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Perguntas para a live: Agosto Lilás

1 - Como que funciona a lei Maria da Penha?

Antes eu gostaria de citar algumas informações: A cada 3 minutos uma mulher é


agredida no Brasil, e a cada 3 minutos uma mulher morre em razão de seu gênero, e a
cada 05 mulheres que vivenciam esta situação, 1 não denuncia.
A lei maria da penha é considerada uma das 03 melhores leis de proteção do mundo,
mas pra entender o que é a lei 11.340/2006, é preciso vislumbrar esse panorama da
violência contra mulher no Brasil antes de sua existência.
Crimes como os de lesão corporal leve, por exemplo, eram julgados como de menor
potencial lesivo e isto permitia na maioria dos casos que o agressor fosse condenado a
uma transação penal, que é um acordo, a pagar multa ou cestas básicas de maneira
isolada, ou ainda sim, prestar serviços comunitários, sem nem ser ouvida a vítima. A
integridade física de uma mulher era o equivalente a uma cesta básica. Assim, Maria da
penha, biomédica, já havia sido vítima de tentativas de homicídio por duas vezes, uma
por afogamento e outra por disparos de tiro de arma de fogo, vindo a se tornar
paraplégica, e, conseguindo a condenação de seu ex conjuge somente após 19 anos
numa batalha judicial exaustiva.
Esta história e diversas outras foram reconhecidas por organismos interamericanos
internacionais que pressionaram o Brasil por uma postura no combate a violência de
gênero. Após fóruns e discussões com mulheres de todo o Brasil, surge em 2006 a
legislação protetiva maria da penha com as seguintes finalidades:

 Criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e


familiar contra a mulher.
 Dispor sobre a criação de juizados de violência doméstica e familiar
contra a mulher.
 Estabelecer medidas de assistência e proteção à mulher que se
encontre em situação de violência doméstica e familiar.
Por violência: Qualquer ação ou omissão (deixar de fazer) baseada no gênero que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial.
Violência doméstica e familiar contra a mulher, vale a distinção:

 Doméstica: No âmbito da unidade doméstica. Isto é importante por que


inclui até mesmo os “agregados”, uma babá ou empregada doméstica,
por exemplo.
 Familiar: No âmbito da família, compreendida como a comunidade
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos
por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
 Em qualquer relação íntima de afeto: Na qual o agressor conviva ou
tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. dos
namorados, ex-namorados, maridos e ex-maridos. O agente agressor
pode ser o marido, o companheiro, o namorado, o ex-namorado, a mãe, a
filha, a neta ou o neto, o cunhado a irmã, o patrão ou a patroa da
empregada doméstica e a mulher que agride sua companheira em
relações homoafetivas.

2 - Como funciona a denúncia de violência doméstica no judiciário?

A denúncia de crimes de violência contra a mulher inicia com a comunicação à


autoridade policial, o registro de ocorrência, popularmente chamado de B.O, Boletim
de ocorrência, na delegacia de polícia local, podendo ela se dirigir à delegacia de onde
ocorreu a agressão, ou do local de sua residência ou ainda do domicílio do agressor, isto
fica a escolha da mulher, segundo a lei Maria da penha.
O atendimento policial que essa mulher vai receber tem alguns requisitos obrigatórios
segundo a lei Maria da penha, em que deve a autoridade policial, conforme o art. 11 da
lei observar, sendo alguns destes:
Ser ouvida, e ter sua descrição dos fatos redigida em termo de declarações. Neste
ponto, é importante atentar que a lei fala em Delegacia especializada de atendimento a
mulher, justamente por que essa vitima chega na maioria das vezes, fragilizada, abalada,
e com muito medo na delegacia. Então a escuta deve ser qualificada, ativa, humanizada.
Essas mulheres em grande parte chegam divididas, já enfrentaram uma serie de dilemas
para ir até a delegacia, que pro leigo é um lugar frio e cheio de estereótipos, opressor.
Então prestar declarações e denunciar é um ato muito sensível e que ainda requer muita
coragem na nossa cultura.
Aqui em Teresópolis a dpo, apesar de não ser especializada, conta com ...
Recapitulando, lá será indagada sobre sua relação com o agressor, a habitualidade das
agressões, toda a descrição do episódio, a extensão destas lesões, física, sexual, moral,
verbal, psicológica e patrimonial; se possuem dependentes, os dados que qualificam e
identificam o autor da violência e ela vítima, quais provas, testemunhas possui acerca
dos fatos ocorridos, mensagens, gravações de áudio, vídeo, objetos quebrados,
destruídos, tudo o que comprove a materialidade, ou seja, existência do crime, e, a
autoria da violência a qual foi vítima. O autor e as testemunhas também serão ouvidos.
Em casos de flagrante, oferecendo perigo a vítima o agressor será preventivamente
preso.
Neste cenário, esta mulher será encaminhada para o exame de corpo de delito, caso
violentada sexualmente, ou, agredida na sua saúde e integridade física, deverá também
ser conduzida ao S.U.S tendo acesso urgente a todos os serviços médicos a quais faz jus,
inclusive os de prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis em
situações de estupro, abuso, importuno, e violência sexual.
Identificada, ouvida, colhido os fatos e as provas acerca da materialidade e autoria
da violência, examinada, conduzida a atendimento médico quando necessário, essa
mulher terá ao seu dispor, como manda a lei maria da penha, algumas opções de
proteção contra possíveis ações criminosas futuras de seu algoz, são elas as
medidas protetivas, existem as elencadas em lei, e, tudo que no alcance, eficácia e
razoabilidade do poder judiciário que venha protege-la de fato do agressor, que seja
necessário, ainda que não esteja na lei, esta mulher poderá requisitar para garantir sua
proteção.
O Ministério Público Estadual, na sua figura de Advogado dos Direitos transindividuais,
ou seja, Direitos não de um sujeito em específico, mas sim de um grupo de sujeitos, da
coletividade, nestes casos, a do gênero mulher em situações de violência, deverá ser
comunicado para atuação no caso, muitas vezes por intermédio de suas promotorias de
violência doméstica. O MPE poderá: I – requisitar força policial e serviços públicos de
saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros; III – cadastrar os
casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Em caso de necessidade, deverá ser fornecido transporte para a vítima e seus
dependentes para abrigo ou local seguro e acompanhada a vítima para retirar seus
pertences do domicílio familiar. Esta é medida última, pois retirar a mulher e seus
dependentes de sua rotina e lugar de moradia em detrimento da permanência do
agressor é muito mais cruel praquela família do que o oposto. Afasta-lo deles é o ideal.
Por fim a ofendida deverá ser informada dos seus Direitos garantidos pela Lei
11.340/2006, a Maria da penha, e os serviços disponíveis naquela jurisdição.

3 - Se existe algum tipo de treinamento para vocês acolherem casos de


violência contra a mulher? 4 -Qual o tipo de escuta que vocês tem diante
dos casos?
De antemão, é necessário identificar os sujeitos atuantes neste processe de proteção e
cuidado da mulher em situação de violência doméstica e familiar. São eles a polícia, os
delegados, promotores de justiça, juízes e advogados. A polícia e os delegados ..., os
promotores de justiça e juízes ... os advogados ...

5 - Como funciona a medida protetiva?

As medidas protetivas são pedidas ao juiz pela polícia, ou, ministério público, no prazo
de 48h da denúncia. São todas aquelas ações preventivas da continuidade de agressões a
mulher em virtude do agressor ainda oferecer risco a integridade física e psicológica da
vítima.
Citando algumas presentes no art. 23 da lei, são:
1. Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial de
proteção (centros de referência, casa-abrigo, CRAS etc.);
2. Afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo de seus direitos
relativos a bens, filhos e alimentos.
3. Recondução da vítima e seus dependentes ao lar, após o
afastamento do agressor;
4. Separação de corpos.
5. Quanto às mulheres com outros vínculos trabalhistas (CLT, por
exemplo) quando for necessário seu afastamento, os vínculos
serão mantidos por até seis meses.
No mais é importante lembrar que o agressor também pode se submeter a algumas
medidas, quais são:
1. I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
comunicação ao
2. órgão competente, nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
3. II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida;
4. III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
integridade física e psicológica da ofendida;
5. IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores,
ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço
similar;
6. V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
E também, nos casos de violência patrimonial, a lei garante algumas medidas de
proteção sendo elas:
1. A restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à
ofendida;
2. A proibição temporária para a celebração de atos e contratos de
compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo
expressa autorização judicial;
3. Suspensão de procuração conferida pela ofendida ao agressor;
4. Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por
perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a ofendida.

6 - Se mesmo com a medida protetiva o casal se conciliar o que acontece?


Autorizada a medida protetiva pelo juiz ela estará em vigência, ou seja, valendo. Ainda
que a mulher se reconcilie com a vítima, o descumprimento de qualquer uma das
medidas atualmente é crime, crime este recente, inserido pela lei 13.641/18 - CRIME
do descumprimento de decisão judicial que defere, autoriza, as medidas protetivas
de urgência previstas na Lei Maria da Penha!
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de
urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá
conceder fiança.
A prisão do agressor pode ocorrer tanto durante a fase de inquérito quando de processo
judicial, a qualquer tempo, preventivamente, esta e as demais medidas protetivas
costumam sim na opinião de muitos delegados e promotores de justiça serem eficazes,
visto que o perfil do agressor em sua grande maioria é o do homem comum, digo, não
de um criminoso costumaz de carreira, então estas táticas de intimidação costumam ser
sim muito eficazes.
Essa situação de negativa da própria vítima quanto ao crime é comum demais. Hoje,
porém, o crime de violência contra a mulher em se tratando de lesões leves, por
exemplo, não é mais considerado de menor potencial ofensivo, isto permite que
qualquer um denuncie, que não se dependa da denúncia da vítima para investigação e
punição do agressor. Ainda que a mulher não queira denunciar, outros o podem fazer
por ela, e portanto, ainda que em sede de medidas protetivas se conciliem, o
descumprimento enseja prisão e um outro crime mais específico trazido pela lei.
Em alguns locais, delegacias do Estado de São Paulo, por exemplo, há esta atitude de
uma intervenção urgencial da equipe multidisciplinar no momento de oitiva desta
mulher na delegacia, uma equipe de psicologia intervém nestas 48h, auxiliando estas
mulheres que negam a violência com aquelas famosas e comuns falas: “Foi só um
susto”, “Ele não é assim”, “A culpa também é minha”, a despertarem a consciência pra
situação a qual estão verdadeiramente submetidas, a terem maior poder de decisão
acima das emoções e visões distorcidas. Em contato com a sua realidade, estas mulheres
se tornam mais fortes para buscar justiça.
Aqui é um dos maiores ponto chave, onde a psicologia torna-se fundamental, ainda
grande parte das mulheres retira a denúncia perante o juiz e não prossegue com o
processo judicial em vistas do ciclo da violência doméstica, e romper com este
comportamento prejudicial repetitivo depende de um trabalho de despertar a
consciência, refletir sobre a auto estima, o auto respeito, o auto merecimento e seus
próprios limites. Uma reflexão que está acima das emoções pelo agressor, e sair deste
ciclo e buscar justiça parte disto, algo que que o psicoterapeuta pode contribuir muito
mais que uma amiga, ou um líder religioso, ou um promotor, advogado na justiça.
Essa desistência de prosseguir com uma ação criminal judicial se dá na audiência de
retratação perante o juiz, especialmente designada para este fim, antes do recebimento
da denúncia e ouvido o Ministério Público. Homologada a retratação, será comunicado
à autoridade policial para o arquivamento do Inquérito policial.
7 - Quais serviços de saúde e assistência social, da rede, podem ser
acessados pelos envolvidos em situação de violência doméstica?

A vítima, ao ser ouvida na delegacia deverá ser encaminhada para atendimento médico,
caso presentes as lesões físicas, ela terá Direito aos serviços do S.U.S, em se tratando de
violência sexual terá Direito as medicações como a contracepção de emergência, e
atendimento médico de prevenção e controle das doenças sexualmente transmissíveis.
Havendo a necessidade de afastamento de sua residência, a mulher poderá ser
conduzida a uma casa-abrigo, um local seguro para sua estada, seja a de algum familiar,
ou, seja a de alguma instituição de assistência social, com condução e guarda as
expensas do município.
Será também encaminhada ao CRAS para cadastro seu e de seus dependentes em
programa oficial de proteção e assistência do governo federal.
Aqui em Teresópolis ...
1) NAM, PSF,
2) Centro de Referência de Atendimento a Mulher (CRAM), instalado na sede da
Secretaria da Mulher, na Várzea,
3) 190 urgência, 180 denuncia, os postos, os núcleos, o aplicativo p2p 2.0 , as farmácias ...
4) Instalada no 2º piso do Centro Administrativo Municipal Manoel de Freitas (Avenida
Lúcio Meira, 375, na Várzea), prédio do antigo Fórum, a Secretaria dos Direitos da
Mulher funciona de segunda a sexta, das 12h às 18h. Informações
sobre atendimento podem ser obtidas pelo telefone (21) 2742-1038.
5) Coordenadora do núcleo de atendimento a pessoas vulneráveis da 110ª
Delegacia Policial, a inspetora Priscila Santiago também marcou presença. “É essencial
unir todos os setores nesse tipo de  atendimento. Na delegacia existe esse núcleo, com
uma policial mulher pronta a atender, a dar andamento ao nosso  trabalho  de
investigação e a orientar àquelas que precisam a procurar a Secretaria da Mulher”
6) A Secretaria dos Direitos da Mulher oferece atendimento psicológico, jurídico e social
a mulheres vítimas de violência de segunda a sexta, de 9h às 18h, em sua sede,
localizada no 2º piso do Centro Administrativo Municipal Manoel Freitas (Av. Lúcio
Meira, 375/sala 201, na Várzea). Mantém uma sala de acolhimento na
110º Delegacia Legal, no Alto, com atendimento exclusivo para as mulheres, de
segunda a sexta, de 12h às 18h.
7) Relatório da Secretaria dos Direitos da Mulher mostra que em março foram feitos 142
atendimentos; o número subiu para 191 em abril e passou para 240 em maio. Nesse
período de isolamento e de distanciamento social, a secretaria manteve o
seu trabalho de prevenção aos riscos de violência e de fortalecimento de gênero,
garantindo o acesso e a proteção das mulheres pela Lei Maria da Penha (Lei
11.340/2006).

Pergunta 1:

8) A cada 3 minutos
9) 3 melhores leis de proteção do mundo
10) Lesão corporal leve, crescimento de 60 a 80 para 6.000
11) Maria da Penha
12) Finalidades da lei
13) Violência, doméstica, familiar, e em relações íntimas de afeto

Pergunta 2:

1) R.O na competência da vítima


2) Requisitos do atendimento policial, e isto em Teresópolis
3) Oitiva e provas
4) Encaminhamento ao S.U.S
5) Medidas protetivas
6) Ministério Público
7) Transporte
8) Ser informada de seus Direitos

Pergunta 3/4:

1) Sujeito atuantes
2) Polícia, delegados, promotores, juízes, advogados ..

Pergunta 5:

1) Momento do requerimento e definição


2) Art. 23, vítima, agressor, patrimonial

Pergunta 6:

1) Crime de descumprimento de decisão judicial que defere as medidas protetivas de


urgência.
2) Prisão e intimidação efetiva.
3) Qualquer um pode denunciar
4) Intervenção urgencial da psicologia na DPO
5) Sair do ciclo
6) Desistência em audiência específica

Pergunta 7:

1) S.U.S
2) Casa-Abrigo
3) Cras
4) Mpe e ... (Teresópolis).
Perguntas de mim para Bella:
 O que é violência, e, quais as formas de violência contra a mulher? (AGOSTO
LILÁS E DEPOIS ESSA)
 O que é o ciclo da violência doméstica, e, de que maneiras a mulher pode
rompe-lo? Por quê é importante sair do ciclo? (QUANDO FALAR DA
DESISTÊNCIA)
 Qual a relevância deste assunto em tempos de pandemia Covid-19, e como
podemos intervir, acolher e proteger a mulher num caso de violência doméstica
que tomemos ciência? ( QUANDO FALAR DA DENÚNCIA)
 Como a mulher pode perceber que o relacionamento é abusivo ou saudável?
Quais sinais? (QUANDO ELA FALAR DO CICLO)
 Quais os riscos e consequências na saúde mental de quem se encontra na
qualidade de vítima nessas situações de violência? (QUANDO FALAR
SOBRE FORMAS DE VIOLÊNCIA)
 Quais os objetivos do psicólogo no atendimento de vítimas de violência
doméstica? (QUANDO FALAR DA ESCUTA ATIVA)

1) O que é violência e quais as formas de violência contra a mulher?


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2002, violência é o
uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si
próprio, contra outra pessoa, contra um grupo ou comunidade que possui
resultado ou tenha alta probabilidade de resultar em morte, lesão, dano
psicológico, problemas de desenvolvimento ou privação.

A Lei Maria da Penha descreve os tipos de violência contra mulher, com o


intuito de facilitar a identificação dos tipos de agressões.
Violência física: atos, condutas que ofendam a sua saúde ou integridade física
- te empurra
- te chuta
- te amarra
- te bate
- te violenta

Violência psicológica: condutas que te causem qualquer forma de danos


emocionais; diminua a sua autoestima
- te humilha
- te insulta
- te isola
- te ameaça
- te persegue
Violência sexual: forma de constrangimento a presenciar, manter ou participar
de relação sexual não desejada
- te exige práticas que você não gosta
- te pressiona
- se nega a usar preservativo
- te nega o direito de métodos contraceptivos

Violência patrimonial: atos que restrinjam ou impeçam o uso de seus bens,


direitos e recursos financeiros, bens ou documentos pessoais ou de trabalho
- controla o seu dinheiro
- destrói seus objetos
- não te deixa trabalhar
- privar de bens, valores ou recursos econômicos
- causar danos propositais a seus objetos
- deixar de pagar pensão alimentícia

Violência moral: atos que configurem calúnia, difamação ou injúria


- expor a vida íntima
- fazer críticas mentirosas
- acusar a mulher de traição
- emitir juízo moral sobre a conduta da mulher
- te desvalorizar pelo modo de você se vestir

2) O que é o ciclo da violência domestica e de que maneira a mulher pode


rompê-lo? Porque é importante sair do ciclo?

A psicóloga norte americana Lenore Walker identificou que agressões seguem um


padrão de comportamento conhecido como Ciclo de Violência, composto por 3
etapas.
1) Aumento de tensão: etapa em que o agressor humilha a vítima e faz ameaças,
enquanto a mulher tende a negar ou justificar o comportamento do homem.
2) Ato de violência: pode ser verbal, física, psicológica ou patrimonial (quando o
agressor destrói objetos que pertencem à companheira). É também quando a
mulher sente medo, vergonha e ódio.
3) Lua de mel: é a etapa em que o companheiro diz sentir arrependimento e
manifesta um comportamento carinhoso. Isso faz com que a mulher o perdoe e
acredite que ele vai mudar. Esse momento do ciclo dura até a primeira etapa
do ciclo começar de novo.

 De acordo com o estudo realizado por Cortez e Souza (2008), observou-


-se que a maioria das mulheres ao sofrer violência doméstica não toma
nenhuma providência, por estarem subordinadas aos interesses de seus
companheiros. O estudo também mostra que, ao tomar a atitude de
denunciar e seguir com o processo, as mulheres mostram claramente a
vontade de mudança, interpretado como o momento em que ela rompe
limites significativos, deixando de lado paradigmas, sendo notados os
primeiros sinais de empoderamento.
Importante salientar que quem coloca limites na relação é o sujeito,
nesse caso a mulher. Ninguém melhor do que ela para saber o limite e
colocá-lo em prática- empoderar a mulher é dar voz a ela.

3) Qual a relevância deste assunto em tempos de pandemia Covid-19, e como


podemos intervir, acolher e proteger a mulher num caso de violência
doméstica que tomemos ciência?
A violência é um fenômeno social,complexo e multifatorial e durante
situações de pandemia como a de covid-19 tente a aumentar, e emergir
novos casos. Dados de diferentes países tem mostrado o aumento da
violência doméstica durante a pandemia de covid-19 - fontes: aumento das
chamadas nas linhas diretas de prevenção de violência, relatos da mídia e
artigos científicos publicados.
 Associado a esse aumento da violência tem-se as medidas de
quarentena, isolamento social e distanciamento social, medidas que são
fundamentais para a quebra de cadeia de infecção, mas que também
trazem mudanças bruscas para a vida das famílias e sociedade em geral;
 Redução do convívio comunitário, na medida em que diminui a coesão
social e o acesso à serviços públicos, ela favorece a manutenção e
agravamento das situações de violência.

Intervir, acolher e proteger:


É fundamental que os profissionais das redes de proteção e cuidado às pessoas em
situação de violência estejam cientes dos riscos deste aumento durante a pandemia e
que são atores importantes na identificação e acompanhamento dessas pessoas.
Os profissionais que atuam nas políticas públicas têm papel estratégico na prevenção
das violências e podem ser os únicos a terem contato com as pessoas vulneráveis
neste momento de pandemia. Por isso, é importante estar atento para as diferentes
expressões da violência e às estratégias de cuidado disponíveis durante a pandemia, a
fim de possibilitar o acolhimento e a escuta, viabilizando a ajuda e formando uma
rede de apoio.
É importante ter em mãos os contatos dos serviços de emergência em saúde
disponíveis durante a pandemia e certificar-se de que são capazes de oferecer a ajuda
solicitada, assim como de outros setores que podem ser necessário nesse apoio e
cuidado.

4) Como a mulher pode perceber que o relacionamento é abusivo ou saudável?


Quais sinais?
Quando a gente está imerso em um relacionamento tóxico é difícil ter uma visão geral
sobre a situação e enxergar os problemas com clareza: por isso tanta gente se sujeita
a continuar vivendo um inferno repleto de pequenos paraísos.
Quando você está em um relacionamento saudável, você se sente melhor e se
enxerga como uma versão melhor de si mesmo – isso não significa que a pessoa ao
seu lado te completa, isso significa que ela é um complemento na sua vida.
 VOCÊ É LIVRE PARA FAZER O QUE GOSTA E MANTER AMIZADES
Kari Carroll, uma terapeuta de casal em Portland, nos Estados Unidos, diz que um
espaço no relacionamento é saudável e também é fundamental que cada um
desenvolva sozinho algo que faça parte da sua personalidade: “Não suportar ver que a
outra pessoa está realizando e conquistando algo sozinho é um claro sinal de
egoísmo”.
 VOCÊ NÃO AGE DIFERENTE QUANDO ESTÁ PERTO DA OUTRA PESSOA
“Em um relacionamento saudável, sua personalidade e seus interesses continuam
iguais independente de quem estiver do seu lado. Se você age diferente quando seu
parceiro está por perto, é um mal sinal”, explica Marie Land, uma psicóloga de
Washington. “Você não deve sentir a necessidade de ajustar seu comportamento de
acordo com a presença do seu parceiro”.
 VOCÊ PODE SEGUIR SEUS SONHOS
Os sonhos e objetivos de ambos podem não estar alinhados, mas os dois se respeitam
e torcem um pelo outro.
 SUAS DIFERENÇAS SÃO COMEMORADAS
Kipp explica: “Em relacionamentos tóxicos, os casais acham que essas diferenças
ameaçam o relacionamento; nas relações saudáveis, as diferenças de opinião não são
apenas toleradas, mas celebradas”.
Porém, se você se sente desconfortável em conversar, é hora de se preocupar: “Saber
que você pode conversar e que vai ser ouvido é extremamente importante. Se você
não se sente confortável em discutir um mal entendido, isso pode acabar gerando
ressentimento e outros problemas maiores no futuro.’’
 VOCÊ PODE DEIXAR SEU CELULAR DESBLOQUEADO
Cada um tem suas conversas com amigos e suas particularidades e intimidades, nem
tudo precisa ser completamente dividido – principalmente o papo com os amigos
sobre temas que não interessam ao outro membro do casal.
 VOCÊ PODE FALAR QUANDO SE SENTIR MACHUCADO
Não se preocupar em discutir e conversar com a outra pessoa é um bom sinal. Poder
falar o que te preocupa e o que te machucou sem ter medo de represálias e
retaliações é algo extremamente saudável para o casal.

De modo simplista, um relacionamento saudável permite que você seja você, é algo
que é saudável te faz feliz, vocês conseguem conversar e entrar em consenso
conversam quando algo não está bom, mantendo sempre um diálogo aberto.
Relacionamento tóxico: não te faz bem; te causa mal estar, te desvaloriza, te ofende,
não respeita suas necessidades, é agressivo, tem ações e atitudes egoístas e
impensadas, não cuida da relação...

5) Quais os riscos e consequências na saúde mental de quem se encontram na


qualidade de vítima nessas situações de violência?
Chen et al. (2010) fizeram de 1980 a 2008 meta-análise com37 estudos sobre
associação entre abuso sexual e transtornos psiquiátricos. Os resultados indicaram
relação entre o antecedente de abuso sexual, o diagnóstico e a duração do transtorno
de ansiedade, depressão, transtornos alimentares, Transtorno do Estresse Pós
Traumático (TEPT), distúrbios do sono e tentativa de suicídio, abuso de substâncias
psicoativas. A relação entre abuso sexual e transtornos psiquiátricos mostrou-se
persistente,independentemente do sexo da vítima e da idade na qual o abuso ocorreu.
Além disso, observaram associação entre abuso sexual e desordens somáticas,
incluindo-se alteração funcional gastrointestinal, dor pélvica crônica, convulsões
psicogênicas e dor crônica não específica.

Mulheres que sofreram estupro consumado apresentaram índices significativamente


mais negativos autoestima, reputação sexual, frequência do sexo, desejo de fazer
sexo e auto percepção do valor do parceiro. No entanto, mulheres que sofreram
tentativa de estupro também reportaram vivências negativas em vários aspectos.
 Mulheres que sofrem violência sexual apresentam índices mais severos de
transtornos e conseqüências psicológicas, como TEPT, depressão, ansiedade,
transtornos alimentares, distúrbios sexuais e distúrbios do humor.Outras
variáveis podem ser agregadas, como maior consumo ou abuso de álcool e de
drogas, problemas de saúde, redução da qualidade de vida e
comprometimento do sentimento de satisfação com a vida, o corpo, a vida
sexual e os relacionamentos interpessoais. Existe significativa associação entre
violência sexual e altos índices do TEPT, com sintomas que incluem dissociação
congelamento e hipervigilância e podem permanecer por muito tempo.
 O excesso alimentar e o abuso de drogas e álcool são usados por algumas
vítimas como forma de diminuir a ansiedade e reprimir as memórias
traumáticas. O TEPT pode ser observado como mediador entre a violência
sexual e os transtornos alimentares, como tentativa de autoproteção contra
nova violência. Pode atuar também como mediador no desenvolvimento de
transtornos sexuais, embora não esteja suficientemente esclarecido o papel do
ato de penetração nessas disfunções.
 As vítimas geralmente apresentam maior insatisfação sexual, perda de prazer,
medo e dor, sintomas que podem permanecer após anos da violência. A
relação com a própria imagem, a autoestima e as relações afetivas também
são afetadas negativamente e limitam a qualidade de vida. Existe permanência
desses transtornos, que podem ser duradouros e estender-se por muitos anos
na vida dessas mulheres.

6) Quais os objetivos do psicólogo no atendimento de vítimas de violência


doméstica?
Dutra (2008) não se pode pensar no sujeito sem levar em consideração sua historia
de vida e o meio no qual ele se insere. A partir deste ponto de vista, surgiu o conceito
de clínica ampliada, com o intuito de ampliar as diversas formas de atuação do
psicólogo clínico, bem como diversificar sua metodologia em diferentes espaços físicos
- visa o alcance de toda a comunidade, não é o sujeito que procura o psicólogo e sim
o contrário.
No caso da intervenção profissional em casos de violência doméstica contra a mulher,
o trabalho do psicólogo está vinculado à intervenção da justiça e, portanto, não se
limita ao consultório privado, sendo feito em um ambiente diferenciado com
intervenções individuais ou grupais de caráter socioeducativos. Como o trabalho é
feito em conjunto com a justiça, o psicólogo atuante nessa área acaba realizando um
trabalho multidisciplinar. (COSTA & BRANDÃO, 2005).

 O psicólogo, independente, da abordagem ou método escolhido para realizar


esse tipo de atendimento, deverá primeiramente criar um “rapport” (criar uma
relação) e um vínculo terapêutico com a vítima, fazendo com que ela se sinta
num ambiente seguro e confiável, pois, somente desta forma, ela conseguirá
compartilhar as experiências vividas que lhe causaram sofrimento. (SOARES,
2005; PIMENTEL, 2011).
 atendimento psicológico às vítimas é fazer com que elas resgatem sua
condição de sujeito, bem como sua autoestima, seus desejos e vontades, que
ficaram encobertos e anulados durante todo o período em que conviveram em
uma relação marcada pela violência. Desta forma, elas poderão ter coragem
para sair da relação que, durante muito tempo, tirou delas a condição de ser
humano, tornando-as alienadas de si mesmas. Este é um processo que
continua ativo durante um longo período no psiquismo da mulher, mesmo que
ela já tenha colocado um ponto final na relação. Pois, no período em que
sofreu as violências, o parceiro a desqualificava de todas as formas, através da
violência psicológica e moral. (HIRIGOYEN, 2006; SOARES, 2005).
 De acordo com Bastos (2009) a escuta do terapeuta quando feita de forma
adequada e ativa, é um fator de facilitação da autoexpressão da pessoa em
atendimento psicológico, mas escutar não é o mesmo que ouvir. Quando a
pessoa diz estar ouvindo algo, isto se remete, ao próprio fato de estar
conseguindo a partir do seu aparelho auditivo assimilar sons. A escuta é
quando, além de ouvir, nós prestamos atenção naquilo que está sendo dito,
esta é uma atenção flutuante, ou seja, que não se prende a um determinado
ponto da fala do outro, mas sim, no todo do que está sendo dito. A escuta ativa
prende a atenção do profissional que o faz prestar mais atenção e curiosidade
sobre o que está por vir na fala do sujeito. Quando se utiliza a escuta ativa o
psicólogo pode fazer intervenções inesperadas, que faça com que o sujeito
pense de forma diferente da que havia pensado até então.
 Escuta ativa: “É preciso ajudá-las a verbalizar, a compreender sua experiência
e, então, levá-las a criticar essa experiência” (p. 183). Pois, a partir da
compreensão e da ampliação da consciência de suas experiências, a mulher
conseguirá se proteger da violência, bem como resgatar sua identidade.
(HIRIGOYEN, 2006).

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