Você está na página 1de 115
JEUSAMIR ALVES DA SILVA (TATA ANANGUE) ANGOLA NACAO MAE @ Resgate'do Candomble Tradicional Bantu— Angola Histéria - Religiosidade - Linguas e Dialetos - Agdes Afirmativas Conelusao ¢ Decisées do SNAB | (Convénio n°. 719027/2009-SEPPIR-PR) ! JEUSAMIR ALVES DA SILVA (TATA ANANGUE) ANGOLA NACAO MAE O Resgate do Candomblé Tradicional Bantu - Angola Nova Iguagu— RJ 2010 MINISTERIO DA CULTURA Fundagio Biblioteca Nacional International Standard Book Number (ISBN): 978-85- 91637-0-0 Escritério de Direitos Autorais Registro: 450-501 Livro: 846, Folha: 161 Copyright 2010 A reprodugao total ou parcial deste livro é ilegal. E configura apropria¢do indevida dos direitos do autor. O que nao impede que conteudo possa ser trabalhado com grupos de interesse, dado o devido crédito autoral. Diagramagcao Paulo Santos Revisao: Natalia Azevedo Crivello. Capa: Luciano Vinicius PREFACIO Em virtude da constante procura do piblico, através de cartas, pessoalmente, programas de radio e internet, por publicagées que falassem sobre o Ritual do Candomblé de Angola, foi que preparamos esta humilde obra, cuja finalidade principal é contribuir com a luta pelo resgate e preservacao dos costumes e tradigées do povo Bantu-Angola, no que se refere 4 religiiio. Trata-se de uma espécie de cartilha, escrita apés muitos anos de convivéncia ¢ amizade com grandes e inesqueciveis Tatetos, Mametos, Xikarangombes e Makotas, pesquisas de obras de autores nacionais e estrangeiros, onde todos, com os seus iluminados conhecimentos muito contritjuiram para o engrandecimento desta obra singela, cuja finalidade maior é ser util, pratica, explicativa e de facil entendimento para todos quealerem. Nao podemos tecer criticas a casa do nosso préximo, em relagéo a nossa, até porque, sabendo da existéncia das inumeras tribos da Nagao Mibundo que fala a Lingua Kimbundo, que por sua vez se subdivide em onze dialetos correspondentes a estas onze tribos, nao poderiam ser exatamente iguais. Exemplo: Mokoiu, Makuiu, Kozodi6, tudo ébéncao, tudo é Bantu. Mesmo sabendo que os letrados irdo usufruir deste livro, 0 mesmo nao foi elaborado para eles. Porém, para 0 povo no seu todo. Nao usamos aqui nenhuma linguagem esdrixula, ja que isso so viria dificultar o entendimento dos menos letrados. Empregamos vocabulos simples, ao alcance de todos, procurando traduzir, sempre que possivel, as palavras em Kiribum (lingua religiosa) e as palavras em kimbundo (terceira lingua falada em Angola), ou em Kigongo falado pela na¢ao Bakongo. Solicitamos aos nossos irm4os que leiam passo a passo, pagina por pagina, a nossa obra, e dela tirem bastante proveito, para que no futuro possam transmiti-la aos seus seguidores. O Autor. ® AGRADECIMENTOS Dedico esta obra a minha familia, aos meus mais velhos, aos meus filhos, netos, bisnetos, tataranetos e demais descendentes de santo, a0s nomes citados como fonte de pesquisas, uns saudosos e outros em nosso convivio, alguns destes, seguidores de outras nagoes de matriz africana, mas que sempre respeitaram o Candomblé de Angola, a todos os pais e mies de santo, kanbonos, makotas e amigos simpatizantes que continuam contribuindo nao sé para a preservagao de Candomblé de Angola como também para uma maior visibilidade e fortalecimento do Candomblé em geral. Homenagem especial. Embora seja o dever de um Governo atender a todos sem disting0, compreendemos o quanto foi dificil para essa equipe superar todos os obsticulos e assumir a responsabilidade de trazer a tona, através da celebragdo do convénio n°. 719027/2009- SEPPIR-PR com a CRBNDM o importantissimo papel dos Negros Bantu no Brasil, omitido pela Histéria ha mais de 400 anos. Para que conste dos anais da historia, fica aqui registrado 0 eterno reconhecimento e gratidao das Nagées Bantu pelo apoio dado pela Presidente Dilma Roussef ent&o Ministra da Casa Civil eo empenho e dedicacao dos senhores: Exm°. Deputado Federal Edson Santos, entéo Ministro Chefe da SEPPIR, por terem acreditado neste projeto cuja finalidade maior é a inclusao da Cultura Bantu na Histéria do Negro/Lei 10.639/2003 do Presidente Luiz Inacio Lula da Silva que torna obrigatéria a sua aplicagdo no ensino fundamental e médio. Homenagem péstuma. Ao nosso grande precursor, Rei do Candomblé, Pai Jodozinho da Goméia, por ter nos dado a condic¢éo de hoje lutarmos abertamente por nossa religiao. Com toda certeza meu grande pai vocé é a "Estrela Dalya" que corre o mundo sem parar, iluminando a mata virgem e as cidades eos caminhos de todos nés. Mokoiu meu pai, meu rei! Tata Anangué SUMARIO I-HISTORIA 1-A Origem de Angola 2.- A Escravidao no Brasil 3 - Os Kambindas 4 - Mitologia Bantu 5 - O Ritual da Kabula TI— RELIGIOSIDADE 6 - A Criacao dos Seres 7-O Candomblé de Angola 8 - Canticos 9 - Ervas 10 - O Mistério do Jogo II - LINGUAS E DIALETOS 11 - Ortografia e Fonologia 12 - Pequeno Dicionario Portugués / Kimbumdo / Kikongo 13 - Pequeno Dicionario Kimbundo / Portugués 14 - Pequeno Dicionario Portugués / Kiribum Kassanje IV -ACOES AFIRMATIVAS 15 - Relatério do I SNAB 16 - Codigo de Etica 140 145 176 181 207 211 I- HISTORIA 1- A Origem de Angola. Ao tempo do descobrimento portugués havia ao sul do reino do Congo dois reinos. Eram Ndongo e Matamba. Em 1555 um povo némade e feroz invadiu 0 Congo e o oeste africano, desde a Guiné até 0 centro de Angola. Foram os Jacas ou Majacas, também chamados Simbas e Manes na Guiné, Gatas ou Gallas na Abissinia (Etiépia) e Gingas em Angola. Os invasores tudo destruiram e um dos chefes, o NGola Ginga, apossou-se dos dois reinos (NDongo e Matamba), presenteou 0 reino de Ndongo a seu filho, o NGola NBandi, cujo nome passou a designar desde entio o reino conquistado (NGOLA; Angola). Era a Dinastia dos Gingas que se estabelecia em Angola, antigo reino de NDongo, também chamado agora, reino do Ginga ou dos Gingas. Ngola Nbandi filho de NGola Ginga, foi um rei valente que resistiu por varias vezes As expedicdes aguerridas dos colonizadores portugueses, contra-atacando-os vitoriosamente. Em 1618 os vassalos de GingaNBandi, oitavo rei de Matamba, cansados da tirania do velho rei, revoltaram-se e mataram-no. Assumiu o poder NGola NBandi, filho do velho Ginga NBandi e de uma escrava (nfo deve ser confundido com o primeiro NGola NBandi), mercé da conspiracio preparada e, para consolidar o mando supremo dos reinos Angola ¢ Matamba, mandou decapitar o irmao, a madrasta e um sobrinho, filho de uma irma aquela que seria a futura Rainha Ginga, a famosa D.Anna de Souza. Esta nunca perdoou ao irmio a afronta recebida (morte do filho), embora fingisse hayé-lo perdoado e colaborando mesmo como Embaixatriz do Reino de Matamba perante os colonizadores. Foi numa destas embaixadas que consentiu ser batizada na religiao catélica, recebendo 0 nome de Anna de Souza (1622). Mas na primeira oportunidade a catdlica D.Anna de Souza vingou-se do irmao, envenenando-o na pequena ilha de Kuanza, onde ele se refugiara, batido pelos portugueses e completamente abandonado pelos seus vassalos. 6 Naquela época, Dona Anna de Souza foi aclamada soberana. Era 0 reinado da absoluta e cruel Rainha Ginga que se mniclava. Apostatou do catolicismo e sustentou contra os reinos vizinhos e o colonizador encarnigadas lutas que duraram muitos anos. Nos ultimos tempos da Rainha Ginga, os missionarios capuchinhos conseguiram a sua volta ao catolicismo (1657) em cujo seio permaneceu até o seu falecimento, em 1680, segundo alguns historiadores ou em 17 de dezembro de 1663 aos 82 anos de idade, segundo o padre Antonio Caeta. Angola é um pais da costa ocidental da Africa, cujo territério principal ¢ limitado a norte e a leste pela Republica DemocrAtica do Congo, a leste pela Zambia, a sul pela Namibia e a oeste pelo Oceano Atlantico. Angola inclui também o enclave de Cabinda, através do qual faz fronteira com a Repitiblica do Congo, a norte. Uma antiga colénia de Portugal foi colonizada no século XV, e permaneceu como sua colénia até a independéncia em 1975. O primeiro europeu a alcangar Angola foi o explorador Portugués Diogo Cio. Sua capital é Luanda. Republica de Angola Angola esta dividida em 18 provincias: 1) Bengo (fone 2) Benguela 3) Bié 4) Cabinda 5) Kuando-Kubango 6) Kwanza Norte 7) Kwanza Sul 8) Kunene 9) Huambo 11) Luanda 12) Lunda-Norte 13) Lunda-Sul 14) Malange 15) Moxico 16) Namibe 17) Uige 18) Zaire (upene! Cuando Cubango Linguas: o portugués é a tinica lingua oficial de Angola, além de numerosos dialetos, possui mais de vinte linguas nacionais. A lingua mais falante depois do portugués, é o Umbundo, falado na regiao centro-sul e em muitos meios urbanos. E lingua materna de 26% dos angolanos. O quimbundo (ou Kimbundu) é a terceira nacional mais faluda (20%), com incidéncia particular na zona centro- norte, no eixo Luanda-Malange e no Kwanza-Sul. E uma lingua com grande relevAncia, por ser a da capital e do antigo reino dos N' ‘gola. Foi ela que deu muitos vocdbulos a lingua portuguesa e vice versa. O Kicongo falado ao norte (Uige e Zaire) tem diversos dialetos. Era a lingua do antigo Reino do Congo. Ainda nesta regiao, na provincia de Cabinda, fala-se 0 Fiote ou Ibinda. O chocué (ou tchokwe) é a lingua do leste, por exceléncia. Tem-se sobreposto a outras da zona leste e é, sem duivida, a que teve maior expansio pelo territério da atual 8 Angola. Desde Lunda Norte ao Cuando Cubango, Cunhama, nhaneca e mbunda sao outras linguas de origem Bantu faladas em Angola. No sul de Angola sao faladas outras linguas do grupo khoisan, faladas pelos san, também conhecidos como bosquimanos. O territério de Angola situa-se quase exclusivamente dentro da drea de difusio das linguas bantu. So nove as nagdes bantu de Angola, correspondendo a cada uma delas uma lingua diferente: NACAO be IDIOMA 10 ou Ambund De todas estas nacées, sé os territérios dos Mbundu, dos Ovimbundos e dos Nhaneka-Humbe se circunscrevem no espaco angolano. Cada uma destas nacoes é¢ dividida por diversos subgrupos, a cada um dos quais corresponde uma variante dialectal. A nacdio Mbundu reparte-se em 11 subgrupos (ou etnias), disseminados pelas provincias de Luanda, Bengo, Malange, Kuanza Norte e ainda pequenas bolsas no Uige e no Kuanza Sul. Portanto 11 variantes do Kimbundu, de acordo com a difusio geografica dos 11 povos que constituem esta na¢ao: Ngolas, Dembos, Jingas, Bondos, Bangalas, Songos, Ibacos, Luandas, Kibalas, Libolos e Kissamas. Os estudiosos do Kimbundo surgem no século XIX e XX, s4o destaques: Héli Chatelain, Cordeiro da Mata, Anténio de Assis Junior e Oscar Ribas.* * Wikipédia, Ramos, Arthur, O negro brasileiro, 1930. 10 2 - AESCRAVIDAO NO BRASIL Tanto para a América do Norte, quanto para as Antilhas, a raga negra foi introduzida no Brasil para a mao de obra indigna nas lavouras de cana de agucar, algodio, cacau e café: nas regides agricolas de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, depois Maranhio e estados limitrofes. E por ultimo nas zonas centrais de mineracao. A histéria do trafico de escravos no Brasil nao esta devidamente escrita, trata-se de uma extensa e triste odiss¢éia que se estivesse totalmente registrada ocuparia imenso capitulo da Histéria do Brasil. Se nao fosse a destruicgio dos documentos histéricos sobre o negro, decretada pelo Ministério da Fazenda, através da circular n° 29 de 13 de maio de 1891, teriamos hoje, respostas para as inimeras perguntas referentes 4 entrada de diversas tribos africanas nas inimeras regides brasileiras. Segundo alguns historiadores*, foram os Bantos os primeiros negros a entrarem no Brasil. Proviam de Angola, Congo e Cabinda da Africa Ocidental e dos Macuas e Angicos da Costa Oriental. ©O professor baiano Nina Rodrigues descobriu na Bahia que parte da populacao negra existente era de procedéncia Sudanesa: Yorubas, Géges, Hausas e Minas, além dos negros Bantus anteriormente chegados. Podemos entao concluir que de acordo com varios estudos Sobre 0 assunto, duas vertentes negras entraram no Brasil: Bantos e Sudaneses. Os Bantos foram introduzidos em Pernambuco estendendo-se a Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sao Paulo e Maranhio estendendo-se ao litoral paraense. Estes foram focos primitivos, dai se espalharam posteriormente por todo o territério brasileiro. Sao Bantos: Os Angolas, os Congos ou Cabindas, segundo os historiadores Spix e Martins os Benguellas, os negros de Mocambique incluindo os Macuas e Angicos. Os Sudaneses foram introduzidos inicialmente nos * Professora Nina Rodrigues, Arthur Ramos, José Redinha . iW e mercados de escravos na Bahia e de 14 se espalharam pelo recOncayo baiano e, posteriormente por todo o territério brasileiro. Deles os mais importantes foram os Yorubas ou Nagés e os Jéjes. Nao dando certo o uso do indio como escravo, pensou- se ent&o nas antigas colénias de Portugal na Africa distante onde se buscariam escravos mais déceis, submissos e fortes para o trabalho bragal nas lavouras. A colénia portuguesa de Angola foi a primeira a ter os seus filhos transportados como escravos para a nova colénia. Consequentemente ha de se aqui registrar como sendo a primeira nagdo de negros que chegou ao Brasil. Compunha-se esta grande Nagao das tribos: Banguelas ou Bangalas, Kongos, Muxikongos, Rebolos, Monjolos e Kassanjes. Estes ultimos considerados os mais cultos, deram origem as casas de Candomblé de Angola existentes no Brasil. E obvio que existiam escravos de outras colénias portuguesas como Mocambique e Guiné, porém em menor numero. E importante ressaltar que quando os sudaneses chegaram ao Brasil, os Bantus, em sua maioria de Angola, ja se encontravam aqui, ha quase 200 anos! Ora! O bom senso nao nos permite aceitar que seres humanos oriundos de outras terras tendo suas préprias crencas e costumes, em mais de 150 anos nao conseguissem implantar seus habitos religiosos onde viveram por varias geracées participando ativamente na construgao da lingua brasileira. Sera que teriam que esperar a chegada dos sudaneses para copiar seus deuses? Nao, tal argumento, perde o seu contetido pelas evidéncias ora apresentadas. Ele transmite até um pouco de discriminacao entre os préprios segmentos do Candomblé sem contar que a palavra candomblé é um vocabulo Bantu: Ndombele / kandombele. Como se explica entéo a vasta contribuicdo de vocabulos bantu na lingua oficialmente falada no Brasil, as rezas de Angola naturalmente inseridas nos rituais de Keto, Jéje. Por que em dados momentos nas casas que oficialmente nao tocam Angola ou Congo, se escuta e vé o milenar toque nos atabaques diretamente com as mos, sem as tradicionais 12 ene a varinhas (aguidavis) para conhecidos orixas ou voduns isto é sem os aguidavis (varinhas). E sabido que o negro Yoruba ou Nagé s6 comecou a ser traficado para o Brasil apés a descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII, j4 que se supunha que eles dariam 6timos mineradores devido as suas atividades auriferas na Costa da Mina, Golfo da Guiné ou Benin. . Eas ervas litirgicas consagradas aos deuses e vindas da Africa foram trazidas pelos Bantus que vieram trabalhar nas lavouras e nado em minas de ouro, sé descobertas no século XVILI, por que foi que eles trouxeram 0 conhecimento sobre as ervas? Para aumentar a flora da nova colénia? Nao, trouxeram-no para a liturgia de seus Inkices vindos em seus kamutués (cabecas) ou em seus coracées (muchimas). A realidade é que nao esperaram a chegada secular dos nagés, segundo alguns escritores, mais sdbios para copiar a sua religiao. Artur Ramos, discipulo do emérito Professor Nina Rodrigues, em seu livro “O Negro Brasileiro” ano de 1935, relata a existéncia de um culto religioso de origem Bantu- Angola, ainda no periodo da escravidao, assunto que veremos com maiores esclarecimentos ao tratarmos mais adiante da Ceriménia da Kabula. Acasa é feita e arrumada por quem chega primeiro. No sentido figurado Angola é a Nagao Mae, chegou primeiro, preparou o ambiente, e abriu as portas da casa para receber suas nacées irmas. Somos bantu sim senhor! Vamos resgatar e reescrever a nossa histéria! E do conhecimento de todas as comunidades de terreiro a discriminagao secular que sofrem as casas que tocam Candomblé de origem Bantu em sua maioria de Angola. Infelizmente varios motives alheios a nossa vontade, sio os principais causadores deste fato que chega a causar repudio. Quando tentamos denunciar tal atitude, imediatamente surge a tentativa de negd-la assim como se faz com 0 racismo no Brasil - “Que nada, somos todos irmios”. Eu particularmente 13 & entendo que seria o mesmo que dizer: Time que esta ganhando, no se mexe. A décadas, escutamos queixas e lamentos sobre este menosprezo que em muitas das vezes termina em debandada para segmentos nagés ou yorubas. Contam alguns historiadores da época que em substituigao a mao de obra indigena, foram introduzidas no Brasil em carater experimental ,por volta de 1534, as primeiras “vinte pecas” (forma pela qual eram considerados os negros ), na expedicio de Martim Afonso de Souza, provenientes de Angola e Guiné. Outro motivo reside no fato de terem sido iniciados na Bahia os estudos sobre a religiaio negra com Nina Rodrigues, ponto onde o trafico de escravos foi principalmente de negros sudaneses, 0 que veio a influenciar todos os trabalhos ulteriores sobre o assunto. O préprio Nina Rodrigues teve suas vistas desviadas de qualquer outro tema negro-religioso que nao fosse jéje - nagé. Embora cercado pelos diversos bairros como, Cabula, Calabetéo, Muricoca, Beiru, Curuzu; embora comendo quiabo, abébora, maxixe, jilé, caruru; embora ouvindo palavras como, quenga, neném, bagunga, quitanda, quilombola, trambique, marimbondo (Ney Lopes), nomes de origem Bantu. Sendo a primeira etnia africana a se fixar no Brasil, no século XVI os Bantus, palavra que significa muitos individuos, por se tratar de um povo rural contribuiu introduzindo suas técnicas agricolas milenares para 0 crescimento do nosso pais e o reconhecimento no Exterior como Nacio, além de trazer também seus costumes e tradicgdes ou seja seu modo de vida e de lidar uns com os outros, sua cultura e sua fé, prestando com isso, inestimavel servico ao Brasil, desde a sua organizagio social até nossos dias. Em contrapartida a esse menosprezo com a cultura dos primeiros aqui chegados é reconhecido por antropélogos, etndlogos, socidlogos brasileiros' e estrangeiros’ a enorme influéncia da cultura Bantu. Por outro lado a Lingua 1. Vide contribuigées de: Renato Mendonga, A Influgncia africana no portugués do Brasil, Ri, 1993 e Jaques Raimundo, O negro na lingua portuguesa, Rib, 1938, ambos com vasta bibliografia sobre 08 etudos de Hinguistiea afre- tone, Exploracion dans Vintérieur dela Afrique Austrade Tra rane. de MmeLoreau, Parts, 1858. pg. 701 14 Portuguesa entrou na cultura de Angola e do Congo de longa data. Damiao de Gois conta que em 1504 seguiram para 0 Congo “muitos mestres para abrirem escolas onde instruiam meninos na Doutrina Crista”. Linvigstone, segundo José Redinha, viajando entre Angola e Mocambique encontrou africanos que sabiam ler e escrever com letra tao delicada que parecia de mulher. Foi assim que muitos negros trazidos como escravos, aqui chegaram sabendo ler e escrever 0 portugués e j4 convertidos na doutrina crista. Segundo Oscar Ribas o Kimbundo em particular influenciou fortemente o portugués falado no Brasil. A lingua bantu marcou na realidade um lugar notério no processo de transculturacao Afro-Americana. Roy Glasgow em seu livro 'Nzinga” registra que em 1539 Jorge Lopes Bixorda esteve envolvido com o trafico e no mesmo ano Duarte Coelho requisitou permissao da coroa para introduzir escravos em Pernambuco. O padre Antonio Vieira tao comemorado recentemente dava a sua aprovagao ao trafico afirmando que sem negros nao hayera Pernambuco e sem Angola nao haver4 negro algum. Os insaciaveis apetites dos plantadores brasileiros tinham fome “de negros e mais negros. Angola se tornou, deste modo a _ @nergia da producao brasileira. - José Redinha nos ensina que de acorde com as teses _ asidticas, os Bantus seriam um povo que cerca de 5.000 anos, feria invadido a Somilia, para ser expulso por nova vaga Bantu a que se seguiram outras. Supde-se que as linguas Bantus iniciaram a sua invasio no sul da Africa ha cerca de 2.000 a 2.500 anos. A cristianiza¢ao dos negros vindos de Angola e Congo se deu na Africa, eles aqui chegaram em sua grande parte ja cristéos e falando portugués. Segundo Redinha, por este motivo uma intensa cristianizacdo foi se sobrepondo a um extrato remoto das crencas naturais, que desde os dias da descoberta se popularizaram sob nome de feiticarias, como Sindnimos de idolatrias. A presenca do cristianismo 15 . desenvolveu uma importante divulgacao da lingua e da escrita motivando-a para mudanga de crenga, a adaptacao de novos usos e costumes. Por estas razdes nado devemos estranhar o fato de termos tantas cantigas em portugués e Jesus, Maria, Rosario de Maria servirem como tema as mesmas. Isto nao significa que tenham sido inventadas no Brasil ou nos Candomblés de Caboclo como a maioria pensa. Nao so africanos os angolanos que chegam hoje no Brasil falando portugués? As religides tradicionais de origem Bantu acreditavam num Deus supremo, sem inicio ou fim. Este Deus permanece e nao é distante e nem indiferente. & Zambi em linguagem Bantu 0 mesmo Olorunemlinguagem deorigem Sudanesa. Placido Temples em seu livro “La Philosophie Bantu”, declara que este valoroso povo, possui uma ontologia propria, colocam Deus no vértice das for¢as como o Espirito Criador dotado de poder por si mesmo sendo por sua vez o homem um elemento participante de sua for¢a, seguindo uma hierarquia em que toma o primeiro lugar os antepassados fundadores do cld ou tribos, em segundo os defuntes venerados. Por outro lado se o culto aos ancestrais tinha para os Bantus uma importancia tao grande nao ha porque estranhar terem introduzido no Brasil em seu panteon o culto aos ancestrais da terra brasileira, ou seja, os nossos indios. Devemos lembrar ainda que etnias como os Cabindas e Ovibundos se dedicaram ao pastoreio de bovinos em sua terra natal. Partindo do princfpio de que a cultura afro-brasileira reside e emana da religido, torna-se invidvel falar da mesma sem falar de Candomblé. _ Candomblé nao é uma religiao de escolha, mas sim de escolhidos. Nao é religiao de conversao, pois o chamado acontece através da espiritualidade. E o privilégio de ter o dom da espiritualidade. N6s do segmento religioso de origem Bantu estamos levantando unidos esta bandeira para mostrar a sociedade que houve em algum momento da histéria, uma negagao da cultura dos povos Bantu em fungio de outras etnias africanas que chegaram ao Brasil 16 no final do século XVII inicio do XIX, negagAo esta que tornou quase imperceptivel toda a contribuigo da nossa cultura e religizo, Vimos buscando durante muitos anos conhecimentos que nos ajudem a dar visibilidade as “Nagdes” que tocam Candomblé Bantu, porém de modo seguro e mantendo o devido respeito aos irméos que tocam Candomblé de origem sudanesa (nagés ou yorubas) evitando criar um clima de disputa com as outras etnias africanas. Queremos somente reivindicar 0 destaque, 0 respeito e aigualdade que a Cultura Bantu merece ao longo da histéria deste pais. Nas minhas andangas por este Brasil 4 fora, tenho participado de varios eventos politicos, passeatas, semindrios, encontros, féruns, conferéncias, tenho inaugurado varias casas de Candomblé Bantu Angola, em fim, toda a sorte de eventos que possam dar visibilidade e credibilidade a cultura bantu. Precisamos aproveitar esta oportunidade dada pelo Governo através da Lei 10.639 de 2003, para recontar a nossa hist6ria e construir novos valores antes que tenhamos, mais uma vez, ou por mais quase quatrocentos anos a nossa cultura negada, embora as evidéncias permanecam no dia a dia de cada afro-brasileiro naquilo que come, no que veste, no que calca eno modo de viver ou seja: nas caretas, nos muxoxos, nas Mesuras, no gingado, na musicalidade, nos variados tons de yoze de pele. E verdadeiramente uma luta ardua, sabemos que estamos construindo uma obra nao para nés, porém, para aqueles (as) que um dia governariio este pais. K necessario que defendamos, independente de “Nag4o” de Candomblé, esta causa justa que sé vird trazer novos conhecimentos para aqueles que ignoram esta pagina da histéria, bem como aumentar a bagagem daqueles que tém a missdo de ensinar historia. A palavra Candomblé vinda da Lingua Kimbundu (Bantu-Angola): ndombele=kondombele na verdade significa festa ou seja reuniao de varios Inkices. Por conseguinte as NagGes de Angola, Kongo, Cabinda, Jeje, Keto, Efon, é que sio 7 * religides que tocam o candomblé, inclusive de forma diferenciada. Nas religides de origem Bantu as maos tocam diretamente os couros dos atabaques em ritmos variados, as cantigas nos varios dialetos da Lingua Kimbundu. JA nas de origem sudanesa usam yarinhas para tirar 0 som dos couros dos atabaques, quando usam as mios é para executar uma modalidade de toque que muitos consideraram como nacio, mas que na verdade trata-se de uma dan¢a preferida do Orixa Oxum no nagé e que mesmo tocado com as mos diretas no couro dos atabaques nada tem a ver com as Nagées de origem Bantu. Falar de mais de 120 anos de abolicao seria cémodo se pudéssemos estar comemorando também, mais de 120 anos de emancipacao e principalmente a abolicao da discriminacio religiosa e étnica existente até hoje, do povo de origem Nag6 ou Sudanesa contra 0 povo Bantu, que foi a primeira vertente negra introduzida no Brasil, para o trabalho escravo, nas lavouras de algodao, cana de acucar e principalmente nas lavouras de café, trabalho este, que proporcionou ao Brasil o reconhecimento no exterior como Nagao. Chegado quase duzentos anos depois para trabalhar nas minas de ouro, ja no final do século XVIII, época da descoberta do ouro em Minas Gerais, 0 povo de origem Nag6, se julga anos luz 4 frente do povo Bantu aqui por eles encontrado. E comum ouvir de alguns praticantes do Candomblé de origem nagé, as seguintes expressées: __ Candomblé de Angola é Umbanda Melhorada, nao tem Lingua e nem santo préprio, Angola néo tem nada pra dar. Porém, quando inquiridos através de um érgiao piiblico ou de ampla divulgacio, negam veementemente. Para nds, Angoleiros, sermos chamados de Umbanda melhorada, s6 nos enaltece cada vez mais e, sé é motivo de orgulho, porque ser comparado com a Grandiosa Umbanda dos Caboclos , dos Pretos velhos, dos Compadres e das Pombas Giras, é uma grande honra. Além disso, a palayra Umbanda é de origem Bantu e significa: O Maioral, O Senhor, O Curandeiro, 0 Feiticeiro, ex: Tata Umbanda ou Embanda, Tata Kimbanda e 18 ete. Candomblé de Angola é uma religidio completa, temos os nossos Inkices e nossa prépria Lingua. Sem contar que, a maioria dos adeptos do Candomblé, independente de nagao, famosos ou nao, vieram da Umbanda e até hoje, recebem seus caboclos, pretos velhos, exus e pombas giras e tocam Angola, nem que seja por baixo dos panos, outros dao grandiosas festas para estes respeitaveis espiritos que chefiam ou fazem parte das poderosas falanges da Umbanda. Ha de se prestar atencao no emprego dessas palavras, porque quando alguém diz que Angola é Umbanda melhorada, n4o esta ofendendo a nacfo de Angola, mas sim, insinuando que a nossa Gloriosa Umbanda é “Piorada”. Porém, pior ainda € ver dentro da prépria Na¢ao de Angola, pessoas querendo impor a "sua raiz" nas casas alheias, achando-se certas e as demais raizes erradas s6 porque cantam estas cantigas em portugués ou em qualquer dialeto ou mesmo lingua que nao seja aquelas por elas conhecidas. Com tal atitude sé estao causando uma enorme confusao nas cabecas dos novatos. Particularmente, considero tal atitude uma grande hipocrisia e desrespeito As tradigdes, j4 que todas estas raizes tém suas origens na mais antiga delas que é o Tombenci da respeitavel sra Twenda Nzambi (Maria Nenem) e da senhora ‘Mariquinha Lemb4 que sempre cantaram em sua maioria ¢antigas em portugués, Sera que essa gente pensa que Angola é um bairro, um municipio, uma provincia e ndo um pais com a sua lingua Oficial que é o portugués e mais oito linguas nacionais, entre _ @las o kimbundo que como as outras se subdivide em varios dialetos? Sera que ainda n4o sabem quais sao as suas tribos de origem? Sera que é certo modificar 0 andamento quente dos Ngomas (atabaques) para um compasso lento e baixo, quase inespressivo para satisfazer a vaidade de quem toca ou cantae e. 4 inkice, relegando-o a um terceiro plano sé porque "nao la"? Est4 ficando muito feio isso. E preciso que cada um, 19 . toque e preserve o que aprendeu em sua tribo, raiz e casa com seus mais velhos. Com certeza, o aqui escrito, nio tem nada a yer com a maioria dos angoleiros que preservam as tradig6es de suas tribos, muito menos com aquelas pessoas que cultuam religides de matriz africana de origem nag6 ou yorub4, mas que sempre souberam respeitar o Candomblé de Angola. A elas reiteramos 0 nosso grande carinho e respeito. Entretanto, esta discriminagio, dentro da prépria religiao iniciou com alguns estudiosos da época, a comegar pelo emérito Professor. Nina Rodrigues que sendo precursor de estudo das religides afro-descendentes na Bahia, nao percebeu © mundo Bantu que o rodeava, se ligando apenas nos Nagés que chegaram bem depois e estavam em evidéncia. Passou-lhe despercebida a enorme quantidade de palavras Bantu que se pronunciaya ao seu redor, hoje inseridas na lingua portuguesa falada no Brasil: Quiabo, Maxixe, Jilé e muitos outros yocdbulos. Desatento a quantidade enorme de bairros existentes na Bahia que sao de origem Bantu como: Beiru, Cabula, Calabetéo, Curuzu, Murigoca, Mussurunga, Sussuarana, Tororé e ete. Ignorando ainda as origens ¢ manifestagées folcléricas no Brasil como : Capocira, Samba, Congadas, Maracatu, Jongo, Tambor de Minas, Maculelé e etc. Seus discipulos Artur Ramos e Edson Carneiro seguiram a mesma linha e néo disfargaram o seu preconceito com relacéo a Tradicao Bantu, referindo-se com desdém a propalada pobreza mitica dos Candomblés de Angola, 0 que nunca foi a expressio da verdade, pois no que se refere a Candomblé, Angola é uma nacio rica e completa, nao pede nada a ninguém, pelo contrario, é nela que muitos de outras nacées buscam conhecimentos. Hoje, gracas aos esforcos de divulgadores como Joiozinho da Goméia, José Rodrigues da Costa, Nei Viana, José Ribeiro e muitos outros, estamos dando o nosso grito de protesto contra a discriminagio dentro da prépria ra¢a. Todavia, nao é kibundando as nossas cantigas em portugués 20 oe que iremos conquistar o devido respeito. Sabemos que o nascedouro da discriminagao ou preconceito emana da falta de conhecimentos. E preciso entaio, que um angoleiro respeite 0 outro e informe aos demais segmentos de Candomblé as diversidades das tribos de Angola, pois é informando que se aquire respeito e admiragao. Ontem e Hoje 0 Paradoxo Podemos dizer que em mais de 120 anos de abolic¢io, s6 agora, através dos esforcos do entio Ministro da SEPPIR, Sr. Edson Santos foi que conseguimos reunir os Angoleiros do Brasil, visando a lei 10.639 de 2003 que obriga a inclusdo no ensino fundamental e médio da historia do negro; para informar e discutir 0 verdadeiro papel do povo Bantu na hist6ria do Brasil e na Africa; em seminario nacional realizado através do convénio 719027/2009-SEPPIR-PR. Orgao este criado ndo sé para defender os direitos do negro, mas, de toda _ raca que vive em nosso pais, sob regime de discriminagao, SECRETARIA DE POLITICAS DA PROMOCAO DA IGUALDADE RACIAL). Contrariando a vontade dos velados racistas do Brasil. Para que passe a constar dos anais da Historia do Negro, é importante que observemos 0 paradoxo que 0 destino Nos preparou dela pra ca. “ONTEM", o Exm’. Ministro da Fazenda (branco), Rui Barbosa, através da circular n° 29 de 13 de maio de 1891, mandou queimar todos os documentos histéricos sobre 0 negro, tentando apagar a vergonha nacional. E com isso foi-se embora todo o acervo de registro de entrada e vida do negro bantu durante o trabalho escravo no Brasil. "HOJE", temos Ministros negros, resgatando a cultura negra ea verdadeira libertagéo seguida de emancipacao: Matilde, Gilberto Gil e Edson Santos e outros mais nas diversas pastas do Governo. Quem diria? né! Tata Anangué. 21 . 3- OS KAMBINDAS Luciano Gallet sem ser especialmente etnégrafo, foi o unico que anotou em seu trabalho sobre "O negro na musica brasileira" a passagem descrita abaixo que destaca a sua capacidade de observar sem influéncias cegas: “Os Cambindas considerados pelos outros, inferiores, imitadores e ignorantes, desconhecem até o préprio idioma complicado e dificil e © misturam com termos portugueses.” Adoram as pedras e prestam um culto especial a flor do girassol, que representa a lua. A sessao de feitigaria 6 chamada de macumba onde invocam seus santos: Ganga Zumba, Kanjiramungongo, Kubango, Sinha Renga, Licongo e outros. “Nestas reunides, as oragdes e chamamentos sao feitas através de cantos, dangas e batuques”.’ Perguntamos enta Qual a religiio de matriz africana introduzida no Brasil que nao adora as pedras? Entao o que colocam dentro dos assentamentos além de bizios, moedas, Menga e ensabas? Sabendo-se que todo e qualquer envultamento de um inkice, orixa, bacuro ou vodum sé est4 realmente completo quando tem a mistura, na dosagem certa, das trés energias: vegetal (folhas), mineral (pedra) e animal (Menga ou ejé); derrubamos por terra essa afirmativa maldosa que ousa subestimar a inteligéncia dos Kambindas que além de serem excelentes marinheiros, possuem a sua prépria lingua que é 0 Fiote ou Ibinda e seus deuses proprios. 3- Arthur Ramos, O negro brasileiro, pg. 77, cita Luciano Gallet 22 4-MITOLOGIA BANTU Segundo Arthur Ramos, ha um esboco mitico de um par primitivo que habitava um jardim frutifero, e do qual saiu 4 humanidade. Estes povos acreditavam num Deus superior, criador do universo e que recebe varios nomes conforme a regiao. Livingstone escreveu que é profundamente enraizada entre todos os habitantes da regiio. Chamam-no ser supremo Marimo, Reza, Mulungo, Mpambi, conforme o dialeto falado ___ €sses povos o consideram como 0 soberano ordenador de todas as coisas. Como os Bantus os Hottentotes acreditam num deus _ tinico. Os Zulus com 0 culto dos antepassados isolam o seu Unkulukulu, o grande antepassado, o primeiro criador do mundo. Entre os povos bantus que forneceram escravos para o Brasil, o deus principal ¢ Nzambi ou Zambi em Angola, 0 mesmo Nzambiam-pungu ou zambiam-pungo, no Congo. Em algumas tribos de Angola, chamam-no Ngana Nzambi (O _ senhor Deus). Ha entre os povos bantus, uma série de deuses inferiores, que variam de regio em regiao. A estes rendem 0 culto e os representam em pedacos de madeira ou marfim, aos ‘quais dio o nome de itiqui ou itéqui. Istes itéquis ou amuletos sao cultuados em Angola como ches e os kimbandas (feiticeiros) trazem-nos pendurado ao escoco. Existe uma multidao de espiritos bons e maus, _chamados ma-bambas em Angola e Kilulu no Congo. Os negros bantus cultuam verdadeiramente os antepassados e os espiritos. Acreditam na transmigragdo das almas e na sua ‘etamorfose até em animais. Os ritos funerarios e totémicos S40 difundidos largamente entre esses povos. No toteismo entre algum destes povos, como os do distrito de Benguellas, estudados por Augusto Bastos, ha mesmo um verdadeiro culto _ espirita organizado, chamado Orodére. Alguns pesquisadores _ da época acreditam que foi esta a razao por que o fetichismo de procedéncia bantu se fundiu tao intimamente com as praticas q do espiritismo, no Brasil. 5 23 « Ha algumas dessas divindades inferiores conhecidadas nas macumbas afro-brasileiras, transformadas ou existindo apenas no nome. Por exemplo: Calunga — nos Bantus, Kalunga é o mar, variando para Karunga e Karuga. Heli Chatelain achou em Angola varios significados para essa palavra que com freqiiéncia aparece nas linguas Bantu, a saber: a) Morte. b) Personificagdo da morte na figura do rei do mundo inferior chamado Kalunga-Ngombe. c) Oceano. d) Interjeicio de admiragao. e) Um titulo de respeito dado a um chefee f) Entre os I-mbangala, a todo homem livre, de alguma importancia. g) Entre os afro-brasileiros, kalunga ainda Lembra 0 mar. A palavra kalunga hoje é usada popularmente para designar um pequeno boneco, 0 que se entende facilmente, pelo fato de que o seu fetiche ou itequi ser usado na Africa como um amuleto de madeira. Temos uma série interminavel de espiritos e grande parte dela, chegou até nés com nomes modificados, sao eles: a) Quilulo-n'sandi é mau, também conhecido em Angola como Quiluno que junto com Cassuto outro espirito da mesma linhagem, se apossaria dos enfermos. b) Calundu (Kilundu) é um espirito indeterminado, pode se manifestar nas mulheres que vio dar a luz, e nessa ocasiao toma diversos nomes (n'gombo, lemba, calombo). ©) O Kalundu angolense é ainda conhecido como Chirudo em Benguella onde se encontram outros espiritos: o Sdbum, 0 chiébo ou Kadido, o Sége, o Kamiam que é um espirito bom e inofensivo, protetor das criangas e dos partos. O grao-sacerdote recebe o titulo de quimbanda (ki- mbanda). Médico adivinho e feiticeiro ao mesmo tempo. Em Angola é feita a distin¢ao entre o Kimbanda Kia dihamba, 0 verdadeiro chamador de espiritos e o kimbanda Kia kusaka, que é 0 feiticeiro que cura doencas. E costume ainda, em 24 — algumas regides de Angola, fazer a distin¢4o entre o Nganga ou Ganga (derivado de ngana, senhor) que seria o cirurgiao principal, o verdadeiro sacerdote, e o Kimbanda (segundo o escritor Ladislau Batalha), 0 feiticeiro do local. Gangas itiqui, eram chamados em todo o Kongo (os ministros dos idolos). Também no Kongo, 0 sacerdote principal chamaya-se Kitome ou Kitombo. Os Kimbandas usam em Angola uma indumentaria especial e andam sempre acompanhados dos seus iteques ou amuletos. Presidem a todos os atos da vida religiosa ou social _desse povo: so graos sacerdotes, médicos, juizes e conselheiros. 5-O RITUAL DA KABULA Arthur Ramos em seu livre “O NEGRO BRASILEIRO”, setembro de 1934, publica a matéria abaixo: “Infelizmente o emérito Professor Nina Rodrigues, em 1900, ja escrevia taxativamente nao ter encontrado entre os afro- baianos, idéias religiosas pertencentes aos negros bantus. E depois na sua obra de conjunto sobre a raca negra na América portuguesa, apenas registrou crengas totémicas e folk-lore de procedéncia bantu, deixando de identificar, 0 que é inconcebivel para a cultura de um grande mestre, uma cerim6nia especial, a kabula que lhe foi descrita por um prelado brasileiro, D. Joao Correa Nery, pelo o mesmo assistida nfo se sabe em que ponto do Brasil e que evidentemente é de origem bantu-angolense.” Segundo Artur Ramos, D. Nery fez a seguinte observa¢ao curiosa: _ em certa regiao da nossa diocese, tivemos em nossa ultima excursio, oportunidade de observar a verdade desse acerto. Encontramos trés freguesias largamente minadas por uma seita misteriosa que nos parece de origem bantu. Nossa desconfianca mais se acentuou, quando nos asseveraram que antes da libertagio dos escravos, tais ceriménias s6 se praticavam entre os pretos e mui reservadamente. Depois da aurea lei de 13 de maio, porém generalizou-se a seita, tendo chegado, entre as freguesias, haver para mais de 8.000 pessoas iniciadas. (Por ai, cai a tese de que o primeiro movimento afro- religioso brasileiro tenha sido de origem yoruba ou sudaneza e sim de origem Bantu). A Kabula é semelhante ao espiritismo e a Maconaria, considerando algumas reservas. Acredita na direcao imediata de um bom espirito chamado Tata, que incorpora nas pessoas e assim mais de perto as dirigem nas suas necessidades espirituais e materiais. Como na Maconaria, obriga seus seguidores chamados Camanas (iniciados), para distinguir dos caidlos (profanos), a manter segredo absoluto. Tém suas iniciagdes, suas palavras sagradas, seus tatos, seus gestos, recursos particulares, para se reconhecerem em publico. 26 Em vez de sessio, a reunio dos cabulistas, tem o nome de Mesa. S4o duas mesas capitulares; a de Santa Barbaraeade Santa Maria, que se subdividem em muitas outras com os mesmos nomes. Fala-se da existéncia de uma terceira mesa de Sao Cosme e Sao Damiao—esta mais sigilosa e mais central que serviria como fiscalizacéo suprema das duas outras, onde os iniciados usam nas reunides, tinicas pretas compridas cobrindo 0 corpo todo, desde a cabeca até os pés. O chefe de cada mesa tem 0 nome de Embanda e é atendido nos trabalhos por outro que se chama cambone. A reuniao dos camands forma a engira. Todos devem obedecer cegamente ao embanda sob pena de castigos severos. As ceriménias sao secretas, variando de casas, porém, mais comumente nas florestas sob altas horas. Na hora certa, todos trajando camisas e calgas brancas € descalcos, se dirigem ao templo chamado camucite. A escolta do embanda fechando a sua retaguarda, é composta por alguns acavalo e outros a pée em siléncio, um cambone ou um camana leva a mesa (toalha, imagens pequenas e velas). Chegando ao camucite que é sempre sob uma arvore bem frondosa no meio da mata, limpam um espaco circular de 50 metros, fazem uma fogueira ¢ colocam a mesa do lado do Oriente rodeando as imagens de velas acesas dispostas simetricamente. Existe uma ordem para acender as velas (chamadas de esteiros), primeiro se acende uma a leste, em homenagem ao ar carunga, em seguida outra a oeste e as duas restantes, no norteeno sul, em seguida muitas outras em volta do camucite mtao chega 0 embanda, descalgo com lengo amarrado na abeca, ou de camolele (um tipo de gorro) além de um cinto de enda branca. Na presenga do grande chefe, os camands 0 seguem, marrando lencgos nas cabecas e iniciam uma oragio reparatéria de joelhos em frente 4 mesa. O embanda se evanta e olha pra o céu concentra 0 espirito e canta o primeiro jimbu (canto): 27 . DAi-ME LICENGA KARUNGA, DAI-ME LICENCA TATA, DAI-ME LICENCA BAKULA QUE O EMBANDA QUE KUENDA. Esta e outras cantigas sio acompanhadas de palmas (quatan ou liquiqua), compassadas enquanto 0 embanda se contorse virando e revirando os olhos, fazendo misuras, batendo no peito com as maos fechadas e compassadamente, soltando roncos profundos até que solta um grito estridente e assustador. Quando acontece algum descompasso 0 embanda pergunta __ Por conta de quem camané fulano, nao bate caliquaqua? Respondeo cambone: __ Por conta de ka-ussé. Aparticula-ka- precede quase todas as palavras. Ao sinal do embanda cessa 0 cAntico inicial. O kambono traz um copo de vinho e uma raiz. O embanda mastiga a raiz e bebe o vinho serve o defumador de incenso e entoa o segundo nimbu: BAKULONOAR ME QUEIRANAMESA, ME TOMBOAGIRAR. O embanda, quer dan¢ando, quer em éxtase recebe do cambone o candaru ( brasa do carvao que queima 0 incenso), trinca nos dentes e passa a soltar chispas pela boca entoando 0 nimbt: MECHAMATRES KANDURU ME CHAMATRES TATA SOU EMBANDA NOVO (OU VELHO) HOJE VENHO KURIA. 28 Chega a hora de iniciagao dos noves camanas. Se tiver alguém para entrar ou se iniciar, e ficou afastado até o momento num local bem distante do camucite acompanhado do seu padrinho, é hora de se aproximar. O catalo se apresenta humildemente trajado com calga e camisa brancas e descalco. Assim que entra no circulo, passa trés vezes por baixo da calga do embanda. F a tripla viagem, simbolo de fé, humildade ¢ obediéncia ao seu novo pai, como dever4 a partir dai chamaro embanda. Os camands cantam um hino agradecendo a Aquisicao de um novo irmao. Depois disso, o iniciado fica de pé diante do embanda e ‘este com a emba (pemba) e fricciona os pulsos, a testa e 0 _ ociptal do catalo. Depois da a raiz para ele mastigar e engolir o Suco, e um calice de vinho para beber. Em seguida 0 leva até 0 Jugar que dali em diante ter4 no engira. Distribui-se a pemba ‘entre os demais camanas e tendo todos provado a raize bebido ovinho, segue-se o ritual da fé. O embanda entoa 0 seu nimbu seguido das palmas. O -embanda pega uma vela acesa e come¢a a passar por entre as jernas, por baixo dos bracos, pelas costas de cada pessoa. Se agar a vela diante de qualquer camand, 0 embanda grita 0; Por conta de quem caman4 Fulano n4o tem cajé c4 tudo? Ycambone responde Por conta de Ca-ussé. comega entao aquele camana a ser castigado com duas, trés, jatro pancadas nas maos com o quibamdé (palmatoria), até ea vela nao se apague mais. Verificada a fé de todos os irmaos, segue-se a tomada do nté que é o ponto culminante das reuniées. Todos dobram lengo branco em forma de fita e com ele cingem a testa, arrando-o na nuca. Diminuem a luz da fogueira e queimam censo ou resina, perfumando o ambiente. Cantam o hino ropriado e ao compasso das palmas o embanda danca, rgando-se para que 0 espirito se apodere de todos. De ipo em tempo todos atiram emba no ar para afastar os maus iritos e fiquem cegos os profanos, nao divulgando assim os 29 * ' sagrados mistérios. De repente um daqueles geralmente 0 embanda, curva 0 corpo, pende a cabega ¢ rola pelo chao em contorgées. EK o santé que dele se apoderou. Todos trabalham e se esforcam para ter 0 seu santé, sujeitando-se a varias abstinéncias e rigorosas peniténcias. Pode acontecer de um simples camand merecer ter 0 santé. Nessa ocasiao fala e discorre, sem ter aprendido, sobre as coisas cabalares, como 0 mais perfeito e sabido dos embandas. Estes que esto sujeitos a ter santé constituem uma espécie de médiuns do espiritismo e quase sempre terminam embandas. Chega-se a conclusio que a finalidade destes adeptos ¢ a aquisig¢ao de um espirito que os guie e proteja em suas necessidades. Uma vez tomado o santé, trata-se de conseguir 0 seu espirito familiar e protetor mediante a cerim6nia que se segue. Entra no mato com uma vela apagada e volta com ela acesa, sem levar nada para acendé-la e traz entdo o nome do seu protetor que sio muitos como tata guerreiro, tata flor de carunga, tata rompe serra, tata rompe ponte. 30 If — RELIGIOSIDADE 6 - ACRIACAO DOS SERES SEGUNDO A TRADICAO BANTU Conta a lenda que, no passado, Angomi (0 universo) era 0 proprio Zambi (Deus supremo de Angola). Nesse tempo Angomi dormia sono profundo ese expandia cada vez mais. Ao crescer, Angomi foi vendo que ao seu redor, estava inserido 0 desconhecido. Como nao podia sair do seu espaco, transformou-se numa gigantesca bola de fogo e comecgou a emitir forte luz e concentr4-la em um determinado ponto, criando assim um ser alado a quem chamou de Aluvaia (Anjo de Luz). Apés ter dado a Aluvaia a esséncia da vida (0 sangue), 0 poder da criagao da matéria (0 pé de pemba), pediu-lhe ara percorrer 0 espaco desconhecido e trazer informacdes. luvaia entao alcgou voo em diregao ao espaco. i Ao penetrar no desconhecido, Aluvaia comecou a ficar ‘ambicioso. Sentindo-se poderoso pelo segredo obtido, esolveu nao mais voltar. Passou entéo a moldar as massas, ipés precipitar energia, transformando-as em matérias. Criou reyelia tudo aquilo que lhe vinha na mente, ou seja, um undo para ele préprio governar. Criou o sol, a lua, a terra, ufros planetas, as estrelas, os animais, os vegetais, os inerais. Os seres criados por ele passaram a ocupar os grandes itros de massas aglutinadas chamados mundos. Eles nao nham, porém, o segredo da perpetuag4o, unica chave que ou guardada com Zambi. Aluvaid ndo se incomodava com 0 e criava, a cada dia e a cada momento, um novo ser. Untretanto estes seres duravam pouco, por isso foram a esencade Aluvaia, pedir vida longa. Apanhado de surpresa este bolou rapidamente um ino astucioso, usando o que lhe veio de imediato 4 mente laligna. Falou! __Ide a busca de um fruto que tenha alguma melhanca com a vossa raga e traga-o a minha presenca ‘a que eu o transforme em taga, dizendo isto, Aluvaia 31 © acomodou-se tranquilamente em seu trono, se vangloriando de ter enganado as criaturas, pensando que eles morreriam procurando algo inexistente. Passou-se algum tempo, alguns seres realmente morreram, mas dentre os sobreviventes, uma mulher com formas obesas, ao caminhar, ja sem esperancas, por um terreno Arido e de vegetacio rasteira 4s margens do infinito, deparou com um fruto que tinha 0 formato de um ser humano onde se visualizava muito bem a cabeca 0 pesco¢o e 0 corpo volumoso. Poderia se dizer que era a sua prépria semelhan¢a. Satisfeita com o achado, correu 4 presenca de Aluvaia e lhe apresentou o fruto. Este, pasmo diante de que achava impossivel, j4 que criara tanta coisa sem nem parar pra ver, pegou o fruto que era uma cabaga, abriu 0 fundo, virou ao contrério e transformou-a em taga. Nela depositou o seu préprio sangue e deu de beber as criaturas para que suas vidas fossem prolongadas. Todavia, com o tempo Aluvaid foi enfraquecendo, para se manter poderoso, resolveu entao passar a beber o sangue dos seres que ele mesmo criara. Com isso passou a ter a mesma constitui¢ao dos seres viventes... Nesta época os seres nio conheciam o verdadeiro Senhor do Universo, Zambi, aquele que fora incriado. Indagando 4 Aluvaia, um deles lhe pediu a vida eterna. Imediatamente Aluvaid valendo-se de sua astiicia e libertinagem falou! __ O segredo esta com Zambi. Iria até ele pedir o segredo da perpetuagao. Assim fez, transpés a barreira o desconhecido e chegou 4 presenca de Zambi. Mentindo, falou que do outro lado havia seres bonitos, planetas, flores. Mas que se ficasse muito tempo I4 se enfraqueceria. Por isso precisava conhecer o segredo da perpetuagio. Zambi percebendo as suas intengdes falou: “Aluvaia vocé me enganou, usando seus poderes e bebendo de sua propria esséncia. Por isso mandarei vocé de volta e, como castigo, ter4 que se manter com a prépria esséncia da vida que _vocé conhece — 0 sangue”. Zambi tomou a decisio de criar novos seres espirituais para controlar o infinito: eram os 32 Inkices. De tempos em tempos, Zambi pedia a um dos deles para descer ao espago de Aluvaia e trazer noticias. Os Inkices viram e informaram que Aluvaid fazia um bom trabalho. Zambi entao pediu que Aluvaia viesse a sua presenga e falasse de suas obras. Aluvaia pediu ajuda aqueles que eram os mensageiros de Zambi. Para isso, usando da resposta positiva desceu com eles aos mundos habitados. Os Inkices, vendo a grande obra, passaram a ter os dominios dos mares, matas, ares, fogo e demais elementos da natureza. Aluvaid vendo seu ‘império comprometido zangou-se com os Inkices. Estes alegaram que tais segredos de formacao da natureza Yalorizaram oseu trabalho. + Os Inkices de posse dos dominios de Aluvaia passaram “f capacitar os seres de realizar diversas proezas. Aluvaia com 80 foi perdendo o seu poder e resolveu voltar a Zambi, ‘alegando que os mensageiros expulsaram-no do seu espaco. mbi deu entéo a Aluvaida missio intermedidria de ficar tre os dois espacos. Com o passar dos tempos, os seres, mtindo necessidade de Aluvaia, faziam-lhe sacrificios para ama-lo, ja que estes ficaram dependentes do sangue por ele jado. Como castigo, Aluvaid ficou com a responsabilidade 'mantera vida material, através do sangue. Esta é uma lenda Kassanje de origem Banto que além ‘azer para o Brasil os Candomblés de Angola e Congo, xe também a Arte Negra e os elementos folcloricos como 0 aracatu, a Capoeira, o Jongo, o Samba primitivo, o Maculelé juitos outros segmentos culturais ainda pouco divulgados. 33 . 7-O CANDOMBLE DE ANGOLA Como é comum em todas as casas que tocam Candomblé, na “Nacio de Angola”, o ritual de barracao se inicia com cAnticos e toques para o Sr. Aluvaid (Exu). Antes, porém, é necess4rio colocar no meio do barracdo (sambilé), a quartinha com Agua, as farofas de dendé e mel em recipientes de barro e uma vela (muila) acesa no meio do barracdo. Fica ent4o caracterizado o presente (Padé) para que Aluvaia tome conta da casa, afastando todas as negatividades e fazendo com que todo o restante do ritual se desenrole dentro de paz e harmonia. Em yolta desta oferenda, os mais graduados da casa de preferéncia filhos de Tateto Njango (Ogun), Tateto Kaviungo ou Kafundeji (Omolu ou Abaluaé) e Mameto Mulengue (Inhasa) dangarao as cantigas executadas em louvor a Aluvaia. Inicia-se ai o ritual para despachar Aluvaia. Apés 0 minimo de sete ou nove cantigas levanta-se a oferenda (padé) saudando com ela o Sr. Aluvaid, nos quatro cantos do sambilé (barracao), no centro e nos atabaques e finalmente em direcdo a porta de entrada, por onde sairao até o portao principal c la finalmente despachar4o para esquerda, direita e em frente 0 Padé, pedindo protecao ao Sr. Aluyaia para os trabalhos que estao iniciando naquele dia. Ja dé volta ao barracio, a cantiga a ser entoada é a seguinte: “Santo Anténio amarra 0 nego, amarra bem amarrado, “Sante Anténio amarra o nego, amarrai meus inimigos”. As demais cantigas que compdem ritual de abertura de uma casa de Angola serao informadas na parte referente aos cAnticos paraos Inkices. E muito importante também que se observe a escala ou ordem para se cantar para os Inkices, que inicia com Tata Aluvaia (exu) e encerra com Tateto Lembaranganga (Oxala). Para que Aluvaia ou outro Inkice (santo, orixa, bacuro e etc) fique satisfeito é nescess4rio cantar pelo menos sete cantigas para cada um. Elas se dividem em trés estagios: a) CAnticos para chamaro Inkice, 34 Louvores, exaltacgées e suplicas durante a sua permanéncia em terrae, CAinticos para sua despedida. ‘a OS caboclos (juremeiros), também se deve observar a ma sequéncia de significado das cantigas, como é feita 08 Inkices. Existe entre as cantigas para o Inkice uma sequéncia de 0, para evitar que antes mesmo de chamarmos 0 inkice fii, jd estejamos mandando-o ir embora. ortante também que conhe¢amos alguns nomes dos das cantigas para que se possivel, dentro desta cia, possamos manter 0 mesmo ritmo, conservando | forma, a eloquencia dos atabaques que transmitem iicamente aos presentes a energia positiva que facilita a ada do santo (Inkice), sem ter que parar ou mudar de Nos outros estAgios j4 citados, deve-se manter o mesmo inlo de execucao. Nos Candomblés de Angola os ritmos mais usados sio M40, Kongo de Ouro, Muxikongo, Kabula, Barrayento, nza, Rebate. Apés esta explanacio imaginamos que | ficado claro 0 nosso propésito de passar para os nossos | interessados, uma maneira de fazer um Candomblé de sem correr 0 risco de trocar cantigas ou ritimos que pnariam problemas de ordem espiritual entre as matérias ices durante o “toque”. Mas quais tipos de problemas jam acontecer? Observe se em meio a uma série de cantigas ditas de ‘40, alguém, por ignorAncia (falta de conhecimento), ou mesmo por maldade, canta uma toada de itambi (axexé) ou iesmo uma cantiga errada. Logicamente este ato ado, trara sérios problemas para 0 barracdo. FE. bom ir que cantar para o santo nao é tao facil como se parece, qual for o ritual. Trata-se de uma grande sponsabilidade, é preciso que se aprenda corretamente a oniincia e significado das palavras. Lembramos que entre as toadas de Angola existe uma de variedade em Portugués, todavia isto nao significa que 35 ta seja ponto de Umbanda como muitas pessoas sem conhecimento de causa tentam deturpar pelo simples fato de desfazer da Nagao Mae ou porque ouviram falar. Tal fato se explica por causa das colénias africanas pertencentes a Portugal, que além do seu dialeto tribal, o que muitas delas nem tinham (comunicavam-se por gestos), serem obrigadas a aprender e falar o portugués e aceitar a religiao imposta por seus colonizadores. Todavia, no ha de se estranhar tal fato, até porque os outros segmentos de Candomblé, de origem Yorubana tém em suas cantigas, palavras em portugués; Ogum Pereré ta no poco cadé? Ogum Pereré ta no pogo deca, 0 que nao é de se estranhar ja que todas as tribos, independente de facc4o, foram trazidas pelo mesmo colonizador que foi Portugués; e na pratica nio ha lingua sem traducao. O dialeto falado nas casas de Candomblé de Angola no Brasil é o Kiribum da tribo Kassange. A prépria palavra “Umbanda” faz parte do vocabulario Kiribum bem como outras muito usadas na referida linha. Exemplo: Kamutué = Cabeca, Cacurucaia = velha, Menga = Sangue e ete. Existem outros dialetos pertencentes 4 Na¢ao de Angola, perfazem um total de 274 dialetos. Os kassanjes como alguns outros, falam kimbundo (segunda lingua profana mais falada em Angola, antecedida pelo umbundo, e pela lingua portuguesa que éa oficial do pais. Patentes dentro dos Terreiros De Angola/Kongo. Tata ria Inkice —-Tata dia Mukixi (Pai de santo, Babalorixa, Dote). Mameto ria Inkice - Mm'etu dia Mukixi (Mae de Santo, Yalorixa, Doné). Tata Ndengue - (Pai pequeno) Mameto Ndengue ou Eakota Toror6 - (Mae pequena) Tata Nganga—Jogador de Buzios. Kissicaran Gombe-(Ogans). ~ Tata Kambui -(Alabé). 36 Tata Kambono-Brag¢o dircito do Tata de inkice. Tata Kivonda -(Axogum, Atoaxogum ou Mio de faca). Tata Kinsaba—(Babalossain, Colhedor de folhas litirgicas) MametoKinsaba -— ( Yalossaim, Colhedora de folhas litirgicas). i Makota —(Ekedi). _ Kutala—Herdciro (a) da casa. Kota—(Mais de sete anos com as obrigacées em dia). Mona Inkice— Filho de santo. Muzenza-—Iniciado (ya6) até os seis anos de santo. Ndumba - Filhos ainda nao feitos no santo. Os Inkices: Tata Uzumba ou Aluvaid, Bombogira, Pambu Nijila (Kimbundo e Kikongo) - Exu (Lebara, Legb4 Nagé Yoruba) — enhor de todos os caminhos, 0 patrono da velocidade, nada o i ém, habita as encruzilhadas, é representado pelos atalhos jlle se cruzam e que permitem que se va a todos os lugares. E 0 al defensor do direito de ir e vir, é quem dé caminho. Ele nao bom ¢ nem mal, apenas interesseiro e quando bem agradado forna uma das maiores defesas de quem o procura. Aluyaia ce um papel muito importante no jogo de buzios, mbinando com Dandalunda (Oxum). E ele quem responde perguntas de Dandalunda. E 0 nosso “Compadre” das ‘uzilhadas. E o guardiao dos Templos, das casas das idades e das pessoas. A sua outra face ele é 0 chicote da iti¢a, castigando os maus, os falsos e os hipécritas. Aluvaid é forga viva, atuante, inquieta, colérico, mas n’o raras vezes, mpreensivo, benéfico e 0 esteio daqueles que Ihes rendem* menagens. Come farofa, camarfo seco, cebola roxa, mel, feite de dendé pipoca, acaca, gosta de marafo (cachaca), galo, linha d'angola, pombo, cabrito ¢ boi. E 0 elo mais préximo tre o ser humano e Zambi, por isso é quem leva o recado aos kices e a Zambi, para isso tem o privilégio de receber tudo 37 : primeiro. Suas cores favoritas sao o vermelho e preto. Raras vezes se apresenta como dono do kamutué. Esté sempre ocupando a posic¢Ao de mensageiro de outro Inkice. Seu dia da semana consagrado é a segunda-feira. Quando raramente incorporado tréz em sua mao um bastdo curto enfeitado com buzios e cabagas ou um pequeno tridente. No sincretismo é representado por Lucifer que em linguagem evangélica ou catélica significa Anjo de Luz. Segundo os Kassanjes, o Ser de Luz criado por Zambi para percorrer o desconhecido e lhe trazer noticias. Tateto Njango ou Mukumbi, Nkosi - Ogum — Irm4o gémeo de Aluvaié, andam sempre juntos, a ética manda que nunca deixe Aluvaié sem comer, quando der comida a Sr. Mucumbi. Representa o ferreiro que forja as ferramentas para o trabalho no campo ¢ as armas para a guerra. E osenhor da Guerra, das estradas de terra e de ferro, 6 vencedor de batalhas e nao deixa seus filhos cafrem por terra. Coragem e perseveranga sdo caracteristicas normalmente encontradas nos filhos desta entidade. Quando ha sacrificios para outros Inkices, recebe também a sua parte de oferendas, pelo relevante motivo de ser quem forja o Pocé (Obé ou facao, faca). Sua representagio totémica é constituida de 7, 14 ou 21 miniaturas de ferramentas e armas presas em fileira, num suporte também de ferro. Dependendo da “energia” de Tateto Njango que rege o filho, podera ter apetrechos diferentes como por exemplo, pedago de trilho e grampos de trem, até mesmo um garfo de Aluvaid. Quando esta colérico, tem que ser imediatamente acalmado com alimentos de sua predilecao. Come feijio preto, fradinho, acara assado na brasa, acaca, camaro seco, dendé, mel de abelhas, galo, galinha de angola macho, pombo, cabrito, Usa vestes de franjas feitas coma folha do dendezeiro, em Angola chama-se Banda, no Yoruba chama- se Marid. E nos Fons ou Geges chama-se Azan. Estas franjas colocadas embaixo de uma porta principal, ou na entrada de um caminho, é 0 suficiente para chamar Mucumbi (Ogum), afastar as mas influéncias e quanto mais perto do solo 38 interditam a passagem. Sua cor é 0 azul marinho. E quando incorporado traz sempre a m4o, uma espada. No sincretismo é representado por Santo Antdnio, seu dia da semana é a ter¢ga- feira. Tateto Mukongo — Mutakalambé, Gongombira. (Oxossi) E 0 Deus cagador, usa espingarda, arco e flecha, sendo a sua importancia de grande destaque ja que nao deixa faltar alimentac4o para a populacao, garantindo a fartura de cacas porque permanece durante muito tempo dentro da floresta. Ocasiio em que faz contato direto com Katendé, entidade das ensabas (folhas medicinais e litargicas). E importante que nunca se corte o elo entre estas duas divindades, eles comem juntos e a harmonia sera perfeita quando se agradar a ambos. Seus filhos possuem a caracteristica de grandes projctos ¢ realizagoes, se tornam grandes pais e mies de santo quando $40 bem iniciados. Normalmente os caminhos s4o abertos ou com pequenos obstaculos faceis de serem afastados. Sao pessoas fartas, mas um pouco desconfiadas. Porém sempre prevalece 0 bom senso. Mutakalambé é simbolo de ‘osperidade e Fartura. Tateto Mukongo (Oxossi), tem na sua simbologia, as miniaturas de ferramentas de trabalho e armas, esas em fileira a um arco e flecha também de metal. Por habitar na mata, é representado pela cor verde nos \domblés de Angola nos demais pela cor azul claro e sua mca simboliza o cagador perseguindo a caca. Come milho, 0, mel de abelha, acaca, galo, galinha d'angola macho, yombo, cabrito e porco. . Seu dia da semana é a quinta- feira e na liturgia catélica representado por S4o Jorge. i Tateto Kitangana — Minipanzo — Katendé (Ossanhe). Entidade que governa as folhas no seu emprego medicinal e litargico é 0 nico Inkice detentor do Bengué que significa: orga, Poder e Vitalidade. Por isso torna-se obrigatéria a ecessidade de pedir sua presenca nos rituais magicos ou irgicos. Os verdadciros filhos de Katendé, 0 que é rarissimo 38 . de se encontrar, tornam-se grandes médicos, farmacéuticos, dentistas ou qualquer outra profissa0 que tenha vinculo com a satide. Seu simbolo consiste numa flecha de ferro atravessando um pdssaro, com seis langas de ferro presas em redor. Suas cores em Angola sio verdes e brancas. Nas demais nacées usa acor verde. Come milho, aca¢a, mel de abelha, vinho moscatel, amendoim, gosta de fumo de rolo, galo, galinha d'angola macho, pombo e cabrito. Seu dia da semana é a quinta feira. Em qualquer nacéo de candomblé s6 se pode fazer ou confirmar um Catendé por casa, podendo ser Muzenza, Kissikaran gombe ou Makota. Tateto Kilamba — Kaviungo ou Kavungo, Ntoto (Omola)—E 0 Inkice que domina a variola ea peste e as doegas em geral. Conhecido popularmente como 0 médico dos pobres éo grande sabio da medicina, quando simbolizado como Ntoto, significa o dono da terra. Apresenta-se nos terreiros de Angola, com dois aspectos: Como um velho (Kayiungo ou Omolu) ou um rapaz jovem e forte (Tateto Igondo - Kafundegi ou Abaluaé). Traz a cabeca e o corpo cobertos por palha da costa enfeitada com buzios, nas m4os um bastao confeccionado com o mesmo material c. Suas cores no candomblé de Angola sao pretoe branco ou vermelho e preto. Nas demais nagées usam vermelho preto e branco. Seu dia consagrado na semana é a segunda feira. I simbolizado por um cuscuzeiro de barro emborcado num alguida e do fundo do cuscuzeiro saem sete Janeas de ferro apontadas para cima. E comum que seus filhos peregrinem em romaria até 0 meado do més de agosto angariando donativos para realizar a cocuana (lubajé), a partir de 18 de agosto que é o dia de Sao Lazaro seu correspondente na igreja catélica, Come camario seco, cebola eazeite de dendé, galo, pato, galinha, d'angola macho, pombo, cabrito e porco. Tateto Ndala—Angoré-—(Oxumaré no Keto e Bessen ou Frequen no Gege ou fon) — Inkice simbolizado pela Serpente e o Arco-Iris. Representa 0 simbolo da continuidade, ou seja, a 40 ga Vital, um circulo fechado formado por uma cobra ordendo a sua prépria calda. E o inkice reponsavel pela istentacdo da terra impedindo que ela se desmanche. Ea queza, a fartura e as fortunas. No sincretismo é representado Sao Bartolomeu. E seu dia da semana é ter¢a-feira. Suas res em Angola sao amarelo e preto, nas outras nacées de gem yorubana verde e amarelo.Come batata doce, acaca, lho, grao de bico, camarao seco, cebola, casal de galinha, jal de galinha d'angola, casal de pombos, casal de gansos, de cabritos, enfim qualquer sacrificio de animais para entidade é oferecido em casal. Bebe vinho moscatel, mel de elha e azeite doce. Por ser um santo de linhagem rara, torna- muito dificil de ser dono de cabeca das pessoas. Também em casa s6 fica um. Seja da forma que for. Tateto Kilumino ou Kambaranguanje (Xango). Tido no o Rei dos Inkices. F. 0 Deus do trovao, simbolizande um mem viril e galhardo, As vezes violento, mas acima de tudo iticeiro. E colérico e vingative com os mentirosos, Ifeitores e ladrées castigando-os severamente. cores em Angola sao o branco e o vermelho, nas outras gdes, marron e branco. metal predileto é 0 cobre e seu simbolo é uma machadinha dois gumes. A gamela é o seu recipiente preferido e come jé, amala (quiabo, carne de peito de boi, camario seco, jola e azeite de dendé), galo, pombo macho , galinha ingola macho, cabrito, ca4gado. E representado no ‘retismo por S40 Gerénimo, Sao José, Sio Pedro e Si0 Joao tista. Nao é o bastante ao ofertar um cagado pra mbaranguanje, cobrir as suas patas com 4 bichos de ena(galos). Quem mexer com este animal deve procurar gum conhecedor antigo, pois existe algo mais a ser feito. Tateto Kitembu — Zanga Tempo - Tempo. Inkice lusivo das Nacées de origem Bantu. I quem regula as passagens de tempo e os periodos, controlando os instantes e 41 * momentos e atuando sobre os interyalos e as duragdes. Kitembu rege a atmosfera, determinando as variagoes climaticas, os ciclos da natureza e de todas as coisas relacionadas ao meio ambiente. E a propria expressdo da natureza agindo sobre os quatro elementos: agua, terra, fogoe ar promovendo os mais variados estagios e mudangas. Cabe ao Tempo unir ou fragmentar: passado, presente ¢ futuro. E representado tanto pelo efémero quanto pelo que éperene. As casas de Angola mantem hasteada de preferéncia em um cajueiro branco ou um dendezciro, uma bandeira branca em louvor a este poderoso Inkice. Suas cores sao verde, branco e cinza. Come canjica, pipoca, acacd, pacoca feita do torreiro do milho de pipoca, Peru, galo, galinha d'angola macho, pombo macho e cabrito. Tem na imagem de Sio Bento a sua representacao no sincretismo. Também ocupa a linhagem dos santos rarissimos como donos de kamutué, sendo dificil encontrar mais de um na mesma regifio. Wunje Kafulu — Ngongo Golungoloni ou Ngongo Maiombezé — Natureza jovem, gémeos xifépagos, Ibeijei conhecidos pelos yorubas como Hoho ¢ também identificados na nacao nago sob a forma de Erés. Na nagao de Angola sio considerados Inkices podendo ser donos de kamutué. Também raros, temos pouquissimas pessoas raspadas deste Inkice aqui no Brasil. No sincretismo representam os santos gémeos catélicos Sao Cosme e Sio Damiao. Usam missangas misturadas de todas as cores e suas yestes sfio nas cores em azul ¢ rosa. Seu assentamento é composto de um alguida com pequenas moringas e panelinhas de barro enfeitadas por bengalinhas de metal. Sua iguaria predileta é o caruru (comida feita com quiabo, galinha, camaro seco, castanha de caju, peixe seco, cebola e azeite de dendé), galo, galinha d'angola macho, pombo macho e cabrito. Mametu Mulengue —- Matamba, Bamburucena, Mbulu Sena, Mvula, Sinha Vanju, Kaiango Munhenho, (Kiribum, Kimbundo e Kikongo —(Inhasa ou Oya - Jejee ketu), é 0 Inkice 42 das tempestades e dos ventos, de temperamento impetuoso é perigosa quando se zanga. KE quem domina os Kalungombes (eguns) os mortos, é o Gnico inkice que tem poder sobre os espiritos desencarnados. Mametu Matamba é a unica que pode afrontar o poder dos inkices. Ela dan¢a com os braces estendidos como se estivesse desencadeando os elementos que formam a tempestade. A sua forma de dangar nos terreiros imita os guerreiros. Sempre carrega um sabre e um rabo de cavalo chicote com o qual espanta os kalungombes (eguns). Sua cor em Angola é 0 vermelho. Nas nagées yorubanas é a cor marron. No sincretismo é representada por Santa Barbara. Come acarajé, abara, aca¢a, galinha, galinha d'angola, pomba e cabra, moqueca de peixe. Mametu Ngiji - Dandalunda — Oxum - Dona do ouro, kice dos rios, lagoas e lagos, das fontes, dos regatos, enfim da igua doce, usa pulseiras de ouro, adora perfumes, pentes, broches e todo 0 tipo de enfeites. Muito vaidosa quando danga, Jarece uma mulher se banhando no rio e se enfeita de colares, itando os bracos para retinir seus braceletes e se mira num elho. Sua cor é 0 amarelo ouro e seu metal ¢ 0 latio. Os os de Dandalunda, sao pessoas influentes, gostam de curtir ida, amam 0s prazeres, sio ambiciosas, pensam em grandes rtunidades. Tem um futuro préspero, buscam grandes ‘os e viagens. Tem 0 amor certo, por isso nao deve buscar enturas. Surgem grandes oportunidades na politica. Come inha, galinha d'angola, pata, pomba e cabra. Na igreja lica é simbolizada por Nossa Senhora da Conceic¢ao, 0 ibado Ihe pertence. Mameto — Samba kalunga, Samba ni Nambua, Samba indu, Kaitumba ou Inaé, Kokueto, Kaiala, Kaiaia anja). E a divindade das aguas do oceano, governa a legiao ondinas é um dos inkices mais populares do Brasil, Rainha Mar, recebe oferendas de seus seguidores em pequenas ibarcacées. E a mie dos inkices, dona dos kamutués e bolo da maternidade. A cor branca cristal identifica as suas 43 . missangas, porém, pode usar em suas vestes, a verde Agua, além do azul claro e do branco. Danga imitando 0 movimento das aguas. Come arroz, canjica, feijao manteiga com ovos cozidos, mel de abelha, azeite de oliva, camar4o seco, moqueca de peixe, cebola pata, galinha, galinha dingola, pomba e cabra. Suas datas festivas ocorrem sempre no dia 15 de agosto e 31 de dezembro. Sincretizada como Nossa senhora das Gragas e Nossa senhora dos Navegantes. Mametu Kitabu — Zumbaranda — (Nana Buruku)—éa mais velha das Iaras (Mie d'agua). Considerada a avé dos inkices. E uma divindade cujo carater é dificil de definir, depende do lugar e templo onde é cultuada. f. sincretisada como Santa Ana, suas cores s40 0 azul e o branco, tem seu altar sempre vizinho ao de Kaviungo e Angor6é. Come mingau de acaca, grao de bico, arroz cozido, pipoca, aberém, azeite doce, mel de abelhas, camar4o seco, cebola galinha, pomba, galinha d'angola e cabra. Seus filhos tém tendéncia para o magistérioe sAo capazes de morrer diante de um passado ruim e ressuscitarem para uma nova vida cheia de caminhos e esperanca. Tateto Kingongue - Lembaranganga, Lemba e Malemba ou Lemba dilé (Oxal4 ou Obatal4), Santo Maior. No sincretismo é representado por Jesus Cristo. E o Inkice da procria¢4o, controla as fungées da reproducdo. Veste-se de branco e representado de duas formas nos candomblés do Brasil. Lembaranganga, usa vestes longas e fild como se fosse santa mulher. Um velho curvado, apoiado em um cajado de metal prateado, caminhando lentamente. Lembadilé jovem guerreiro armado de uma mao de pilao e de uma espada e ao contrario de Lembaranganga, usa saiote e¢ capacete além da couraga, tudo em metal prateado. Tem 0 seu dia da semana consagrado na sexta-feira quando as casas de santo devem guardar resguardo total. Representa a calma ec o poder da verdade. Sempre guia os filhos para 0 bom caminho. Come: canjica, acac¢a, inhame, mel de abelhas, azeite de oliva, galinha 44 linha d'angola fémea, pomba branca e cabra branca sem hifre (mocha). Seus filhos usam missangas de cor branca leitosa. CABOCLOS: Vaqueiros, Boiadeiros, Mineiros, Marinheiros. Com referéncia a estas entidades, para maior itendimento de sua origem nos Candomblés de Angola é portante reler a afirmativa do escritor José Redinha: .registra a presenga de imagens de comerciantes sertanejos yntados em bois ou cavalos nos oratérios nativos, como lrociros de bons neg6cios com os antigos europeus. Percebe- ai a presenca do boiadeiro como entidade na Africa. O mo acontecendo com os marujos que eram da etnia dos indas, exelentes marinheiros, e os caboclos de pena, lades encantadas de origem indigena existentes no Brasil, s da chegada dos negros e por isso mantidas por respeito cultos de Candomblé de Caboclos cuja a origem é Bantu e ¢antigas em Portugués no mesmo ritmo dos toques do idomblé dos Inkices. E perfeitamente normal que de trés a Meses depois que Pai ou Mae de Santo retirar 0 Kelé da nza (ya6), chame o caboclo do respectivo filho, para que o 0 tenha forga e bengué para trilhar nos caminhos do ” 45 © 8 - CANTICOS (PARA INKICES E ENCANTADOS DA ABERTURA AO ENCERRAMENTO) Conforme foi visto anteriormente, uma abertura de casa nos moldes de Candomblé de Angola, como, também nas demais “Nagées”, se inicia com canticos para Aluvaia , NZila(Exu), e dancas em volta do presente arriado no centro do Sambilé (barracio). Saudacao: Arué Tata Usumba Aluvaid, Nganga Abaté! BOMBOGIRA VEM TOMAR XOXO BOMBOGIRA VEM TOMAR SEU XOXO. BOMBOGIRA VEM TOMAR XOXO BOMBOGIRA VEM TOMAR SEU XOXO. B4RRAVENTO TENDA TENDA BOMBOGIRA TENDAIO TENDA TENDA BOMBOGIRA TENDAIO. BARRAVENTO MAVILUTANGO MI KOTA ILE, MAVILE MAVILUTANGO MIKOTA ILE, MAVILE MAVILUTANGO MIKOTA ILE. MAVILUTANGO ME KOTA ILE, MAVILE MAVILUTANGO MIKOTA IE. BARRAVENTO KIJANJA KIJANJA E . DE KAKAUERE SINZAMUNZILE. BARRAVENTO INDOKE, INDOKE, MA PEMBA KO. INGUE, INGUR. INDOKE INpe MA PEMBA KO. INGUE, INGUE. KONGO. 46 OIA LA ZECO ZECO OIA ZE CURIA OIA LA ZECO ZECO OIA ZE CURIA OIA LA ZECO ZECO, OIA ZE CURIA OIA LA ZECO ZECO TOMA LA DEIXA CA OIA LA ZECO ZECO DEIXA CA TOMA LA. BARRAVENTO VILU, MAVILU, MAVAMBO \COMPENSO£, RA,RARA, ‘OMPENSOA. [LAAPAVENAM NZILAAPAVENAM (ILA APAVENAM, NZILAAPAVENAM, KONGO KONGO UL, INGUE. KONGO NDA O TENDA OTENDAIO, NDAOTENDA OTENDAIO KONGO 47 MALELE MALEL& MALELE MALELUA. MALELE MALELE MALELE MALELUA. — xasura BOMBOGIRA JA MUGONGUE AIA ORERE . BOMBOGIRA JA MUGONGUE AIA ORERE. BOMBOGIRA KUJANJOJANJO. KABULA BOMBOGIRA AU, BOMBOGIRA AUE BOMBOGIRA JA KUJANJO, BOMBOGIRA AUE. KABULA SAIA-TE DAQUIALUVATA QUEAQUINAOE O SEU LUGAR SAIA-TE DAQUIALUVAIA QUE AQUI NAO EO SEU LUGAR AQUILE UMACASA SANTA, NAOELUGAR DEALUVAIAE SAITE DAQUIALUVAIA QUEAQUINAOE O SEULUGAR SAI-TE DAQUIALUVAIA QUE AQUINAOE OSEU LUGAR EU NAO QUEROVER-TE AQUI NAMESADE OPANAIA EF! KONGO Durante esta cantiga, suspende a oferenda e a despacha no portao de entrada principal. De volta, o grupo formado para despachar Aluvaia, danga e simboliza com as m4os um gesto como se estivesse amarrando um n6, para reafirmar a seguran¢a, neutralizando tudo de ruim, ma vontades, inveja, olho grande, mau fazejo, desordens. Canta-se: SANTO ANTONIO AMARRA O NEGO AMARRA BEM AMARRADO! SANTO AMARRA O NEGO 48 \MARRAI OS INIMIGOS! SANTO ANTONIO AMARRA O NEGO |ARRA BEM AMARRADINHO! KONGO Pelo que tenho observado desde uns quarenta anos ‘a cd, sfio poucas as casas de Angola que apés esta cantiga em 0 ponto de fogo nos lugares estratégicos do Sambilé 80 ao som da cantiga: UEMAUE QUEMAUE JEMAUE QUEUAFA JEMAUL QUEMAUR JE LUMBONDO EUAFA. BARRAVENTO JNDANGA AUE PEMBE NDANGA AUE PEMBE. KONGO intiga seguinte: . . ‘\TAMBANGOLA INGREZENUE, GREZO! TAMBANGOLA INGREZENUL, GREZO! O préximo passo na abertura dos trabalhos numa casa wngola € a Kufumala (defumacdo). As cantigas para mar sie em sua maioria em portugués, mas nem por isso am de ser Angola. E sé lembrar que na matriz africana, a jua falada é o portugués e, levar também em conta as iptacées que foram necessarias do Candomblé de Angola no Brasil. Porém para aqueles mais interessados sugiro Seja feita a versio das cantigas em portugués para o nbundu ou kiribum, através dos diciondrios ja existentes. iis, sera muito importante praticar este tipo de versao ou lucio, nio sé para estas cantigas, mas para todas as ligas usadas no Candomblé de Angola. O defumador deve ‘passado nos quatro cantos do Sambilé, nos N'ingomas, nas tes, nos filhos, assisténcia. 49 . INCENSA INCENSADO, A CASA DO MEU AVO INCENSA INCENSADO ACASA DE ANGORO! KONGO NOSSA SENHORA INCENSOU SEU BENTO FILHO, INCENSOU PARA CURAR. EU INCENSO COM ALECRIM E ALFAZEMA, PRO MAL SAIR E O BEM ENTRAR. KONGO EU INCENSEI E ESTOU INCENSANDO EU INCENSEI E ESTOU INCENSANDO ACASA DO BOM JESUS DA LAPA ACASA DO BOM JESUS DA LAPA. KONGO Logo apés seguem as cantigas para a pemba: Com a pemba se segue 0 mesmo processo, inclusive cruzando a testa dos filhos de santo. OKE PEMBE OKE PEMBA AUIZA KASSANGE AUIZA DE ANGOLA! OKE PEMBE SAMBANGOLA!. BARRAVENTO SEGURAZILE MONA MONA OIA O PEMBE! SEGURA ZIL& MONA MONA OIA O PEMBA! 2arrAvenTo PEMBE OIA SEGURA ZILE PEMBE. OIA PEMBA OIA SEGURA ZILE PEMBE OIA SEGURA ZILf. PEMBE! BARRAVENTO PEMBE QUE PEMBA O10 PEMBE SEGURA ZILE. KONGO MOKOIU QUE PEMBA O10 TATA MONA QUE PEMBE MOKOIU QUE PEMBA O10 TATA MONA QUE PEMBA. 50 KONGO KAUIZA OIA PEMBA DE ANGOLA KAUIZA OIA PEMBA LE LE. KONGO EMBENTA, QUE PEMBENTA E MONAKALEE P — MONAKALE KONGO |AIDI E UM PEMBEKO |AIDI E UM PEMBALE Koco EMBA NAO ANDA, PEMBA VOA | IEGURA A PEMBA QUE A PEMBA £: BOA. oNGo ndo continuidade a abertura, vem: BRE A SALA DE ANGOLE KONGO KONGO Cantiga pertencente 4 Kavungo. Consultando varios gunzos ou bengués como Bate-folha, Goméia, Ngola Djanga, mbenci, Tumbajunssara, Beirti e outros, todos sio undnimes N afirmar que esta cantiga significa que Angola é a dona da Sasa”, chegou primeiro, arrumou a casa e em seguida abriu portas para as outras nacées, ajeitando um lugar para cada na. E durante a sua execuciio que todos, sem distin¢ao, batem us kamutués no solo em respeito a “Nagao” de Candomblé de ngola. 51 n Em seguida canta-se em louvor Aquela Bandecira Branca que pelo certo sé as Casas de Angola deveriam té-la hasteada, por se tratar de simbolo de um Inkice que s6 existe nos Candomblés de origem Bantu que ¢ 0 Senhor Tempo ou Kitembu e sem ele nada se faz, até porque quem nao tem tempo em sua vida, ja morreu! Eis a cantiga: A MINHA BANDEIRA FOI DEUS QUEM ME DEU, QUEM NAO ME CONHECE, DIABANGANGA SOU EU! KONGO. Seguem as cantigas de pedido de licenca a todos os N'Inkices: COM LICENCAE ££ COM LICENGA & TATE, COM LICENCA DE NKOSI MUKUMBI COM LICENCA AE TATE COM LICENCAER EE COM LICENCA AB TATE. KABULA No terceiro verso desta cantiga, basta ir substituindo 0 nome do inkice anterior pelo o que se segue, na escala dos Candomblés de Angola . Exemplo: Rossimukumbi, Gongombila ou Mutakalombé, Catendé, Kaviungo, até Lembaranganga. MALEMBE BANDA MIXAUERA PECO LICENCA BANDA MIXAUERA MALEMBE BANDA MIXAUERA. KABULA VAMOS XAUERA Ef £ VAMOS XAUERA ANANGUE COM MAMA SIMBERERE. KABULA 52 NDA XAUERA ANANGUE. KABULA Em seguida canta-se para Nkosi e Mukumbi, (OQgum Nagé ou Yorub4), ocasiao em que se bate cabeca na porta ‘ipal do barracao, no meio onde fica 0 iungo indamento central), depois nos n'ingomas (atabaques) e fa o tata ou mam'etu de ninkice do kanzua (casa). DAGAO: If INKOSI MUKUMBI, N'INKICE, NGANGA KEUALA LVE OGUM, SENHOR DA GUERRA) OSI MUKUMBE TARAMESSO NANGUE, it AE AE, GOE AE AE AE SI MUKUMBI TARAMESSO NANGUE Ml ‘g SENZALA SENZA ROSSI KONGO ISI MUKUMBI TARAMESSO NANGUE AB AR, GOE AB Af, GOE AR f SENZA INKOSI, |AKALA, SENZA INKOSI. ZO ELE E MONAKALA. KONGO. SENZA INKOSI fl SENZA KAIA SENZA. KONGO AUMBIRE, TABALANJO TABALACIMBE AUMBIRE INCOSSI. KONGO E DE BANDO LUNDA MUXIKONGO, ANGOLENSE £ LUNDA MUXIKONGO KIGUA INKICE £, & LUNDA MUXIKONGO. KONGO MAVAMBO MAVAMBO DI AMBURE Af AE MUKUMBI E, MAVAMBO MAVAMBO DI AMBURE AE AE MUKUMBI £ KONGO BAMO BAMO OLHA ZINGUE LE ZINGUE BAMBULE, OLHA BAMO LE BAMO BAMO BAMO . OLHA ZINGUE LE ZINGUE BAMBULE OLHA BAMO LE BAMO KONGO INKOSI Af OFA OIA INKOSI TA NOMEANDO, MAS O QUE FOI QUE EU FIZ A INKOSI QUE INKOSI TA ME OLHANDO KONGO INKOSI AL E DE AMORACINDA KATULA VIRA GONGA AE E BARRAVENTO E UMGETRUAE! ROSSI DILE TA TARA TARA KUNA ZAMBI MUKUMBIAE! ROSSI DILE TA TARA TARA KUNA ZAMBI MUKUMBIAE!. BARRAVENTO 54 MUKUMBI AE, Af, Af E DE MENE INKOSI Af E DE MENE TATA KUNZAMBI f DE MENE. KoNeo MUKUMBE JA VENCEU, JA VENCEU, JA VENCEU NOS CAMPOS DE BATALHA, COM MUKUMBI, SO DEUS. KONGO t ALASIMBE E NO TABALANDE TABALASIMBE Ff NO TABALANDE f ROSSI, E NO TABALANDE AE ROSSI f NO TABALANDE AE ROSSI. BARRAVENTO BARRAVENTO BARRAVENTO YA FALA MUKUMBI NARUE f YAYA FALA DOMUKUMBI NARUE A A MUKUMBI NARUE /A MUKUMBI NARUE A KONGO MUKUMBI JA VEIO DE RONDA JA MANDEI RONDAR MARIO MUKUMBI JA VEIO DE RONDA JA MANDEI RONDAR MARIO. KABULA GONGOMBIRA , MUTAKALAMBO(OXOSSD. SAUDAGAO: ARUE NGANGA KABILA (SALVE 0 GRANDE CACADOR). AUENDA KANJIRA . MUKONGO INGANGA AJE TUMBA O TAWAMIM AUE , TAWAMIM AUENDA KANJIRA MUKONGO INGANGA AJE& TUMBA O TAWAMIM AE TAUAMIM MUKONGO E UM BERECO AUE TAUAMIM AUENDA KANJIRA MUNGANGA INGANGA AE TUMBAO TAUMIM AUE TAUAMIM AUENDA KANJILA MUKONGO INGANGA AJE TUMBA O. TAUAMIM AE TAUAMIM. KABULA E BAMBI f: f £ BAMBE A MINA TAWA BAMBE A MINA TAUAMIM KABILA f ZINGA RA CURA BAMBE £ f £, BAMBE A MINA TAUA. KABULA ( BARANGUANJE KABILA KABULA US KUTALA ZINGUE OIA ZINGUE 0 JUS KUTALA ZINGUE, OIA ZINGUE AISA KUTALA KAUIZA KURA [, AL AI, AI AT {US KUTALA ZINGUE, OIA ZINGUE 6 ) ME FAREUA, QUE ME FAREUA}BIS ISA KUTALA KAUIZA KURA A, AIA § KUTALA ZINGUE, ADEUS KUTALA ZINGUE y Uk oO. KABULA iIGUANGE, LAMBANGUANGE OIA SINDALUKAIA. KABULA \ CACA NO KAINDE, BULAE BULAOO! CACA NO KAINDE |A — UM BERECOO! KABULA \ MO SAMBURA (BECO KONGO DEANGOLA MO SAMBURA BECO ALUDIAMUZAMBI , OIA & KONGO DE ANGOLA \ MO SAMBURA [BECO ALUDIA MUZAMBI. KABULA. LA NAARUANDA £ 6 RERE KABILA KEUALA TALA MANZUE MAMAE MARIA KABILA KEUALA TALA MANZUE MAMAE MARIA £ UM TATA KAMBONO NA ARUANDA £ MAMAE MARIA, KABULA KABILA £ MAMAE KABILA KABILA MUTALEO KABILA f MAMAE KABILA KABILA MUTALEO. KABULA KABILA DE ANGOMI EEE KABILA ZINGUE KABILA DE ANGOMI EEE KABILA ZINGUE KABULA KABILA TEM PAI, KABILA KABILA TEM MAE, KABILA KABULA KABILA TALAMUNGONGO, INDARO LE KABILA TALAMUNGONGO, INDARO, INDARO, INDARO LE! BARRAVENTO KABILA LAILAILA O KABILA KABILA LAILAILA O KABILA. BARRAVENTO KILOMBATA, KILONDIRA KABILA E MUTAKALAMBO Af, AE KABILA E MUTAKALAMBO! BARRAVENTO NA MORINGUINHA XEOBE NA MORINGUINHA XEOBA. AE AR NA MORINGUINHA XEOBA. — B4RRAVENTO 60 A NAARUANDA COROA BILA & CACADOR, 0 COROA! BARRAVENTO Uh CACADOR IBARANGUANGE MATOSSIBAUE, TAWA MIM Uh CACADOR BARANGUANGE MATOSSIBAUE, TAWA MIM. /A MIM QUE TAWA MIM TALA POPO ‘A MIM QUE TAWA MIM \ JUNCA MALE! BARRAVENTO {NHO MEU PAI EU TENHO ENHO UM BEIJA-FLOR INHO MEU PAI EU TENHO UNZO MUTAKALAMBO BARRAVENTO UNZO E O REI DA LUA UNZO EA LUZ QUE ME “ALUMEIA”! —_xxonco 3ILA E TALA NO MUZAMBE MILA KONGO KONGO AB, AE E BOKULELE E BOKULALA. —_xonco GOMBIRA MUTALE SIMBE AKOQUEA Af, AE E UM SIMBE AKOQUEA. KONGO 61 ARUf ARERE, GONGOMBIRA MUTALE 'ARUE ARERE, GONGOMBIRA MUTALE. narravenro Af GONGOMBIRA DILE, AE GONGOMBIRA GONGOMBIRA MUTALE E GONGOMBIRA MUTALE 0. KABULA ZINGUE NO GANGULE TATE NO GANGULA ALAL, ZINGUE NO GANGULE ZINGUE NO GANGULE TATE NO GANGULAA ATAT, ZINGUE NO GANGULE. BARRAVENTO O INDORE O INDO IAIA ATAI AI MEU SINDALUKAIA AT AT AI MEU SINDALUKAIA AIAI AI MEU SINDALUKAIA. BARRAVENTO ARUE SAMBANGOLE | SAMBA ANGOLA AISA KUTA ARUE SAMBANGOLA SAMBA ANGOLA AISA KUTA. BARRAVENTO LONDE CADE LONDIRA LONDE CADE LONDIRA VOU CORRENDO LONDE CADE LONDIRA Ak £ LONDE CADE LONDIRA. KABULA KATENDE (DEUS DAS FOLHAS, CONHECIDO COMO OSSANHA NOS CANDOMBLES DE ORIGEM NAGO OU YORUBA. 62 SAUDACAQ; ARUE NGANGA TATETO KINSABA (SALVE 0 SENHOR PAI DAS FOLHAS). KATENDE DE LA DIGINA, ALUANDE MEU KATENDE LA DIGINA. BARRAVENTO ‘kaTeNpE KATENDENGANGA BARRAVENTO BARRAVENTO (ATENDE E& ££ KATENDE KATENDENGANGA KATENDE KABULA KABULA KONGO ATENDENGANGA KURUSU KATULA DE ANGOMI PORAMO ATENDENGANGA KURUSU 63 . KATULA DE ANGOMI PURAMO. KONGO MAINGANDU OKE OKE. GANGA TOMBENCY OKE OKA MAIANGANDU OKE OKE GANGA TOMBENCY OK OKA!. KONGO KATENDE UNQUETO TATETU AZAN MIPANZO & KATENDE UNQUETO TATETO AZAM MINPANZO A! KONGO SALE MAIANGUE MINIPANZO SALE SALE, SALE SALE MAIANGUE KATENDE SALE SALE DUNDUM. KONGO MALEMBE MINIPANZO E! TATETO QUE MINA HORA SALE MINIPANZO & MALEMBE MEU KATENDE. (TATA QUE MINAE) BARRAVENTO KAVIUNGO E KAFUNDEGI (OMOLU E ABALUAE). 64 DACAO: ARUE NGANGA KIMBANDA KIA KUSSAKA INGO (SALVE O FEITICEIRO VERDADEIRO RADOR DAS DOENCAS). BE KUMBELACI KONGO. KONGO, KONGO KONGO. NDA GUAME SEREKOSSI. KONGO. \TULEMBORACIMBE EKO ZENZALA ) & KAFUNGE \TULEMBORACIMBE EKO ZENZALA ) & KAFUNGE EKO ZENZALA KABULA. 65 KAFUNGE KATULEMBORACIMBE EKO ZENZALA £ £ KAFUNGE KATULEMBORACIMBE EKO ZENZALA ££ KAFUNGE. KONGO AE AE SAGAFUNAM, Af Af SAGAFUNAM KAVIUNGO QUE BELUJA Af SAGAFUNAM . KAFUNDEJI COMBELAME AE AE SAGAFUNAM. KONGO KOMBE KOMBELACY KOMBE KOMBELAME AE AE KAFUNGE! KONGO INSUMBU ff, & INSUMBUNANGUE INSUMBU £, & INSUMBUNANGUE INSUMBO ESSA MUQUENDA E LEMBA DILE E MAIOR KEUFITA FITA E MAIOR QUE SAMBO QUENDA. KONGO. E MANA QUERA INSUMBU £ AUNGUELE E MANA QUERA INSUMBU £ ABALUAE. MUZENZA LEMBA £ £:!, MEU KATUEZO LEMBA £ , MEU KATULOIA LEMBA £ RIMEUKATUEZO LEMBA £ £1! MEU KATULEMBA DILE! MUZENZA KAVUNGO QUANDO KAMBA, LEMBA DILE FALA MAM'ETU KAIANGO - KAVUNGO QUANDO KAMBA MAVUKAIA FALA MAM'ETU KAIANGO. MUZENZA 66 EU TAVA MO MEU LAJEDO O TE COCANDO MINHAS PEREBAS O TE OUVI ALGUEM CHAMANDO O TE OTE VAI VER QUEM EO TE. MUZENZA KANJANJA KANJANJA E KANJANJA VELHO VEM O VELHO MAIANGA! KANJANJA KANJANJA £ KANJANJA VELHO NO CAMINHO DE ARUANDA. MUZENZA BACA E DE ANGOLA KIBUQUE LE LE ABACA E DE ANGOLA O KIBUQUE LA LA. KONGO 'ULEMBE EFU GANGAZUMBA ABECO,KUIA KUIA ABECO, KUIA, KUIA. KABULA UDIAMUNGONGO DE ANGOLE UDIAMUNGONGO DE ANGOLA UDIAMUNGONGO DE ANGOLE UDIAMUNGONGO DE ANGOLA E, CHORA MUNGONGO ‘UA CHORA MUNGONGO. KABULA .TULEMBE EFU GANGAZUMBA MONA MONA KUIA KUIA MONA MONA KUIABECO KUIABECO,KUIA KUIA KUIABECO, KUIA, KUIA. KABULA LUDIAMUNGONGO DE ANGOLE, LUDIAMUNGONGO DE ANGOLA LUDIAMUNGONGO DE ANGOLE LUDIAMUNGONGO DE ANGOLA MIXAXUE, CHORA MUNGONGO MIXAXUA CHORA MUNGO KABULA KATULA MAIONGONGA AGANGUE KATULA MAIONGONGA AGANGUE. MUZENZA IPERUA, IPERUA YAYA IPERUA KIBUKE QUE MALEMBE IPERUA MAMETO, IPERUA TATETO IPERUA KIBUKE QUE MALEMBE. KONGO YAMUKE KE, KE, KE, KE NO MAIANGUE YAMUKE KE, KE, KE KE NO SiRIA YAMUKE NO ) MATANGUE, YAMUKE NO SIRIAA KUAMBO KE KE KE KE NO MAIANGUE ono LUDIAMUNGONGO N'ANGOLE AE KUAZINZE, LUDIAMUNGONGO N'ANGOLA, AB KUAZINZA! KONGO ANGORO - (OXUMARE NO KETU E BESSEN OU FREQUEN NO JEJE). Quando se canta para este Inkice, na primeira cantiga, faz-se um circulo de dgua com a quartinha deste referido santo, volta do iungo (parte do bengué que fica enterrado no centro o barracao), em seguida levando em consideracéo a hierarquia, dos tocam este circulo com as maos, ou batem a cabeca em jal de respeito aquele que leva a dgua da terra (iungo) parao iu (duilo). Segundo os Kimbandas ou Apelegis, é quem molhaa erra para manté-la fértil e produtiva e para que esta nao venhaa desintegrar. \AUDACAO: : ARUE TATETO NINDALA, NGANGA CURA 1ENHA IUNGONABA DUILO (SALVE O PAI QUE UNE O {U EA TERRA,COM A AGUA). \NGORO E E ANGORO IGORO TA NO KAJAMBANDA )A KIMBANDA, NO KIBANDO NGORO AZINHA NO UNGA NO KALUNGUE ORO AZINHA NO ALUNGA NO KALUNGUE AINE ANGORO SINHO DANDALUNDA SESSE. DANDALUNDA SESSE. MUZENZA IGORO SINHO BENGANGA JAUNTALE NGANGA JAUNTALE KABULA ARUE AE TATE ANGORO ANOMEANDO ANGO ADILA. ANGO ADILA ANGORO ANOMEANDO. AT AT AL AI BULAIO BULAIO ANGO TATE NAZA BULAIO BULAIO ANGO TATE NAZA BULAIO BULAIO ANGO TATE NAZA BULAIO. OLHA A COBRA, OLHA A COBRA OLHA A COBRA VALEI-ME SAO BENTO. OLHA A COBRA CARINANA ME VALEI-ME SAO BENTO OLHA A COBRA CARINANA ME VALEI-ME SAO BENTO. ESTA COBRA E LINDA! ESTA COBRA TEM VENENO OLHA O BOTE DA COBRA ME VALEI-ME SAO BENTO. KARAMBOLO CANTA KARAMBOLO CANTOU ANUNCIANDO OS CAMINHOS DE ANGOROO NAO ME QUEBRE . AS CABACAS DE ANGORO NAO ME QUEBRE ‘AS CABACAS DE ANGORO LA DE CIMA DESCEU UM AVISO O POVO DIZIA QUE O COURO NAO BATIA 70 KABULA KABULA KONGO KONGO KONGO KABULA KABULA NA FE DE ZAMBI TALA TALA ANGORO ULAIO GANGABULA BULAIO BULAIO. iGORO CECIMEAM. IGORO ALUMIANDO, ADILA KURA MENHA KILUANDE O ADILA KILUMINO KILUANDA ADILA KILUMINO KILUANDA! JUANDE, KILUANDA, EU DISSE BATE SIM SINHO E DO MEU TATETO ANGORO. ANGORO TATETU AMASE. A GINGALA TATETU, ANGOROMEAM A GINGALA TATETU ANGOROMEAM. IGORO QUENAM BULA KONGO KONGO. KONGO. KONGO. KONGO. MUZENZA, BARRAVENTO KABULA. KAMBARANGUANGUE OU ZAZE (XANGO NO NAGO OU YORUBA). SAUDACAO: ARUE NGANGA TATETO KILUMINO, "ACODI SOBA., (SALVE O SENHOR DO TROVAO, O GRANDE RED. EU SOU O REI DOS ARES MAS O MEU NOME £ SAO GERONIMO EU VENHO PELO RONCO DO TROVAO, EUi MAS O MEU NOME E£ ZAZE LEUI LEU{ LEUL, LEU/, E ZAZE LEUL LEUi LEUI, LEUI, £ ZAZE LEUL KONGO ZAZE LUANGO, ZAZE NO APONGO DEUS ZAZE LUANGO ZAZE NO APONGO DEUS ‘aki ZAZE LUANGO, ZAZE NO APONGO DEUS ‘Af. ZAZE LUANGO ZAZE NO APONGO DEUS. = onGo OZAZEE OZAZEA OZAZE f MAIANGOLE, MAIANGOLA. KONGO £ UM TATA MANE FU LUANGO E UM ZAZE UM TATA MANE FU LUANGO E UM ZAZE. Konco ZAZE NO ATILEZIM TINDORERE KUMBELAZAZI NO ATILEZIM TINDORERE, BARRAVENTO ZAZE KUAMBU Af Afi KUMBELAZAZI ZAZE KIAMBU AE Af. KUMBELAZAZI KONGO ZAZE LUANGO Afi AE AE KUMBELA ZAZI O ZAZIE! KONGO Tz 0 ZAZE QUE VEM DE ANGOLA CABOCLO MARAKAIA O ZAZE QUE EU AMACi © ZAZE QUE VEM DE ANGOOLA KABULA. IBELA ZAZE QUE MANANGOLE E KUMBELA ZAZE MBELA ZAZI QUE MANANGOLE | ZAZE KIBUCO A SOBA. KABULA PMBE LEMBE BE ZAZULE JEMBE LEMBE ; ZAZEZULE. BARRAVENTO BARRAVENTO RUE GANGA £ NO GOIAMIM GANGAL RUE GANGA E NO GOIAMIM GANGA ss BARRAVENTO RERE NA SABATINA. ‘KABULA E & & & ZAZE E MACUNDIANDEMO \ZE £ MACUNDIANDEMO, E MACUNDEO KONGO JUANGO EF TATA NO ARARAE |ANGO E TATA NO ARARAE © KONGO E KINAMBUKE | KOMAZENZE E KOMAZENZEE KONGO 73 KUMBELA ZAZE KUMBELA ME KUMBELA ZAZE KINAMBUKE KEUAME KEUAMAM KEUAME KEUAMAM. KONGO 060 06£ DE KARIOLE MASSANGA DE MASSANGANGA MASSANGANGA DO KARIOLE KABULA LESSIM LESSIM MASSANGA DO KARIOLE LESSIM LESSIM MASSANGANGA DO KARIOLE. KONGO Af QUE ZAZE KELE QUE ZAZE NAMBURE QUE ZAZE KELA Afi QUE ZAZE KELE MANAZANZE:! KONGO. KE SIMBE LELE KE SINHA LARE GANGARAMATAMBA. . QUE QUERO UMBONDO EUE, REUE. KONGO. KITEMBU OU TEMPO. SAUDACAO: ARUE NGANGA TATETU KE. TEMBU NGANDA LAKAN. (SALVE O SENHOR DO TEMPO, CONTROLADOR DA VIDA). NA MINHA ALDEIA GIRA O SOL, TAMBEM GIRA.A LUA NA MINHA ALDEIA GIRA O SOL TAMBEM GIRA A LUA OLHA QUE TEMPO E ESSE MEU DEUS, OLHA QUE TEMPO E ESSE MEU DEUS. BarraveNTo AI, Al MAIANGUELE 14 EMPO MAVILA E MAIANGULE. f ZILA KAUE ZILE EMPO MAVILA AUE TEMPO. EMPO RE, INGANGA ZAMBI, PMPO £, INGANGA ZAMBI, JA KISSIMBE CECECE INGUE TEMPO. 0 MAKU = DILE vIPO —, TATA MPO MAVILO KASSANJE MAVILO KASSANJE NGUE AME. \ VAQUEJADA FUI INFELIZ DO CAVALO SARAVA Ml QUEM QUIS \ VAQUEJADA FUL INFELIZ 1 DO CAVALO SARAVA il QUEM QUIS A TEMPO OLHA LAMBADA MOLA A FACA NO CANDENGO, 75 KONGO KONGO. KONGO. BARRAVENTO BARRAVENTO BARRAVENTO. AE TEMPO AMOLA AFACA NO KANDENGO. MUZENZA OIA TEMPO OIA LAMBADA MAKURA DILE OIA TEMPO! OLA A LAMBADA MAKURE. BARRAVENTO. TATA KITEMBU MEU UMA BANDEIRA QUE E TAO BRANCA QUANTO A DE LE4MBA QUEM DE LONGE OLHAR PRA ELA VAI VER QUE A CASA E DE ANGOLA AL, AI © MINHA ANGOLA AI, AI MEU ANGOLA. KONGO. TEMPO E RE RE . OLHA O TEMPO A BEROLA CONGO MAVILO LEMBAE, AINDA E TEMPO E. KONGO TEMPO ERERERERE TEMPO ARARARARA TEMPO QUE ENGANA ZAMBI TEMPO DE GANGAZUMBA. KONGO OLHA O TEMPO, OLHA O TEMPO OLHA O TEMPO, OLHA O TEMPO VIROU OLHA O TEMPO CAMARADA, OLHA O TEMPO MANO MEU OLHA O TEMPO OLHA O TEMPO VIROU. = Kowco A MINHA BANDEIRA FOI DEUS QUEM ME DEU QUEM NAO ME CONHECE DIABANGANGA SOU EU. KONGO. TEMPO TA BEBO COMO QUE QUEM MANDOU TEMPO BEBER 76 ‘TEMPO TA BEBO COMO QUE QUEM MANDOU TEMPO BEBER. KONGO TEMPO ESTA EMBRIAGADO QUEM MANDOU TEMPO BEBER AE AE, AE ‘QUEM MANDOU TEMPO BEBER. KONGO KABULA ‘AJUEIRO TOMBOU, CAJUEIRO A IRO TOMBOU, CAJUEIRO KABULA [EMPO MAKURA DILE EMPO MAKURA DILE VENHO DE AMURAXO AL, AI U VENHO DE AMURAXO KABULA (ATAMBA (OYA NO KETU E INHASA NO JEJE) (RUE POPO MAM'ETU MATAMBA, IZO, LAKAN YWNAVURU, MUKI. (SALVE A PODEROSA SENHORA ONA DO FOGO, DO RAIO, DA FELICIDADE E DA MIA MATAMBA E TATA IME A MATAMBA E TATA IME \YANGO_E DA MUINGANGA TATA IME, MAM'ETU MATAMBA vi E TATA IME. OIA VIGI VIGI OLHA O TEMPO A MAIANGA QUEREMOS QUE ANDEIA O TEMPO A PEROLA. KONGO AE AE, E NO KONGO EUANDE, ENO KONGO EUANDA ENO KONGO EUANDA ENO KONGO EUAE. BARRAVENTO. KE MUKE KUCE MAVULE, SE MAVULE, KE MUKE KUCE MAVULE, SE MAVULE. —konco MONAUF LEMBE MAMETU AFURIMAM MONAUELEMBE UMBO AFURIMAM. KONGO ord OIA OIA OIA MINHA JANJA KALUNGA, ord ord £ KIMBANDA PARA KINDONDO INGOMBE MINHA JANJA KALUNGA, OIA, OIA. KABULA, ENDENBURE, SAMBA QUENDA MAIANGA BAMBURUCENA, SAMBA QUENDA MAIANGA KONGO ENDEMBURE, ENDEMBURE EE E MAVANJU NKISE KO, NIKISI KO EE £ MAVANJU KONGO E SINHA VANJU E SINHA VANJUE 78 AE BAMBURUCEMA ORO SINHA VANJU E! LAUE LAUE OIA DUMBA LE LE: ARUE KONDEMBALA OLA DUMBA LE LE. EU VI KAIANGO NO CLARAO DA ALDEIA ELA VEM RAIANDO { MAM'ETU VENCEU GUERRA. GUIRIRE GUIRIRE, RELAMPEJOU PELO CALICE PELA OSTIA, RELAMPEJOU. AI JA MINAJO AINGO KAPANZO JA MINAJO AI AI JA MINAJO, (A MINAJO, JA MINAJO IANGO KAPANZO JA MINAJO KONGO BARRAVENIO BARRAVENTO. BARRAVENTO. BARRAVENTO INDE TATA KIMBANDA JA MINAJO BARRAVENTO BARRAVENTO Af ZIM ZIM, AE ZINZA OIA MATAMBA DE ARUE OLA MATAMBA DE ARUA Ak BAMBURUCENA, AE BAMBURUCENA UM SIMBE £ £ AE BAMBURUCENA. OIA OIA OIA E OLHA MATAMBA DE KAKURUKAIA ZINGUE ord OIA OFA £ OLHA MATAMBA DE KAKURUKAIA ZINGUE 0 OIA MATAMBA EUi, OIA MATAMBA EUA OIA MATAMBA DE KAKURUKAIA OLA MATAMBA. QUE QUE MI O EMBANDA OLHA MATAMBA ME QUE O EMBANDA. OIA OIA £. NO KAIMBELF, GANGAIO MAM'ETU OIA OIA £. NO KAIMBELE GANGAIO TAT'ETU otAA OIA OIA EU NAO SOU DAQUI oro OIA EU SOU DE TAUA. KAINGO NO POCO KAINGO KAINGO NO POCO KAINGA BIS 80 BARRAVENTO KONGO KABULA KABULA KABULA. KABULA KONGO KONGO OLHA MOCA BONITA DE INGOMA KATIBERE, KATIBERA AE DE INGOMA KATIBERE, KATIBERA. SAMI INSA OFANGE KIA MUCOSSI ZUA _ KENDA KALUNGOMBE INDA KALU NO ABACA _ KUENDA, KUENDA, KUENDA KUENDA KUENDA KALUNGOMBE INDA KALU NKANZUA. JONJURE UNKETA MAM'ETU JONJURE UNKETA MAM'ETU NGANGA POPO BOKUM INSE MUKI NGANGA POPO BOKUM INCA MUKI. "AKALA OIA TUMBEREKE AKALA OIA TUMBERENA f, AE, AE ALA OIA TUMBERENA! KABULA KONGO KONGO KONGO KONGO AL Ai, EUAME OIA DUNDUMF. COMO XIMBEUANDA | EUAME, OIA DUNDUME KABULA. SINGANGA £ £ LUMBONDO SINGANGA ft £ £ LUMBONDO MUZENZA ARUE GANGA £ NO GOIA MIM GANGA E ARUE GANGA £ NO GOIA MIM GANGA MUZENZA MAM'ETU DANDALUNDA OXUM, NO NAGO EM GERAL. ” SAUDACAO: 'ARUE MAMETU DANDALUNDA, NGANGA EUALA , MENHA JANJAU. (SALVE OXUN, SENHORA DO OURO DAS AGUAS DOCES E DA BELEZA). KADE SAMBA DE AMUNGO MAMETU MEAM MEAM, KADE SAMBA DE AMUNGO MAMETU MEAM MEAM. KONGO £ 0 MIO OMI MITALADE £ O MI TALADE O DUDU O MIALAUNDE ££ O MITALADE. ‘KABULA KITULA DANDALUNDA. KUNA ZAMBi KITULA DANDALUNDA KUNA ZAMBI. BARRAVENTO. RE RE DANDA RE RE DANDA EUANANGUF, 82 DANDA MUTARERE DANDALUNDA EUAFAKE, KONGO. MARIMBA MARIMBABEUE | DANDALUNDA EUANANGUE. KONGO. MAMAE, KOQUE RERE RERE OIA MANDANDA koQuE KOQUE KABULA ELA E DANDALUNDA. KABULA DANDALUNDA MAINBANDA KOQUE, DANDALUNDA MAINBANDA KOQUE A muzenza OU EU SOU EU DANDALUNDA SOU EU ]OU EU SOU EU |ANDALUNDA SOU EU. MUZENZA DALUNDA PERERE DANDA DA RERE IDALUNDA PERERE DANDA MUZENZA Na cantiga que se segue, é quando Mam'etu Dandalunda, ja vestida com sua roupa de gala, e iparamentada, faz o ato no barracdo, retirando as suas joias e derecos para se banhar nas aguas doces, apés o banho ecoloca seus pertences penteia-se, e levanta se perfumando e ontinua a dangar freneticamente. Diga de passagem, é um 83 . grande momento de alegria ¢ comoc¢ao que leva 4 todos os presentes a emitirem gritos de euforia saudando a entidade das Aguas doces. Este é mais um ponto alto e de extrema energia durante um toque de Candomblé de Angola. Eis acantiga: TABALACIMBE NO KABANDO AE AB, . TABALACIMBE NO KABANDO AB KAIA KONGO TABALACIMBE ME KABANDO TERE KOMPENSO ££ . TABALACIMBE MI KABANDO TERE KOMPENSO A. KABULA OIA DILA MUNGONGO MIKALANDO TERE KOMPENSO ££ DILA MUNGONGO MIKALANDO TERE KOMPENSO A. KABULA SAMBA SAMBA MONA ME KATUMBEREQUENAM E SAMBA O SAMBA MONA ME KATUMBEREQUENAM. KABULA ARUE SAMBE SAMBA SAMBA MONA ME TATE KATUMBEREQUENAM SAMBA MONA ME £& KABULA COMO SABA KATUMBEREQUE COMO SABA KATUMBERENAM AE AE AE COMO SABA KATUMBERENAM KONGO 84 DANDE, DANDE, DANDE DANDA EUARA OKE DANDA EUADANDE, DANDE, DANDAEUARA. KISSIMBE E KISSIMBE MONAME}4 BiS MANE DO CUTUCA TUCA NOSSA SENHORA DO ROSARIO MANE DO CUTUCATUCA NOSSA SENHORA MAIS QUE DIA E HOJE? DIA DE NOSSA SENHORA QUE DIA E HOJE? DIA DE NOSSA SENHORA! DANDALUNDA E DO OURO NAO E MAMAE DANDA E DO OURO NAO E. MENINA NAO CAIA N'AGUA NINA AGUA TE LEVA. ANDALUNDA QUE DANDEUA SALE ANDALUNDA QUE DANDO RE RE RE RE DANDA RE RE RE DANDA 85 KABULA KONGO MUZENZA KABULA, KONGO KABULA, KONGO. KONGO. RE RE DANDA RE RE DANDA MUTARERE _ DANDA EUANANGUE, DANDA MUTARERE DANDALUNDA EUAFAKE. KONGO. MAM'ETU KAITUMBA OU INAE OU AINDA KOKUETO. (IEMANJA NO NAGO) SAUDACAO: ARUE MAM'ETU KAMUTUE, MAMETU INKICE, NGANGA KALUNGA ACODI. (SALVE A MAE DAS CABECAS, MAE DOS INKICES, SENHORA DONA DO MAR. O MIKAIA SELUNGOMA SELUMBINDA DE MAMA £ 0 MIKAIA, SELUNGOMA SELUMBINDA DE MAMAE MIKAIA FE! xasuza. KEVE, KEVE O KAIA KEVE KEVE 0 KAIA O MAMA INGOMA SEGURA INGOMA QUE TATA EUA ME! KABULA. AE O MIKAIA MIKAIA QUE SELUNGOMA AE O MIKAIAA O MIKAIA QUE SELUMBINDA. MUZENZA KAIAIA SEGURA AMGOMI AKE KAMUTUE E MALEMBE UNKETA MAM'ETU KISSANGA ARUANDE KONGO AE O MIKAIA MIKAIA & AE O MIKAIA MIKAIAE AE O MIKAIA MUZENZA KAIAIA DEVE SER KAIAIA f} DE LEKONGO 86 KAIAIA DEVE SER KAIAIA E DE LEKONGO KAIAIA E DE LEKONGO KAIAIA E DE LEKONGO KONGO JA MANDEI CAIA, JA MANDEI CAIAR JA MANDEI CAIAR SEU CASTELO JA MANDEI CAIAR JA MANDEI CAIAR, JA MANDEI CAIAR, JA MANDEI CAIAR DE AMARELO JA MANDEI CAIAR. KABULA SATA DO MAR MINHA SEREIA SAIA DO MAR ‘VENHA BRINCAR NA AREIA! MUZENZA KAITUMBA TA LAVANDO SO SO LA NO BANCO DE AREIA, SO SO! MUZENZA. AIZATALA DILONGA AISA TALA DILONGA AIZA TALA DILONGA ISA TALA DILONGA. MUZENTA. NINA NAO CAIA N'AGUA NINA ONDA TE LEVA. KONGO ;AMBA AUNGUELE. SAMBA AUNGULE PAJUR. JAMBA NO INGUERE PAJUE ;AMBA NO INGUERE PAJUE. KABULA JAIA OFETITO ANGOMI KAMUTUE EMBE UNKETA MAM'ETU ISSANGA ARUANDE! KONGO. 87 . MAM'ETU KAITUMBA AE KAMUTUE MAM'ETU INAE . OFETITO UNKETO ARERE.. RE RE DANDA RE RE KONGO AI, Ai AUENDA AB, KONGO DE ABANDA XAUERA EUNDA, ATUMBEREKENAM. KABULA. KONGO DE ABANDA, O RE RE. KONGO DE ABANDA, O RE. RF. KABULA. RENGUE, RENGUL, RENGUE, KALUNGA MI XAUENDA RENGUE, RENGUE, RENGUE, KALUNGA ME XAUENDA, AI AI, KALUNGA ME XAUENDA, Ai, Al, KALUNGA ME XAUENDA. KABULA. MAM'ETU ZUMBARANDA (NANAN BURUKU). SAUDAGAO: ARUE MAMETU KAKURUKAIA —__ ZUMBARANDA NGANGA KOIAQUI (SALVE A MAE MAIOR MAIS VELHA,SENHORA DA SABEDORIA) ZUMBA QUE JAOSSI ALODE ZUMBA QUE JACIDO ALODE. KONGO. ZUMBA EUALODE, NANAN EUALODE ZAZE KIBUCO QUE MONA ME ZUMBA EUALODE. . ZUMBA EUALODE, ZUMBA EUALODE E KOTA DUBIKUAIA, ZUMBA EUALODE. Kono 88 ARUE E DUBIKUAIA KAMBARANGUANJE E DUBIKUAIA KABULA AI ALODE ZUMBA JAOSSI AI ALODE, ZUMBA JASSIDO. KonGo DE ZUMBA EUA, EUALODE DE ZUMBA EUA, ARUEIA KONGO £ ZUMBA £ ZUMBA £ ZUMBA £ ZUMBA, ZUMBA KUIABO f ZUMBA f ZUMBA. BARRAVENTO ZUMBA KUIABO, ABEREO ZUMBA KUIABO, ABEREO BARRAVENTO £ ZUMBA NANJETU YAYA QUE PEMBE ARUAL., RERERE YAYA O QUE PEMBE, KABULA ZUMBA NANJETU, NANGETU NANJARE }BIS — KABULA DILE, DILE NU MANU DILE NU MATAM, BANGOLA DILENU REE EA,ARUEE EEA ARUE EEE A! ARUE GANGAKARA KARAIZA ANGOLA OIADfi SAMBANGOLA DE AMUNZAMBI ANGOLA AL, AI AI, ARUE EEE A ARUE GANGAKARA KARAIZA ANGOLA OIADE SAMBANGOLA DE AMUSANJE ANGOLA. BARRAVENTO MAMA OKE O RE RE RE. TALA MAIONGA 89 . BOIU, BOIU, MAMA TALA KE ZUMBA. KABULA. ZUMBA OKE OLEGUEDE | FE MUTALAKALUNGA ZUMBABEUA F& MUTALA KALUNGA. KABULA AI, AI AL, O MARIMBA KIBUQUE EME SAMBANGOLA O MARIMBA. MUZENZA VUNJE KAFULO OU MAIOMBEZO. SAUDACAO: ARUE VUNGI KAFULO MUKI OBOLUSSUM, NGANGA KOIAQUI, AKAVILA (SALVE A FORCA JOVEM DA NATUREZA, SENHOR DA SABEDORIA E DA DIVERSAO) VUNJEIA, VUNJEIA VUNJEIA, VUNJEIA ANARUF, VUNJEIA. KONGO VUNJE MONAME VUNJE MONAME CABILADEANGOMI, | VUNJE KAUERE, KAUERE KABILA DE ANGOMI KAUIZA. KONGO GOLUNGULONIM KAFIOTO DE DAN DA DANDAREREE, DANDARERA. KONGO. VUNJE KAFULO E MONAE MAMETU, VUNJE KAFULO E MONA E TATETO AB AB MAMETU, | VUNJE KAFULO E MONA E TATETO AE AE £ TATETO, 90 VUNJE KAFULO E MONA E MAMETU KABULA ANARUF ANARUEIA}BIS VUNJE KAFULO ANARUE, MAIOMBEZO ANARUEIA. KONGO NGONGO MAIOMBEZO MONA MAMETU KAIANGO NGOMGO MAIOMBEZO MONA TATETO LUANGO. KONGO. MALEMBE VUNJE KABILA DE ANGOMI MALEMBE VUNJE, KABILA DE ANGOMA KAUERE, KAUERA MALEMBE VUNJE, KABILA KAUIZA. BARRAVENTO CAFIOTO SOKO UMANCHETO SALEMAM MONA MAMETO ARUANDE, ARUANDA MOCOSSI BANDA LEMBA. KONGO VUNJE REVIRA KATAMBA, O INGANGA £, £, 8 O INGANGA KABULA LEMBARANGANGA (OXALA). SAUDACAO: ARUEAKODI NGANGA, JAFUZ1, GI TICA (SALVE O GRANDE SENHOR DA PAZ E DO AMOR) LEMBA, LEMBA, REI KASSUTE LEMBA LEMBA, LEMBA, REI KASSUTE LEMBA. —muzenza MONAE LEMBE LEMBA MONAE LEMBE LEMBA MONAE LEMBE LEMBA MONAE LEMBE LEMBA MUZENZA, 91 . KAIANGO KAPANZO MAKU KOIADI E ZAMBI E DE BANDAMUNAN KAIANGO KAPANZO MAKU COIJADI £ ZAMBI E DE BANDAMUNAN. KABULA EDEEEEFEDEEE AjBIs ARUE TATA MONA XERE XERE LEMBARANGANGA GANGAZUMBA, O MIXAXA. MUZENZA. E TATA BIRI BIRI BI OKA O18 E TATA BIRI BIRI BI MALEMBA __ AI ARUEIA, TATA BIRI BIRI BIOKA. 84RRAVENTO E GANGAZUMBA f. E GANGAZUMBA, BERE, BERE. BARRAVENTO. AE AE KACUTE LEMBA AE AE KACUTE LEMBA. BARRAVENTO. KACUTEMAM TERAMUGANGO KACUTE LEMBARANGANGA TERAMUGANGA. BARRAVENTO. KACUTE EEE, KACUTEMAM TERAMUGANGO. BARRAVENTO. MIAXI KAMA, MIAXIKAMA KAGUTE LEMBARANGANGA MIAXIKAMAM E MIAKENAM. BARRAVENTO. KAIANGO KAPANZO MAKO KOIADI E ZAMBI DE BANDA MUNAM KAIANGO KAPANZO MAKO KOIADI 92 E ZAMBI DE BANDA MUNAM. KABULA. LEMBA LEMBADILE: LEMBA DE KANAMBURA LEMBARINGANGA LEMBA. BARRAVENTO. REI KASSUTE, TE, TE REI KASSUTE TATETO KINGONGUE REI KASSUTE TATETO KINGONGUE REI KASSUTE TETO KINGONGUE. MUZENZA. LEMBA LEMBA MUXIO E DE LEMBA MUXI LEMBA LEMBAMUXIO E DE LEMBA MUXI. KABULA. OKE ZAMBI ZAMBI OKf. ZAMBE}BIS. ZAMBI NO APONGO DEUS MUZENZA, LEMBA ZAMBI APONGO PARAQUENAM | AINDO, INDO. }BIS. KABULA LEMBE ZAMBI LEMBE. EMBE ZAMBI ARUE. MUZENZA r -ZAMBI OKE ZAMBE TATA KABILE, ZAMBI OKE. ZAMBE ARUE. MUZENZA OKE ZAMBI ZAMBI OKE ZAMBE }BIS. ZAMBI NO APONGO DEUS OKE ZAMBE OKE ZAMBR. MUZENZA. ZAMBI NO APONGO DEUS, AULTO 93 . ‘ZAMBI NO APONGO DEUS, AUETO. CABULA. ZAMBI £ MONA SAQUE SAQUE ELE E MUZAMBE ZAMBI & MONA SAQUE SAQUE one ELE £ MUSAMBE. . LEMBA LEMBADILE LEMBA DE KANAMBURA LEMBARENGANGAM ; (Ou tradicionalmente: L& vem o dia a raiar). MUZENZA. LEMBA LEMBR, LEMBADILE LEMBA LEMBE, LEMBADILE. MUZENZA. CAnticos para saida de Muzenza (Yad). imeira saida. . Prim Nesta saida, o Inkice é vestido de branco, pintado de ontos brancos no corpo e membros, e na cabega Panein pintada, vem o tuku uma pena vermelha 2 een presa por uma tira de palha da costa amarradaem Teor 7 da kutunda (fundamento que se assemelha ao ‘cl " Tr a galinha d'angola) preso no eixo central ina : pa superior da cabeca. Vern conduzido sob uma toalha branca. Aosom da cantiga: MUZENZA MUZENZA KIOBA O MUZENZA MUZENZA KAFUNGE MUZENZA MUZENZA KIOBA © MUZENZA. —MUZENZA Ainda nesta primeira saida, apés ° inkice ter deitado para salvar a porta de entrada, 0 Bengué e os atabaques, emenda-se a cantiga abaixo: MUZENZA DE LEKONGO, MUZENZA 94 O MUZENZA DE LEKONGO, LEUA LEUA, MUZENZA O MUZENZA LEUA, LEUA, LEUA MUZENZA} BIS. MUZENZA Segunda saida. Com exceg¢iio de algumas qualidades de inkices que sé vestem e sio pintados de branco, a maioria vem vestida com estamparias em suas cores prediletas. Desta vez 0 Inkice fara apenas reveréncia (jika ou jicado) nos pontos estratégicos onde anteriormente deitou para bater cabeca. Nesta saida o Inkice vem pintado nas quatro cores primarias, seguidas de duas ou mais cores segundarias. Ainda nesta saida permanecem a kutunda eo tuku (pena) Canta-se: £ AR AB KONZENZE & Af Af KONZENZE KATULONDIRA. CADE MAM'ETU KONZENZE KATULONDIRA CADE TATETU KONZENZE KATULONDIRA KONGO E importante ressaltar que existem varias divergéncias quanto a ordem de sajda para o nome do Inkice. No Bengué descendente da saudosa Mutalombé de Alagoas, o Inkice ja da 0 nome na segunda saida, vestido e pintado em varias cores, com kutunda e tuku. No antigo Bengué de Tumbajunssara, na primeira saida as muzenzas saem encobertas por um lengol branco, onde sé se vé os pés. No momento em que entram no barracao, as luzes so apagadas. Depois vem a segunda saida de vestimenta estampada, e por ultimo a saida para dar o home. Logo em seguida, a quarta saida para dancar com sua roupa de gala e adornos respectivos. No meu bengué (Ngola Djanga ria Matamba), no jengué da saudosa Mie Riso de Nilépolis, no Bengué de Biolée utros mais o Inkice sai quatro vezes: ‘a 1* saida, o Inkice vem vestido e pintado de branco, com 95 . kutunda (adoxum) e tuku (acodidé) sob um palho branco improvisado por um lencol ou preparado exclusivamente para momentos especiais. 2" saida: O Inkice vem vestido de estampado e pintado nas trés cores primdrias e nas quatro secundarias em pequenos circulos resguardando o direito daqueles que s6 vestem e sao pintados de branco. 3° saida: O Inkice vem vestido com um tecido j4 de melhor qualidade que o da anterior, podendo ter 0 traje composto por um alak4 ou banda, totalmente despojado de pinturas, kutunda e tuku, para dar 0 nome. Cantiga para a3" saida: SAKE DE LAZENZE E MAIOR 0 MUZENZA E SAKE SAKE DE LAZENZE E MAIOR EUA NANGUE. KONGO Na hora do Inkice dar 0 nome 0 tateto ou a mameto da casa, escolhe entre os presentes, uma pessoa antiga de santo e de sua confianga para ser seu compadre ou comadre, isto é tomar o nome do Inkice onde a partir daquele momento a muzenza (ya6), passa a ser seu afilhado. O escolhido toma 0 santo pelo braco e percorre a sala perguntando por duas vezes 0 nome aquele santo: _ GONZI INCE AZI TATETO ou MAM'ETU?(qual o seu nome), e por duas vezes este fala o seu nome, baixinho no ouvido, 0 convidado pergunta em voz alta aos presentes na lingua Kiribum: MANDE ZANDO? — Alguém ouviu? O povo responde NAIAKA—NAO. Ent&o numa terceira vez ele pede__ INKICE BAMBOLA NABA MUKU OLTALA MAMBOLA INCE AZI ALATOKO ZANDO(KEZA) - Santo, rode, pule e diga o seu nome bem alto para todos escutarem. Apés o Inkice dar 0 nome, canta-se trés cantigas de agradecimento em louvor a Zambi, pelo fato de ter conseguido dar o nome, completande em seguida com um “sotaque” 96 enaltecendo 0 feito e prevendo um futuro brilhante para 0 novico: Cantigas pra Zambi: OKE ZAMBI, ZAMBI, OKE ZAMBE}BIS. ZAMBI NO APONGO DEUS O QUE ZAMBE, OKE ZAMBE MUZENZA ZAMBI E MONA SAKE SAKE, ELE E MUZAMBE }BiS KONGO ZAMBE NO APONGO DEUS, AUETO ZAMBI NO APONGO DEUS AUETO. KABULA, Sotaque: EU PLANTEI RAIZ, NASCEU FLOR EU PLANTEI RAIZ NASCEU FLOR KONGO Em seguida puxa-se a cantiga abaixo para recolher o Inkice: OIA GANGA, OIA GANGA DANDE, DANDE, O DANDA EUA}BiS OAIA GANGA, OIA GANGA O DANDEUA. MUZENZA 4" SAIDA: (NGOMBA OU RUM). ZAZE KINAMBUKE, -£ KOMAZENZE, KOMAZENZE}BIS ——_xonco 97 ° Apresentaremos agora, uma série de cantigas usadas nos Candomblés de Angola para puxar o santo do indemburo para o barracao: TOTE, TOTE DE MAIANGUE MAIANGOLE TOTE TOTE DE MAIANGUE MAINGOLE KONGO JAMBARAUE DUNDUM, AE DUDUM JAMBARAUE DUNDUM DUNDUM CHEGOU. KONGO ZAZE KINAMBUKE, f& KOMAZENZE, KOMAZENZE ZAZE KINAMBUKE, £ KOMAZENZE, KOMAZENZE. KONGO Atencio! O Inkice pode também ser puxado s6 no rebate dos couros. FALA MAINGONGUE LELE PANZO & FALA MAIAGONGUE LELE PANZO £ KONGO. YAMUKE, KE, KE, KE NO MAIANGUE YAMUKE, KE KE, KE NO SIRIA YAMUKE NO MAIANGUE YAMUKE NO SIRIA YAMUKE, KE, KE,KE NO MAIANGUE KONGO 98 YAYA QUE MEMENSO & SIMBENGANGA OIA MUXIBA DUNDAME KATENDEO, SIMBENGANGA. KABULA Cantigas para levar o santo, apés 0 ngoma(rum). BROKOIO, BROKOIO BROKOIO DALUANDE BROKOIO, BROKOIO _ BROKOIO DALUANDA KONGO ‘SALE MUZENZA, SALERO PAMEVO, SALERO, QUANDEUANDA}BIS KONGO SALE MAIANGUE UE DUNDF. SALE, SALE, SALE QUE DUNDE SALE, SALE DUNDUM KONGO EMAM, VOU ME EMBORA, U ME EMBORA if! EMAM,ARUE SAMBANGOLE KABULA, JONDI KADE LONDIRA ONDI KADE LONDIRA (OU CORRENDO! KABULA

Você também pode gostar