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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS – CESCAGE

http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng
ISSN: 2178-3586 / 21ª Edição / Jan – Jul de 2020

SONDAGEM SPT PARA FINS CONSTRUTIVOS: UM ESTUDO DE CASO NO


BAIRRO DE OFICINAS EM PONTA GROSSA – PR

SPT PROBES FOR CONSTRUCTIVE PURPOSES: A CASE STUDY IN THE


NEIGHBORHOOD OF WORKSHOPS IN PONTA GROSSA - PR

Cleidson Morgenster ¹; Douglas Artur Sinegoski ²; Ingrid Aparecida Gomes ³; Samuel Ricardo
Gaioski 4

1Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE. Curso de Engenharia Civil, Ponta
Grossa – PR – Brasil. E-mail: cleidson.morgenster@hotmail.com.
2Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE. Curso de Engenharia Civil, Ponta
Grossa – PR – Brasil. E-mail: sinegoski@gmail.com.

3Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE. Curso de Engenharia Civil, Ponta
Grossa – PR – Brasil. E-mail: ingrid.gomes.icp@gmail.com.
4Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE. Curso de Engenharia Civil, Ponta
Grossa – PR – Brasil. E-mail: samuel.gaioski@cescage.edu.br.

RESUMO: Na construção civil, as condições gerais de um subsolo não podem ser


compreendidas sem, pelo menos, um estudo básico da geologia local. É de suma
importância a exploração do subsolo para conhecimento da textura, resistência, forma,
composição e continuidade das camadas dos solos. Partindo de uma compreensão
clara dos materiais consistentes, os resultados se tornam mais coerentes com a
realidade local. Neste sentido, a sondagem SPT visa caracterizar o solo que servirá
como parte de um elemento de fundação de determinada edificação. A metodologia
deste trabalho consistiu em um estudo de caso, o qual é um método qualitativo que
tem como objetivo aprofundar uma unidade individual para fornecer as devidas
respostas aos pesquisadores, pois não há como ter total controle sobre o fenômeno
baseado apenas na experiência. Para tanto, foi realizada uma sondagem SPT em um
terreno no bairro de Oficinas, em Ponta Grossa (PR). Através dos resultados obtidos
na sondagem, realizada para fins construtivos, foi feita uma análise dos parâmetros
do solo, sugerindo assim, a partir dos dados fornecidos, algumas alternativas de
fundações para a etapa do processo de execução da fundação voltada ao respectivo
projeto desenvolvido exclusivamente ao terreno relacionado. Conclui-se com esta
pesquisa que a sondagem SPT é um dos processos de suma importância para a
Engenharia Civil, pois é com base nesse levantamento que os tipos de fundações são
definidos. Somente, por meio dessa sondagem, é possível conhecer de forma mais
específica as características do solo onde a obra será edificada, evitando, dessa
forma, problemas técnicos e financeiros na construção.

Palavras-chave: Sondagem, SPT, Fundação, Construção Civil.

ABSTRACT: In civil construction, the general conditions of a subsoil cannot be


understood without, at least, a basic study of local geology. It is of utmost importance
to explore the subsoil for knowledge of the texture, resistance, shape, composition and
continuity of the soil layers. Starting from a clear understanding of consistent materials,
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the results become more consistent with the local reality. In this sense, the SPT survey
aims to characterize the soil that will serve as part of a foundation element of a given
building. The methodology of this work consisted of a case study, which is a qualitative
method that aims to deepen an individual unit to provide the researchers with the
appropriate answers, as there is no way to have total control over the phenomenon
based only on experience. To this end, an SPT survey was carried out on a site in the
Oficinas neighborhood, in Ponta Grossa (PR). Through the results obtained in the
survey, carried out for constructive purposes, an analysis of the soil parameters was
made, thus suggesting, based on the data provided, some alternative foundations for
the stage of the foundation execution process focused on the respective project
developed exclusively for the related terrain. It is concluded with this research that the
SPT survey is one of the most important processes for Civil Engineering, because it is
based on this survey that the types of foundations are defined. Only by means of this
survey is it possible to know more specifically the characteristics of the soil where the
work will be built, thus avoiding technical and financial problems in construction.

Keywords: Polling, SPT, Foundation, Construction.

INTRODUÇÃO

No setor da Construção Civil conhecer o subsolo existente em um


terreno é fundamental para se calcular a movimentação do solo e para a escolha das
fundações. Nem sempre é uma tarefa fácil, por isso se faz o “ensaio de simples
reconhecimento de solo à percussão SPT”. Dessa forma, é preciso (ou possível)
definir os tipos e as características desses solos e relacioná-las com as futuras
fundações a serem executadas na obra para se chegar à conclusão de qual seria a
mais adequada.
Os solos, conforme Caputo (2003), são quaisquer reunião de partículas
minerais soltas, ou fracamente unidas, formada pela decomposição de rochas por
ação do intemperismo, com o espaço vazio entre as partículas ocupado por água e/ou
ar. O tamanho e a forma das partículas de solos podem sofrer modificações e as
partículas são geralmente classificadas em faixas de tamanhos.
Segundo a NBR (ABNT 6502/1995), solo é um material proveniente da
decomposição das rochas pela ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não
conter matéria orgânica. Esta Norma Técnica apresenta a classificação
granulométrica dos solos, onde matacão é um fragmento de rocha, transportado ou
não, comumente arredondado por intemperismo ou abrasão, com uma dimensão
compreendida entre 200 mm e 1 m; areia é um material não coesivo e não plástico
formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre
0,06 mm e 2,0 mm; silte é o material que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade,
exibindo pouca resistência na condição seca e é formado por partículas com diâmetros
compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm; e, por fim, a argila é o material de
granulação mais fina, constituída por partículas com dimensões menores que 0,002
mm, apresentando coesão e plasticidade.
Os tipos de solo são fatores determinantes em fundações pertencentes a
estruturas existentes e em edificações a serem construídas em certo local. O trabalho
de análise do solo procura entender o substrato para aplicar esse entendimento de
maneira segura aos empreendimentos.
Na construção civil, as condições gerais de um subsolo de determinada região
não podem ser compreendidas sem, pelo menos, um pequeno estudo da geologia
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local. É de suma importância a exploração do subsolo para conhecimento da forma,


composição e continuidade das camadas dos solos. Partindo de uma compreensão
clara dos materiais consistentes, os resultados se tornam mais coerentes com a
realidade local.
Alguns solos formados em ambientes secos, denominados solos porosos
(porosidade provocada pela solubilização de compostos pela água da chuva),
apresentam deformações volumétricas acentuadas quando encharcados. Esse
fenômeno de colapsibilidade ocorre quando a solubilização provoca alteração
estrutural por modificação do material ligante ou até mesmo dissolução dele. Já outros
solos tropicais apresentam situação inversa, onde, em contato com a água se
expandem. Esses se originam de rochas sedimentares de argilito (ORTIGÃO, 2007).
Um solo é considerado saturado quando 100% dos seus índices de vazios
estão preenchidos por água. Para as areias, a umidade não tem muita importância,
diferente do que ocorre com as argilas. O agrônomo Atterberg definiu limites do estado
sólido das argilas para contração, plasticidades e liquidez, dados correspondentes à
transição de sólidos para líquidos. Os solos apresentam grandes dificuldades no
tratamento de tensão-deformação devido a não linearidade acentuada e à
plastificação a partir de certa deformação (ORTIGÃO, 2007 apud ATTERBERG,
1911).
Para Botelho (2017), a água precipitada é a grande formadora dos poços
freáticos e responsável pelo aumento da vazão dos rios depois de escoarem ou
infiltrarem no solo. Contudo, parte dessa água infiltrada fica próxima à superfície, no
máximo dez metros de profundidade, sendo possível a execução de algum tipo de
bombeamento.
Referindo-se às fundações, as cargas de qualquer estrutura são
descarregadas no solo através da sua fundação. O uso e detalhes de uma construção
podem ser decididos somente com o conhecimento da mecânica dos solos. Podem
ser citadas como obras que necessitam de um conhecimento mais aprofundado a
contenção, os muros de arrimo e cortinas de pontes, estruturas de drenagem, túneis,
dutos e projetos de pavimentos flexíveis ou rígidos, sendo que os pavimentos flexíveis
dependem mais dos solos profundos para transmitir as cargas do tráfego (PINTO,
2016).
Neste sentido, a sondagem do solo é importante para se conhecer o terreno
e sua capacidade de receber as cargas necessárias oriundas de uma fundação,
evitando problemas como colapsos e recalques em obras de construção civil. O nível
da água, se existente no terreno, também pode ser determinado. A sondagem do solo,
ao mesmo tempo, permite escolher o melhor tipo de fundação a ser realizada.
Na Engenharia Civil, segundo Lambe (1973), o engenheiro deve trabalhar
sempre com previsões, identificando os pontos críticos à segurança, funcionalidade e
economia do projeto. Deve-se compatibilizar a sofisticação do método escolhido com
a qualidade dos dados obtidos. O aumento na sofisticação do método utilizado frente
a dados de baixa qualidade pode resultar numa previsão pior que uma previsão obtida
por meio de um método mais simples.
De acordo com F. Ottman – G. Lahuec (apud LIMA, 1979, p.6), deve-se ter
sempre em mente que as sondagens mais caras são aquelas que não foram feitas.
Da mesma forma, sabe-se que apenas um tipo de ensaio geotécnico ou sondagem
pode não fornecer dados suficientes para a solução da fundação ou serviço em solo
a ser executado, pois a informação solicitada nem sempre é a informação necessária
pelo fato de não ter sido obtida de maneira suficiente devido à viabilidade econômica,
em muitos casos.
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Nesse âmbito, é de suma importância conhecer o subsolo utilizando


processos de sondagem, sendo o principal e mais utilizado atualmente o processo
SPT (Standard Penetration Test), Figura 1. Tal processo, além de ser o mais popular,
também é considerado a ferramenta mais econômica de investigação do solo, tendo
por finalidade a exploração por perfuração e amostragem do solo para estabelecer
medidas do índice de resistência à penetração (NSPT), identificar a densidade de
solos granulares e a consistência de solos coesivos.

Figura 1: Etapas na execução de sondagem a percussão: (a) avanço da sondagem por


desagregação e lavagem; (b) ensaio de penetração dinâmica (SPT).

Fonte: Fundações (2011).

As normas regulamentadoras (NBRs) que prescrevem o método de


execução de sondagens de simples reconhecimento do subsolo, conhecidas como à
percussão, são: NBR 6484/2001 - Solo - Sondagens de simples reconhecimento com
SPT - Método de ensaio; NBR 8036/1983 - Programação de sondagens de simples
reconhecimento dos solos para fundações de edifícios - procedimento, que fixa
condições exigíveis na programação das sondagens de simples reconhecimento dos
solos, destinadas a estudo de reconhecimento do terreno para construção de edifícios.
A NBR 6484/2001 apresentou inovações quanto às especificações dos
equipamentos do processo de perfuração e métodos de observação dos resultados
do nível de água, além de permitir a classificação dos solos em função dos valores de
NSPT e da utilização de dois tipos de martelo: o prismático com pino-guia e o cilíndrico
vazado (NEVES, 2004).
A sondagem do subsolo executada pelo processo SPT fornece subsídios
indispensáveis para escolher o tipo de fundação. O projeto de fundações é uma etapa
importante de qualquer construção, de todos os portes. Afinal, é sobre a fundação que
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se repousa todo o peso da obra.


As fundações são elementos estruturais caracterizados por distribuírem as
cargas no solo sem provocar danos na estrutura da edificação e no terreno. Para
delimitar o tipo de fundação, são necessários vários estudos e o principal deles é o
estudo para conhecer o solo em que se está trabalhando (CAPUTO, 2003). Segundo
Velloso (2012), um dos principais cuidados de um projetista de fundações deve ser o
emprego da terminologia correta. As fundações são convencionalmente separadas
em dois grandes grupos: a) fundações superficiais (diretas ou rasas); e b) fundações
profundas.
A NBR 6122 (ABNT, 2019) cita em seu item 3.28 que fundações rasas (Figura
2) são definidas pela transmissão de carga ao terreno devido às tensões distribuídas
sob a base da fundação e a profundidade de assentamento, em relação ao terreno
adjacente à fundação, é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. Quanto
aos tipos de fundações superficiais, estas se dividem em bloco, sapata, grelha e radier.
Figura 2: Exemplo de fundação rasa.

Fonte: Fundações (2011).

Referindo-se às fundações profundas (Figura 3), segundo a NBR 6122 (ABNT,


2019) a definição está apresentada no item 3.27, conforme transcrito abaixo:
[...] fundação profunda: elemento de fundação que transmite a carga ao
terreno ou pela base (resistência de ponta) ou por sua superfície lateral
(resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, sendo sua ponta ou
base apoiada em uma profundidade superior a oito vezes a sua menor
dimensão em planta e no mínimo 3,0m; quando não for atingido o limite de
oito vezes, a denominação é justificada. Neste tipo de fundação incluem-se
as estacadas e os tubulões (NBR 6122, 2019).
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Figura 3: Exemplo de fundação profunda.

Fonte: Fundações (2011).

As definições de estacas e tubulões estão descritas nos itens 3.8 e 3.9 da


NBR 6122 (ABNT, 2019), de acordo com a transcrição a seguir:

Item 3.8 – estaca: elemento de fundação profunda executado inteiramente


por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua
execução, haja descida de pessoas. Os materiais empregados podem ser:
madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco ou pela
combinação dos anteriores.
Item 3.9 – tubulão: elemento de fundação profunda, escavado no terreno em
que, pelo menos na sua etapa final, há descida de pessoas, que se faz
necessária para executar o alargamento de base ou pelo menos a limpeza do
fundo da escavação, uma vez que neste tipo de fundação as cargas são
transmitidas preponderantemente pela ponta.

Velloso (2012) relata que as fundações em estacas podem ser classificadas


conforme diferentes critérios. De acordo com o material, são classificadas em estacas
de madeira, de concreto, de aço, mistas e pelo processo executivo, sendo separadas
por estacas de deslocamento, onde estariam as estacas cravadas e as de
substituição, que seriam as estacas inseridas após a remoção do solo.
Os critérios adotados para escolher o tipo de estaca a ser utilizada em uma
determinada obra dependem dos esforços nas fundações (nível de cargas nos
pilares), as características do subsolo, características da vizinhança (tipo e
profundidade das fundações predominantes, sensibilidade a vibrações e danos pré-
existentes) e características da obra (acesso de equipamentos, custo dos
equipamentos e limitação de altura e espaço para instalar o equipamento) (HACHICH
et al., 1998).
Toda fundação sofre deslocamentos devido às cargas que são depositadas
no solo, podendo essas cargas levar até ao colapso ou apenas fissuras na estrutura,
ou seja, vai depender da magnitude da força. Dos deslocamentos sofridos, os que
mais preocupam são os deslocamentos ocorridos verticalmente e os recalques da
estrutura. Dentre todos os deslocamentos, os mais avaliados são os recalques
máximos. Para o procedimento usual de cálculo é necessário conhecimento dos
deslocamentos admissíveis, aqueles que não prejudicam a utilização da obra
(ARAUJO et al., 2016).
Portanto, esta pesquisa tem por objetivo analisar os parâmetros de
determinado solo, obtido através da sondagem SPT executada em um terreno no
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bairro de Oficinas, na cidade de Ponta Grossa (PR), para fins construtivos, e definir as
melhores alternativas de fundações na etapa do processo de execução da fundação
destinada ao respectivo projeto desenvolvido exclusivamente para o terreno.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia adotada para o desenvolvimento desta pesquisa baseia-se em


um estudo de caso, o qual busca descrever e analisar uma situação ou um problema
único provido de diversas variáveis a serem investigadas. Depois de cumprida a
investigação de todas as variáveis, é possível compilar os resultados obtidos para a
formulação de conclusões sobre o tema estudado. Desse modo, a utilidade do estudo
de caso é mais clara em situações onde se quer empregar um exemplo real para
explicar um fenômeno descrito na teoria ou quando se quer compreender as causas
de algo, por exemplo (LUKOSEVICIUS E GUIMARÃES, 2018).
Para o desenvolvimento prático desta pesquisa, adotou-se o método de
sondagem SPT. De forma sucinta, o ensaio consiste na cravação dinâmica de um
amostrador padrão mediante golpes de um peso (martelo) padronizado de 65 Kg,
caindo de uma altura de 75 cm sobre a composição de perfuração, a qual é composta
por tubos de aço de 1” de diâmetro nominal interno (hastes de composição para
perfuração). O amostrador é acoplado nessa composição ficando ao fundo do furo e
o ensaio é realizado em cada metro de profundidade exata (1,00 m/ 2,00 m/ .../ 10,00
m e assim sucessivamente). O solo recolhido no amostrador é acondicionado para
análise tátil-visual.
Entre as profundidades de final de ensaio (o qual não é o final do furo, pois
não se atinge ainda a rocha matriz e sim apenas o final da penetração do amostrador)
e próximo metro de ensaio é necessário avançar com trado manual helicoidal ou
espiral até ocorrer o encontro do nível de água ou até o solo se tornar muito resistente,
não sendo possível o avanço com o trado manual.
A partir desse momento, o avanço é feito perante a circulação de água,
usando uma ponta cortante acoplada, denominada de trépano ou peça de lavagem,
pelo qual é injetada água no fundo do furo, com o uso de um conjunto motobomba,
para desagregar os solos e remove-los durante a circulação de água (lavagem). Essa
água de lavagem sobe entre essas hastes de perfuração e os tubos de revestimento
de 2 ½” de diâmetro nominal interno. Ao subir, a água carrega consigo o material
escavado, o qual é depositado no fundo de um recipiente (tanque), na superfície do
terreno. A identificação desse material carreado é desconsiderada, exceto nos metros
de ensaio onde não ocorreu a retenção de amostra no amostrador.
Os solos que costumam não ficar retidos no corpo do amostrador são os solos
extremamente moles ou solos que se desagregam, como é o caso de alguns tipos de
areia. Há também o caso de solos extremamente resistentes, havendo pouca
penetração do amostrador na cota de ensaio.
Junto ao método de sondagem, é utilizada a planta de situação dos furos
(Figura 4), oriundo do processo realizado em determinado terreno do bairro de
Oficinas (Figura 5), da cidade de Ponta Grossa (PR), o laudo de sondagem do solo no
terreno e a revisão da literatura abordando de maneira qualitativa as normas NBR
8036/1983 e NBR 6484/2001.

Figura 4: Recorte da planta de situação demonstrando a localização dos furos.


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Fonte: Gaioski Sondagens e Perfurações.

Figura 5: Área do local em estudo situado na Rua Roberto Auer 155, Oficinas, Ponta Grossa/PR.

Fonte: Google Maps.

No presente laudo de sondagem, são fornecidas informações sobre os tipos de


solos encontrados, sua respectiva resistência em termos de índices NSPT e a
profundidade do nível de água. Utilizando o croqui de localização dos furos (Figura 4)
os quatro furos foram executados no terreno, porém o furo a ser estudado é intitulado
de SP01, o qual atingiu a profundidade total de dezessete metros e vinte e cinco
centímetro lineares perfurados.
Figura 6: Pontos especificados para a realização dos furos e o processo de sondagem no ponto
SP01.
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Fonte: Gaioski Sondagens e Perfurações

O critério definido na escolha do ponto SP01 partiu dos projetos


estrutural/arquitetônico (Figura 7), os quais demonstram o pilar ou área onde há o
maior carregamento.
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Figura 7: Representação do projeto estrutural com detalhe do pilar mais carregado.

Fonte: Gaioski Sondagens e Perfurações


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Por fim, foi empregado os métodos semi-empíricos de Aoki e Velloso (1975),


Decourt e Quaresma (1978) e Teixeira (1996), sendo esses métodos os mais adotados
na engenharia de fundações brasileira para o cálculo da capacidade de carga e carga
admissível das estacas (Quadro 1). As diferenças entre esses métodos semi-
empíricos estão na maneira como são determinadas a resistência de ponta (Np ) e a
resistência por atrito lateral (NL ).

Quadro 1: Comparação entre os valores utilizados de NSPT para cada método.

Aoki e Velloso Np = Índice NSPT na cota de apoio da ponta da estaca;

(1975)
NL = Índice NSPT médio na camada de solo de espessura ΔL;

Decourt e Np = Valor médio do NSPT na base da estaca, obtido a partir de 3


Quaresma valores: o da ponta, imediatamente anterior e posterior;

(1978)
NL = Índice NSPT médio ao longo do fuste da estaca;

Teixeira Np = Valor médio do NSPT medido no intervalo de 4 diâmetros


acima da ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo;
(1996)

NL = Índice NSPT médio ao longo do fuste da estaca;

Fonte: Revista Eletrônica de Engenharia Civil (2014)

Quanto à execução do ensaio SPT, o processo foi realizado no dia 27 de abril


de 2020. A primeira sondagem no ponto intitulado de SP01 foi iniciada usando um
trado manual, pois nessa área estará o pilar de maior carregamento (P36).
A perfuração executada, após se tornar muito resistente para se avançar por
trado manual, teve o auxílio da circulação de água e o revestimento de tubos com o
diâmetro nominal de 2 ½”. As extrações das amostras foram efetuadas após a
cravação do amostrador padrão (Terzagui Peck) de 1 3/8” e 2” de diâmetro interno e
externo, respectivamente. A avaliação da resistência à penetração do amostrador é
expressa pela somatória do número de golpes necessários à cravação de 30 cm finais
do amostrador no subsolo, ocasionada pela queda livre de um peso de 65 Kg a uma
altura de 75 cm. A relação de número de golpes na penetração foi obtida marcando-
se o número de golpes do peso mencionado para cravar 45 cm dividido em 3
segmentos de 15 cm.
No caso de solos muito resistentes à penetração dos 45 cm do barrilete
amostrador, a indicação do número de golpes é feita de forma que o numerador indica
o número de golpes e o denominador indica a penetração obtida em centímetros. O
mesmo vale para solos pouco resistentes cuja penetração pode ultrapassar a parcial
de 15 cm com apenas um golpe.
A primeira perfuração utilizando o trado manual tipo espiral atingiu o primeiro
metro de ensaio (1,00 m de profundidade). Em seguida, com a ajuda do tripé e martelo,
houve a penetração de 52 cm do amostrador padrão, superando os 45 cm estipulados
pela norma ABNT NBR 6484/2001. A maior profundidade atingida pelo amostrador
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padrão se deu pelo fato do solo ser composto de argila mole, totalizando a
profundidade de 1,52 m ao ser realizada a soma com o primeiro metro executado a
trado manual espiral. O processo foi recorrente até os 6,00 m de profundidade, onde
a penetração atingiu 46 cm do amostrador (6,46 m de profundidade total atingida). Na
sequência não foi mais possível avançar com o trado manual, passando-se, portanto,
ao avanço da sondagem mediante o uso de circulação de água, intercalando-se com
os ensaios SPT´s.
A sondagem foi dada por encerrada aos 17,25 m de profundidade, em que,
depois de 3 (três) golpes do martelo sobre o amostrador, houve a penetração dos 15
cm da primeira parcial e a penetração de apenas 10 cm na segunda parcial, após 16
golpes do amostrador, não ocorrendo mais avanço da sondagem na lavagem por
trépano (lavagem por tempo), o que indicou a suposta presença de fragmento de
rocha, matacão ou rocha mãe (Figura 8).

Figura 8: Representação da sondagem realizada no ponto SP01.

Fonte: Gaioski Sondagens e Perfurações e Gomes (2020)


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A diferença do número de golpes e penetração deve-se ao tipo de material


rochoso presente no local. Conforme está representado na Figura 8, aos 17,25 m o
amostrador atingiu um material mais resistente. Considerando os 15 primeiros
centímetros de penetração, com 3 golpes o amostrador penetrou no solo, entretanto,
em seguida, encostou-se em um material mais resistente, provavelmente um matacão
intemperizado, penetrando somente 10 cm após 16 golpes, finalizando assim o
processo da sondagem. Da superfície até o final do furo, onde se encerrou a
sondagem, foi encontrado material característico de argila mole e silte areno argiloso
com resquícios da rocha matriz.
Portanto, a sondagem tornou-se impenetrável à percussão e lavagem por
trépano aos 17,25 m de profundidade, conforme item 6.4.3.3 da norma ABNT NBR
6484/2001, transcrito abaixo:

“6.4.3.3 A sondagem deve ser dada por encerrada quando, no ensaio de


avanço da perfuração por circulação de água, forem obtidos avanços
inferiores a 50 mm em cada período de 10 min ou quando, após a realização
de quatro ensaios consecutivos, não for alcançada a profundidade de
execução do SPT” (ABNT NBR 6884/ 2001).

Na seção a seguir, são apresentados e discutidos os resultados obtidos da


sondagem SPT realizada, apresentando uma proposta de fundação para o
determinado tipo de solo encontrado a partir do laudo de sondagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No local onde foi realizado o ensaio SPT, o resultado da sondagem referente ao


furo intitulado de SP01 (Figura 9) demonstra no primeiro metro de profundidade a
argila silto arenosa como tipo de solo. Na profundidade de 2 a 4 m, o tipo de solo
alterou para argila siltosa, pouco arenosa. De 4 a 15 m de profundidade, os materiais
coletados apontaram a argila silto arenosa, havendo uma pequena variação nas
resistências. Na transição entre 15 m até a profundidade de 16 m, o solo exibiu uma
grande resistência, apresentando como material o silte areno argiloso. Na transição
entre 16 e 17 m ocorreu a presença de solo residual de alteração de rocha, composto
de areia silto argilosa, pedregulhos e rochas.
Apenas na profundidade de 17,25 m foi detectada a presença de rocha,
tornando-se impenetrável à percussão. O nível de água foi detectado na profundidade
de 10,8 m.
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Figura 9: Sondagem de reconhecimento do solo no ponto SP01.

Fonte: Gaioski Sondagens e Perfurações

Conforme a Tabela 1, onde é representado os estados de compacidade e


de consistência (NBR ABNT 6484-2001) e os tipos de solos juntamente com os NSPTs
apresentados no resultado da sondagem retratado na Figura 9, é possível classificar
os padrões de solos citados anteriormente.

Tabela 1: Estados de compacidade e de consistência do solo.


Solo Índice de resistência à penetração N Designação
≤4 Fofa(o)
Areias e 5a8 Pouco compacta(o)
siltes
arenosos 9 a 18 Medianamente compacta(o)
19 a 40 Compacta(o)
>40 Muito compacta(o)
≤2 Muito mole
Argilas e 3a5 Mole
siltes
6 a 10 Média(o)
argilosos
11 a 19 Rija(o)
>19 Dura(o)
Fonte: NBR (ABNT 6484:2001).
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Utilizando assim a referida Tabela 2, a argila silto arenosa presente no primeiro


metro de profundidade da sondagem de reconhecimento do solo, retratada na Figura
9, é classificada como mole, pois o NSPT apresentou o valor 3. A argila siltosa, na
profundidade de 2 a 4 m, classifica-se da mesma forma como de consistência mole,
apresentando um NSPT de 3. A argila silto arenosa, na profundidade de 4 a 15 m,
demonstra um NSPT que varia entre 6 a 10, sendo esse tipo de solo classificado como
de consistência média. Finalmente, o silte areno argiloso na profundidade de 16 m é
considerado duro ou compacto pelo fato do seu NSPT estar compreendido entre 19 e
40.
A amostra coletada pelo amostrador na transição em 16 e 17 m até os 17,25 m
são compostos de solo residual de alteração de rocha, composto de areia silto
argilosa, pedregulhos e rochas. Devido à essa grande variação dos tipos de solos, a
amostra não recebe designação de compacidade.
Ao obter essas informações do solo, o próximo passo é verificar no projeto
estrutural o(s) pilar(es) com maior carga concentrada da futura edificação. Como é
sabido, o projeto estrutural de uma edificação é realizado por um engenheiro civil
devidamente habilitado após a execução do projeto arquitetônico.
De acordo com os dados retirados do projeto estrutural desenvolvido para o
terreno em questão, nesse caso um sobrado, observa-se a carga do pilar P36 (Tabela
2), o qual recebe a maior carga (19,9 toneladas).

Tabela 2: Valores do pilar P36.


Pilar
Nome Seção X Y (cm) Carga Carga Mx My Fx Fy
(cm) (cm) Máx. (tf) Mín.(tf) (Kgf.m) (Kgf.m) (tf) (tf)
P36 14x50 9.85 207.18 19.9 16.4 0 0 0.1 0.7
Fonte: Gaioski Sondagens e Perfurações

Estando definida a classificação dos tipos de solos e o(s) valor(es) de


carregamento do(s) pilar(es), é possível determinar algumas opções de fundações a
serem adotadas no terreno, sem se esquecer dos critérios para a escolha do tipo de
estaca citados anteriormente.
Como a futura obra é considerada de baixa carga concentrada ou residência
padrão normal (R1-N), em consonância com a NBR (ABNT 12721/2005), as opções
para esse tipo de edificação podem ser a estaca pré-moldada ou estaca escavada a
trado manual ou a trado mecânico usando um trator.
A estaca pré-moldada se enquadra como opção pelo fato das tensões de
cravação serem inferiores à tensão característica do concreto, ou seja, como os tipos
de solos em sua totalidade no furo SP01 são moles e médios, não haverá muita
resistência do solo durante a penetração da estaca. Entretanto, para adotar esse tipo
de estaca, é preciso antes de tudo realizar um estudo de impacto de vizinhança, uma
vez que o processo de cravação produz alta vibração. No caso em questão, por
existirem diversas edificações ao redor, inclusive um condomínio vertical nos fundos
do terreno, essa opção não é a mais adequada, pois a alta vibração resultante do
impacto do martelo pode produzir trincas e fissuras nas edificações vizinhas.
Referindo-se à estaca escavada a trado manual ou a trado mecânico como
segunda opção, essas estacas são geralmente executadas empregando o trado
manual até a profundidade máxima de cinco a seis metros e com o trado mecânico
movido a trator em profundidades superiores a seis metros. Comparando a estaca
escavada à estaca pré-moldada, não há vibração na escavação, o que não afeta as
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edificações ao redor do terreno. Outras vantagens são a rapidez do processo de


escavação ao optar pelo trado mecânico e o custo, pois as estacas cravadas, além de
ser necessária a aquisição das estacas em fabricantes especializados, a cravação
depende de maquinário específico, maquinário esse robusto que torna a hora/máquina
mais onerosa pelo fato de ser imprescindível transportar o equipamento até o terreno
e movimentá-lo durante o processo de cravamento das estacas, prolongando assim a
etapa da fundação.
A profundidade, diâmetro e quantidade de estacas no pilar mais carregado
podem ser sugeridos empregando os métodos semi-empíricos de Aoki e Velloso,
Decourt e Quaresma e Teixeira por meio de uma rotina computacional de cálculo para
capacidade de carga em estacas (Figura 10).

Figura 10: Rotina computacional demonstrando a etapa de inserção dos dados da sondagem e do
nível de água.

Fonte: Autoria própria (2020).

De acordo com a Figura 9, as informações contidas no laudo SPT pertencente


ao furo SP01 podem ser transferidas para a rotina computacional (Figura 10). Na
primeira coluna dos dados de entrada pode-se definir a profundidade da estaca,
inserindo, nas próximas duas colunas, o NSPT e os tipos de solos. Na quarta coluna
(N.A.), o dado a ser inserido é a profundidade do nível de água, nesse caso 11 metros.
A seguir, na Figura 11, o próximo passo é escolher o tipo de estaca (pré-
moldada ou moldada in loco). No estudo em questão, a estaca escolhida é moldada
in loco, do tipo escavada, e o diâmetro inicial escolhido foi 25 cm. A cota de apoio
inicialmente escolhida foi de 7 m, pois nessa profundidade é possível empregar o trator
com trado mecânico sem maiores dificuldades.
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Figura 11: Dados da estaca.

Fonte: Autoria própria (2020).

Depois de inseridos os principais dados, é possível observar as cargas


admissíveis e a média das cargas em KN (Quilonewton) a cada metro na Figura 12.

Figura 12: Média da capacidade de carga admissível no pilar P36.

Fonte: Autoria própria (2020).

Nota-se assim que na profundidade de 7 m a média da carga admissível


atingiu o valor aproximado de 58,22 KN ou 5,8 toneladas. Dessa forma, comparando
a carga admissível da Figura 12 frente à carga admissível do pilar mais carregado
pertencente ao projeto estrutural, o qual demonstra o valor de 19,9 toneladas, é
possível sugerir um bloco detentor de 4 estacas escavadas de 25 cm de diâmetro cada
uma, com profundidades de 7 m, suportando uma carga total de 23,2 toneladas, valor
esse superior ao valor exigido pelo projeto estrutural.
O exemplo demonstrado é apenas um dos inúmeros resultados capazes de
serem produzidos com os dados coletados. Caso o engenheiro queira uma estaca de
profundidade inferior ou superior a 7 m, basta alterar os dados na rotina
computacional, sugerindo novos valores à cota de apoio e diâmetro da estaca.
Vale ressaltar que todas as etapas mencionadas são válidas do mesmo modo
para edificações com alta concentração de carga (multifamiliar NBR 12721/2005),
devendo ser avaliado o diâmetro e a altura da estaca bem como o tipo de fundação
mais indicada.
A título meramente exemplificativo é possível aplicar os conceitos
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referenciados anteriormente em uma residência multifamiliar detentora de pavimento


térreo e três pavimentos (PP-B). Como a estaca escavada a trado mecânico possui
um limite de profundidade ocasionada pela própria configuração do equipamento,
sugere-se a esse padrão de residência a fundação do tipo hélice contínua por também
ser escavada e apresentar as mesmas vantagens das estacas escavas a trado, ou
seja, ausência de vibração intensiva na escavação, rapidez no processo de escavação
e menor custo frente à fundação que utiliza estacas cravadas.
Para o pilar mais carregado, infere-se a denominação de PF e um valor fictício
de 700KN ou 70 toneladas de carregamento. Para a estaca, propõe-se um diâmetro
inicial de 60 cm por 16 m de profundidade na cota de apoio. Na Figura 13 é ilustrada
novamente a rotina computacional de cálculo para capacidade de carga em estacas,
especificamente na etapa de inserção dos dados de entrada onde é possível visualizar
o tipo de estaca, seu diâmetro e cota de apoio estipulados anteriormente.

Figura 13: Dados lançados para a estaca referente a uma residência multifamiliar de 4 pavimentos.

Fonte: Autoria própria (2020).

Inseridos esses valores nos dados da estaca, constata-se na Figura 14 que


uma estaca de 60 cm de diâmetro por 16 m de profundidade é capaz de suportar uma
carga, em média, de 1.012,42 KN ou 101,2 toneladas, sendo necessário um bloco
com 1 estaca escavada pelo método de hélice contínua para atender satisfatoriamente
a carga proposta de 700 KN ou 70 toneladas.

Figura 14: Média da capacidade de carga admissível no pilar PF.


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Fonte: Autoria própria (2020).

A rotina computacional para o cálculo da capacidade de carga em estacas


utilizada no presente artigo pode ser obtida em sítios eletrônicos de forma gratuita ou
paga. Deixa-se esclarecido que o exemplo da residência multifamiliar de 4 pavimentos
(PP-B) foi executada de forma genérica. Também, deve-se deixar elucidado que não
foi realizado o estudo de recalques para este artigo, nem capacidade de cargas
envolvendo grupo de estacas e estudo de recalques a grupo de estacas. Foi
desenvolvida somente uma sondagem cujo resultado foi utilizado para o cálculo de
capacidade admissível de uma estaca isolada. Da mesma forma, a altura e a carga
do bloco de fundação da estaca não estão sendo consideradas, o que pode afetar a
profundidade útil da estaca, ficando esses dois últimos estudos citados como
sugestões para próximos artigos ou trabalhos de conclusão de curso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Porquanto é do conhecimento no estado da arte, é praticamente impossível


ter um conhecimento "completo" ou empírico do subsolo existente no terreno apto a
receber uma edificação, sem realizar uma sondagem. Torna-se praticamente
impossível determinar os tipos de solos e ajustar o projeto às suas características.
Estando o engenheiro com o ensaio SPT em mãos, é possível verificar a resistência
do solo e, principalmente, o nível de água para, assim, definir o tipo de fundação e
executar os cálculos de distribuição de carga sem ultrapassar a tensão admissível do
solo, alcançando, dessa maneira, a otimização entre o solo e a fundação que se
busca, evitando, acima de tudo, os principais problemas de patologia relacionados,
como os recalques e fissuras. Outra função do laudo SPT é verificar a existência de
variantes e comprovar se os resultados de capacidade de carga se confirmam.
Quanto ao ensaio SPT no ponto SP01, objeto do presente estudo, verificou-
se a grande predominância de solo do tipo argila silte arenosa, com NSPT baixo nos
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primeiros metros até os 15 m de profundidade, e nível de água estabilizado em cerca


de 10,8 m de profundidade. Assim sendo, chega-se à conclusão de que o tipo de solo
indicado possui baixa resistência, havendo a necessidade de uma fundação profunda
para se conseguir uma resistência de ponta e de fuste ideal a fim de atender ao projeto
estrutural.
Outro objetivo deste trabalho é dar um ponto de partida ou norte para
engenheiros recém-formados ou engenheiros que não tenham experiência na área de
fundações, ajudando assim, por meio das ferramentas apresentadas, na definição do
tipo de fundação que melhor se adeque ao seu projeto e terreno.
Por fim, conclui-se neste artigo a necessidade e importância de realizar o
reconhecimento dos tipos de solos através do ensaio SPT para, em conjunto com o
projeto estrutural, fornecer opções de fundações aptas a se adaptarem à realidade do
terreno e, principalmente, que facilitem a execução da obra, não se esquecendo do
impacto na vizinhança, pois, conforme F. Ottman – G. Lahuec (apud LIMA, 1979),
deve-se ter sempre em mente que as sondagens mais caras são aquelas que não
foram feitas.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, C. S.; RAMOS, H. A.; SILVA, J. C. N.; COSTA, L. R.; CUNHADO, M. V. A.


Recalque ou Assentamento da Construção Civil. Anais do VII CONCCEPAR:
Congresso Científico da Região Centro-Ocidental do Paraná / Centro Universitário
Integrado de Campo Mourão. - Campo Mourão, PR, 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Rochas e Solos.


Rio de Janeiro, 1995. 18 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036: Programação de


sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. Rio de
Janeiro, 1983. 3 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721: Avaliação de


custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para
condomínios edilícios. Rio de Janeiro, 2005. 61 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e


execução de fundações. Rio de Janeiro, 2019. 108 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo – Sondagem


de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001. 17 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180: Solo –
Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 2016.3 p.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Águas de chuva: Engenharia das águas


pluviais nas cidades. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2017.
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CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de
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50.1607767,710m/data=!3m2!1e3!4b1!4m5!3m4!1s0x94e81aec39bbf3a3:0x7ab5ae1
a6aafef70!8m2!3d-25.124513!4d-50.158588?hl=pt-BR. Acesso em: 03 jun. 2020.

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LIMA, Maria José C. Porto A. de. Prospecção geotécnica do subsolo. Rio de


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Dissertação (Mestrado) - Curso de Geotecnia, Escola de Engenharia de São Carlos,
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