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Teste 1 Sequência 1.

Fernando Pessoa

Grupo I
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
A
Lê o poema de “O Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro.

III
Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo por cima dos olhos1 que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O Livro de Cesário Verde.
5 Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas pessoas,
10 É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E vê que está2 a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
15 Mas andava na cidade como quem não anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...
PESSOA, Fernando, 2010. Poesia dos Outros Eus.
2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim (p. 36)

1. variante de “por cima dos olhos”, na 1.ª edição: “de soslaio”;


2. variantes de “E vê que está”: “E anda” (1.ª edição), “E se vê”.

1. Interpreta a exclamação do verso 5, considerando o assunto da segunda estrofe.

2. Explica de que modo a descrição de Cesário Verde reflete as características da poesia de


Alberto Caeiro.

3. Explicita o recurso expressivo presente nos últimos três versos e respetivo valor.

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OEXP12TQA © Porto Editora
1. Através da exclamação do verso 5, o sujeito poético apresenta os seus sentimentos
relativamente a Cesário Verde. A sua “pena” decorre do facto de o autor novecentista ter vivido na
“preso” na “cidade” (v. 6), ainda que possuísse os traços de carácter e a maneira de ver o mundo
típicos de um “camponês” (v. 5), conforme descreve nos versos da segunda estrofe.

2. A descrição de Cesário Verde realça as qualidades que o aproximam de um “camponês” (v. 5),
como o próprio Caeiro, empenhado em envolver-se e observar a realidade. O autor é caracterizado
por meio de alusões à Natureza (vv. 10-12 e 15-17) e de metáforas e comparações que evidenciam
a ligação ao contexto natural e a propensão antimetafísica da poesia de Alberto Caeiro (vv. 5-6 e
15-17).

3. A comparação, usada nos três últimos versos do poema, salienta a relevância que o campo,
enquanto espaço conotado com a felicidade, adquire na poesia de Cesário Verde, por oposição à
cidade. Por outro lado, associa essa dicotomia espacial do poeta do século XIX à vertente
antimetafísica e objetivista da poesia de Alberto Caeiro.

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OEXP12TQA © Porto Editora

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