias, fermentava um cheiro acre de sabão da terra e aguardente. O quitandeiro,
assentado sobre o balcão, cochilava a sua preguiça morrinhenta, acariciando o seu imenso e
espalmado pé descalço. Da Praia de Santo Antônio enchiam toda a cidade os sons invariáveis e
monótonos de uma buzina, anunciando que os pescadores chegavam do mar; para lá convergiam,
apressadas e cheias de interesse, as peixeiras, quase todas negras, muito gordas, o tabuleiro na
cabeça, rebolando os grossos quadris trêmulos e as tetas opulentas.”
(AZEVEDO, Aluísio de. O Mulato. Apud Curso de Redação, Harbra. J. Miguel, p. 67.)
Note como todas as descrições procuram mostrar para o leitor um ambiente em decadência,
miserável, fúnebre:
“A praça da alegria apresentavam um ar fúnebre, de um casebre miserável, de porta e janela,
ouviam-se gemer os armadores enferrujados de uma rede...”
“Os cães, entendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos...”
Título
Qualquer pessoa que o visse, quer pessoalmente ou através dos meios de comunicação, era
logo levada a sentir que dele emanava uma serenidade e autoconfiança próprias daqueles que
vivem com sabedoria e dignidade.
De baixa estatura, magro, calvo, tinha a idade de um pai que cada pessoa gostaria de ter e
de quem a nação tanto precisava naquele momento de desamparo. Seus olhos oblíquos e castanhos
transmitiam confiança. O nariz levemente arrebitado e os lábios finos, em meio ao rosto
arredondado, traçavam o perfil de alguém que sentíamos ter conhecido durante a vida inteira. Sua
voz era doce e ao mesmo tempo dura. Falava e vestia-se como um estadista. Era um estadista.
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Sua característica mais marcante foi, sem dúvida, a ponderação na análise dos problemas
políticos e sócio-econômicos. Respeitado em todo o mundo pela condição de líder preocupado com
o destino das futuras gerações, de conhecedor profundo das questões deste país, colocava sempre o
espírito comunitário acima dos interesses individuais. Seu grande sonho foi provavelmente o de
pôr toda a sua capacidade a serviço da nação brasileira, tão ameaçada pelas adversidades
econômicas e tão abandonada, como sempre fora, por aqueles que se dizem seus representantes.
Verdadeiro exemplo de homem público, ficará para sempre na memória dos seus
contemporâneos e no registro histórico dos grandes vultos nacionais.
EXERCÍCIOS
b) A geladeira era branca, com puxadores de plástico azulado, com manchas provocadas pelo longo
tempo de uso. Na parte superior, um compartimento bem menor que a inferior, mas com um
detalhe: era forrado de ímãs com figuras de frutas e flores. Os pés eram redondos e de metal
azinhavre.
c) Maria Geladeira tem duas partes. Uma, imponente, longa e esquálida. Outra, mimosa, alegre,
com um ar de criança brincalhona colhendo maçãs e flores. Abro a porta de cima, lá estão as cartas
de quem se foi – geladas como meu coração.
3. Observe a bela descrição de uma casa e comente se é objetiva ou subjetiva. Justifique com
trechos do texto:
“Encosto a cara na noite e vejo a casa antiga. Os móveis estão arrumados em círculo, favorecendo
as conversas amenas, é uma sala de visitas. O canapé, peça maior. O espelho. A mesa redonda com
o lampião aceso desenhando uma segunda mesa de luz dentro da outra. Os quadros ingenuamente
pretensiosos, não há afetação nos móveis, mas os quadros têm aspirações de grandeza nas gravuras
de mulheres imponentes (rainhas?) entre pavões e escravos transbordando até o ouro purpurino das
molduras. Volto ao canapé de curvas mansas, os braços abertos sugerindo cabelos desatados.
Espreguiçamento. Mas as almofadas são exemplares, empertigadas no encosto de palhinha gasta.
Na almofada menor está bordada uma guirlanda azul. O mesmo desenho de guirlandas desbotadas
no papel sépia da parede. A estante envidraçada, alguns livros e vagos objetos nas prateleiras
penumbrosas.”
(TELLES, Lygia Fagundes. Ap. Missa do Galo. São Paulo: Summus, 1977.)
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4. Leia o texto a seguir e responda:
FUNERAL
“Uma cena me ficou na memória com uma nitidez inapagável. Parado no meio-fio duma
calçada, no Passo de la Reforma, vejo passar o enterro de um bombeiro que se suicidou. Os
tambores, cobertos de crepe, estão abafados e soam surdos. Não se ouve sequer um toque de clarim.
Atrás dos tambores marcham alguns pelotões. Os soldados de uniforme negro, gola carmesim, crepe
no braço, marcham em cadenciado silêncio. E sobre um carro coberto de preto está o esquife
cinzento envolto na bandeira mexicana.
Plan-rata-plan! Plan-rata-plan! Lá se vai o cortejo rumo do cemitério. Haverá outro país no
mundo em que um velório seja mais velório, um enterro mais enterro, e a morte mais morte?
Plan-rata-plan! Adeus bombeiro. Nunca te vi. Teu nome não sei. Mas me será difícil,
impossível esquecer o teu funeral. Plan-rat-plan!”
a) O texto é objetivo ou subjetivo? Justifique retirando trechos que comprovem sua opção;
b) Qual o tema do texto?
c) Qual a mensagem?
d) Qual o processo descritivo usado para descrever? (Ver descrição sensorial)
e) Explique o uso da onomatopéia (palavras que imitam sons).
f) A história apresenta uma ironia. Qual é? Comente-a.
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Os disjuntores são equipamentos de alta tecnologia, muito eficientes e relativamente
baratos, adequando-se às mais diversas situações de uso predial ou industrial, tornando-se, assim,
indispensável em qualquer instalação.
(Fonte: CHAMADOIRA, J. B. N. Uma modalidade de texto técnico. www.cefetsp.br/edu/sinergia.html)
Contar histórias é uma atividade comum nas relações humanas, faz parte do ato de
comunicação, não só na vida particular, mas também na profissional. Usamos aspectos da narração
quando precisamos produzir relatórios, textos técnicos, e-mails e outros textos que fazem parte do
cotidiano de qualquer profissional. Escrevemos para contar o que acontece, com quem, onde, como,
por quê e para quê. Esses são os elementos do processo narrativo. Veja:
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Obs.: a diferença entre narração e relato é que este não tem conflito. Na narração, a
personagem tem que sofrer mutação, devido ao conflito.
A narração, assim como qualquer texto, também pode ser objetiva e subjetiva (veja a
unidade DESCRIÇÃO)
Narração objetiva
Narração objetiva é aquela que costumamos ler em jornais, em livros de História etc. Veja
um exemplo:
Observe que o narrador está em terceira pessoa; não toma, pois, parte da história, apenas
relata de maneira imparcial, contando os fatos sem que sua emoção transpareça na narrativa.
Resumindo, a narração objetiva apenas informa o leitor.
Narração subjetiva
Narração subjetiva é aquela em que o narrador deixa transparecer os seus sentimentos, sua
posição diante do fato é sensível, emocional. Exemplo:
Em uma certa manhã acordei entediada. Estava em minhas férias escolares do mês de julho.
Não pudera viajar. Fui ao portão e avistei, três quarteirões ao longe, a movimentação de uma feira
livre.
Não tinha nada para fazer, e isso estava me matando de aborrecimento. Embora soubesse
que uma feira livre não constitui exatamente o melhor divertimento do qual um ser humano pode
dispor, fui andando, a passos lentos, em direção aquelas barracas. Não esperava ver nada de
original, ou mesmo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me aproximei, vi uma senhora
alta, extremamente gorda, discutindo com um feirante.
O homem, dono da barraca de tomates, tentava em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei
por que brigavam, mas sei o que vi: a mulher, imensamente gorda, mais do que gorda (monstruosa),
erguia seus enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me
assustar, com medo de que ela destruísse a barraca (e talvez o próprio homem) devido à sua fúria
incontrolável. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais
vermelha, assim como os tomates, ou até mais.
De repente, no auge de sua ira, avançou contra o homem já atemorizado e, tropeçando em
alguns tomates podres que estavam no chão, caiu, tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto,
para o divertimento do pequeno público que, assim como eu, assistiu aquela cena incomum.
O narrador
Ao produzir um texto, você poderá fazê-lo de duas maneiras diferentes, contar uma história
em que você participa ou contar uma história que ocorreu com outra pessoa. Essa decisão
determinará o tipo de narrador a ser utilizado em seu texto.
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NARRADOR EM 1ª PESSOA: Conhecido também por narrador-personagem, é aquele que
participa da ação. Pode ser protagonista quando personagem principal da história, ou pode ser
alguém que presenciou o fato, estando no mesmo local.
Exemplo: Narrador-protagonista:
“Era noite, voltava sozinho para casa, o frio estava insuportável, não havia ninguém naquela
rua sombria, ouvi um barulho estranho no muro ao lado, assustei- me...”
Estrutura do Enredo
Geralmente, toda história tem um princípio (introdução), um meio (desenvolvimento), e um
fim (desfecho). Contudo, em alguns casos esta estrutura não é obedecida. Veja-se a estrutura de
uma história que apresenta começo, meio e fim:
Introdução: o autor apresenta a idéia principal, as personagens, o lugar onde vai ocorrer os
fatos.
Desenvolvimento: é a parte mais importante do enredo, é nele que o autor detalha a idéia
principal. O desenvolvimento é dividido em duas partes:
Complicação: quando há uma ligação entre os fatos levando a personagem a um conflito, situação
complicada.
Clímax: é o momento mais importante da narrativa, a situação chega em seu momento crítico e
precisa ser resolvida.
Desfecho: é a parte final, a conclusão. Nessa parte o autor soluciona todos os conflitos,
podendo levar a narrativa para um final feliz, trágico ou ainda sem desfecho definido, deixando as
conclusões para o leitor.
EXERCÍCIOS
O HOMEM NU
Ao acordar, disse para a mulher:
- Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a
conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
- Explique isso ao homem - ponderou a mulher.
- Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas
obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar
que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar - amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a
mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e
abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela
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para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo
padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal
seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo
vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando
ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas
ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos
dedos:
- Maria! Abre aí, Maria. Sou eu - chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir
lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço de escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e
voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
- Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de
baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na
mão, parecia executar um ballet grotesco e mal-ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e
ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e
entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele
respirou aliviado, enxugando o suor da testa com embrulho do pão. Mas eis que a porta interna do
elevador se fecha e ele começa a descer.
- Ah, isso é que não! - diz o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia
mesmo ser algum vizinho conhecido. Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez
para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka,
instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime de Terror!
- Isso é que não - repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.
Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois
experimentou apertar o botão de seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de
mais nada: “Emergência: parar.” Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a
parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
- Maria! Abre esta porta! gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela.
Ouviu que outra porta se abria atrás de si. Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e
tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
- Bom dia, minha senhora - disse ele, confuso. - Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
- Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
- Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
- É um tarado!
- Olha, que horror!
- Não olha não! Já para dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como
foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois,
restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
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- Deve ser a polícia - disse ele, ainda ofegante, indo abrir. Não era: era o cobrador da
televisão.
(SABINO, Fernando. O Homem nu. 24 ed. Rio de Janeiro, Record, 1984. p. 65-8).
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Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos doentes, aos velhos, aos solitários.
Na grande cidade – num apartamentinho de quarto e sala, num casebre de subúrbio, numa orgulhosa
mansão – a criatura solitária tem nela a grande distração, o grande consolo, a grande companhia.
Ela instala dentro de sua toca humilde o tumulto e o frêmito de mil vidas, a emoção, o suspense, a
fascinação dos dramas do mundo.
A corujinha da madrugada não é apenas a companheira de gente importante. É a grande
amiga da pessoa desimportante e só, da mulher velha, do homem doente... É a amiga dos
entrevados, dos abandonados, dos que a vida esqueceu para um canto... ou que no meio da noite
sofrem o assalto de dúvidas e melancolias ...mãe que espera filho, mulher que espera marido...
homem arrasado que espera que a noite passe, que a noite passe, que a noite passe...
(Ela tem alma de pomba. BRAGA. R. In: 200 Crônicas Escolhidas. 5 ed. RJ: Record, 1978, p. 318-319).
( )A última boca repetiu - Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario
levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-
lo, tinha todo o ar de um defunto.
( )Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada e o cachimbo tinha apagado. O
rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o
colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e as bolhas de
espumas surgiram no canto da boca.
( )Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço e assim que dobrou a esquina, diminuiu o
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada,
ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
( )Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de
ataque.
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( )Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas
mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas
um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns
moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
( )Fecharam-se uma a uma as janelas, e três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão.
A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade
e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
( )Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia
morto há muitos anos, quase um retrato de um morto desbotado pela chuva.
( )Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os
moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foras despertadas e de pijama
acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda fumaça
do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao
seu lado.
( )Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e
as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo
Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
( )Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a
farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria.
Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
( )A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo arrastou para o
táxi da esquina. Já na metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida?
Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tinha os
sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
( )Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus
bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade, sinal de nascença. O
endereço na carteira era de outra cidade.
( )Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e
bebendo, gozavam delícias na noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem
o relógio de pulso.
(In 20 contos menores. Rio de Janeiro. Record. 1979 p. 20-23)
20
d) Identifique os elementos narrativos: personagem, tempo,espaço, conflito, desfecho.
II. Depois que você leu o texto, não é difícil identificar sua temática:
a) solidariedade com os dramas alheios
b) hipocrisia sentimental, falso pesar em face da desgraça alheia
c) crítica ao atendimento médico nas grandes cidades
d) participação de todos quando a cidade é pequena e provinciana
e) a pressa nas grandes cidades, que leva ao cansaço e à morte
III. "Já tinham introduzido no carro a metade do corpo, quando o motorista protestou: quem
pagaria a corrida"
IV."Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ATAQUE."
A palavra em destaque pode ser substituída por:
UNIDADE 4
(Partes deste capítulo foram extraídos de SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: escrevendo com
prática. São Paulo: Iglu, 1997.)
É muito comum a confusão que se faz entre título e tema. Observe a diferença e
importância desse tópico na produção do texto dissertativo.
Título: é uma vaga referência ao assunto abordado; normalmente é colocado no início do texto.
Tema: é o assunto abordado no texto, a idéia a ser defendida.
Dependendo da proposta, podemos escolher diversos temas e títulos para o texto.
Exemplos:
Tema: Família
Título: A ditadura dos filhos
Ideia central: As famílias sofrem ultimamente com a ditadura dos filhos consumistas que
tudo pedem movidos pela onda de consumo propagada pela televisão; e os pais, perdidos nas novas
21
tendências educacionais, permitem que os filhos mandem e desmandem na hora de comprar
determinado produto.
Tanto o título quanto o tema poderiam ser outros, a proposta é muito ampla, permitindo
várias opções de escolha. É importante que você seja criativo na escolha do título e que não use
expressões simplórias.
Delimitação do tema
Antes de iniciar um texto, pense, primeiramente quanto à delimitação do tema, ou seja, às
vezes, você se defronta com um tema muito amplo para ser desenvolvido e sente dificuldade em
escrever, pois já que ele é amplo demais, as idéias também serão múltiplas. Tome como exemplo o
tema “Poluição”. Dá para escrever não só um texto, mas uma enciclopédia sobre o assunto... Se for
solicitada, por exemplo, uma redação de 25/30 linhas, o resultado de seu texto será uma reunião de
frases desconexas e genéricas, e o assunto teria um tratamento superficial. Numa redação, as idéias
devem ser delimitadas para que a argumentação possa ser, no mínimo, convincente. Veja algumas
possíveis delimitações para o tema escolhido como exemplo – “Poluição”:
• Poluição dos rios
• Poluição sonora
• Poluição e saúde pública
• Poluição sonora e o sono
• O que a sociedade deve fazer perante o problema da poluição
• A poluição do ar e a saúde dos nossos pulmões
• A poluição do solo e o futuro dos campos férteis
Observe-se que nesses exemplos o tema será poluição, mas seu campo de extensão é
delimitado, marcado. Seu texto será muito mais profícuo e interessante, pois você terá mais chances
de fazer valer seu ponto de vista quanto à questão abordada. Delimitado o tema, veja um exemplo
de como planejar um texto. Tome como parâmetro o tema “poluição nos rios” – observe que ele já
vem delimitado: você vai escrever sobre a poluição, especificamente a dos rios.
Tema: poluição dos rios
- morte de vários peixes;
- desequilíbrio na flora e fauna aquática;
- indústrias despejam poluentes nas águas;
- nenhum controle por parte das autoridades responsáveis;
- com o aumento da poluição, o que será de nós daqui a algumas décadas?
- poluição da água que bebemos;
- na Inglaterra recuperaram um rio que era totalmente poluído, o Tâmisa;
- não existe só poluição dos rios, há também poluição do ar e do solo;
- o rio Tietê, em São Paulo, é totalmente poluído; é só passar nas suas margens que a gente
sente o cheiro;
- antigamente as pessoas até tomavam banho no Tietê;
- contaminação dos peixes que comemos;
- campanhas educativas para a população;
- destruição dos rios = destruição do planeta = destruição da nossa casa = destruição de nós
mesmos;
- contaminação de plantações irrigadas por água poluída;
- desequilíbrio ecológico;
- desenvolvimento de projetos para reaproveitar o lixo que é lançado nos esgotos;
- detergentes biodegradáveis;
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- despejo de esgotos nos rios
- maior fiscalização por parte das autoridades responsáveis
Com um bom número de ideias levantadas, ficará mais fácil redigir seu texto !!!.
ORGANIZANDO AS IDEIAS
A proposta agora é agrupar as ideias, separando as causas, consequências e soluções.
Procure selecionar somente as ideias que sigam uma linha de pensamento, isto é, que estejam
interligadas.
SOLUÇÕES:
- seguir o exemplo da Inglaterra, onde recuperaram um rio que era totalmente poluído, o
Tâmisa;
- desenvolvimento de projetos para reaproveitar o lixo que é lançado nos esgotos;
- campanhas educativas para a população;
- maior fiscalização por parte das autoridades responsáveis
Feito isso, veja como ficará mais fácil produzir um texto coeso e coerente:
“A poluição dos rios está se tornando desmesurada e incontrolável, pois despejam-se poluentes e
esgotos nas águas e, além disso, detergentes não-biodegradáveis ainda são produzidos e jogados nos
rios. Tudo isso gera a morte de peixes, poluição da água que bebemos, e o acúmulo de detritos no
leito dos rios provocam inundações. Se seguíssemos o exemplo da Inglaterra, que recuperou o rio
Tâmisa, e se fossem criadas campanhas educativas para a população, bem como uma maior
fiscalização por parte das autoridades, esse problema seria facilmente resolvido”.
Observe que as idéias foram reelaboradas, e só algumas foram utilizadas, aquelas que tinham a ver
com o raciocínio do autor.
EXERCÍCIOS
23
e) introdução; f) conclusão.
“O nariz é vítima de muitas alergias – algumas causadas por fatores que o atacam
diretamente. ‘Muitas vezes’, explica o alergista Laércio José Zuppi, ‘os próprios medicamentos para
gripes e rinites irritam a mucosa olfativa, levando a uma perda temporária do olfato. A poluição,
cada vez maior nas grandes cidades, também ajuda a enfraquecer o olfato’. Em certos casos, os
danos à mucosa são irreversíveis: mesmo recuperado da alergia, o paciente não volta a sentir bem
os odores.
Conservantes de alimentos podem causar alergias a longo prazo, que por sua vez podem
causar a anosmia (perda ou enfraquecimento do olfato). Os medicamentos, porém, encabeçam os
fatores que provocam esse tipo de problema, em especial os remédios para hipertensos, os
diuréticos e o ácido acetilsalicílico, o mais popular analgésico”.
3. Quanto aos textos abaixo, diga o que é tema; título; introdução; há conclusão? O título condiz
com o texto?
a) O esporte
b) Apoio para os menores
c) No país do futebol, o esporte amador sofre com falta de patrocínio. A natação, a canoagem, o
judô, o atletismo, entre outros responsáveis por muitas medalhas olímpicas, vivem desesperados
atrás de um minguado patrocínio, enquanto clubes e atletas profissionais de futebol nadam num mar
de dinheiro.
24
- deveria ser limitado o número de veículos no centro da cidade, porém esta medida não agrada
aos comerciantes;
- a prefeitura não tem verbas para melhorar o transporte coletivo;
- o transporte poderia ser privatizado e a prefeitura poderia fiscalizar o serviço.
5. Crie uma introdução para os seguintes desenvolvimentos, delimitando o tema no tópico frasal:
a) ... Preços disparando nos supermercados, salários perdendo seu valor aquisitivo, greves
pipocando pelo país, são exemplos desta situação.
b) ... Por exemplo, enquanto existe a pronúncia culta de “palha”, “problema”, “homem”, existe a
pronúncia popular em “paia”, “pobrema”, “hômi”.
• Drogas lícitas
• Drogas ilícitas
• Drogas entre os adolescentes
• As drogas e a violência
• Por que se procuram as drogas na vida moderna
• O que a sociedade deve fazer perante o problema das drogas
• Drogas e pobreza
7. Escolha um dos itens a seguir e delimite o tema, selecione e organize as ideias com relação aos
seguintes temas:
a) Discriminação; b) Ensino; c) Saúde; d) Felicidade e) Trabalho.
UNIDADE 5
DISSERTAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO
(Partes deste capítulo foram extraídos/adaptados de SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação:
escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997; FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão.
Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2000; PACHECO, Agnelo C. A dissertação.
São Paulo: Atual, 1993 e da apostila da Profa. Ana M. Ziccardi).
Dinâmica argumentativa
Há inúmeras maneiras de convencer alguém de algo. Podemos tentar impor nossa vontade
usando a violência. Ou recorrendo à demonstração científica. Ou simplesmente ganhando no grito.
Podemos, no entanto, argumentar. Quem argumenta parte do princípio de que não vai
ganhar uma discussão no grito ou na base da força (física, de sua autoridade, de seu status).
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Argumentar exige debate aberto e ético. Não manipulativo. Com todos os argumentos a
nosso alcance abordados, mesmo os avessos à nossa opinião. Ou não seria argumentação. Seria
publicidade (apresentar as vantagens do que nos interessa sem exibir contrapontos), manipulação
psicológica ou mera sedução (desviar-nos do principal, pela aparência dos fatos, não pelos fatos).
Seria buscar eficácia a qualquer preço.
A comunicação argumentativa parte do princípio de que a opinião pode ser defendida com
rigor e abertura ao debate. Por isso, quem argumenta procura um acordo prévio com seu
interlocutor. Como quem deseja estabelecer uma ligação a partir desse acordo.
Há, enfim, uma dinâmica argumentativa. Porque argumentar não é só emitir opinião. Para o
francês Philippe Breton, em A Argumentação na Comunicação (Publicações Dom Quixote, Lisboa,
1998), a opinião existe antes de ser formulada. E mal formulada já entra no debate para não
convencer ninguém.
Não podemos defender a descriminalização das drogas a uma platéia de policiais sem antes
derrubar seu asco natural pela questão. Sem esse esforço prévio, nem teriam sequer paciência em
nos ouvir. Por isso, devemos criar um terreno para que se reduza a resistência natural da platéia à
nossa opinião.
Quem alimenta esperança de ser ouvido precisa transformar sua opinião em um argumento
adequado a um auditório. Por isso, precisa prever o contexto em que sua opinião será recebida,
aquele conjunto de valores e opiniões pré-concebidas já partilhado pelo público. Sua opinião inicial
deve integrar-se ao contexto de recepção.
A retórica antiga sugeria preparar o terreno antes de emitirmos diretamente nossas opiniões.
Descrever uma situação facilmente assimilada pelo ouvinte, antes de emitir pra valer o que
pretendemos. Breton batiza o recurso de "enquadramento".
Enquadrar é tentar modificar o conjunto de opiniões e valores prévios, partilhados por quem
nos ouve, para só então abrir espaço para a nossa opinião.
Dissertação x argumentação
Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de
vista, desenvolver argumentos.
Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. A
primeira tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar idéias e pode ser
identificada como demonstrativa: não se dirige a um interlocutor definido, constitui-se de provas,
as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa, identificada como texto
argumentativo, além de demonstrativo, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou
ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco.
26
Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não
contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção do outro".
A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada,
deusa romana da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se diferencia de
‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das idéias. Quando
convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é
construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando
persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize".
(ABREU, A. S., A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. SP: Ateliê, 1999)
Introdução-roteiro: Nela, o autor refere-se ao tema a ser discutido e à forma como o texto será
organizado. Exemplo:
“Discutem-se muito, atualmente, as causas e conseqüências da poluição dos rios”.
Introdução-tese: Menciona-se de pronto o que se pretende provar. Obviamente a tese será
retomada na conclusão, que funcionará como confirmação do que foi exposto no começo, apoiada
no desenvolvimento. Neste, a tese deve ser comprovada. Exemplo:
“A poluição nos rios é uma questão que envolve toda a comunidade: população, indústrias,
governo”.
Introdução com exemplos: talvez seja a que mais atrai a atenção de quem lê, pois colocam-se
exemplos de como a situação exposta ocorre, dando ao leitor toda a dimensão do problema.
Exemplo:
“Milhares de peixes mortos boiando nos rios. Espumas alvas decolando da superfície da
água. Um cheiro insuportável de enxofre na avenida Marginal do rio Tietê. Este é um quadro que
revela toda a dimensão do problema que é a poluição nos rios”.
27
1) Enumeração: Consiste em especificar a ideia central através de pormenores, de enumerações.
“Como as pessoas podem se livrar da tirania da aparência? (...) O primeiro passo é
pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três
fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a
terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso
desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno”. (R.Shinyashiki.
Entrevista a IstoÉ, 19.10.05)
Note que o autor foi enumerando e explicitando cada item de seus argumentos.
3) Exemplificação: Outro meio de argumentação que facilita o trabalho do autor; nele mostram-
se exemplos que comprovam a defesa dos argumentos. Observe que, com relação ao vício do
tabagismo, a repórter usou o Brasil como exemplo de sua tese, de que as empresas lucram
muito com o vício.
“O mercado mundial de cigarros movimenta 300 bilhões de dólares anuais. As fábricas
geram empregos e impostos que vão direto para os cofres públicos, argumentam. No Brasil, por
exemplo, o cigarro propicia uma arrecadação anual de 5,5 bilhões de reais em impostos. Em torno
de 2 bilhões são gastos com o tratamento de saúde dos fumantes. Ou seja, sobram aos cofres
públicos 3,5 bilhões.”
(Buchalla, A. Paula. Fonte desconhecida)
Veja que o autor confrontou duas ideias para defender a ideia central.
28
5) Argumento de existência: É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas provável. Incluem-se provas
documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concretas, que
tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
“Segundo pesquisa do IBGE, publicada na Veja desta semana, de cada dez crianças
nascidas no sertão do Norte e Nordeste do Brasil, cinco morrem antes de completar sete anos de
idade. Não é possível que um país que acena para a modernidade deixe suas crianças morrerem por
doenças facilmente curáveis ou de inanição. Nossos governantes devem dar condições para que a
população menos favorecida tenha direito à vida.”
7) Tempo e espaço: Apesar de serem mais comuns na narração, muitos temas de dissertação
permitem uma organização em termos de tempo, ou de espaço ou ainda de tempo e espaço.
“Para viver, necessitamos de alimento, vestuário, calçados, alojamento, combustíveis, etc. Para
termos esses bens materiais é necessário que a sociedade os produza. (...) Mas o desenvolvimento
das forças produtivas está condicionado pelo desenvolvimento dos instrumentos de produção.
Primeiro, os grosseiros e primitivos instrumentos de pedra. Depois, arcos e flechas, que
possibilitaram a passagem da caça à domesticação de animais e à pecuária primitiva. A esse estágio
seguiu-se o dos instrumentos de metal, que permitiram a passagem para a agricultura (...) Em
traços rápidos, é esse o quadro do desenvolvimento das forças produtivas no decorrer da história
da humanidade”.
(A. G. Galliano, Introdução à sociologia)
(B.
29
Note que a conclusão resume as idéias trabalhadas ao longo do texto.
2) Conclusão-solução: Esta conclusão apresenta soluções para o problema exposto. Ainda com
relação à poluição dos rios, uma conclusão-solução poderia ser:
“Como se nota pela dimensão do problema, algumas medidas fazem-se urgentes: é
necessário investir em projetos de recuperação dos rios, tal como se fez na Inglaterra com o rio
Tâmisa; por outro lado, devem-se desenvolver projetos que visem ao reaproveitamento dos esgotos.
Ao lado disso, devem-se fazer maciças campanhas educativas para a população. Finalmente, há
necessidade de uma ampla fiscalização por parte das autoridades responsáveis”.
Note que, neste caso, o autor mostra o que deve ser feito: indica uma proposta.
3) Conclusão-surpresa: É o tipo de conclusão que exige mais trabalho e talento do autor, pois
nela pode-se apresentar uma citação, um fato pitoresco, uma piada, uma ironia, um final
poético ou qualquer outro que cause um estranhamento no leitor, deixando-o surpreso. Ainda
sobre o mesmo tema de poluição dos rios, pode-se concluir assim:
“O grande físico inglês Isaac Newton disse: ‘A natureza não faz nada em vão’. E assim, os
rios vão reagindo à ação destruidora dos homens”.
Ou
“Talvez possamos no futuro sentar à beira de um rio, beber da sua água cristalina, banhar-
nos nas suas águas puras. Então descobriremos que o homem primitivo não era tão primitivo
assim!”
Note que o autor usou, no primeiro exemplo, uma citação e, no segundo, um final poético.
Na dissertação subjetiva o autor tem por objetivo comover o leitor, despertar-lhe alguma
emoção. Diferente da dissertação objetiva, a subjetiva apresenta um texto mais leve, carregado de
impressões pessoais do autor, a linguagem é trabalhada com delicadeza e lirismo, muito próxima da
linguagem poética.
EXERCÍCIOS
a) “A poluição nos rios é um problema muito sério que afeta todos nós. Analisaremos suas causas e
consequências.”
b) “Por que o homem está matando seus rios?”
c) “O ser humano está preparado para enfrentar os danos que ele mesmo causou à natureza?”
d) “O menor C.A.C.M., 13 anos, está internado na Santa Casa de Misericórdia. Motivo: intoxicação
por mercúrio, devida à ingestão de peixe contaminado. Este é apenas um dos casos que evidenciam
as conseqüências da poluição nos rios”.
e) “O humor, numa concepção mais exigente, não é apenas a arte de fazer rir”. (Ziraldo)
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a) “O aumento da natalidade parece resultar, em certas sociedades, de transformações
psicossociológicas. Havia antigamente, no esquema tradicional, certo número de costumes cujo
efeito, voluntário ou não, era limitar a natalidade: interdição do casamento das viúvas, importância
do celibato religioso, poliandria, interdição das relações sexuais em certos períodos, interdição da
exogamia. Esses fatores que de algum modo limitavam a natalidade estão hoje sensivelmente
esfumados. (...) Porém, no essencial, o aumento da natalidade resulta das melhorias sanitárias que
foram realizadas nos países subdesenvolvidos, os antibióticos fazem recuar as causas de
esterilidade devidas a moléstias infecciosas”.
b) “A mítica brasileira procede de três fontes étnicas: influência negra, abrangendo a área da cana-
de-açúcar, da mineração e grande parte da cafeeira; influência indígena, envolvendo o extremo
norte e o oeste, isto é, a Amazônia Legal; e influência branca, predominantemente no sul do país.
Note a presença da Ecologia Humana.
(J.C. Rossato. Rev. Pau-Brasil, no. 11)
c) “De certa maneira, instintivamente, se conhece a ação das cores. Ninguém associa emoções
fortes, que fazem disparar o coração, com tonalidades suaves e, muito menos, escuras. A paixão,
por exemplo, é eternamente simbolizada por corações vermelhos. Já quando se está desanimado, a
tendência é usar roupas de cores frias. Nas pesquisas sobre preferências de cores, invariavelmente a
maioria das pessoas que vive em grandes cidades escolhe o azul – talvez numa busca nostálgica de
tranqüilidade”.
f) “É provável que minhas palavras incomodem as leitoras da Super que estão folheando a revista
ao lado de seus rechonchudos bebês. Ou mesmo desperte a sanha dos cristãos mais fervorosos que
lembrarão a célebre frase bíblica ‘crescei e multiplicai-vos’. Acontece que quando tal frase foi dita,
a humanidade vivia num mundo completamente diferente. Ainda não havia recenseamento
populacional preciso e a Terra parecia pronta para receber todos que aqui chegassem. Hoje, isso não
é mais verdade. Dados internacionais mostram que há mais de seis bilhões de seres humanos sobre
o planeta. O pior é que, em 2050, esse número deve saltar para nove bilhões. Ou seja, em pouco
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menos de 50 anos, adicionaremos no planeta a metade da população que temos hoje – e não custa
nada lembrar que levamos cerca de 100.000 anos para atingir esse número.
(GIMENEZ, Karen. In: Superinteressante, set. 2002)
g) “Os regimes autoritários odeiam quem escreve, esta é a verdade (...). No Marrocos, por exemplo,
o poeta e crítico literário Abdelkader Chaoui foi condenado a 20 anos de prisão por ‘conspirar
contra a segurança do Estado’. Na Jordânia, o escritor Mazin Abd al-Wahid al- As’ad recebeu pena
de 3 anos por ‘pertencer a uma organização ilegal’. (...) No México, o jornalista Jorge Enrique
Hernandez Aguilar está preso em Chiapas, desde maio de 1986, por seu envolvimento, como
jornalista, em protestos de camponeses. (...) Mas a prisão não é o único mal que se abate sobre esta
gente odiada – e temida também – pelos inimigos da liberdade. Há o medo, a intimidação, a
tortura”.
(Rodolfo Konder, O Estado de S.Paulo, 5/2/88)
a) “Para que o aluno sinta-se motivado a estudar, a escola deve oferecer uma série de condições
favoráveis. Um prédio amplo, espaçoso, cria um conforto físico facilitando o aprendizado, pois é
praticamente impossível assimilar algo com desconforto. Atividades constantes e diversificadas
quebram a monotonia da classe, aguçando a curiosidade do aluno e por sua vez motivando-o para a
aprendizagem. Relacionamento amistoso entre diretoria, professores e alunos proporciona um clima
ameno e favorável para o trabalho. (...)
“Sendo assim, faz-se necessário que a escola crie meios para que o aluno sinta-se motivado a fim de
que seu rendimento seja satisfatório.”
b) “Grande parte da população não confia nos políticos, pois a maioria vive discutindo meios que
favorecem a perpetuação do próprio poder; e os problemas que atrapalham a vida do povo
geralmente são esquecidos.”
“Portanto, nossos parlamentares devem dar prioridade aos problemas da população, como saúde,
habitação e educação. Itens básicos que ainda não foram solucionados; e, acima de tudo, devem
procurar trabalhar mais em vez de criar “lobbies” para proveito próprio.”
c) “A pena de morte não deve ser aprovada, pois não é eficaz no combate contra o crime. Em países
como os Estados Unidos, onde a lei existe e é aplicada com freqüência, o crime não diminuiu; e,
inclusive, ele é maior que em alguns países em que não há esta lei. A Suécia é um exemplo, onde o
índice de criminalidade é muito pequeno.
“É uma pena que pessoas ainda procurem soluções utilizadas há centenas de anos que nada
ajudaram a modificar a criminalidade, métodos bárbaros que ferem a inteligência humana. Na
verdade, essas soluções são uma pena e de morte.”
DROGA PESADA
Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não sabia o
que fazer com as mãos, quando chegava às festas. Era início dos anos 60, e o cigarro estava em toda
parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas começavam a fumar em público, de
minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça para o alto. O jovem que não fumasse estava
por fora.
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Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio tonto,
mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas décadas; 20
cigarros por dia, às vezes mais.
Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os primeiros
estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes de médicos
encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ação
prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguel negavam até que a nicotina provocasse dependência
química, desqualificando o sofrimento da legião de fumantes que tentam largar e não conseguem.
Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a literatura
científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer: de pulmão,
esôfago, estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia até que, de cada três
casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do conhecimento teórico e da
convivência diária com os doentes, continuei fumando.
Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a quem
recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas de idade,
mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho, durante quase 20 anos, fumei
nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando me perguntavam: “Mas você
é cancerologista e fuma?, eu ficava sem graça e dizia que iria parar. Só que esse dia nunca chegava.
A droga quebra o caráter do dependente.
A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o
coração e através do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No sistema
nervoso central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma vez estimulados,
comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo comportamento associado à busca
do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais
do que álcool, cocaína e morfina. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o
cigarro, quatro vezes, seis se tornam dependentes para o resto da vida.
A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra num
quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais drogas dão
trégua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de abstinência da nicotina se
sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante precisa ter o maço ao alcance da mão;
sem ele, parece que está faltando uma parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece
sua excreção por aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem
em intervalos tão curtos que ele mal acaba de fumar um, já acende outro.
Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que a
nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre
a vida e a morte e não pára de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um
derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca.
Na vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por câncer,
levantarem a toalhinha que cobre o orifício respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a
fumaça por ali.
Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que obstrui
as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os dedos do pé, a perna,
uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho pelo amor
de Deus.
Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos 25 anos, a faixa etária
mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas,
compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na
promoção do fumo para jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes
33
radicais e a ânsia de liberdade. Depois, com ar de deboche, vêm a público de terno e gravata dizer
que não têm culpa se tantos adolescentes decidem fumar.
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos
que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na TV,
todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os
desobedientes, cadeia.
(Drauzio Varella, In: Folha de S. Paulo, 20.05.2000)
a) Dr. Varella inicia seu texto apresentando-se como um “ex-dependente da nicotina”. Por que
faz isso? Qual é a sua intenção com essa apresentação inicial?
b) O fato de se apresentar como médico apenas depois de ter se apresentado como ex-fumante
é importante para a argumentação que ele constrói em seu texto? Por quê?
c) Qual é a relação que o médico estabelece, em seu texto, entre a propaganda tabagista e a
juventude?
d) Qual é o ponto de vista defendido a respeito da proibição da propaganda de cigarros?
e) Quais os argumentos utilizados pelo autor para defender seu ponto de vista e como se
classificam?
f) Você considera o texto convincente ou persuasivo – ou ambos? Por quê?
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UNIDADE 6
1 – Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para
observar como o texto está articulado; desenvolvido.
2 – Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma
conclusão ou, ainda, uma falsa oposição.
3 – Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante ( tópico frasal).
4 – Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do
que foi pedido.
5 – Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento
de responder à questão.
6 – Escrever, ao lado de cada parágrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida
neles.
7 – Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse, o que
escreveu.
8 – Se o enunciado mencionar tema ou ideia central, deve-se examinar com atenção a
introdução e/ou a conclusão.
9 – Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento.
10 – Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do
texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.)
Compreensão de texto consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar
dados dos textos. O enunciado normalmente assim se apresenta:
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O autor afirma que...
Interpretação de texto consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. O
enunciado normalmente é encontrado da seguinte maneira...
O texto possibilita o entendimento de que...
Com apoio no texto, infere-se que...
O texto encaminha o leitor para...
Pretende o texto mostrar que o leitor...
O texto possibilita deduzir-se que...
Extrapolação
É o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito. Muitas vezes
são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao que está
relatado.
Redução
È o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de
considerar o texto como um todo para se ater apenas à parte dele.
Contradição
É o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom que se tome cuidado
com algumas palavras, como: “pode”; “deve”; “não”; verbo “ser”; etc.
PRESSUPOSIÇÃO E INFERÊNCIA
(Fonte: XAVIER, Antônio C. dos Santos. Como se faz um texto. A construção da dissertação-
argumentativa. Campinas: ed. do Autor, 2001, p. 19-24 e 35-37)
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Exemplo: Apesar das severas leis brasileiras contra manifestações de preconceito, ele
continua ocorrendo de forma velada.
Inferências possíveis:
1. Há preconceito no Brasil;
2. Há leis brasileiras que punem manifestações de preconceito;
3. As leis não são suficientes para acabar com o preconceito velado;
4. Para eliminar totalmente o preconceito, devem-se criar maneiras de punir também o
preconceito velado (inferência possível, mas não necessária).
1.Texto 1
Adquirir a capacidade de usar bem a língua requer – como toda atividade artística – uma
rigorosa disciplina: só se pode manejar o meio, fazê-lo obedecer a nossa intenção expressiva,
quando por nossa vez obedecemos sem discutir sua estrutura própria, que nos precede e nos
ultrapassa. No caso da escrita, é preciso seguir escrupulosamente a ossatura do idioma, mesmo
quando se quer trincá-lo de leve: conhecer e respeitar a pontuação , a regência, a concordância, as
normas de colocação de palavras na frase, as regras de coordenação e subordinação das orações... A
arte de escrever consiste em servir a língua para dela poder servir-se; a vassalagem é aqui a
condição do domínio do meio e portanto da possibilidade de exercitar a liberdade criativa.
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(Renato Mezan)
I. De acordo com o texto:
a) A variante lingüística popular, em especial a sua realização oral, é condenável, pois se
afasta do padrão culto.
b) Deve-se evitar ao máximo trincar o idioma, mesmo que seja de leve; por isso é fundamental
obedecer às regras gramaticais.
c) A prática da liberdade criativa na expressão escrita independe do sistema lingüístico.
d) O escritor deixará de ser criativo quando ousar trincar de leve as regras gramaticais
consideradas imutáveis.
e) Somente o domínio das regras básicas do idioma dá ao escritor a oportunidade de
comunicar-se criativa e expressivamente.
II. “Portanto, a arte de escrever consiste em servir a língua para dela poder servir-se”.
Alterando a frase acima, a nova forma está correta em:
a) A arte de escrever-se portanto, consiste em servir a língua; Para dela, poder servir-se.
b) A arte de escrever, portanto, consiste em servir a língua, para dela poder servir-se.
c) Portanto a arte de escrever, consiste: em servir à língua para dela, poder servir-se.
d) Portanto a arte, de escrever, consiste em servir, à língua: Para dela poder servir-se.
e) Portanto, a arte de escrever, consiste em: servir, à língua para dela, poder servir-se.
2.Texto 2
Na turnê do presidente Bush pela Ásia, alguns líderes mundiais mostraram publicamente
sua preocupação de que a guerra ao terrorismo estivesse começando a se parecer a última grande
campanha americana – contra o comunismo.
É difícil escapar aos ecos da Guerra Fria. Mais uma vez, os aliados dos Estados Unidos
estão ouvindo que o mundo está rigidamente dividido em zonas do bem e do mal, da escuridão e da
luz, e “os Estados Unidos, e somente os Estados Unidos, são capazes de levar esse esforço até a
vitória”, como disse o vice-presidente Dick Cheney numa reunião do Conselho sobre Relações
Exteriores, (...) A descoberta pelos Estados Unidos de um inimigo que não é meramente um
inimigo, mas “o mal” tem impecáveis credenciais históricas.
“É um feliz padrão recorrente na História americana”, disse Eric Forner; historiador da
Universidade de Columbia. “Temos a tendência em época de guerra a adotar uma visão
maniqueísta do mundo.”
(O Estado de São Paulo, 10/03/02)
I. Baseando-se no texto, considere as seguintes afirmações:
1. A atual campanha militar dos EUA pode ser comparada com sua posição durante a Guerra Fria,
quando o mundo se dividia em dois grandes blocos antagônicos.
2. A guerra no Afeganistão questiona a posição dos países neutros, embora a maior tendência seja o
apoio à causa ocidental.
3. O presidente Bush se vale da turnê pela Ásia para divulgar antigas posições ideológicas
americanas, especialmente anti-comunistas.
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II. Recorrente e maniqueísta, em destaque nas ultimas linhas, significam, no contexto e
respectivamente:
a) Urgente/ facilmente manipulável, porém complexa.
b) Que se repete/ tendo a forma humana como modelo.
c) Ausente/unilateral, sem dicotomias ou contradições.
d) Que retorna/ simplista, divididas em duas partes distintas.
e) Que ressurge/ orientada pelo repúdio ao comunismo.
3.Texto 3
“Não há dúvidas que as línguas se aumentam com o tempo e as necessidades dos usos e
costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que sua
transplantação para América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é
decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do
estilo e ganham direito de cidade.
Mas se isto é um fato incontestável, e se é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me
parece aceitável a opinião que admite todas as alterações na linguagem, ainda aquelas que destroem
as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite; e o escritor
não está obrigado a receber e dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda inventam e fazem
correr. Pelo contrário, ele exerce também uma grande parte de influência a este respeito, depurando
a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão.
Feitas as exceções devidas, não se lêem muito os clássicos do Brasil. Entre as exceções,
poderia eu citar alguns escritores cuja opinião é diversa da minha neste ponto, mas que sabem
perfeitamente os clássicos. Em geral, porém, não se lêem, o que é um mal. Escrever como Azurara
ou Fernão Mendes seria hoje um anacronismo insuportável. Cada tempo tem seu estilo.”
(Machado de Assis)
I. A ideia central do texto é:
a) As opiniões divergentes entre escritores a respeito do uso correto da língua em suas obras.
b) A ausência do mérito literário em muitas obras consagradas pelo público.
c) A influência, sempre atual, dos autores clássicos da língua.
d) A necessidade de um equilíbrio entre tradição e renovação da língua.
e) A divulgação das obras de escritores que gozam da aceitação popular.
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b) A língua reflete a história de cada época e sujeita-se a receber tanto a influência de seus
escritores quanto popular.
c) O reconhecimento de um escritor nem sempre se baseia em sua competência, pois muitos
deles até mesmo ignoram as estruturas da língua que utilizam.
d) As obras clássicas são aquelas em que a linguagem é imutável, sem as indevidas
interferências surgidas em cada época ou de acordo com a vontade de seu autor.
e) O povo de uma nação é a fonte incontestável de todas as alterações da língua, que devem
ser incorporadas pelos escritores em suas obras.
III. Quanto ao uso de um vocabulário próprio do campo da mecânica de carros, pode-se afirmar:
a) O tipo de vocabulário usado não tem lógica com relação ao assunto
b) O tipo de vocabulário usado torna o texto mais fácil de o leitor entender
c) Não se deve misturar campos diferentes de vocabulário, pois a língua não permite isso
d) O uso desse tipo de vocabulário empobreceu o texto
e) O texto fica mais difícil de ser entendido quando tal vocabulário foi usado
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IV. Do texto pode-se deduzir:
a) Encontrou-se uma solução definitiva para o problema das dores lombares
b) A eliminação da hérnia tira a dor do paciente
c) A dor na região lombar é causada por sobrecarga
d) Os estudos quanto à eliminação da dor lombar estão sendo aperfeiçoados
e) Só recauchutando o disco, a dor desaparece
Atenção às pílulas
O uso diário de comprimidos de ácido acetilsalicílico – entre eles, o mais famoso é a
Aspirina – vinha sendo apontado como meio de proteger o coração. Mas agora os especialistas
dizem que não é bem assim. No caso de mulheres com mais de 45 anos, os remédios não diminuem
os riscos de um ataque cardíaco. O benefício só foi observado entre as voluntárias com idade
superior a 65 anos (redução de risco de 26%). Por outro lado, as pílulas foram eficazes para
diminuir em 17% o perigo de um derrame cerebral. A conclusão é de um estudo de dez anos feito
com 40 mil mulheres e divulgado no congresso de Orlando. Outros trabalhos, porém, mostraram
que o consumo de Aspirina em conjunto com um anticoagulante (Plavix) ajuda a prevenir ataques
nas pessoas que já passaram por problema no coração. As pesquisas (uma com 3,5 mil pessoas e
outra com 46 mil) revelaram uma queda no risco de um evento cardíaco que variou de 36% a 9%.
De qualquer modo, deve-se consultar o médico antes de se adotar o remédio.
(Fonte: IstoÉ, São Paulo, 16/03/05).
Essas meninas
As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus
namorados. As alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na classe
e pousou no vestido da professora; essas meninas; essas coisas sem importância.
O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem
musical, riem desafinando, riem sem motivo; riem.
Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar de coisas sem
importância. Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado
naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.
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As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas
mulheres.
A Época das Enganações está desvendando sua natureza sem esperar que o novo governo,
queira ou não, venha a fazê-lo. As revelações aparecem esparsamente na mídia, o que dificulta a
visão do conjunto pelos cidadãos, e a importância de muitas delas não é percebida pela crescente
superficialidade do jornalismo brasileiro, quando não é escondida por maus motivos.
O aumento do preço da energia elétrica, para dar aos donos das ex-estatais o que deixaram
de lucrar com a energia que não forneceram, durante o corte, revelou à população o tipo de relações
entre os que privatizaram e os que compraram.
Bastou que os repórteres fossem verificar a existência de um assentamento, e Eduardo
Scolese e Rubens Valente, da Folha, deram com a fraude-gigante feita pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário e pelo Incra. As estatísticas da reforma agrária estão repletas de
assentamentos que são apenas matagais intocados e áreas ermas e pantanosas intocáveis.
Falsificações urdidas, ficou provado, em reuniões feitas com esse fim pelo ministério e pelo Incra.
Algumas investigações do governo por improbidade, algum processo por falsificação de
dados oficiais? Nada. Silêncio até aumentado por uma invenção do jornalismo brasileiro atual: se
um jornal faz dada revelação, os concorrentes vetam o assunto em suas paginas. Ah, tomei um furo,
pronto, agora não publico, todos de volta à infância. O que vetam, de fato, é o conhecimento do
leitor que paga por esses jornais para ter conhecimento sem veto.
No Rio, só mínima quantidade de leitores de jornal sabe das falsificações do governo na
reforma agrária. Em São Paulo, isso se passou com grave pronunciamento do FMI, originado em
levantamentos do Banco Mundial, para alertar que a dívida externa brasileira compromete todos os
sacrifícios impostos pelo corte de investimentos governamentais e pelo chamado ajuste fiscal. O
alarme do FMI veio da constatação de que o Brasil é responsável por 10% da dívida externa
existente no mundo todo. É a enganação da estabilidade pelo aprisionamento da economia que
começa a mostrar sua face verdadeira.
(...) (Folha de S. Paulo, 28/4/2002- Jânio de Freitas).
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e- É inevitável que o novo governo seja responsável por informações enganosas, veiculadas
atualmente na mídia.
II- As informações enumeradas no artigo caem no vazio, não chegam ao público pelo fato
de:
a- Alguns jornais não publicarem a realidade dos acontecimento e pelo silêncio do governo.
b- Haver manipulações das notícias por parte de jornalistas e não do governo.
c- Os leitores não se interessarem por esse tipo de noticias que não interferem suas vidas
d- Haver intenção deliberada dos jornalistas em não alarmar o leitor, pois há muitos problemas
irrelevantes veiculados na mídia.
e- Os repórteres da Folha, Eduardo Scolese e Rubens Valente, urdirem idéias falsas sobre os
assentamentos realizados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Incra.
III- Segundo o texto o povo não está informado sobre as enganações do governo, em virtude
de:
a- Só ter acesso aos jornais que tratam desses assuntos.
b- Ser em sua maioria analfabeto.
c- Não ter condição financeira suficiente para adquirir jornais.
d- Os próprios jornais imporem vetos a certas notícias.
e- Haver uma completa alienação dos leitores.
Era uma vez um sultão que descobriu que sua mulher o traía. Cortou-lhe a cabeça. Triste e
infeliz, dedicou o resto da vida à vingança. Todas as noites dormia com uma mulher diferente, que
mandava matar no dia seguinte. Sherazade, jovem princesa, se oferece para dormir com o cruel
sultão. Caprichosa, garante que tem um plano infalível que a livrará da morte. Assim aconteceu.
Passa mil e uma noites com o rei, contando histórias de traições. O sultão enganado mudou seu
destino. Esquece da vingança, ouvindo muitos outros casos iguais ao seu.
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O que aconteceu ao sultão? Conformou-se pois a traição faz parte a vida? Sossegou ao
saber que muitos outros também eram enganados? Perdeu a inveja dos homens felizes? Ou
simplesmente ficou entretido com as histórias de Sherazade?
Não se sabe como termina a história. O rei voltou a acreditar nas mulheres ou mandou
matar Sherazade ao fim das mil e uma noites? Histórias emendadas umas às outras distraem,
divertem e não fazem pensar. Anestesiam. As histórias têm certa magia.
Tenho pensado sobre os inúmeros casos de corrupção contados por jornais e revistas.
Emendados uns aos outros, parecem histórias das mil e uma noites brasileiras.
A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispõe a democracia para
combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores. O caso Watergate foi o
resultado de exaustivas investigações dos jornalistas do Washington Post. Coletaram dados,
levaram até o fim as suas suspeitas e correram o risco das suas acusações. Não foram notícias
baseadas em diz-que-diz ou espalhadas nas páginas dos jornais por adversários políticos. Notícias
divulgadas sem investigação jornalística mais profunda acabam sendo banalizadas.
A sociedade precisa ter acesso a fatos que a convençam. A esperada e saudável indignação
não vai surgir com denúncias feitas sem provas. Histórias de corrupção em cores, fotos cruéis,
denúncias vazias levam a quê? Será que com comédia e piadas é que se pretende apresentar fatos de
tal relevância? Não há lugar para tanto sense of humor em um país onde a miséria seja tão grande
como a nossa. Infelizmente, a hora não é para brincadeiras. Do contrário, as pessoas esperarão os
jornais e revistas apenas ansiosas pelo próximo capítulo da novela das mil e uma corrupções
brasileiras.
O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar com a corrupção pois faz parte
da vida? Sossegar ao saber que existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos
homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias de Sherazade?
A corrupção não pode se tornar mais uma distração entre os brasileiros.
Corrupção faz parte da natureza humana. Para a controlar, a imprensa deve apresentar a
denúncia com o máximo possível de provas. Só assim a sociedade pode reagir e a Justiça atuar. Os
casos são contados muitas vezes apenas com insinuações e sem fatos. Muitos são esquecidos e
substituídos por outros mais novos. Confundem as pessoas e levantam dúvidas sobre a veracidade
da notícia. Não há tempo para se perder em histórias de mil e uma noites. Estamos escrevendo a
história de um país com 130 milhões de habitantes. Gente muito sofrida. Pessoas não podem virar
ficção. É preciso muito cuidado.
(Cosette Alves, Folha de São Paulo, 12.07.91)
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A reprodução clonal é a mais espantosa das perspectivas, pois acarreta a eliminação
do sexo, trazendo como compensação a eliminação metafórica da morte. Quase não é
consolo saber que a nossa reprodução clonal, idêntica a nós,continua a viver,
principalmente quando essa vida incluirá, mais cedo ou mais tarde, o afastamento provável
do eu real,então idoso. É difícil imaginar algo parecido à afeição ou ao respeito filial por
um único e solteiro núcleo; mais difícil ainda é considerar o nosso novo eu autogerado
como algo que não seja senão um total e desolado órfão. E isso para não mencionar o
complexo relacionamento interpessoal inerente à auto-educação desde a infância, ao ensino
da linguagem, ao estabelecimento da disciplina e das maneiras etc. Como se sentiria você
caso se tornasse, por procuração, um incorrigível delinqüente juvenil na idade de 55 anos?
As questões públicas são óbvias. Quem será selecionado e de acordo com que
qualificações? Como enfrentar os riscos da tecnologia erroneamente usada, tais como
uma reprodução clonal autodeterminada pelos ricos e poderosos, mas socialmente
indesejáveis, ou a reprodução feita pelo Governo de massas dóceis e idiotas para realizarem
o trabalho do mundo? Qual será, sobre os não-reproduzidos clonalmente, o efeito de toda
essa mesmice humana? Afinal, nós nos habituamos, no decorrer de milênios, ao
permanente estímulo da singularidade; cada um de nós é totalmente diverso, em sentido
fundamental, de todos os bilhões. A individualidade é um fato essencial da vida. A idéia da
ausência de um eu humano, a mesmice, é aterrorizante quando a gente se põe a pensar
no assunto.
(...)
Para fazer tudo bem direitinho, com esperanças de terminar com genuína duplicata
de uma só pessoa, não há outra escolha. É preciso clonar o mundo inteiro, nada
menos.
(THOMAS, Lewis. A medusa e a lesma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p.59.)
A partir dos estudos sobre tipologia textual (descrição, narração e dissertação), classifique os
fragmentos a seguir.
1- Aos 100 anos, a Avenida Paulista permanece uma janela aberta para a modernidade. Seus
2,6km de extensão (ou 3.818 passos) são percorridos diariamente por 1 milhão de pessoas ,em sua
maioria mulheres, como revela pesquisa da companhia que mantém o metrô correndo sob seu
asfalto. A Paulista fala 12 línguas, em 18 consulados ali instalados. Ao lado de poucos casarões do
passado, ela abriga edifícios “inteligentes” e torres de rádio e TV iluminadas como um marco
futurista.( Folha de S.Paulo, 20/11/1991).
2- No início do século, a Paulista era a avenida mais espaçosa da cidade, com três pistas
separadas para bondes, carruagens e cavaleiros. Era a mais bela, com quatro fileiras de magnólias
e plátanos. Era um fim-de-mundo, no final da Ladeira da Consolação. Lá residiam os imigrantes
recém-enriquecidos: Martinelli, Crespi, Matarazzo, Riskallah, Von Bullow. Após isso, aí pelos anos
50 e 60, o acelerado processo de urbanização da cidade varreu dali os 24 casarões, como o que
ocupava o nº 46 da avenida. No seu lugar, surgiram prédios, alguns deles enquadrados entre os
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mais modernos do mundo, como o Citibank e o Banco Sudameris.Já completamente ladeada de
prédios de porte, foi a recente inauguração do metrô que lhe conferiu novo charme.Com todos
esses antecedentes, ela é hoje, apesar das contradições, a avenida mais moderna, mais dinâmica,
mais nervosa da cidade, eleita pelos próprios moradores como o mais fiel retrato de São Paulo .
(Folha de S.Paulo, 20/11/1991).
3- No âmbito da cultura brasileira, a Rua e a Casa ocupam lugares nitidamente distintos, que,
por sua vez, condicionam comportamentos francamente diferenciados: o que se faz na Rua não se
faz em Casa e vice-versa.Se a Casa é o espaço do aconchego e da proteção, a Rua é o do desamparo
e do abandono. “Sentir-se em casa” é uma expressão de nossa língua que significa “estar à
vontade”; ao contrário, “ir para o olho da rua” denota “desamparo social, exposição ao risco,
solidão”. A Rua é o espaço da transgressão, onde vivem os malandros e marginais; é o território do
salve-se-quem-puder, onde prevalece a lei do cada-um-por-si. Domínio do anonimato e da
despersonalização, é na Rua que um cidadão de bem pode ser molestado por autoridades de
segurança pública e tratado como um criminoso.(fragmentos do livro: A casa e a rua de Roberto da
Mata (antropólogo)).
5- “Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao
centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a dança rodopiante dos
pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores seculares que parecem
testemunhas vivas de tantas estórias que se sucederam pelas gerações. A relva, brilhando ao sol,
estende-se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranqüilidade e aconchego.”
6- “As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria
alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: Um apartamento tão
pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um
cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram
sentados na sala à espera dos acontecimentos. No final da tarde a mãe chegou do trabalho. Não
tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos.”
8- “Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que o
homem vem causando ao meio ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra,
transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança
indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspectos a serem mencionados. Os que se
preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações temem que a ambição
desmedida do homem acabe por tornar esta terra inabitável.”
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9- “O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado. Ele se
sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim quando estava por ser
testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazer as
perguntas mais variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. Porém, toda aquela sensação
desagradável dissipa-se quando ele foi informado de que o lugar era seu.”
10- A torcida possui a propriedade de reunir, “na mesma massa”, pessoas situadas em posições
sociais diversas, homogeneizando, em torno de clubes, as suas diferenças. Nesse processo, um
mecanismo extremamente importante é o uniforme de cada clube: ao mesmo tempo em que separa e
distingue cada uma das torcidas, ele “despe” cada torcedor da sua identidade civil, e o integra em
um novo contexto, profundamente indiferenciado. (Trecho de um artigo de Ricardo B. de Araújo,
jornalista, artigo publicado na revista: Ciência Hoje, ago/1992)
11- ORGANIZAÇÃO DE PARÁGRAFOS
As idéias propostas nos itens a seguir estão alinhadas sem nenhuma ordem lógica. Procure
organizá-las, de modo que se possa estruturar uma seqüência coerente de introdução,
desenvolvimento e conclusão.
1º Parágrafo:
( ) Como pano de fundo, o que se busca é a montagem de um novo modelo administrativo, que
leve em conta os novos paradigmas da administração pública.
( ) Uma alternativa a ser negociada é a disponibilidade do funcionário com vencimentos
proporcionais.
( ) O projeto de reforma administrativa apresentado pelo Ministro da Administração contempla
a preocupação de muitos com perseguições políticas decorrentes do eventual fim da estabilidade do
funcionalismo público.
( ) As demissões por excesso de quadros visam dotar a administração pública de flexibilidade
para o tratamento de mudanças drásticas que vêm ocorrendo no ambiente público.
( ) Haverá duas possibilidades de demissão: por excesso de quadros ou por critérios individuais.
No caso de demissão por excesso de pessoal, o projeto prevê que os cargos serão automaticamente
extintos, só podendo ser recriados após quatro anos.
(Adaptado de Luís Nassif. Folha de S. Paulo, 17-10-1995, cad.2, p.3.)
3º parágrafo
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( ) Inspiradas pela convicção de que a dança protege a colheita, entregam-se ao trabalho com mais
confiança e mais energia. E, deste modo, a dança acaba, afinal, por ter efeito sobre a colheita.
( ) Entre os Maoris, um povo polinésio, existe uma dança destinada a proteger as sementeiras de batatas
que,quando novas, são muito vulneráveis aos ventos do leste: as mulheres executam a dança entre os batatais,
simulando com os movimentos do corpo o vento, a chuva, o desenvolvimento e o florescimento do batatal,
sendo esta dança acompanhada de uma canção que é um apelo para que o batatal siga o exemplo do
bailado.
( )É nisto que consiste a magia: uma técnica ilusória destinada a suplementar a técnica real. Mas essa
técnica ilusória não é vã. A dança não pode exercer qualquer efeito direto sobre as batatas, mas pode ter
(como de fato tem) um efeito apreciável sobre as mulheres.
( ) As mulheres interpretam em fantasia a realização prática de um desejo.
(George Thomson)
4º parágrafo
( ) Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos.
( ) Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso
que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada.
( ) Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a idéia de fundar uma
igreja.
5º parágrafo
( ) Este é apenas um dos casos que evidenciam as conseqüências da poluição nos rios.
( ) Motivo: intoxicação por mercúrio, devida à ingestão de peixe contaminado.
( ) O menor C.A.C.M., 13 anos, está internado na Santa Casa de Misericórdia.
6º parágrafo
( ) A razão é simples.
( ) A partir do dia em que a primeira bomba atômica sobrepujou o brilho do Sol em Hiroshima,
a humanidade, como um todo, deve conviver com a perspectiva de sua exibição como espécie.
( ) Desde o alvorecer da consciência até o dia 6 de agosto de 1945, o homem precisou conviver
com a perspectiva de sua morte como indivíduo.
( ) Se me pedissem para mencionar a data mais importante da História e da Pré-história da raça
humana, eu responderia sem a mínima hesitação: o dia 6 de agosto de 1945.
7º parágrafo
( ) Depois de passar por uma série de rituais de purificação, o doente ficava dormindo dentro do
templo até que tivesse um sonho significativo, o sonho podia indicar o melhor processo de cura, ou
até a própria cura, esta é a primeira notícia que se tem do uso do sonho como forma terapêutica
institucionalizada.
( )Rituais semelhantes foram encontrados no Islã e no Egito
( ) No século VI a.C., os enfermos que chegavam ao templo do deus grego Esculápios eram
submetidos a um processo de incubação.
8º parágrafo
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( ) E depois tem o estado de despertamento que é o que Jesus pretendia do homem.
( ) Mas o sonâmbulo não vê o valor exato das coisas, então vive comparando: se vê uma pessoa
acumulando dinheiro, ela é rica; quem não acumula dinheiro é pobre.
( ) Que é um estado de percepção, em que você fica diante das coisas inteiramente, sem nenhum
preconceito, sem nenhuma defesa, e aí, você consegue perceber tudo plenamente.
( ) A ciência já reconhece pelo menos três estados de consciência. O estado de consciência do
homem dormindo, onde ele sonha e descarrega os seus assuntos pendentes e assim evita a loucura.
( ) Tem o estado de sonambulismo: é aquele em que a gente vive perseguindo ilusões que podem
levar a uma escravidão terrível.
9º parágrafo
( )A sociedade moderna, no entanto, tem se destacado pelo uso irracional dos recursos hídricos,
celebrando o desperdício desbaratado de água potável, a poluição dos reservatórios naturais e a
radical intervenção nos Ecossistemas aquáticos.
( ) Arriscando assim, não só o equilíbrio biológico do planeta, mas a própria natureza humana.
( ) A importância da água tem sido notória ao longo da história da humanidade, possibilitando
desde a fixação do homem à terra, às margens de rios e lagos, até o desenvolvimento de grandes
civilizações, através do aproveitamento do grande potencial deste bem da natureza.
10º parágrafo
( ) Longe de ser absurdo, e tomadas as devidas referências históricas, tal idéia pode metaforizar
o papel simples, vital e cultural do elemento químico capaz de fazer florescer civilizações, ditar
limites geográficos e protagonizar conflitos.
( ) Se, mitologicamente, a associação da vida e da sobrevivência se fez de forma divina e
fantasiosa, hoje é possível analisar essa que pode ser tida como “vulgar premonição” como
premissa das mais sábias tida pelos primeiros humanos e de fundamental importância para o mundo
moderno.
( ) Ao tentar apreender a origem do mundo e dos homens, filósofos gregos propuseram um
enunciado simples: a água seria o cerne, literalmente a fonte de todas as coisas.
Texto 1
Pesquisa
Drogas contra o Parkinson podem causar compulsão
11 de maio de 2010
49
sexo. De acordo com os cientistas, isso acontece porque essas drogas estimulam os
receptores de dopamina do cérebro.
Texto 2
Pesquisa
Fazer hora extra faz mal ao coração, alertam os cientistas
12 de maio de 2010
50
(Foto: Getty Images)
Trabalhar demais faz mal ao coração. É o que sugere um estudo publicado nesta
quarta-feira pela edição on-line da revista especializada European Heart Journal. Cientistas
alertam que fazer horas extras constantemente - trabalhando entre 10 e 11 horas diárias -
aumenta em até 60% o risco de doenças cardíacas.
"Funcionários que fazem horas extras também tendem a trabalhar quando estão
doentes, ou seja, relutam em faltar ao trabalho", diz a pesquisa, realizada pelo Instituto
Finlandês de Saúde Ocupacional em Helsinki, em parceria com a University College of
London. Alguns desses trabalhadores foram classificados pelos cientistas como personalidade
"tipo A" por serem muito dedicados à carreira e altamente motivados, agressivos e irritáveis.
Texto 3
51
Medicina
Testes de alergia podem produzir resultados enganosos
13 de maio de 2010
Teste mais comum acerta em menos de 50% dos casos (Foto: Getty Images)
52
"Todo mundo tem uma definição diferente de uma alergia alimentar", disse Jennifer J.
Schneider Chafen, da Universidade Stanford, coordenadora do novo relatório. Por exemplo:
as pessoas que recebem um diagnóstico depois de um dos dois testes mais comuns para
detectar alergias - injetar uma minúscula quantidade do alimento que se pretende investigar
após furar a pele com uma agulha - têm menos de 50% de chance de realmente serem
alérgicas.
Os autores do novo relatório dizem que alguns conceitos antigos, como a ideia de que
bebês amamentados têm menos alergias, ou que não devem comer determinados alimentos,
como ovos, durante o primeiro ano de vida, têm poucas evidências que os comprovem. Parte
da confusão é sobre o que é uma alergia alimentar e o que é uma intolerância alimentar, disse
Fenton. Alergias envolvem o sistema imunológico, enquanto as intolerâncias geralmente não.
Uma dor de cabeça por causa dos sulfitos no vinho, por exemplo, não é uma alergia alimentar.
É uma intolerância. O mesmo vale para a intolerância à lactose, causada pela falta de uma
enzima necessária para digerir o açúcar do leite.
Outras condições médicas podem fazer as pessoas pensarem que têm alergias a
alimentos, segundo Fenton. Por exemplo, as pessoas às vezes interpretam os sintomas do
refluxo gástrico após comerem um determinado alimento como alergia. O chefe do projeto de
diretrizes, Joshua Boyce, professor de medicina em Harvard e alergista e pneumologista
pediátrico, disse que um dos maiores equívocos de alguns médicos e pacientes é que um
teste positivo de anticorpos IgE - o tipo associado a alergias - para um alimento significa
necessariamente que a pessoa é alérgica. Não é sempre assim, disse ele.
53
até mesmo sem consequências", afirmou Boyce. "Há uma abundância de indivíduos com
anticorpos IgE que não reagem a esses alimentos de maneira alguma."
O painel espera que seu relatório leve a novas pesquisas, além de esclarecer a
definição e os testes para alergias alimentares. Mas, por ora, segundo Fenton, os médicos
não devem usar o teste da picada na pele ou o teste de anticorpos como a única razão para
diagnosticar seus pacientes com uma alergia alimentar. "Por si só não são suficientes," disse.
Texto 4
Pesquisa
Felicidade pode ser a chave para um coração saudável
18 de fevereiro de 2010
54
De acordo com os cientistas americanos, esse é o primeiro estudo observacional que
mostra uma relação direta entre emoções positivas e doenças coronárias. Eles ressaltam, no
entanto, que mais pesquisas ainda precisam ser feitas para ratificar essa ligação. "Nós
precisamos desesperadamente de pesquisas clínicas nesta área. Se os próximos estudos
confirmarem nossas conclusões, esses resultados serão incrivelmente importantes para
descobrir o que pode ser feito para melhorar a saúde dos pacientes", disse Karina Davidson,
da Universidade de Columbia, coordenadora do estudo.
Durante dez anos, Davidson e sua equipe acompanharam 1.739 homens e mulheres.
Eles avaliaram os riscos de doenças cardíacas desses participantes e depois mediram
emoções negativas como depressão, hostilidade e angústia. Também foram medidas as
emoções positivas como alegria, felicidade, emoção, entusiasmo e contentamento – todas
elas reunidas posteriormente na categoria "efeitos positivos".
"Os participantes com nenhum 'efeito positivo' apresentaram 22% mais chances de um
ataque cardíaco do que aqueles que apresentavam pouco 'efeito positivo'. Estes, por sua vez,
tinham 22% mais chances do que aqueles com 'efeito positivo' moderado", disse a
pesquisadora. "Nós descobrimos também que, durante a realização da pesquisa, aqueles que
geralmente eram bastante positivos, apresentavam sintomas de depressão em alguma
momento da pesquisa. Mas isso não aumentava o risco de doenças cardíacas", acrescentou.
55
UNIDADE 6
RESENHA
Resenha Crítica
Resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no
resumo e na crítica, através da qual se estabelece um conceito sobre o valor de um livro. A
resenha exige que o indivíduo, além do conhecimento sobre o assunto, tenha capacidade de
juízo crítico. Também pode ser feita por estudantes, neste caso, como um exercício de
compreensão e crítica. A prática social da resenha é formar a opinião do leitor. A resenha
crítica tem um marketing duplo: o primeiro é de venda da obra resenhada e o segundo, o da
competência do resenhista. A resenha crítica apresenta a seguinte estrutura ou roteiro (nem
todos os elementos podem aparecer nela):
1. Resumo;
2. Avaliação crítica;
3. Dados técnicos da obra;
4. Comparação com outra obra congênere;
5. Dados sobre o autor da obra;
6. Público-alvo ou destinatário;
7. Título da resenha (não deve ser o mesmo da obra resenhada);
8. Dados do resenhista (assinatura).
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Exemplos de resenha descritiva
Livro
SCLIAR, Moacir e outros. Vozes do golpe. 4v. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, 336p.
Por meio de relatos pessoais e histórias de ficção, Carlos Heitor Cony, Zuenir Ventura, Luis
Fernando Verissimo e Moacir Scliar relembram o golpe militar de 1964. Refazem o clima
da época, reconstituindo os últimos momentos do governo João Goulart e recordando um
dos períodos da história do Brasil.
Filme (cinema)
ROUBANDO VIDAS (TAKING LIVES, EUA, 2004). Suspense – 14 anos – 103 min. Direção: D.J.
Caruso. Com: Angelina Jolie, Ethan Hawke
Illeana Scott (Angelina Jolie) é uma especialista do FBI que é convocada a trabalhar na
captura de um serial killer, que age há 20 anos e assume a identidade de cada nova vítima.
Os métodos utilizados por Illeana são desprezados pelo FBI, o que faz com que ela trabalhe
sem parceiros da polícia. O único a ajudá-la é Costa (Ethan Hawke), o funcionário de um
museu que é encarregado em ajudar na busca por um professor de artes, que está
desaparecido.
Ficha Técnica:
Roteiro: Jon Bokemkamp, baseado em livro de Michaael Pye
Produção: Mark Canton e Bernie Goldmann
Música: Philip Glass
Fotografia: Amir M. Mokri
Desenho de Produção: Tom Southwell
Direção de Arte: Serge Bureau
Figurino: Marie-Sylvie Devreau
Edição: Anne V. Coates
Efeitos Especiais: Les Productions de l’Intrigue Inc.
Livro
(Valor Econômico, 26/3/2004)
SCLIAR, Moacir e outros. Vozes do golpe. 4v. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, 336p.
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Todavia, as raízes da crise eram bem mais profundas. Jango tentou conciliar seus
compromissos históricos com as chamadas “reformas de base” pregadas pelas esquerdas,
em especial a agrária; e a necessidade de apoio dos setores mais conservadores. Sua
estratégia mostrou-se inviável, pois as forças políticas se radicalizavam, mais dispostas ao
confronto que ao entendimento. Assim, no início de 1964 a ruptura da ordem institucional
parecia quase inevitável.
A queda de Jango e a instauração do regime autoritário que se prolongaria por vinte e um
anos, seriam marcadas pelo golpe de 31 de março, acontecimento de triste, mas obrigatória
memória, que completa 40 anos. Se para os mais jovens este espaço de tempo pode
começar a sugerir “distância”, é necessário saber que seus reflexos continuam presentes na
vida de todos os brasileiros.
Daí a importância e oportunidade deste lançamento, Vozes do Golpe, reunião de quatro
narrativas sobre aqueles duros dias, criadas por quatro consagrados escritores e jornalistas
brasileiros contemporâneos: Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony, Moacir Scliar e Luis
Fernando Verissimo. São dois relatos pessoais e duas histórias de ficção.
Teatro
(Fonte: vejanoitebusca.abril.com.br; 11/4/2004)
3 VERSÕES DA VIDA. Teatro Renaissance. Censura: 12 anos. Valor: R$ 40,00 (Sex. e dom.) e R$ 50,00
(Sáb.). Endereço: Alameda Santos, 2233. Bairro: Cerqueira César. Telefone: 3069-2233. Lugares: 462.
Horário: Sexta, 21h30; Sábado, 21h; Domingo, 19h.
Longe do teatro há sete anos, Denise Fraga volta ao palco numa corrosiva comédia. A
trama enfoca o mundo de Sônia (Denise Fraga) e seu marido, o físico Henrique (Marco
Ricca). Em um jantar não planejado com seu chefe (Mario Schöemberg) e a mulher (Ilana
Kaplan), o encontro acaba por revelar segredos profundos da vida desses casais. Três
pontos-de-vista diferentes examinam essa realidade. Direção de Elias Andreato.
EXERCÍCIOS
1) A PAIXÃO DE CRISTO (THE PASSION OF THE CHIST, EUA, 2004). Drama – 14 anos – 127.
Direção: Mel Gibson. Com: James Caviezel, Monica Bellucci.
Uma narrativa sobre as últimas doze horas de vida de Jesus Cristo (J. Caviezel), antes de
sua crucificação.
No posto de diretor, produtor e co-roteirista, o astro Mel Gibson teve a intenção de fazer
aqui um retrato ultra-realisra das últimas doze horas de Jesus Cristo – e assim causar
comoção na platéia. Mas seu drama bíblico tende a provocar repúdio. Não apenas por
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responsabilizar os judeus pela crucificação do Nazareno (daí a polêmica gerada), mas pela
violência ultrajante que domina esse desnecessário e provocador espetáculo de retalhação
humana. O passado de Jesus é visto em flashbacks-relâmpago. Gibson concentra a ação no
calvário. Nas bilheterias, ele conseguiu o que queria. Mesmo falada em aramaico e latim, a
fita já arrancou mais de 250 milhões de dólares nos Estados Unidos. Com Monica Bellucci,
na pele de Maria Madalena. Estreou em 19/3/200.
Ficha Técnica:
Roteiro: Mel Gibson e Benedict Fitzgerald
Produção: Brce Davey, Mel Gibson e Stephen McEveety
Música: John Debney
Fotografia: Caleb Deschanel
Desenho de Produção: Francesco Frigeri
Figurino: Maurizio Millenotti
Efeitos Especiais: Keith Vanderlaan’s Captive Audience Productions
2) Teatro
(Fonte: Vejanoitebusca, 11/4/2004)
À MEIA-NOITE UM SOLO DE SAX EM MINHA CABEÇA & FICA FRIO. Teatro Faap. Censura:
14 anos. Valor: R$ 40,00 (qui. e sex.); R$ 45,00 (dom.); R$ 50,00 (sáb.). Endereço: Rua Alagoas, 903.
Bairro: Pacaembu. Telefone: 3662-1992. Lugares: 408. Horário: Quinta a sábado, 21h; domingo, 19h.
A montagem reúne dois textos. Em Fica Frio, sobre as diferenças entre dois irmãos
(Chico Carvalho e Renato Chocair), Raul Cortez atua como coadjuvante. Na seqüência, ele
e Mário César Camargo estrelam À Meia-Noite um Solo de Sax em Minha Cabeça, cômica
história de dois amigos, do berço à maturidade. Sérgio Ferrara e Cibele Forjaz respondem
pelas respectivas direções.
3) Arte
(Fonte: vejaonline, 11/4/2004)
Picasso na Oca. Parque do Ibirapuera, portão 2, tel. 3253-5300. Ter. a sex., 9h às 21h; sáb. e dom., 10h às
21h. R$ 5,00 (estudantes) e R$ 10,00. Grátis para menores de 5 anos, pessoas com mais de 65, aposentados,
deficientes físicos e grupos de escolas pré-agendados (agendamento@brasilconnects.org ou tel. 3253-7007).
Até 2 de maio.
Desde a década de 50, ele já atraiu mais de 1 milhão de visitantes aos museus de
São Paulo. Desta vez, não é diferente: a Oca tem recebido uma média de 4.000 pessoas por
dia durante a semana e 7.000 nos fins de semana.
As telas de Pablo Picasso foram expostas, pela primeira vez, na Bienal Internacional
de 1951. Dois anos mais tarde, na Bienal que antecipava as comemorações do quarto
centenário de fundação de São Paulo, foi exposta a obra Guernica (3,49 metros de altura
por 7,76 metros de largura), que leva o nome de uma cidadezinha bombardeada durante a
Guerra Civil Espanhola. Em 1996, a sala a ele dedicada foi eleita pelo público a melhor da
23ª Bienal. Juntas, as principais mostras do artista do cubismo vindas para cá receberam
mais de 1,2 milhão de visitantes. Desde o último dia 28 de janeiro, o pintor malaguenho
tem provocado novamente longas filas, agora na Oca do Parque do Ibirapuera. Há a
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expectativa de que, em três meses, 1 milhão de pessoas vejam os 126 trabalhos emprestados
pelo Museu Picasso de Paris. Nestes primeiros dias, cerca de 4.000 pessoas passaram por lá
diariamente. A média aumenta nos finais de semana, com 7.000 visitantes diários. Essa
atração faz parte dos programas organizados para os festejos do aniversário da cidade.
RELATÓRIO
Partes do relatório:
60
Bibliografia – além da bibliografia consultada, que deve ser apresentada no final
e de acordo com as normas da ABNT, é indispensável a citação das fontes, no caso de
informações indiretas ou transcrições de textos. Essas informações podem ser feitas em
notas de rodapé ou no final do trabalho.
a- O quê?
b- Por quê?
c- Quem?
d- Onde?
e- Quando?
f- Como?
g- Quanto?
h- E daí?
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