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Aula 05

Aspectos de Dir Processual Aplicáveis à Fazenda Pública p/


Magistratura Estadual 2019 Curso Regular
Equipe Igor Maciel, Igor Maciel
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Sumário
Sumário.................................................................................................. 1

1 – Execução Contra a Fazenda Pública....................................................... 4

1.1 – Considerações Iniciais ................................................................... 4

1.2 – Execução de quantia certa fundada em Título Judicial ........................ 6

a) Defesa da Fazenda: impugnação...................................................... 9

b) Da coisa julgada inconstitucional.....................................................15

c) Do procedimento ..........................................................................16

d) Da ausência ou rejeição da impugnação...........................................17

1.3 – Execução de quantia certa fundada em Título Extrajudicial ................18

1.4 – Ação Monitória proposta em face da Fazenda Pública ........................21

1.5 – Do Precatório ..............................................................................22

a) Considerações Iniciais ...................................................................22

b) Da definição do crédito de natureza alimentícia.................................26

c) Dos juros e correção monetária ......................................................29

d) Da Natureza da atuação do Presidente do Tribunal ............................35

e) Da compensação de valores de precatórios ......................................37

f) Da utilização de precatórios para compra de imóveis públicos ...............38

g) Da Cessão de Precatórios ...............................................................39

h) Do sequestro de verbas públicas .....................................................40

i) Da Intervenção Federal e Estadual.....................................................41

1.6 – Da Requisição de Pequeno Valor ....................................................42

1.7 – Da cumulação de litisconsortes e RPV .............................................46

1.8 – Regime Especial da EC 62/2009 .....................................................47

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1.9 – Da assunção de débitos de precatório pela União .............................52

1.10 – Honorários e Execuções não embargadas ......................................52

2 – Emenda Constitucional 94/2016 ..........................................................55

2.1 – Regime Especial de Pagamento ......................................................55

Possibilidade de Utilização de Depósitos Judiciais e Contratação de Empréstimos


.........................................................................................................57

Utilização dos valores depositados na conta do TJ.....................................59

Impossibilidade de Sequestro de Valores para os Entes que aderirem ao Regime


Especial, salvo na ausência de liberação tempestiva dos recursos mensais
programados .......................................................................................60

Compensação de Valores.......................................................................61

2.2 – Outras alterações da EC 94/2016 ...................................................61

3 - Bibliografia........................................................................................65

4 - Resumo da Aula .................................................................................66

5 – Questões Objetivas ............................................................................70

Gabaritos ............................................................................................76

6 - Considerações Finais ..........................................................................77

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Olá pessoal, tudo bem?

Firmes nos estudos?

Vamos seguir com nosso curso.

Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões.

Estou à disposição dos senhores. Grande abraço,

Igor Maciel

profigormaciel@gmail.com

Convido-os a seguir minhas redes sociais. Basta clicar no ícone


desejado:

@ProfIgorMaciel

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1 – Execução Contra a Fazenda Pública

1.1 – Considerações Iniciais

A execução promovida em face da Fazenda Pública obedece a regramento


diferente em relação àquela proposta contra os particulares. É que sendo os bens
públicos inalienáveis e impenhoráveis, não há como proceder-se à execução
utilizando-se de medidas expropriatórias para a satisfação do crédito.

Em verdade, estamos aqui a tratar da execução de obrigação de pagar


quantia. Nos processos onde se pretende a execução de obrigação de fazer, não
fazer e entregar coisa, a disciplina aplicável será aquela prevista ordinariamente
pelo CPC.

Assim, diante da peculiaridade da situação da Fazenda Pública nos


processos judiciais, a execução por quantia certa contra ela intentada contém
regras próprias, uma vez que os pagamentos feitos são despendidos pelo Erário,
merecendo tratamento específico a execução intentada, a fim de adaptar as
regras pertinentes à sistemática do precatório (CUNHA, 2017, pg. 337).

Conforme vimos em aula anterior, incluem-se no conceito de Fazenda


Pública as pessoas jurídicas de direito público, sendo certo que as empresas
públicas e sociedades de economia mista não estão neste abrangidas.

Exceção à regra, tem-se a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que


segundo pacificou o STF, presta serviços de maneira exclusiva, não
desempenhando atividade econômica.

Assim, deve a ECT estar abrangida no conceito de Fazenda Pública, gozando


de todos os benefícios e prerrogativas processuais inerentes.

2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do


RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do
disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos é "pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que
explora serviço de competência da União".(CF, artigo 21, X) (STF - ACO: 765
RJ, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/06/2005,Tribunal
Pleno, Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 )

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Certo é que, de acordo com o Novo CPC (CUNHA, 2017, pg. 339):

A execução contra a Fazenda Pública pode fundar-se em título judicial ou em título


extrajudicial. Quando o título for judicial, há cumprimento de sentença contra a
Fazenda Pública (arts. 534 e 535). Sendo extrajudicial, propõe-se a execução
disciplinada no art. 910. Tanto numa como noutra, é necessário observar o regime
de precatórios ou de requisição de pequeno valor - RPV -, previsto no art. 100 da
Constituição Federal.

Mas atenção!

Em que pese possuírem natureza jurídica de Autarquias Especiais, os


Conselhos de Fiscalização Profissional (CREA, CRF, CRM, CRO ....) não se
submetem ao regime de pagamento dos seus débitos da mesma forma que a
Fazenda Pública.

Isto porque uma das finalidades do regime de precatórios é exatamente a


possibilidade de as entidades públicas planejarem e programarem o seu
orçamento para pagamento de débitos judiciais.

Os Conselhos de Fiscalização Profissional não participam do orçamento


público, não recebem aporte da União e, por isso, não podem ser considerados
como Fazenda Pública.

De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

EXECUÇÃO – CONSELHOS – ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO – DÉBITOS


– DECISÃO JUDICIAL. A execução de débito de Conselho de
Fiscalização não se submete ao sistema de precatório.
(RE 938837, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/
Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
19/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-216 DIVULG 22-09-2017
PUBLIC 25-09-2017)

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Ressalte-se que a jurisprudência do STF também dividiu as empresas


estatais em razão do exercício da atividade por eles desempenhada: se
prestadoras de serviços públicos ou exercentes de atividade econômica em
regime concorrencial.

Às estatais (sociedades de economia mista ou empresas públicas) que


prestam serviços públicos de atuação própria do Estado de natureza não
concorrencial, aplica-se o regime de precatórios. Neste sentido:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional. Sociedade de


economia mista. Regime de precatório. Possibilidade. Prestação de serviço público
próprio do Estado. Natureza não concorrencial. Precedentes. 1. A jurisprudência
da Suprema Corte é no sentido da aplicabilidade do regime de precatório
às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio
do Estado e de natureza não concorrencial. 2. A CASAL, sociedade de economia
mista prestadora de serviços de abastecimento de água e saneamento no Estado
do Alagoas, presta serviço público primário e em regime de exclusividade, o qual
corresponde à própria atuação do estado, haja vista não visar à obtenção de lucro
e deter capital social majoritariamente estatal. Precedentes. 3. Agravo regimental
não provido.

(RE 852302 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em
15/12/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2016 PUBLIC 29-02-
2016)

1.2 – Execução de quantia certa fundada em Título Judicial

Transitada em julgado a fase de conhecimento do processo, onde se


reconhece uma obrigação de pagar, caberá ao vencedor iniciar a fase de
cumprimento da sentença.

Sendo ré a Fazenda Pública, deverá o credor apresentar em petição simples


demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, contendo:

i. Nome completo e CPF ou CNPJ do exequente;


ii. Índice de correção monetária adotado;

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iii. Juros aplicados no cálculo;


iv. Termo inicial e final dos juros e da correção monetária utilizados;
v. Periodicidade e capitalização dos juros;
vi. Especificação de eventuais descontos obrigatórios realizados;

Trata-se de exigência prevista no artigo 534 do CPC:

CAPÍTULO V
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de
pagar quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito contendo:
I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.

Certo é que proposta a demanda executiva em face da Fazenda Pública,


esta será intimada não para pagar os valores pleiteados, mas para, no prazo de
30 (trinta) dias, impugnar a execução (artigo 535, CPC).

Exatamente por isso, a multa de 10% (dez por cento) prevista no parágrafo
1º, do artigo 523, para o caso de não pagamento voluntário não se aplica à
Fazenda Pública, conforme parágrafo 2º, do artigo 534:

§ 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.

Além disso, acaso a demanda tenha sido proposta por vários autores, ou
por um autor coletivo em regime de substituição processual, haverá várias

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pessoas com legitimidade para executar o título. Assim, para racionalizar o


trabalho do Judiciário, havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá
apresentar o seu próprio demonstrativo de cálculos (§ 1º, art. 534, CPC).

E, verificando o magistrado que o volume de exequentes poderá


comprometer a solução rápida do litígio ou dificultar a defesa, este poderá limitar
o número de exequentes, interrompendo o prazo para impugnação, que
recomeçará da intimação da decisão.

Trata-se de interpretação conjunta do parágrafo 1º, do artigo 534 c/c os


parágrafos 1º e 2º, do artigo 113, do CPC:

Art. 534. § 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o


seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§
1o e 2o do art. 113.

Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passivamente, quando:
(...)
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes
na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da
sentença.
§ 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou
resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.

Certo é que (CUNHA, 2017, pg. 342):

Proposta uma demanda contra a Fazenda Pública por mais de um autor, cada um
deve apresentar seu próprio requerimento de cumprimento de sentença. com seu
correspondente demonstrativo de cálculo. Em caso de litisconsórcio ativo. será
considerado o valor devido a cada um deles, expedindo-se cada requisição de
pagamento para cada um dos litisconsortes.

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a) Defesa da Fazenda: impugnação

A Fazenda Pública será intimada de forma pessoal para impugnar a


execução no prazo de 30 (trinta) dias. Tal prazo é específico, não comportando
a contagem diferenciada. Segundo Leonardo Cunha (2017, pg. 343):

No cumprimento de sentença. a Fazenda Pública defende-se por impugnação, e não


por embargos. Os embargos constituem o meio de defesa que a Fazenda Pública
apresenta na execução fundada em título extrajudicial. A impugnação é uma
defesa, não ostentando a natureza de ação ou demanda judicial.

Poderá o ente público em sua impugnação arguir os seguintes pontos, que


serão adiante detalhados:

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias
e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à
revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao
trânsito em julgado da sentença.
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts.
146 e 148.

Por outro lado, acaso a Fazenda Pública aponte excesso de execução,


afirmando que o exequente pleiteia quantia maior que a resultante do título,
deverá o ente público declarar – de imediato – o valor que entende correto, sob
pena de não conhecimento da arguição.

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A parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de


cumprimento.

§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia


superior à resultante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor
que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada


será, desde logo, objeto de cumprimento.

Na execução proposta contra algum particular, a apresentação de


impugnação não impede a prática de atos executivos, inclusive os de
expropriação, salvo se o juiz conceder efeito suspensivo, respeitados os requisitos
legais (artigo 525, parágrafo 6º, CPC).

Contudo, em execuções propostas pela Fazenda Pública, não é possível a


prática de atos executivos enquanto não apreciada a defesa do executado. Isto
porque a expedição de precatório ou Requisição de Pequeno Valor (Artigo 100,
Constituição Federal) dependem do prévio trânsito em julgado da execução.

Neste sentido (CUNHA, 2017, pg. 345):

O precatório ou a RPV somente se expede depois de não haver mais qualquer


discussão quanto ao valor executado, valendo dizer que tal expedição depende do
trânsito em julgado da decisão que julgar a impugnação. Por essa razão, a
impugnação apresentada pela Fazenda Pública deve forçosamente, ser recebida no
efeito suspensivo, pois, enquanto não se tornar incontroverso ou definitivo o valor
cobrado não há como expedir o precatório ou a RPV.
O trânsito em julgado a que se referem os parágrafos 3º e 5º do art. 100 da
Constituição Federal é o da sentença que julgar a impugnação ao cumprimento da
sentença ou os embargos à execução fundada em título extrajudicial. E isso porque
o valor a ser incluído no orçamento deve ser definitivo, não pendendo qualquer
discussão a seu respeito.

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Certo é que a impugnação apenas poderá versar sobre matérias relativas a


vícios ou questões relativas à própria execução e, ainda, suscitar causas
impeditivas da obrigação, desde que supervenientes à sentença.

É que o elenco do artigo 535 do CPC é taxativo, não se permitindo alegar


causas anteriores à sentença, salvo as hipóteses expressamente previstas no
dispositivo. Vejamos um a um.

i. Falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o


processo correu à revelia;

Sendo a citação requisito de validade da sentença, a sua falta ou nulidade


atinge diretamente o título, devendo o magistrado, acaso acate tais argumentos,
anular todo o processo de conhecimento e reiniciar a demanda oportunizando a
defesa do réu.

ii. Ilegitimidade da parte;

Poderá a Fazenda Pública alegar a ilegitimidade da parte para executar o


título. Em geral tal hipótese ocorre quando o título executivo tenha surgido em
demandas coletivas e está sendo executado individualmente.

iii. Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

Segundo Leonardo Cunha (2017, pg. 350):

A Fazenda Pública pode, em sua impugnação, alegar inexequibilidade do título ou


inexigibilidade da obrigação. Haverá inexequibilidade quando a decisão não
ostentar a natureza de título executivo judicial ou quando lhe faltarem os atributos
da respectiva obrigação (certeza e liquidez). A obrigação é inexigível quando penda
alguma condição ou termo que iniba a eficácia do direito reconhecido na sentença.
A obrigação consubstanciada no título executivo precisa ser certa, líquida e exigível.

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iv. Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

Apenas será possível a cumulação de execuções se respeitados os limites


previstos no artigo 780 do CPC:

Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em
títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas
seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.

Por outro lado, acaso alegue excesso de execução, deverá a Fazenda


Pública indicar, de imediato, o valor que corretamente entende devido. Trata-se
do disposto no parágrafo 2º, do artigo 535, do CPC:

§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia


superior à resultante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor
que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

E, em caso de impugnação parcial, a parte não questionada já poderá ser


objeto de cumprimento:

§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada


será, desde logo, objeto de cumprimento.

Sendo certo que incabível a execução provisória da obrigação de


pagar em face da Fazenda Pública, a previsão do parágrafo 4º, do artigo 535
do CPC não trata de tal instituto, mas de execução definitiva de parte
incontroversa da demanda.

Segundo Weber Oliveira (2015, pg. 504):

Se há parte incontroversa é porque sobre a mesma repousa a coisa julgada, em


virtude da independência existente entre os pedidos e/ou também os capítulos da

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sentença. Esse trânsito em julgado formal, assentado dentro do processo judicial,


ou endoprocessual, reflete os seus efeitos para fora do processo, efeitos
extraprocessuais, possibilitando a execução da parte incontroversa contra a
Fazenda Pública, posto que imodificável, inconcussa, preenchedora do pressuposto
constitucional.

Não cabe execução provisória de título que consubstancia obrigação de


pagar em face da Fazenda Pública.

E quanto à obrigação de fazer? Cabe execução provisória contra a


Fazenda Pública?

Neste caso, sim.

Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, a obrigação de fazer,


diferentemente da obrigação de pagar, não se sujeita ao regime de precatórios
previsto no artigo 100 da Constituição Federal, eis que a sistemática
constitucional dos precatórios não se aplica às obrigações de fato positivo ou
negativo, dado a excepcionalidade do regime de pagamento de débitos pela
Fazenda Pública, cuja interpretação deve ser restrita.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO


CONSTITUCIONAL FINANCEIRO. SISTEMÁTICA DOS PRECATÓRIOS (ART. 100,
CF/88). EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE DÉBITOS DA FAZENDA PÚBLICA. OBRIGAÇÃO
DE FAZER. SENTENÇA COM TRÂNSITO EM JULGADO. EMENDA CONSTITUCIONAL
30/2000. 1. Fixação da seguinte tese ao Tema 45 da sistemática da repercussão
geral: “A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda
Pública não atrai o regime constitucional dos precatórios.” 2. A
jurisprudência do STF firmou-se no sentido da inaplicabilidade ao Poder Público do
regime jurídico da execução provisória de prestação de pagar quantia certa, após
o advento da Emenda Constitucional 30/2000. Precedentes. 3. A sistemática
constitucional dos precatórios não se aplica às obrigações de fato positivo ou
negativo, dado a excepcionalidade do regime de pagamento de débitos pela
Fazenda Pública, cuja interpretação deve ser restrita. Por consequência, a situação

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rege-se pela regra regal de que toda decisão não autossuficiente pode ser cumprida
de maneira imediata, na pendência de recursos não recebidos com efeito
suspensivo. 4. Não se encontra parâmetro constitucional ou legal que obste a
pretensão de execução provisória de sentença condenatória de obrigação de fazer
relativa à implantação de pensão de militar, antes do trânsito em julgado dos
embargos do devedor opostos pela Fazenda Pública. 5. Há compatibilidade material
entre o regime de cumprimento integral de decisão provisória e a sistemática dos
precatórios, haja vista que este apenas se refere às obrigações de pagar quantia
certa. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.

(RE 573872, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em


24/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-204 DIVULG 08-09-2017 PUBLIC 11-09-
2017)

v. Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

Poderá a Fazenda Pública alegar a incompetência do juízo da execução, não


do juízo da fase de conhecimento, por se tratar de questão já atingida pela coisa
julgada. Segundo Leonardo Cunha (2017, pg. 359):

Ainda que a sentença tenha sido proferida por juízo absolutamente incompetente,
não se permite mais que tal incompetência possa ser discutida após o trânsito em
julgado, salvo no âmbito da ação rescisória (CPC. art. 966, II). mas não no
cumprimento da sentença ou na impugnação apresentada pelo executado. Logo,
não é possível invocar tal vício na impugnação, sendo defeso ao juiz apreciar tal
incompetência.

vi. Qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição,
desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.

Necessário que tais causas sejam posteriores ao trânsito em julgado da


sentença exequenda. Assim, a prescrição. por exemplo, deve atingir a pretensão
executiva, e não a pretensão deduzida na demanda de conhecimento. (CUNHA,
2017, pg. 358).

Por outro lado, a Fazenda Pública pode, em sua impugnação, alegar uma
compensação superveniente, conforme já decidiu o STJ:

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PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. EMBARGOS À EXECUÇÃO.


EXCESSO DE EXECUÇÃO. COMPENSAÇÃO COM O VALOR APURADO NA
DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. POSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA.
1. "É perfeitamente admissível a discussão quanto à compensação da quantia
objeto da restituição do indébito tributário com valores recolhidos em período
anterior sob o mesmo título, em execução fundada em título judicial. Interpretação
do art. 741, VI, do CPC." (EREsp 779.917/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira
Seção, DJ de 01.08.2006). 2. Recurso Especial provido.

(REsp 948.918/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado


em 14/08/2007, DJ 21/09/2007, p. 305)

b) Da coisa julgada inconstitucional

Há, ainda, mais uma hipótese de impugnação do título executivo judicial


pela Fazenda Pública: a alegação de que a decisão fora fundada em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Nesta
hipóteses, o título executivo seria inexigível, tal qual previsto no inciso III, do
artigo 535, do CPC.

§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se


também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em
lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em
controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poder ão
ser modulados no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.
§ 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5o deve ter sido proferida
antes do trânsito em julgado da decisão exequenda.
§ 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após o trânsito em julgado da
decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em
julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Chama atenção no Novo CPC que a declaração de inconstitucionalidade da
lei ou ato normativo, poderá ser estabelecida em sede de controle concentrado
ou difuso, conforme parte final do parágrafo 5º.

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Trata-se de dispositivo muito criticado, mas que se revela afinado com o


reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal do caráter expansivo de algumas
decisões, em que pese não adotar peremptoriamente a abstrativização do
controle difuso.

Por outro lado, o artigo 27, da Lei 9.868/99 estabelece a possibilidade do


Supremo modular os efeitos da decisão, mostrando-se o alinhamento entre tal
dispositivo e o previsto no parágrafo 6º:

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em


vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

Ademais (CUNHA, 2017, pg. 352):

a pretensão executiva somente pode ter sua eficácia encoberta se o posicionamento


do STF for anterior à sua prolação, de modo que ela tenha sido proferida com um
defeito genético: já surgiu. em desconformidade com a orientação do STF. Tanto é
assim que o parágrafo 7° do art. 535 do CPC dispõe que "[a] decisão do Supremo
Tribunal Federal referida no parágrafo 5º deve ter sido proferida antes do trânsito
em julgado da decisão exequenda"':

Por outro lado, acaso a decisão de inconstitucionalidade seja proferida após


o trânsito em julgado da decisão exequenda, poderá a Fazenda Pública discutir
sua aplicabilidade por meio de ação rescisória. Ressalte-se que o prazo desta será
contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal.

c) Do procedimento

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A impugnação poderá ser rejeitada liminarmente ou processada e, ao final,


rejeitada. Em ambas as hipóteses, o recurso cabível será o agravo de
instrumento, nos termos do parágrafo único, do artigo 1.015 do CPC:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de
sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

Por outro lado, acaso a impugnação seja acolhida para extinguir a


execução, o recurso cabível será a apelação. Leonardo Cunha aponta ainda mais
uma hipótese (2017, pg. 347):

Caso, porém, a impugnação seja acolhida apenas para diminuir o valor da execução
ou suprimir alguma parcela cobrada, não será caso de extinção da execução. Nessa
hipótese, o cumprimento da sentença deve prosseguir, com um valor menor.
Cabível então, agravo de instrumento, e não apelação.

E arremata:

Julgado o agravo de instrumento ou a apelação, caberão recurso especial e


extraordinário, desde que presentes seus requisitos específicos. De todas as
decisões cabem, desde que haja omissão, obscuridade, contradição ou erro
material, embargos de declaração.

d) Da ausência ou rejeição da impugnação

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Não sendo apresentada impugnação ou sendo a mesma julgada


improcedente, deverá ser adotada a sistemática prevista no parágrafo 3º, incisos
I e II, do artigo 535, do CPC:

§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:


I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório
em favor do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi
citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado
no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito
na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.

Procede-se, portanto, à inscrição do precatório ou da Requisição de


Pequeno Valor (RPV)

1.3 – Execução de quantia certa fundada em Título


Extrajudicial

Sendo extrajudicial o título que se está executando em face da Fazenda


Pública, aplica-se o rito previsto no artigo 910 do CPC:

Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será


citada para opor embargos em 30 (trinta) dias.
§ 1o Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar,
expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente,
observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal.
§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria
lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535.

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Ressalte-se que há muito se discutia a possibilidade de execução de título


executivo extrajudicial em face da Fazenda Pública, tema que fora superado pelo
STJ através da Súmula 279 e positivado no novo CPC:

Súmula 279 – STJ - É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda
Pública.

Nesta hipótese também será necessária a observância do rito de


pagamento mediante precatório ou Requisição de Pequeno Valor. Assim (CUNHA,
2017, pg. 360):

Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública não é citada para


pagar ou expor-se à penhora, mas para, em trinta dias, opor embargos (CPC, art.
910). Não opostos os embargos ou transitada em julgado a decisão que os inadmitir
ou rejeitar deverá ser expedido precatório ou RPV seguindo-se com a observância
das normas contidas no art. 100 da Constituição Federal.

Enquanto na impugnação da execução de título judicial, as matérias


passíveis de serem alegadas são restritas às previstas no artigo 535 do CPC, nos
embargos à execução de título extrajudicial, a Fazenda Pública poderá alegar
qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de
conhecimento (§ 2º, art. 910).

Ademais, aqui a Fazenda Pública será citada para apresentar embargos no


prazo de 30 (trinta) dias, enquanto na execução de título judicial, o ente público
será intimado para impugnar a execução.

Exatamente por sujeitar-se a Fazenda Pública ao cumprimento da obrigação


de pagar pela via do precatório ou RPV, os embargos à execução terão efeito
suspensivo automático, independente de penhora ou garantia do juízo.

Deve, pois, o juiz determinar a intimação do embargado para se manifestar


no prazo de quinze dias, julgando ou marcando audiência em seguida. Encerrada
a instrução, deverá o juiz proferir sentença:

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Art. 920. Recebidos os embargos:


I - o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias;
II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência;
III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.

Tal sentença não exige a remessa necessária, conforme pacificado pelo


Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.


NÃO OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 475 DO CPC E DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. OCORRÊNCIA. DESCABIMENTO DE REMESSA NECESSÁRIA DE
SENTENÇA QUE JULGA IMPROCEDENTES OS EMBARGOS À EXECUÇÃO OPOSTOS
PELA FAZENDA PÚBLICA. PRECEDENTES. RECURSO VOLUNTÁRIO CONHECIDO.
EFEITO TRANSLATIVO. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE QUESTÕES DE ORDEM
PÚBLICA. COISA JULGADA. OCORRÊNCIA. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA
QUE HOMOLOGOU OS CÁLCULOS EM LIQUIDAÇÃO. (...)
3. Quanto à alegada divergência jurisprudencial e violação do art. 475 do CPC,
assiste razão à recorrente, tendo em vista que o Tribunal de origem contrariou o
entendimento desta Corte Superior, a qual entende que a sentença que rejeita
ou julga improcedentes os embargos à execução opostos pela Fazenda
Pública não está sujeita ao reexame necessário. (...)
7. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 1107662/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 23/11/2010, DJe 02/12/2010)

De acordo com o artigo 1.012, parágrafo 1º, inciso III, do CPC, a apelação
interposta contra sentença que extingue sem resolução do mérito ou julga
improcedentes os embargos do executado, não terá efeito suspensivo.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
(...)
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do
executado;

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Ocorre que, em razão do cumprimento das obrigações de pagar impostas


à Fazenda Pública serem necessariamente processados pela via do precatório ou
da Requisição de Pequeno Valor, tem-se que tal dispositivo não se aplica a
execuções por quantia certa manejadas em face da Fazenda Pública.

Neste caso, a apelação interposta pelo ente público será dotada de efeito
suspensivo.

1.4 – Ação Monitória proposta em face da Fazenda Pública

Quanto ao cabimento da ação monitória em face da Fazenda Pública,


segundo Guilherme Barros (2015, pg. 317):

Houve intensa discussão doutrinária e jurisprudencial (...), diante do modelo de


pagamento de dívidas adotado no nosso sistema jurídico, o precatório (CR, art.
100). Aqueles contrários ao cabimento da ação monitória sustentavam ainda a falta
de interesse de agir no procedimento em face do Estado, uma vez que o ente
público não pode atender voluntariamente ao mandado de pagamento.

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento pelo


cabimento da demanda nos termos da Súmula 339:

Súmula 339 – STJ - É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

Já o Novo CPC positivou o entendimento pacífico no parágrafo 6º, do artigo


700 que expressamente afirma ser admissível a ação monitória em face da
Fazenda Pública.

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base
em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor
capaz:

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I - o pagamento de quantia em dinheiro;


II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
(...)
§ 6o É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.

1.5 – Do Precatório

Os débitos da Fazenda Pública serão pagos de duas formas: através de


precatórios ou de Requisição de Pequeno Valor (RPV). Analisaremos neste tópico
os precatórios para, na sequência, analisarmos as RPVs.

a) Considerações Iniciais

De acordo com o artigo 100, da Constituição Federal, a ferramenta a ser


utilizada para o pagamento das dívidas da Fazenda Pública será o precatório,
expedido pelo juiz da execução, nos casos de não apresentação ou de trânsito
em julgado da decisão que inadmitir ou rejeitar a impugnação ou os embargos
opostos.

Assim (PEIXOTO, 2015, pg. 329):

O juízo da execução elabora o precatório e faz o seu encaminhamento ao Presidente


do Tribunal ao qual se submete a decisão exequenda. Este magistrado, por outro
lado, repassa a requisição de pagamento ao ente público, para inclusão na lei
orçamentária do ano subsequente.

O artigo 100 e seus parágrafos 1º e 2º preveem a ordem de pagamento


dos precatórios:

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Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,


Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de
2009)

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de


salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e
serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009).

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos


de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de
doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos
os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do
disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade,
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do
precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
*** ATENTEM ÀS ALTERAÇÕES DA EC 94/2016 AO FIM DA AULA****

Todas as possibilidades previstas nestes dispositivos exigem a inscrição do


débito em precatório, contudo, haverá listas diferentes com prioridades
diferentes. Neste sentido:

Súmula 144 – STJ - Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência,


desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza
diversa.

Súmula 655 – STF - A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em


favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório,
limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios
decorrentes de condenações de outra natureza.

Possível identificarmos, portanto, três listas para pagamento de


precatórios:

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i. Lista das pessoas que possuam 60 (sessenta) anos de idade ou mais


na data da expedição do precatório1 OU sejam portadores de doença
grave, até o valor de 03 vezes o estipulado como Requisição de
Pequeno Valor, desde que o crédito seja de natureza alimentícia
(parágrafo 2º, artigo 100, CF);

Nesta hipótese será permitido o fracionamento do precatório, sendo


a diferença paga na forma dos créditos ordinários.

ii. Créditos de natureza alimentar, conforme previsão do parágrafo 1º,


do artigo 100;

iii. Créditos ordinários;

Algumas observações são necessárias.

Em primeiro lugar, quando da apreciação da ADI 4357, o Supremo Tribunal


Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “na data de expedição do
precatório” prevista no parágrafo 2º, do artigo 100, da CF.

É que tal restrição fere o princípio da igualdade, sendo certo que a


preferência deve ser estendida a todos os credores que completem 60 (sessenta)
anos na pendência de pagamento de precatório de natureza alimentícia.

Por outro lado, a preferência deve ser observada tanto sob o critério
temporal como sob o critério de qualidade. Segundo Guilherme Barros (20156,
pg. 190):

é preciso ter claro que a ordem vale para cada ano de pagamento, ou seja, na lista
de precatórios a ser quitados de 2009, segue-se essa ordem, desde que todos do
ano anterior já tenham sido quitados. Quer dizer, a ordem de pagamento de
precatório é (i) temporal (do mais antigo para o mais recente) e (ii) qualitativo
(alimentares de idoso e portadores de doença grave até certo valor, alimentares e
ordinários)

1
Trecho declarado inconstitucional pelo STF na ADI 4357.

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Neste sentido:

CONSTITUCIONAL - RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA - PRECATÓRIOS DE


NATUREZAS DIVERSAS - PAGAMENTO DE PRECATÓRIO COMUM ANTES DE
PRECATÓRIO ALIMENTAR - VENCIMENTO ANTERIOR DO PRECATÓRIO COMUM -
INOCORRÊNCIA DE QUEBRA DA ORDEM DE PREFERÊNCIA - RECURSO NÃO
PROVIDO.
A ordem cronológica deve ser averiguada dentro de cada uma das classes de
precatórios: comum ou alimentar.
O pagamento de precatório comum antes do de natureza alimentar não representa
quebra da ordem de preferência constitucionalmente estabelecida, quando têm
vencimentos distintos.
Hipótese em que o precatório comum está datado de 2003 e o alimentar de 2005.
Se não houve preterição no pagamento não se pode falar de sequestro de recursos
públicos para pagamento coercitivo. Recurso ordinário não provido.
(RMS 35.089/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/04/2013, DJe 17/04/2013)

Por fim, a análise da condição do direito de preferência previsto para idosos


cujo crédito seja de natureza alimentar é personalíssima. Em caso de falecimento
do credor, ainda que seus herdeiros também sejam maiores de sessenta anos,
referido crédito deverá ser realocado na lista ordinária de precatórios, desprovido
de qualquer preferência.

Neste sentido:

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. PRECATÓRIO. DIREITO DE PREFERÊNCIA


DE IDOSOS. ART. 100, § 2º DA CF E ART. 97, § 18 DOS ADCT COM A REDAÇÃO DA
EC 62/2009. EXTENSÃO AOS SUCESSORES. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO
EM SINTONIA COM A RES. 115/2010 DO CNJ. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E
CERTO.
1. Cuida-se de recurso ordinário interposto contra acórdão que denegou a
segurança ao pleito mandamental de extensão do direito de preferência no
pagamento de precatórios aos idosos; alegam os recorrentes que, por serem
herdeiros e, também, idosos, possuem o mesmo direito - com base no art. 100, §
2º da Constituição Federal - outorgado ao titular falecido.
2. Os dispositivos constitucionais - introduzidos pela Emenda Constitucional n.
62/2009 - mencionam que o direito de preferência será outorgado aos "titulares
que tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do
precatório" (art. 100, § 2º) e aos "titulares originais de precatórios que tenham

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completado 60 (sessenta) anos de idade até a data da promulgação desta Emenda


Constitucional" (art. 97, § 18); bem se nota que a referência expressa somente
atinge aos titulares originários dos precatórios e não aos sucessores.
3. O postulado direito de preferência no pagamento de precatórios não
pode ser estendido, uma vez que possui caráter personalíssimo, tal como
se infere aos dispositivos da Constituição Federal nos quais está previsto;
tal interpretação encontra amparo, ainda, no art. 10, § 2º da Resolução n.
115/2010 do CNJ - Conselho Nacional de Justiça.
Recurso ordinário improvido.
(RMS 44.836/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 20/02/2014, DJe 27/02/2014)

b) Da definição do crédito de natureza alimentícia

O parágrafo 1º, do artigo 100 define o conteúdo do crédito de natureza


alimentícia como salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por
invalidez, fundadas em responsabilidade civil.

Tal rol é exemplificativo ou taxativo?

Segundo decidiu o Supremo Tribunal Federal, tal rol é exemplificativo,


sendo necessário incluir-se no conceito os honorários advocatícios e periciais, eis
que remuneram o profissional, tal qual “salários e vencimentos”.

É que (BARROS, 2015, pg. 192):

A verba honorária é sempre alimentar, independentemente da natureza do débito


fixado pelo juízo para a parte vencedora da demanda. O conceito de verba honorária
engloba tanto os honorários sucumbenciais, fixados pelo juízo, quanto os
contratuais, acertados entre o causídico e o cliente.

Assim os advogados podem receber seus honorários segundo o regime


correspondente ao respectivo valor, independente da verba devida ao cliente.
Necessário apenas que se junte o respectivo contrato antes da expedição do

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precatório que será destacada a verba correspondente a honorários e a verba


relativa aos valores do cliente.

Ressalte-se que o parágrafo 8º, do artigo 100, da CF, veda o fracionamento


do precatório para fins de enquadramento da verba em uma categoria
diferenciada.

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de


valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução
para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Contudo, a hipótese dos honorários advocatícios não se inclui nesta


restrição. É que, conforme preceitua o Estatuto da Advocacia, a verba honorária
pertence ao advogado e não ao cliente, razão pela qual tem-se requisições de
pagamento diferenciadas. Nesta hipótese, os honorários poderão, inclusive, ser
pagos mediante Requisição de Pequeno Valor, acaso a soma se enquadre em tal
hipótese.

Assim:

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N.
8/2008. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
DESMEMBRAMENTO DO MONTANTE PRINCIPAL SUJEITO A PRECATÓRIO. ADOÇÃO
DE RITO DISTINTO (RPV). POSSIBILIDADE. DA NATUREZA DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS.
1. No direito brasileiro, os honorários de qualquer espécie, inclusive os de
sucumbência, pertencem ao advogado; e o contrato, a decisão e a sentença que os
estabelecem são títulos executivos, que podem ser executados autonomamente,
nos termos dos arts. 23 e 24, § 1º, da Lei 8.906/1994, que fixa o estatuto da Ordem
dos Advogados do Brasil.
2. A sentença definitiva, ou seja, em que apreciado o mérito da causa, constitui,
basicamente, duas relações jurídicas: a do vencedor em face do vencido e a deste
com o advogado da parte adversa. Na primeira relação, estará o vencido obrigado
a dar, fazer ou deixar de fazer alguma coisa em favor do seu adversário processual.
Na segunda, será imposto ao vencido o dever de arcar com os honorários
sucumbenciais em favor dos advogados do vencedor.

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3. Já na sentença terminativa, como o processo é extinto sem resolução de mérito,


forma-se apenas a segunda relação, entre o advogado e a parte que deu causa ao
processo, o que revela não haver acessoriedade necessária entre as duas relações.
Assim, é possível que exista crédito de honorários independentemente da existência
de crédito "principal" titularizado pela parte vencedora da demanda.
4. Os honorários, portanto, constituem direito autônomo do causídico, que poderá
executá-los nos próprios autos ou em ação distinta.
5. Diz-se que os honorários são créditos acessórios porque não são o bem da vida
imediatamente perseguido em juízo, e não porque dependem de um crédito dito
"principal". Assim, não é correto afirmar que a natureza acessória dos honorários
impede que se adote procedimento distinto do que for utilizado para o crédito
"principal". Art. 100, § 8º, da CF.
6. O art. 100, § 8º, da CF não proíbe, nem mesmo implicitamente, que a execução
dos honorários se faça sob regime diferente daquele utilizado para o crédito dito
"principal". O dispositivo tem por propósito evitar que o exequente se utilize de
maneira simultânea - mediante fracionamento ou repartição do valor executado -
de dois sistemas de satisfação do crédito (requisição de pequeno valor e
precatório).
7. O fracionamento vedado pela norma constitucional toma por base a titularidade
do crédito. Assim, um mesmo credor não pode ter seu crédito satisfeito por RPV e
precatório, simultaneamente. Nada impede, todavia, que dois ou mais credores,
incluídos no polo ativo da mesma execução, possam receber seus créditos por
sistemas distintos (RPV ou precatório), de acordo com o valor que couber a cada
qual.
8. Sendo a execução promovida em regime de litisconsórcio ativo voluntário, a
aferição do valor, para fins de submissão ao rito da RPV (art. 100, § 3º da CF/88),
deve levar em conta o crédito individual de cada exequente. Precedentes de ambas
as Turmas de Direito Público do STJ.
9. Optando o advogado por executar os honorários nos próprios autos, haverá
regime de litisconsórcio ativo facultativo (já que poderiam ser executados
autonomamente) com o titular do crédito dito "principal".
10. Assim, havendo litisconsórcio ativo voluntário entre o advogado e seu cliente,
a aferição do valor, para fins de submissão ao rito da RPV, deve levar em conta o
crédito individual de cada exequente, nos termos da jurisprudência pacífica do STJ.
11. O fracionamento proscrito pela regra do art. 100, § 8º, da CF ocorreria apenas
se o advogado pretendesse receber seus honorários de sucumbência parte em
requisição de pequeno valor e parte em precatório. Limitando-se o advogado a
requerer a expedição de RPV, quando seus honorários não excederam ao teto legal,
não haverá fracionamento algum da execução, mesmo que o crédito do seu cliente
siga o regime de precatório. E não ocorrerá fracionamento porque assim não pode
ser considerada a execução de créditos independentes, a exemplo do que acontece
nas hipóteses de litisconsórcio ativo facultativo, para as quais a jurisprudência
admite que o valor da execução seja considerado por credor individualmente
considerado. RE 564.132/RS, submetido ao rito da repercussão geral 12. No RE
564.132/RS, o Estado do Rio Grande do Sul insurge-se contra decisão do Tribunal
de Justiça local que assegurou ao advogado do exequente o direito de requisitar os
honorários de sucumbência por meio de requisição de pequeno valor, enquanto o
crédito dito "principal" seguiu a sistemática dos precatórios. Esse recurso foi

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submetido ao rito da repercussão geral, considerando a existência de interpretações


divergentes dadas ao art. 100, § 8º, da CF.
13. Em 3.12.2008, iniciou-se o julgamento do apelo, tendo o relator, Ministro Eros
Grau, negado provimento ao recurso, acompanhado pelos votos dos Ministros
Menezes Direito, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Brito. O
Ministro Cezar Peluso abriu a divergência ao dar provimento ao recurso. Pediu vista
a Ministra Ellen Gracie. Com a aposentadoria de Sua Excelência, os autos foram
conclusos ao Min. Luiz Fux em 23.4.2012.
14. Há, portanto, uma maioria provisória, admitindo a execução de forma autônoma
dos honorários de sucumbência mediante RPV, mesmo quando o valor "principal"
seguir o regime dos precatórios.
15. Não há impedimento constitucional, ou mesmo legal, para que os honorários
advocatícios, quando não excederem ao valor limite, possam ser executados
mediante RPV, ainda que o crédito dito "principal" observe o regime dos precatórios.
Esta é, sem dúvida, a melhor exegese para o art. 100, § 8º, da CF, e por tabela
para os arts. 17, § 3º, da Lei 10.259/2001 e 128, § 1º, da Lei 8.213/1991, neste
recurso apontados como malferidos.
16. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC
e da Resolução STJ n. 8/2008.
(REsp 1347736/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN
BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/10/2013, DJe 15/04/2014)

Neste sentido, inclusive, tem-se a Súmula Vinculante 47, do STF:

Súmula Vinculante 47 – STF - Os honorários advocatícios incluídos na condenação


ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de
natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa
natureza.

c) Dos juros e correção monetária

De acordo com o parágrafo 5º, do artigo 100, da Constituição Federal, o


precatório precisa ser inscrito até o dia 1º de julho do respectivo ano para que
seja previsto no orçamento do ano seguinte e pago até o dia 31 de dezembro do
ano subsequente à inscrição. Por outro lado, acaso os créditos sejam inscritos
após 1º de julho, haverá a perda de um exercício financeiro, devendo o precatório
ser inscrito no orçamento do ano seguinte.

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No momento do pagamento, os valores serão corrigidos monetariamente.

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de


verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas
em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho,
fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009).

Por outro lado, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, não
haverá a incidência de juros moratórios durante o período compreendido entre a
inscrição do precatório e o efetivo pagamento, acaso realizado dentro do prazo
previsto na Constituição.

Isto porque os juros incidem em razão da mora do devedor, sendo certo


que apenas o atraso no pagamento é que gerará a necessidade de se computarem
juros no valor da dívida. Assim (CUNHA, 2017, pg. 370):

No caso do precatório, já se viu que, uma vez inscrito até o dia 1º. de julho, o
crédito correspondente deve ser pago até o final do exercício seguinte. Então, a
Fazenda Pública dispõe desse prazo para efetuar o pagamento. Realizado o
pagamento nesse período constitucionalmente fixado, não há mora; assim, não
havendo falar em cômputo de juros.

Tal entendimento fora pacificado pelo STF através da Súmula Vinculante


de número 17:

Súmula Vinculante 17 – STF - Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo


100 da Constituição 2, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele
sejam pagos.

2
Com a Emenda Constitucional nº 62/2009, a regra disposta anteriormente no parágrafo 1º do
art. 100 da Constituição Federal passou a figurar no parágrafo 5º do mesmo artigo, com a
seguinte redação: "§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público,
de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em
julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)."

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Assim, os juros moratórios apenas incidirão a partir do atraso do


pagamento do precatório, ou seja, decorrido o exercício financeiro, e não tendo
sido pago, a partir de janeiro do ano seguinte deverá iniciar o cômputo dos juros,
conforme tabela explicativa sugerida por Guilherme Barros (2015, pg. 199):

Período de
apresentação do Período de pagamento Incidência da mora
precatório

01/01/2017 a Inclusão no orçamento para


Janeiro de 2019
01/07/2017 pagamento até 31/12/2018

02/07/2017 a Inclusão no orçamento para


Janeiro de 2020
31/12/2017 pagamento até 31/12/2019

Além disso, segundo Leonardo Cunha (2017, pg. 371):

Para que esses juros sejam pagos, será preciso haver a expedição de um precatório
complementar, pois não se podem agregar valores num precatório já inscrito.
Antes, porém, de se expedir o precatório complementar deverá o credor apresentar
sua conta, em que demonstra o valor devido a título de juros, sendo intimada a
Fazenda Pública para sobre ela pronunciar-se, depois do que será expedido o
precatório complementar.

Mas atenção!

Entre a elaboração dos cálculos pela contadoria judicial e a efetiva


expedição de precatórios, há um razoável lapso temporal que pode ser
preenchido com a impugnação dos cálculos pela Fazenda Pública, por exemplo.
Durante este período, o STF entende que também haverá a incidência de juros
de mora (antes da expedição do precatório):

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JUROS DA MORA – FAZENDA PÚBLICA – DÍVIDA – REQUISIÇÃO OU PRECATÓRIO.


Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou
do precatório.

(RE 579431, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em


19/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-145
DIVULG 29-06-2017 PUBLIC 30-06-2017)

Por fim, em o parágrafo 12, do artigo 100 (acrescido pela EC 62/2009)


previu que, em caso de mora, o pagamento dos juros será feito observando-se a
incidência de juros simples no percentual aplicável à caderneta de poupança:

§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de


valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Conforme parte final do dispositivo, não haverá incidência de juros


compensatórios, mas apenas de juros moratórios (em razão da mora do
devedor). É que os juros compensatórios - acaso deferidos - farão parte do débito
principal até o momento da expedição do precatório, não sendo mais devidos a
partir de tal momento.

O STF declarou a inconstitucionalidade de parte do dispositivo por entender


que os índices ali previstos não eram suficientes para recompor a perda
inflacionária, sendo necessária a adoção de índices que recomponham as perdas
do particular, sob pena de violação da coisa julgada.

Assim, em créditos tributários, por exemplo, necessário que a Fazenda


aplique os mesmos índices que são aplicáveis ao contribuinte, quando este é o
devedor, sob pena de se ferir a isonomia.

Por arrastamento, também foi declarado inconstitucional o artigo


1º-F, da Lei 9.494/97:

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Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de


sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e
compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento,
dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960, de 2009)

Ao modular os efeitos da decisão, o STF assim pacificou a matéria:

Ementa: QUESTÃO DE ORDEM. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DE DECISÃO


DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI 9.868/99, ART. 27).
POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE ACOMODAÇÃO OTIMIZADA DE VALORES
CONSTITUCIONAIS CONFLITANTES. PRECEDENTES DO STF. REGIME DE
EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 62/2009. EXISTÊNCIA DE RAZÕES DE SEGURANÇA JURÍDICA
QUE JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO TEMPORÁRIA DO REGIME ESPECIAL NOS
TERMOS EM QUE DECIDIDO PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
(...)
3. Confere-se eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos
seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do
julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os
precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber:
(i) fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta
de poupança (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até
25.03.2015, data após a qual (a) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (b) os precatórios
tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública
corrige seus créditos tributários; e
(ii) ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração
pública federal, com base nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e nº 13.080/15, que
fixam o IPCA-E como índice de correção monetária.
(...)
(ADI 4425 QO, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-152 DIVULG 03-08-2015 PUBLIC 04-08-2015)

Em resumo, entendeu o Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento


da ADI 4425 que o artigo 1º-F, da Lei 9.494/97 não poderia permitir a correção
e incidência de juros em precatórios já inscritos e não pagos no prazo
constitucional em patamares idênticos para créditos tributários e créditos não
tributários.

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Isto porque os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios


pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários, sob pena de
ofensa ao princípio da isonomia.

Recente Decisão – Atualização de Condenações

Em nova análise do dispositivo legal, o Supremo Tribunal Federal assentou


que o julgamento da ADI 4425 não exauriu por completo a discussão em torno
do artigo 1º-F, da Lei 9.494/97. Isto porque naquele julgamento, o STF limitou-
se a analisar a constitucionalidade da correção e dos juros incidentes sobre
precatórios não pagos.

No mais recente caso – divulgado no Informativo 878 – o Supremo apreciou


a constitucionalidade do dispositivo em relação a toda e qualquer atualização de
condenações impostas à Fazenda Pública.

Em essência, a discussão era a mesma: a parte do artigo 1º-F, da Lei


9.494/97 que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da
Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de
relação jurídico-tributária.

Isto porque quando a Fazenda Pública cobra os créditos tributários, esta


aplica índices de correção e juros bem superiores aos previstos na Lei 9.494/97
(caderneta de poupança).

Assim, o Poder Público quando pretende receber um crédito tributário não


pago pelo contribuinte poderia atualizá-lo segundo índices de correção
vantajosos. Contudo, quando o contribuinte eventualmente pagasse um
determinado crédito tributário equivocadamente, a sua repetição apenas poderia
ser corrigida em índices limitados à caderneta de poupança.

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O Supremo Tribunal Federal, então, reafirmando o entendimento proferido


na ADI 4425 entendeu que referido entendimento fere o princípio da isonomia: a
mesma relação jurídica seria tratada de forma diferente a depender de quem
pretendesse receber o crédito:

CF: “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes”.

O STF decidiu, então, que:

O art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte
em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública,
é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária,
aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda
Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da
isonomia [CF, art. 5º, “caput”]

Quanto à possibilidade de aplicação do índice da caderneta de poupança às


correções de condenações impostas em relações não tributárias, o STF entendeu
inexistir qualquer inconstitucionalidade:

quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos


juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é
constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei
nº 9.494/1997 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009.

d) Da Natureza da atuação do Presidente do Tribunal

Transitada em julgado a execução, o juiz determinará a expedição de


precatório ao presidente do respectivo Tribunal. A questão que se faz, contudo,

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é: qual a natureza jurídica da atuação do Presidente do Tribunal durante o


processamento do precatório: administrativa ou judicial?

A competência do Presidente está delineada nos parágrafos 6º e 7º, do artigo


100, da CF:

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados


diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a
decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento
do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de
precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do
seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissiv o,
retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime
de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
De acordo com o posicionamento pacífico da jurisprudência, a natureza da
atuação do presidente do tribunal é administrativa, nos termos da Súmula 311
do STJ:

Súmula 311 – STJ - Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre


processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional.

Assim (CUNHA, 2017, pg. 369):

Exatamente porque é administrativa a atividade do Presidente do tribunal na


condução do precatório, as questões incidentais, na execução em face da Fazenda
Pública, devem ser resolvidas pelo juízo que julgou a causa em primeiro grau. De
fato, questões pendentes ou que surgirem após a expedição do precatório, tais
como impugnação de juros ou de acréscimos indevidos, ou, ainda, a postulação de
correção monetária não inserida no precatório, devem ser resolvidas pelo juízo de
primeiro grau, cabendo ao Presidente do tribunal apenas processar o precatório
requisitório expedido por ordem daquele.

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Ademais, não será cabível recurso especial ou extraordinário em face da


decisão proferida pelo Presidente do Tribunal quanto ao processamento de
precatórios, exatamente porque desprovida de conteúdo judicial:

Súmula 733 – STF - Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no
processamento de precatórios.

e) Da compensação de valores de precatórios

A Emenda Constitucional 62/2009 inseriu os parágrafos 9º e 10º ao artigo


100 que permitem a compensação do valor devido a título de precatório com
créditos devidos pelo seu titular ao Estado.

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de


regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor
correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e
constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas
parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja
suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública


devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições
estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).

Segundo tais dispositivos (CUNHA, 2017, pg. 388):

antes de expedir o precatório ao Presidente .do respectivo tribunal, o juiz da


execução deve solicitar à Fazenda Pública devedora informações sobre débitos
líquidos e certos. inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o exequente.
Informada a existência desses débitos, seu valor correspondente deverá ser
abatido, a título. de compensação, do montante do precatório, de forma que este
seja inscrito pela diferença, já se satisfazendo, assim, o crédito que a Fazenda
Pública devedora mantém em face do exequente.

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Ocorre que o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional parte do


dispositivo, eis que haveria superioridade processual indevida da parte pública,
sem respeito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa.

O STF reconheceu como válidas as compensações efetivadas até


25.03.2015, data a partir da qual não deverá o juiz observar o procedimento
previsto nos parágrafos 9 e 10. Assim, o juiz já deve expedir o precatório sem
determinar a intimação da Fazenda Pública para que esta informe se há débitos
do exequente a serem compensados.

4. A compensação dos débitos da Fazenda Pública inscritos em precatórios, previsto


nos §§ 9º e 10 do art. 100 da Constituição Federal, incluídos pela EC nº 62/09,
embaraça a efetividade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV), desrespeita a coisa
julgada material (CF, art. 5º, XXXVI), vulnera a Separação dos Poderes (CF, art.
2º) e ofende a isonomia entre o Poder Público e o particular (CF, art. 5º, caput),
cânone essencial do Estado Democrático de Direito (CF, art. 1º, caput).
(ADI 4357, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX,
Tribunal Pleno, julgado em 14/03/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-188 DIVULG
25-09-2014 PUBLIC 26-09-2014)

A compensação dos créditos seria, pois, um direito do particular e não uma


prerrogativa do Poder Público.

f) Da utilização de precatórios para compra de imóveis


públicos

Acaso haja lei específica do ente público, poderá o credor, a seu critério,
utilizar seu crédito de precatório para adquirir bens públicos, nos termos do
parágrafo 11, do artigo 100, da CF:

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§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa


devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos
do respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Conforme lição de Leonardo Cunha (2017, pg. 389):

Já se viu que a falta de alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do


seu débito permite ao credor requerer ao Presidente do Tribunal o sequestro da
correspondente verba pública. Em vez de requerer tal sequestro poderá o credor,
se houver lei específica a esse respeito, utilizar seu crédito pata a compra de imóvel
público. É exatamente isso que prevê o parágrafo 11 do art. 100 da Constituição
Federal.

g) Da Cessão de Precatórios

De acordo com os parágrafos 13 e 14 do artigo 100, da Constituição


Federal, o credor de precatório poderá optar por ceder seu direito creditório a
terceiro.

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a


terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao
cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009).

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por


meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Destaca-se que se trata de um negócio jurídico firmado entre particulares


que não depende da aquiescência do ente público. Além disso, a transferência do
crédito a terceiros importa na perda da qualificação do crédito como sendo
alimentício ou de requisição de pequeno valor (art. 100, parágrafo 13). O débito

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será pago na ordem cronológica dos créditos ordinários. (BARROS, 2015, pg.
208).

Necessário apenas que seja informado o Presidente do Tribunal para que


realize os procedimentos necessários à cessão do crédito.

Além disso, em razão do disposto no artigo 5º, da EC 62/2009, ficam


convalidadas todas as cessões de precatórios efetuadas antes da sua
promulgação, independentemente da concordância da entidade devedora.

h)Do sequestro de verbas públicas

Acaso o crédito inscrito em precatório não seja pago no prazo estabelecido


na Constituição Federal, além dos juros moratórios haverá também a
consequência prevista no parágrafo 6º, do artigo 100:

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados


diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a
decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento
do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de
precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do
seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).

Poderá o Presidente do Tribunal, após requerimento do credor preterido,


deferir o sequestro de verbas públicas em casos de:

i. Preterição do direito de preferência, ou;

ii. Não alocação orçamentária suficiente para a satisfação do débito;

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Segundo Guilherme Barros (2015, pg. 208):

Embora o instituto do sequestro, no Código de Processo Civil, possua natureza


acautelatória, a doutrina é unânime no sentido de que essa medida, no âmbito da
requisição de precatório, tem natureza satisfativa, pois o credor preterido
efetivamente recebe o que lhe era devido.

i) Da Intervenção Federal e Estadual

De acordo com os artigos 34 e 35 da Constituição Federal, o


inadimplemento do ente público em relação aos precatórios é causa de
decretação de intervenção.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,
salvo motivo de força maior;

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada;

A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que não será decretada a


intervenção quando ausente o dolo específico da decisão que obriga o pagamento
do precatório. Assim, a ausência de recursos suficientes para cumprimento da
obrigação é causa de afastamento da intervenção. Neste sentido:

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EMENTA: INTERVENÇÃO FEDERAL. Pagamento de precatório judicial.


Descumprimento voluntário e intencional. Não ocorrência. Inadimplemento devido
a insuficiência transitória de recursos financeiros. Necessidade de manutenção de
serviços públicos essenciais, garantidos por outras normas constitucionais. Agravo
improvido. Precedentes. Não se justifica decreto de intervenção federal por
não pagamento de precatório judicial, quando o fato não se deva a omissão
voluntária e intencional do ente federado, mas a insuficiência temporária
de recursos financeiros.
(IF 4640 AgR, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO (Presidente), Tribunal Pleno,
julgado em 29/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 24-04-2012
PUBLIC 25-04-2012)

1.6 – Da Requisição de Pequeno Valor

De acordo com o parágrafo 3º, do artigo 100, da Constituição Federal, não


será necessária a expedição de precatório quando os débitos forem definidos em
lei como de pequeno valor.

O montante relativo ao que seria “pequeno valor” depende da legislação de


cada ente, sendo certo que o ente não pode estabelecer nenhum valor inferior ao
maior benefício do regime geral de previdência social.

§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não


se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor
que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada
em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores
distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de
previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Explica-se.

De acordo com a Lei 10.259/2011, serão considerados débitos de pequeno


valor para a União aqueles inferiores a sessenta salários mínimos – mesmo limite
de propositura de demandas nos juizados especiais federais.

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Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em


julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados
da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na
agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil,
independentemente de precatório.
§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali
definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório,
terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do
Juizado Especial Federal Cível (art. 3o, caput).

Assim, havendo condenação da União em valor inferior a sessenta salários


mínimos, o pagamento dispensa o precatório e será feito mediante requisição de
pequeno valor.

Já no âmbito dos Estados e Municípios, o estabelecimento dos limites


relacionados à definição de obrigação de pequeno valor depende de lei própria,
sendo o valor mínimo aquele atribuído ao teto do benefício do regime geral de
previdência social, atualmente fixado em R$. 5.531,31 (cinco mil quinhentos e
trinta e um reais e trinta e um centavos)3.

Ocorre que, ante a inércia legislativa de tais entes, enquanto não editada a
lei que estabelece os valores para se definir a Requisição de Pequeno Valor, serão
considerados os seguintes patamares:

i. 40 (quarenta) salários mínimos para Estados e Distrito Federal, e;

ii. 30 (trinta) salários mínimos para Municípios;

Trata-se de previsão contida no artigo 87 do ADCT:

3
Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/2017/01/beneficios-indice-de-reajuste-para-
segurados-que-recebem-acima-do-minimo-e-de-658-em-2017/

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Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o
art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados
de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras
pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição
Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham
valor igual ou inferior a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal;


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
Mas professor, poderá o Estado editar lei definindo como obrigação de
pequeno valor, um montante inferior ou superior a 40 (quarenta) salários
mínimos?

Sim. Tal referencial não vincula de nenhuma forma o Estado ou o Município,


podendo estes adotarem qualquer montante como obrigação de pequeno valor,
desde que superior ao teto do regime geral da previdência social.

Assim, havendo condenação da Fazenda Pública em valor inferior ao


definido como Requisição de Pequeno Valor, o pagamento dispensa o precatório
e será feito mediante tal requisição.

Contudo, ultrapassado tal valor, o pagamento será feito através de


precatório, salvo se a parte renunciar ao crédito excedente, para que possa optar
pelo pagamento do saldo sem precatório.

Artigo 87, ADCT.


Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o
pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte
exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo
pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art.
100.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Fato é que (BARROS, 2015, pg. 212):

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O processamento da requisição de pequeno valor é muito mais simples que o


precatório, porque não demanda inclusão orçamentária para pagamento em
momento posterior. O cumprimento é imediato.

Ressalte-se que o fracionamento do precatório para receber os valores em


várias RPVs é vedado pela Constituição Federal. Contudo, a renúncia ao
excedente é plenamente possível. A intenção da norma é exatamente evitar que
o exequente procure receber seus valores simultaneamente por dois mecanismos
de satisfação de crédito: a RPV para uma parte da dívida e o precatório para
outra.

Da mesma forma, não ocorrerá fracionamento da execução em hipóteses


de execução da parte incontroversa da dívida, conforme decidido pelo STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.


EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. PARCELA DA DÍVIDA NÃO-EMBARGADA.
VALOR INCONTROVERSO. EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO. CABIMENTO. AUSÊNCIA
DE DISSENSO PRETORIANO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO-PROVIDO.
1. Trata-se de agravo regimental apresentado pela União, com o objetivo de
desconstituir a decisão que reconheceu possível a expedição de precatório (em
razão do prosseguimento da execução) sobre a parcela do valor incontroverso (não
embargado) devido pela Fazenda Pública.
2. Não há, como se demonstrou na decisão agravada, nenhum óbice para
que, sobre a parte incontroversa da dívida da Fazenda Pública, seja
expedido precatório. Ao contrário, o art. 739, § 2º, do CPC, é expresso ao
autorizar esse procedimento. O artigo 100, § 1º, da Constituição Federal, de outro
vértice, de nenhum modo impede a continuidade da execução em tais casos. Limita-
se a determinar que os débitos, objeto de discussão em juízo, somente após o
trânsito em julgado da sentença, sejam incluídos em orçamento para fins de
expedição de precatório.
3. A execução da parcela da dívida que não mereceu impugnação da Fazenda deve
ter regular prosseguimento, sob pena de se interpretar de forma teratológica os
dispositivos legais que amparam a questão, em flagrante e direto prejuízo ao
cidadão, destinatário dos direitos albergados e, na hipótese, credor do Estado.
Precedentes: REsp 720.269/RS (DJ 05/09/2005, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana
Calmon; REsp 591.368/RR, DJ 25/102004, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux; Resp

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714.235/RS, DJ 09/05/2005, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido; Resp


714.235/RS, DJ 09/05/2005, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido.
4. Não há sobre a questão divergência pretoriana a ser dirimida, uma vez que é
reconhecida pela jurisprudência da Corte o cabimento e a possibilidade legal de
que, sobre a parcela incontroversa de valores devidos pela Fazenda Pública, haja
regular prosseguimento da execução e expedição de precatório.
5. Os argumentos de agravo não possuem o condão de ilidir a decisão agravada,
que dever ser mantida pelos seus próprios e jurídicos fundamentos.
6. Agravo regimental não-provido.
(AgRg nos EREsp 694.272/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 07/06/2006, DJ 01/08/2006, p. 337)

1.7 – Da cumulação de litisconsortes e RPV

Em casos de ações coletivas ou que vários são os autores, a expedição da


requisição de pequeno valor ou de precatório deve ser feita analisando-se
individualmente cada caso. É que em um processo onde há uma cumulação de
demandas, dever ser apreciada a forma de pagamento relativa a cada uma delas,
individualmente considerada.

Assim, em caso de litisconsórcio, deverá ser considerado o valor individual


de cada um deles, sendo feita a expedição de pagamento para cada um deles de
forma individualizada.

Possível, inclusive que, a depender dos valores de cada um, dois


litisconsortes diferentes que estejam litigando na mesma demanda recebam seus
valores através de procedimentos distintos: um através de precatório e ou outro
através de RPV. Neste sentido:

FAZENDA – TÍTULO JUDICIAL A REVELAR OBRIGAÇÕES DE DAR – PAGAMENTO


IMEDIATO. Enquadrando-se cada qual das obrigações contidas no título executivo
judicial na previsão do artigo 87 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
de 1988, não cabe a junção visando submeter os créditos a satisfação mediante
precatório – inteligência do artigo 100, § 3º e § 8º, da Carta Federal.

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(RE 634707, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em


17/04/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-086 DIVULG 03-05-2012 PUBLIC 04-05-
2012)

1.8 – Regime Especial da EC 62/2009

A Emenda Constitucional 62/2009 previu um regime especial para


pagamento de precatórios atrasados dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
A ideia era tentar adequar e regularizar as finanças dos entes, em especial em
razão do enorme débito referentes a precatórios atrasados e não pagos.

A EC criou o parágrafo 15, do artigo 100 que estabelece a previsão de lei


complementar criar o regime especial para pagamento de crédito de precatórios,
vinculando o pagamento à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação:

§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição
Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de
precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à
receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
Ao mesmo tempo, enquanto não editada a referida lei, a EC 62/2009
estabeleceu o artigo 97 do ADCT que, dentre outras hipóteses, a possibilidade
de:

i. parcelamento dos precatórios vencidos por até 15 (quinze) anos;

ii. possibilidade de leilões onde os credores renunciariam a parte do crédito


a que tinham direito, no intuito de viabilizar o pagamento imediato
(espécie de deságio do crédito);

iii. Atualização dos precatórios por índice da caderneta de poupança até sua
integral quitação, com incidência de juros simples;

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O parágrafo 15, do artigo 100, da Constituição Federal fora declarado


inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI 4.357, por
violação do Estado Democrático de Direito, infringindo as garantias do livre
acesso à justiça, devido processo legal, da coisa julgada e da duração razoável
do processo.

Em verdade, por consequência, o artigo 97 do ADCT também fora declarado


inconstitucional, conforme ementa do julgado proferido:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA


PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009.
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE
INTERSTÍCIO CONSTITUCIONAL MÍNIMO ENTRE OS DOIS TURNOS DE VOTAÇÃO
DE EMENDAS À LEI MAIOR (CF, ART. 60, §2º). CONSTITUCIONALIDADE DA
SISTEMÁTICA DE “SUPERPREFERÊNCIA” A CREDORES DE VERBAS ALIMENTÍCIAS
QUANDO IDOSOS OU PORTADORES DE DOENÇA GRAVE. RESPEITO À DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA E À PROPORCIONALIDADE. INVALIDADE JURÍDICO-
CONSTITUCIONAL DA LIMITAÇÃO DA PREFERÊNCIA A IDOSOS QUE COMPLETEM
60 (SESSENTA) ANOS ATÉ A EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO. DISCRIMINAÇÃO
ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA (CF, ART. 5º). INCONSTITUCIONALIDADE
DA SISTEMÁTICA DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS
EM PROVEITO EXCLUSIVO DA FAZENDA PÚBLICA. EMBARAÇO À EFETIVIDADE DA
JURISDIÇÃO (CF, ART. 5º, XXXV), DESRESPEITO À COISA JULGADA MATERIAL (CF,
ART. 5º XXXVI), OFENSA À SEPARAÇÃO DOS PODERES (CF, ART. 2º) E ULTRAJE À
ISONOMIA ENTRE O ESTADO E O PARTICULAR (CF, ART. 1º, CAPUT, C/C ART. 5º,
CAPUT). IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE
REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO
MONETÁRIA. VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL DE PROPRIEDADE (CF, ART.
5º, XXII). INADEQUAÇÃO MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS.
INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE
POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DOS CRÉDITOS
INSCRITOS EM PRECATÓRIOS, QUANDO ORIUNDOS DE RELAÇÕES JURÍDICO-
TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA ENTRE
DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CF, ART. 5º, CAPUT).
INCONSTITUCIONALIDADE DO REGIME ESPECIAL DE PAGAMENTO. OFENSA À
CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE DIREITO (CF, ART. 1º, CAPUT), AO
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF, ART. 2º), AO POSTULADO DA
ISONOMIA (CF, ART. 5º, CAPUT), À GARANTIA DO ACESSO À JUSTIÇA E A
EFETIVIDADE DA TUTELA JURISDICIONAL (CF, ART. 5º, XXXV) E AO DIREITO
ADQUIRIDO E À COISA JULGADA (CF, ART. 5º, XXXVI). PEDIDO JULGADO
PROCEDENTE EM PARTE.
1. A aprovação de emendas à Constituição não recebeu da Carta de 1988
tratamento específico quanto ao intervalo temporal mínimo entre os dois turnos de
votação (CF, art. 62, §2º), de sorte que inexiste parâmetro objetivo que oriente o
exame judicial do grau de solidez da vontade política de reformar a Lei Maior. A
interferência judicial no âmago do processo político, verdadeiro locus da atuação

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típica dos agentes do Poder Legislativo, tem de gozar de lastro forte e categórico
no que prevê o texto da Constituição Federal. Inexistência de ofensa formal à
Constituição brasileira.
2. Os precatórios devidos a titulares idosos ou que sejam portadores de doença
grave devem submeter-se ao pagamento prioritário, até certo limite, posto
metodologia que promove, com razoabilidade, a dignidade da pessoa humana (CF,
art. 1º, III) e a proporcionalidade (CF, art. 5º, LIV), situando-se dentro da margem
de conformação do legislador constituinte para operacionalização da novel
preferência subjetiva criada pela Emenda Constitucional nº 62/2009.
3. A expressão “na data de expedição do precatório”, contida no art. 100, §2º, da
CF, com redação dada pela EC nº 62/09, enquanto baliza temporal para a aplicação
da preferência no pagamento de idosos, ultraja a isonomia (CF, art. 5º, caput) entre
os cidadãos credores da Fazenda Pública, na medida em que discrimina, sem
qualquer fundamento, aqueles que venham a alcançar a idade de sessenta anos
não na data da expedição do precatório, mas sim posteriormente, enquanto
pendente este e ainda não ocorrido o pagamento.
4. A compensação dos débitos da Fazenda Pública inscritos em precatórios, previsto
nos §§ 9º e 10 do art. 100 da Constituição Federal, incluídos pela EC nº 62/09,
embaraça a efetividade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV), desrespeita a coisa
julgada material (CF, art. 5º, XXXVI), vulnera a Separação dos Poderes (CF, art.
2º) e ofende a isonomia entre o Poder Público e o particular (CF, art. 5º, caput),
cânone essencial do Estado Democrático de Direito (CF, art. 1º, caput).
5. O direito fundamental de propriedade (CF, art. 5º, XXII) resta violado nas
hipóteses em que a atualização monetária dos débitos fazendários inscritos em
precatórios perfaz-se segundo o índice oficial de remuneração da caderneta de
poupança, na medida em que este referencial é manifestamente incapaz de
preservar o valor real do crédito de que é titular o cidadão. É que a inflação,
fenômeno tipicamente econômico-monetário, mostra-se insuscetível de captação
apriorística (ex ante), de modo que o meio escolhido pelo legislador constituinte
(remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a promover o fim a que se
destina (traduzir a inflação do período).
6. A quantificação dos juros moratórios relativos a débitos fazendários inscritos em
precatórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança vulnera o
princípio constitucional da isonomia (CF, art. 5º, caput) ao incidir sobre débitos
estatais de natureza tributária, pela discriminação em detrimento da parte
processual privada que, salvo expressa determinação em contrário, responde pelos
juros da mora tributária à taxa de 1% ao mês em favor do Estado (ex vi do art.
161, §1º, CTN). Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução da
expressão “independentemente de sua natureza”, contida no art. 100, §12, da CF,
incluído pela EC nº 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza
tributária, sejam aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e
qualquer crédito tributário.
7. O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09, ao
reproduzir as regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação de
juros moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios de
juridicidade que inquinam o art. 100, §12, da CF, razão pela qual se revela
inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos itens 5 e 6 supra.
8. O regime “especial” de pagamento de precatórios para Estados e Municípios
criado pela EC nº 62/09, ao veicular nova moratória na quitação dos débitos

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judiciais da Fazenda Pública e ao impor o contingenciamento de recursos para esse


fim, viola a cláusula constitucional do Estado de Direito (CF, art. 1º, caput), o
princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), o postulado da isonomia (CF, art.
5º), a garantia do acesso à justiça e a efetividade da tutela jurisdicional (CF, art.
5º, XXXV), o direito adquirido e à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI).
9. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente em parte.
(ADI 4357, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX,
Tribunal Pleno, julgado em 14/03/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-188 DIVULG
25-09-2014 PUBLIC 26-09-2014)

Segundo Leonardo Cunha (2016, pg. 392):

Enfim, foi instituído o regime especial de precatórios com a finalidade de viabilizar


o pagamento de créditos inscritos há anos e não adimplidos pelo Distrito Federal,
nem por vários Estados e Municípios. O regime é inconstitucional, por ferir vários
direitos fundamentais, tais como a efetividade da jurisdição, a intangibilidade da
coisa julgada, a impessoalidade, a isonomia e a moralidade administrativa,
abalando os alicerces do próprio Estado Democrático de Direito.

Dada a importância do julgado e a efetiva adesão de alguns Estados ao


regime de parcelamento de precatórios, quando da declaração da
inconstitucionalidade, o STF modulou os efeitos da decisão aplicando
provisoriamente o regime especial, nos termos da ementa a seguir:

Ementa: QUESTÃO DE ORDEM. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DE DECISÃO


DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI 9.868/99, ART. 27).
POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE ACOMODAÇÃO OTIMIZADA DE VALORES
CONSTITUCIONAIS CONFLITANTES. PRECEDENTES DO STF. REGIME DE
EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 62/2009. EXISTÊNCIA DE RAZÕES DE SEGURANÇA JURÍDICA
QUE JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO TEMPORÁRIA DO REGIME ESPECIAL NOS
TERMOS EM QUE DECIDIDO PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. A modulação temporal das decisões em controle judicial de constitucionalidade
decorre diretamente da Carta de 1988 ao consubstanciar instrumento voltado à
acomodação otimizada entre o princípio da nulidade das leis inconstitucionais e
outros valores constitucionais relevantes, notadamente a segurança jurídica e a
proteção da confiança legítima, além de encontrar lastro também no plano
infraconstitucional (Lei nº 9.868/99, art. 27). Precedentes do STF: ADI nº 2.240;
ADI nº 2.501; ADI nº 2.904; ADI nº 2.907; ADI nº 3.022; ADI nº 3.315; ADI nº
3.316; ADI nº 3.430; ADI nº 3.458; ADI nº 3.489; ADI nº 3.660; ADI nº 3.682;
ADI nº 3.689; ADI nº 3.819; ADI nº 4.001; ADI nº 4.009; ADI nº 4.029.
2. In casu, modulam-se os efeitos das decisões declaratórias de
inconstitucionalidade proferidas nas ADIs nº 4.357 e 4.425 para manter a vigência

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do regime especial de pagamento de precatórios instituído pela Emenda


Constitucional nº 62/2009 por 5 (cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro
de janeiro de 2016.
3. Confere-se eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos
seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do
julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os
precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber: (i) fica mantida a aplicação
do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos
da Emenda Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (a) os
créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo Especial (IPCA-E) e (b) os precatórios tributários deverão observar os
mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e
(ii) ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração
pública federal, com base nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e nº 13.080/15, que
fixam o IPCA-E como índice de correção monetária.
4. Quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regime especial: (i)
consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista por
ordem crescente de crédito previstos na Emenda Constitucional nº 62/2009, desde
que realizados até 25.03.2015, data a partir da qual não será possível a quitação
de precatórios por tais modalidades; (ii) fica mantida a possibilidade de realização
de acordos diretos, observada a ordem de preferência dos credores e de acordo
com lei própria da entidade devedora, com redução máxima de 40% do valor do
crédito atualizado.
5. Durante o período fixado no item 2 acima, ficam mantidas (i) a vinculação de
percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios (art.
97, § 10, do ADCT) e (ii) as sanções para o caso de não liberação tempestiva dos
recursos destinados ao pagamento de precatórios (art. 97, §10, do ADCT).
6. Delega-se competência ao Conselho Nacional de Justiça para que considere a
apresentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de
50% dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de
precatórios e (ii) a possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios
ou de terceiros, com o estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015,
por opção do credor do precatório.
7. Atribui-se competência ao Conselho Nacional de Justiça para que monitore e
supervisione o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da
presente decisão.
(ADI 4425 QO, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-152 DIVULG 03-08-2015 PUBLIC 04-08-2015

Sugere-se a leitura da cópia integral do Acórdão proferido pelo Supremo


Tribunal Federal, inclusive em relação à modulação dos efeitos, dada a
probabilidade de incidência do tema em provas de concurso público.

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1.9 – Da assunção de débitos de precatório pela União

De acordo com o parágrafo 16, do artigo 100, da Constituição Federal,


poderá a União, a seu exclusivo critério e na forma da lei, assumir débitos
oriundos de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-
os diretamente.

§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos,
oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

1.10 – Honorários e Execuções não embargadas

Conforme visto, duas são as formas de se proceder à execução da obrigação


de pagar quantia certa em face da Fazenda Pública: através de precatório ou de
Requisição de Pequeno Valor. Uma diferença entre ambas relaciona-se com a
condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios.

É que, de acordo com o parágrafo 7º, do artigo 85, do CPC, não serão
devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, que
enseje a expedição de precatório, quando não impugnadas.

CPC.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor.
§ 7o Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda
Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.

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Assim, proposta a demanda executiva em face da Fazenda Pública em valor


que ensejará a expedição de precatório, acaso o ente público não apresente
impugnação, não será condenado ao pagamento de honorários advocatícios.

Trata-se de interpretação do artigo 1-D, da Lei 9.494/97:

Art. 1o-D. Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas
execuções não embargadas.

E se proposta uma Execução contra a Fazenda Pública em valor


compatível com a Requisição de Pequeno Valor e o ente público não
apresentar impugnação, serão devidos honorários?

Neste caso sim.

É que no caso de RPVs a Fazenda Pública pode voluntariamente adiantar-


se e reconhecer a dívida, pagando de imediato o crédito do Autor. Diferentemente
do regime de precatórios, não há uma fila que deve o ente público obedecer,
através de uma listagem de pagamento.

Poderá a Fazenda Pública, sem problemas, adiantar-se e efetuar o


pagamento do valor devido a título de RPV. Não o fazendo, deverá o ente público
arcar com o pagamento de honorários advocatícios.

Assim, deverá a Fazenda Pública pagar honorários advocatícios nas


execuções de valores cujo montante se encaixem em Requisição de Pequeno
Valor, ainda que não impugnadas.

Mas, professor, há alguma exceção?

Sim.

A exceção é a hipótese da denominada Execução Invertida.

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Antecipando-se ao credor, a Fazenda Pública, tão logo transitada em


julgado a fase de conhecimento, vem a juízo e apresenta uma planilha com os
cálculos cuja quantia enquadra-se em “pequeno valor” que entende devido.

Caso o Autor concorde com os valores, haverá o pagamento voluntário da


obrigação. Nesta hipótese, não haverá condenação da Fazenda Pública em
honorários advocatícios, eis que se antecipou ao credor e cumpriu
voluntariamente a obrigação.

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA OFENSA AO ARTIGO 535 DO


CPC. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. "EXECUÇÃO
INVERTIDA". IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Não havendo no acórdão recorrido omissão, obscuridade ou contradição, não fica
caracterizada ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário
420.816/PR, fixou compreensão no sentido de serem devidos honorários
advocatícios na hipótese de execução sujeita a Requisição de Pequeno
Valor (RPV).
3. Todavia o caso dos autos, possui peculiaridades, que afastam a aplicação desse
precedente à hipótese.
4. Na "execução invertida" a Fazenda Pública condenada em obrigação de
pagar quantia certa, mediante RPV, ao invés de aguardar a fase executiva
do débito já reconhecido, antecipa-se ao credor cumprindo
espontaneamente a obrigação apresentado os cálculos da quantia devida.
5. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a condenação em honorários
advocatícios pauta-se pelo princípio da causalidade, ou seja, somente aquele que
deu causa à demanda ou ao incidente processual é quem deve arcar com as
despesas deles decorrentes.
6. Dessa forma, a Fazenda Pública cumprindo espontaneamente a
obrigação de pagar quantia certa, com a concordância do credor acerca do
valor apresentado, não há que se falar em fixação de honorários
advocatícios, na medida que não houve novo esforço laboral.
7. O direito aos honorários advocatícios na execução decorre da necessidade de
remuneração do causídico que atua de forma diligente no sentido de propor a
execução com a finalidade de obrigar o ente público a cumprir a obrigação firmada
no processo de conhecimento. Assim sendo, somente no caso de o credor der
início a execução (com o pedido de citação da Fazenda Pública para opor
embargos à execução) é que será cabível a condenação em honorários,
hipótese na qual aplica-se o entendimento firmado pelo STF no RE 420.816/PR.
8. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1536555/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 23/06/2015, DJe 30/06/2015)

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Conforme pontuado, somente no caso de o credor der início a execução


(com o pedido de intimação da Fazenda Pública para impugnar a execução) é que
será cabível a condenação em honorários.

2 – Emenda Constitucional 94/2016

2.1 – Regime Especial de Pagamento

Promulgada em 15 de dezembro de 2016, a Emenda Constitucional 94 de


2016 procura mais uma vez resolver uma realidade latente nos Estados e
Municípios brasileiros: o atraso no pagamento de precatórios.

Não é novidade que diversos municípios possuem débitos consolidados de


precatórios com atrasos significativos, existindo, inclusive um Regime Especial
criado pela EC 62/2009 que fora julgado inconstitucional pelo STF, conforme visto
em nossa aula.

A EC 94 ao acrescer os artigos 101 a 105 aos Atos de Disposições


Constitucionais Transitórias (ADCT) estabeleceu um regime especial para que
Estados, Distrito Federal e Municípios em mora com seus precatórios na data de
25 de março de 2015 regularizem seus débitos.

Ressalte-se que o regime especial não se aplica à União que se encontra


adimplente com seus precatórios.

Os requisitos para aderir ao regime especial que prevê o pagamento dos


precatórios em atraso até 31/12/2020 foram estabelecidos no artigo 101 do
ADCT:

i. Estar em mora com o pagamento de precatórios em 25/03/2015;

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ii. Quitar as obrigações vencidas até 31/12/2020;

iii. Quitar as obrigações que se vencerem no período entre a EC 94/2016 e


31/12/2020;

iv. Mediante o depósito mensal de 1/12 da receita corrente líquida em conta


especial do Tribunal de Justiça Local (e sob a administração deste)
apurada no segundo mês anterior ao mês de pagamento em percentual
suficiente para a quitação dos débitos;

v. O valor não poderá, ainda, ser inferior à média do comprometimento


percentual da receita corrente líquida no período de 2012 a 2014;

Eis o texto legal para análise:

Art. 101. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, em 25 de março de


2015, estiverem em mora com o pagamento de seus precatórios quitarão até 31
de dezembro de 2020 seus débitos vencidos e os que vencerão dentro desse
período, depositando, mensalmente, em conta especial do Tribunal de Justiça local,
sob única e exclusiva administração desse, 1/12 (um doze avos) do valor calculado
percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no
segundo mês anterior ao mês de pagamento, em percentual suficiente para a
quitação de seus débitos e, ainda que variável, nunca inferior, em cada exercício,
à média do comprometimento percentual da receita corrente líquida no período de
2012 a 2014, em conformidade com plano de pagamento a ser anualmente
apresentado ao Tribunal de Justiça local. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de
2016)

O que seria receita corrente líquida para a EC 94/2016?

O parágrafo 1º, do artigo 100, do ADCT esclarece esta dúvida:

§ 1º Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata este artigo,
o somatório das receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
contribuições e de serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes,
incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência

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e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e


deduzidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
I - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores
para custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as receitas
provenientes da compensação financeira referida no § 9º do art. 201 da
Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

Percebe-se, portanto, que são deduzidos dos valores das receitas nos
Estados os valores que são entregues aos Municípios por determinação
constitucional (exemplo: 50% do IPVA do automóvel licenciado no território
municipal – Artigo 158, inciso III, CF).

Além disso, nos Estados, DF ou Municípios deduz-se também a contribuição


de servidores para o custeio do regime previdenciário próprio, bem como os
provenientes de compensação financeira previstos no artigo 201, da CF.

Mas professor, indo ao que interessa, qual o ponto mais provável de


cobrança em prova?

Meus amigos, penso que alguns pontos são de conhecimento essencial para
concursos. Vamos a eles.

Possibilidade de Utilização de Depósitos Judiciais e Contratação de


Empréstimos

O parágrafo 2º, do artigo 100, do ADCT passou a permitir a utilização de:

i. até 75% (setenta e cinco por cento) dos depósitos judicias e


administrativos dos processos que a administração, suas autarquias,
fundações e empresas estatais dependentes sejam parte, no
pagamento de precatórios.

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ii. até 20% (vinte por cento) dos demais depósitos judiciais sob jurisdição
do TJ local, salvo os valores destinados a créditos alimentícios, mediante
instituição de fundo garantidor composto pela parcela restante dos
depósitos judiciais.

Neste caso, 50% dos valores poderão ser utilizados pelo Estado e 50%
pelos Municípios (naturalmente o Distrito Federal poderá utilizar 100%
dos valores).

iii. Possibilidade de contratação de empréstimo – obedecidos os requisitos


da EC 94/2016 – para pagamento dos precatórios.

Eis o texto legal para análise:

§ 2º O débito de precatórios poderá ser pago mediante a utilização de recursos


orçamentários próprios e dos seguintes instrumentos: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)
I - até 75% (setenta e cinco por cento) do montante dos depósitos judiciais e dos
depósitos administrativos em dinheiro referentes a processos judiciais ou
administrativos, tributários ou não tributários, nos quais o Estado, o Distrito Federal
ou os Municípios, ou suas autarquias, fundações e empresas estatais dependentes,
sejam parte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - até 20% (vinte por cento) dos demais depósitos judiciais da localidade, sob
jurisdição do respectivo Tribunal de Justiça, excetuados os destinados à quitação
de créditos de natureza alimentícia, mediante instituição de fundo garantidor
composto pela parcela restante dos depósitos judiciais, destinando-se: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
a) no caso do Distrito Federal, 100% (cem por cento) desses recursos ao próprio
Distrito Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
b) no caso dos Estados, 50% (cinquenta por cento) desses recursos ao próprio
Estado e 50% (cinquenta por cento) a seus Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)
III - contratação de empréstimo, excetuado dos limites de endividamento de que
tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros
limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse empréstimo a vedação
de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

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Utilização dos valores depositados na conta do TJ

De acordo com o artigo 102, do ADCT, à medida que os valores forem


depositados na conta do Tribunal, pelo menos 50% do crédito será utilizado para
pagamento de precatórios atrasados segundo a ordem cronológica de
apresentação – respeitadas as preferências.

E, os valores remanescentes poderão – por opção do Ente Administrativo –


ser destinados para pagamentos diretos mediante acordos com os credores
perante Juízes Auxiliares de Conciliação de Precatórios com redução máxima de
até 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que inexista
recurso ou defesa judicial e observada a regulamentação local.

Cria-se, assim, uma espécie de opção aos credores de renunciar a até 40%
(quarenta por cento) de seu crédito como forma de receber os valores mais
rapidamente.

Art. 102. Enquanto viger o regime especial previsto nesta Emenda Constitucional,
pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos que, nos termos do art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, forem destinados ao
pagamento dos precatórios em mora serão utilizados no pagamento segundo a
ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências dos créditos
alimentares, e, nessas, as relativas à idade, ao estado de saúde e à deficiência, nos
termos do § 2º do art. 100 da Constituição Federal, sobre todos os demais créditos
de todos os anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
Parágrafo único. A aplicação dos recursos remanescentes, por opção a ser exercida
por Estados, Distrito Federal e Municípios, por ato do respectivo Poder Executivo,
observada a ordem de preferência dos credores, poderá ser destinada ao
pagamento mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de
Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito
atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e
que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente
federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

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Impossibilidade de Sequestro de Valores para os Entes que aderirem ao


Regime Especial, salvo na ausência de liberação tempestiva dos recursos
mensais programados

De acordo com o artigo 103 do ADCT, não poderá haver sequestro de


valores nas contas do Ente Administrativo que aderir ao regime especial previsto
na EC 94/2016, salvo em casos de ausência de liberação tempestiva dos recursos
que o Ente se comprometera a liberar mensalmente.

Art. 103. Enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estiverem


efetuando o pagamento da parcela mensal devida como previsto no caput do art.
101 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, nem eles, nem as
respectivas autarquias, fundações e empresas estatais dependentes poderão sofrer
sequestro de valores, exceto no caso de não liberação tempestiva dos
recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

Além disso, de acordo com o artigo 104 o sequestro de verbas deverá


ocorrer da seguinte forma:

Art. 104. Se os recursos referidos no art. 101 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias para o pagamento de precatórios não forem
tempestivamente liberados, no todo ou em parte: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 94, de 2016)
I - o Presidente do Tribunal de Justiça local determinará o sequestro, até o limite
do valor não liberado, das contas do ente federado inadimplente; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - o chefe do Poder Executivo do ente federado inadimplente responderá, na forma
da legislação de responsabilidade fiscal e de improbidade administrativa; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
III - a União reterá os recursos referentes aos repasses ao Fundo de Participação
dos Estados e do Distrito Federal e ao Fundo de Participação dos Municípios e os
depositará na conta especial referida no art. 101 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, para utilização como nele previsto; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
IV - os Estados reterão os repasses previstos no parágrafo único do art. 158 da
Constituição Federal e os depositarão na conta especial referida no art. 101 deste
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para utilização como nele
previsto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

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Parágrafo único. Enquanto perdurar a omissão, o ente federado não poderá contrair
empréstimo externo ou interno, exceto para os fins previstos no § 2º do art. 101
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e ficará impedido de receber
transferências voluntárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)

Compensação de Valores

De acordo com o artigo 105, do ADCT, os credores poderão compensar


precatórios com débitos de natureza tributária ou de outra natureza inscritos
em dívida ativa até 25 de março de 2015, observados os requisitos definidos
em lei própria do ente federado.

Art. 105. Enquanto viger o regime de pagamento de precatórios previsto no art.


101 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, é facultada aos credores
de precatórios, próprios ou de terceiros, a compensação com débitos de natureza
tributária ou de outra natureza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos
na dívida ativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observados os
requisitos definidos em lei própria do ente federado. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)
Parágrafo único. Não se aplica às compensações referidas no caput deste artigo
qualquer tipo de vinculação, como as transferências a outros entes e as destinadas
à educação, à saúde e a outras finalidades. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de
2016)

Percebe-se, portanto, que a EC 94/2016 procurou solucionar a verdadeira


crise que se instalou no Brasil quanto aos atrasos de pagamentos de precatórios
e os sucessivos pedidos de sequestros de verbas públicas feitos perante o
Judiciário.

2.2 – Outras alterações da EC 94/2016

Outras mudanças relevantes da EC 94/2016 foram feitas ao longo dos


parágrafos do próprio artigo 100, da CF, dentre as quais destacamos:

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a) Prioridade aos créditos de natureza alimentícia cujos titulares sejam


pessoas com deficiência

A EC 94/2016 acresceu ao parágrafo 2º, do artigo 100, da CF a prioridade


no pagamento de precatórios alimentícios também quanto às pessoas com
deficiência.

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão


hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença
grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo
fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento
para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de
apresentação do precatório.

b) Aferição do comprometimento da Receita Corrente Líquida com pagamento


de precatório

Os parágrafos 17 e 18 do artigo 100 estabelecem a necessidade de se aferir


o nível de comprometimento das receitas correntes líquidas com o pagamento de
precatórios e de obrigações de pequeno valor:

§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente,


em base anual, o comprometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas
com o pagamento de precatórios e obrigações de pequeno valor.
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o
somatório das receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
contribuições e de serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes,
incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência
e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
por determinação constitucional;
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional;

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III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos
servidores para custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as
receitas provenientes da compensação financeira referida no § 9º do art. 201 da
Constituição Federal.

c) Possibilidade de financiamento

E, acaso o montante total de débitos com precatório e obrigações de


pequeno valor ultrapasse, em período de 12 (doze) meses, a média do
comprometimento percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos
imediatamente anteriores, o excedente poderá ser financiado pelo Ente Público,
nos termos do parágrafo 19, do artigo 100, da CF:

§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em


precatórios e obrigações de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses,
ultrapasse a média do comprometimento percentual da receita corrente líquida nos
5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual
poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os
incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros limites de
endividamento previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação de
vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal.

d) Parcelamento de Precatórios de Elevado Valor

Por fim, o parágrafo 20, do artigo 100, da CF passou a permitir que acaso
haja um precatório que corresponda a 15% (quinze por cento) do montante
dos precatórios apresentados pelo Ente Público, este será pago de forma
parcelada da seguinte forma:

i. 15% (quinze por cento) serão pagos até o final do exercício seguinte;

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ii. O restante será pago :

- em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes acrescidos de


juros de mora e correção monetária;

- ou, mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de


Conciliação de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta
por cento) do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao
crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados
os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente federado;

Eis o texto legal:

§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do
montante dos precatórios apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15%
(quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos até o final do exercício
seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes,
acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos,
perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com redução máxima de
40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao
crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos
definidos na regulamentação editada pelo ente federado." (NR)

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3 - Bibliografia

BARROS, Guilherme Freire de Melo. Poder Público em Juízo para Concursos.


5ª. Edição. Salvador: Editora JusPodivm, 2015.

CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 14ª. Edição. Rio
de Janeiro: Forense, 2017.

OLIVEIRA, Weber Luiz. Execução da parte incontroversa contra a Fazenda


Pública no Novo Código de Processo Civil. In DIDIER Jr, Fredie (Coord.).
Repercussões do Novo CPC. Volume 03. Advocacia Pública. Salvador: Editora
JusPodivm, 2015.

PEIXOTO, Marco Aurélio Ventura e BELFORT, Renata Cortez Vieira. O


cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública no Novo CPC. In
DIDIER Jr, Fredie (Coord.). Repercussões do Novo CPC. Volume 03. Advocacia
Pública. Salvador: Editora JusPodivm, 2015.

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4 - Resumo da Aula

1. A execução promovida em face da Fazenda Pública obedece regramento


diferente em relação àquela proposta contra os particulares. É que sendo os
bens públicos inalienáveis e impenhoráveis, não há como proceder-se à
execução utilizando-se de medidas expropriatórias para a satisfação do
crédito.

2. Proposta a demanda executiva em face da Fazenda Pública, esta será


intimada não para pagar os valores pleiteados, mas para, no prazo de 30
(trinta) dias, impugnar a execução.

3. Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada


será, desde logo, objeto de cumprimento.

4. O precatório ou a RPV somente se expede depois de não haver mais qualquer


discussão quanto ao valor executado, valendo dizer que tal expedição
depende do trânsito em julgado da decisão que julgar a impugnação. Por essa
razão, a impugnação apresentada pela Fazenda Pública deve forçosamente,
ser recebida no efeito suspensivo, pois, enquanto não se tornar incontroverso
ou definitivo o valor cobrado não há como expedir o precatório ou a RPV.

5. É perfeitamente admissível a discussão quanto à compensação da quantia


objeto da restituição do indébito tributário com valores recolhidos em período
anterior sob o mesmo título, em execução fundada em título judicial.

6. Não apresentada impugnação ou transitada em julgado a decisão que a


inadmitir ou rejeitar deverá ser expedido precatório seguindo-se com a
observância das normas contidas no art. 100 da Constituição Federal, ou seja,
o juiz determina a expedição de precatório ao Presidente do respectivo

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tribunal para que reste consignado à sua ordem o valor do crédito com
requisição às autoridades administrativas para que façam incluir no
orçamento geral a fim de proceder ao pagamento no exercício financeiro
subsequente.

7. É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.

8. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública

9. O juízo da execução elabora o precatório e faz o seu encaminhamento ao


Presidente do Tribunal ao qual se submete a decisão exequenda. Este
magistrado, por outro lado, repassa a requisição de pagamento ao ente
público, para inclusão na lei orçamentária do ano subsequente.

10. Possível identificarmos três listas para pagamento de precatórios:

i. Lista das pessoas que possuam 60 (sessenta) anos de idade ou mais na


data da expedição do precatório OU sejam portadores de doença grave,
até o valor de 03 vezes o estipulado como Requisição de Pequeno Valor,
desde que o crédito seja de natureza alimentícia (parágrafo 2º, artigo
100, CF);

Nesta hipótese será permitido o fracionamento do precatório, sendo a


diferença paga na forma dos créditos ordinários.

ii. Créditos de natureza alimentar, conforme previsão do parágrafo 1º, do


artigo 100;

iii. Créditos ordinários;

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11. A verba honorária é sempre alimentar, independentemente da natureza do


débito fixado pelo juízo para a parte vencedora da demanda. O conceito de
verba honorária engloba tanto os honorários sucumbenciais, fixados pelo
juízo, quanto os contratuais, acertados entre o causídico e o cliente.

12. Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do


montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos
dessa natureza.

13. Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não


incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

14. Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e


pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional.

15. Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento


de precatórios.

16. Não se justifica decreto de intervenção federal por não pagamento de


precatório judicial, quando o fato não se deva a omissão voluntária e
intencional do ente federado, mas a insuficiência temporária de recursos
financeiros.

17. O montante relativo ao que seria “pequeno valor” depende da legislação de


cada ente, sendo certo que o ente não pode estabelecer nenhum valor inferior
ao maior benefício do regime geral de previdência social.

18. O processamento da requisição de pequeno valor é muito mais simples que o


precatório, porque não demanda inclusão orçamentária para pagamento em
momento posterior. O cumprimento é imediato.

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19. Foi instituído o regime especial de precatórios com a finalidade de viabilizar o


pagamento de créditos inscritos há anos e não adimplidos pelo Distrito
Federal, nem por vários Estados e Municípios.

20. O regime é inconstitucional, por ferir vários direitos fundamentais, tais como
a efetividade da jurisdição, a intangibilidade da coisa julgada, a
impessoalidade, a isonomia e a moralidade administrativa, abalando os
alicerces do próprio Estado Democrático de Direito.

21. Declarada a inconstitucionalidade pelo STF, este modulou os efeitos da


decisão, sendo recomendável a leitura integral do acórdão.

22. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos,
oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios,
refinanciando-os diretamente.

23. Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda


Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido
impugnada.

24. São devidos honorários advocatícios na hipótese de execução sujeita a


Requisição de Pequeno Valor (RPV).

25. Na "execução invertida" a Fazenda Pública condenada em obrigação de pagar


quantia certa, mediante RPV, ao invés de aguardar a fase executiva do débito
já reconhecido, antecipa-se ao credor cumprindo espontaneamente a
obrigação apresentado os cálculos da quantia devida.

26. Não são devidos honorários advocatícios em hipótese de execução invertida.

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5 – Questões Objetivas

Questão 01 – FCC – Procurador do Ministério Público do


Tribunal de Contas do Estado de SP - 2011

Disciplina constitucional dos precatórios.

I. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e


Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.

II. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de


salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
responsabilidade civil, em virtude de decisão judicial transitada em julgado, e serão
pagos com preferência sobre todos os demais débitos, sem qualquer exceção.

III. Os débitos de natureza alimentícia e de qualquer valor, cujos titulares tenham


60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam
portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência
sobre todos os demais débitos.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.

Questão 02 – FCC – Procurador Autárquico – MANAUSPREV -


2015

Em relação à Fazenda Pública, considere:


I. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

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II. São indevidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública, nas execuções
individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.
III. A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa − CDA até a
prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material
ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.
Está correto o que se afirma em
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) III, apenas.
e) I, II e III.

Questão 03 – FCC – Procurador do Município de Teresina -


2010

Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal em


virtude de sentença judicial farse-ão
a) por tabela fixa válida para todos os entes da federação no caso de precatórios
de pequenos valor.
b) através de dotações orçamentárias e créditos abertos consignados pelo Poder
Executivo, cabendo ao Presidente do Tribunal determinar o pagamento dos
precatórios segundo as possibilidades do depósito.
c) por precatórios de débitos de pequeno valor que devem compor a ordem
cronológica das requisições judiciais de pagamento de créditos de natureza
alimentícia.
d) por ordem cronológica de apresentação do precatório e à conta dos créditos
respectivos, com a designação do caso ou de pessoas nas dotações orçamentárias
e nos créditos adicionais abertos para este fim.
e) como requisições de débitos de natureza alimentícia no caso das indenizações
com fundamento em morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil.

Questão 04 – FCC – Procurador do Município de João Pessoa -


2012

Determina a Constituição Federal que os pagamentos devidos pelas Fazendas


Públicas, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios. Conforme a disciplina constitucional da matéria e a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
a) não se admite a preferência de qualquer credor sobre os demais, ainda que o
débito tenha natureza alimentar.
b) durante o curso do prazo constitucional para que o precatório seja quitado, não
incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

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c) o precatório pode ser expedido e pago com fundamento em decisão proferida


liminarmente, ainda que não tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença
definitiva de mérito.
d) é permitido o fracionamento, repartição ou quebra do valor do precatório para
fins de enquadramento de parcela do crédito no regime de pagamento das
obrigações de pequeno valor.
e) é vedada a compensação do crédito de precatório com os débitos do credor,
ainda que líquidos e certos.

Questão 05 – FCC – Técnico Judiciário – TRT 02ª Região -


2014

Sobre a disciplina constitucional dos precatórios, é correto afirmar:


a) Consiste na adoção de sistema de parcelamento de 10 anos da dívida, combinado
o regime que destina parcelas variáveis entre 1% a 2% da receita de estados e
municípios para uma conta especial voltada para o pagamento de precatórios.
b) Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salário,
vencimentos, proventos, pensões, benefícios previdenciários e indenizações por
morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença
judicial transitada em julgado.
c) Os débitos de natureza alimentícia serão pagos com preferência sobre todos os
demais débitos, com exceção dos débitos de natureza alimentícia cujos titulares
tenham 70 (setenta) anos ou sejam portadores de doença grave, os quais serão
pagos com preferências sobre todos os demais débitos.
d) É vedada a cessão de precatórios pelo credor, total ou parcialmente a terceiros,
independentemente da concordância do devedor bem como a entrega de créditos
em precatório para compra de imóveis públicos.
e) É permitida a expedição de precatórios complementares ou suplementares de
valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução
para fins de enquadramento de parcela do total como obrigação de pequeno valor.

Questão 06 – FCC – Defensor Público do Estado do Amazonas


- 2013

Considere a hipótese de em 2012 ter sido expedido precatório judicial de caráter


alimentar, a ser pago por determinado Estado-membro a indivíduo com 65 anos de
idade. Nessa situação, o precatório
a) deverá ser atualizado monetariamente pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança e, para fins de compensação da mora, incidirão juros
simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
sendo ainda devido o pagamento dos juros compensatórios.
b) deve ser pago com preferência sobre todos os demais débitos,
independentemente de qual seja o seu valor, que deverá ser atualizado
monetariamente pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples.

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c) deve ser pago com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor
equivalente ao triplo do fixado em lei para fins de definição da obrigação de pequeno
valor, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será
pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.
d) poderá ser objeto de cessão, desde que mediante expressa concordância do
devedor, não podendo o cessionário beneficiar-se das mesmas prerrogativas
concedidas ao cedente em relação à preferência para o recebimento do crédito.
e) poderá ser pago em dez prestações anuais, corrigidas pelo índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança e, para fins de compensação da
mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a
caderneta de poupança, sendo ainda devido o pagamento dos juros
compensatórios.

Questão 07 – FCC – Analista Judiciário – TRT 01ª Região -


2013

De acordo com o regime constitucional dos precatórios judiciais,


a) o credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a
terceiros, desde que mediante prévia e expressa concordância do devedor.
b) os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação de precatórios e à conta dos créditos respectivos,
independentemente do valor do débito.
c) é obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em
julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1o de julho,
fazendo-se o pagamento até o final do mesmo exercício, quando terão seus valores
atualizados.
d) cabe ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda autorizar,
exclusivamente, na hipótese de o precatório não ter sido pago no prazo
constitucional, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito.
e) a União poderá, a seu critério exclusivo e na forma da lei, assumir débitos,
oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
diretamente.

Questão 08 – CESPE – AGU – 2006

Em relação ao processo de execução, julgue o item seguinte.

A orientação do STJ é de que a competência para resolver questões incidentes


decorrentes do cumprimento de precatório, inclusive a expedição de requisitório
complementar, com vistas à atualização do débito, é do presidente do tribunal e
não do juízo de primeiro grau perante quem tramita a execução.

Questão 09 – CESPE – AGU – 2012

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No que se refere à execução contra a fazenda pública, julgue o item seguinte.

A sentença que julgar improcedentes os embargos à execução opostos pela fazenda


pública somente produzirá efeitos após o reexame necessário pelo tribunal
competente.

Questão 10 – CESPE – AGU – 2012 - ADPTADA

No que se refere à execução contra a fazenda pública, julgue o item seguinte.

Considere que, em fase de execução de sentença, apresentados os cálculos pelo


exequente, a fazenda pública tenha se insurgido por meio de impugnação apenas
contra parte do valor. Nesse caso, entende o STF que é constitucional a expedição
de precatório relativo à parte pela qual houve concordância.

Questão 11 – CESPE – TRF 5 – Juiz Federal - 2017

Pagamentos devidos pela fazenda pública federal, estadual, distrital e


municipal em virtude de sentença judiciária deverão ser feitos
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios.
Conforme o entendimento do STF, é aplicável o regime de precatório apenas
à

a) União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios, às autarquias, às


fundações públicas, às empresas públicas e às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público próprio do Estado.

b) União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios, às autarquias, às


fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público próprio do Estado e aos conselhos
profissionais.

c) União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.

d) União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios, às autarquias e


às fundações públicas.

e) União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios, às autarquias, às


fundações públicas e aos conselhos profissionais.

Questão 12 – CESPE – PGE/SE – Procurador Estadual - 2017

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O tribunal de justiça de um estado, ao dar provimento à apelação interposta


pela companheira de servidor falecido, em ação ajuizada contra a
administração pública, condenou o ente público a pagar à autora,
retroativamente, valores referentes à pensão por morte desde a data do
óbito do servidor, além de determinar a imediata implementação da pensão
em folha de pagamento. O ente público interpôs, então, recurso especial
apenas em relação ao capítulo da obrigação de fazer, tendo sido o recurso
recebido somente com efeito devolutivo.

Nessa situação hipotética, de acordo com a legislação processual e com a


jurisprudência dos tribunais superiores,

a) será possível o cumprimento provisório de obrigação de fazer contra a


fazenda pública, bem como o cumprimento definitivo da decisão que
reconheceu obrigação de pagar.

b) o cumprimento provisório da obrigação de pagar poderá ser realizado,


mas os atos executórios referentes à obrigação de fazer somente poderão
ser efetivados quando ocorrer o trânsito em julgado de todos os capítulos do
acórdão.

c) é vedada a execução provisória da obrigação de fazer, mas o


adimplemento dessa modalidade obrigacional não se submete ao regime de
precatórios.

d) os valores referentes à obrigação de fazer deverão ser pagos por


precatório, o qual somente deverá ser expedido após o trânsito em julgado.

e) o cumprimento de sentença pela fazenda, seja em relação à obrigação de


pagar, seja em relação à obrigação de fazer, deverá aguardar o trânsito em
julgado de todos os capítulos do acórdão.

Questão 13 – CESPE – PGE/SE – Procurador Estadual - 2017

De acordo com a jurisprudência do STJ e à luz do CPC, assinale a opção


correta a respeito dos procedimentos especiais.

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Caso seja ajuizada ação monitória em face da fazenda pública, o magistrado


deverá extinguir o processo sem resolução de mérito, pois esse
procedimento é incompatível com as prerrogativas fazendárias.

Gabaritos

Questão Resposta Questão Resposta

1 A 8 F

2 B 9 F

3 E 10 V

4 B 11 A

5 B 12 A

6 C 13 F

7 E

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6 - Considerações Finais

Chegamos ao final de mais uma aula!

Espero que vocês tenham gostado! Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos
canais do curso e nos seguintes contatos:

profigormaciel@gmail.com

@ProfIgorMaciel

Aguardo vocês na próxima aula.

Grande abraço e até lá!

Igor Maciel

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