Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARTE II
Conteudista
Profª. Me. DJAINE DAMIATI
O Papel da Mídia na Vida Cotidiana
3
A imposição de uma representação de todo o planeta como uma única
aldeia, ressoa em suas repercussões, não só no plano econômico, político e
social, mas especialmente no individual da construção de si e das relações
com os outros devido à influência da experiência midiática.
4
A imagem consegue atrair e manter mais a atenção das pessoas, de
forma mais imediata e sedutora que os demais sistemas sígnicos, pois fornece
uma síntese de informações que autoriza a rapidez da primeira interpretação
emocional.
Para o filósofo Vilém Flusser (2011), as imagens são superfícies que tem
como intuito representar alguma coisa, na maior parte das vezes, esta alguma
coisa está ausente, em outro tempo e espaço. "As imagens são, portanto,
resultado do esforço de se abstrair duas das quatro dimensões espacio-
temporais, para que se conservem apenas as dimensões do plano."
(FLUSSER, 2011 p. 21)
Flusser estruturou toda uma filosofia da imagem técnica a partir da
análise do mais básico aparelho capaz de produzí-la: a câmera fotográfica. Foi
partindo desta reflexão, que o autor pôde chegar a várias interpretações sobre
o sentido das imagens técnicas ao longo da história da humanidade. Sua
relação com a escrita e a historicidade.
Na obra Filosofia da Caixa Preta (2011), o autor aponta para o fato de
que as imagens seriam derivadas da nossa capacidade da abstração ou
imaginação sendo esta última caracterizada por duas especificidades: a
primeira que permite abstrair duas dimensões dos fenômenos e a segunda
reconstruir tais dimensões abstraídas na imagem. Nas palavras de Flusser
"imaginação é a capacidade de fazer e decifrar imagens." (Ibidem)
Compreender ou decifrar as imagens, sob a perspectiva flusseriana, é
uma questão de leitura de superfície. Neste sentido é que os planos são
fundamentais neste processo, pois com um breve olhar já é possível para o
observador captar o seu significado.
Obviamente, uma análise mais completa demandaria um tempo maior e
um olhar mais cuidadoso, apenas possível ao se vaguear mais
demoradamente pela superfície, num procedimento também chamado de
5
scanning. Tal procedimento permitirá que se consiga sintetizar tanto a
intencionalidade do receptor como a do emissor, uma vez que a imagem, em
si, se oferece em uma superfície interpretativa.
O processo de interpretação da imagem, ao contrário do que ocorre com
a escrita, assume um caráter cíclico, algo como o "eterno retorno", expressão
utilizada por Frederich Nietzsche e apropriada por Flusser (2011) para dar
conta do movimento interminável que a leitura da imagem pressupõe ao seu
leitor.
A leitura da imagem televisiva: quando se lê a imagem.
6
imagens. Fazer sentido é algo diferente, não necessariamente essencial para
ver televisão. (Ibidem)
Comparativamente, se a experiência do texto é individual e visual, a da
TV é coletiva, visual e auditiva; se a realidade do texto é plana e sequencial, a
da TV é bidimensional e fragmentada; se o modo de pensar estruturado na
escrita é fundamentado no sentido, na profundidade do conteúdo, e se inscreve
na mente, o modo de pensar estruturado na TV é fundamentado no consumo
de imagens, na superfície da imediatez e da velocidade, e se inscreve no
corpo. Para Kerckhove (1997), a TV tem uma dimensão não apenas visual e
auditiva mas também tátil: ela “acaricia e impregna o seu significado por
debaixo da nossa pele”. (Idem p. 49)
7
Imagens em movimento derivadas dos raios catódicos emitidos pela
televisão funcionam como uma espécie de scanner do espectador, realizando a
varredura de seu corpo como um todo. As mídias em geral tem o poder de
editar os ambientes. Elas selecionam o objeto, enquadrando a situação e
organizando o ambiente físico, assim como a fotografia e o cinema selecionam
e enquadram os objetos e cenários nos seus conteúdos. Porém, cada um dos
produtos midiáticos, enquadram os objetos e os ambientes de forma
diferenciada.
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
14