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CORREÇÃO 2ª PROVA 4N2AV – Civil II

1. Responsabilidade civil. Assinale a alternativa falsa:


a. Mesmo se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, não poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização.
b. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por
quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
c. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
d. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Obs.: art. 944, CC. “A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, PODERÁ o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização”.

2. Formação dos contratos. Assinale a alternativa falsa:


a. Deixa de ser obrigatória a policitação se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento do oblato a retratação do policitante.
b. Deixa de ser obrigatória a proposta se, feita com prazo a pessoa ausente, não for expedida a
resposta em prazo razoável.
c. Sempre haverá prazo para a resposta do oblato ausente.
d. Não se confundem os prazos “dado” e “moral”.
Obs.: art. 428, III: “Deixa de ser obrigatória a proposta: se, feita a pessoa ausente, não tiver sido
expedida a resposta dentro do prazo dado”. Ou seja, dentro do prazo dado/estimulado, e não em
prazo razoável como a alternativa falsa diz.

3. “A jurisprudência do STJ é firme sobre a aplicação dos princípios da segurança jurídica e da


boa-fé objetiva, bem como da vedação ao comportamento contraditório (venire contra factum
proprium), a impedir que a parte, após praticar ato em determinado sentido, venha adotar
comportamento posterior e contraditório”. (STJ, Aglnt no REsp 1472899/DF, item 3, Rel. Min.
Antônio Carlos Ferreira, 4ª T., j. 28/09/2020, DJe 01/10/2020).
Com relação ao tema abordado nessa ementa do STJ, assinale a alternativa falsa:
a. A vedação do comportamento contraditório funda-se também na proteção da confiança.
b. Nos contratos, a cláusula geral da boa-fé objetiva prescinde de convenção expressa.
c. É vedado o venire contra factum proprium, mesmo não se afigurando ilícitos os atos praticados.
d. A máxima venire contra factum proprium não traduz figura parcelar da função limitadora da boa-
fé objetiva.
Obs.: verine contra factum proprium: é um COMPORTAMENTO LÍCITO, PORÉM
CONTRADITÓRIO ao de uma parte. É a vedação ao comportamento contraditório à boa-fé objetiva.
Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o
comportamento assumido anteriormente. Ou seja, a máxima em latim TRADUZ (interpreta,
transpassa, compreende, explica) figura parcelar da função limitadora da boa-fé objetiva.
* Figuras parcelares da boa-fé objetiva, seriam elas: exceptio doli, venire contra factum proprium,
supressio e surrectio, tu quoque e duty to mitigate the loss.
4. João e Maria conversaram via internet, por chat (sala de bate papo; on line; tempo real),
quando iniciaram uma tratativa negocial. Considerando esse enunciado, nos seus exatos
termos, assinale a alternativa verdadeira:
a. Trata-se de proposta de contrato que, em regra, obriga o proponente.
b. Por não se tratar de contrato, nem em tese, seria cabível a imposição de dever indenizatório, a
qualquer título.
c. Trata-se de simples pré-contrato.
d. Nessa fase, nem em tese, poderia surgir para uma das partes o dever indenizatório por
inadimplemento contratual.
Obs.: “Fase de negociações preliminares” ou “Fase Pré-Contratual” não se confunde com “pré-
contrato” ou “contrato preliminar”. Há imposição do dever indenizatório, MAS, não por
inadimplemento contratual, pois ainda não existe contrato, apenas há a uma “fase de negociações
preliminares”. A imposição de dever indenizatório que existe é pela prática de um ilícito civil (art. 186,
CC) ou afronta à boa-fé objetiva (art. 422, CC).

5. Considerando a classificação dos contratos, assinale a alternativa falsa:


a. O contrato real somente se perfaz, como tal, com a tradição da coisa, que ocorre na sua execução.
b. A alea não pode ser retirada dos contratos aleatórios por natureza, nem se assim as partes
convencionarem expressamente.
c. A emptio spei e a emptio rei speratae referem-se a contratos naturalmente comutativos,
transmudados convencionalmente em aleatórios.
d. A ambiguidade e a contradição clausulares, nos contratos adesivos, são interpretadas em desfavor
daquele que elaborou o referido contrato.
Obs.: Princípio do Consensualismo: Em regra, o contrato se aperfeiçoa com o simples acordo de
vontades. EXCEÇÃO: nos contratos reais, o aperfeiçoamento exige, além do consenso, também a
entrega da coisa (tradição) para a conclusão/aperfeiçoamento do contrato.
* contratos reais: depósito, empréstimo (comodato – quando se empresta bem infungível a título
exclusivamente gratuito -, e mútuo – empresta coisa fungível), estimatório e doação manual.

6. Responsabilidade civil. Assinale a alternativa falsa:


a. O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos.
b. A responsabilidade do Estado em decorrência de erro judiciário tem respaldo constitucional.
c. Quando a responsabilidade deriva de infração ao dever legal (dever de conduta), não se diz que
ela é aquiliana.
d. Sem a prova do dano ninguém pode ser responsabilizado civilmente. Frisa-se, porém, que a lei,
às vezes, presume o dano (ofensas aos direitos de personalidade, por exemplo).
Obs.: RESPONSABILIDADE CONTRATUAL: o inadimplemento contatual acarreta a
responsabilidade de indenizar as perdas e danos (CC, art. 389). Todo inadimplemento se presume
culposo. O lesado só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida.
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL: É a que deriva de infração ao dever de conduta
(dever legal) imposto genericamente no art. 186 do CC. É também chamada de RESPONSABILIDADE
AQUILIANA. Ao lesado incumbe o ônus de provar culpa ou dolo do causador do dano.
7. Segundo João, ele e Maria teriam cobrado, verbalmente, um contrato de depósito voluntário,
pelo qual ela teria recebido um objeto móvel de vultoso valor (R$100.000,00) para guardar, até
que ele lhe solicitasse a restituição. Indagado acerca do meio de prova a ser utilizado, João
disse que seria exclusivamente testemunhal.
Com base nessa hipotética situação, assinale a alternativa verdadeira:
a. O depósito voluntário provar-se-á por escrito, razão por que a prova testemunhal é de nenhuma
valia, em qualquer situação.
b. A prova exclusivamente testemunhal é admitida em qualquer contrato, independentemente de seu
valor.
c. A prova exclusivamente testemunhal não é admitida, pois o valor do contrato extrapola o décuplo
do salário mínimo.
d. Se, em virtude desse contrato verbal, Maria tivesse firmado um circunstanciado recibo de
depósito, entregue a João, este poderia utilizá-lo, juntamente com a prova testemunhal,
independentemente do valor do contrato.
Obs.: A regra é o art. 444 do CPC: “nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível
a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se
pretende produzir a prova”.

8. “Em nosso ordenamento jurídico vigora a exceção do contrato não cumprido [...] premissa
fundamental que rege a boa-fé das relações contratuais, segundo a qual nenhuma das partes
contratantes pode exigir o cumprimento da obrigação da outra, sem antes cumprir a sua própria
obrigação” (STJ, Aglnt no Aglnt no AREsp 1644843/DF, item 7, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª
T, DJe 24/09/2020).
Quanto a essa temática abordada pelo STJ, assinale a alternativa falsa:
a. A solve et repete corresponde à renúncia do direito de opor a exceptio non adimpleti contractus.
b. Nos contratos sinalagmáticos, o cabimento dessa exceção não se condiciona à simultaneidade das
prestações.
c. Eiva-se de nulidade absoluta a clásula que, no contrato de adesão, estipular a renúncia antecipada
do aderente a direito resultante da natureza do negócio.

Obs.: Nos contratos bilaterais/sinalagmáticos há obrigações para ambas as partes.


EXCEÇÃO (defesa) do contrato não cumprido:
*Para uma parte exigir o implemento de outra, ela deve cumprir sua obrigação antes (só é cabível a exceção
em todo contrato bilateral em prestações simultâneas).
* Exceptio non adimpleti contractus: inadimplemento, descumprimento total.
* Exceptio non rite adimpleti contractus: inadimplemento parcial.

* A Exceptio somente tem cabimento quando há SIMULTANEIDADE de prestações (ex: Bruno entrega o
relógio para Gabriela e ela paga-o no mesmo dia que é feita a entrega).
* A Exceptio não é cabível quando ocorre a SUCESSIVIDADE de prestações (ex: Bruno irá entregar o
relógio dia 17/10/20 e Lauane irá pagar dia 01/02/21).
* Cláusula solve et repete faz parte somente do contrato bilateral, e significa cumpra a sua obrigação e
depois reclame (“pague e depois reclame”). Renúncia ao direito de opor a exceção do contrato.
* No contrato de consumo (CDC) a cláusula de prática abusiva (solve et repete) contra o consumidor é
NULA de pleno direito (absoluta).
*No contrato administrativo essa cláusula poderá ser válida dependendo do caso concreto (Ex: saúde
pública, que é de interesse coletivo e muito importante)

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