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SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Introdução
Mas do que exatamente estou
falando?
Capítulo 1 | Um eufemismo cruel
Capítulo 2 | O valor de uma vida
Capítulo 3 | Análise crítica de um
artigo "científico"
Capítulo 4 | O protocolo Groningen
Capítulo 5 | Valores morais num
mundo fictício sem princípios
Capítulo 6 | A falta que a metafísica
faz
Capítulo 7 | Alguém tem alguma
objeção?
Capítulo 8 | Reações adversas
Anexo I | No rastro de hipócrates
Anexo II | Pelo direito de matar os
mongolóides
Anexo III | Novamente, um curioso
jogo de palavras
Torcendo a estatística
O elemento esquecido da equação
sangrenta
Soluções radicais para problemas
evitáveis
Deus é César ou César é Deus?
Anexo IV | Mea culpa?
Informação exposta demais
Utilitarismo emocional
populacional
Na dúvida não exploda o prédio
Reconhecer o potencial é
diferente de prever o futuro
Os autores não foram "felizes"
Posfácio
Créditos
Sobre o Autor
Sobre a Obra
INTRODUÇÃO
A síndrome de Treacher-Collins
(STC) realmente traz dificuldades para a
vida de uma pessoa. Mas a primeira
questão que gostaria de colocar diz
respeito ao argumento de ser uma
deficiência potencialmente letal, pois
existem inumeráveis outras situações
potencialmente letais. Todo parto
carrega riscos que podem ser
potencialmente letais ao feto, por
complicações diversas e/ou
imprevisíveis. Ao nascer, o contato com
o ambiente inóspito pode levar o bebê a
infecções diversas e à morte. Qual o
limite objetivo que justificaria abortar
alguém porque o risco de desenvolver
limitações graves ou morrer é grande
demais? Todas as pessoas não morrerão
por algum motivo em algum momento de
suas vidas? E quem pode dizer que não
possui nenhum tipo de limitação?
Observem, com muita atenção, que os
autores falam que a STC é
potencialmente letal. Vou repetir,
potencialmente. Guarde bem o uso
dessa argumentação e da utilização da
palavra potencialmente, pois logo
abaixo, os próprios autores
desautorizarão o conceito de
potencialidade numa circunstância
específica
Os autores justificam a defesa do
infanticídio dos portadores de STC por
ser uma doença muito rara e porque
testes específicos durante a gestação não
são realizados, não permitindo, portanto,
que se aborte a criança antes do
nascimento. Eles deixam claro, também,
que a criança nascida é consciente de
sua condição, sendo motivo suficiente
para o infanticídio o desconforto paterno
e materno diante das dificuldades
potenciais.
E no caso de mutações que venham a
ocorrer durante a vida adulta, como um
câncer, por exemplo? Não seria
aconselhável matar o indivíduo para
evitar o desconforto social e os custos
dos tratamentos dispendiosos a ele
ministrados? E quanto a essa limitação
inerente ao ser humano chamada velhice,
em que acumulamos danos teciduais e
degenerações diversas que culminam em
nossa morte? Não seria adequado matar
o vovô para poupá-lo do grande fardo
pessoal de se ver limitado e do fardo
social em sustentá-lo?
Porém, o autor defende que se possa
matar um bebê porque ele não é gente,
ele só é potencialmente gente. É
interessante notar que nesta situação
específica, a palavra potencialmente não
adquire a mesma estatura que no caso
anterior. Se a criança potencialmente
pode desenvolver limitação, considera-
se este potencial de ocorrência; se ela é
potencialmente gente, não é válido
considerá-la como gente, como pessoa,
mas somente como um saco de carne
impessoal, que pode ser morto ao bel
prazer dos adultos.[ 34 ]
No entanto, tais doenças raras e graves não
são as únicas que tendem a permanecer não
detectadas até o parto; até mesmo doenças
genéticas mais comuns, cujos testes são
realizados normalmente nas gestantes, podem
não ser detectadas. Uma verificação em 18
orgãos de registro europeus revela que entre
2005 e 2009, apenas 64% dos casos de
síndrome de Down foram diagnosticados por
meio de testes pré-natal. Esse percentual indica
que, considerando apenas as áreas europeias
sob estudo, cerca de 1700 crianças nasceram
com síndrome de Down sem que seus pais
soubessem disso antes do nascimento. Uma vez
nascidos, não há outra escolha para seus pais, a
não ser mantê-los, o que às vezes era
exatamente o que eles não fariam se a doença
tivesse sido diagnosticada antes do nascimento.
Exatamente.
No entanto, mesmo que você possa beneficiar
alguém ao trazê-lo à existência (se a vida valer a
pena ser vivida), não faz sentido dizer que tal
pessoa é prejudicada por ser impedida de se
tornar uma pessoa atual. A razão é que, por
virtude de nossa definição de “prejudicar” na
sessão anterior, para que tal prejuízo ocorra, é
necessário que alguém esteja na condição de
experienciar tal prejuízo.
60 ]http://drauziovarella.com.br/drauzio/o-juramento-de-
hipocrates/
61 ]Conforme tradução de Wilson Alves Ribeiro Júnior
em http://warj.med.br/pdf/juramento.pdf.
62 ]Trechos retirados do “Ensaio sobre o pensamento
reacionário” escrito por Emil Cioran, que critica
indiretamente a si mesmo ao ressaltar as qualidades e
defeitos de De Maistre, como se ele fosse um alter
ego seu. Cioran E. Exercícios de Admiração, Rio de
Janeiro, Editora Rocco LTDA, 2011.
63 ]Ap 3,15-16: “Conheço as tuas obras, que nem és frio
nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim,
porque morno és, nem quente, nem frio, estou a ponto
de vomitar-te da minha boca”. Bíblia de Estudo de
Genebra. “Conheço tua conduta, não és frio nem
quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és
morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de
minha boca”. Bíblia de Jerusalém.
64 ]http://medicinadoestilodevida.com.br/hipocrates/,
escrito pelo Dr. Alexandre Feldman.
65 ]José Ortega y Gasset escreveu o livro Rebelião das
Massas, e José Ingenieros escreveu o Homem
Medíocre. Ambos denunciavam os perigos de se
deixar uma sociedade ser guiada por pessoas medianas
e ressentidas, ao mesmo tempo em que os melhores,
os mais dedicados, os mais nobres, são destruídos ou
reduzidos por um sentimento de ódio e inveja coletiva.
66 ]Como descreve Aulus Gellius, sobre a visão
desfavorável que Favorinus (80 d.C. -150 d.C.) tinha
das mulheres que abortavam para manter sua beleza,
e m Noites Áticas. V. também:
http://abort73.com/abortion_facts/ancient_abortion_histo
67 ]Os princípios são beneficência, não-maleficência,
justiça e autonomia. Beauchamp TL, Childress J.F.,
Princípios de Ética Biomédica. São Paulo, Loyola,
2011.
68 ]Paul Jonhson. Sócrates, um homem de nosso
tempo.
69 ]Como Olavo de Carvalho explica em sua obra
História Essencial da Filosofia, nos capítulos iniciais
onde trata do projeto filosófico e da tríade Sócrates,
Platão e Aristóteles, lançada pela É Realizações.
70 ]Cf.
http://www.medicina.ufmg.br/noticiasinternas/wp-
content/uploads/2007/07/juramento-de-hipocrates-
meidicna-ufmg.pdf
71 ]Cf.
http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/juramento.htm
72 ]Cf.
http://www.portalmedico.org.br/arquivos/CodigodeEticaE
73 ]Essa é uma concessão que não pode ser feita de
fato, pois Dráuzio cita trechos do original. Que pena.
ANEXO II
PELO DIREITO DE MATAR
OS MONGOLÓIDES
Editor:
Diogo Chiuso
Revisão:
Thomaz Perroni
Capa:
Renan Santos
Desenvolvimento de eBook:
Loope – design e publicações digitais
www.loope.com.br
Conselho Editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Diogo Chiuso
Rodrigo Gurgel
Silvio Grimaldo de Camargo