Você está na página 1de 84

WWW.AEROMAGAZINE.COM.

BR
BRASIL · ANO 27 · Nº 320 ·

GUIA DE
COMPRAS

2021
JATOS, TURBO-HÉLICES
E HELICÓPTEROS

MERCADO: 11 PASSOS PARA FAZER UMA BOA COMPRA


EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM O CEO DA ITA TRANSPORTES AÉREOS
EXPERIMENTAIS: ÁREAS CONSIDERADAS DENSAMENTE POVOADAS
INDÚSTRIA: UM PERFIL DO A320 NA EDIÇÃO 320 DE AERO
PILOTAGEM: TRANSIÇÃO DO PISTÃO À TURBINA
EDU CHAVES: 100 ANOS DO PRIMEIRO REIDE RIO-BUENOS AIRES
Em boas mãos, começará uma revolução.

Aviônicos
Ligue 55 11 4186-6116 ou visite nosso site: Acessórios
Hidráulicos
www.precisionaviationgroup.com/php-br/.
Instrumentos
Rodas e Freios
E D ITO R I A L
A HORA DA VIRADA
AERO MAGAZINE
BRASIL · ANO 27 · Nº 320 · 2021 A palavra esperança ganha feições especiais neste ano que
começa. Passada a fase mais aguda de uma pandemia que
DIREÇÃO
Publisher marcou a história da humanidade neste início de século, o
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br
mercado de aviação vê os primeiros sinais de reação econômica
Diretora de Operações
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br no horizonte. Ainda no segundo semestre de 2020, profissionais
REDAÇÃO ligados a compra e venda de aeronaves identificaram um
REVISTA
Editor-chefe
Giuliano Agmont - giuliano@aeromagazine.com.br
número crescente de transações, envolvendo principalmente
DIGITAL
trocas e upgrades. Para este ano, a expectativa é ainda melhor.
Editor
Edmundo Ubiratan - edmundo@aeromagazine.com.br
Ferramenta indispensável para quem quer adquirir uma
Colaboradores
aeronave, o tradicional Guia de Compras de AERO Magazine
André Borges Lopes, Cássio Polli, Georges Ferreira,
Marina Posch Kalousdian, Paulo Marcelo Soares, Rodrigo
chega renovado e revigorado à sua edição de 2021, com
Duarte e Rodrigo Moura Visoni
preços de jatos, turbo-hélices e helicópteros atualizados.
ARTE
Diretor de Arte
Complementando o guia, preparamos uma matéria com 11
Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
passos para quem quer ter a certeza de fazer uma boa compra.
PUBLICIDADE / ADVERTISING
publicidade@innereditora.com.br
Sem deixar de falar de aviação geral, preparamos uma
+55 (11) 3876-8200 – ramal 11
matéria especial de pilotagem para quem está migrando de
Representante Comercial Brasil e América Latina
Teresa Rebelo – teresarebelo.inner@gmail.com
aeronaves a pistão para modelos turbo-hélices ou jatos. O que
MARKETING
muda? Essa é a pergunta que procuramos responder.
Coordenador
Vinícius Araújo - vinicius@innereditora.com.br No mercado de transporte aéreo, mostramos os detalhes
Arte do lançamento de uma nova companhia aérea no Brasil, ligada
Leandro Soares - arte2@innereditora.com.br
ao Grupo Itapemirim, tradicional no mercado rodoviário.
INTERNATIONAL SALES
Estados Unidos Entrevistamos o CEO da ITA Transportes Aéreos, que falou
Inner Publishing - sales@innerpublishing.net
Marketing - marketing@innereditora.com.br sobre a operação e anunciou para março o início dos voos com
FINANCEIRO passageiros.
financeiro@innereditora.com.br
Nesta edição número 320, prestamos uma homenagem
CIRCULAÇÃO
R.Scola Marketing Editorial justamente ao A320. Convidamos um piloto e colaborador da
ASSINATURAS revista para escrever um artigo sobre o avião de corredor único
assinaturas@innereditora.com.br
+55 (11) 3876-8200 da Airbus, o modelo mais vendido da história da aviação.
ASSESSORIA JURÍDICA Por falar em história, temos uma reportagem sobre os
Machado Rodante Advocacia
www.machadorodante.com.br 100 anos do primeiro reide Rio-Buenos Aires realizados pelo
FALE CONOSCO heroico Edu Chaves. O aviador pioneiro foi ovacionado ao
info@innereditora.com.br | + 55 (11) 3876-8200
realizar o translado após tentativas fracassadas de outros pilotos.
IMPRESSÃO
Grass Indústria Gráfica

AERO Magazine é uma publicação Bom voo,


mensal da INNER Editora Ltda.

www.aeromagazine.com.br

A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões,


Giuliano Agmont e Christian Burgos
ideias e conceitos emitidos nos textos publicados e
assinados na revista AERO Magazine, por serem de
inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).
28
SUMÁRIO

20

35

20 PILOTAGEM 48 AVIAÇÃO GERAL

A transição de aeronaves a pistão A polêmica em torno do


para turbo-hélices e jatos sobrevoo de áreas consideradas
densamente povoadas

28 MINHA AERONAVE 54 INDÚSTRIA

11 passos para seguir antes de As impressões de um


adquirir um avião ou helicópteros comandante sobre o
A320 em nossa edição
35 GUIA DE COMPRAS 2021

Jatos, turbo-hélices e helicópteros


com preços atualizados
54

54 68

48 AVIAÇÃO REGULAR

Grupo Itapemirim confirma início


dos voos da ITA Transportes Aéreos SEÇÕES
06 FIRST CLASS

68 HISTÓRIA 08 CURIOSIDADES

Edu Chaves e os 100 anos do 10 AERO RESPONDE


primeiro reide Rio-Buenos Aires
12 NA REDE

82 AEROCLICK
FIRST CL A SS

AVIAÇÃO E MOLDU R ADA


Fotografias e gravuras com temas ligados à
aviação podem dar um toque especial à sua
decoração, em casa ou no trabalho, talvez no
hangar. Sediada em Nova York e com 16 oficinas
de impressão e acabamento espalhadas por
Estados Unidos, Europa e Austrália, a Fine Art
America trabalha com obras de centenas de
artistas independentes e oferece variadas opções
de tamanho, material e molduras para as imagens
– além de enviá-las para o mundo todo.
Entre 50 e 500 dólares
www.fineartamerica.com

FO N E T RADU TOR
Lojas de aplicativos para Android e iOS oferecem diversos
tradutores para instalação em celulares e tablets. Para quem
costuma viajar, o sistema WT2 Plus da Timekettle agrega
praticidade adicional ao incorporar um par de fones de ouvidos
Bluetooth que são configurados para o idioma e o sotaque
nativo de cada um dos interlocutores, o que lhe permite ouvir as
traduções das falas em duas vias sem necessidade de reprogramar
o aplicativo. A conversão leva cerca de 15 segundos para ser
executada e é preciso que o celular esteja conectado à internet. O
programa suporta 40 línguas e 93 sotaques regionais, incluindo
português do Brasil e de Portugal e idiomas menos usuais,
como catalão, finlandês, urdu (falado no Paquistão e na Índia) e
cantonês (um dos principais dialetos chineses).
240 dólares
www.timekettle.co

6 | MAGAZINE 3 2 0
BAG AG EM COM PAC TA
As restrições à quantidade de malas
permitidas nas viagens aéreas impõem aos
passageiros a necessidade de organizar sua
bagagem para que se acomode em volumes
menores. Esse trabalho é facilitado com o
uso dos Compression Packing Cubes da
Lean Travel, malotes compactos de tecido
reforçado, com um zíper de compressão na
lateral, que mantêm as roupas arejadas e
sem amarrotar dentro das malas de viagem.
O kit vem com dois cubos grandes para
calças, casacos ou camisas e um cubo menor
para roupas íntimas e acessórios.
25 dólares
SOM TURBINADO
www.lean-travel.com Com um design clássico e elegante, que integra
um sistema interno de iluminação ambiente
fixa ou dinâmica, a caixa de som Aura Studio
2 da Harman Kardon opera por conexão
Bluetooth e reproduz o som em 360 graus com
a alta qualidade característica dos produtos da
marca, pertencente hoje à Samsung. O modelo
conta com três amplificadores integrados (dois
de 15 watts e um de 30 watts de potência)
ligados a seis alto-falantes de 1,5 polegada (para
reprodução de frequências médias e agudas)
e um de 4,5 polegadas (responsável pelos sons
graves). Opcionalmente, é possível utilizar o
sistema Wireless Dual Sound para interligar
duas caixas em um mesmo ambiente.
1.600 reais
www.harmankardon.com.br
LE NDAS, N O C É U E N A TE R R A
Lançada no final de 2020, a edição especial
“Les Légendes du Ciel” do superesportivo
Bugatti Chiron homenageia pioneiros da
aviação francesa como Roland Garros, Albert
Divo, Louis Blériot e Robert Benoist, de quem
o fundador da marca, o italiano Ettore Bugatti,
era amigo e admirador. Baseado em um modelo
Chiron Sport, o cinza fosco da pintura do
carro representa o tom metálico dos aviões
do início do século 20 e a frente em asa
dupla é uma reminiscência do biplano
Nieuport 17. Somente 20 exemplares
serão construídos, equipados com
um motor W16 de oito litros e 1.500
cavalos de potência. A velocidade
máxima é limitada eletronicamente em
420 quilômetros por hora.
2,88 milhões de euros (sem impostos)
www.bugatti.com

MAGAZINE 3 2 0 | 7
OS AVIÕES
CURIOSIDADES

DO APOCALIPSE
PO R | E D MU NDO UBIRATAN

O
s Estados Unidos e a antiga União Soviética (hoje Rússia) sempre tiveram
projetos análogos como resposta às ações de um em relação ao outro
como medida de segurança. A estratégia valeu para quase todas as cate-
gorias de aeronaves militares e incluiu uma das mais peculiares: a dos chamados
doomsday planes ou aviões do apocalipse, em tradução livre. Eles são uma extensão
do gabinete presidencial das duas maiores potências nucleares do mundo. A ideia
é dar aos chefes de Estado de cada um dos países a possibilidade de continuar no
comando de suas respectivas nações no caso de uma guerra mútua.

ILYUSHIN IL-80 MAXDOME


Vítima de um roubo recente de mudanças estruturais e sistêmicas um escritório de crise para o alto
componentes ultrassecretos, o qua- capazes de mantê-lo operacional comando russo se reunir com o
drimotor Ilyushin Il-80 “Maxdo- mesmo diante da conflagração de presidente e traçar uma estratégia
me” é utilizado pelos russos como uma guerra nuclear. O avião conta de resposta, incluindo um contra-
plataforma avançada de comando. com uma enorme antena montada -ataque nuclear. A aeronave ainda
Maxdome é um codinome usado sobre a fuselagem (daí o sugestivo dispõe de proteção contra pulso
pela Organização do Tratado do nome Maxdome), com 9,5 metros nuclear, que usualmente causa se-
Atlântico Norte (Otan) para se de comprimento e 1,3 metro de veras avarias em sistemas elétricos
referir ao avião, que dá ao líder do diâmetro, que oferece a seus ocu- e eletrônicos. Os sistemas embarca-
país a oportunidade de se manter pantes capacidade de se comunicar dos oferecem também comunicação
à frente da nação diante de uma com qualquer instalação militar em frequências ultrabaixas, as VLF
situação crítica. Ele é o doomsday da Rússia por meio de redes de (very low frequency), permitindo
plane dos russos. comunicação em solo, no mar e no aos tripulantes do avião se comuni-
Derivado do widebody Il-86, espaço (via satélite). car com os submarinos do arsenal
o Maxdome recebeu uma série de Além disso, o Il-80 possui da marinha russa.

8 | MAGAZINE 3 1 9
BOEING E-4B AACP
Os Estados Unidos, ostentado dos motores em resistir ao uso de radiofrequência. O avião dispõe
um poderio econômico e militar por dezenas de horas. O avião de uma ampla área de reuniões,
vastamente superior (são bilhões também conta com uma grande datalink em vídeo para manter
de dólares disponíveis para gastos antena montada sobre o upper contado com o presidente, prote-
em equipamentos militares), deck, que parece menor do que a ção contra pulso nuclear, área de
possuem nada menos que dois do Il-80 pela proporção do 747. Os descanso para todos a bordo, cozi-
modelos de doomsday plane. O sistemas do avião asseguram uma nha completa e assim por diante.
mais famoso é o E-4B AACP (Ad- comunicação integral com o Air Recentemente, o Pentágono
vanced Airborne Command Post), Force One. cogitou substituir os dois aviões
derivado do Boeing 747-200. A O presidente estará sempre, ou E-4B pelo Northrop Grumman
USAF, a força aérea dos Esta- preferencialmente sempre, a bordo E-10 MC2A, uma aeronave mul-
dos Unidos, conta com quatro do VC-25A, enquanto o alto co- timissão de comando e controle
aviões E-4B, que foram entregues mando militar embarca no E-4B, baseada na fuselagem de um
quase simultaneamente aos dois cumprindo a função de Pentágono Boeing 767-400ER. A intenção era
VC-25A (também derivados do alado. Assim, o avião pode se substituir também os RC-135 Rivet
Boeing 747-200), os famosos Air comunicar com submarinos, Joint, E-3 Sentry e E-8 Joint Stars,
Force One. silos nucleares e navios da ma- permitindo realizar missões de
Um dos destaques do E-4E rinha através de doze canais reconhecimento, alerta e controle
é sua capacidade de ser reabas- de voz criptografados, além aéreo (AWACS, na sigla em in-
tecido em voo, o que de poder estabelecer contato glês), vigilância terrestre aerotrans-
virtualmente dá via rádio portada, gerenciamento de batalha
ao avião alcance e entre 14 e comando e controle. O programa
autonomia ilimitados quilohertz deveria ter sido conduzido em
– na verdade, limitados e 8,4 gigahertz, ou paralelo ao KC-46 Pegasus, mas foi
pela capacidade do óleo seja, quase todo espectro cancelado em meados de 2008.

BOEING E-6
MERCURY
A Marinha dos Estados
Unidos também possui
aviões com a mesma
função básica do E-4B.
São 16 quadrimotores
E-6 Mercury, baseados no
Boeing 707, que podem
se tornar aviões do apo-
calipse. A diferença é que
estas aeronaves da Mari-
nha têm como prioridade
a comunicação com a
frota norte-americana
de submarinos de ataque
nuclear.

MAGAZINE 3 1 9 | 9
DEVO INSTALAR
AERO RESPONDE

AGORA O
ADS-B OUT?
O dispositivo veio para ficar e já é obrigatório em muitos países,
mas o que devem fazer os operadores baseados no Brasil

S
istema de vigilância com dá ao piloto a chamada capacidade Estados Unidos e de alguns países
troca automática de infor- de vigilância ar-ar. de América do Sul, Oceania,
mações por radiodifusão, o Europa e Ásia. Se costuma (ou
ADS-B (acrônimo para automatic SEGURANÇA DE VOO pretende) voar para esses locais,
dependent surveillance – broad- A grande pergunta que os ope- a resposta também é “sim, vale a
cast) promete um controle mais radores se fazem neste momento pena instalar o equipamento”. No
eficiente de navegação pelos é se devem ou não instalar pelo Brasil, somente a Bacia de Campos
órgãos de controle de tráfego menos o ADS-B Out em suas (TMA Macaé), no Rio de Janeiro,
aéreo, principalmente em regiões aeronaves. A resposta depende tem como requisito o uso desse
congestionadas. O equipamen- de várias considerações que equipamento, mas, em breve, isso
to fornece para as bases ATC, precisam ser feitas. A primeira deverá ser mandatório para todo o
automaticamente, dados reais delas diz respeito à segurança de território nacional.
de altitude, velocidade e proa de voo. Se esse for o único aspecto a Nos EUA, com mais de 250
deslocamento da aeronave onde ser considerado, ignorando os de- mil aeronaves operando na
está instalado, além de revelar sua mais, como custo e cumprimento aviação geral, houve uma corrida
identificação. Ele também envia de normas, a resposta seria “sim, para a instalação dos componentes
essas mesmas informações para certamente você deve instalar um ADS-B Out, o que causou proble-
outras aeronaves no seu entorno equipamento de ADS-B Out em mas. A elevada demanda levou
(que possuírem dispositivo de sua aeronave”. a um “apagão” no fornecimento
recepção desses dados), evitan- Desde 2014, o dispositivo é do ADS-B Out por parte dos
do, dessa maneira, os perigosos item obrigatório de instalação fabricantes e provocou demora
conflitos de tráfego, que podem em aeronaves novas que saem no atendimento por parte das
ser catastróficos. de fábrica. Muitas delas já têm a oficinas, que ficaram passaram a
O sistema de vigilância ADS-B capacidade de leitura das informa- agendar as instalações para 18 me-
depende apenas de dispositivos ções enviadas por outras aerona- ses após a contratação do serviço.
embarcados das aeronaves e da ves em voo (ADS-B In) e, assim, Isso também pode ocorrer no
estação receptora em solo para mostram-se mais efetivas em Brasil. Ou seja, como forma de
realizar a transmissão e a recepção evitar conflitos de voo ou colisões. evitar os percalços decorrentes de
dos dados. Três componentes inte- O sistema também permite uma corrida pela instalação do
gram esse sistema: uma unidade de que se monitore do solo a aerona- sistema ADS-B, que pode levar a
navegação, um transceptor ADS-B ve por meio dos diversos aplicati- dificuldades no fornecimento do
e uma antena para transmissão e vos disponíveis para computado- componente ou à falta de oficinas
recepção de informações. res, tablets e aparelhos celulares. com disponibilidade de realizar
Existe o ADS-B Out, mais É possível acompanhar o voo e o serviço, este seria um bom mo-
simples e menos custoso, que ape- localizar mais rapidamente a aero- mento para que se faça o serviço.
nas difunde os dados de posicio- nave em caso de anormalidades. Saindo na frente, as chances de
namento e identificação, mas não Do ponto de vista regulató- ter sua aeronave bloqueada para
é capaz de captar as informações rio, diversos países já adotaram a realização de voos por falta do
vindas de outras aeronaves. Já o o ADS-B Out como requisito ADS-B Out já ficam bastante
ADS-B In, mais completo e caro, obrigatório de voo. É o caso dos remotas.

10 | MAGAZINE 3 2 0
FAÇA UM TESTE
DE VOO DOS PRINCIPAIS NEGÓCIOS
DE PESQUISA EM AVIAÇÃO EXECUTIVA
DO MUNDO.
Uma assinatura JETNET fornecerá uma pesquisa original, extensa
e contínua sobre aeronaves, turboélices, pistões e helicópteros.
Nossos produtos e serviços são adaptados às suas necessidades,
fornecendo resultados relevantes diariamente. Quando você sabe
mais, e sabe disso antes, estará sempre à frente da concorrência.

Se você está pronto para dar o próximo passo, estamos aqui para
ajudar sua empresa a crescer. Solicite uma demonstração hoje
mesmo em.

CONHEÇA MAIS.

O Líder Mundial em Inteligência do Mercado de Aviação


800.553.8638 +1.315.797.4420 +41 (0) 43.243.7056 jetnet.com
FACEBOOK.COM/AEROMAGAZINE
INSTAGRAM @AEROMAGAZINE
WWW.AEROMAGAZINE.COM.BR
NA REDE

NOVA VERSÃO PARIS AIR SHOW CANCELADO


Os organizadores cancelaram a Paris, mais conhecido como Salão
A Leonardo entregou o primeiro edição de 2021 do Paris Air Show, de Le Bourget, aconteceria de 21 a
helicóptero bimotor HH-139B para a o principal evento aeronáutico 27 de junho próximo. A decisão se
Força Aérea Italiana de uma encomenda do ano. O Salão Internacional de deve às incertezas relacionadas à
de 17 aeronaves. Trata-se de uma l´Aéronautique et de l´Espace de pandemia de covid-19.
variante customizada da plataforma
AW139, que deverá ser empregada em
tarefas de busca e salvamento e apoio
em caso de operações de socorro em
desastres, incluindo combate a incêndios
e evacuação médica. Os HH-139B vão
voar em complemento aos 13 helicópteros 90 MIL
HH-139A já em serviço e aos quatro É o número de horas de voo que o
VH-139A, estes usados para missões Esquadrão Joker (2°/5° GAv) atingiu com
de transporte de governo. De acordo os monoturboélices de ataque A-29 Super
com a Leonardo, em comparação à série Tucano, que ampliaram a capacidade de
HH-139A, os helicópteros B oferecem treinamento da unidade. A chegada dos
melhorias como novos sistemas eletro- primeiros Super Tucano ao Esquadrão
ópticos, radar aperfeiçoado, guindaste Joker ocorreu em outubro de 2004, formando ao longo dos
de resgate de maior capacidade e um últimos 16 anos aproximadamente 400 pilotos da FAB, da
console de missão na cabine. Atualmente, Marinha do Brasil e de nações amigas.
a família AW139 possui mais de 1.100
aeronaves em serviço em 70 países, que
acumularam praticamente três milhões de
horas de voo. A Força Aérea dos Estados
Unidos (USAF, na sigla em inglês)
apresentará em breve o Boeing MH-139
com base no AW139 para substituir a
envelhecida frota dos UH-1N.

INVESTIDA SINO-RUSSA
O futuro avião comercial CR929, saiu da fase de projeto. O novo jato conta projetista-chefe do CR929 na Comac.
projetado para competir com os com aproximadamente 270 pedidos Com alcance de 12 mil quilômetros e
ocidentais Airbus A350 e Boeing 787, firmes, a maior parte de empresas aéreas capacidade para 280 passageiros em
deverá chegar ao mercado já em 2023, chinesas. A Comac, principal sócia do três classes, o avião será capaz de operar
segundo seus fabricantes. Fruto de um consórcio, tem como objetivo obter um em 95% das rotas chinesas, inclusive
programa conjunto entre a chinesa terço de todo o mercado de aviação civil atendendo destinos intercontinentais como
Comac e o conglomerado russo UAC da China, que deverá se tornar o maior Los Angeles e Vancouver, na América do
(United Aicraft Company), o programa do mundo em aproximadamente três Norte, e importantes cidades para o fluxo
do avião de dois corredores e longo anos. “De acordo com nossa estimativa, a de passageiros com destino e origem na
alcance prevê um cronograma audacioso, demanda no mercado global de aviões de China. Ainda é prevista a criação de uma
que estabelece sua entrada em serviço em grande porte de 2023 a 2045 será de cerca família a partir do 929, com uma versão
36 meses. A meta é considerada agressiva de 10 mil aeronaves, das quais 989 pedidos de fuselagem alongada e outra de maior
tendo em vista que o avião nem sequer serão para o CR929”, disse Chen Yingchun, alcance.

12 | MAGAZINE 3 2 0
CAUBÓI INDOMÁVEL
O lendário piloto Charles Elwood enviado para o campo de testes Muroc Bell X-1 recebeu naquele dia o nome de
“Chuck” Yeager, o primeiro a quebrar Army Air Field, que posteriormente batismo Glamorous Glennis (glamorosa
a barreira do som, morreu aos 97 anos foi rebatizado como Edwards Air Force Glennis), em homenagem à sua esposa.
de idade nos Estados Unidos. Pioneiro Base. Localizado em uma região remota Aliás, era a segunda aeronave a receber
no desenvolvimento de aeronaves a jato, do deserto da Califórnia, a Edwards Air este nome, já que seu P-51 na guerra
o aviador manteve uma vida ativa até Force Base é berço dos mais importantes também ostentava a mesma homenagem.
recentemente. Ainda que seja lembrado avanços na aviação ainda nos dias de A Glamorous Glennis atingiu a marca
por muitos por quebrar a barreira do hoje. O local é lendário no imaginário de Mach 1,05 a uma altitude de 45 mil
som, em 1947, com o avião-foguete Bell de pilotos, engenheiros aeronáuticos e pés (13.700 metros) sobre o lago Seco
X-1, Yeager teve uma longa e brilhante entusiastas em todo o mundo, e muito Rogers, no deserto de Mojave.
carreira na força aérea dos Estados dessa fama se deve a Yeager. Ao longo dos anos, Yeager quebrou
Unidos e protagonizou outros feitos. Durante a Guerra Fria, Yeager uma série de recordes de velocidade e
Pela USAAF, força aérea do exército cursou a graduação na Air Materiel altitude, sempre superando seus colegas
dos EUA, na Segunda Guerra, ele Command Flight Performance School, quando um deles obtinha uma marca
combateu a temida força aérea alemã, uma das mais conceituadas escolas melhor do que a sua. Considerado
voando os caças P-51 Mustang. Mesmo de treinamento de pilotos de teste um caubói indomável, sua extrema
tendo sido abatido em sua oitava missão, do mundo. A barreira do som era capacidade técnica e de pilotagem não
Yeager voltou à batalha e obteve 11 considerada a fronteira final da aviação foi suficiente para ser um dos sete eleitos
vitórias confirmadas. Chegou a ser “ás no final dos anos 1940. Ciente dos riscos, para o nascente programa espacial
de um dia”, quando derrubou cinco Yeager aceitou voar pelo salário que norte-americano. Sua personalidade era
aviões inimigos em uma única missão. recebia como militar, embora outros considerada difícil e inadequada para as
Outro feito marcante foi ter sido um dos pilotos pedissem quantias exorbitantes. necessidades espaciais. Além disso, não
primeiros pilotos a abater o caça a jato Um dia antes do voo, durante uma ostentava a imagem de “bom moço” e
alemão Messerschmitt Me 262, que era o cavalgada com sua esposa, o piloto caiu exemplo a ser seguido.
mais avançado avião em combate já no e fraturou uma das costelas, o que o Yeager ainda foi um dos primeiros
final da guerra. impediria de voar. Mas ele escondeu o pilotos dos EUA a voar o caça soviético
Após o conflito, retornou aos fato de seus superiores e, no dia 14 de MiG-15, que havia sido capturado após
Estados Unidos, onde se casou em 1945. outubro de 1947, comprovou ser possível seu piloto fugir para a Coreia do Sul. Ele
Mantendo sua carreira militar, Yeager foi voar acima da velocidade do som. O se aposentou como general.

MAGAZINE 3 2 0 | 13
NA REDE

ROLLOUT NA FRANÇA
A Dassault realizou o rollout do
seu mais novo avião de negócios, o
Falcon 6X. A cerimônia realizada
na França e transmitida ao vivo
GUERRA pela internet destacou os desafios
da nova aeronave e o potencial
ELETRÔNICA de mercado. A apresentação
contou com a presença do CEO da
O governo dos EUA aprovou Dassault Aviation, Eric Trappier. O
a venda de dois aviões de executivo ainda destacou o legado
inteligência e vigilância do fundador da companhia,
para a Itália. O acordo Marcel Dassault, e as inovações
prevê ainda o fornecimento que o fabricante realizou ao longo
de sistemas adicionais das últimas décadas. O Falcon 6X
relacionados à guerra eletrônica, em GPS e Communications Intelligence é um avião bimotor de alcance
um total de 500 milhões de dólares. Systems. O documento também intercontinental, que se posiciona
Dois Gulfstream G550 vão receber os prevê que os aviões sejam equipados em um desafiador ambiente
sistemas para serem utilizados como com modernos sensores de alerta de competitivo e se destaca por ser
aeronaves AISREW, acrônimo em inglês mísseis, conjuntos de dispensadores de um projeto que rompe com a
de Sistemas de Missão de Inteligência contramedidas AN/ALE-47 (CMDS), tradição de trimotores da Dassault
Aerotransportada, Vigilância, sistemas eletro-ópticos e infravermelhos nessa faixa de mercado. Sem
Reconhecimento e Guerra Eletrônica. A MX-20HD, radares Osprey 50 AESA, perder a capacidade de pousar e
aprovação do Departamento de Estado equipamento AISREW ISR, plataforma decolar curto e com uma cabine
norte-americano inclui a integração de comunicação segura, sistemas ainda mais espaçosa e sofisticada
dos sistemas, assim como a venda das de identificação amigo/inimigo, do que a de seus irmãos mais
chamadas plataformas Multifuncionais modificação e integração de aeronaves, velhos, o novo Falcon será capaz
de Distribuição de Informações, ou sistemas terrestres para processamento de voar de São Paulo a Londres
Joint Tactical Radio System (MIDS de dados e treinamento da tripulação, sem escala com pelo menos oito
JTRS), e de três Embedded/GPS/INS equipamento de suporte terrestre, passageiros a bordo. O 6X tem
(EGI) com dispositivos de segurança publicações e dados técnicos. preço estimado de 47 milhões de
dólares.

PEDIDO MULTIMILIONÁRIO
A canadense Bombardier firmou um pedido de dez aviões de negócios Challenger
350, em uma transação avaliada em mais de 250 milhões de dólares, tendo como
base os preços de tabela de 2020. O Challenger 350 conquistou nos últimos seis
anos o título de jato de negócios mais vendido na categoria super midsize. O
modelo ainda rivaliza pelo posto de aeronave executiva mais entregue, competindo
com modelos de menor porte, mais acessíveis. Em 2017, o modelo foi o avião de
negócios com maior número de entregas ao longo do ano, foram 56
unidades. “O portfólio recém-atualizado da Bombardier e
a crescente rede de serviços posicionam a empresa bem
para responder ao crescente interesse em aviação de
negócios e a segurança aprimorada que ela oferece”,
disse Éric Martel, presidente e CEO da Bombardier.
O Challenger 350 possui alcance máximo de 3.200
milhas náuticas (5.900 quilômetros), podendo
conectar São Paulo a qualquer destino na América
do Sul, ou Nova York, com apenas uma escala.
Configurado com oito assentos, o avião dispõe de
uma ampla cabine, adequada especialmente para
voos de curta e média duração.

14 | MAGAZINE 3 2 0
PROJETO BRASILEIRO
O protótipo do avião monomotor
KING AIR PARA A NOAA Cygnus, desenvolvido pela brasileira
Octans Aircraft, iniciou uma campanha
A Textron entregou o primeiro King alcance estendido, o King Air 350CER
de ensaios pelo Brasil. O modelo, que
Air 350CER para a National Oceanic pode permanecer no ar por até oito
está em fase de certificação, recebeu
and Atmospheric Administration horas enquanto realiza a coleta de
autorização da Anac para voos de
(NOAA, na sigla em inglês), a agência informações críticas. A aeronave conta
longo alcance. Os ensaios em voo
dos Estados Unidos especializada em com sensor duplo de coleta de dados
começaram em janeiro de 2020 na
pesquisas oceânicas e atmosféricas. sensíveis, interligando-se com outros
matriz da empresa, localizada em São
O turbo-hélice será utilizado dispositivos localizados ao longo
João da Boa Vista, interior de São Paulo.
especialmente em missões de da fuselagem. A frota de aeronaves
O avião vem sendo desenvolvido ao
levantamento aéreo de fenômenos tripuladas do NOAA é operada,
longo dos últimos anos dentro dos
ambientais, situações críticas que gerenciada e mantida pelo Aircraft
requisitos de certificação Anac/FAA
exigem respostas emergenciais, Operations Center (AOC), localizado
Part 23, sendo o primeiro avião do
incluindo levantamento fotográfico de no aeroporto Regional Lakeland
tipo certificado no Brasil. Em nota, a
áreas pós-terremotos, derramamento Linder, na Flórida. O aeroporto
Octans Aircraft afirma que a campanha
de óleo no mar, nevascas, tornados, é ainda conhecido por abrigar o
de demonstração de cumprimento
inundações e furacões. Graças a seu encontro anual de Sun ‘n Fun.
dos requisitos será concluída ainda no
primeiro semestre deste ano, em linha
com o Programa IBR 2020 (Programa
de Fomento à Certificação de Aeronaves
de Pequeno Porte) da Anac. O processo
final de certificação está previsto para
ocorrer antes do início do segundo
semestre de 2021, com as primeiras
entregas ocorrendo até o fim do ano.
O Cygnus é um monomotor a pistão
leve, para cinco ocupantes, equipado
90 ANOS com o motor Lycoming IO-540 de 300
cavalos de potência e hélice Hartzell
Para comemorar os tripá metálica. O modelo é construído
90 anos de idade do com estrutura metálica, asa alta
engenheiro Ozires Silva, cantilever (sem montantes) e trem de
considerado o pai do Bandeirante e mentor da Embraer, o maior fabricante pouso triciclo fixo e conta com painel
aeronáutico brasileiro idealizou uma animação com a trajetória de seu criador. digital Garmin. A previsão é certificá-
Digna de grandes estúdios, a produção retrata um dos personagens mais lo para VRF noturno e IFR, diz a
importantes da aviação brasileira. O curta-metragem “O Voo do Impossível” Octans. O avião ainda terá sistema de
mostra durante 14 minutos a vida de Ozires Silva desde a infância na cidade ar condicionado, cintos com airbags
paulista de Bauru, ao lado do amigo Zico, até sua carreira como oficial da Força e interior de alto padrão, visando
Aérea Brasileira, quando ajudou a tornar realidade seu antigo sonho: ver o competir com modelos consagrados do
Brasil fabricar seus próprios aviões. O filme apresenta personagens e cenários mercado internacional. O interior foi
modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas de registros da época, desenhado pelo Studio Marcelo Teixeira
criando uma atmosfera realista e humanizada. O curta contou com a direção - Arch & Transportation Design, e será
técnica do jornalista Claudio Lucchesi, autor do livro “Voo do Impossível”, que fabricado pela F/LIST Brasil, empresa
narra a história do Bandeirante. com sede na Áustria.

MAGAZINE 3 2 0 | 15
NA REDE

CEM AERONAVES
Em menos de três anos, a Pilatus
atingiu a marca de cem aeronaves
da família PC-24 entregues,
número considerado simbólico
no mercado de aviação geral. O
jato de negócios leve, o único
projetado para operar em pistas
não pavimentadas, ainda acumula
a marca de mais de 33.500 horas
de voo. O primeiro PC-24 foi
entregue em 2018, iniciando hélices da linha Pilatus há mais de negócios, que, além de poder
um gradual crescimento no de 20 anos, a empresa é o maior operar em pistas de terra, grama
número de aeronaves em serviço. cliente do fabricante suíço, com 51 ou cascalho, oferece uma cabine
Inicialmente, a Pilatus restringiu o aviões da marca. “Nós acertamos flexível, que pode ser facilmente
número de pedidos, com objetivo o alvo com o PC-24: estou muito convertida em transporte VIP,
de manter sua produção sob animado com essa alta demanda. aeromédico, carga, entre outros. A
rígido controle, evitando acumular Já estamos esgotados para 2021, configuração do projeto permite ao
ordens de compra em demasia e mas a carteira de pedidos está PC-24 operar no dobro de pistas
sobrecarregar sua unidade fabril. aberta para entregas de 2022 em relação a seus concorrentes
A Jetfly, operadora do centésimo em diante”, destacou Oscar J. diretos, que só podem pousar em
PC-24, tornou-se o mais novo Schwenk, presidente da Pilatus. pistas asfaltadas. O jato suíço ainda
cliente do modelo. Com uma frota Um dos destaques do PC-24 é sua favorece as operações em pequenos
formada por aeronaves turbo- extrema versatilidade para um jato aeroportos com pistas curtas.

NAV BRASIL VIRA REALIDADE


O presidente Jair Bolsonaro editou na véspera de Natal o toda a infraestrutura e o capital humano de navegação
decreto de criação da NAV Brasil Serviços de Navegação aérea da Infraero, que passará a cuidar exclusivamente da
Aérea. A empresa é a primeira estatal criada no atual administração da infraestrutura aeroportuária. Segundo
governo e será vinculada ao Ministério da Defesa, por o governo, a NAV Brasil nasce com uma infraestrutura
meio do Comando da Aeronáutica. A Nav Brasil absorverá estabelecida e já em atividade. No médio prazo, a estrutura
passará a receber alguns órgãos operacionais
que se encontram, atualmente, na estrutura do
Comando da Aeronáutica, que serão transferidos
de acordo com um cronograma ainda em
estudos pelo Departamento de Controle do
Espaço Aéreo (DECEA). A expectativa é que os
militares gradualmente sejam substituídos por
civis contratados por concurso público. “A NAV
Brasil não é, propriamente, uma nova estatal, pois
utilizará a infraestrutura já existente na Infraero,
assim como os quase 1.800 empregados que lhe
serão transferidos por sucessão trabalhista”, explicou
Jeferson Domingues de Freitas, tenente-brigadeiro
do ar, diretor-geral do Decea. A nova estatal terá
o objetivo de implementar, administrar, operar e
explorar a infraestrutura aeronáutica destinada à
prestação de serviços de navegação aérea no Brasil.

16 | MAGAZINE 3 2 0
HELICÓPTEROS À VENDA
EXCLUSIVIDADE GLOBAL AIRCRAFT CORPORATION

2009 AS350B2 SN: 4675


• Aeronave no Brasil, 100% nacionalizada. • Interior executivo para 5 passageiros + 1 piloto.
• Célula: 2.146 horas desde novo. • Fabricado pela Eurocopter France.
• Motores: 2.1460 horas desde novo. • Saiba mais em: http://bit.ly/2009AS350B2

Espeificações sujeitas à verificação.

2006 AGUSTA POWER SN: 11673


• Aeronave no Brasil, 100% nacionalizada. • Interior executivo para 7 passageiros + 1 piloto.
• Célula: 2.715 horas desde novo. • Inspeção de 2,400 horas cumprida em 2019.
• Motores: 2.715 horas desde novo. • Saiba mais em: http://bit.ly/2006A109E .

Global Aircraft São Paulo agora no Hangar Delta Air em Jundiaí (SBJD).
Venha hangarar a sua aeronave conosco e tenha a real experiência VIP. Ligue (11) 3280-0040 para cotação.

Veja o inventário online em www.globalaircrafts.com e entre em contato para negociar a sua aeronave.
vendas@globalaircrafts.com sales@globalaircrafts.com
Brasil: Estados Unidos:
21 4063-7308 – Rio de Janeiro 71 4062-9855 – Salvador +1 (954) 676-4092
61 4042-1455 – Brasilia 41 4042-7430 – Curitiba
31 4042-8764 – Belo Horizonte
NA REDE

CAÇA DE QUINTA
GERAÇÃO
CINCO A força aérea russa recebeu

PÁS
o primeiro Sukhoi Su-57 de
série após mais dez anos de
desenvolvimento do novo caça.
O avião, que ostenta o sugestivo
A FAA concedeu número de série 01, voou pela
a certificação de tipo ao H145 com cinco pás, credenciando o novo primeira vez no dia 25 de
helicóptero da Airbus para diversas situações, como voos single-pilot dezembro. Com a entrega do Su-
por instrumentos e capacidade de visão noturna com óculos especiais. 57 de série, a Rússia passa a fazer
Com novo sistema de rotor de cinco pás, o H145 se torna uma aeronave parte do seleto grupo de países
multimissão ainda mais versátil, com um aumento de 150 quilos de carga com aeronaves de caça de quinta
útil. O H145 possui dois motores Safran Arriel 2E e controle Fadec. A geração operacionais. Além
aviônica é a Helionix desenvolvida pela Airbus, incluindo um piloto de ser o primeiro caça furtivo
automático de quatro eixos de alto desempenho. desenvolvido na Rússia, o Su-57
se destaca por fazer amplo uso
de inteligência artificial, que
auxilia diretamente o piloto na
operação do avião e do sistema
de armas, diminuindo sua
carga de trabalho e ampliando
a consciência situacional em
combate. O modelo ainda
tem capacidade de voar em
regime supersônico sem pós-
combustores, assim como seu
rival norte-americano F-22
Raptor. Após a chegada do
primeiro Su-57 em série, o
ministro da defesa da Rússia,
Sergei Shoigu, afirmou que
o país está comprometido a
receber 22 aviões até o final
de 2024, de um total de 76
WINGLETS ATIVOS encomendas.
A Tamarack Aerospace anunciou e proporciona segurança adicional
a criação de um novo centro para aos pousos em pistas curtas, já que
instalação de winglets ativos em possibilita uma aproximação com
aeronaves da família Cessna Citation velocidades menores. O dispositivo
Jet, da Textron. Localizada no ainda permite que as aeronaves
aeroporto de Aiken, na Carolina do atinjam uma altitude de cruzeiro
Sul, nos Estados Unidos, a unidade mais rapidamente, em geral, antes
promete realizar o serviço em cerca de 30 minutos desde a decolagem.
de dez dias. Segundo o fabricante, o A Tamarack modificou mais de cem
chamado Active Winglet proporciona jatos Citation nos últimos cinco anos.
um ganho de eficiência de até 33% ao Recentemente, acidentes com aeronaves
se ajustar às condições do voo, como equipadas com winglets ativos levaram
em atmosferas turbulentas, enquanto à suspensão temporária de voos de
os winglets passivos oferecem 4% de jatos com este dispositivo, até que as
economia de combustível, por serem investigações demonstraram que o
fixos. Além disso, pelo mesmo motivo, sistema não teve relação direta com
o sistema torna os voos mais suaves nenhuma das ocorrências reportadas.

18 | MAGAZINE 3 2 0
PARA QUEM TEM SEDE DE CONHECIMENTO

PARA QUEM GOSTA DE AVENTURA

HISTÓRIA NATUREZA CIÊNCIA AR E ESPAÇO CULTURA POPULAR

Documentários premiados, inspirados no Museu Smithsonian,


disponíveis em HD
Visite: smithsonianchannel.com.br

Para mais informações favor contatar:


NEWCO PROGRAMADORA
Silvia Saad Jafet: sj@newcoprogramadora.com.br
Newton K. Suzuki: suzuki@newcoprogramadora.com.br
©2020 SNI/SI Networks L.L.C. Protegida por copyright; todos os direitos reservados. “Smithsonian Channel”
é uma marca registrada do Smithsonian Institution. SNI/SI Networks L.L.C. é um usuário autorizado.
DO PISTÃO
PI LOTAG E M

À TURBINA
A transição de quem migra da cabine de
comando de monomotores e bimotores leves
para turbo-hélices e jatos
PO R | RODR IGO DUARTE, ESPECIAL PARA A E R O MAG AZ I N E

20 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 21
M
uitos usuários
da aviação de
negócios têm o
primeiro contato
com aeronaves
próprias ao adquirir pequenos
aviões equipados com motores a
pistão capazes de atendê-los no
seu dia a dia profissional e pesso-
al. Desde esse primeiro conta-
to, empresários, profissionais
liberais, executivos e técnicos
especialistas se dão conta de que
o transporte aéreo privado pode
ser um vetor de desenvolvimento
da atividade econômica de quem
o opera. A aeronave particular
proporciona oportunidades
de expansão dos negócios ao
obrigar (no bom sentindo) seu
usuário a se deslocar para lugares
cada vez mais distantes de modo
que o crescimento natural ocorra
de maneira sustentável e orgâni-
ca. Aqui vale aquele ditado: é o
olho do dono que engorda o boi!
Na prática, empreendedores
acabam tendo a possibilidade de
ampliar sua atuação se locomo- antigo avião a pistão por outro, mais altas de decolagem e pouso
vendo de maneira rápida até abrindo o leque para aeronaves e o voo em condições meteoro-
onde precisam estar, sem passar turbo-hélices e até mesmo jatos. lógicas desfavoráveis (como a
por tumultuados aeroportos formação de gelo, por exemplo).
nem embarcar em aeronaves da O QUE MUDA? Em aeronaves de menor porte,
aviação comercial, muitas vezes Muitas variáveis são adicio- o voo diurno, estritamente feito
incapazes de levá-los aonde real- nadas à operação quando o em condições visuais de meteoro-
mente desejam, causando perda upgrade acontece. Por ora, abor- logia ou sob regras de voo visual
de tempo e dinheiro. daremos a peça fundamental (VFR), darão lugar possivelmente
Em um país de dimensões para que essa transição ocorra a condições meteorológicas abaixo
continentais como o Brasil, uma de maneira segura e adequada: a dos mínimos estabelecidos para
aeronave pequena, adequada pilotagem. A maioria das aero- voar segundo as regras do voo
para determinado momento, naves do degrau acima já possui visual (IMC), regras de voo por
pode se tornar insuficiente para uma maior complexidade de instrumentos (IFR) e voos no
o negócio e obrigar seu operador operação e fatores que antes não período noturno.
a substituí-la por outra, mais existiam passam a valer no dia Considerando o relaciona-
rápida e de maior alcance. Nesta a dia do voo, como o controle mento próximo entre o piloto da
situação, o custo da hora do em- de pressurização, o voo em al- aviação de negócios e o proprie-
presário já justifica a troca de um titudes elevadas, as velocidades tário da aeronave, baseado antes

22 | MAGAZINE 3 2 0
de tudo em confiança mútua, é um profissional pode (normal-
comum que a transição ocorra mente, deve) ser incluído nessa
também para esse profissional. operação e o piloto acostumado
Ou seja, o piloto vê o desenvolvi- a voar sozinho passará a dividir
mento de sua carreira atrelado ao a cabine com outro colega.
crescimento dos negócios de seu Ainda que muitas aeronaves
empregador, o que lhe dá a chance sejam certificadas para serem
de, literalmente, alçar voos mais pilotadas por somente um
altos e mais longos. piloto, vale a pena considerar os
prós e contras do chamado voo TREINAMENTO
DUPLO COMANDO single-pilot em aeronaves maio- O primeiro passo a ser con-
A transição do piloto deve acon- res (leia artigo sobre o assunto siderado, que serve para toda
tecer de maneira natural e segu- publicado em AERO edição e qualquer aeronave, da mais
ra. Não é preciso ser cientista de 249), principalmente em condi- simples à mais complexa, é o
foguete da Nasa para conseguir ções IMC (dentro das nuvens, treinamento. Quando certifica
ultrapassar essa barreira, afinal, sem qualquer referência com uma aeronave, a autoridade ae-
ninguém nasceu habilitado para o solo). Muitos pensam que o ronáutica também coloca à pro-
comandar um Airbus A380. processo de transição será difícil va o programa de treinamento,
Considere também que mais e penoso. Certamente não é! balizando não só os pilotos que

MAGAZINE 3 2 0 | 23
receberão a formação como os o piloto vai treinar de maneira da altíssima confiabilidade do
instrutores que irão ministrar padronizada (principalmente motor. Uma grande vantagem
o curso. as emergências) e realizar os de segurança para turbo-hélices
Cumprir os requisitos do procedimentos adequados às é sua capacidade de fornecer
treinamento e demonstrar a mais diversas situações (comuns operações mais seguras durante
aptidão necessária para operar a e adversas) que encontrar. condições climáticas adversas.
aeronave representam o primeiro Os motores turbo-hélices
passo para uma transição segura. TURBO-HÉLICES são capazes de gerar muito ar em
Algumas aeronaves possuem Os turbo-hélices têm um excesso, que pode ser usado em
simuladores disponíveis para excelente histórico de sistemas de proteção contra gelo
realização de voos de instru- segurança operacional, propor- (como os boots de descongela-
ção. Usá-los desde o início do cionado por equipamentos que mento), pressurização da cabine,
treinamento é o padrão ouro de melhoram muito a pilotagem ar condicionado, entre outros.
segurança de voo. Fazendo isso, e os controles de voo, além Eles também “perdoam” mais

24 | MAGAZINE 3 2 0
em turbo-hélices e jatos) pode Em turbo-hélices, a
fazer com que a temperatura da redução de manete
cabeça do cilindro baixe muito na aproximação
rapidamente e cause danos ao final deve ser
motor, além dos efeitos desagra- bastante suave
dáveis no corpo humano.

TREM RETRÁTIL
Nos aviões maiores, o trem
de pouso passa a ser retrátil, exi-
gindo checklists em todas as fases
do voo para que os procedimen-
tos de segurança sejam realiza-
dos de maneira adequada e nada
seja esquecido (como baixar o
trem de pouso, por exemplo).
Outro ponto que os pilotos
devem sempre estar muito
atentos se refere à aproximação
final logo após cruzar a cabeceira
da pista. A praxe dos pilotos que
os erros do operador, sofrendo a descida em seu ponto ideal, voaram somente aviões com
menos desgaste, com pouca perfazendo uma trajetória mais motores a pistão é a redução
vibração e fadiga de materiais. íngreme sem que ninguém total dos manetes para, então,
Controlá-los e gerenciá-los se a bordo sinta aquela pressão já começar a quebrar a razão de
revela mais fácil na comparação desagradável nos ouvidos e descida, arredondando a aerona-
com um motor a pistão, que garantindo mais tempo de voo ve para o pouso.
requer ajustes de passo de hélice, em altitudes superiores, com Em uma aeronave turbo-
de mistura e de pico da tempera- maior velocidade aerodinâmica -hélice, as hélices em passo mí-
tura dos cilindros, além de uma e menor consumo. nimo produzem muito arrasto e
descida mais eficiente. Em um avião a pistão, o pi- acabam por servir também como
loto tem de programar a descida um belo freio aerodinâmico. Ao
PRESSURIZAÇÃO com muita potência aplicada, reduzir o manete na curta final
Se a aeronave for pressuriza- pois a mudança de altitude de logo após a cabeceira, o piloto
da, o piloto pode programar maneira abrupta (como ocorre irá fazer com que sua velocida-

MAGAZINE 3 2 0 | 25
de (que já deve estar baixa) se
reduza a níveis perigosos. Caso
a aproximação seja feita um
pouco mais alta do que o normal
ou com menor velocidade (já
próximo ao limite de estol),
uma situação indesejável pode
acontecer.
Portanto, a redução de ma-
nete na aproximação final deve
ser bastante suave. Essa é uma
diferença de fácil percepção para
os pilotos e pode ser identificada
sem dificuldades com um treina-
mento adequado. Seja como for,
os turbo-hélices também podem
contar com sistema de passo
reverso da hélice, o que ajudará
(e muito) no pouso, encurtando
consideravelmente a distância a
ser percorrida após o toque.

VELOCIDADE A JATO
Até agora, privilegiamos as
dicas de transição para aerona-
ves turbo-hélices, mas muito
do que já foi dito também vale
se a transição for para jatos,
independentemente da ordem
que isso ocorra, sendo possível,
seguro e viável inclusive a tran-
sição direta de pistão para jato. velocidade estipulada no manual mais elevadas do que aeronaves
Em aeronaves a jato alguns de operações para o cruzamento a pistão ou monomotores ou
fatores são mais críticos e devem da cabeceira, saiba que cada bimotores turbo-hélices e, por
ser considerados de maneira um nó a mais de velocidade isso, estão sujeitos a diferentes
bastante criteriosa. Os cálculos representa 100 metros adicionais fenômenos meteorológicos,
de velocidades de decolagem e de pista para desaceleração. como aqueles presentes na tro-
pouso são fundamentais para Essa questão de velocidade popausa (camada intermediária
que a operação seja conduzida já nos remete para o próximo entre a troposfera e a estratos-
de maneira segura e adequada. ponto a ser considerado, que é a fera). Além disso, os pilotos de
Em aeronaves a pistão ou turbo- devida análise de pista, conside- aviões a reação têm de enfrentar
-hélices, as variações dessas rando também se está molhada correntes de jato, nuvens cirrus,
velocidades também existem, ou seca e já planejando o perfil turbulências de céu claro, trilhas
mas em níveis muito menores de arremetida caso ocorra. de condensação, camadas de
em relação ao que acontece com “neblina” de alta altitude e o
os jatos. Se o freio ou o reverso ALTITUDES ELEVADAS famoso fogo de santelmo (des-
falharem durante o pouso de um Devemos ter a consciência de carga elétrica indesejável para
jato e o piloto estiver acima da que jatos voam em altitudes quem está em voo).

26 | MAGAZINE 3 2 0
AVIÔNICA um jato Phenom 100, tornando
A cada degrau que o piloto sobe muito mais amistoso esse pro-
em sua transição para outros cesso de transição. As modernas
tipos de aeronaves, mais com- plataformas de gerenciamento
plexa vai ficando a operação e de navegação e da aeronave têm
novas itens vão sendo adiciona- proporcionado uma redução
dos a cada etapa do voo. Mas, significativa da carga de traba-
felizmente, isso tende a não lho dos pilotos na cabine, além
ser mais tão complexo como de adotarem filosofias similares
já foi no passado. A aviônica de operação intuitiva.
embarcada nas aeronaves mais Por fim, o treinamento e a
modernas é bastante similar transmissão de conhecimento
em diferentes tipos de aviões. de pilotos mais experientes para
O mesmo sistema Garmin 1000 os menos farão com que os voos
pode estar em um monomotor aconteçam de maneira adequada
Cessna 172, em um monotur- e segura, alcançando objetivos
boélice Daher TBM 900 e em cada vez mais longínquos.

MAGAZINE 3 2 0 | 27
11
M I N H A A E RO N AV E

PASSOS PARA
ACERTAR NA
COMPRA
Como realizar um bom planejamento e
tornar o processo de escolha do seu avião
ou helicóptero mais assertivo
POR | CÁSSIO P OLLI*, ES PECI A L PA RA A E R O MAG AZ I N E

28 | MAGAZINE 3 2 0
U
m ano sem acesso mais controlados, seja
precedentes para nos aeroportos, em solo e nas
a aviação, com próprias aeronaves.
turbulências e Nos últimos meses, observou-
mudanças de rota, -se um movimento mais acen-
muitas obrigatórias. Esse o tuado no trade de aeronaves, o
balanço de 2020. Todos sentiram que vale para vendas, trocas e
os impactos da pandemia da co- aquisições, de modelos novos e
vid-19, ainda que alguns setores usados, em praticamente todas as
tenham conseguido faturar e até categorias. Para 2021, as expectati-
crescer no último ano da década, vas são de um aquecimento ainda
principalmente no segundo mais significativo do mercado. Se
semestre. Resiliência, reinvenção está pensando em comprar um
e superação foram características avião ou helicóptero, a aviação
comuns entre as empresas aéreas privada oferece um universo de
regulares, que tiveram de adotar possibilidades e conveniências a
protocolos sanitários mais rigoro- seus usuários, seja proprietário
sos para a retomada, gradual, das ou operador, mas também traz
atividades no Brasil e no mundo. muitas dúvidas. Nessa hora, defina
Já a aviação de negócios reagiu com máxima precisão a missão da
bem e mais rapidamente às trans- aeronave e conheça os benefícios
formações, em razão sobretudo dessa decisão de compra, associa-
do menor volume de passageiros dos a inúmeras variáveis a serem
e da utilização de ambientes de consideradas no seu planejamento.

SINAIS POSITIVOS
Segundo semestre de 2020 teve vendas aquecidas no Brasil
De acordo com a Associação das Empresas Revendedoras de
Aeronaves (AERA Brasil), o segundo semestre de 2020 mostrou sinais
de recuperação, com vários negócios realizados no Brasil, na linha
de trocas e upgrades. O país teve donos de bimotores a pistão como
Seneca e Baron 58 migrando para turbo-hélices King Air C90B, C90GT,
C90GTi/x. Os donos destas aeronaves, por sua vez, subiram para
jatos Phenom 100 usados ou modelos King Air B200, B200GT e 250,
inclusive novos. O Brasil teve também proprietários de jatos Phenom
100 trocando seus aviões por modelos Cessna CJ3 e Phenom 300/300E,
além de recentes aquisições de TBM 910 e 940 e trocas na família do
Pilatus PC-12 em busca da versão NG. Na aerovia superior, não tem sido
diferente, com a chegada de alguns aviões de porte, como Gulfstream
G280, Challenger 350, Falcon 2000 LXS e Global 6000.

MAGAZINE 3 2 0 | 29
1 FAIXA DE
INVESTIMENTO 2 NOVO OU USADO
Uma expressão comumente ouvida nos proces-
sos de compra de aeronaves executivas é “novo
Não se trata da sua capacidade finan-
ceira, mas, sim, do quanto está disposto a é novo”, mas nem sempre há uma relação direta com a
investir no projeto. Pense além dos recursos capacidade financeira. Muitos compradores optam pelo zero
necessários para a aquisição da aeronave. O não apenas para receber uma aeronave novinha em folha, mas,
orçamento deve contemplar também custos também, e principalmente, para poder configurar aviônicos e
anuais de manutenção e operação. Definida opcionais, definir o acabamento do interior e a pintura, além
a faixa de investimento, é possível fechar o de receber da fábrica treinamento, garantias e melhores condi-
leque de opções considerando fabricantes, ções de financiamento. Por outro lado, com valores na faixa de
categorias, modelos, idade e assim por dian- compra de um zero, é possível “subir” de categoria ou modelo,
te. Ao chegar aos valores, vai se surpreender. adquirindo uma aeronave seminova ou usada, que não vai
Por exemplo, com até um milhão de dólares, sofrer uma acentuada depreciação após a compra, ao contrá-
é possível comprar um Baron G58 ano rio de uma nova. Nesse caso, o ganho financeiro pode pagar
2012/13 ou optar até por um turbo-hélice a operação por muitos anos. Mas a compra de uma aeronave
mais antigo, talvez um King Air C90 fabri- seminova ou usada requer cuidados técnicos de profissionais,
cado nos anos 1980. De sete a oito milhões pois adiciona vários fatores à equação. É preciso avaliar condi-
de dólares, o comprador pode considerar ções gerais, revisões, boletins, atualizações, manutenção, docu-
desde um Cessna CJ4 ou um Phenom 300 mentos, precificação etc. Recomenda-se atenção em dobro para
anos 2014 a 2016 até um Citation Sovereign aeronaves muito usadas, com 25 a 30 anos ou mais, que exigem
2008 a 2010 ou um Learjet 75 seminovo. Esse verificações mais detalhadas. Muitos proprietários optam por
conceito é aplicável para todas as categorias, um usado como porta de entrada na aviação e depois partem
de aviões esportivos a helicópteros. para um novo.

3 MONOMOTOR OU BIMOTOR
Essa dúvida permeia
sobretudo a categoria
o baixo custo operacional e a simplicida-
de de sistemas e operação. É seguro voar
de um bimotor a pistão. Em geral, os
bimotores são utilizados para missões
de entrada da aviação, tanto no com aeronaves monomotoras, desde mais longas e, embora não seja uma
mercado de asa fixa como no de asas que seguindo critérios de manutenção regra, as cabines tendem a ser maiores e
rotativas. A tecnologia de materiais, a preventiva, realizando verificações pré- mais confortáveis. A decisão entre mono
disponibilidade de potência, a eficiência -voo, respeitando os limites operacionais ou bimotor tem relação com a missão
de combustíveis e demais requisitos ne- e não se aventurando no céu diante de e o investimento, mas muitas vezes traz
cessários para a construção de motores condições meteorológicas adversas. Já os também componente emocional, de uma
aeronáuticos vêm evoluindo bastante, simpatizantes dos bimotores defendem sensação de tranquilidade adicional atri-
seja em aeronaves a pistão, turbo-hélices a redundância na motorização como buída ao segundo motor, que também
ou jatos. Ou seja, os atuais propulsores fator adicional de segurança, mesmo pode se tornar um complicador no caso
oferecem excelente confiabilidade para considerando um custo operacional mais de voo assimétrico (quando apenas um
aeronaves monomotoras. Os adeptos dos elevado. Ainda assim, há quem prefira dos motores de um bimotor funciona
monomotores celebram principalmente um turbo-hélice monomotor em vez corretamente).

30 | MAGAZINE 3 2 0
4 5
PAGAR À VISTA CUSTOS
OU FINANCIAR OPERACIONAIS,
FIXOS E VARIÁVEIS
Quando analisada pela ótica financeira, a
aquisição e a manutenção podem apresentar Quando definir um tipo de aeronave
diferenciais expressivos ao longo de cinco anos (ou o modelo), monte uma planilha com o
de operação, passando a ser uma variável importante na custo operacional aproximado, levando em conta
definição da compra. As baixas taxas de juros são um a expectativa de horas voadas por mês. Conside-
atrativo para financiar, arrendar ou fazer um leasing e, re tanto os custos fixos, como salário dos pilotos,
dependendo da modalidade de lucro da empresa pro- hangaragem, seguro, manutenção programada,
prietária, as parcelas podem ser lançadas como despesa. treinamento/simulador anual (se for duplo co-
Atenção para o aspecto contábil, pois a depreciação de mando ou dependendo da categoria da aeronave)
uma aeronave é de 10% ao ano. Há quem prefira “liqui- e atualizações de GPS e cartas eletrônicas, como os
dar a fatura”, comprando e pagando a aeronave à vista, custos variáveis, incluindo consumo de combustível,
enquanto outros preferem não imobilizar capital ou fazer programas de manutenção pagos por horas (moto-
alguma movimentação financeira que interfira no capital res, componentes e aviônicos), o atendimento em
de giro, recorrendo aos bancos. Na esfera de financia- solo e as taxas aeroportuárias. Com esses dados em
mento, além das taxas juros estarem atualmente baixas, mãos, é possível prever um orçamento anual e ter
existem soluções criativas que permitem ao comprador um controle mais preciso do custo da hora voada,
melhorar ainda mais as condições, como a utilização por quilômetros ou passageiro, por voo. Aqui cabe
de um colateral financeiro (garantia), vinculando um uma consideração importante: modelos movidos a
recebível, um investimento ou uma aplicação à operação gasolina de aviação (AvGas) gastam 10 reais por li-
da aeronave. Não existe certo ou errado nessa equação, tro consumido enquanto aeronaves que usam JetA1
uma vez que a análise e a decisão são muito particulares pagam cerca de 4,40 por litro (dados aproximados,
de cada comprador e sua condição financeira. de dezembro de 2020).

MAGAZINE 3 2 0 | 31
6 DESTINOS, FREQUÊNCIA E
NÚMERO DE PASSAGEIROS
Embora pareça um aspecto até óbvio, muitos
7 ALCANCE
O alcance é calculado conside-
rando o peso vazio da aeronave
mais o peso somado de combustí-
proprietários já adquiriram uma aeronave erra-
da, sub ou superdimensionada para missão, por não vel, ocupantes e bagagem, o que resulta
considerar para onde e com quem se vai viajar. A definição no peso máximo de decolagem (MOTOW).
das localidades a serem visitadas por região, bem como a Nesse contexto, recomenda-se cautela na análise
quantidade e a frequência de voos por mês, contribuirá para teórica das publicações dos fabricantes, pois
uma estimativa da quantidade de horas voadas e o respec- os dados de alcance são baseados em ambien-
tivo custo por mês. Para fins de referência, uma média de tes controlados, com temperatura e pressão
uso para aeronaves privadas no Brasil é de 20 a 30 horas padronizados, ao nível do mar, com zero vento.
por mês. A quantidade média de passageiros também é um Assim, fatores como quantidade de passageiros,
fator muito importante, pois define a categoria da aeronave combustível, bagagem, comprimento e altitude
e tem relação direta com autonomia. Ou seja, a necessida- da pista e temperatura terão impacto direto
de de um, dois ou mais passageiros a mais, pode alterar os no cálculo de alcance de uma aeronave. Uma
planos de aquisição de um Cirrus (quatro assentos) para um consideração muito importante relacionada ao
Bonanza (seis assentos), de um Robinson 44 para um R66 alcance é a predominância dos ventos nas mis-
e de um Phenom 100 para um Citation CJ2 ou CJ3. E essa sões de ida e volta. Por exemplo, uma etapa de
relação tem mais peso na decisão em categorias maiores, São Paulo para Fortaleza apresentará vento pre-
de um midsize para um jato de cabine larga, saindo de oito dominante de cauda, garantindo mais alcance
ou nove para 13 passageiros. Nem sempre um avião com do que em um voo de Fortaleza para São Paulo,
mais passageiros terá o alcance necessário para missão. Por que terá maior incidência de ventos de proa. Na
exemplo, nenhum avião na categoria daqueles com alcance prática, com o mesmo número de passageiros,
de três mil milhas náuticas faz o voo São Paulo-Miami sem dependendo do modelo da aeronave, na volta
escala técnica. Nesse caso, o avião recomendado seria um para a capital paulista, pode ser necessária uma
Falcon 2000LXS ou um Global 5000. escala técnica para abastecimento.

32 | MAGAZINE 3 2 0
8 9
TIPO DE PISTA E SE ESTÃO SUPORTE LOCAL,
DISPONÍVEIS NO SEU MANUTENÇÃO E PEÇAS
DESTINO
Muitos compradores “se apaixonam”
O Brasil conta com mais de 2.400 pistas de por um determinado modelo de aero-
pouso, em aeroportos públicos e privados. Trata-se nave e, após a compra, acabam tendo surpre-
de um número bem expressivo à disposição de proprietá- sas porque não fizeram a devida análise do suporte
rios e operadores de aeronaves privadas de negócios ou táxis- pós-venda oferecido pelo fabricante, nem mapearam
-aéreos, considerando que a aviação comercial regular opera oficinas de manutenção e inventários de peças dis-
em pouco mais de uma centena delas. Muitas dessas pistas poníveis aos operadores. A falta desse estudo pode
são “não preparadas”, de terra, cascalho ou grama, mas que causar indisponibilidade da aeronave para voo, muitos
atendem muito bem à aviação leve, principalmente aeronaves aborrecimentos e até inviabilizar uma operação. É
a pistão e turbo-hélices. Fatores como comprimento e largura extremamente importante mensurar “os gargalos” de
da pista, compactação e resistência do piso, infraestrutura manutenção que cada aeronave tem. As deficiências
para operação noturno, balizamento, obstáculos na aproxima- podem estar relacionadas à falta de oficinas na sua
ção ou arremetida, pontos de abastecimento de combustível, região, à insuficiente disponibilidade de peças de
apoio de solo (hangares, fonte externa de energia/GPU, acesso reposição, à falta de cobertura de garantias, à ausência
ao aeroporto etc.) são alguns pontos a verificar. Já houve de atendimentos de urgência (Aircraft On Ground ou
casos em que um avião foi comprado para uma determinada AOG) e assim por diante. Imagine que você tem um
pista, mas não pôde pousar ali em função de restrições ope- monomotor ou bimotor a pistão no Nordeste e a úni-
racionais, tendo de optar por uma “alternativa próxima”, com ca oficina homologada fica no Sul do país. O mesmo
deslocamento de carro até o destino final – com acréscimo de se aplica a helicópteros: as regiões Centro-Oeste, Nor-
uma hora na viagem. Outro ponto relativo às pistas que me- te e Nordeste não têm muitas opções de centros de
rece atenção é a categoria de operação. Um avião certificado manutenção. Existem muitos exemplos, nem sempre
para voo single-pilot na categoria privada (TPP) tem exigên- bons, relacionados a esse tópico, com apoio ao cliente
cias diferentes daquelas impostas a uma operação comercial ineficiente (oficinas em quantidade limitada ou muito
(TPX), que requer dois tripulantes para a mesma aeronave. distantes, capacidade de atendimento restrita, equipes
Se um operador privado quiser agregar sua aeronave (single- despreparadas, política de suporte do fabricante etc.).
-pilot) a um táxi-aéreo, ela passará a ser duplo comando e Recomenda-se uma consulta a atuais proprietários e
terá critérios mais rigorosos de peso, número de passageiros operadores para verificar o nível de satisfação deles,
e fatoração de pista (limitação imposta a táxis-aéreos, que sem a interferência do fabricante ou representante,
garante margem de segurança à operação), restringindo op- que, em linhas gerais, tendem a descrever um cenário
ções de pouso, antes disponíveis na operação privada. ideal, que nem sempre reflete a realidade.

MAGAZINE 3 2 0 | 33
10 SINGLE-PILOT OU
DUPLO COMANDO 11 COMPRAR NO
BRASIL OU IMPORTAR
A operação privada, na categoria TPP, per- Com a pandemia da covid-19, empresários que
mite voos solo (apenas um piloto) em aeronaves necessitaram manter atividades presenciais encontraram
a pistão, helicópteros, turbo-hélices e jatos até 12.500 na aviação privada uma alternativa interessante para suprir
libras (5.670 quilos) de peso máximo de decolagem. suas demandas de voos e preencher as lacunas deixadas pelo
Acima disso, são classificadas como “tipo” e requerem transporte aéreo regular, passando a fazer alguns negócios
duplo comando. Mesmo na aviação desportiva, nas domésticos e impulsionando o trade de aeronaves executivas,
operações de helicópteros ou nos voos de aviões mo- principalmente a partir de agosto de 2020. Embora não haja
nomotores a pistão, que têm predominância de voos um volume expressivo de aeronaves usadas à venda no mer-
com apenas um piloto, recomenda-se atenção, preparo cado nacional, quem saiu em busca de uma oportunidade,
e, sempre que possível, um copiloto – um mal-estar encontrou. O Brasil tem oferecido boas opções de negócio,
súbito, uma desorientação espacial ou um julgamento principalmente originadas em liquidações, trocas ou encerra-
errado podem comprometer a segurança de voo. Para mento de operações, quando faz sentido para o proprietário
amenizar os riscos, alguns modelos vêm equipados brasileiro vender baseado no valor contábil em reais – algu-
com paraquedas balísticos de série. Mais recentemente, mas vezes recorrendo a financiamentos bancários com juros
os fabricantes investiram em sistema de pouso automá- baixos e parcelas em reais, outras até com parcelamentos
tico de emergência, como os novos TBM, que possuem diretos, em vendas com reserva de domínio. Com um pouco
um sistema baseado na chamada tecnologia autoland de dedicação e persistência, o Brasil tem sido uma boa alter-
(HomeSafe). À medida que o tamanho das aeronaves nativa para compra e venda de aeronaves, mesmo em tempos
aumenta, entrando em uma operação privada mais de pandemia. Alguns setores da economia conseguiram fatu-
profissional (seja com bimotores a pistão como Seneca rar e até crescer neste período, puxados por segmentos como
e Baron, turbo-hélices mono e bimotores como Cessna agronegócio, alimentício, farmacêutico e negócios digitais
Caravan, TBM, Pilatus PC-12, King Air C90, B200/250 (videoconferência, internet e comércio eletrônico), muitos
e jatos leves como a série 510 Mustang, 525 M2, CJ1, destes faturando em dólares, mantiveram as atividades de
CJ2, CJ3 e CJ4, HondaJet e Phenom 100 e 300), em- importação de aeronaves novas e usadas. Para quem pensa
bora estas aeronaves sejam certificadas para operação em importar, deve ter em mente não só a questão do câmbio
single-pilot, é altamente recomendado voar com um (no momento de elaboração deste artigo, o dólar estava co-
copiloto, mesmo que recém-formado. Nesse nível de tado a 5,31 reais), mas também as restrições de viagem para
operação, há um aumento da complexidade dos voos, acompanhamento técnico no exterior, dificuldades junto aos
com demandas relacionadas a quesitos de navegação, centros de serviço no exterior para realização da inspeção
meteorologia, velocidade, voo noturno ou por instru- de pré-compra, conformação da aeronave junto à Anac,
mentos, mau tempo, tráfego aéreo e assim por diante. exportação e posterior traslado, que tem se revelado um dos
A indústria desenvolveu aeronaves para operação principais desafios para uma operação internacional.
single-pilot, simplificando os sistemas e a carga de
trabalho do tripulante, o que é um ponto positivo para
aviação, no sentido de facilitar a operação, mas uma
segunda opinião a bordo, pode ser muito bem-vinda,
principalmente em situações adversas. Já para aerona-
ves classificadas como “tipo”, de acordo com sua certi-
ficação ou definidas pela operação, serão exigidos dois * Broker de aeronaves e avaliador certificado
pilotos como tripulação mínima, composta pelo PIC pela ASA (American Society of Appraisers) e
(pilot in command) e SIC (second in command), ambos pela USPAP (Uniform Standards of Professional
com treinamento anual em simulador. Aeronaves nessa Appraisal Practice - Normas de Padronização e
categoria podem ser desde aeronaves mais leves como Práticas de Avaliação Profissional), Cássio Polli
modelos Citation (II, Bravo, Excel, XLS), Learjet 40/45, dirige a Aérie Aviação Executiva e acumula
Beechjets/Hawker (400XP, 800/850/900XP) até os mais de 18 anos dedicados exclusivamente ao
grandes jatos de longo alcance. trade de aeronaves executivas, compra, venda,
importação e exportação.

34 | MAGAZINE 3 2 0
GUIA DE
COMPRAS 2021
Preços atualizados de jatos, turbo-hélices e helicópteros
disponíveis no mercado brasileiro de aviação

DADOS GERAIS PERFORMANCE


PREÇOS DE TABELA: Os preços (FOB) das aeronaves são baseados no ALCANCE DOS JATOS E DOS TURBO-HÉLICES: O alcance máximo
valor básico divulgado pelos fabricantes e em referências de mercado. IFR, com todos os assentos ocupados.
ASSENTOS (PILOTO/PASSAGEIROS): O número “típico” especificado ALCANCE DO HELICÓPTERO: O alcance máximo VFR, com todos os
nas colunas varia de acordo com o tipo de operação da aeronave. assentos ocupados.
PESOS: O peso máximo de decolagem é especificado durante certificações ALCANCE ESPECÍFICO: Distância que uma aeronave pode voar com uma
da aeronave. A capacidade de combustível é medida em galões baseados determinada quantidade útil de combustível.
numa quantia de 6.7 libras por galão. Carga paga com combustível cheio é
o combustível útil menos o usado. VELOCIDADE DE CRUZEIRO: É a velocidade necessária para atingir
alcance máximo de voo.
FABRICAÇÃO (INÍCIO/TÉRMINO): O ano da primeira entrega de uma
aeronave até o ano da última entrega. TETO OPERACIONAL: É a maior altitude que um avião pode atingir. Para
os helicópteros, é uma certificação máxima para operação.

MAGAZINE 3 2 0 | 35
Challenger 300

Challenger 605

JATOS
Assentos / Peso Veloci-
Preço (US$) Alcance Teto Fabricação
Aeronave Passageiros máximo dade
(nm) (ft)
novo usado ano típico máximo (lb) (kt) início término
BOMBARDIER
Challenger 300 - 11.0 2014 8 16 38.850 3.065 476 45.000 2004 2014
Challenger 350 21.5 13.0 2017 8 16 40.600 3.200 476 45.000 2014 Em fabricação
Challenger 604 - 6.0 2007 10 19 48.200 3.756 488 41.000 1996 2007
Challenger 605 - 10.5 2015 10 19 48.200 3.756 488 41.000 2007 Em fabricação
Challenger 650 23.0 15.0 2015 10 19 48.200 4.000 490 41.000 2015 Em fabricação
Challenger 850ER - 10.0 2015 15 19 53.000 2.456 459 41.000 1996 2012
Global 5000 50.4 13.0 2011 13 19 92.500 5.200 511 51.000 2004 Em fabricação
Global 5500 46.0 - - 14 19 92.500 5.700 504 51.000 2019 Em fabricação
Global 6000 63.0 29.0 2017 13 17 99.500 5.890 511 51.000 2011 Em fabricação
Global 6500 56.0 - - 13 19 99.500 6.000 487 51.000 2019 Em fabricação
Global 7500 73.0 - - 13 19 114.800 7.700 530 51.000 2019 Em fabricação
Global Express - 12.0 2017 13 10 95.000 5.940 505 51.000 1999 2005
Global XRS - 17.9 2012 13 19 98.000 6.055 511 51.000 2005 2012
Learjet 31A - 1.2 2003 6 10 17.200 1.211 462 51.000 1991 2003
Learjet 40 - 1.3 2007 6 7 20.350 1.573 465 51.000 2003 2009
Learjet 40XR - 2.7 2012 6 7 21.000 1.778 465 51.000 2005 2012
Learjet 45 - 2.0 2007 8 9 20.500 1.423 465 51.000 1998 2007
Learjet 45XR - 3.5 2012 8 9 21.500 1.685 465 51.000 1998 2012
Learjet 60 - 2.0 2005 7 10 23.500 2.186 465 51.000 1993 2007
Learjet 60XR - 3.4 2013 7 10 23.500 2.044 465 51.000 2007 2013
Learjet 70 - 4.2 2015 7 10 21.500 2.060 465 51.000 2013 2018
Learjet 75 - 7.5 2019 8 10 21.500 2.040 465 51.000 2013 2018
Learjet 75 Liberty 9.0 6 6 21.500 2.040 465 51.000 2019 Em fabricação
CIRRUS
Vision SF50 2.8 1.7 2016 7 7 6.000 600 300 28.000 2016 Em fabricação
DASSAULT FALCON
Falcon 2000 - 6.0 2007 8 19 35.800 2.841 475 47.000 1995 2007
Falcon 2000 DX - 9.0 2010 8 19 41.000 3.378 482 47.000 2007 2011
Falcon 2000EX - 9.0 2008 8 19 42.200 3.878 482 47.000 2004 2009
Falcon 2000LX - 14.5 2012 8 19 42.800 3.817 482 47.000 2007 2014
Falcon 2000LXS 36.0 23.0 2017 8 19 42.200 3.817 482 47.000 2013 Em fabricação
Falcon 2000S 29.0 18.0 2017 8 N/A 41.000 3.613 482 47.000 2013 Em fabricação
Falcon 50EX - 4.0 2007 9 19 39.700 3.223 480 49.000 1997 2007
Falcon 7X 50.0 30 2017 12 19 70.000 5.490 459 51.000 2007 Em fabricação
Falcon 8X 55.0 37.0 2016 12 19 73.000 6.450 460 51.000 2016 Em fabricação
Falcon 900B - 5.0 2000 12 19 45.500 3.450 500 39.600 1986 2000

36 | MAGAZINE 3 2 0
Falcon 2000S

Global 5500
Global 7500
Learjet 40XR

SF50 Vision

Global 5000

Falcon 2000S e Falcon 900LX

MAGAZINE 3 2 0 | 37
Phenom 300E

Falcon 900LX

Praetor 600

Praetor 500

G650

38 | MAGAZINE 3 2 0
G280 G650ER

Assentos / Peso Veloci-


Preço (US$) Alcance Teto Fabricação
Aeronave Passageiros máximo dade
(nm) (ft)
novo usado ano típico máximo (lb) (kt) início término
Falcon 900A - 2.6 1991 12 19 45.500 3.450 466 51.000 1987 1999
Falcon 900DX - 11.5 2010 12 19 46.700 4.100 482 51.000 2005 2011
Falcon 900EX Easy - 9.0 2003 12 19 48.300 4.500 420 51.000 1996 2003
Falcon 900LX 40.0 26.0 2018 12 19 49.000 4.800 482 51.000 2010 Em fabricação
EMBRAER
Legacy 450 - 12.5 2018 7 9 35.274 2.575 467 45.000 2015 Em fabricação
Legacy 500 - 15.0 2018 8 12 38.360 3.125 462 45.000 2014 Em fabricação
Legacy 600 - 13.0 2015 13 19 49.604 3.090 455 41.000 2006 2013
Legacy 650 - 9.0 2010 13 19 53.572 3.642 459 41.000 2010 2017
Legacy 650E 22.0 17.0 2017 13 19 53.572 3.900 459 41.000 2017 Em fabricação
Lineage 1000 - 22.0 2013 13 19 120.152 4.237 470 41.000 2008 Em fabricação
Lineage 1000E 53.9 36.0 2017 13 19 120.152 4.600 472 41.000 2008 Em fabricação
Phenom 100 - 2.0 2012 5 6 10.472 926 390 41.000 2008 Em fabricação
Phenom 100E - 2.8 2016 5 6 10.582 1.178 405 41.000 2013 2016
Phenom 100EV 4.6 3.4 2017 5 6 10.582 1.178 405 41.000 2016 Em fabricação
Phenom 300 - 5.4 2013 7 9 17.968 1.692 453 41.000 2009 2019
Phenom 300E 9.6 8.0 2018 7 9 17.968 1.971 453 45.000 2018 Em fabricação
Praetor 500 16.9 16.0 2019 7 9 36.949 3.250 462 45.000 2019 Em fabricação
Praetor 600 21.9 18.0 2019 8 12 42.877 3.900 466 45.000 2019 Em fabricação
GULFSTREAM
GIV-SP - 5.1 2002 13 19 74.600 3.880 476 45.000 1992 2002
GV - 9.0 2002 13 19 90.500 6.250 508 51.000 1995 2002
G100 - 2.4 2006 7 9 24.650 2.550 474 45.000 2001 2006
G150 - 7.5 2016 7 8 26.100 2.760 470 45.000 2005 2017
G200 - 5.4 2011 8 10 35.450 3.130 470 45.000 1999 2011
G280 25.0 9.0 2012 8 10 36.600 3.387 482 45.000 2012 Em fabricação
G300 - 5.0 2004 13 19 72.000 3.486 476 45.000 2003 2004
G350 - 10.0 2012 14 19 70.900 3.680 476 45.000 2005 2012
G400 - 7.5 2004 13 19 74.600 3.880 476 45.000 2003 2004
G450 - 20.0 2017 14 19 74.600 4.100 459 45.000 2005 2016
G500 48.5 35.0 2018 18 19 79.600 5.200 516 45.000 2018 Em fabricação
G550 45.0 29.0 2017 18 19 91.000 6.490 508 51.000 2003 Em fabricação
G600 57.9 49.0 2019 18 19 94.600 6.500 516 51.000 2019 Em fabricação
G650 65.0 42.0 2017 18 19 99.600 7.000 516 51.000 2012 Em fabricação
G700 75.0 - 2022 13 19 107.600 7.500 516 51.000 2019 Em projeto

MAGAZINE 3 2 0 | 39
HELICÓPTEROS

Citation CJ3+ PC-24

Assentos / Peso Veloci-


Preço (US$) Alcance Teto Fabricação
Aeronave Passageiros máximo dade
(nm) (ft)
novo usado ano típico máximo (lb) (kt) início término
HONDAJET
HA-420 - 3.3 2018 5 6 10.600 1.223 420 43.000 2016 2018
HA-420 Elite 5.6 4.0 2019 5 6 10.700 1.223 422 43.000 2019 Em fabricação
PILATUS
PC-24 11.5 9.0 2018 4 6 17.968 2.810 440 45.000 2018 Em fabricação
TEXTRON
Citation Bravo - 1.9 2006 7 11 14.800 1.290 405 45.000 1997 2006
Citation CJ1 - 1.7 2005 5 6 10.600 775 381 41.000 2000 2005
Citation CJ1+ - 2.4 2011 5 6 10.700 895 389 41.000 2006 2011
Citation CJ2 - 2.3 2006 6 8 12.375 1.075 413 45.000 2000 2005
Citation CJ2+ - 4.0 2014 6 8 12.500 1.194 413 45.000 2006 2014
Citation CJ3 - 4.9 2014 6 8 13.870 1.374 417 45.000 2004 2014
Citation CJ3+ 8.3 4.9 2014 7 9 12.750 2.040 416 45.000 2014 Em fabricação
Citation CJ4 9.5 6.2 2016 7 9 17.110 1.667 454 45.000 2010 Em fabricação
Citation Encore - 2.6 2006 7 11 16.630 1.410 430 45.000 2000 2006
Citation Encore+ - 3.5 2009 7 11 16.830 1.494 430 45.000 2007 2009
Citation Excel - 2.9 2004 7 12 20.000 1.449 433 45.000 1998 2004
Citation Latitude 16.6 10.0 2015 9 9 30.800 2.700 446 45.000 2015 Em fabricação
Citation Longitude 22.0 19.0 2019 9 12 39.500 3.500 476 45.000 2019 Em fabricação
Citation Jet - 1.1 1999 5 6 10.400 750 377 41.000 1993 1999
Citation M2 4.8 2.7 2013 5 7 10.700 1.550 404 41.000 2013 Em fabricação
Citation Mustang - 2.4 2017 4 5 8.645 718 340 41.000 2006 2017
Citation Sovereign - 7.2 2013 9 12 30.300 2.620 459 43.000 2004 2013
Citation Sovereign+ 17.0 8.5 2014 9 12 30.755 3.000 459 45.000 2013 Em fabricação
Citation Ultra - 1.4 1999 7 11 16.300 1.259 400 45.000 1994 1999
Citation VII - 1.7 2000 7 13 23.000 1.693 452 43.000 1992 2000
Citation X - 6.0 2012 8 12 36.100 2.890 525 51.000 1996 2012
Citation X+ - 10.0 2018 8 12 36.600 3.229 527 51.000 2013 2018
Citation XLS - 4.0 2008 8 12 20.200 1.539 433 45.000 2004 2008
Citation XLS+ 11.5 8.0 2017 8 12 20.200 1.528 440 45.000 2008 Em fabricação
Beechjet 400A - 1.1 2003 7 9 16.100 1.180 458 45.000 1990 2003
Hawker 4000 - 3.5 2012 8 14 39.500 3.283 489 45.000 2008 2012
Hawker 400XP - 1.8 2010 8 9 16.300 1.180 450 45.000 2004 2010
Hawker 400 XPR - 5.4 2019 8 9 16.300 1.243 450 45.000 1994 2006
Hawker 750 - 2.9 2011 8 15 27.000 2.050 447 41.000 2008 2011
Hawker 800XP - 1.7 2004 8 15 28.000 2.470 449 41.000 1995 2005
Hawker 800XPi/Pro L - 1.8 2005 8 15 28.000 2.470 449 41.000 2005 2006
Hawker 850XP Pro L - 3.0 2009 8 15 28.000 2.525 452 41.000 2006 2009
Hawker 900XP - 4.9 2012 8 15 28.000 2.733 452 41.000 2007 2012
Premier I - 1.0 2005 6 7 12.500 850 461 41.000 2001 2005
Premier IA - 1.9 2012 6 7 12.500 850 461 41.000 2005 2012

40 | MAGAZINE 3 2 0
Citation Latitude

Citation CJ4
HondaJet

Citation Longitude

Citation X

Citation XLS+

MAGAZINE 3 2 0 | 41
King Air C90GTx King Air 350i

TURBO-HÉLICES
Assentos / Peso
Preço (US$) Veloci- Fabricação
Passageiros máximo Alcance Teto
Aeronave dade
(motow) (nm) (ft)
novo usado ano típico máximo (kt) início término
(lb)
DAHER
TBM 700C2 - 1.4 2006 5 6 7.394 1.000 292 31.000 2003 2006
TBM 850 - 2.2 2013 5 6 7.394 1.102 320 31.000 2006 2014
TBM 900 - 3.1 2016 5 6 7.430 1.730 330 31.000 2014 2016
TBM 910 - 3.7 2019 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2017 Em fabricação
TBM 930 - 3.9 2019 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2016 2019
TBM 940 4.5 4.1 2019 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2019 Em fabricação
Kodiak 100 2.3 1.7 2017 5 9 7.255 524 180 25.000 2008 Em fabricação
PIAGGIO
Avanti P180 - 3.8 2014 6 9 11.550 980 390 37.000 1990 2005
Avanti EVO 7.3 6.3 2019 6 9 12.100 752 402 39.000 2006 Em fabricação
PILATUS
PC-12/47 - 2.5 2008 7 10 10.450 1.340 261 30.000 1995 2008
PC-12 NG / NGX 5.4 3.9 2018 7 10 10.450 1.309 280 30.000 2008 Em fabricação
PIPER
M600 / SLS 3.1 2.0 2016 6 6 6.000 1.658 274 30.000 2016 Em fabricação
M500 2.2 1.6 2016 6 6 5092 1.000 260 30.000 2015 Em fabricação
Meridian PA-46TP - 1.4 2015 5 5 5.092 489 267 30.000 1999 2015
TEXTRON
208 Caravan 2.0 1.3 2008 9 13 8.000 325 186 25.000 1985 Em fabricação
208B Grand Caravan - 1.4 2008 9 13 8.217 529 184 25.000 1990 2013
208B G.Caravan EX 2.5 2.2 2018 5 13 8.807 494 194 25.000 2013 Em fabricação
Denali 4.8 4 11 0 1.600 285 31.000 2015
King Air 250 - 4.0 2018 6 15 12.500 1.259 292 35.000 2011 2020
King Air 260 6.2 6 15 12.500 1.259 292 35.000 2020 Em fabricação
King Air 350 - 2.5 2009 8 15 15.000 1.440 320 35.000 1990 2013
King Air 350ER - 4.3 2012 8 15 16.500 1.878 303 35.000 2005 Em fabricação
King Air 350i 7.2 4.5 2018 8 15 15.000 1.440 320 35.000 2009 Em fabricação
King Air 360 7.6 8 15 15.000 1.440 320 35.000 2020 Em fabricação
King Air B200 - 1.7 2007 6 15 12.500 1755 260 35.000 1981 2009
King Air B200GT - 2.3 2011 6 15 13.420 960 284 35.000 2007 2011
King Air C90B - 1.3 2005 5 12 10.485 640 250 30.000 1992 2005
King Air C90GT - 1.5 2007 5 12 10.100 981 270 30.000 2006 2007
King Air C90GTi - 1.7 2009 5 15 10.485 1.321 240 30.000 2007 2010
King Air C90GTx 4.0 2.9 2018 5 12 10.485 903 240 30.000 2010 Em fabricação

42 | MAGAZINE 3 2 0
TBM 940

King Air 360

Grand Caravan EX

PC-12

King Air 260

MAGAZINE 3 2 0 | 43
AW109 Power

H135 AW139

AW119Kx

505 Jet Ranger

44 | MAGAZINE 3 2 0
HELICÓPTEROS
Assentos / Peso
Preço Fabricação
Passageiros máximo Alcance Velocidade
Aeronave
(motow) (nm) (kt)
novo usado ano típico máximo início término
(lb)
LEONARDO
AW109 Grand - 4.0 2011 5 7 7.000 360 155 2005 2011
AW109 GrandNew 7.5 - - 5 7 7.000 357 158 2009 Em fabricação
AW109 Power - 4.4 2014 5 7 6.614 260 154 1997 Em fabricação
AW119 Koala - 2.5 2006 5 7 5.997 N/A 140 2000 2006
AW119 KX 3.5 - - 5 7 6.283 380 140 2013 Em fabricação
AW139 12.2 8 15 14.110 460 165 2004 Em fabricação
AIRBUS HELICOPTERS
AS 332L1 Super Puma 21.7 2011 12 19 18.960 406 141 1986 2011
AS 332L1e Super Puma 24.0 - - 12 19 18.960 406 141 2011 Em fabricação
AS 332L2 Super Puma - 13.9 207 9 19 20.502 392 150 1993 2007
AS 350B2 - Esquilo - 2.0 2012 4 6 4.960 312 133 1990 2012
AS 350B3 (2B) - Esquilo - 2.0 2012 4 6 4.960 300 137 1997 2008
AS 350B3 (2B1) - Esquilo - 2.1 2012 4 6 5.225 300 137 2008 2011
AS 350B3e - Esquilo - 2.5 2015 4 N/A 5.225 300 137 2011 Em fabricação
AS 365N2 Dauphin - 2.4 2001 6 14 9.369 420 151 1990 2001
AS 365N3 Dauphin - 4.8 2011 6 14 9.480 354 152 1998 2010
AS 365N3+ Dauphin - 9.4 2016 6 14 9.480 341 149 2011 Em fabricação
H 120B - 1.7 2016 4 9 3.780 240 125 1997 Em fabricação
H 130 B4 - 2.5 2016 5 4 5.351 280 135 2000 2012
H 130 T2 3.0 2.4 2017 5 7 5.512 268 130 2012 Em fabricação
H 135P1 - 1.9 2003 5 7 6.250 254 140 1997 2004
H 135P2 - 4.2 2015 5 7 6.250 254 140 2004 2006
H 135P2+ - 4.6 2010 5 7 6.415 254 140 2006 2011
H 135P2E 5.0 - - 5 7 6.504 278 137 2011 Em fabricação
H135 T1 - 1.9 2003 5 7 5.984 262 141 1997 2004
H 135 T2 - 4.8 2016 5 7 6.250 262 140 2004 2006
H 135 T2+ 4.8 - - 5 7 6.415 254 140 2006 2011
H 135 T2e 5.1 - - 5 7 6.504 256 137 2011 Em fabricação
H 145 9.9 5.5 2017 8 9 7.904 274 133 2001 Em fabricação
H 145 T2 9.8 5.2 2016 8 9 8.047 260 134 2013 Em fabricação
H 155 B1 - 7.4 2016 6 14 10.692 373 151 2003 Em fabricação
H 175 14.8 8.6 2017 10 N/A 16.535 N/A N/A 2012 Em fabricação
H 225LP 24.9 7.1 2017 12 N/A 24.250 354 152 2005 Em fabricação
BELL
206B3 - Jet Ranger - 2.2 2010 3 9 3.200 270 118 1977 2010
206L4 - Long Ranger - 1.8 2017 5 14 4.450 353 110 1993 Em fabricação
407 - 2.1 2012 5 7 5.250 N/A 128 1996 Em fabricação
429 - 5.7 2016 5 14 7.000 276 155 2009 Em fabricação
430 - 1.9 2008 5 14 9.300 N/A 140 1996 2008
ROBINSON
R22 Beta II 0.3 - - 1 1 1.370 161 96 1997 Em fabricação
R44 Raven I 0.45 - - 3 3 2.400 204 113 2003 Em fabricação
R44 Raven II 0.55 - - 3 3 2.500 251 117 2003 Em fabricação
R66 Turbine 1.0 - - 3 4 2.700 260 N/A 2010 Em fabricação
SIKORKSY
S-300C 0.35 - - 1 1 2.050 195 88 1970 Em fabricação
S-300CBi 0.4 - - 1 1 1.750 215 85 2005 Em fabricação
S-76C++ - 6.8 2012 6 13 11.700 335 155 2006 2013
S-76D 14.1 10.0 2016 6 13 11.700 329 160 2012 Em fabricação
S-92A 25.0 15.0 2019 10 24 26.500 439 155 2002 Em fabricação

MAGAZINE 3 2 0 | 45
AMEAÇA
AV I AÇ ÃO G E R A L

REAL?
A polêmica em torno dos voos
de aeronaves experimentais
sobre áreas densamente povoadas
PO R | GEOR GES FERR EIRA E MAR INA P OSCH
K A LOUSD IAN*, ESPECIAL PARA AER O MAG AZI N E

48 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 49
A
aviação revolucio-
nou os transportes
e a forma como
humanidade vem
interagindo. Mais
que meros meios de “leva e traz”
de pessoas e coisas, aviões e heli-
cópteros deram ao mundo novos
padrões de eficiência e segurança,
os quais servem de inspiração para
inúmeros outros setores econô-
micos. Desde seu princípio, voar
significou empreender estudos,
criar bases científicas e inovar, o
que se dá até o presente. Assim,
a aviação é o meio de transporte
mais seguro que há, o que repre-
senta não apenas a proteção de
quem está voando, mas também
daqueles que são sobrevoados.
O elevado índice de segurança
nas operações aéreas se traduz na
padronização mundial de normas
e procedimentos voltados ao voo.
A uniformização dos processos
também facilitou a criação de uma
cultura de segurança, dentro da 1929 e 1936, respectivamente. o que há anos vem acontecendo
qual quaisquer acidentes ou inci- O grande boom da criação de na terra.
dentes repercutem imediatamente aeroportos e aeródromos, porém, O descaso com normas de
no seio da comunidade aeronáuti- aconteceu nas décadas de 1940 zoneamento urbano e o estímulo à
ca. Na prática, os aviadores apren- e 1950, com o lançamento de especulação imobiliária predatória
deram que a prevenção e a análise programas como “Asas para o fizeram com que os principais
de eventuais erros ou falhas devem Brasil” e “Marcha para o Oeste” aeródromos e aeroportos do país,
ser prontamente incorporadas e a construção de Brasília, tudo originalmente localizados em
em seu dia a dia na forma de um fomentado pelo excedente de ae- áreas distantes e isoladas, tivessem
aprendizado contínuo. ronaves provenientes da Segunda seus arredores usurpados sem o
Guerra Mundial e pelo interesse menor pudor pelas municipalida-
O CÉU E A TERRA em se promover a atividade des, sem que estas observassem as
A segurança da aviação começa aeronáutica, o que consolidou a regras de segregação necessárias,
no solo, ponto de partida para integração do país. Contudo, se que sempre existiram (e existem
suas operações. Muitas dessas nos céus tivemos a ordem, no até hoje), mas que são deliberada e
bases, criadas no Brasil princi- solo, veio o caos. impunimente colocadas ao largo.
palmente a partir das décadas de Enquanto a aviação se vale de É evidente que as cidades
1920 e 1930, seguem em ope- normas e regras rígidas, padro- tomaram os espaços de aeródro-
ração. É o caso dos aeroportos nizadas internacionalmente para mos e aeroportos sem qualquer
Campo de Marte e de Congo- operar e existir, o poder público, contrapartida ou observação às
nhas, ambos na capital de São que tanto preza pelas regras no regras relacionadas às áreas de
Paulo, que foram fundados em ar, negligencia o solo, permitindo segurança aeroportuárias ou à

50 | MAGAZINE 3 2 0
sua própria legislação ambiental. Tão importante quanto a aeronaves certificadas e outras A aviação geral
Hoje em dia, muitos municípios, aviação regular são os táxis-aéreos, 6.011 experimentais. contribui para os
como São Paulo (SP), Belém (PA), incluídos no ramo da aviação geral A aviação geral privada abarca elevados índices de
segurança de voo
João Pessoa (PB) e Belo Horizonte e que também operam voos co- o transporte aéreo particular de no transporte aéreo
(BH), após aviltarem os terrenos merciais interligando milhares de cargas e passageiros, a aviação
circunvizinhos às pistas de pouso, localidades e plataformas de pe- agrícola, a formação de pilotos
acabam por requisitarem seu tróleo, fazem evacuações médicas e os voos recreativos e desporti-
fechamento, alegando questões (primordial em época de pande- vos. Mas, das 22.278 aeronaves
de “segurança”, pois as operações mia) e são os únicos autorizados a em operação no Brasil, cerca de
daqueles sítios aeroportuários transportar passageiros e cargas de 32% estavam em 2019 com seu
estariam colocando em “risco” maneira não regular e remunera- certificado de aeronavegabilidade
seus munícipes. da. Eles operam aproximadamente suspenso ou cancelado, o que
1.300 aeronaves. significa que 7.128 estavam de
DIFERENTES CATEGORIAS Por fim, também na aviação alguma forma inaptas ao voo.
A aviação se divide em diversos geral, há os operadores de serviços
ramos. O transporte regular recebe aéreos privados, que, apesar de ACIDENTES E INCIDENTES
a maior parte dos holofotes, pois utilizarem basicamente os mesmos Mais importante que a quantida-
opera aproximadamente 670 grandes tipos de equipamentos dos táxis- de de aeronaves da frota nacional,
aeronaves que, no Brasil, em tempos -aéreos, operam voos que não temos a qualidade nas operações.
normais, transporta mais de cem podem ser remunerados por seus No Brasil, a Agência Nacional de
milhões de pessoas anualmente, usuários. Nessa categoria, estão in- Aviação Civil (Anac) e o Depar-
interligando cerca de 120 localidades. seridas aproximadamente 14.100 tamento de Controle do Espaço

MAGAZINE 3 2 0 | 51
Aéreo (Decea) receberam mais de comoção, especialmente quando OS EXPERIMENTAIS
Na década de 2010, 95% de conformidade, segundo se dão próximos ou dentro de Talvez pelo fato de boa parte
não se constatou os padrões da Organização da áreas urbanas. Por sua volta, os das aeronaves desportivas estar
nenhuma lesão a Aviação Civil Internacional (Icao, governos, sobretudo os munici- inserida na categoria “experi-
pessoas em solo por na sigla em inglês). pais, usam essas tragédias para mental”, o novo RBAC/ANAC
acidentes com aviões Segundo o Centro Nacional inflar seus argumentos em detri- 91 trouxe em seu bojo a vedação,
experimentais
de Investigação e Prevenções de mento dos sítios aeroportuários. por exceção, da operação de
Acidentes (Cenipa), o número Apesar das estatísticas aeronaves com certificado de voo
de acidentes aeronáuticos vem demonstrarem o contexto em experimental (CAVE), dizendo
caindo desde 2013 no país, sendo prol da segurança, nos últimos em seu subitem 91.319, letra “c”:
que o ano de 2019 teve a menor tempos, estabeleceu-se uma “Somente é permitido operar
quantidade de ocorrências da polêmica sobre os “voos em áreas uma aeronave com CAVE sobre
década de 2010, com 102 no total, densamente povoadas”, discus- áreas densamente povoadas se
das quais 18 foram com fatalida- são já presente no atual Código tal operação for autorizada pela
de, resultando em 28 óbitos em Brasileiro de Aeronáutica (Lei Anac e em conformidade com as
todo o país. Portanto, os números 7565/1986), que, em seu artigo regras do Decea”.
mostram que a aviação é uma 15, parágrafo 1º, dispõe: “A prá- Assim, em um primeiro
atividade segura e que, apesar dos tica de esportes aéreos tais como momento, diversos operadores de
acidentes, a incidência de vítimas balonismo, volovelismo, asas experimentais, independentemen-
que estavam no solo é rara. voadoras e similares, assim como te do modelo de suas aeronaves ou
Mesmo sendo raros, os os voos de treinamento, far-se-ão da forma como foram fabricadas
acidentes aeronáuticos, quaisquer (sic) em áreas delimitadas pela ou montadas, viram-se expulsos
que sejam, causam uma grande autoridade aeronáutica”. de suas bases, quaisquer que fos-

52 | MAGAZINE 3 2 0
sem, pois, segundo a terminologia cidade ou aglomerações rurais que categoria, que respondeu entre 2010 Aeroporto Campo de
empregada pelo RBAC 1: “Área assim se autodeterminem, o que a 2019 por cerca de cinco por cento Marte em São Paulo:
congestionada ou área densamen- vem trazendo grande apreensão do total de acidentes, categorizados pivô de polêmicas
te povoada significa, em relação a ao balonismo e a todo a comuni- pelo segmento da aviação da aero- envolvendo governos
municipais
uma cidade, vila ou povoado, uma dade do aerodesporto. nave, segundo o Cenipa.
área substancialmente usada para Percebendo a necessidade de Outros parâmetros revelam
fins residenciais, comerciais ou se discutir melhor toda a situação, que a proporcionalidade de ocor-
recreativos”. a Anac lançou a Consulta Setorial rências entre aeronaves certifica-
Não há uma fórmula densimé- Nº 01/2020 – IS 91.319-001A, que das em relação às experimentais
trica conhecida capaz de determi- recebeu 326 contribuições. Agora, estão praticamente no mesmo
nar se uma área seria densamente as considerações estão sendo ana- patamar, ao que pese as dificulda-
povoada ou não. Contudo, aeró- lisadas e processadas pela agência. des de compará-las.
dromos localizados em centros O debate sobre áreas den-
metropolitanos ou incrustrados VOO SIMPLES... samente povoadas se revela
em qualquer cidade podem ser O lançamento do Programa Voo importante e vem reafirmando a
classificados como dentro de uma Simples pelo governo federal necessidade da elaboração e con-
“área densamente povoada”, sendo, trouxe a esperança de que a avia- sequente aplicação de uma política
portanto, vetado o voo de aerona- ção brasileira, dentro dos padrões inclusiva em relação às aeronaves
ves não certificadas. aceitáveis de segurança, seja ao experimentais e esportivas. Uma
Em seguida, passou-se à dis- máximo desburocratizada. E que política que busque primar por
cussão sobre como seria conceitu- seja implementado em relação à sua segurança. Os operadores
ada uma “aeronave experimental”. aviação experimental o que foi devem participar ativamente de
Apesar da obviedade de não determinado ainda em 2009, pelo todo o processo, não apenas como
terem o seu processo de produção Decreto nº 6.780/2009 ou Polí- ouvintes, mas também como
certificado pela Anac, para obter tica Nacional de Aviação Civil: atores, o que, aliás, promete ser o
seu CAV ou CAVE, elas devem “Reconhecer a especificidade e mote do Programa Voo Simples,
passar pelo processo descrito na IS promover o desenvolvimento das pois as autoridades fiscalizam e re-
21.191-001A. Já aquelas aeronaves atividades de aviação agrícola, gulamentam a atividade, mas são
que são construídas por seus pro- experimental e aerodesportiva, os particulares que a desenvolvem
prietários, em todo ou em parte, desenvolvendo regulamentação e fazem as coisas acontecerem.
ou por meio de kits, é que se en- específica para os setores e esti-
quadrariam na presente polêmica, mulando a difusão de seu uso”. Georges Ferreira é advogado,
com a exclusão das demais. A aviação experimental tem consultor e professor de
Pela atual regra do RBAC 91, se demonstrado segura em suas Direito Aeronáutico Nacional
os balões tripulados também estão operações. Nos últimos 10 anos, e Internacional e Marina Posch
proibidos de sobrevoar locais não se constatou nenhuma lesão a Kalousdian é presidente do
“densamente povoados”, o que os terceiros em solo em decorrência Instituto do Aerodesporto
exclui de operar sobre qualquer de acidentes com aeronaves dessa Brasileiro (ADB).

MAGAZINE 3 2 0 | 53
O SURPREENDENTE

A320
INDÚSTRIA

Nesta edição número 320 de AERO,


convidamos um piloto e colaborador da
revista para contar sua experiência no
comando do jato comercial mais vendido da
história da aviação

PO R | PAULO M AR CELO SOARES,


E SP EC IAL PARA AER O MAG AZINE

54 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 55
E
mbora lesse e ouvisse
comentários sobre ele já
havia alguns anos, meu
primeiro contato real
com um Airbus A320
aconteceu no começo do ano
2000. Eu trabalhava na TAM e a
chegada desse novo avião foi sau-
dada com entusiasmo, e também
cercada por grande expectativa.
Afinal, éramos a primeira empresa
a colocar essa família de aeronaves
em operação comercial no Brasil,
cerca de doze anos após sua intro-
dução no mercado – feita pela Air
France, em abril de 1988.
Do ponto de vista dos pilotos,
os A320 possuem características
e recursos que eram tidos como
absolutamente revolucionários na
época do lançamento do avião e
que, ainda hoje, são considerados
como tecnologia de ponta. Entre
eles destaco os comandos de
pilotagem por sistema FBW (fly-
-by-wire) com proteção ativa do
envelope de voo, o controle auto-
mático de aceleração (autothrust)
e o monitoramento de sistemas
pelo ECAM (electronic centralized
aircraft monitoring) – recursos até
então exclusivos de aeronaves mi-
litares e do supersônico Concorde.
Realizamos primeiro um cur-
so teórico sobre o modelo (ground
school), que foi feito no Brasil por
meio de CBT (computer based preparação cuidadosa das tripula- cimento e grande confiança no
training), o que também era uma ções assegurou em grande medida novo avião.
inovação na época. Fomos em a introdução bem-sucedida deste
seguida para Miami, nos Estados equipamento na frota da TAM. SIDESTICKS E FBW
Unidos, dar sequência ao treina- Durante a parte teórica, o curso Ao entrar no espaçoso cockpit de
mento nos simuladores de voo do dedicou um módulo de instrução um A320, a primeira coisa que
Airbus Training Center. Foram 45 exclusivamente à análise dos aci- chama a atenção é a ausência dos
dias de muito estudo e exercícios dentes até então ocorridos com o tradicionais manches, substituí-
práticos, com uso intensivo de modelo. Cada evento foi detalha- dos por dois controles laterais de-
recursos de simulação que, se hoje damente analisado e discutimos nominados sidesticks, semelhan-
são razoavelmente comuns, há 20 todos os fatores contribuintes, o tes aos joysticks usados em jogos
anos pareciam ficção científica. A que nos deu um excelente conhe- de computador. Revolucionários

56 | MAGAZINE 3 2 0
e polêmicos na época do lança- ram sendo adotados por outros havia sido criado para aviões
mento, esses controles de voo são fabricantes, depois que foram militares e já vinha sendo usado
de fácil adaptação, seja por des- constatadas suas vantagens (visão nos Concorde desde o final dos
tros ou canhotos, e possuem um irrestrita dos painéis de instru- anos 1960.
sistema de molas progressivas, mentos, ergonomia, simplicidade Em um avião convencional,
que geram uma sensibilidade ar- de construção e manutenção, pos- os comandos de voo acionados
tificial. Para pequenas deflexões, sibilidade de instalação de uma pelo manche e pelos pedais são
os comandos são leves, tornando- mesa retrátil à frente dos pilotos). fisicamente ligados às superfícies
-se mais pesados à medida que Mas isso só foi possível graças ao de controle (profundores, ailerons
sua deflexão aumenta. Isso uso de um sistema de comandos e leme) por meio de cabos e/ou
possibilita comandos precisos e eletrônicos de voo, popularmente atuadores hidráulicos. Nos siste-
ágeis quando necessário. Acaba- conhecido como fly-by-wire, que mas FBW, os movimentos feitos

MAGAZINE 3 2 0 | 57
DIFERENÇA DE PERFORMANCE EM UMA MANOBRA EGPWS pelos pilotos nos sidesticks e nos
pedais são enviados aos compu-
NÃO tadores de controle de voo (FCC,
ALTITUDE PROTEGIDA PROTEGIDA ou flight control computers), que
(pés)
se encarregam de enviar os sinais
elétricos que comandam os atua-
7 12 15 dores hidráulicos responsáveis por
TEMPO
(segundos) mover as superfícies de controle.
Cada uma delas é movimentada
– 80 por pelo menos dois atuadores
hidráulicos (hydraulic jacks) ins-
– 125
talados em três sistemas indepen-
DISTÂNCIA
(metros) dentes e redundantes (amarelo,
verde e azul).
Os computadores também
fazem, automaticamente, a
compensação do balanceamento
(auto-trim) nos eixos lateral e
longitudinal. Quando o piloto
ALERTA GPWS* – COMPARAÇÃO ENTRE PROCEDIMENTOS DE ESCAPE posiciona o avião em uma deter-
AERONAVE NÃO PROTEGIDA AERONAVE PROTEGIDA minada atitude – tanto de rotação
de nariz (pitch) como de rolagem
Aplicar empuxo máximo (TOGA) Aplicar empuxo máximo (TOGA)
lateral (bank) –, o sistema FBW se
Desconectar o piloto automático — encarrega de mantê-la constante,
Levantar o nariz em 3% por segundo — compensando as perturbações
causadas por turbulências, até que
Manter o nariz elevado em 20º Puxar o sidestick todo para trás
seja solicitada uma nova mudança.
Ficar atento ao alerta de estol
(stick shaker)
— Além disso, os limites estruturais
Recolher os freios aerodinâmicos Verificar se os freios aerodinâmicos da aeronave (o chamado “envelope
(speed brakes) estão recolhidos de voo”) são protegidos contra
Manter as asas niveladas Manter as asas niveladas ações dos pilotos que possam
Manter configurações de flap Manter configurações de flap excedê-los. Em condições nor-
e trem de pouso e trem de pouso mais, a tripulação não consegue
* Ground proximity warning system / Sistema de alerta de proximidade do solo
ultrapassar certos limites de pitch

58 | MAGAZINE 3 2 0
(+30° e -15°) e bank (67°). O em situações extremas, como e recolher o speedbrake. Tudo isso
sistema também não permite que durante manobras de escape de sem mudar as configurações de É um equívoco
o piloto faça com que a aeronave tesouras de vento (windshear), trem de pouso e flaps. comum achar que
perca sustentação (entre em estol), em ações bruscas para evitar Caso o piloto aumente exces- o FBW limita a
nem que exceda por larga margem choque com o solo diante de sivamente a atitude, haverá a ati- autoridade e a ação
a velocidade máxima recomenda- um alerta de EGPWS (enhanced vação do stick shaker – uma forte dos pilotos
da pelo fabricante. Há, ainda, uma ground proximity warning system) vibração no manche –, alertando-
proteção contra fatores de carga ou, ainda, em manobras evasivas -o para a possibilidade iminente
elevados (acima de 2,5 g positivos de uma colisão iminente após um de um estol, que seria catastrófico
ou 1,0 g negativo). alerta do TCAS (traffic collision nesse cenário. Por outro lado, caso
avoidance system). não levante o nariz o suficiente,
MAIS SEGURANÇA Vamos a um exemplo. No caso a aeronave pode não ganhar a
É um equívoco comum achar de um alerta EGPWS, o piloto altitude necessária para livrar
que o FBW limita a autoridade e de uma aeronave convencional o obstáculo e entrar voando no
a ação dos pilotos. Na realidade, deve imediatamente aplicar uma solo (o CFIT, ou controled flight
a proteção ativa do envelope sequência de ações memorizadas into terrain, é um dos tipos mais
de voo permite justamente o (memory items): desacoplar o pi- letais de acidente aéreo). Essa é
contrário: com o computador loto automático, levar os manetes uma condição de alto estresse e,
monitorando os parâmetros, a para potência máxima (TOGA, preocupados com o estol, nem
tripulação pode explorar os limi- ou take-off/go around), levantar sempre as tripulações conseguem
tes absolutos de performance da o nariz da aeronave para uma aplicar a máxima performance de
aeronave sem medo de perder o determinada atitude (normalmen- subida da aeronave, que poderia
controle do voo ou de danificá-la. te um pitch de 20°) cuidando de evitar a tragédia. Às vezes por
Isso é especialmente importante mantê-la constante, nivelar as asas limitação das habilidades de voo

MAGAZINE 3 2 0 | 59
ESQUEMÁTICO DOS FLIGHT CONTROL COMPUTERS

O computador fará o avião subir do sidestick comanda uma razão de


no limite absoluto de sua perfor- rolamento (em graus por segundo)
mance. Caso não escape da colisão sem relação direta com a deflexão
contra o terreno, é quase certo que física dos ailerons. Os computado-
a aeronave tampouco teria se li- res levam em conta a velocidade
vrado com uma pilotagem manual indicada do ar (IAS, ou indicated
nas mesmas condições. Mas caso air speed) e, quanto mais rápido o
escape por uma pequena margem, avião estiver, menor será a deflexão
é bem possível que uma aeronave nas superfícies de controle. De
convencional não tivesse a mesma modo inverso, em baixas velo-
sorte, a menos que sua tripulação cidades, os ailerons não apenas
conseguisse voá-la no limite, com defletem mais, como também são
uma técnica perfeita. ajudados pelos spoilers situados nos
As mesmas considerações dorsos das asas. Assim, a aeronave
valem para as manobras de escape se comporta de maneira homogê-
de uma situação de windshear, nea ao longo de toda a sua gama
com o agravante de que, nesses de velocidades, em vez de se tornar
casos, a pilotagem fica muito mais mais “arisca” nas altas velocidades
difícil em função da turbulência ou mais “boba” em voos lentos. Isso
normalmente associada a esses resulta em uma pilotagem manual
eventos. Há, ainda, situações em mais prazerosa em qualquer altitu-
que a proteção ativa já evitou aci- de ou velocidade. Os controles de
dentes por desorientação espacial voo são leves e precisos e, graças ao
do piloto, algo relativamente co- auto-trim, a aeronave é bem estável.
mum de ocorrer em curvas feitas Ao obedecer com maior
sob condições de voo por instru- precisão as instruções dos pilotos
mentos (IFR) ou, mesmo, em voo (manual ou automático), o sistema
visual (VFR) noturno em áreas FBW evita movimentações exces-
sem iluminação ou referências sivas (que demandam correções
de horizonte. Ao limitar o ângulo posteriores no sentido contrário)
de inclinação a 67 graus, o FBW e imperfeições nos ajustes de trim,
evita que ocorra perda de controle situações que causam consumo
e entrada em atitude anormal por desnecessário de combustível. A
excesso de rolagem. proteção ativa de envelope de voo
permitiu uma redução de cerca de
CONFORTO E ECONOMIA 6.5% nas velocidades de decola-
Os sistemas fly-by-wire não ape- gem e aproximação em relação a
nas tornam os voos mais seguros, uma aeronave convencional. Isso
Os sidesticks (a sensibilidade da pilotagem é como também ajudam a torná-los se traduz em menores distân-
substituíram os muito afetada pelo stick shaker), às mais agradáveis. Em aeronaves cias de pouso, maior payload e
tradicionais manches vezes pelo fator surpresa. convencionais, ao mover o man- menor potência necessária para
Já na família A320 e em outras che, o piloto comanda fisicamen- uma decolagem. São pequenas
aeronaves com proteção ativa do te uma determinada deflexão economias que, ao longo dos anos
envelope de voo, a técnica é extre- das superfícies de controle (por de vida útil das aeronaves, acabam
mamente simples e intuitiva: basta exemplo, os ailerons). No entanto, se revelando significativas para as
puxar o sidestick todo para trás e quanto maior a velocidade da empresas aéreas.
levar os manetes de potência total- aeronave no ar, maior será a razão
mente para a frente. Verifique se de rolamento gerada por uma TESTANDO OS LIMITES
o speedbrake está recolhido e não mesma deflexão, e vice-versa. Recebi um exemplo prático da
mude a configuração da aeronave. Nos A320, a inclinação lateral segurança das aeronaves com

60 | MAGAZINE 3 2 0
FBW na minha primeira sessão vale tudo! Boa sorte”, desafiou. De
de simulador no Airbus Traning imediato, comandei potência de
Center. O instrutor fazia com que decolagem (TOGA), empurrei o
eu voasse pelo cenário de Miami, sidestick todo para a frente e assim
em condições visuais, sem ne- o mantive. Uma aeronave comum
nhuma ajuda dos sistemas auto- entraria em um mergulho vertical
máticos (autopilot, autothrust ou e, rapidamente, iria exceder sua
flight director). É uma condição velocidade máxima operacional
que eles chamam de “Piper Cub (VMO). Possivelmente, sofreria
mode”, durante a qual podemos uma ruptura estrutural e se de-
sentir a aeronave e perceber que sintegraria ainda no ar. O Airbus
ela voa exatamente como se fosse A320 baixou o nariz até a atitude
um enorme treinador de aeroclu- máxima de 15 graus negativos e em TOGA e velocidade próxima Layout da cabine
be. Fiz várias curvas de grande acelerou até exceder sua VMO à VMO. Uma aeronave conven- do Airbus: espaço
inclinação e alguns circuitos de de 350 KIAS (knots indicated cional seria exposta a um fator de e conforto são
características
tráfego visuais, como se estives- airspeed). Mesmo com o sidestick carga tão elevado que sofreria uma
notáveis
se voando um saudoso CAP-4 todo empurrado para frente, ao deformação permanente, ou até
Paulistinha. atingir cerca de 380 KIAS (30 uma falha estrutural. O A320 fez
A adaptação ao uso do sides- acima da VMO), o avião come- uma manobra bastante agressi-
tick (seja com a mão esquerda ou çou a levantar o nariz, até atingir va, mas limitada a um fator de
a direita) é praticamente instantâ- uma atitude tal que a velocidade carga de 2,5 g (o limite usual das
nea. Após alguns minutos de voo, começou a cair de volta para o aeronaves comerciais), e assumiu
e já confortável com a pilotagem valor limite. uma atitude de 30 graus de nariz
manual, o instrutor me lançou um Frustrado pelo fracasso da para cima. O avião passou a subir
desafio. “Tente destruir a aero- minha primeira tentativa, puxei a mais de 20 mil pés por minuto,
nave. Só há uma regra: não vale agressivamente o sidestick todo enquanto a velocidade caía rapi-
colisão contra o solo. De resto, para trás, ainda com a potência damente. Quando chegou a 130%

MAGAZINE 3 2 0 | 61
da velocidade de estol, o nariz limite traseiro. A aeronave levantou agressivas, não acontecem em
começou a descer até que o pitch imediatamente o nariz e a veloci- nenhum momento situações de
se reduziu para 25 graus. dade despencou. Entrou em cena, perda de controle, nem entradas
A velocidade continuava então, uma proteção chamada em parafuso ou atitudes anormais.
caindo e eu mantinha o sidestick “alpha floor”: a potência dos motores Também não há forma de causar
todo puxado para trás. Quando foi levada automaticamente para danos estruturais ao aparelho. A
estávamos apenas alguns nós TOGA, mesmo com os manetes qualquer momento, basta levar os
acima da velocidade de estol, ainda em idle, fazendo com que a manetes para TOGA e posicionar
reduzi bruscamente o motor aeronave acelerasse e subisse. Can- o sidestick no batente traseiro para
esquerdo para marcha lenta (idle), celei a proteção e coloquei nova- garantir que o avião suba.
mantendo o direito em TOGA. Ao mente os motores em idle, forçando
mesmo tempo, pressionei o pedal o ângulo de ataque ao seu limite ACELERADOR AUTOMÁTICO
do leme esquerdo até o batente. máximo. Mesmo assim, a aeronave Outra característica que diferen-
Aviões comuns entrariam em um não “estolou”… Em vez disso, foi cia os A320 das aeronaves con-
parafuso possivelmente irrecupe- abaixando suavemente o nariz, vencionais é o uso do controle de
rável e sofreriam falha estrutural mantendo a velocidade nos limites potência por autothrust, em vez
durante a queda. O Airbus entrou mínimos e um ângulo de ataque de autothrottle (leia mais AERO
em uma curva cambaleante, algo ligeiramente inferior ao máximo – o 317). No sistema autothrust, os
semelhante a um “voo do bêbado”, que fez com que o aparelho iniciasse manetes de potência são posi-
mas não caiu. uma suave descida. cionados pelos pilotos em cinco
Como último recurso, reduzi Percebe-se que, com os siste- posições prefixadas (detents) de
ambos os manetes para idle e, mas de proteção em funcionamen- acordo com a fase do voo – Take-
novamente, colei o sidestick no seu to, mesmo comandando curvas off /Go-around (TOGA), Flex/

62 | MAGAZINE 3 2 0
Manetes de potência do Airbus 320

Diferentes regimes de potência de acordo com a posição dos manetes

Max Continuous Thrust (FLX/ reduz a ocorrência de panes e do painel, são ligados ao ECAM
MCT), Climb (CL), Forward Idle oferece maior precisão no controle (electronic centralized aircraft
e Max Reverse –, um sistema da velocidade. monitoring), que coleta e apresenta
semelhante ao dos câmbios au- à tripulação uma miríade de infor-
tomáticos dos carros. A potência PAINÉIS DE mações sobre o funcionamento da
efetivamente produzida pelos MONITORAMENTO aeronave.
reatores é gerenciada pelos com- Mais uma característica que cha- Parâmetros primários dos
putadores conforme a demanda mou muita atenção nos A320 ao motores, quantidade de combus-
solicitada pela tripulação (manual serem lançados nos anos 1980 era tível, posição dos flaps e dos slats
thrust) ou pelo sistema de voo a enorme redução no número de das asas, alertas de panes (e seus
automático (autothrust), sem que “reloginhos” no painel de controle, respectivos checklists) são apresen-
os manetes se movam sozinhos, substituídos por seis monitores tados na tela superior, chamada
acompanhando os ajustes (como coloridos CRT (cathode-ray tubes) de E/WD (Engine and Warning
ocorre nos autothrottle). – uma das primeiras aplicações Display). Na tela inferior, páginas
Mas, a qualquer instante, o em aviões comerciais do que mais sinóticas mostram detalhes dos
piloto pode desativar esse sistema tarde seria denominado “glass diversos sistemas da aeronave
e passar a controlar a potência cockpit”, por conta das superfícies (hidráulico, elétrico, combustí-
manualmente, como em um avião de vidro das telas. Dois pares de vel, pressurização etc.), além de
convencional. Uma das vantagens monitores laterais bem à frente uma página de status operacional
é que o autothrust possui muito dos pilotos mostram as informa- da aeronave. Isso proporciona
menos partes móveis do que um ções referentes aos parâmetros à tripulação uma visão global e
autothrottle, o que possibilita uma de pilotagem e navegação. Os intuitiva do funcionamento dos
manutenção mais simples e barata, dois restantes, na parte central sistemas da aeronave. Não é mais

MAGAZINE 3 2 0 | 63
1 2 3
Figura 1
ECAM mostrando
o checklist em caso
de fogo no motor
2. À medida que a
tripulação executa
as ações, elas
somem da tela

Figura 2
Após realizar
todas as ações,
a tripulação tem
uma tela de status 1
mostrando os
sistemas que ficaram
inoperantes e
eventuais ações que
devem ser tomadas
para a aproximação
e o pouso

Figura 3
ECAM mostrando
os parâmetros
de motor na tela
superior e, na tela
inferior, a página
sinótica do sistema necessário ficar “imaginando” o bordo (flight warning comput- and quiet cockpit”. Isso significa que
elétrico. Note que sistema: ele aparece no monitor, er) que identifica e prioriza as esse painel só acende luzes ou emite
o gerador 1 está claramente desenhado. panes por ordem de seriedade. sons em casos de mal funciona-
inoperante Esse é um dos aspectos deste Há pouquíssimos memory items, mento que requeiram a atenção
avião que eu mais admiro. Em quase todos associados a técnicas dos tripulantes. Isso garante uma
outras aeronaves, uma falha em básicas de pilotagem em determi- carga de trabalho mais baixa, tanto
algum sistema normalmente é in- nadas situações de emergência, em situações normais como em
dicada por um sinal sonoro (mas- como já vimos. Num evento de emergências. Desde seu lançamen-
ter caution ou master warning) pane em sistemas, o computador to, os A320 podem ser operados por
acompanhado por uma luz no passa à tripulação pelo painel apenas dois tripulantes. O automa-
painel superior (overhead panel), uma indicação imediata e sem tismo do avião é muito eficiente e
que indica qual sistema esta apre- ambiguidades sobre qual sistema garante um voo seguro, confortável
sentando mal funcionamento. falhou, bem como um checklist e econômico.
A tripulação deve então execu- eletrônico listando todas as ações
tar algumas ações de memória que a tripulação deve tomar. APERTEM OS CINTOS,
(memory items) e procurar em Além disso, enquanto não for O FBW SUMIU!
um manual físico (quick reference executado um determinado pro- Uma das perguntas que mais ouço a
handbook) informações sobre a cedimento (por exemplo, desligar respeito dos A320 é: “E se o sistema
pane correspondente àquela luz, um sistema), a linha referente a fly-by-wire der pane?”. Bem, o
a fim de seguir passo a passo o essa ação não some, o que reduz primeiro ponto é entender que a
que está indicado no checklist. Há as chances de esquecimento ou arquitetura dos sistemas de contro-
sempre uma boa chance de con- confusão. Após efetuar todas as les de voo é extremamente robusta
fusão na identificação da pane ou ações recomendadas para sanar e possui múltiplas redundâncias.
na aplicação dos memory items a falha, a tripulação recebe um Cada avião conta com cinco FCC
e checklists – especialmente num “resumo” do status da aeronave, (flight control computers) operando
cenário onde a tripulação pode assim como uma lista de sistemas simultaneamente sobre superfícies
estar sofrendo efeitos de fadiga, inoperantes, ações e limitações de controle de voo diferentes, sendo
múltiplas panes simultâneas, con- para a aproximação e o pouso. dois ELAC (elevator and aileron
dições meteorológicas adversas e Todos os indicadores referentes computers) e três SEC (spoiler and
assim por diante. aos sistemas estão dispostos de ma- elevator computers) – aos quais se
Os aviões da família A320 neira bem organizada no overhead somam mais dois FAC (flight augu-
contam com um computador de panel e o avião usa o conceito “dark mentation computers).

64 | MAGAZINE 3 2 0
AGORA ESTAMOS
TAMBÉM NO TELEGRAM

Participe do nosso grupo e receba


automaticamente as melhores notícias
de aviação do Brasil e da América Latina

LEIA O QR CODE
E FAÇA PARTE

www.aeromagazine.com.br @aeromagazine aeromagazine


MAGAZINE 3 2 0 | 65
Eles trabalham em conjun-
to, mandando informações para
atuadores hidráulicos duplos
(independentes e redundantes) em
cada uma das superfícies. Cada
atuador está ligado a um dos três
sistemas hidráulicos independentes,
o que possibilita uma ampla gama
de reconfigurações do sistema em
caso de múltiplas panes. Mesmo que gencial, destinado a permitir que a faz algo que eles não sabiam que
ocorram múltiplas falhas nos FCC tripulação mantenha a aeronave em era previsto para ser feito assim.
ou nos sistemas hidráulicos, a aero- voo estabilizado até conseguir reini- Às vezes por desconhecimento Visão geral da
nave ainda continuará totalmente ciar ao menos um dos cinco FCC e do sistema, às vezes por perda de arquitetura
controlável em seus três eixos, rumar para o aeroporto alternativo consciência situacional. E esse do sistema de
embora possa perder algumas das mais próximo. Mas existe a possibi- tipo de ocorrência não se limita controle de
voo. Note que
proteções de envelope de voo. lidade de utilizá-lo para controlar a somente aos aparelhos da Airbus. qualquer um
Em resumo: enquanto houver aeronave até o pouso. De qualquer modo, como em toda dos sistemas
ao menos um dos três sistemas aeronave, caso os recursos de auto- hidráulicos
hidráulicos funcionando e ao menos UM AVIÃO EXIGENTE mação não o estejam satisfazendo, (G-Green,
um dos cinco FCC em operação, os É claro que nem tudo são flo- o piloto pode e deve reverter aos Y-Yellow e
pilotos terão controle total sobre a res. Ao contrário do que muitos modos mais básicos ou até mesmo B-Blue) é capaz
de garantir
aeronave. Caso todos os cinco FCC pensam, os Airbus A320 são aviões ao voo totalmente manual. Isso
controle nos
falhem ao mesmo tempo, eu costu- extremamente exigentes no quesito é bastante enfatizado no nosso três eixos
mo dizer que a tripulação estaria em de estudo por parte dos aviado- treinamento.
um dia de tanto azar que provavel- res. Muitos de seus sistemas são Apesar de ser um modelo
mente já terão sido atingidos na rua interligados e há necessidade de com mais de 35 anos de produção
por um raio ou um meteoro vindo que o piloto tenha um alto nível de ininterrupta – e de deter o recorde
do espaço durante o trajeto da casa conhecimento dos sistemas para de jato comercial mais vendido
até o aeroporto. que entenda a todo o momento o na história –, os A320 mantém o
Mesmo assim, diante desse que o avião está fazendo (ou o que seu layout básico quase inalterado
cenário absurdamente improvável irá fazer) a fim de operar a aerona- desde o lançamento, apesar dos
de falha total de todos os FCC, os ve com segurança e eficiência. Seus aperfeiçoamentos recebidos nos
A320 possuem um modo de voo manuais são “áridos”, e as infor- motores, nos sistemas e nas acomo-
chamado “mechanical backup”. mações se encontram espalhadas dações para os passageiros. Os no-
Com ele, é possível controlar tanto em várias seções – nem sempre de vos A320neo (new engine options)
a arfagem da aeronave (por meio da maneira muito lógica. são aviões modernos, extrema-
ligação mecânica que existe entre O A320 não é para ser voado mente competitivos, agradáveis de
o compensador e o estabilizador à base de “macetários”. Costu- pilotar e muito confortáveis como
horizontal) como o rolamento (por mam dizer que essa família de posto de trabalho. Conduzido por
meio da ligação mecânica que há aviões “têm vida própria”, mas a tripulações bem treinadas e com
entre os pedais e o leme de direção), realidade não é bem assim. O que bom conhecimento técnico, o A320
além do recurso de ajustar a potên- acontece com alguma frequência é uma aeronave confiável e – como
cia diferencial nos motores. Trata-se são ocasiões em que os pilotos são os números comprovam – uma das
de um modo de controle emer- surpreendidos quando o avião mais seguras do mercado.

66 | MAGAZINE 3 2 0
Ao longo de mais de 20 anos de história,
Inner Group se tornou referência no Brasil
nos mercados de vinho, gastronomia, aviação
e tênis. Há 4 anos, ampliamos nosso alcance
para América Latina e Flórida.

Nosso ecossistema de comunicação impacta


mais de 1 milhão de pessoas por mês com
conteúdo de vídeo, internet e redes sociais.
Além de revistas, livros, guias, eventos,
clubes de assinatura e e-commerce.

ADEGA ADEGA
BRASIL
guia DE VINHOS
portugal
guia DE VINHOS

Brasil

www.innergroup.us in company/innergroup +55 (11) 3876-8200


REGRESSO
AV I AÇ ÃO R EG U L A R

TURBULENTO
Um longo processo de recuperação judicial e uma briga entre o atual
dono e a família fundadora do grupo marcam a volta da Itapemirim
como empresa aérea, agora como ITA Transportes Aéreos
PO R | E DMU NDO UBIRATAN

68 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 69
A
pós mais de duas Camilo Cola e Camilo Cola negócios com incremento nos
décadas afastada do Filho entraram com uma série de serviços de bordo, incluindo a
setor aéreo, a Itape- processos, incluindo acusações de oferta de bebidas alcoólicas em
mirim prepara seu falsidade ideológica, contra o atual algumas rotas. Ainda que o setor
retorno para meados dono do grupo. Entre as represen- aéreo em todo o mundo acumule
de março deste ano de 2021, desta tações está a suposta existência perdas bilionárias sem preceden-
vez com nova estratégia. Dife- de ao menos quatro Cadastros de tes, que forçaram a redução da
rentemente da experiência dos Pessoa Física (CPF) da Receita malha e a aposentadoria prema-
anos 1990, focada no transporte Federal em nome de Piva. tura de diversos aviões, Tiago
de cargas, o grupo planeja agora Os advogados da família Senna, o presidente e CEO da
priorizar os passageiros, usando Cola afirmam que os titulares do ITA Transportes Aéreos, acre-
o nome ITA Transportes Aéreos. CPF teriam empresas no mesmo dita que esse cenário represente
A intenção é complementar o endereço, em sociedade com uma justamente uma oportunidade
modelo multimodal da empresa, mesma pessoa, além de serem para surgimento de uma empresa
que tem seu principal negócio no representados pelos mesmos aérea nova.
setor rodoviário. advogados. Na ocasião das acusa- A paralisação de centenas de
O retorno da Itapemirim ao ções, Sidnei Piva de Jesus atribuiu aeronaves ao redor do mundo
mercado de aviação acontece a existência de dois números de tornou os contratos de leasing
em meio a impasses judiciais. A CPF vinculados a seu nome a um bastante atrativos, com excesso de
Viação Itapemirim, que já foi uma erro dos Correios, que é responsá- oferta de aviões e pouca demanda,
das maiores empresas do trans- vel pela emissão do documento. A favorecendo negociações mais
porte rodoviário interestadual de defesa de Piva afirma que as ações vantajosas para uma empresa que
passageiros do país – e ainda hoje são uma tentativa de perseguição pretende iniciar suas operações.
conta com 292 linhas de ônibus –, e vingança, sendo caluniosas e Paralelamente, existe uma grande
enfrentou nos últimos anos uma totalmente improcedentes. oferta de tripulantes no mercado
grave crise financeira e admi- A defesa do empresário tam- brasileiro, especialmente aqueles
nistrativa. Com dificuldades de bém alega que a família Cola pra- que trabalhavam para a Avianca
manter suas operações, a empresa ticamente faliu a Itapemirim, onde Brasil.
se desfez de parte das linhas e da uma auditoria interna encontrou A Itapemirim optou por
frota, até ser adquirida por um documentos indicando remessas operar a família dos bimotores de
grupo de empresários liderado por de dinheiro ao exterior, evasão de corredor único da Airbus, o A320,
Sidnei Piva de Jesus, que iniciou divisas e indícios de desvio de re- que dispõe de maior oferta de mão
uma reestruturação interna. cursos. Do outro lado, a defesa da de obra já treinada. A empresa
família Cola sustenta que jamais chegou a cogitar o Boeing 737
FAMÍLIA COLA houve evasão de divisas, mas re- NG, pelo maior número de aviões
Um pedido de recuperação judi- conhece que um inquérito policial retirados de serviço nos últimos
cial realizado em 2016, tecnica- está investigando as acusações, anos, mas desistiu diante da falta
mente concluído em dezembro sem até o momento apresentar de pilotos do modelo ociosos no
de 2020, buscou dar um novo nenhuma prova nesse sentido. Brasil. Em uma análise detalha-
fôlego ao gigante. Mas a crise não da, a Itapemirim constatou a
se encerrou. Uma disputa entre a AIRBUS A320 vantagem da escolha da família
família Cola, fundadora do grupo Em um cenário de turbulência Airbus no atual cenário, incluindo
Itapemirim, e o novo proprietário interna, a Itapemirim anunciou condições de financiamento mais
da empresa ampliou as incertezas em meados de 2020, em plena competitivas em meio à pandemia
em torno do conglomerado. pandemia, os planos para criação da covid-19.
Dois meses antes de a Itapemi- de uma empresa aérea. O projeto A companhia planeja voar
rim deixar a recuperação judicial, ambicioso prevê um modelo de com uma frota inicial de dez A320

70 | MAGAZINE 3 2 0
configurados em duas classes, de um happy hour para os nossos e mercado, a companhia planeja
com 162 assentos, com opção de passageiros, por exemplo”. em um segundo momento realizar Maquete com a
assentos com maior espaço entre voos internacionais no Cone Sul, pintura amarela
as fileiras e serviço superior. “Os OS HUBS em especial para Argentina e dos futuros A320
da ITA Transportes
voos da ITA terão duas classes, A Itapemirim pretende operar em Chile, considerados destinos estra- Aéreos
uma comfort com pitch (distân- três principais aeroportos, Gua- tégicos e de elevada demanda na
cia entre a poltrona e a fileira da rulhos, em São Paulo, Brasília, no região. Não é descartada também
frente) de 34 polegadas, e uma Distrito Federal, e Confins, em a operação de feeder lines (linhas
classe econômica com pitch de 31 Minas Gerais. Porém, a empresa regionais), operando aeronaves
polegadas”, destacou Senna. “Na chegou a informar que Vitória menores e oferecendo maior
comfort vamos ter um pouco mais também poderia ser um dos hubs, conectividade regional.
de custo, mas hoje todas as em- no lugar de Confins. Seja como Os planos da Itapemirim
presas já monetizam as poltronas for, o voo inaugural deve ser Transportes Aéreos são bastante
com mais espaço”. O serviço terá entre Vitória e Brasília, por uma audaciosos, sobretudo consideran-
alimentação gratuita a bordo e até questão simbólica, já que o grupo do o cenário atual do transporte
bebidas em determinados voos e Itapemirim tem origem justa- aéreo e os próprios problemas
horários. “Em certos voos e rotas, mente no Espírito Santo. internos, mas em momentos de
iremos oferecer bebidas alcoólicas Ainda que seja cedo demais crise também surgem grandes
como cortesia, com a proposta para pensar em expansão de rotas oportunidades.

MAGAZINE 3 2 0 | 71
‘OPORTUNIDADE
NA CRISE’
Em entrevista a AERO, o presidente e CEO da ITA
Transportes Aéreos, Tiago Senna, detalha os planos
da empresa para o Brasil. Segundo o executivo, que
respondeu às perguntas por e-mail, há dinheiro em
caixa para manter o equilíbrio financeiro da empresa e
os problemas do passado estão resolvidos

A Itapemirim passou por um


processo de recuperação judicial
recentemente. Qual será a fonte
de financiamento para a ITA
Transportes Aéreos?
Já estamos finalizando os
débitos com os credores
para garantir cumprimento
antecipado da nossa
recuperação judicial ainda trabalho, seguindo todas Vitória, no Espírito Santo, até
em 2021, quando o prazo as orientações e protocolos Brasília, no Distrito Federal.
seria somente em 2027. dos órgãos competentes do Inicialmente, vamos trabalhar
Realizamos negociação com setor para o cumprimento com três hubs: Guarulhos,
vários fundos de investimento, de todos os manuais. Além Confins e Brasília.
mas como temos contrato de disso, temos garantias de  
confidencialidade não podemos caixa e saúde financeira A ITA pretende cobrar por
citar os valores e a fonte. para o funcionamento da serviços adicionais ou o custo
  companhia, como já mencionei do serviço diferenciado estará
Por que a opção pelo jato anteriormente.  incluso nas tarifas?
Airbus A320?   Teremos um serviço diferenciado.
O nosso foco são os voos Como a empresa pretende Nossa ideia é servir comida de
domésticos. Também teremos equilibrar os custos contrariando fácil manuseio, mas opções mais
rotas internacionais ‘domésticas’ uma tendência das empresas saudáveis, não apenas snacks.
(países próximos como aéreas, que há 20 anos reduzem Em certos voos e rotas, iremos
Argentina ou Chile), que os serviços de bordo para manter a oferecer bebidas alcoólicas como
jatos A320 conseguem fazer. A saúde financeira? cortesia, com a proposta de um
intenção é trazer o neo (versão Os voos da ITA terão duas happy hour, por exemplo, para
mais moderna e eficiente classes, cobrando mais por nossos passageiros.
da família Airbus A320) no poltronas com mais espaço.  
futuro. Aí teríamos condição Do ponto de vista financeiro, Onde serão realizados o
de promover voos um pouco calculamos e vamos operar com treinamento de tripulantes e a
mais distantes, de explorar rotas todos os custos equilibrados, manutenção dos aviões? 
internacionais. Mas não agora. tanto para os passageiros como Em dezembro, iniciamos o
  para a empresa. treinamento da primeira turma
Como a ITA avalia os riscos de   do curso para comandantes e
criar uma empresa aérea no Qual é a data prevista para início comissários de voo no Centro
cenário atual, em que o setor das operações, incluindo as de Treinamento (CAE). E
aéreo acumula perdas bilionárias?  primeiras rotas? até fevereiro teremos mais
Estamos seguros com a operação A previsão é para março de três turmas de cursos para
da ITA. São meses de bastante 2021 com um voo inaugural de comandantes e comissários.

72 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 73
O CENTENÁRIO
H I S TÓ R I A

REIDE RIO-BUENOS AIRES


Feito do aviador Edu Chaves, que completou
100 anos, sucedeu diversas tentativas fracassadas
PO R | ROD RIG O MOURA VISONI, ESPECIAL PARA AE R O M AG AZ I N E
Joseph Paiva gentilmente cedida
pelo autor da reportagem
Ilustração assinada por

74 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 75
avião muito utilizado na Primeira
Guerra em missões de reconhe-
cimento e bombardeio. Com o
equipamento de 220 cavalos de
potência, autonomia de seis horas
e comprimento de mais de oito
metros, o aviador fez escalas em
San Roman, no Departamento de
Canelones (Uruguai), e em Cano-
as, no Rio Grande do Sul (Brasil),
antes de aterrissar em Porto
Alegre, a capital gaúcha. Mas, na
sequência do reide, já a caminho
de Santos, no litoral paulista,
uma pane de motor o fez descer
em Tijucas, em Santa Catarina.
Devido à natureza pantanosa do
terreno, o avião capotou e ficou
irreparavelmente avariado, além
de catapultar o piloto, que sobre-
viveu ao desastre.
Nova tentativa se deu em 10
de agosto de 1920. O tenente bra-
sileiro Aliatar de Araújo Martins
(1893-1920) e o inglês John Pinder
(1898-1920), este considerado um
ás da Primeira Guerra, partiram
do Rio de Janeiro no hidroplano
italiano Macchi M9, de 350 cavalos
de potência. Eles chegaram a fazer
escalas em Santos, em São Paulo, e
em Paranaguá, no Paraná, antes de
sofrerem uma pane que os obrigou
a amerissar na Lagoa dos Esteves,
em Içara, Santa Catarina, onde
ambos acabariam por se afogar em

C
17 de agosto. Pinder tentou salvar
Martins, que havia caído acidental-
om o fim da perfazendo 1.966 quilômetros. mente na água, selando o destino
Primeira Guerra Tentativas de ligar por via aérea dos expedicionários.
Mundial (1914- as duas maiores cidades sul-ame- Já o piloto Virginius Brito de
1918), as incur- ricanas de então começaram a ser Lamare (1883-1956) e o mecâ-
sões pelo ar entre feitas em 1919. nico Antônio da Silva Júnior,
localidades distantes entre si brasileiros, tentaram o reide em
passaram a ser internacionais. INCURSÕES FRUSTRADAS 6 de outubro de 1920, com uma
Tinha início a era dos chamados Em 13 de setembro daquele versão aprimorada do mesmo
reides aéreos. Na América do Sul, ano, o oficial italiano Antonio hidroplano, o M9bis. Saíram
o grande desafio era cumprir o Locatelli (1895-1936) decolou de da Escola de Aviação Naval, na
voo de Buenos Aires ao Rio de Ja- Buenos Aires em um veloz bipla- capital fluminense, e pousaram
neiro (ou do Rio a Buenos Aires), no militar, o Ansalvo SVA-5, um sucessivamente em Santos (SP),

76 | MAGAZINE 3 2 0
Paranaguá (PR), Ilha de Anhato- mesmo de começar a prova: em 4 deixou Buenos Aires a bordo de Oficial italiano
mirim (SC), Florianópolis (SC), de novembro de 1920, ao decolar um Bristol U acompanhado do Antonio Locatelli
Lagoa dos Patos (RS), Porto com um Caudron de São Paulo mecânico Camillo Brezzi em 19 capotou com seu
Alegre (RS) e Rio Grande (RS). para ir ao Rio de Janeiro iniciar de dezembro de 1920. Os dois veloz biplano
No dia 30 de outubro, quando o o reide, uma rajada de vento aterrissaram primeiramente em Ansalvo SVA-5, em
Tijucas (SC)
M9bis estava sendo içado por um atingiu o avião, que capotou e Passo de los Libres, na frontei-
guindaste para o cais do porto de ficou inutilizável. No dia 12 de ra entre a Argentina e o Brasil.
Rio Grande, o cabo de aço se par- novembro, Chaves se encontrou Depois, já em território brasileiro,
tiu e o avião caiu de três metros com o governador do estado fizeram escalas em Cacequi (RS),
de altura, espatifando-se, o que de São Paulo, Washington Luís Passo Fundo (RS), Ponta Grossa
pôs fim ao tentame. (1869-1957), e lhe pediu em- (PR) e Sorocaba (SP), onde
Chegou então a vez do já prestado um dos aeroplanos da baixaram no campo de Itinga, à
consagrado piloto paulistano Força Pública. O governador espera da dissipação de um nevo-
Eduardo Pacheco e Chaves aquiesceu e o aviador escolheu, eiro. Após parada de duas horas,
(1887-1975), ganhador de di- no campo da escola de aviação tentaram decolar comandando
versos prêmios aeronáuticos no da dita força, um Curtiss Oriole o Bristol entre os cupinzeiros do
Brasil e no exterior. Edu Chaves, de 150 cavalos de potência, com terreno, existentes ali em grande
como era mais conhecido, ficara onze metros de envergadura, quantidade. Porém, ao desviarem
nacionalmente famoso ao se tor- nove metros de comprimento e de um dos montículos, a cauda
nar, em 1912, não só o primeiro 22 metros quadrados de super- do aeroplano bateu em outro e
brasileiro a pilotar um avião no fície alar. Após uma limpeza no a fuselagem se rompeu. Hearne
Brasil, como também o pioneiro motor, experimentou o avião no e Brezzi trabalharam dois dias
do reide Santos-São Paulo, de 40 dia 27 de novembro, com o maior e uma noite na reparação dos
quilômetros. êxito, conquanto jamais houvesse estragos. No dia 25 de dezembro,
Ele tentaria completar o reide pilotado esse tipo de aparelho. às 9h25, eles decolaram com a
Rio-Buenos Aires juntamente Porém, havia concorrência à intenção de alcançar o Rio de
com o mecânico francês Robert vista. O piloto argentino Eduar- Janeiro, mas, quando já estavam
Thierry, mas teve problemas antes do Miguel Hearne (1895-1962) a 20 metros de altura, a fusela-

MAGAZINE 3 2 0 | 77
Edu Chaves com militares no Campos dos Afonos (acima, à dir) e com
Robert Thierry, no campo de Guapira, em frente ao avião São Paulo

Retrato gem se rompeu novamente e o não restava lugar para pousar e no era pousar em Palomar. A dupla
autografado de Edu avião caiu com violência, ficando por um triz o aparelho não se ficou ali menos de três minutos,
Chaves. Na página semidestruído. A despeito do estragou. No trecho de Guaratuba pois logo o sargento Barrafalde,
oposta, revista “A
Cigarra” dedicada choque brutal, piloto e mecânico até Porto Alegre, cumprido no da Escola Militar de Aviação, que
à vitória do se salvaram. dia 27, a dupla lutou contra os os avistara evoluindo na direção
brasileiro no reide ventos da região, que sopravam da costa do Rio Prata, apareceu
Rio-Buenos Aires, O VOO em sentido contrário. Já a viagem em um aeroplano e os orientou a
janeiro de 1921 Na mesma data – o Natal de de Porto Alegre a Montevidéu, seguirem-no até o aeródromo cor-
1920 –, já no Rio de Janeiro, Edu realizada no dia 28, durou quase reto, o que fizeram de prontidão.
Chaves reiniciou, com Thierry, seis horas e foi inteiramente Imediatamente após a
o perigoso reide. Eles partiram orientada pela bússola. aterrissagem dos dois aviões em
de madrugada do Campo dos No trecho final, de Montevidéu Palomar, uma enorme multidão
Afonsos para São Paulo, onde a Buenos Aires, levado a cabo no que aguardava a chegada de Edu
aterrissaram pela manhã. No dia dia 29, os aeronautas cometeram Chaves tomou o campo de avia-
26, voaram para Guaratuba, no um erro de navegação e pousaram ção. Em instantes, aglomeravam-
Paraná, descendo em uma praia. no aeródromo de San Fernando, -se em torno do piloto brasileiro
Como a maré estava alta, quase onde ninguém os esperava – o pla- o comandante, os diretores e

78 | MAGAZINE 3 2 0
MAGAZINE 3 2 0 | 79
Edu Chaves diversos oficiais da Escola Militar vidéu)! Logo que chegou ao Brasil minha argumentação. Um impul-
cumprimenta o de Aviação, além de pilotos civis, a notícia da vitória de Edu Chaves, so irresistível, um ímpeto dos mais
aviador argentino do pessoal da legação brasileira e as pessoas que acompanhavam veementes acaba de me agitar a
Eduardo Hearne de muitos jornalistas, repórteres o reide pelas comunicações do alma, alvoroçando-a na maior
no Palace Hotel
e fotógrafos. Abraços, cum- fio telegráfico iniciaram grandes alegria, exalçando-a nos transpor-
(RJ), apresentado
por Virginius Brito primentos e felicitações foram manifestações de regozijo ao tes máximos dos seus sentimentos.
Delamare distribuídos em profusão aos destemido brasileiro, embandei- Edu Chaves acaba de chegar à
heróis da travessia. O presidente rando as fachadas dos edifícios, capital portenha”.
do aeroclube argentino, Alberto soltando rojões, percorrendo as Ouviram-se bravos, palmas
Mascias, pediu um “urra” ao pi- ruas em passeata e dando vivas a prolongadas e gritos entusiásti-
loto brasileiro, proferido de ime- Edu Chaves e ao Brasil. cos. Toda a Câmara se ergueu, em
diato. Durante o almoço servido No Rio de Janeiro, na Câmara um júbilo unânime. Logo que os
no Cassino de Oficiais da Escola dos Deputados, o político João Pe- jornais cariocas afixaram boletins
de Aviação, ocorreram novas dro da Veiga Miranda (1881-1936) às portas das redações noticiando
aclamações e discursos cordiais se achava na tribuna, discutindo a chegada de Edu Chaves a Bue-
de confraternidade argentino- um projeto, quando o colega nos Aires, a boa nova começou a
-brasileira. Em seguida, a convite Arthur Palmeira Ripper se aproxi- ser espalhada rapidamente, sendo
do aeroclube local, Edu Chaves mou, dizendo-lhe ao ouvido que em pouco tempo largamente
foi descansar no Plaza Hotel. Edu Chaves acabara de aterrissar conhecida.
A realização do reide Rio-Bue- em Buenos Aires. No mesmo
nos Aires era a maior aspiração de instante, o orador interrompeu as AS HOMENAGENS
todos os aviadores sul-americanos considerações que vinha fazendo Edu Chaves passou o ano-novo
e fora enfim completado, com e exclamou: “Perdoe-me, Vossa na Argentina e zarpou de volta
apenas quatro escalas (São Paulo, Excelência Senhor Presidente, se para o Brasil em 6 de janeiro de
Guaratuba, Porto Alegre e Monte- quebro neste momento o fio da 1921, no navio a vapor “Cordoba”,

80 | MAGAZINE 3 2 0
que atracou no Rio de Janeiro
três dias depois. Ainda que o
desembarque tenha ocorrido
de madrugada, muitas pessoas
estavam à espera do aviador,
que foi calorosamente recebido.
Depois de todos seguirem para
o Palace Hotel, em Copacabana,
onde Chaves ficaria hospedado
por conta do aeroclube brasileiro,
ele ainda deu diversas entrevis-
tas. A um redator do jornal A
Rua, declarou: “A minha carreira
de aviador de longo curso está
terminada. Posso afirmar-lhe que
nem ao Rio virei mais por via carro que transportava Edu Cha- Chaves, o telegrama que a Liga
Após pousar
aérea. Vou para São Paulo cuidar ves à frente. Os populares subiam passou quando ele aterrissou em
no campo de
da minha escola e a ela dedicar- no veículo, dificultando o avanço. Buenos Aires: “A Liga da Defesa El Palomar,
-me inteiramente”. Mais de 500 automóveis acompa- Nacional congratula-se efusiva- Edu Chaves é
O mecânico Thierry só partiu nharam o audaz piloto que, de pé, mente com aquele que ligou pelas recebido em festa
da Argentina de volta para o no carro, sorria e acenava com o asas, símbolos de força que ascen- por autoridades
Brasil no dia 13 de janeiro, a boné. Das sacadas das casas eram de na liberdade, os corações das brasileiras e
bordo do “Limburgia”. Na mesma atiradas muitas flores, por vezes Repúblicas Irmãs”. Compareceram argentinas. O
Oriole foi o
data, Edu Chaves viajou de trem apanhadas pelo herói do reide ao ato o presidente da República,
primeiro avião da
do Rio de Janeiro para São Paulo, Rio-Buenos Aires e levadas por Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa Curtiss projetado
bem cedo. Foi acompanhado, ele aos lábios. (1865-1942), ministros de Estado para o transporte
nessa viagem, por Amadeu da Ao chegar ao landau em frente e altas autoridades. O orador foi de passageiros
Silveira Saraiva (1889-1987), ao Automóvel Clube, um forte o escritor Henrique Maximiano
representante da Liga Nacionalis- temporal caiu sobre a cidade. Nem Coelho Neto (1864-1934).
ta de S. Paulo, que viria a ser, em assim o povo desistiu de seguir e O aviador retornou a São
1970, o primeiro biógrafo dele, ao aclamar o homenageado, deixado Paulo pelo noturno de luxo
publicar o opúsculo Biografia do em casa, à rua Sebastião Pereira. em 23 de janeiro de 1921. Em
piloto aviador Edu Chaves. Várias filmagens e fotografias 1º de novembro desse ano, ele
Quando o comboio deu foram feitas dessas cenas gloriosas. inaugurou oficialmente o aeró-
entrada na Estação da Luz, dromo de Guapira, a escola que
às 08h50, deflagrou-se uma O RECONHECIMENTO pretendia passar a dirigir. No dia
estrepitosa e interminável salva Em 20 de janeiro de 1921, a Liga 21 do mesmo mês, o Congres-
de palmas, acompanhada de da Defesa Nacional realizou uma so Legislativo de São Paulo
vivas entusiásticos ao campeão sessão solene no salão do Flumi- autorizou o poder executivo do
sul-americano, a São Paulo e nense Football Club dedicada a estado a doar-lhe o aeroplano da
ao Brasil. Bandas de música Edu Chaves, Afrânio Antônio da Força Pública utilizado no reide
tocaram, Edu Chaves foi carre- Costa (1892-1979) e Guilherme Rio-Buenos Aires, mais a quantia
gado em triunfo e, ao chegar ao Paraense (1884-1968), todos cam- de 30 contos de réis. E a 7 de
patamar da escadaria da estação, peões desportivos, sendo os dois dezembro, o presidente Epitácio
foi saudado pelo advogado Plínio últimos medalhistas na modalida- Pessoa assinou o decreto no 4.397,
Barreto e pelo estudante Gamaliel de de tiro dos Jogos Olímpicos de concedendo-lhe 50 contos de réis
Pereira da Cruz, ambos muito Verão de 1920, que tiveram lugar como indenização das despesas
aplaudidos pelos discursos feitos. em Antuérpia, na Bélgica. Aos três que teve para realizar a prova.
Às 09h15, organizou-se um foram oferecidos cartões de ouro Merecidas recompensas para
cortejo, muito extenso, com o maciço, estando gravado, no de quem deu tantas glórias ao país.
CLICK

Airbus A320
Foto: Wikimedia/Julian Herzog

82 | MAGAZINE 3 2 0
A geografia favorável, a neblina pela manhã, os dias
quentes e as noites frias, elementos que fazem do Valle

Espumante Rosé Nature


de Casablanca, no Chile, um lugar ideal para produzir
vinhos intensos, memoráveis e incomparáveis. O Casas
Del Bosque Gran Reserva Sauvignon Blanc é um rótulo
imponente, com acidez vibrante e aroma floral. Um
vinho que representa muito bem o seu grandioso terroir.
Descubra o espumante em
Saiba mais em www.domno.com.br

sua forma mais natural.

www.casavalduga.com.br @casavalduga
THE NEXT
KING RISES

THE KING AIR 360 TURBOPROP


UPDATED AIRFRAME | STANDARD AUTOTHROTTLE | STUNNING NEW INTERIORS

When facing adversity—we persevere.


When confronting new challenges—we push ahead.
When the obstacles, barriers and uncertainties mount…

We rise above.

B E E C H C R A F T. C O M / H E I R - O F - E X C E L L E N C E

Você também pode gostar