PONTE ESTAIADA
São Paulo
2019
1. PONTES ESTAIADAS
O avanço na construção das pontes estaiadas deve – se ao avanço no
conhecimento sobre a sua dinâmica e a avaliação do amortecimento que as
mesmas apresentam. Somente com esses novos conhecimentos é possível o
desenvolvimento dos grandes vãos de pontes estaiadas recentemente.
Em relação ao custo por m² de construção, as pontes estaiadas são mais caras
que as pontes em arco e pontes em vigas contínuas, porém mais baratas que
as pontes suspensas. Contudo, é uma solução economicamente viável para
vãos centrais de 100 a 1100m e dois mastros, conforme Figura 01.
A utilização de pontes estaiadas é eficaz para vãos entre 100 e 1100 m, sendo
até mais baratas que as soluções usuais. Para vãos maiores que 1100 m
recomenda – se a utilização de ponte pênsil, já que a altura da torre será
reduzida pela metade, quando comparada a uma ponte estaiada. Já para vãos
menores que 150 m, a solução é vista mais como alternativa estética do que
funcional. Os custos da obra podem aumentar entre 20% a 30%.
1.1 CONCEPÇÃO
Figura 05: Ponte Estação Metroviária Engenheiro Jamil Sabino sobre o rio Pinheiros
A utilização de pontes estaiadas é eficaz para vãos entre 150 e 1200 m, sendo
até mais baratas que as soluções usuais. Para vãos maiores que 1200 m
recomenda-se a utilização de ponte pênsil, já que a altura da torre será
reduzida pela metade, quando comparada a uma ponte estaiada. Já para vãos
menores que 150 m, a solução é vista mais como alternativa estética do que
funcional.
1.3.1 TORRE
Direção transversal
A seção transversal da torre depende principalmente dos esforços normais
sofridos, já que estes predominam sobre os demais. A utilização de seções
caixão com paredes espessas é a mais usual. São variadas as possibilidades
de concepção geométrica de torres, a escolha de uma determinada forma vai
depender de questões estéticas, econômicas e da natureza das solicitações.
Podem-se citar dois tipos principais de torres: com um único mastro e com dois
mastros, ilustradas nas Figuras 15 e 16 a seguir.
Figura 15: Exemplos de torres com um único mastro
As torres com único mastro costumam ser utilizadas para pontes de pequenos
e médios vãos e podem ter um ou dois planos de cabos. A solução pode
estender-se para grandes vãos com suspensão central em distribuição dos
estais em semi – harpa. Já para torres com dois mastros, o plano de cabos
inclinados pode ser utilizado. Faz-se necessário o aumento da distribuição
transversal dos estais com o eixo do mastro, para que não haja grandes
deslocamentos e incrementos de flexão transversal na torre.
Os obstáculos laterais, colunas das torres e o sistema de estais proporcionam
grande importância à seção transversal. A estaticidade transversal deve
conferir equilíbrio permanente do efeito das cargas permanentes, considerando
a fluência do concreto. A utilização de vigas transversais pode ser adequada
para diminuir a dimensão da seção transversal das torres.
Quanto às condições de apoio da torre, autores citam três tipos usuais: fixa à
base; fixa ao pilar e articulada na base:
a) torre fixa à base: provoca um aumento da rigidez global da estrutura,
devido aos momentos de flexão elevados;
1.3.2 ESTAIS
Atualmente, os estais são compostos de cordoalhas ϕ 15,7 mm, CP 177 RB
que permitem a composição de grande número e comprimento. A sua
quantidade deve ser otimizada em relação à altura do mastro e do vão
principal, além de ocorrer um controle das cargas atuantes na estrutura,
durante e após o carregamento final (monitoramento). Os estais é a parte mais
sensível do projeto de uma ponte estaiada, sendo assim deve possuir um
minucioso controle de fabricação e montagem, devendo resistir a um teste de
fadiga de 2000000 de ciclos Os estais são responsáveis por transferir os
esforços do tabuleiro para a torre. O sistema dos cabos é dividido em três
segmentos: elementos de tensionamento, sistemas de proteção e sistemas de
ancoragem, como representados pela Figura 17.
Sistema de Ancoragem
Figura 27: Ancoragem do cabo por meio de uma viga de aço no interior da torre de concreto.
Figura 28: Ancoragem Externa com Auxilio de Fixadores Externos
1.3.3 TABULEIRO
O tabuleiro, também chamado de viga de enrijecimento, é o elemento que
recebe o tráfego dos veículos, sendo responsável por absorver as cargas
permanentes (como peso próprio) e as cargas móveis. O tabuleiro também
está sujeito às ações do vento. Portanto, a aerodinâmica do elemento deve ser
levada em consideração.
Os tabuleiros das pontes estaiadas mais antigas eram metálicos, já que a
rigidez do material garantia à resistência aos esforços longitudinais de flexão,
gerados pelos espaçamentos longos entre estais, sem a necessidade de um
tabuleiro robusto e espesso. Com o surgimento dos múltiplos estais, os
tabuleiros de concreto passaram a ser mais utilizados, pois perdeu-se a
necessidade de rigidez da seção transversal.
Como os momentos longitudinais aumentam de maneira consonante com a
rigidez do tabuleiro, seções transversais delgadas passaram a ser adotadas.
Vale ressaltar que a rigidez adequada está relacionada não só com o
espaçamento dos estais, mas também com a distribuição transversal dos
mesmos e a largura do tabuleiro. Um dos aspectos mais importantes para
definição da seção transversal do tabuleiro é a rigidez. O desempenho da
rigidez do tabuleiro pode ser dividido em três principais:
a) rigidez axial: o efeito da tensão imposta no tabuleiro pelos estais gera
compressão na seção transversal. Para casos de tabuleiros metálicos, a
esbeltez da chapa pode ser um fator limitante devido ao esforço compressivo;
Figura 29: Comparação entre os momentos fletores para carga permanente em tabuleiro de
viga contínua e estaiado
Figura 30: Formas gerais de seções transversais: (a) Viga tipo I; (b) treliçadas; (c) caixão; (d)
concreto armado ou protendido
Tabuleiro Metálico
As primeiras pontes estaiadas foram construídas com a utilização de tabuleiros
metálicos, com o uso de poucos estais, e por disporem de elevada rigidez,
eram ideais para vencer a flexão longitudinal da estrutura. Como qualquer outra
estrutura metálica, tem como ponto positivo o controle dos processos
construtivos, a qualidade dos materiais e possíveis erros de execução.
A maior vantagem na utilização deste material está no peso próprio, sendo até
80% mais leve que os tabuleiros de concreto, permitindo a redução da seção
transversal dos outros elementos estruturais (estais, torres e fundações). No
entanto, o custo do aço e da execução são elevados quando comparados aos
de uma estrutura de concreto.
Segundo Walther et al (1985), os estais representam cerca de 10 a 20% do
custo total da obra para pontes de pequenos e médios vãos. Desta maneira, o
uso de tabuleiro metálico não representa grande economia. Todavia, em
pontes de grandes vãos, o peso próprio é crucial e a utilização de seções de
aço torna-se interessante.
A ponte Knee, na Alemanha, é um exemplo de ponte estaiada com tabuleiro
metálico. Justifica-se a utilização do material, por se tratar de uma ponte antiga
e com estais bem espaçados, como mostrado na Figura 33.
Categoria 02
Categoria 03
Na Categoria 03 são inclusas as pontes com distribuição assimétrica dos
cabos. Em muitas delas as cargas não são totalmente equilibradas pelo mastro
fazendo-se necessária a utilização por dispositivos de ancoragens externos.
A Figura 41 ilustra um dos possíveis arranjos que se encaixam nesta categoria.
Figura 41: Ponte estaiada categoria 03
Este arranjo pode ser visto em diversas pontes estaiadas recentes como a
Erasmus Bridge em Rotterdam na Holanda (Figura 42).
Porém, sob o ponto de vista estático não é a melhor solução. Uma das
desvantagens deste sistema, é que os cabos suportam apenas os esforços
verticais do tabuleiro. As cargas assimétricas geram momentos torsores
consideráveis (Figura 44). Tais solicitações são formadas, pois a suspensão é
centralizada e, desta forma, as cargas excêntricas geram torção. Sendo assim,
os esforços de torção devem ser suportados pelo tabuleiro, exigindo destes,
seções mais rígidas a torção, como a seção celular. Outra desvantagem é que
a magnitude dos esforços nas zonas de ancoragem dos cabos é relativamente
alta, acarretando aumento o custo deste detalhe de projeto, isto é, necessitam
– se de vigas e conexões robustas.
Dois ou Mais Planos Verticais
Nessa solução, com dois planos verticais (Figura 45), os estais ancoram-se ao
longo das extremidades do tabuleiro, e é utilizada por grande parte das pontes
estaiadas executadas até hoje. São indicadas para grandes vãos com
tabuleiros largos (com várias faixas de tráfego) e não tão rígidos, já que o efeito
da torção é menor quando comparado com a solução em plano central.
Esta geometria pode ser comparada com uma laje bi apoiada, onde o sentido
dominante de trabalho é o transversal, ou seja, o esforço principal é o momento
fletor transversal do tabuleiro, e não a torção, como ilustra a Figura 46.
Também indica - se a protensão transversal para tabuleiro largos, reduzindo
assim os efeitos da flexão do tabuleiro.
Planos Inclinados
Por fim, tem – se um sistema muito utilizado que são os planos inclinados, ver
Figura 47, que tem como vantagem exigir apenas um mastro no caso da
utilização de dois planos de cabo. A geometria da torre é geralmente em
formato de A. Uma desvantagem é que para dar gabarito para o tráfego uma
área do tabuleiro é perdida em função da inclinação dos cabos na direção da
via (Figura 48).
Essa tipologia é adequada para vãos maiores e dão estabilidade aerodinâmica
para estrutura. Deve-se atentar para os esforços de compressão que surgem
no sentido transversal do tabuleiro. A construção de torres no formato A
também é um agravante, já que é mais complexa que uma torre vertical.
Figura 47: Planos Inclinados
Sistema assimétrico
Essa solução é vantajosa em casos de interferências geométricas ou
topográficas de projeto, impedindo o equilíbrio das cargas permanentes ao
redor da torre. Nesta configuração apresenta - se a necessidade de estruturas
complementares, como blocos de ancoragem, para auxiliar os estais, como
mostrado na Figura 57. Os blocos são elementos de concreto robustos, para
que os esforços derivados dos estais sejam resistidos através do seu peso
próprio. Um exemplo de ponte assimétrica é a Pont de LanayeI, na Bélgica,
como representa a Figura 58.
Sistema extradorso
O modelo estrutural extradorso é caracterizado pela baixa altura das torres, em
relação às pontes estaiadas usuais (Figura 59). É utilizada como solução
estrutural para locais onde haja restrição a altura (em zonas aeroportuárias, por
exemplo).
2.1.3 Estais
A ponte possui dois planos de estais dispostos em semi – harpa. Nos vãos
extremos há 18 estais ancorados em cada torre e no vão central há 20 estais
ancorados em cada torre. A Figura 68 ilustra a disposição dos estais assim
como o número de cordoalhas por estai.
O primeiro estai da torre encontra-se ancorado a uma altura de 58,54 m
medido a partir da face superior do travamento entre os pilares. O último estai
da torre está ancorado a 73,74 m de altura. Já no tabuleiro, o primeiro estai
está ancorado a 11,80 m do eixo dos apoios centrais, sendo os demais
espaçados a cada 7,60 m.
Cada estai é composto por um feixe de cordoalhas paralelas, variando de 12 a
61 cordoalhas, sendo fixadas ao tabuleiro através ancoragem ativa e à torre
através de ancoragem passiva. Cada estai, ou grupo de cordoalhas, tem uma
seção com área variável dependendo da localização do estai, os estais com
maior seção são os mais afastados da base da torre, e os de menor seção são
os que estão mais perto da base da torre. Essa conclusão é intuitiva, já que os
estais mais afastados são aqueles que recebem uma força maior que aqueles
perto da torre.
Figura 68: Disposição e número de estais (NOGUEIRA NETO, 2003).
2.1.4 Super – estrutura
O tabuleiro possui uma largura de 14,20 m e é constituído por duas longarinas
de 1,30 m de altura unidas por meio de vigas transversais espaçadas a cada
3,80 m (Figura 69).
Peso do revestimento
O revestimento será aplicado como carga uniformemente distribuída em toda a
pista de rolamento. Para isto, se considerará um peso específico de 24 kN/m³ e
uma espessura de 7 cm de revestimento. Sendo assim:
Segundo o item 5.2 da NBR 7188, no cálculo dos arcos ou vigas principais,
permite-se, ainda, homogeneizar as cargas distribuídas e subtrair das cargas
concentradas dos veículos as parcelas correspondentes àquela
homogeneização, desde que não haja redução de solicitações. Portanto, o
veículo tipo utilizado pode ser um com uma carga de multidão “p” de 5 kN/m²
em toda a pista de rolamento e seis cargas concentradas relativas às rodas do
veículo no valor de 60 kN cada uma. Esta simplificação será adotada nesta
análise.
As cargas dinâmicas podem ser calculadas como cargas estáticas desde que
sejam multiplicadas por coeficientes que representem o efeito dinâmico dessas
cargas. O coeficiente de majoração do trem tipo (φ), que considera o efeito
dinâmico provocado por cargas móveis, é dado segundo a NBR 7188 (2013)
por:
CNF = 0,90
A ponte será toda de concreto, portanto seguindo a NBR 7188 (2013) tem – se:
CIA = 1,25
Com isso, tem – se um coeficiente de majoração de:
Lembrando que este valor é apenas uma aferição inicial para as cargas
dinâmicas a partir das cargas estáticas, devendo-se realizar na prática uma
análise dinâmica, obtendo-se valores mais confiáveis.
A envoltória das solicitações em serviço é dada pela soma das solicitações
provocadas pela carga permanente com as solicitações provocadas pela carga
móvel majorada pelo coeficiente de impacto, anteriormente descrito. A equação
a seguir fornece o valor de tais envoltórias:
Sd = S g + φ S q
3. CONCLUSÃO
Pode – se verificar que existe uma grande gama de informações e variáveis a
serem analisados em um desenvolvimento de uma ponte estaiada. O projeto
possibilitou obter um grande conhecimento geral sobre os componentes e
algumas noções sobre o comportamento estrutural das mesmas.
O modelo desenvolvido no Ftool não possibilita uma grande confiança sobre os
resultados gerados, visto que todos os modelos analisados utilizam software de
análise de elementos finitos e configuração em 3 D, como por exemplo o SAP
2000.
Fica a proposta do desenvolvimento do modelo software para averiguar a
compatibilidade e o comportamento estrutural.