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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ROT-6139-67.2016.5.15.0000

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A C Ó R D Ã O
(SDC)
GMCB/jco

RECURSO ORDINÁRIO PRINCIPAL INTERPOSTO


PELO SUSCITANTE. PRELIMINAR DE
LEGITIMIDADE DA ENTIDADE SINDICAL
SUSCITANTE. PREJUDICADO O EXAME.
Cinge-se a controvérsia em examinar a
legitimidade da entidade sindical
suscitante para defender os interesses
dos empregados das empresas suscitadas
que se enquadrem na categoria
profissional de técnico de
administração.
É cediço que o artigo 1º da Lei no
7.316/1985 confere às entidades
sindicais que integram a Confederação
Nacional das Profissões Liberais o
mesmo poder de representação dos
trabalhadores-empregados atribuído aos
sindicatos representativos das
categorias profissionais
diferenciadas.
A profissão de técnico de administração
encontra-se regulamentada pela Lei no
4.769/1965, cujos dispositivos
estabelecem os requisitos para o seu
exercício, as atividades a serem
desempenhadas pelos ocupantes da
função, bem como a possibilidade de esta
ser exercida na condição de
profissional liberal ou até mesmo
empregado.
O artigo 1º deste diploma legal, por sua
vez, prevê a inclusão da categoria de
técnico de administração no grupo da
Confederação Nacional das Profissões
Liberais, constante do Quadro de
Atividades e Profissões, anexo à CLT.
Verifica-se, portanto, ser inequívoco o
enquadramento da profissão de técnico
de administração como categoria
profissional diferenciada, segundo o
preceito estatuído no § 3º do artigo 511
da CLT.

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Em se tratando de categoria
profissional diferenciada, é
despiciendo que haja correspondência
entre as atividades desempenhadas pelos
trabalhadores e a atividade econômica
da categoria patronal. Tem-se, por essa
razão, que a entidade sindical está
autorizada a negociar com entidades
sindicais que representem diversos
segmentos econômicos ou a instaurar
dissídio coletivo em face destas, com o
fim de fixar as normas a serem aplicadas
aos profissionais por elas
representados.
Esta egrégia Seção, examinando questão
semelhante, reconheceu o enquadramento
da profissão de administrador como
categoria profissional diferenciada e,
por conseguinte, a legitimidade da
entidade sindical que lhe representava
(RODC - 413000-93.2005.5.04.0000 da
relatoria do e. Ministro João Batista
Brito Pereira, publicado em
23.11.2007).
Nesse contexto, é inequívoco que a
entidade sindical suscitante possui
legitimidade para representar os
interesses da categoria profissional
diferenciada dos técnicos de
administração.
Constata-se que, no particular, o
presente Dissídio Coletivo não foi
ajuizado em face de entidades sindicais
representativas dos interesses de
categoria profissional, mas sim em face
dos empregadores.
De acordo com o entendimento desta
egrégia Seção, nada obsta a instauração
de Dissídio por sindicato da categoria
profissional diferenciada em face dos
empregadores, desde que observados os
pressupostos necessários para tanto.
Segundo a Orientação Jurisprudencial
no 19 da SDC, é autorizada a instauração
da instância contra determinada
empresa, desde que haja prévia
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autorização dos trabalhadores da
suscitada envolvidos no conflito.
Desse modo, a teor do entendimento
preconizado no supracitado verbete
jurisprudencial, seria necessário
verificar a existência, nos autos, de
prévia autorização dos trabalhadores
das suscitadas envolvidos no conflito.
Ocorre que as suscitadas interpuseram
recurso ordinário adesivo, arguindo
preliminar de extinção do feito, sem
resolução do mérito, relativa à
ausência do comum acordo, previsto no §
2º do artigo 114 da Constituição
Federal.
Desse modo, o exame da questão deduzida
no recurso ordinário adesivo deve
preceder ao julgamento do recurso
ordinário principal, na medida em que,
ainda que reconhecida a legitimidade da
recorrente para instaurar a instância,
a ausência de comum acordo ensejará a
extinção do feito, sem resolução do
mérito.
Prejudicado o exame do recurso
ordinário principal.

RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO INTERPOSTO


PELAS SUSCITADAS.
DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA
ECONÔMICA. AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO. PROVIMENTO.
Nos termos do § 2º do artigo 114 da
Constituição Federal, é indispensável o
comum acordo das partes para o
ajuizamento do dissídio coletivo de
natureza econômica, por se tratar de
pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido e regular do
processo.
Na hipótese, verifica-se que as
suscitadas, em contestação,
apresentaram objeção ao ajuizamento do

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Dissídio Coletivo de natureza
econômica.
O egrégio Tribunal Regional, contudo,
afastou a aludida preliminar, sob o
fundamento de que a previsão contida no
supracitado dispositivo da
Constituição Federal não pode ser
examinada de forma isolada. Entendeu
que o fato de as suscitadas terem se
insurgido em face de todas as cláusulas
apresentadas pelo suscitante
evidencia, ainda de que forma tácita, a
sua aquiescência quanto à instauração
do presente Dissídio Coletivo.
Esta Corte, contudo, a partir da
interpretação conferida ao artigo 114,
§ 2º, da Constituição Federal,
posiciona-se no sentido de que é
suficiente a concordância tácita do
suscitado para o atendimento desse
pressuposto. Dessa forma, não é
necessária a apresentação de petição
conjunta das partes, presumindo-se a
anuência do suscitado na hipótese de não
haver objeção expressa na contestação.
Tem-se, portanto, que é suficiente a
apresentação da objeção em contestação,
de modo que o fato de as suscitadas,
orientadas pelo princípio da
eventualidade ou da concentração da
defesa, terem impugnado as cláusulas
apresentadas pela suscitante, não pode
ser interpretado como aquiescência
tácita à instauração do Dissídio
Coletivo em exame.
Cumpre ressaltar que o Plenário do
Supremo Tribunal Federal, julgou
improcedente as ADIs 3.392, 3.423,
3.431, 3.432 e 3.520 , reconhecendo, por
maioria de seus julgadores, a
constitucionalidade do § 2º do artigo
114 da Constituição Federal.
Destaca-se, ainda, que o Supremo
Tribunal Federal, apreciando o tema 841
da repercussão geral, em 22.9.2020,
fixou a seguinte tese: “É constitucional a
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exigência de comum acordo entre as partes para
ajuizamento de dissídio coletivo de natureza
econômica, conforme o artigo 114, § 2º, da Constituição
Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional
45/2004”.
Assim, faz-se necessário que haja o
comum acordo das partes para a
instauração do dissídio coletivo de
natureza econômica, ainda que tácito,
nos termos da jurisprudência desta
colenda Corte Superior.
Nesse contexto, o egrégio Tribunal
Regional, ao desconsiderar a
necessidade do comum acordo e exigir
requisito não previsto no texto
constitucional, não decidiu amparado na
norma constitucional reguladora, razão
pela qual merece ser reformado o acórdão
ora recorrido.
Recurso ordinário provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


Ordinário Trabalhista n° TST-ROT-6139-67.2016.5.15.0000, em que são
Recorrente e Recorrido SINDICATO DOS ADMINISTRADORES DO MUNICIPIO DE
CAMPINAS e CPFL GERACAO DE ENERGIA S/A E OUTRAS e.

Cuidam os autos de Dissídio Coletivo de natureza


econômica instaurado pelo SINDICATO DOS ADMINISTRADORES DE CAMPINAS E
REGIÃO em face da COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, da CPFL
COMERCIALIZAÇÃO BRASIL S.A. e CPFL GERAÇÃO DE ENERGIA S.A., em que requer
a aprovação da pauta de reivindicações por ele apresentada para o período
2016/2017 (fls. 677/706).
O d. Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho,
às fls. 713/714, determinou a notificação do suscitante a fim de que
apresentasse o estatuto social, bem como documento que comprovasse a
circulação do jornal em que foi publicada a ata de convocação da
assembleia geral, o que foi atendido às fls. 717/736.
Na audiência realizada em 4.7.2016, foi registrado
em ata que as suscitadas não reconheciam a representatividade da entidade
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sindical suscitante, que não concordavam com a instauração de instância
e nem, tampouco, com a nomeação de árbitro.
Foi registrado, ainda, que, em razão de o principal
ponto da controvérsia dizer respeito à representação da entidade sindical
suscitante, resta impossibilitada a celebração de acordo (fls. 760/761).
As suscitadas, às fls. 837/902, apresentaram
contestação, em que suscitam a preliminar de extinção do feito, sem
resolução do mérito, ante a ausência de comum acordo.
O d. Ministério Público do Trabalho, por meio do
parecer de fls. 998/1.000, manifestou-se pela parcial procedência do
presente Dissídio Coletivo.
Foram apresentados memoriais pela entidade sindical
suscitante (fls. 1.007/1.011).
O egrégio Tribunal Regional, por meio do v. acórdão
regional de fls. 1.085/1.095, extinguiu o feito, sem resolução do mérito,
ao reconhecer a ilegitimidade da entidade sindical para representar os
interesses da categoria profissional.
Opostos embargos de declaração pela entidade sindical
suscitante, fls. 1.152/1.162, a egrégia Corte de origem decidiu
negar-lhes provimento (fls. 1.255/1.258).
Inconformada, a entidade sindical suscitante interpôs
recurso ordinário às fls. 1.280/1.294, o qual foi admitido pela
Vice-Presidência do Tribunal Regional de origem à fl. 1.311.
Foram apresentadas contrarrazões às fls. 1.315/1.328
e recurso ordinário adesivo às fls. 1.329/1.339 pelas suscitadas. Este
foi admitido pela Vice-Presidência da Corte Regional à fl. 1.340.
A entidade sindical suscitante apresentou
contrarrazões às fls. 1.355/1.365.
É o relatório.

V O T O

A) RECURSO ORDINÁRIO DO SINDICATO DOS ADMINISTRADORES


DE CAMPINAS E REGIÃO

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1. CONHECIMENTO

Atendidos os pressupostos de admissibilidade, conheço


do recurso ordinário.

2. MÉRITO

2.1. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE DA ENTIDADE SINDICAL


SUSCITANTE PARA REPRESENTAR OS INTERESSES DA CATEGORIA PROFISSIONAL

O egrégio Tribunal Regional, no particular, assim


decidiu:

Os suscitados insistem na tese de que o Sindicato dos Administradores


do Município de Campinas não possui legitimidade ativa para representar
seus empregados.
Assiste razão aos suscitados, de modo que o processo deve ser extinto
sem resolução de mérito.
Em primeiro lugar, saliento que não desconheço os diversos
precedentes desta E.SDC sobre a problemática questão envolvendo os
suscitados e o Sindicato dos Administradores do Município de Campinas.
Em quase todas as decisões proferidas por esta E.SDC há referências
expressas a precedentes que reforçam a tese de que o Sindicato dos
Administrados do Município de Campinas representa verdadeira categoria
diferenciada. Os precedentes habitualmente citados são os seguintes: a)
0005955-19.2013.5.15.0000, b) 0005987-87.2014.5.15.0000, c)
0005860-18.2015.5.15.0000 e d) 0006140-52.2016.5.15.0000.
Em todos os processos se discute a mesma questão, qual seja: o
Sindicato dos Administradores do Município de Campinas tem legitimidade
para ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica em face dos suscitados?
A despeito de a questão parecer pacificada por esta E.SDC, a análise
detalhada de cada um dos processos acima referidos revela conclusão
diversa.
Em consulta pormenorizada ao andamento processual dos dissídios n.
0005955-19.2013.5.15.0000, 0005987-87.2014.5.15.0000,
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0005860-18.2015.5.15.0000 e 0006140-52.2016.5.15.0000 é possível
concluir que o C.TST deu provimento aos recursos ordinários interpostos
pelos suscitados e extinguiu os processos sem resolução de mérito em
decorrência da ausência de comum acordo. Eis as ementas dos referidos
processos, in verbis:
(...).
Como se verifica, o C.TST pacificou entendimento no sentido de que a
interpretação da expressão 'comum acordo' deve ser literal e restritiva, de
modo que a ausência expressa de concordância com a jurisdição trabalhista
leva à extinção do processo sem resolução de mérito.
Esse, porém, não é ponto, já que a preliminar relativa à ausência de
comum acordo já foi superada no tópico anterior.
A transcrição das referidas ementas tem por objetivo demonstrar que
os precedentes nos quais esta E.SDC baseia suas decisões não podem surtir
efeitos jurídicos, já que os processos foram extintos sem resolução de mérito
e houve trânsito em julgado certificado em todos eles. Embora o C.TST
tenha apreciado apenas a ausência de comum acordo, a extinção sem
resolução de mérito evidentemente abrange todo o processo.
Isso demonstra, portanto, que a questão acerca da legitimidade do
Sindicato dos Administradores do Município de Campinas para representar
empregados dos suscitados se encontra aberta e passível de reanálise. De
mais a mais, mesmo que assim não fosse, nada impede a mudança de
posicionamento sobre o tema, tal como ocorreu recentemente em relação aos
movimentadores de mercadorias.
Em continuidade, ao aprofundar as buscas de precedentes desta
E.SDC, outros dois processos foram encontrados, quais sejam: a)
0006312-57.2017.5.15.0000, cujo recurso ordinário interposto pelos
suscitados foi processado no dia 10.07.19 e b) 0005992-12.2014.5.15.0000,
cujo trânsito em julgado foi certificado nos autos e o arquivamento definitivo
ocorreu no dia 01.09.2016.
Esse escorço histórico da controvérsia que envolve o Sindicato dos
Administradores do Município de Campinas e os suscitados revela que existe
apenas uma decisão proferida por esta E.SDC que ataca frontalmente a
questão da legitimidade ativa e, aínda, que não foi reformada pelo C.TST.

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Referida decisão foi proferida nos autos do dissídio n.
0005992-12.2014.5.15.0000, cuja relatoria fora exercida pela i.
Desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani. Houve aprovação
unânime da proposta de voto e participaram do julgamento os i. colegas: Des.
MARIA CRISTINA MATTIOLI, Des. VALDEVIR ROBERTO
ZANARDI, Juiz TÁRCIO JOSÉ VIDOTTI, Des. JOÃO ALBERTO ALVES
MACHADO, Des. HÉLCIO DANTAS LOBO JÚNIOR, Des. EDER
SIVERS, Des. JOÃO BATISTA MARTINS CÉSAR, Des. FLÁVIO
ALLEGRETTI DE CAMPOS COOPER Des. FERNANDO DA SILVA
BORGES e Des. FLÁVIO NUNES CAMPOS.
Entendo, por essa razão, que o presente caso merece a
mesma solução adotada no dissídio n.
0005992-12.2014.5.15.0000, cujas razões passo a adotar, já que
com elas me coaduno integralmente, ipsis litteris:
Examinemos os autos.
Os documentos (Id 605450 e 605401) não comprovam que
os empregados em destaque integram o quadro funcional da
suscitada, nem trazem elementos capazes de respaldar a alegação
de que atuem sob condições profissionais singulares ou
submetidos a estatuto próprio.
Ademais, nem sequer restou provada a
habilitação/bacharelado em Administração como exigência
patronal para integrar a estrutura da empresa. Portanto,
insuficiente para caracterizar a existência de condições de vida
profissional singulares a embasar o conceito de categoria
diferenciada as notícias do portal corporativo (Id 605388,
605394 e 605397), conforme aduzido pela suscitada (item 67 - Id
06933€0).
Acrescente-se que a documentação apresentada pelo
próprio suscitante revela que Fernando Antonaglia não integra o
quadro de empregados da suscitada, constando da documentação
acostada pelo suscitante como gerente executivo da CPFL Total
(Id 605401), enquanto Pablo Becker responde pela Gerência de
relacionamento no Mercado de Varejo da CPFL Brasil (Id
605450). Ronaldo José de Lima, apontado como presidente da
entidade sindical suscitante nem exerce função de administrador
para a suscitada, atuando como Analista de Qualificação de
Fornecedores Jr., que não é privativa de bacharel em
Administração de Empresas (Id 605065 e 605388), sendo
também compatível com a formação em Contabilidade,
Economia, Direito e etc. (Itens 68 e 69 - Id 06933€0).
Da mesma forma, os documentos (Id 605388, 605394 e
605397) não são suficientes para comprovar a existência da
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categoria diferenciada no âmbito da suscitada, não só porque não
permitem aferir se o quadro comparativo apresentado refere-se
às funções existentes na empresa integrante do polo passivo, mas
principalmente porque nada comprovam quanto à existência de
estatuto próprio ou condição de vida profissional singular e
específica dos empregados que alega representar.
Os comprovantes de recolhimento de contribuição sindical
(Id 605280, 605282, 605273, 605283 e 605266) apontam o
pagamento realizado pelos próprios trabalhadores, invocando a
permissão contida no parágrafo único do artigo 585 da
Consolidação das Leis do Trabalho, cujos requisitos, entretanto,
não restaram configurados por não comprovado o exercício da
respectiva profissão na empresa suscitada.
Importante destacar que as declarações de associação ao
sindicato suscitante (Id 605283 e 605266) foram dirigidas a
empresa distinta da suscitada, o que corrobora a conclusão
relativa à inexistência de prova acerca da alegada categoria
diferenciada na suscitada.
Portanto não foram infirmadas nos autos as assertivas da
suscitada no sentido de que ‘não há cargos privativos para
bacharéis em Administração... Há gerentes, diretores,
presidentes formados em Direito, Engenharia, Economia,
Ciências Contábeis, entre outros, exercendo funções análogas e
que as referidas fichas apenas demonstram a formação destes
profissionais, a qual certamente não é indispensável para
realização de suas respectivas funções na empresa, visto que as
funções desempenhadas podem ser exercidas também por
engenheiros de produção, ou até, economistas’ (itens 70 a 72 – Id
06933€0).
Deste modo, assiste razão à suscitada quando assevera que
‘mesmo que se admita haver os supostos mais de 200 (duzentos)
administradores nos quadros das Suscitadas, como alega o
Suscitante, o fato de a formação superior destes empregados ser
em administração de empresas não significa que estes exerçam,
ou sejam habilitados ou enquadrados na função de
administrador’ (item 73 - Id 06933€0), o que liquida de vez a
pretensão do suscitante quanto ao reconhecimento de sua
representação de categoria diferenciada de parte dos empregados
da suscitada, pois não preenchidos os requisitos legais, conforme
entendimento consubstanciado no item III da Súmula 369 do C.
TST e OJ 22 da SDC do C. TST, in verbis:
Súmula 369 III - O empregado de categoria diferenciada
eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na
empresa atividade pertinente à categoria profissional do
sindicato para o qual foi eleito dirigente.

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22. LEGITIMIDADE ‘AD CAUSAM’ DO SINDICATO.
CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS ATIVIDADES
EXERCIDAS PELOS SETORES PROFISSIONAL
ECONÔMICO ENVOLVIDOS NO CONFLITO.
NECESSIDADE. (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em
16, 17 e 18.11.2010
É necessária a correspondência entre as atividades
exercidas pelos setores profissional e econômico, a fim de
legitimar os envolvidos no conflito a ser solucionado pela via do
dissídio coletivo.
Ademais, da consulta ao Cadastro Nacional de Entidades
Sindicais na Coordenação Geral de Registro Sindical da
Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e
Emprego extrai-se que, tanto no processo de pedido de registro,
quanto no pedido de alteração estatutária, o Suscitante representa
o setor profissional liberal (http://www3
.mte.gov.br/sistemas/CNES/Relatorios/HistoricoÊntidadeDetalh
esHTML. A e http://www3
mte.gov.br/sistemas/CNES/Relatorios/ProcessoregistroAlteraca
oRelatorio).
Acrescente-se que o Decreto Regulamentador 61.934/67
caminhou no sentido traçado pela Lei 4.769/65 que
expressamente inseriu a categoria profissional de Administrador
entre os integrantes da Confederação Nacional das Profissões
Liberais, admitindo sua configuração como categoria
diferenciada tão-somente quando presentes os requisitos
estabelecidos pelo § 3º do artigo 511 da Consolidação das Leis
do Trabalho, o que não ocorreu no presente caso.
Destaque-se, por oportuno, que não há nos dois pedidos de
alteração estatutária encontrados no sítio eletrônico do
Ministério do Trabalho e Emprego referência a qualquer
modificação quanto aos suprarreferidos limites da representação
do suscitante.
Com efeito, o primeiro deles, datado de 14/05/2010,
postula a alteração da categoria representada de
‘administradores’ para ‘administradores e tecnológos da área de
Administração’ e da abrangência ‘municipal’ para
‘intermunicipal’; o segundo, por sua vez, datado de 09/04/2013,
requer a alteração da representação da categoria para
‘administradores, bacharéis, técnicos em administração e área de
administração’, com abrangência ‘nacional.
Entretanto, em ambos permanece a entidade como
representante apenas dos profissionais liberais, de sorte que não
há respaldo legal para reconhecê-lo como representante de parte
dos empregados da suscitada, que não ostentam a condição de
profissionais liberais.
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Importante consignar que a questão da representatividade,
analisada incidenter tantum no processo
0001381-84.2012.5.15.000, levou em consideração a situação
fática delineada e demonstrada naqueles autos em 2012, não
tendo o condão de vincular este julgamento, em que se analisa
situação fática existente em 2014, tampouco definir em caráter
imutável a questão. Ademais, em consulta ao sítio do C. TST na
rede mundial de computadores constata-se que os Ministros da
Seção Especializada em Dissídios Coletivos do TST acolheram a
pretensão recursal da suscitada e extinguiram o feito sem
resolução de mérito, decisão contra a qual não houve
interposição de recurso (https://aplicacaoS
.tst.jus.br/consultaProcessual/consulta
TstNumUnica.doconsulta=Consultz de modo que não houve
decisão de mérito quanto ao reconhecimento da legitimidade do
suscitante.
A questão também foi enfrentada no dissídio coletivo
0005955-19.2013.5.15.0000, que a apreciou em conformidade
com o contexto fático de 2013, não vinculando este Juízo como
alhures explicitado. Ademais, o desfecho no C. TST foi o mesmo
da demanda acima mencionada (https://aplicacaoS
.tst.jus.br/consultaProcessual/ consulta TstNum Unica.
doconsulta=Consultar& conscsjt=&numeroT'st=0005955
&digitoTst= de sorte que não há como acolher o pleito prefacial.
Por tais razões é de rigor a decretação de improcedência do
pleito de natureza jurídica e, por consequência, também do pleito
de natureza econômica, ante a inequívoca constatação de que o
suscitante carece de legitimidade para apresentar pauta de
reivindicações por não deter legitimidade de representação da
categoria profissional em face da suscitada.’
Alguns acréscimos devem ser formulados.
O Estatuto Social do suscitante prevê que seu objetivo primordial é
representar os administradores do Município de Campinas (Capítulo I, art. 1º
- id n. 2627c4a).
Com todo respeito a entendimento contrário, a cláusula é
demasiadamente genérica. Se se analisar atentamente, notar-se-á que a
generalidade com a qual o tema é tratado é contrária à própria essência da
categoria diferenciada.
Dessa forma, ao se defrontar com a questão relativa à necessidade de
identificação de quem são os eventuais administradores presentes nos
quadros dos suscitados, chegar-se-á ao segundo impasse: como defini-los?

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Esse questionamento está relacionado ao fato de que nenhum dos
diversos trabalhadores citados pelos suscitantes possuí anotação em CTPS
para a função de administrador.
É bem verdade que a nomenclatura formal constante na CTPS pode ser
suplantada por prova em sentido contrário. Entretanto, nesse ponto, os
suscitados trouxeram aos autos as fichas de empregados de todos os
trabalhadores citados pelo suscitantes. Trata-se, sem exceção, de
empregados que exercem funções não correlatas à definição legal de
administrador prevista pelo art. 2º da Lei n. 4.769/65.
Para citar um exemplo, tomemos o caso do empregado Ronaldo José
de Lima. Segundo a ficha de id n. 14756d9, ele exerce a função de analista de
qualificação de fornecedores júnior. As principais atribuições do cargo são as
seguintes: a) preparar o Comitê de Requisições, b) assegurar a
competitividade dos processos de cotação, prospectando e homologando
fornecedores não técnicos que agregam valor ao processo de compras, c)
bloquear fornecedores que não atendam nossos interesse e manter as LOF
atualizadas, d) atuar nos projetos de melhorias dos processos de suprimentos
garantindo inovação constante e alinhamento com o nosso planejamento
estratégico e e) efetuar as ações sistêmicas para execução das vendas de
veículos (id n. 4ad5f99).
Considerando esses elementos, o suscitante se esforça para restringir o
campo de sua representação sobre os trabalhadores que possuem formação
superior em Administração.
Prova disso é a juntada de documentos corporativos dos suscitados que
descrevem o currículo de alguns empregados e fazem referência ao grau de
bacharel em Administração.
Entrementes, sem menoscabo da tese defendida pelo suscitante, a
formação superior do trabalhador é irrelevante e insuficiente para a
configuração da categoria diferenciada. Um exemplo esclarece a questão:
um gerente de relações de clientes pessoas físicas que possui bacharelado em
Administração e é empregado de banco deve ser representado por qual
sindicato?
Se se adotar a construção teórica defendida pelo suscitante, muitos
bancários típicos poderão ser representados pelo Sindicato dos

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Administradores do Município de Campinas - o que, com todo respeito, seria
um verdadeiro absurdo.
Nesses termos, diante de todos os fundamentos acima apresentados,
entendo que o Sindicato dos Administradores do Município de Campinas
não possui legitimidade ativa para ajuizar o presente dissídio.
Ante o exposto, decido extinguir o presente dissídio sem resolução de
mérito, nos termos do art. 485, inc. VI, do Código de Processo Civil.

Opostos embargos de declaração, a egrégia Corte de


origem decidiu não acolhê-los sob o seguinte fundamento:

A análise detida das razões de embargos revela claramente o


inconformismo com o mérito do v. acórdão que lhe foi desfavorável.
Com todo respeito ao embargante, a tese no sentido de que o v.acórdão
é 'contraditório' porque a questão relativa à sua representatividade já foi
pacificada por esta E.TRT/15 é bastante indicativa da tentativa de buscar a
reforma do julgado por via inadequada.
Tal como exposto de forma analítica e minuciosa, o histórico
pormenorizado de todos os precedentes informados pelo embargante revela
que sua conclusão não se sustenta - especialmente porque os processos por
ele mencionados foram extintos sem resolução de mérito.
Dessa maneira, se a intenção do embargante é questionar os
argumentos que levaram esta E.SDC a decidir - de forma unânime - pela
extinção do processo sem resolução, a forma adequada para se insurgir é
manejar recurso próprio e específico para a Instância Superior.
Ante o exposto, decido conhecer e não acolher os embargos de
declaração opostos pelo Sindicato dos Administradores do Município de
Campinas.

Nas razões do recurso ordinário, o suscitante defende


que a profissão de administrador, regulamentada pela Lei no 4.769/1965,
se enquadra como categoria diferenciada, nos termos do § 3º do artigo
511 da CLT.
Sustenta que diversos funcionários da empresa
recorrente efetuam o recolhimento da contribuição sindical anual em seu
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benefício e que, desde 1996, representa os interesses dos administradores
empregados da recorrida.
Ao exame.
O artigo 1º da Lei no 7.316/1985 estabelece que nas
“ações individuais e coletivas de competência da Justiça do Trabalho, as entidades sindicais que
integram a Confederação Nacional das Profissões Liberais terão o mesmo poder de representação dos
trabalhadores-empregados atribuído, pela legislação em vigor, aos sindicatos representativos das
categorias profissionais diferenciadas”.
Constata-se que a referida lei equipara as profissões
integrantes do Grupo Nacional das Profissões Liberais às categorias
profissionais diferenciadas, para fins de representação por entidade
sindical.
A profissão de Técnico de Administração encontra-se
regulamentada pela Lei no 4.769/1965, cujos dispositivos estabelecem os
requisitos para o seu exercício, as atividades a serem desempenhadas
pelos ocupantes da função, bem como a possibilidade de esta ser exercida
na condição de profissional liberal ou até mesmo empregado.
O artigo 1º deste diploma legal, por sua vez, prevê
que o “Grupo da Confederação Nacional das Profissões Liberais, constante do Quadro de Atividades
e Profissões, anexo à Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de
maio de 1943, é acrescido da categoria profissional de Técnico de Administração” (sem grifos
no original).
Trata-se do Quadro de Atividades e Profissões previsto
no artigo 577 da CLT, o qual fixará o plano básico do enquadramento
sindical.
Verifica-se, portanto, ser inequívoco o enquadramento
da profissão de técnico de administração como categoria profissional
diferenciada, segundo o preceito estatuído no § 3º do artigo 511 da CLT.
De acordo com este dispositivo a categoria profissional diferenciada será
aquela formada por "empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de
estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares".
Em se tratando de categoria profissional
diferenciada, é despiciendo que haja correspondência entre as atividades
desempenhadas pelos trabalhadores e a atividade econômica da categoria
patronal. Tem-se, por essa razão, que a entidade sindical está autorizada
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a negociar com entidades sindicais que representem diversos segmentos
econômicos ou a instaurar dissídio coletivo em face destes, com o fim
de fixar as normas a serem aplicadas aos profissionais por eles
representados.
Esta egrégia Seção, examinando questão semelhante,
reconheceu o enquadramento da profissão de administrador como categoria
profissional diferenciada e, por conseguinte, a legitimidade da entidade
sindical que lhe representava. Nesse sentido, trago à colação o seguinte
excerto do acórdão proferido nos autos do RODC - 413000-93.2005.5.04.0000
da relatoria do e. Ministro João Batista Brito Pereira, publicado em
23.11.2007:

“Consoante o art. 511 da CLT, a determinação da categoria econômica


se dá em virtude de identidade, semelhança ou conexidade das atividades
desenvolvidas pelo empregador (§ 1º), enquanto a categoria profissional é
determinada em razão da similitude das condições de vida resultantes da
profissão ou do trabalho comum. Em função, pois, da categoria econômica,
determina-se a categoria profissional correspondente. Como exceção,
admitem-se as denominadas categorias diferenciadas, que são compostas por
trabalhadores de certas profissões, independentemente da natureza das
atividades econômicas desenvolvidas pelos seus empregadores (§ 3º).
Os administradores integram a Confederação Nacional das Profissões
Liberais, constituindo categoria diferenciada, a teor dos arts. 511, § 3º, 570 e
577 da CLT e, ainda, da Lei 7.316/85. Desse modo, o sindicato representante
de categoria profissional diferenciada possui legitimidade para ajuizamento
de ação coletiva de natureza econômica perante entidades sindicais patronais
de qualquer segmento econômico em que seja viável o trabalho por membro
de categoria profissional dessa natureza, donde advém a legitimidade do
Suscitante para a ação.
Registre-se que, conforme a jurisprudência desta Corte (Súmula 374),
sem a representação em juízo de tais entidades não tem eficácia a instituição
de cláusulas que obriguem as empresas por elas representadas.
Ademais, em decisão normativa são fixadas normas e condições de
trabalho aplicáveis às relações de trabalho já existentes e àquelas que
venham a se constituir no período de sua vigência, aos integrantes da
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categoria profissional diferenciada no quadro de pessoal das empresas
representadas pelo sindicato da categoria econômica.
Eis precedente da SDC a respeito:
‘1.1 PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
E ATIVA AD CAUSAM.
Verifica-se do recurso ordinário que, não obstante a
recorrente tenha suscitado preliminares de ilegitimidade passiva
e ativa, as razões ali deduzidas indicam que na realidade se
pretendeu suscitar apenas preliminar de ilegitimidade de parte
passiva.
Com efeito é o que se constata da argumentação de que os
seus empregados são representados por sindicato profissional
correlato ao sindicato patronal, representativo da atividade
econômica preponderante da empresa, tanto assim que, segundo
diz, atende os dispositivos da Convenção Coletiva de Trabalho
do SESCON e do SINDASPI.
Defronta-se no entanto com a impertinência da preliminar
de ilegitimidade de parte, sustentada a partir da atividade
econômica preponderante da empresa, em virtude de o dissídio
coletivo ter sido suscitado pelo Sindicato dos Engenheiros no
Estado de Santa Catarina em prol do engenheiros empregados da
recorrente, na condição de integrantes de categoria profissional
diferenciada .
Sabe-se que para inclusão da categoria dos profissionais
liberais, entre eles a categoria dos Engenheiros, no rol das
categorias diferenciadas não basta a constatação de ser regida por
estatuto que, ao lado da singularidade das condições de vida
inerentes a determinadas funções, foi erigido no pressuposto da
diferenciação preconizada no § 3º, do art. 511 da CLT.
É que a par desses requisitos se extrai, do confronto entre o
§ 3º e o art. 577, da CLT, a existência de requisito suplementar,
consubstanciado no reconhecimento da diferenciação através de
ato da autoridade administrativa competente. Esse, por sua vez,
se encontra materializado no quadro de atividades e profissões
baixado através do anexo à Consolidação, em que os
profissionais liberais não foram elencados como categories
diferenciadas .
Apesar de tais ponderações, o certo é que o suscitante
compõe a Confederação Nacional das Profissões Liberais,
segundo se verifica do Quadro a que se refere o art. 577 da CLT,
detendo, por conta dessa singularidade, do mesmo poder de
representação atribuído aos sindicatos representativos das
categorias profissionais diferenciadas, na conformidade do art.
1º da Lei nº 7.316/85.

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Com efeito, dispõe a norma em apreço que Nas ações
individuais e coletivas de competência da Justiça do Trabalho, as
entidades sindicais que integram a Confederação das Profissões
Liberais terão o mesmo poder de representação dos
trabalhadores empregados atribuído, pela legislação em vigor,
aos sindicatos representativos das categorias profissionais
diferenciadas .
No mais, a circunstância de haver norma coletiva
específica em vigor, em relação a categoria profissional correlata
à categoria econômica preponderante, mostra-se juridicamente
irrelevante, em razão da precedência da representatividade da
categoria diferenciada dos engenheiros, de que desfruta o
suscitante.
Rejeito a preliminar.” (RODC - 14/2005-000-12-00,
Relator Ministro Barros Levenhagem; Ac. Publ. in DJ de
04/05/2007).
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso.

Pois bem.
É cediço que os empregados integrantes de categoria
profissional diferenciada, de acordo com o entendimento consolidado na
Súmula no 374, somente terão direito de haver de seu empregador vantagens
previstas em instrumento coletivo em que este tenha sido representado,
no processo de negociação, por órgão de classe de sua categoria.
Constata-se que, no particular, o presente Dissídio
Coletivo não foi instaurado em face de entidades sindicais
representativas dos interesses de categoria profissional, mas sim em face
dos empregadores.
De acordo com o entendimento desta egrégia Seção, nada
obsta a instauração de Dissídio por sindicato da categoria profissional
diferenciada em face dos empregadores, desde que observados os
pressupostos necessários para tanto. Isso porque, segundo a Orientação
Jurisprudencial no 19 da SDC, a autorização para a instauração da
instância contra determinada empresa está condicionada à prévia
autorização dos trabalhadores da suscitada envolvidos no conflito.
No particular, cito o seguinte julgado:

"A) RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE


NATUREZA ECONÔMICA, INTERPOSTO PELO SUSCITANTE,
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SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL. LEGITIMIDADE PASSIVA. POSSIBILIDADE DE
AJUIZAMENTO DE DISSÍDIO COLETIVO CONTRA EMPRESA.
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 19 DA SDC DO TST.
AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO. JURISPRUDÊNCIA DO TST.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. Constata
- se que o Sindicato suscitante representa a categoria profissional
diferenciada dos engenheiros , e que as pretensões trazidas a Juízo
dizem respeito apenas a esses trabalhadores, pelo que se mostra
plenamente possível o ajuizamento da ação contra o empregador, nos
termos da Orientação Jurisprudencial nº 19 da SDC desta Corte,
mormente se foram observados os pressupostos legais e
jurisprudenciais necessários para a instauração da instância do dissídio
coletivo. Assim, não há falar em ilegitimidade passiva, preliminar cujo
acolhimento levou o Regional a extinguir o processo, sem resolução de
mérito. Todavia, há de se manter a extinção , por fundamento diverso, qual
seja, a ausência de comum acordo no ajuizamento do dissídio coletivo,
considerado por este Tribunal Superior como pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido e regular do processo, a teor do art. 114, § 2º, da
Constituição Federal. Em situações similares, esta Seção Especializada tem
considerado que, em relação à questão do comum acordo, ainda que o
Regional não tenha analisado a preliminar, é possível o seu exame nesta
Instância Superior, e, se constatada a discordância do suscitado, manifestada
no momento oportuno, ou seja, na contestação, pela manutenção da decisão
regional de extinção do processo, por fundamento diverso. Precedentes.
Recurso ordinário conhecido e não provido. (...)"
(RO-20506-39.2015.5.04.0000, Seção Especializada em
Dissídios Coletivos, Relatora Ministra Dora Maria da
Costa, DEJT 05/05/2017).

Nesse contexto, é inequívoco que a entidade sindical


suscitante possui legitimidade para representar os interesses da
categoria profissional diferenciada dos técnicos em administração.
Não se pode olvidar, entretanto, que, em razão de o
presente dissídio coletivo ter sido instaurado em face do empregador –
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e não entidade de sindical da categoria patronal -, a teor do entendimento
preconizado na Orientação Jurisprudencial no 19 da SDC, seria necessário
verificar a existência, nos autos, de prévia autorização dos
trabalhadores da suscitada envolvidos no conflito.
Ocorre que as suscitadas interpuseram recurso
ordinário adesivo, arguindo preliminar de extinção do feito, sem
resolução do mérito, relativa à ausência do comum acordo, previsto no
§ 2º do artigo 114 da Constituição Federal.
Desse modo, penso que o exame da questão deduzida no
recurso ordinário adesivo deve preceder ao julgamento do recurso
ordinário principal, na medida em que, ainda que reconhecida a
legitimidade da recorrente para instaurar a instância, a ausência de
comum acordo ensejará a extinção do feito, sem resolução do mérito.

B) RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO INTERPOSTO PELAS


SUSCITADAS COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, CPFL COMERCIALIZAÇÃO BRASIL
S.A. E CPFL GERAÇÃO DE ENERGIA S.A.

1. CONHECIMENTO

Atendidos os pressupostos de admissibilidade, nos


termos do § 2º do artigo 997 do CPC, conheço do recurso ordinário.

2. MÉRITO

2.1. AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM


RESOLUÇÃO DO MÉRITO

O egrégio Tribunal Regional, no particular, assim


decidiu:

AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO


Os suscitados arguem preliminar de ausência de comum acordo, de
modo que pugnam pela extinção do processo sem resolução de mérito.
Não assiste razão aos suscitados.
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Esta E.SDC já pacificou entendimento no sentido de que a previsão
contida no art. 114, 82º, da Constituição Federal não deve ser examinada de
forma literal e isolada.
Embora os suscitados tenham manifestado expressamente a
discordância com a jurisdição trabalhista, o fato que apresentaram
contestação e se insurgiram contra cada uma das cláusulas apresentadas
pelos suscitantes revela, ainda que de forma tácita, a aquiescência para o
dissídio.
De mais a mais, esclareço que cabe à Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições legais mínimas de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.
Decido afastar a preliminar suscitada.

Nas razões recursais, as suscitadas pugnam pela


extinção do feito, sem resolução do mérito, ante a ausência do comum
acordo, nos termos do § 2º do artigo 114 da Constituição Federal.
Ao exame.
Segundo o artigo 114, § 2º, da Constituição Federal,
recusando-se “qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas,
de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho
decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente”.
De acordo com o referido dispositivo, a exigência do
“comum acordo” das partes para a instauração de dissídio coletivo
consiste em pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e
regular do processo.
Na hipótese, verifica-se que as suscitadas, em
contestação, apresentaram objeção ao ajuizamento do Dissídio Coletivo
de natureza econômica em exame, conforme se extrai das fls. 850/853.
O egrégio Tribunal Regional, contudo, afastou a
aludida preliminar, sob o fundamento de que a previsão contida no
supracitado dispositivo da Constituição Federal não pode ser examinada
de forma isolada. Entendeu que o fato de as suscitadas terem se insurgido
em face de todas as cláusulas apresentadas pelo suscitante evidencia,

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ainda de que forma tácita, a sua aquiescência quanto à instauração do
presente Dissídio Coletivo.
Esta colenda Corte, a partir da interpretação
conferida ao artigo 114, § 2º, da Constituição Federal, posiciona-se no
sentido de que é suficiente a concordância tácita do suscitado para o
atendimento desse pressuposto. Dessa forma, não é necessária a
apresentação de petição conjunta das partes, presumindo-se a anuência
do suscitado na hipótese de não haver objeção expressa na contestação.
Nesse sentido, trago à colação os seguintes
precedentes:

"RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE


NATUREZA ECONÔMICA. AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.
PROVIMENTO. Nos termos do § 2º do artigo 114 da Constituição Federal, é
indispensável o comum acordo das partes para o ajuizamento do dissídio
coletivo de natureza econômica, por se tratar de pressuposto processual. Esta
Corte Superior, ao interpretar o aludido dispositivo constitucional,
posiciona-se no sentido de que é suficiente a concordância tácita do suscitado
para o atendimento desse pressuposto. Dessa forma, não é necessária a
apresentação de petição conjunta das partes, presumindo-se a anuência do
suscitado, caso não seja apresentada objeção expressa na contestação. Na
hipótese , verifica-se que, conquanto o suscitado, em contestação, tenha
apresentado objeção à instauração do dissídio coletivo, o Tribunal Regional
não acolheu a preliminar em análise, sob o fundamento de que não é
obrigatória a comprovação do comum acordo, tratando-se de mera faculdade
das partes. É cediço que Constituição Federal, no seu artigo 114, § 2º, prevê a
necessidade de que haja o comum acordo das partes para a instauração do
dissídio coletivo de natureza econômica, ainda que tácito, nos termos da
jurisprudência desta colenda Corte Superior. A comprovação da
concordância da parte contrária, portanto, não se trata de mera faculdade.
Desse modo, o egrégio Tribunal Regional, ao desconsiderar a necessidade do
comum acordo, não o fez amparado na norma constitucional disciplinadora,
razão pela qual merece ser reformado o acórdão ora recorrido. Recurso
ordinário de que se conhece e a que se dá provimento para julgar extinto o
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feito, sem resolução do mérito" (RO-20245-69.2018.5.04.0000,
Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Relator
Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
26/02/2020).

"DISSÍDIO COLETIVO. RECURSO ORDINÁRIO. FALTA DO


MÚTUO ACORDO. ARTIGO 114, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
DE 1988. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.
Com a edição da Emenda Constitucional nº 45/2004, estabeleceu-se novo
requisito para o ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica,
qual seja, que haja comum acordo entre as partes. Trata-se de requisito
constitucional para instauração do dissídio coletivo e diz respeito à
admissibilidade do processo. A expressão "comum acordo", de que trata o
mencionado dispositivo constitucional, não significa, necessariamente,
petição conjunta das partes, expressando concordância com o ajuizamento da
ação coletiva, mas a não oposição da parte, antes ou após a sua propositura,
que se pode caracterizar de modo expresso ou tácito, conforme a sua
explícita manifestação ou o seu silêncio. No caso dos autos, houve a recusa
expressa quanto à instauração do dissídio coletivo, a qual foi feita em
momento oportuno, o que resulta na extinção do processo, sem resolução de
mérito, ante a falta de pressuposto de constituição e de desenvolvimento
válido e regular. Recurso ordinário a que se nega provimento"
(RO-1002367-08.2017.5.02.0000, Seção Especializada
em Dissídios Coletivos, Relatora Ministra Kátia
Magalhães Arruda, DEJT 06/03/2020).

"RECURSO ORDINÁRIO DA FEDERAÇÃO DOS


TRABALHADORES EM TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DO
ESTADO DO PARANÁ - FETROPAR. PROCESSO ANTERIOR À LEI
13.467/2017 . DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA.
COMUM ACORDO. NOVA REDAÇÃO DO § 2º DO ARTIGO 114 DA
CONSTITUIÇÃO ATUAL APÓS A PROMULGAÇÃO DA EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. CONCORDÂNCIA TÁCITA. DIREITO
DISPONÍVEL DAS PARTES. A Seção Especializada em Dissídios
Coletivos deste Tribunal Superior do Trabalho firmou jurisprudência no
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sentido de que a nova redação do § 2º do artigo 114 da Constituição Federal
estabeleceu o pressuposto processual intransponível do mútuo consenso das
partes para o ajuizamento do dissídio coletivo de natureza econômica. A EC
nº 45/2004, incorporando críticas a esse processo especial coletivo, por
traduzir excessiva intervenção estatal em matéria própria à criação de
normas, o que seria inadequado ao efetivo Estado Democrático de Direito
instituído pela Constituição (de modo a preservar com os sindicatos, pela via
da negociação coletiva, a geração de novos institutos e regras trabalhistas, e
não com o Judiciário), fixou o pressuposto processual restritivo do § 2º do
art. 114, em sua nova redação. Nesse novo quadro jurídico, apenas havendo
"mútuo acordo" ou em casos de greve, é que o dissídio de natureza
econômica pode ser tramitado na Justiça do Trabalho. Na hipótese dos autos,
o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal - SIDAN
não alegou, em defesa, a ausência de comum acordo para ajuizamento do
dissídio coletivo. Assim, diante da ausência de insurgência expressa do
Sindicato Suscitado quanto à propositura deste dissídio e por se tratar de
direito disponível das partes houve concordância tácita quanto à atuação
estatal. Julgados da SDC. Recurso ordinário conhecido e provido"
(RO-276-64.2017.5.09.0000, Seção Especializada em
Dissídios Coletivos, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 06/03/2020).

"RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE


NATUREZA ECONÔMICA - PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE
COMUM ACORDO (CF, ART. 114, § 2º) - PROVIMENTO DO APELO -
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. Nos
termos do que dispõe o art. 114, § 2º, da CF, " recusando-se qualquer das
partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a
Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas
legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente".
2. Com base no aludido dispositivo constitucional, a jurisprudência uníssona
da SDC desta Corte segue no sentido de que o comum acordo é indispensável
à instauração de dissídio coletivo de natureza econômica, mitigando tal
exigência apenas quanto à forma, ao considerar suficiente a concordância
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tácita do Suscitado para o atendimento desse pressuposto. 3. In casu , o 15º
TRT, ao rejeitar a preliminar alusiva à ausência de comum acordo (CF, art.
114, § 2º), muito embora o Sindicato patronal tenha esgrimido
expressamente tal óbice em contestação, decidiu em contraposição à referida
exegese jurisprudencial . 4. Assim, merece ser acolhida a preliminar arguida
no recurso ordinário e extinto o processo sem resolução do mérito, por
ausência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do
processo, nos termos do art. 485, IV, do CPC. Recurso ordinário provido
para extinguir o processo sem resolução do mérito "
(RO-6776-81.2017.5.15.0000, Seção Especializada em
Dissídios Coletivos, Relator Ministro Ives Gandra
Martins Filho, DEJT 26/02/2020).

Tem-se, portanto, que é suficiente a apresentação da


objeção em contestação, de modo que o fato de as suscitadas, orientadas
pelo princípio da eventualidade ou da concentração da defesa, terem
impugnado as cláusulas apresentadas pela suscitante, não pode ser
interpretado como aquiescência tácita à instauração do Dissídio Coletivo
em exame.
É cediço que o § 2º do artigo 114 da Constituição
Federal autoriza o exercício do poder normativo pela Justiça do Trabalho,
por meio do qual serão estabelecidas as normas que regularão as condições
de trabalho da categoria abrangida pela sentença normativa.
Não se pode olvidar, contudo, que o Poder Judiciário
apenas será provocado na hipótese de não ser possível às partes, de forma
consensual, a composição do conflito. Privilegia-se, portanto, a
negociação pelos próprios entes coletivos envolvidos, na medida em que
são eles que melhor compreendem os interesses da categoria por eles
representada.
Destaca-se, inclusive, que esta Justiça
Especializada, no exercício do seu Poder Normativo, deve observar os
limites previstos no dispositivo constitucional em análise, de acordo
com o qual, na solução do conflito, além dos limites legais e
constitucionais, devem ser respeitadas as disposições convencionadas
anteriormente. Assim, se não houver instrumento normativo do período
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anterior e nem tampouco as cláusulas controvertidas se tratarem de
conquista histórica da categoria, não será possível a fixação de
obrigações que gerem encargos econômicos para as partes.
Nessa perspectiva, a autocomposição consiste em
efetivo instrumento democrático, por permitir que a solução do conflito
seja alcançada pelas próprias partes, de forma consensual, cujo resultado
será a celebração do instrumento normativo coletivo que regulará as
condições de trabalho da categoria no período estabelecido.
É reconhecida, portanto, a capacidade dos "atores sociais
– sindicatos, federações, confederações e empresas – de autorregularem interesse gerais e abstratos de
grupos determinados, que representam, e de fazerem com que a condição de trabalho ou de emprego
avençada coletivamente, em acordo ou convenção coletiva de trabalho, tenha eficácia plena para cada
integrante do grupo, a par ou apesar do regramento estatal – desde que não afronte norma típica de
ordem pública" (TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Princípios da negociação
coletiva. In: Os Novos Paradigmas do Direito do Trabalho – Homenagem a
Valentin Carrion. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001, p. 105/128).
Cumpre ressaltar, inclusive, que o Tribunal Pleno do
excelso Supremo Tribunal Federal julgou improcedente as ADIs 3.392,
3.423, 3.431, 3.432 e 3.520 , em julgamento virtual iniciado em 22.5.2020
e finalizado em 28.5.2020, reconhecendo, por maioria de seus julgadores,
a constitucionalidade do § 2º do artigo 114 da Constituição Federal, cuja
ementa foi proferida nos seguintes termos:

"Ementa
Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Art. 1º, da Emenda
Constitucional nº 45/2004, na parte em que deu nova redação ao art. 114, §§
2º e 3º, da Constituição Federal. 3. Necessidade de "mutuo acordo" para
ajuizamento do Dissídio Coletivo. 4. Legitimidade do MPT para ajuizar
Dissídio Coletivo em caso de greve em atividade essencial. 5. Ofensa aos
artigos 5º, XXXV, LV e LXXVIII, e 60, § 4º, IV, da Constituição Federal.
Inocorrência. 6. Condição da ação estabelecida pela Constituição. Estímulo
às formas alternativas de resolução de conflito. 7. Limitação do poder
normativo da justiça do trabalho. Violação aos artigos 7º, XXVI, e 8º, III, e
ao princípio da razoabilidade. Inexistência. 8. Recomendação do Comitê de
Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho. Indevida
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intervenção do Estado nas relações coletivas do trabalho. Dissídio Coletivo
não impositivo. Reforma do Poder Judiciário (EC 45) que visa dar celeridade
processual e privilegiar a autocomposição. 9. Importância dos acordos
coletivos como instrumento de negociação dos conflitos. Mútuo
consentimento. Precedentes. 10. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada improcedente. (ADI 3392, Órgão julgador: Tribunal
Pleno, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Julgamento:
29/05/2020, Publicação: 18/06/2020)

Destaca-se, ainda, que o excelso Supremo Tribunal


Federal, apreciando o tema 841 da repercussão geral, em 22.9.2020, fixou
a seguinte tese: “É constitucional a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento
de dissídio coletivo de natureza econômica, conforme o artigo 114, § 2º, da Constituição Federal, na
redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004”.
Nesse contexto, o egrégio Tribunal Regional, ao
desconsiderar a necessidade do comum acordo e exigir requisito não
previsto no texto constitucional, não decidiu amparado na norma
constitucional reguladora, razão pela qual merece ser reformado o v.
acórdão ora recorrido.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso ordinário
adesivo para acolher a preliminar referente à ausência de comum acordo,
nos termos do artigo 114, § 2º, da Constituição Federal, e, por
conseguinte, manter a extinção do feito, sem resolução do mérito, por
fundamento diverso (artigo 485, IV, do CPC/2015). Julgo prejudicado o
exame do recurso ordinário principal.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em


Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade
I – conhecer do recurso ordinário interposto pelo SINDICATO DOS
ADMINISTRADORES DE CAMPINAS E REGIÃO e do recurso ordinário adesivo
interposto pelas suscitadas COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, CPFL
COMERCIALIZAÇÃO BRASIL S.A. E CPFL GERAÇÃO DE ENERGIA S.A.; e II – no
mérito, dar provimento ao recurso ordinário adesivo para acolher a
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preliminar referente à ausência de comum acordo, nos termos do artigo
114, § 2º, da Constituição Federal, e, por conseguinte, manter a extinção
do feito, sem resolução do mérito, por fundamento diverso (artigo 485,
IV, do CPC/2015) e III - julgar prejudicado o recurso ordinário principal.
Brasília, 14 de dezembro de 2020.

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CAPUTO BASTOS
Ministro Relator

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