O cuidado da família e do lar familiar era uma das principais preocupações
dos povos fenícios e púnicos. Eles consideravam que as doenças, as más colheitas e outros males que afetavam as pessoas da casa e suas propriedades eram causados por agentes demoníacos e espíritos malignos. Por isso, práticas rituais e objetos mágicos destinados a proteger casas e pessoas permeiam a vida doméstica. Informações textuais e arqueológicas sugerem que muitas dessas ações rituais foram realizadas por mulheres. Essas mulheres eram depositárias dos conhecimentos necessários à execução desses ritos e os transmitiam a outras mulheres, principalmente no seio da família. Dentre essas práticas de cuidado e proteção, destacam-se as ladainhas e orações, recitadas por exemplo durante o parto; a preparação de remédios medicinais, misturas ou alimentos especiais, que eram oferecidos aos enfermos; e oferendas a divindades para garantir colheitas, garantir vida sexual ou gravidez. Na execução dessas práticas, eram utilizados principalmente objetos do cotidiano, mas às vezes eram necessários objetos especiais aos quais eram atribuídos poderes mágicos devido ao material com que foram feitos, pela história do objeto ou pelas imagens que representavam ou carregavam. Dentre os objetos mágicos usados para o cuidado dos familiares, destacam-se pequenas joias como pulseiras, pingentes e brincos que serviam para proteger as pessoas de doenças e espíritos malignos. Nas iconografias e nos espaços funerários esses objetos, usados como amuletos, estão preferencialmente associados a crianças e mulheres.