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GRM
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Sumário
1. Natureza e Propagação do Som: .....................................................................................6
1.1. Introdução ......................................................................................................................... 6
1.1.1. Ruído ................................................................................................................................................. 6
1.2. O que é controle de ruído....................................................................................................... 6
1.3. Importância econômica do controle de ruído ............................................................................... 7
1.4. Quanto se requer de redução de ruído ...................................................................................... 8
1.5. Como o ruído é transmitido ..................................................................................................... 9
1.6. Aspectos estatísticos da fonte, da trajetória e do receptor: .............................................................. 9
1.6.1. Interação entre fonte, trajetória e receptor: .............................................................................................. 10
1.7. Técnicas de controle de ruído ................................................................................................ 11
1.7.1. Controle de ruído da fonte .................................................................................................................... 11
1.7.2. Controle da transmissão ....................................................................................................................... 12
1.7.3. Controle no receptor............................................................................................................................ 13
1.7.4. Controle da exposição: ......................................................................................................................... 14
1.8. Noções básicas de acústica física: .......................................................................................... 14
1.8.1. Definição de som e ruído e suas características:........................................................................................ 14
1.8.2. Grandezas Acústicas............................................................................................................................ 20
1.8.3. Níveis sonoros e a escala em decibéis: .................................................................................................... 24
Propagação Sonora ................................................................................................................... 33
1.8.4. Fontes Sonoras .................................................................................................................................. 34
1.9. Efeitos Atmosféricos ........................................................................................................... 36
1.9.1. Absorção Molecular ............................................................................................................................. 36
1.9.2. Ventos .............................................................................................................................................. 37
1.9.3. Gradiente de Temperatura .................................................................................................................... 37
1.10. Absorção sonora ............................................................................................................... 38
1.10.1. Como o Som é Absorvido ................................................................................................................. 38
1.10.2. Diferentes Tipos de Absorção e Absorvedores ..................................................................................... 38
1.11. Noções básicas de psicoacústica: ........................................................................................... 41
1.11.1. O ouvido Humano: .......................................................................................................................... 41
1.11.2. Audibilidade e nível de audibilidade: ................................................................................................... 44
......................................................................................................................................... 47
2. Efeitos do ruído nos seres humanos: ............................................................................ 48
2.1. Perdas auditivas induzidas pelo ruído: ..................................................................................... 48
2.2. Efeitos sensoriais: .............................................................................................................. 50
2.3. Percepção do ruído: ........................................................................................................... 50
2.4. Interferência na comunicação por fala: ..................................................................................... 51
2.5. Efeitos do ruído no sono: ..................................................................................................... 53
2.6. Efeitos psicofisiológicos: ...................................................................................................... 54
2
2.7. Efeitos na saúde mental: ...................................................................................................... 55
2.8. Efeitos no desempenho:....................................................................................................... 56
2.9. Efeitos no comportamento comunitário: ................................................................................... 56
2.10. Protegendo sua audição ...................................................................................................... 57
......................................................................................................................................... 60
3. Parâmetros descritores do ruído ambiental: .................................................................. 61
3.1. Nível de pressão sonora (NPS): ............................................................................................. 61
3.2. Nível de pressão sonora equivalente contínuo(LAeq,T): ................................................................ 62
3.3. Níveis percentuais (LAn): ..................................................................................................... 63
3.4. Nível de exposição sonora (LAE): ........................................................................................... 64
3.5. Exposição sonora (EA): ....................................................................................................... 65
3.6. Nível sonoro dia e noite (LAdn): ............................................................................................. 65
3.7. Nível de exposição diária pessoal (LEP,d): ................................................................................ 67
3.8. Nível de poluição sonora (LNP): ............................................................................................. 67
3.9. Nível de ruído percebido (PNL): ............................................................................................. 68
3.10. Dose de ruído: .................................................................................................................. 68
3.11. Curvas de avaliação de ruído: ................................................................................................ 70
3.12. Índice de ruído de tráfego (TNI): ............................................................................................ 73
......................................................................................................................................... 74
4. Instrumentação para Medições Acústicas ....................................................................... 75
4.1. Sistema Básico de Medição ................................................................................................... 75
4.2. Medidores de Nível de Pressão Sonora .................................................................................... 76
4.3. Dosímetros ....................................................................................................................... 77
4.4. Monitores de Nível de Pressão Sonora ..................................................................................... 77
4.5. Analisadores de Espectro ..................................................................................................... 78
4.6. Calibradores acústicos ......................................................................................................... 80
......................................................................................................................................... 81
5. Medição de Ruído: Métodos ......................................................................................... 82
5.1. Definição do problema ......................................................................................................... 82
5.2. Procedimentos básicos ........................................................................................................ 83
5.2.1. Seleção do equipamento ...................................................................................................................... 83
5.2.2. Posição do microfone .......................................................................................................................... 84
5.2.3. Orientação do microfone ...................................................................................................................... 86
5.2.4. Correção devido uso de cabos para microfone .......................................................................................... 86
5.2.5. Correção do ruído de fundo .................................................................................................................. 86
5.2.6. Efeito das condições ambientais ............................................................................................................ 87
5.2.7. Número de medições x precisão ............................................................................................................ 89
5.3. Uso do medidor de nível de pressão sonora .............................................................................. 89
3
5.3.1. Seleção do tipo de medidor de nível de pressão sonora ............................................................................. 89
5.3.2. Seleção da curva de ponderação ........................................................................................................... 90
5.3.3. Resposta de medição: Fast x Slow .......................................................................................................... 90
5.3.4. Distribuição estatística ......................................................................................................................... 91
5.3.5. Medição de ruído impulsivo ou de pico .................................................................................................... 91
5.4. Uso dos analisadores .......................................................................................................... 91
5.4.1. Seleção do analisador .......................................................................................................................... 92
5.5. Dados a serem a avaliados ................................................................................................... 93
5.5.1. Fontes sonoras .................................................................................................................................. 93
5.5.2. Ambiente acústico interno..................................................................................................................... 93
5.5.3. Ambiente acústico externo .................................................................................................................... 93
5.5.4. Instrumentação .................................................................................................................................. 94
5.5.5. Dados de medição .............................................................................................................................. 94
......................................................................................................................................... 96
6. Poluição Sonora: Recomendações e Legislação: ............................................................. 97
6.1. Valores de referência e limites de tolerância: ............................................................................. 97
6.2. Legislação ambiental nas esferas federal, estadual e municipal: ...................................................... 99
....................................................................................................................................... 107
7. Sugestões para controle de ruído ............................................................................... 108
7.1. Comportamento sonoro - Causas das fontes de ruídos ............................................................... 109
7.2. Sons de placas vibrantes.................................................................................................... 116
7.3. Sons produzidos no ar ou em gases ..................................................................................... 122
7.4. Ruído em dutos e tubulações .............................................................................................. 128
7.5. Ruído em máquinas vibratórias ............................................................................................ 131
7.6. Ruído em ambientes fechados ............................................................................................. 134
7.7. Redução sonora em paredes enclausuradas ............................................................................ 137
7.8. Barreiras Acústicas ........................................................................................................... 139
Vegetação como uma barreira .................................................................................................................. 141
8. Bibliografia: ............................................................................................................. 143
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1. Natureza e Propagação do Som:
1.1. Introdução
1.1.1. Ruído
Por definição, ruído é o som indesejado. A melodia proveniente de um rádio
pode ser agradável para os moradores de uma residência, mas é incômodo para os
vizinhos que estão tentando dormir; é indesejado.
Os ruídos que estão associados a um determinado ambiente são nomeados
de Ruído Ambiente, e são compostos por sons de muitas origens, próximos e
distantes. Por exemplo, supondo não haver tráfego em uma rua da cidade e
nenhuma outra fonte de ruído em uma determinada localização. Isso significa que o
som ambiente desta localização é generalizado (um composto originado de muitas
fontes sonoras), que chega à região por meio de diferentes fontes e direções.
Infelizmente, a maioria das máquinas desenvolvidas com propósito industrial,
para transporte de alta velocidade, ou para fazer a vida mais agradável fornecendo
conforto adicional, reduzindo o trabalho penoso de cada dia, e aumentando a
velocidade na realização de nossas rotinas diárias para providenciar horas
adicionais de lazer, são acompanhadas de ruído. Visto que o ruído pode afetar o ser
humano de diversas maneiras - sua audição, sua habilidade de comunicação e seu
comportamento -, o seu controle torna-se muito importante, dos pontos de vista
econômico e de saúde. O controle de ruído é igualmente significante porque pode
fazer do mundo um lugar mais agradável para se viver.
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econômicas e operacionais envolvidas, e devido a todos os elementos que podem
variar com o tempo.
Controle de ruído não é o mesmo que redução do ruído. Em um problema
específico, a redução de ruído requerida para se alcançar resultados aceitáveis pode
ser obtida, simplesmente, pela aplicação de técnicas de redução de ruído. Mas esse
procedimento pode ser caro e desperdiçado, além de poder resultar em interferência
nas operações regulares. O problema pode ser analisado sistematicamente para
determinar como as condições aceitáveis podem ser alcançadas de forma
econômica. Em casos incomuns, a solução para problemas de controle de ruído
pode ocasionar um aumento do ruído. Considerando, por exemplo, a sala de espera
de um consultório médico, a qual é separada do consultório por uma divisória que
não provê o isolamento acústico necessário, de modo que a conversa dentro do
consultório pode ser ouvida pelos pacientes. Condições aceitáveis na sala de espera
poderiam ser alcançadas com a construção de uma divisória com boa propriedade
de isolamento de ruído aéreo. Uma segunda alternativa seria a de aumentar o nível
de ruído na sala de espera, através da instalação de outra fonte sonora (por
exemplo, um ventilador ou um sistema de música ambiente), de modo a mascarar a
conversa do outro lado da parede. Apesar de esta última solução ter suas
desvantagens, ela é mais econômica e, portanto, pode ser desejável em certas
circunstâncias. Tal situação ilustra, mais uma vez, o fato de que “controle de ruído” e
“redução de ruído” nem sempre são sinônimos.
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de vendas, em dólares, de material acústico tem aumentado consideravelmente.
Pode-se argumentar que esse crescimento é resultante dos esforços de promoção
de vendas. Por outro lado, a rapidez de tal crescimento pode ser associada ao
fundamento de que pessoas não gostam de ruído e, por isso, estão dispostas a
pagar por esses tipos de serviços.
Diferenças:
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- A diferença entre os níveis dos passos anteriores representa a redução de
ruído que deve ser fornecida para obtenção de um ambiente aceitável. Essa
diferença é determinada em função da frequência.
No diagrama, o bloco rotulado como fonte pode representar não uma, mas
várias fontes de energia vibratória. Como indicado, as trajetórias podem ser
numerosas. O bloco indicado como receptor pode representar desde uma simples
pessoa a uma comunidade inteira, ou uma delicada peça de um equipamento cuja
operação pode ser afetada pelo barulho.
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quantidade de variações da transmissão através dessa trajetória. Essas variações
estatísticas, nas características de propagação através da atmosfera, podem resultar
em um campo de flutuação no nível sonoro que chega aos ouvintes. Uma outra
forma de exemplificar tal fenômeno é var em consideração o nível de ruído de um
escritório, o qual está separado de uma fábrica barulhenta por uma divisória com
porta. Quando a porta está aberta, a trajetória é alterada. Assim sendo, o nível de
ruído no escritório varia estatisticamente, dependendo, entre outros fatores, da
frequência com que a porta da fábrica é aberta.
O receptor do diagrama tem aspectos estatísticos. Suponha ser o mesmo
representado por um grande número de pessoas. O número de pessoas no grupo
pode variar com o passar do tempo. O limiar de cada pessoa no grupo será
diferente, e cada um deles pode, também, variar de acordo com o tempo.
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Da mesma forma, a reação do receptor depende das características da
trajetória e da fonte sonora. Uma dona de casa pode realizar suas tarefas sem notar
o barulho causado por aviões que sobrevoem sua residência. Ela pode não ser
influenciada pelo ruído no seu armário caso haja alguma vibração vinda do
refrigerador. Contudo, se os seus pratos vibrarem devido ao ruído de um avião, sua
reação pode ser completamente diferente. Assim sendo, parece haver interação
entre os componentes do conjunto fonte, receptor e trajetória.
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1.7.2. Controle da transmissão
Outra técnica geral de redução de ruído é o controle da transmissão através
da redução da energia que chegará ao receptor. Isso pode ser feito de diversas
maneiras. São elas:
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• Absorção: Um dos meios mais eficientes na atenuação de ruído na
transmissão é a absorção. Por exemplo: suponha um número de máquinas
trabalhando em uma fábrica. A maior parte do ruído dessas fontes será
refletida pelo teto, pelas paredes e pelo piso, chegando aos trabalhadores do
lado oposto do galpão. Assim sendo, o uso de materiais absorventes
acústicos no teto atenua a transmissão sonora entre as fontes e os
receptores. Essa absorção também reduz o nível de ruído que alcança os
trabalhadores, mesmo após múltiplas reflexões do som pelas paredes, teto e
piso. Se o barulho vem do sistema de ventilação, a atenuação pode ser feita
aplicando-se um revestimento acústico.
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• Educação e programas de conservação da audição: Programas de
conservação da audição promovem importantes componentes, como a
educação e a conscientização. Em algumas cidades, onde o ruído tem sido
um grave problema, tanto a indústria quanto instituições governamentais
melhoraram suas relações com a comunidade através do interesse em seus
problemas com o ruído, e mostrando à comunidade como minimizar a
perturbação causada por ele.
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Considerando, por exemplo, o ruído gerado pelo mecanismo acima (4). Um
modelo simplificado é ilustrado pela figura abaixo.
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Figura 2 – vibração de uma partícula no ar.
Velocidade do Som
Frequência
16
Figura 3 – variação da pressão causada por um diapasão
Comprimento de onda
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de vibração. O comprimento de onda (m), denotado pela letra grega l, relaciona-se
à frequência f (hertz) e à velocidade do som c (m/s) pela equação:
c
l= 1
f
onde: l é o comprimento de onda;
c é a velocidade de propagação da onda;
f é a frequência da onda.
18
Infrasom Som Audível Ultrasom
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Por exemplo: um som com freqüência de 250Hz terá um período de 1/250 =
0,004 s/ciclo.
P2
I= 3
rc
onde: P é a pressão acústica;
r é a densidade do meio
20
Figura 8 – relação entre a intensidade sonora e a distância da fonte.
W1 = I 1 4pd12 5
E na posição 2 é:
W2 = I 2 4pd 22 6
I 1 4pd12 = I 2 4pd 22 7
ou:
21
I 1d12 = I 2 d 22 8
P(t ) = Pt (t ) - Pa 10
22
O limiar de audição para o ser humano corresponde a um sobre um milhão da
pressão atmosférica.
A velocidade com que a onda acústica se propaga em um determinado meio
dependerá das características desse meio. A velocidade será definida como sendo a
raiz quadrada da taxa de variação da pressão acústica em relação à densidade do
fluido.
¶P
c2 = 11
¶r
Como as compressões e rarefações que ocorrem no meio são muito rápidas,
esse processo pode ser considerado adiabático e, portanto:
P
= cte 12
rg
onde: g é a razão entre o calor específico do gás à pressão e volume constantes;
r é a densidade do fluido [kg/m3].
Tem-se que:
gP
c2 = = gR(273 + T ) 15
r
onde: T é a temperatura do gás [ºC].
23
c = 331 + 0,6T 16
24
O carro mostrado na figura tem uma buzina que, a 10m de distância, tem um
nível de intensidade sonora de 90 dB. A intensidade sonora nesse ponto será:
æI ö
NI = 10 logçç 1 ÷÷ 18
è I0 ø
æ I1 ö
90 = 10 logç -12 ÷ 19
è 10 ø
æ I1 ö
9 = logç -12 ÷ 20
è 10 ø
I1
anti log 9 = 21
10 -12
I 1 = 10 -3 W m 2
A potência sonora também pode ser encontrada com a equação 4, e será:
W1 = I 1 4pd12 22
W1 = 10 -3 * 4 * 3,14 * 10 2 = 0,12W 23
2
10 -3 æ 80 ö
=ç ÷ 25
I2 è 10 ø
I 2 = 1,56 * 10 -5 W m 2 26
æI ö æ 1,56 * 10 -5 ö
NI = 10 logçç 2 ÷÷ = 10 logç ÷
ç 10 -12 ÷ = 72dB
27
è I0 ø è ø
25
Conclui-se que, quando a pessoa se move da posição que está, a 10m da
fonte sonora, até outra, a 80m do nível de intensidade sonora, será reduzido em 18
dB, o que é uma redução significativa no nível.
Observa-se que, entre 10m e 80m, dobra-se a distância 3 vezes: 2*10 = 20,
2*20 = 40 e 2*40 = 80; se a variação total no NI for de 18 dB, então houve uma
variação de 6 dB a cada vez que se dobrou a distância, fato que pode ser usado na
maioria dos casos.
P2 P
NPS = 10 log = 20 log 28
P02 P0
onde: P é a pressão acústica;
P0 é a pressão acústica de referência.
26
P0 = rI 0c = 2,0 *10-5 N m 2 29
Ao lidar com o NPS deve-se observar que, como a pressão está ao quadrado,
ao se multiplicar ou dividir por dois a pressão sonora, o NPS sofrerá uma variação
de 6 dB.
Há, também, o nível de potência sonora:
W
NWS = 10 log 30
W0
Onde: W é a potência sonora;
W0 é a potência sonora de referência.
W0 é equivalente à intensidade I0 e vale 10-12.
Quando se trabalha com a escala decibel deve-se notar que não podem ser
somados dois níveis diretamente. Portanto, quando se deseja avaliar o nível de
pressão sonora total emitida por diversas fontes em um mesmo ponto, é necessário
seguir determinados procedimentos. Para tanto, será deduzida uma fórmula útil para
descobrir o NPS total.
Considerando diversas fontes atuando simultaneamente, é possível definir a
relação entre suas pressões:
n
2
Pt = P12 + P22 + ... + Pn2 = å Pi 2 31
i =1
onde: Pt é pressão sonora total.
Pi 2
L pi = 10 log 33
P02
27
A equação acima pode ser reescrita como:
Pi 2 L Pi
= 10 10 34
P02
Substituindo a equação 34 pela 32, temos:
L Pt n L Pi
10 10
= å 10 10
35
i =1
Portanto,
é n LPi ù
LPt = 10 log êå10 10 ú 36
ëi =1 û
A equação acima permite calcular o Nível de Pressão Sonora total, LPt,
emitido, por diversas fontes sonoras simultâneas - LPi em um mesmo ponto.
O exemplo a seguir ilustra o uso da equação acima para calcular o LPt com a
presença de diversas fontes. Para isso, considere fontes de 61dB, 70dB, 69dB,
68dB, 60dB e 63dB atuando simultaneamente. O valor do LPt será dado por:
é n L10Pi ù
= 10 log ê å10 ú = 10 log é10 10 + 10 10 + 10 10 + 10 10 + 10 10 + 10 10 ù
61 70 69 68 60 63
LPt
ëi =1 û êë úû
LPt = 10 log(28507942 )
LPt = 75dB
Num caso específico, em que somente duas fontes sonoras estejam atuando
simultaneamente, é de grande interesse prático e será discutido em detalhes a
seguir. Para esse caso, a equação 33 pode ser reescrita como:
é L L P1 P2 ù
L Pt = 10 log ê10 10 + 10 10 ú 37
ê ú
ë û
ì é LP 1
æ L -L ö
-ç P 1 P 2 ÷
è 10 ø ùü
LPt = 10 log í10 ê1 + 10 10
úý 38
î ë ûþ
28
é - ç P1 P 2 ÷ ù
æ L -L
è 10
ö
ø
LPt = LP1 + 10 log ê1 + 10 ú 39
ê ú
ë û
Conclui-se que:
LPt = NPS t = LP1 + DLPA 40
Onde:
é - æç 110 2 ö÷ ù
Lp -Lp
DLPA = 10 log ê1 + 10 è øú 41
êë úû
Para facilitar o cálculo de DLPA foi construído o gráfico abaixo que relaciona
DLPA e a diferença (Lp1-Lp2), para o caso em que Lp1 ³ Lp2.
3,5
3,0
2,5
Delta L [dB]
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
L1 - L2 [dB]
(L1 > L2 ou L1 = L2)
29
Portanto, quando se deseja saber o nível de pressão sonora total, emitido por
duas fontes, deve-se medir os níveis de pressão sonora emitidos pelas duas fontes,
separadamente, e determinar a diferença entre eles. A partir do gráfico ou da
fórmula, determina-se o valor de DLPA e adiciona-se esse valor ao valor da fonte de
maior nível de pressão sonora, LP1.
Um ruído muito comum, e não comentado até então, é o ruído de fundo. Esse
ruído está presente no ambiente, porém não é proveniente da fonte que se deseja
avaliar. Para que o ruído de fundo não chegue a mascarar o nível de ruído da fonte
de interesse, o sinal estudado deve ter uma emissão sonora de, no mínimo, 3 dB
acima do nível do ruído de fundo.
Pode-se obter, facilmente, a fórmula utilizada para se subtrair o ruído de
fundo, pois ela é similar a já apresentada para a soma de dois níveis. A fórmula será
a seguinte:
NPS d = L p t - DLPS 42
é LPt - LPf
- æç 10 ö÷ ù
DLPS = -10 log ê1 - 10 è ø
ú 43
êë úû
onde: Lpf é o NPS do ruído de fundo.
30
Para se obter a medida correta do nível de pressão sonora, emitido pela fonte
analisada, deve-se:
1. Medir o NPS total em condições normais de operação;
2. Desliga-se a fonte a ser estudada e mede-se o ruído de fundo;
3. Obtêm-se a diferença (Lpt – Lpf):
• Se (Lpt – Lpf) < 3 o ruído de fundo é superior ao da fonte, e não
se pode ter uma medida confiável do ruído da fonte em questão;
• Se 3 < (Lpt – Lpf) < 10 será necessário uma correção utilizando-
se a fórmula dada para NPSd e o valor de DLPS poderá ser
avaliado pelo gráfico ou calculado pela fórmula;
• Se (Lpt – Lpf) > 10 a contribuição do ruído de fundo é menor que
0,5 dB, não sendo necessário, portanto, nenhuma correção.
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
Delta L [dB]
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
L1 - L2 [dB]
(L1 > L2 ou L1 = L2)
31
Tabela 1 - Adição de níveis de pressão sonora a partir da diferença entre eles:
Quando são desejados valores mais precisos, o uso da tabela acima não é
aconselhado, pois ela tem uma aproximação grosseira. Portanto, deve-se usar a
fórmula nesses casos.
O seguinte exemplo mostra o uso da tabela para adicionar os valores do nível
de pressão sonora: 61 dB, 70 dB, 69 dB, 68 dB, 60 dB e 63 dB.
E, finalmente:
32
Observe que esse valor também foi obtido utilizando a equação 36, uma vez
que estes procedimentos de cálculo de LPt são baseados naquela equação.
Os valores dados podem ser somados em qualquer ordem, e o resultado
poderá diferir por 1 dB, que não é um valor significante. A tabela também poderá ser
usada na subtração. Se, ao fazer uma medição em um determinado ambiente, for
constatado que o ruído total (do objeto estudado somado ao agente sonoro de
fundo) for de 90 dB e o valor do ruído de fundo for 85 dB, então, o valor do nível de
pressão sonora emitido pelo objeto em questão será:
• 90 – 85 = 5. Então, subtrai-se 1 dB de 90;
• 90 com 85 = 89 dB, que é o ruído desejado.
Propagação Sonora
A propagação do som pela atmosfera diminui, em nível, com o aumento da
distância entre a fonte e o receptor. Essa atenuação (em decibéis) é resultado de
vários mecanismos, os quais serão considerados na seguinte ordem:
1. Atenuação (Adiv): causada pela divergência geométrica da fonte, incluindo
restrições quanto a superfícies refletoras;
2. Atenuação (Abarreira): ocorre se uma barreira é colocada entre a fonte e o receptor;
3. Atenuação (Aatm): ocorre devido à absorção de energia acústica pelo ar, onde as
ondas sonoras se propagam;
4. Atenuação (Aexcess): ocasionada pelo excesso dos mecanismos acima, e
causada, principalmente, pela propagação pelo solo (usualmente chamada de “efeito
do piso”).
Os efeitos das condições topográficas compreendem, como explicitado pelo
título, o efeito da folhagem, a propagação nas ruas das cidades, a propagação bem
acima do solo, a propagação em áreas abertas, etc. Os quais abrangem aspectos da
condição atmosférica – como vento, temperatura, umidade – que aparecem na
descrição de vários mecanismos de atenuação.
Na prática, o problema (da propagação do som) é calcular o nível sonoro L,
devido à fonte de ruído, a uma distância r da fonte (que geralmente é grande), para
disponibilizar as medições da fonte. É necessário calcular o nível sonoro para cada
banda de oitava do ruído separadamente, uma vez que a atenuação de cada um dos
mecanismos citados acima é dependente da frequência.
33
1.8.4. Fontes Sonoras
Fonte Pontual
W
I= 45
4pr 2
Simplificando, temos:
NPS = NWS(point) - 20log (r) – 11
34
Fonte em Linha
Fonte Plana
35
Para uma fonte plana, integramos um número infinito de fontes pontuais,
distribuídas em dois eixos, e gerando uma superfície contínua. O caminho de
propagação de uma fonte plana se aproxima de uma onda plana. A energia sonora
para cada fonte pontual é, portanto, assumida como a propagação em uma linha
perpendicular ao plano, não se tornando necessário, então, a análise da dispersão
de energia devido ao caráter geométrico. Desta forma, não haverá alteração na área
de distribuição da propagação sonora.
É importante observar que, para uma fonte finita, o nível de energia sonora
não diminuirá com a distância, sendo igual quando estivermos próximos ao centro
da fonte sonora. O mesmo não ocorre quando a distância até as bordas da fonte for
da mesma ordem de grandeza da distância até o centro da fonte. O nível de pressão
sonora será:
NPS = NWS (plano)
Infelizmente, a maior parte das fontes sonoras reais, em linha ou em área,
tem tamanho finito. Considerando isso, podemos observar que, a uma grande
distância da fonte ou para uma fonte muito pequena, as fontes pontuais estarão
muito próximas, se aproximando de uma fonte pontual. Isto sugere que, para tais
fontes, haverá uma mudança gradual no comportamento, em função do tamanho e
distância. Se “a” representa o tamanho da fonte, então quando r << a, o
comportamento tende para o ideal (conhecido como nearfield), quando r >> a, o
comportamento deve ser tratado como fonte pontual (conhecido como o farfield).
Tabela 2 - Coeficiente de atenuação atmosférica em dB/100m para pressão atmosférica de 1,03 x 105 Pa
(nível do mar)
Frequência Hz
Umidade
Temperatura 125 250 500 1000 2000 4000
relativa
10 0,09 0,19 0,35 0,82 2,6 8,8
20 0,06 0,18 0,37 0,64 1,4 4,4
30 ºC 30 0,04 0,15 0,38 0,68 1,2 3,2
50 0,03 0,10 0,33 0,75 1,3 2,5
70 0,02 0,08 0,27 0,74 1,4 2,5
36
90 0,02 0,06 0,24 0,70 1,5 2,6
10 0,08 0,15 0,38 1,21 4,0 1,09
20 0,07 0,15 0,27 0,62 1,9 6,7
30 0,05 0,14 0,27 0,51 1,3 4,4
20 ºC
50 0,04 0,12 0,28 0,50 1,0 2,8
70 0,03 0,10 0,27 0,54 0,96 2,3
90 0,02 0,08 0,26 0,56 0,99 2,1
10 0,07 0,19 0,61 1,9 4,5 7,0
20 0,06 0,11 0,29 0,94 3,2 9,0
30 0,05 0,11 0,22 0,61 2,1 7,0
10 ºC
50 0,04 0,11 0,20 0,41 1,2 4,2
70 0,04 0,10 0,20 0,38 0,92 3,0
90 0,03 0,10 0,21 0,38 0,81 2,5
10 0,10 0,30 0,89 1,8 2,3 2,6
20 0,05 0,15 0,50 1,6 3,7 5,7
30 0,04 0,10 0,31 1,08 3,3 7,4
0 ºC
50 0,04 0,08 0,19 0,60 2,1 6,7
70 0,04 0,08 0,16 0,42 1,4 5,1
90 0,03 0,08 0,15 0,36 1,1 4,1
1.9.2. Ventos
Ventos irão incrementar os sons à frente da fonte sonora, na direção do
vento, e reduzir atrás da fonte sonora. Este não é somente um resultado do efeito de
velocidade, mas também porque a frente da onda esférica será deformada pelo
vento.
37
Figura 15 - Efeito do gradiente de temperatura na propagação sonora
Absorvedores Porosos
38
Uma camada fina de material poroso, localizada a certa distância da parede
sólida, terá quase o mesmo efeito de um material espesso. O máximo desempenho
é alcançado quando a distância da parede ao centro do absorvedor for igual a 1/4 l,
e é restrito a uma faixa estreita de frequência. Isso ocorre porque a máxima
amplitude de ambas as ondas sonoras, incidentes e refletidas, irão ocorrer no
material poroso.
Painéis Vibrantes
39
Fr = 60 / (M * b)1/2
Cavidade Absorvedora
40
Fr = (340/2p) x (S / VL)1/2
Nota: De teoria de onda, pode ser mostrado que o material absorvedor é mais
efetivo quando posicionado nos cantos de um ambiente, pois, neste local, todo modo
normal tem um máximo de pressão.
41
As estruturas responsáveis pela audição humana são o ouvido externo, o
ouvido médio e a cóclea. Os canais semicirculares, o sáculo e o utrículo são
responsáveis pelo equilíbrio.
O ouvido externo é um canal que se abre para o meio exterior na orelha, que
é uma projeção da pele, de tecido cartilaginoso. O epitélio que reveste o canal
auditivo externo é rico em células secretoras de cera, que retém partículas de poeira
e microrganismos.
42
Figura 18 - Ouvido Médio
43
vibração ao líquido coclear. O movimento desse líquido faz vibrar a membrana
basilar e as células sensoriais. Os pelos dessas células, ao encostar na membrana
tectórica, geram impulsos nervosos, que são transmitidos pelo nervo auditivo ao
centro de audição do córtex cerebral.
44
A audibilidade (S em sone) e o nível de audibilidade (P em fone) estão
relacionados pela seguinte equação, para níveis acima dos 40 fones:
( P - 40 )
46
S=2 10
45
A tabela abaixo mostra as atenuações usadas para cada uma das curvas A, B
e C. Para a curva A, não haverá nenhuma correção para níveis de pressão sonora
com frequência de 1000Hz. Por exemplo: um NPS de 80 dB (A) será percebido
integralmente pelo ouvido humano se estiver a 1000 Hz. Porém, se a frequência for
de 100 Hz, haverá uma correção de –19,1 dB, e o ouvido perceberá um nível de
pressão sonora igual a 60,9 dB (A).
46
47
2. Efeitos do ruído nos seres humanos:
"Um ambiente confortável é aquele que está livre de incômodo e distração, então o
trabalho ou lazer podem estar desobstruídos físico ou mentalmente " D.J. Croome
Noise, Buildings and People.
48
A figura anterior mostra as perdas auditivas de homens e mulheres de
diferentes faixas etárias devido à presbiacusis.
Observando o gráfico do nível de audibilidade percebe-se que o ouvido
humano é mais sensível na região de altas frequências (@4000-8000 Hz), sendo que
as perdas auditivas ocasionadas pela presbiacusis costumam ser mais frequentes
em emissões de ruído mais expressivas.
As perdas auditivas induzidas pelo ruído podem ser temporárias ou
permanentes. Apesar da mudança permanente do limiar de audição (MPLA ou
NIPTS) ser a mais importante, ela é mais difícil de ser avaliada com precisão porque
as empresas adotam medidas de prevenção ao longo dos anos, o que modifica o
ambiente nocivo. Além disso, existem as diferenças individuais que também
dificultam estudos estatísticos. Algumas alternativas são adotadas como, por
exemplo, relacionar as mudanças permanentes no limiar de audição com as
mudanças temporárias (MTLA ou NITTS), ou, ainda, fazer estudos em animais. –
ambas alternativas apresentam limitações.
As figuras abaixo apresentam uma comparação entre as perdas auditivas em
pessoas de 3 faixas etárias distintas, com e sem exposição ao ruído, para 3 níveis
de pressão sonora diferentes.
Percebe-se, a partir das figuras, que, quanto maior o nível de pressão sonora,
maiores serão as perdas induzidas de audição. Além disso, a sensibilidade se
49
agrava em situações em que as frequências são mais altas, e, quanto maior a idade,
maiores serão as consequências da exposição ao ruído.
Eldridge estabeleceu curvas indicando o máximo tempo de exposição sonora
que não causa danos à audição, para diversos níveis de pressão sonora e
frequências. Por exemplo: para um NPS de 100 dB, a uma frequência de 1000 Hz, o
tempo máximo será de aproximadamente 30 minutos.
50
forma que o ambiente de uma discoteca será agradável para certas pessoas e
insuportável para outras.
Como foi mencionado anteriormente, o ouvido humano apresenta maior
sensibilidade na faixa de frequência que varia de 4000 a 6000 Hz. Isso pode ser
facilmente observado no gráfico de nível de audibilidade, pois, para essas
frequências, é necessário um menor nível de potência sonora, para adquirir o grau
de audibilidade desejado. Por esse motivo, os ruídos nessa faixa de frequência são
mais incômodos.
Apesar de todos os fatores pessoais e psicológicos, tais como expectativas,
costume, atitude ou atividade social, dentre outros, que interferem na criação de
parâmetros físicos para a avaliação dos ruídos, é desejável, porém, que eles
existam. Frente a tais variações são necessários, portanto, índices específicos para
cada atividade.
O nível de pressão sonora em um espectro largo de frequência pode ser
caracterizado como se segue:
51
As frequências do som da voz estão compreendidas entre 200 e 6000 Hz,
sendo que as mais altas são as mais importantes para a diferenciação dos sons.
Consequentemente, ruídos nesse intervalo causarão uma perda considerável da
inteligibilidade, que é a perfeita compreensão das palavras.
Por ser tão importante, quando a comunicação oral é afetada, têm-se diversas
consequências indesejáveis no cotidiano das pessoas, principalmente aos
trabalhadores expostos a um ambiente ruidoso. Alguns dos prejuízos psíquicos e
físicos que podem ser citados são: irritabilidade frequente, frustrações,
exasperações com tudo e com todos, diminuição da atenção geral, etc.
Todos esses fatores contribuem para o aumento do número de acidentes de
trabalho, havendo, ainda, os problemas decorrentes do uso de protetores
auriculares, usados para diminuir os efeitos do ruído, que interferem ainda mais na
inteligibilidade, fazendo com que o trabalhador não ouça apropriadamente os sinais
de alerta de seus colegas ou das próprias máquinas. Tal situação é muito frequente
e contribui significativamente para o aumento do índice de acidentes no trabalho.
O gráfico abaixo mostra que, para um esforço de voz normal, haverá 100% de
inteligibilidade, somente se levarmos em conta um ambiente fechado. Por exemplo:
uma típica sala de estar apresenta um nível máximo de 45 dB (A) de ruído de fundo.
Por outro lado, o índice de inteligibilidade reduz para próximo de zero quando o
ruído de fundo se aproxima de 75 dB (A).
52
Para ambientes externos, a tabela abaixo mostra os níveis de ruído de fundo
máximos para 95% de inteligibilidade, considerando diferentes distâncias de
comunicação.
53
2.6. Efeitos psicofisiológicos:
Além de os ruídos poderem causar a surdez, eles são, também, responsáveis
por alterações psicofisiológicas nos seres humanos.
Os estímulos sensitivos chegam ao cérebro de duas formas distintas: a direta
e a indireta. A direta, ou específica, vai do órgão receptor (ouvido) até o cérebro,
onde há a percepção do som. Na forma indireta, ou inespecífica, os estímulos são
transmitidos para outras áreas do cérebro, responsáveis pela regulação das funções
biológicas (respiração, circulação, etc.) e pela atenção e comportamento do
indivíduo.
As alterações psicofisiológicas são decorrentes de interferências nos
estímulos da via indireta. Isso será observado em diversas partes do corpo humano.
No aparelho circulatório observa-se, dependendo do caso, o aumento da
resistência dos vasos ou, em outros casos, a vasodilatação, além de alterações no
número de batimentos cardíacos e na pressão arterial. As consequências variam
entre hipertensão, infarto do miocárdio e morte. Ambientes com ruídos entre 60 e
115 dB são propícios ao aparecimento dessas alterações, sendo que quanto maior o
tempo de exposição, piores serão os resultados, independentemente da idade do
indivíduo.
No aparelho digestivo, os problemas são a alteração dos movimentos
peristálticos e o aumento da produção do ácido clorídrico, que causam: diarreia,
prisão de ventre, gastrite e úlcera.
Outra parte muito afetada é o sistema endócrino, principal responsável pela
regulação da produção de hormônios. Alguns desses são conhecidos como
hormônios de estresse, que têm sua produção aumentada em situações de elevada
tensão, como é caso dos ruídos em excesso. Alguns deles são:
1. Adrenalina e cortisol – alteram a pressão arterial;
2. Hormônios de crescimentos – sua produção excessiva causa o
aparecimento de diabetes mellitus;
3. Prolactina – causa alterações sexuais e reprodutivas. O ruído também irá
afetar elementos que atuam no sistema imunológico.
Mulheres grávidas, quando submetidas a grandes incidências de ruído,
podem ter filhos com sérias anomalias congênitas, muitas vezes sem a possibilidade
54
de cura. Além disso, o feto reage ao ruído com grande movimentação do corpo e
aumento de batimentos cardíacos.
As funções sexuais e reprodutivas também apresentam alterações, sendo
que, no homem, haverá diminuição da libido, impotência e/ou infertilidade; as
mulheres têm alterações no ciclo menstrual, dificuldade em engravidar e maior
propensão a abortos.
O equilíbrio é dado pelo vestíbulo, órgão situado dentro do ouvido, e,
portanto, também pode ser afetado por ruídos intensos. Ainda não existem estudos
que sejam conclusivos a esse respeito. Porém, relatos demonstram que pessoas
expostas a ruídos próximos a 130 dB apresentam tontura, náusea, vômito e
desmaio. Pode haver, também, o aparecimento da labirintite. Esses sintomas são
preocupantes no ambiente de trabalho porque contribuem para o aumento do
número de acidentes.
Diversos nervos distribuídos pelo corpo apresentam distúrbios decorrentes da
exposição a elevados níveis de ruído, que podem ser: tremores nas mãos,
diminuição da reação a estímulos visuais, crises epilépticas, mudança na percepção
visual das cores e zumbido no ouvido. Como já citado, esses sintomas são
decorrentes de lesões do nervo auditivo.
55
2.8. Efeitos no desempenho:
Os ruídos causam uma diminuição considerável de produtividade, e isso
engloba a realização de tarefas intelectuais e físicas – fato verificado em estudos
científicos, realizados em testes laboratoriais e em fábricas.
Ruídos impulsivos ou excepcionais mostram-se mais problemáticos que
outros regulares ou habituais. Enquanto os ruídos regulares são “assimilados” e
podem não interferir, os ruídos impulsivos causam distrações ou sustos
indesejáveis. Porém, não há estudos que determinem claramente quais valores de
nível de pressão sonora podem causar diminuição no desempenho.
Em situações monótonas ou desinteressantes, o ruído pode ser motivo de
entretenimento, dificultando ainda mais a concentração na tarefa a ser realizada. A
distração tem se mostrado como um dos principais malefícios do ruído,
principalmente em locais de aprendizado, como salas de aula.
56
desapontamento, insatisfação, insegurança, delírio, depressão, ansiedade,
distração, agitação e exaustão.
Todavia, o incômodo pode ser considerado o efeito que atinge o maior
número de pessoas nas sociedades urbanas, afetando quase a totalidade da
população. Em Belo Horizonte, pode-se dizer que mais de 90% da população
convive com níveis de ruído que incomodam mesmo dentro de casa.
Ao concluir este capítulo é necessário frisar que diversos indivíduos
submetidos às mesmas condições não tem as mesmas reações e/ou doenças. As
alterações individuais podem ser explicadas por: fatores hereditários, existência de
alterações prévias na saúde da pessoa, reação pessoal ao ruído e sensação do
indivíduo em relação ao trabalho que executa.
57
Tabela 5 - Atenuação da percepção auditiva A, B e C
58
Figura 26 – circuitos de compensação A, B, C e D
59
60
3. Parâmetros descritores do ruído ambiental:
P2
NPS =10 log 47
P02
onde: P0 é a pressão de referência e vale 2.0x10-5N/m2.
P é a pressão acústica
Normalmente, o nível de pressão sonora será descrito pela curva A de
compensação. A percepção do som dependerá do NPS e diversos outros fatores
físicos e psicológicos. Alguns níveis de pressão sonora típicos são mostrados na
figura abaixo:
61
3.2. Nível de pressão sonora equivalente contínuo (LAeq, T):
O nível de pressão sonora equivalente contínuo é usado para descrever o
nível de pressão sonora (na escala A) médio durante um determinado tempo (T). Ele
é definido como sendo o nível de um som contínuo que tem a mesma energia
acústica do som flutuante, que está sendo medido num determinado ponto. É
fundamental que o tempo (T) seja conhecido, para se fazer a medição, que será
baseada em uma integração no tempo, utilizando, portanto, um medidor com esse
recurso.
ìéæ 1 ö t ù ü
L Aeq,T = 10 log íêç ÷ òt PA2 (t )dt ú / P02 ý
2
48
îëè T ø 1
û þ
onde: PA(t) é a pressão sonora instantânea em Pa como função do tempo t (na escala A);
P0 é a pressão de referência e vale 20µPa;
t1 e t2 são os pontos de início e fim do intervalo de medição T.
O período de tempo (T) é variável. Para tomar conhecimento do nível de
pressão sonora equivalente em qualquer uma das 24 horas do dia, utiliza-se T = 1
hora. Para obter o nível do período de trabalho, utiliza-se T = 8. Quando se deseja
um valor equivalente ao dia inteiro, utiliza-se T = 24 horas.
62
3.3. Níveis percentuais (LAn):
Ao construir um histograma cumulativo do ruído, durante um determinado
tempo de exposição, pode-se obter o percentual do tempo que apresentou certo
nível de pressão sonora. Essa informação é de interesse prático, bastante relevante
para os casos de fontes sonoras com intensidades variáveis, como o ruído de
tráfego. Assim, define-se o LA90 como sendo o valor do NPS para o qual, durante
90% do tempo de medição, os níveis de pressão sonora registrados ficaram acima
dele. Similarmente, pode-se definir o LA50 e o LA10. O gráfico a seguir mostra a
distribuição cumulativa do ruído no tempo, juntamente com a representação dos
níveis LA90, LA50 e o LA10.
63
Se a distribuição do nível de pressão sonora for normalizada, a relação do LAeq,T com os níveis
percentuais será:
é1 t2 PA2 (t ) ù
L AE = 10 log ê òt dt ú 50
ëê t 0
1
P02 ûú
onde: t0 vale 1s.
64
O LAE independe do tempo de medição. Quando se tem apenas um evento
durante um intervalo de tempo (T), a relação entre o LAE e o LAeq,T será:
æT ö
L AE = L Aeq,T +10 logçç ÷÷ 51
è t0 ø
éæ 1 ö n 0,1L (i ) ù
L Aeq,T å
=10 log êç ÷ 10 AE ú
êëè T ø i =1 úû
52
é n 0,1LAE (i ) ù
L Aeq, 24 h = 10 log êå 10 ú - 49,4 53
ëi =1 û
æ 1 ö.
onde: o valor 49,4 corresponde a 10 logç ÷
è 86400 ø
t2 P 2 (t )
E A = òt dt
1
P02
65
durante a noite, há uma compensação, adicionando 10 dB na média dos níveis
medidos.
O nível sonoro dia e noite é o principal indicador do ruído cumulativo no
ambiente exterior, correlacionando-se com a reação total ao ruído da comunidade e
aos resultados dos levantamentos sociais do incômodo do ruído de aeronaves. Para
obter uma avaliação mais detalhada do ruído, pode-se dividir o dia em intervalos de
tempo menores, como matutino, vespertino e noturno.
O nível de exposição sonora pode ser utilizado para se avaliar o nível sonoro
dia e noite. Nesse caso, lembrando que se deve adicionar 10 dB nos níveis de
pressão sonora medidos no período da noite, o LAdn pode ser avaliado utilizando a
seguinte expressão:
ìï n 0,1L (i ) m
(i )+10 ] ü
ï
L Adn = 10 log íå 10 AE + å 10 0,1[L AE
ý - 49,4 54
ïîi =1 j =1 ïþ
Supondo que se deseja conhecer o nível sonoro dia e noite, devido ao ruído
de tráfego a 40m de uma rodovia, levando em consideração um dia de semana
típico com tráfego de 10.000 veículos, sendo 70% durante o dia e 30% à noite.
Considera-se, também, que durante o dia o tráfego seja composto por 90% de
carros ou comerciais leves (CL), 6% de caminhões médios (CM) e 4% de caminhões
pesados (CP). Durante a noite, a composição do tráfego passaria para 80% de
carros e comerciais leves, 12% de caminhões médios e 8% de caminhões pesados.
Período diurno
Veículo % N n*10^[0.1LAE(i)]
66
CL 90 6.300 6.300*106.9 = 5,00*1010
CM 6 420 420*107.2 = 6.66*109
CP 4 280 280*108.2 = 4.44*1010
S = 1,01*1011
Período noturno
Veículo % M m*10^{0.1[LAE(i)+10]}
CL 80 2.400 2.400*107,9 = 1.91*1011
CM 12 360 360*108,2 = 5,71*1010
CP 8 240 240*109.2 = 3,80*1011
S = 6.29*1011
então:
( )
L Adn = 10 log 1,01*1011 + 6,29 *1011 - 49,4 = 69,2dB
æT ö
L EP,d = L Aeq,T + 10 logçç ÷÷ 55
è Tn ø
LEP, d = LAeq,T + 10 log(T ) - 10 log(28800 ) 56
67
Figura 29 – curvas NC (noise criteria)
71
Figura 30 – curvas NR (noise rating)
72
Tabela 7- faixa de valores recomendados pela NCB (Beranek, 1988)
Tipo de espaço Curva NCB dB(A)
Estúdios de gravação e de televisão 10 18
(usando microfone distante).
Salas de espetáculos. 10 – 15 18 – 23
Grandes teatros, igrejas e auditórios. <20 <28
Estúdios de gravação e de televisão <25 <33
(usando microfone próximo).
Pequenos teatros, auditórios, igrejas e <30 <38
salas de conferência.
Quartos, hospitais, hotéis e 25 – 40 33 – 48
residências.
Salas de aula, bibliotecas e pequenas 30 – 40 38 – 48
oficinas.
Grandes oficinas, recepções, 35 – 45 43 – 53
restaurantes e lanchonetes.
Laboratórios, lobbies e escritórios. 40 – 50 48 – 58
Cozinhas, salas de computadores e de 45 – 55 53 – 63
manutenção
Shoppings, estacionamentos, etc. 50 – 60 58 – 68
Em locais de trabalho onde não se 55 – 70 63 – 78
necessita da fala.
73
74
4. Instrumentação para Medições Acústicas
Muitos instrumentos são utilizados para medição de ruído. Destes, o mais
usado é o medidor de nível de pressão sonora, conhecido por “decibelímetro”. Para
muitos propósitos, é necessário medir o nível sonoro calculando a média, durante
certo tempo, para avaliar a exposição ao ruído. Medidores de nível de pressão
sonora com integradores podem ser utilizados para este propósito. Como o nível de
pressão sonora é distribuído em frequência, um analisador de espectro deve ser
utilizado quando o espectro de ruído for identificado.
Estes instrumentos dependem de um microfone que transforma ondas
sonoras em sinais elétricos, de forma que aparelhos eletrônicos possam ser
empregados para medir algumas características dos sinais, ou armazená-los para
avaliações posteriores.
Como os microfones são suscetíveis ao dano e a condição das baterias pode
afetar a medição, é essencial que o equipamento seja conferido para assegurar,
periodicamente, que sua operabilidade esteja de acordo com o padrão especificado
– calibradores acústicos devem ser utilizados para este propósito.
75
4.2. Medidores de Nível de Pressão Sonora
Os medidores de nível de pressão sonora são os instrumentos básicos para a
medição do nível de pressão. É um equipamento portátil que avalia o nível de
pressão sonora baseado na pressão de referência de 20 µN/m2. Fundamentalmente,
o instrumento consiste em um microfone omnidirecional calibrado, um amplificador,
um visor digital ou analógico e, normalmente, apresentam ponderação nas escalas
A, B e C, podendo fazer a medição em fast ou slow.
Existem basicamente 3 classes de medidores:
• Classe 0 à para uso em laboratórios;
• Classe 1 à instrumento de precisão;
• Classe 2 à de uso geral.
76
4.3. Dosímetros
São instrumentos que avaliam os níveis de exposição ao ruído e a energia
acústica a que estão expostos os funcionários durante a jornada de trabalho. Além
disso, eles integram o sinal de pressão sonora durante o tempo de medição.
Os dosímetros também analisam a dose de ruído de acordo com o valor
permitido pela legislação. Para isto, configura-se o instrumento com o nível máximo
permitido para uma jornada de 8 horas e o valor do incremento, que irá diminuir para
metade o tempo permitido de exposição ao ruído. De acordo com a legislação
brasileira, o nível máximo permitido para uma jornada de 8 horas é de 85 dBv (A),
com o incremento de 5 dB (A).
Figura 35 – Dosímetro
77
4.5. Analisadores de Espectro
Uma das informações mais importantes se diz respeito à distribuição, em
frequência, do ruído. A ação de determinar esta distribuição é chamada de análise, e
os instrumentos que a compõem são chamados de analisadores.
78
tenha respostas para frequências fora deste intervalo. Os filtros atuais se aproximam
deste ideal.
Tabela 8 - Limites de Bandas e frequências centrais das Bandas de Oitava e das Terças de Oitava
Frequência – Hz
1/1 Bandas de Oitava 1/3 Bandas de Oitava
Banda
Limite Frequência Limite Limite Frequência Limite
inferior Central Superior inferior Central Superior
12 11 16 22 14,1 16 17,8
13 17,8 20 22,4
14 22,4 25 28,2
15 22 31,5 44 28,2 31,5 35,5
16 35,5 40 44,7
17 44,7 50 56,2
18 44 63 88 56,2 63 70,8
19 70,8 80 89,1
20 89,1 100 112
21 88 125 177 112 125 141
22 141 160 178
23 178 200 224
24 177 250 355 224 250 282
25 282 315 355
26 355 400 447
27 355 500 710 447 500 562
28 562 630 708
29 708 800 891
30 710 1000 1420 891 1000 1122
31 1122 1250 1413
32 1413 1600 1778
33 1420 2000 2840 1778 2000 2239
34 2239 2500 2818
35 2818 3150 3548
36 2840 4000 5680 3548 4000 4467
37 4467 5000 5623
38 5623 6300 7079
39 5680 8000 11360 7079 8000 8913
40 8913 10000 11220
41 11220 12500 14130
42 11360 16000 22720 14130 16000 17780
43 17780 20000 22390
79
4.6. Calibradores acústicos
São dispositivos que podem produzir um nível de pressão sonora conhecida e
estável ao diafragma de um microfone, o qual é acoplado à cavidade dos
calibradores. Tais dispositivos são usados para conferir a sensibilidade global de um
instrumento de medição de ruído. Os mais amplamente utilizados são os do tipo
pistofone e transdutor.
Pistofone
O pistofone produz um nível de pressão sonoro conhecido, por meio do
movimento de pistões, dentro de uma cavidade fechada. O microfone a ser calibrado
é inserido na cavidade do pistofone, fechando-a – o microfone deve ser inserido e
retirado lentamente para evitar dano a seu diafragma. Então, o movimento dos
pistões altera o volume da cavidade, pois eles são movidos por um motor, através
de cames a uma taxa relativamente constante. A mudança do volume produz uma
variação de pressão sonora na cavidade quase senoidal.
O nível de pressão sonoro produzido no pistofone depende da mudança
relativa de volume e da pressão atmosférica ambiente. Com tal dispositivo, é
possível calibrar alguns microfones a uma incerteza (a pressão atmosférica normal)
de cerca de ±0.2 dB. A calibração se restringe a uma frequência simples.
Transdutor
Este tipo de calibrador produz um nível sonoro conhecido, em uma pequena
cavidade, por meio de um alto-falante que é estimulado por um sinal estável,
proveniente de um oscilador eletrônico. O nível de pressão sonora desenvolvido
depende da pressão atmosférica; nestes casos, podem ser aplicadas correções
apropriadas para este fenômeno. A incerteza de calibração para condições normais
de pressão atmosférica e temperatura pode ser de ±0.3 dB. Em contraste com o
pistofone, que normalmente provê uma calibração em uma única frequência, alguns
transdutores provêm uma calibração em uma gama de frequência relativamente
larga: 125 a 2000 Hz.
80
81
5. Medição de Ruído: Métodos
82
7) Qual a fonte de ruído preponderante?
8) Quais as características de funcionamento das fontes sonoras? Como
estas características afetam a emissão de ruído?
9) Quais as dimensões físicas da fonte de ruído?
10) Quais as características gerais da fonte sonora?
11) Quais as características de directividade da fonte sonora?
12) Quando a fonte de ruído sonora está operando?
13) O ruído emitido sofre alterações significativas com o tempo?
Quanto maior o número de informações disponíveis antes das medições
serem feitas, mais fácil fica a especificação dos instrumentos e a definição da
estratégia de medição. Logo, melhores serão os resultados alcançados.
83
geralmente podem ser suficientes para permitir o planejamento de uma barreira
acústica, ou enclausuramento, para reduzir o ruído.
Caso o objetivo das medições seja identificar os componentes causadores de
ruídos, em um espectro de ruído, então um analisador de terças de oitava pode ser
selecionado. Tal equipamento não precisa ser utilizado em campo. Ao invés disso, o
ruído pode ser registrado usando gravador profissional, para mais tarde ser feita a
análise. Em todo caso, o uso do analisador de terças de oitava em campo fornecerá
informações úteis como base para um estabelecimento mais exato das análises
requeridas.
Antes de qualquer avaliação, os equipamentos de medições devem ser
calibrados.
84
microfone e o número de pontos de medição estão sujeitos à irregularidade do
campo sonoro e à precisão desejada no mapeamento.
Medições na fonte:
As superfícies de uma máquina vibram em diversas frequências e modos.
Assim sendo, o campo sonoro resultante ao redor da máquina é extremamente
complicado. Quando o comprimento de onda é pequeno, se comparado com as
dimensões da fonte, a propagação sonora é direcional. Então, o número de posições
de microfones selecionadas deve ser o suficiente para garantir que o campo sonoro
na vizinhança da fonte seja descrito adequadamente, de acordo com os propósitos
das medições. Ao contrário, se o comprimento de onda do som emitido é grande,
comparado às dimensões da fonte (baixas frequências), o som tende a se propagar
de maneira quase uniforme em todas as direções, e o padrão dos níveis sonoros em
torno da fonte é relativamente simples.
Se a fonte sonora atinge um ou mais operadores, um microfone deve ser
posicionado à altura da cabeça do operador (quando possível, sem a presença do
operador). Além disso, uma ou mais posições de microfones devem ser
selecionadas de cada lado da fonte, geralmente à distância de 0.25m a 1.0m da
superfície da fonte sonora. Isso é adequado para ruídos provenientes de fontes
relativamente não direcionais. Contudo, para fontes direcionais, mais de 20 posições
diferentes devem ser tomadas para descrição do campo sonoro.
Devido a esta complexidade, é comum explorar o campo sonoro antes de
selecionar posições específicas para estudo detalhado. Tal exploração é
normalmente feita com um medidor manual.
85
5.2.3. Orientação do microfone
Os medidores e analisadores de nível sonoro são disponíveis com dois tipos
de microfones:
• Microfones com frequência de resposta essencialmente plana, para sons que
incidem aleatoriamente;
• Microfones com frequência de resposta essencialmente plana, para incidência
perpendicular.
Quando for utilizado, o microfone direcional deve estar focalizado na fonte de
ruído. Já o microfone de incidência aleatória deve estar direcionado em uma faixa de
até 70º em relação ao eixo do microfone.
86
Se a diferença entre os níveis do passo 3 for pequena, a correção não pode
ser feita com exatidão. Muitas normas de ruídos (arbitrariamente) estabelecem que,
se essa diferença é menor que 3 dB, uma correção satisfatória não pode ser feita.
Para esses casos, o nível de ruído medido é mais baixo que o nível de ruído de
fundo. Por essa razão, as medições devem ser feitas na ausência de ruído de fundo.
Se a fonte do ruído de fundo não pode ser eliminada, o nível deve ser
reduzido pelo fechamento de portas ou janelas, construção de barreiras, ou
aplicação de material isolante acústico. Em alternância, as medições podem ser
feitas no horário do dia em que o ruído de fundo for menor. Se o ruído medido é
predominantemente de alta frequência, a orientação do microfone em relação à
fonte pode aumentar o nível sonoro medido da fonte.
Se o ruído de fundo não resulta de um local claramente definido, ele pode ser
estimado a partir de medições a diferentes distâncias da fonte, até que um nível
uniforme seja alcançado; este pode ser tido como o nível de ruído de fundo.
Ondas estacionárias:
Próximo de uma fonte sonora, a diretividade da fonte predomina na
propagação. Assim, próximo à fonte, o nível de ruído decresce conforme se
aumenta a distância da fonte. Em um campo livre, esse decréscimo é de 6 dB para
cada vez que se dobra a distância entre o centro da fonte e o microfone. Tal
decréscimo não ocorre em condições ambientais corriqueiras, devido a reflexões
das paredes, pisos e outras superfícies.
87
Quando uma onda refletida se combina com as ondas sonoras diretas,
alternadamente ocorre interferência construtiva e destrutiva. O resultado é uma série
de máximos e mínimos no nível sonoro (como o microfone é movido ao longo de
uma linha reta se afastando da fonte), chamados de ondas estacionárias. Elas são
quase marcantes quando o ruído é composto essencialmente de frequências
discretas. Com os ruídos complexos, um efeito médio toma lugar e o máximo e
mínimo são reduzidos em magnitude.
Quando ondas estacionárias são observadas, uma correção pode ser
aplicada para estimar os níveis sonoros que poderiam existir se as reflexões fossem
omitidas. Um nível corrigido é essencialmente uma média de níveis sonoros. Ele
pode ser obtido como segue. Se a diferença entre ondas estacionárias máxima e
mínima é menor que 6 dB, basta usar a média aritmética desses dois valores. Se a
diferença é maior que 6 dB, use o valor 3 dB abaixo do nível sonoro máximo.
É desejável que se minimize os efeitos causados pelas ondas estacionárias,
superfícies refletoras e outros objetos próximos, quando medições em ambientes
internos forem realizadas, por exemplo, numa sala. Onde for requerida maior
precisão nas medições, é essencial que o microfone esteja conectado ao
equipamento de medição por um cabo de extensão; isso evita as reflexões do corpo
do operador, que ocorrem quando o instrumento é manual.
Efeitos atmosféricos:
Temperatura, pressão e umidade podem alterar a sensibilidade dos
microfones. Geralmente, tais efeitos são pequenos o suficiente para serem omitidos
para microfones modernos, exceto em condições extremas. O manual de instruções
do fabricante deve ser consultado para determinar o alcance adequado de trabalho e
aplicabilidade das correções como resultado dos efeitos atmosféricos.
Um calibrador acústico é empregado para calibrar os aparelhos de medição
ou um sistema de instrumentação acústico, podendo ser o microfone. Tal exercício
fornece a correção para mudanças na sensibilidade do microfone. Contudo, deve se
tomar cuidado para assegurar que não há mudança na sensibilidade do calibrador
com os parâmetros atmosféricos. O manual de instrução do calibrador deve ser
checado para qualquer aplicação de correção.
88
Campos magnéticos:
Quando o ruído é medido nas proximidades de equipamentos elétricos, fortes
campos magnéticos alternados podem induzir a produção de um zunido no medidor
de nível sonoro ou no sistema de medição sonora. Por isso, deve ser feita uma
verificação para garantir que tal efeito não seja apreciável. Isso pode ser feito pela
mudança da orientação do instrumento (sem mudança da posição do microfone), e
sempre deve ser observando se há alguma alteração significativa nos indicadores do
nível. Além disso, o zunido pode ser verificado a partir de um teste de saída, feito
com um par de fones de ouvido de alta qualidade. A perturbação observada deve
ser minimizada pela reorientação do equipamento ou pelas medições; o profissional
deve se afastar do campo magnético.
Se o analisador estiver sendo usado, a verificação deve ser para zunidos nas
bandas de frequência que vão de 60 Hz a 120 Hz (se a frequência da linha de força
é de 60 Hz).
89
muitas outras situações a precisão do medidor não é suficiente e outro de maior
precisão deve ser usado.
O medidor “Tipo 2 – Propósito Geral” é mais preciso que o Tipo 3. Ambos os
dispositivos têm tolerâncias reduzidas, tipicamente ± 3 dB. Quando é usado em “C”
ou respostas planas, a tolerância do medidor Tipo 2 é a mesma do Tipo 1, abaixo de
1000 Hz. Portanto, medidores do Tipo 2 são adequados para uso com analisadores,
exceto para interesse em ruídos de alta frequência.
O medidor do “Tipo 1 – Precisão” fornece dados mais concisos. A tolerância
permitida pelo instrumento deste tipo é de ± 1 dB.
90
máximo de um veículo passando). Em tal caso, a resposta rápida pode ser usada.
Para sons uniformes, as leituras do medidor devem ser, aproximadamente, as
mesmas para ambos os tipos de respostas.
91
aproximada, se o ruído possui características de baixa frequência ou de alta
frequência. Tais detalhes são necessários se um dos propósitos da medição de
ruído é distribuir dados para um programa de combate e/ou redução deste
fenômeno. Se o nível de ruído é excessivo, geralmente é requerida informação
detalhada para fornecer a solução de engenharia.
92
de alta frequência. Contudo, as correções para as respostas de frequência na escala
A, devem ser aplicadas às leituras do analisador.
1. Descrição;
2. Condições de operação;
3. Condições de montagem.
93
4. Temperatura, umidade e pressão barométrica (a uma altura especificada
do solo - trabalhos de precisão);
5. Tipo de protetor de vento usado.
5.5.4. Instrumentação
1. Equipamento utilizado para medição, incluindo nome, tipo, número serial e
de fabricação. Comprimento do cabo para microfone, se utilizado;
2. Especificar o uso de filtros de oitava para analisadores;
3. Tipo do calibrador utilizado.
94
9. Nome dos avaliadores.
95
96
6. Poluição Sonora: Recomendações e Legislação:
97
Outro fator que foi apresentado na tabela é a taxa de incremento, que será o
valor usado quando se deseja saber qual será a variação permitida no nível de
pressão sonora equivalente contínuo para se multiplicar ou dividir por dois o tempo
de exposição sonora. Isso é necessário para a obtenção de um parâmetro que
determina a relação entre dois ou mais sons que produzam a mesma mudança
permanente no limiar de audição (MPLA), ou "noise-induced permanent threshold
shift (NIPTS)".
Por exemplo: no Brasil, para um tempo de exposição sonora de 8 horas,
permite-se que o LAeq,8h seja de 85 dB. Para um tempo de 4 horas, será permitido
um nível de pressão sonora equivalente contínuo de até 90 dB. Esse valor é a soma
dos 85 dB, para 8 horas, mais os 5dB da taxa de incremento, pois houve uma
redução pela metade do tempo de exposição sonora.
Uma questão muito importante é que diversos cientistas vêm recomendando
o uso exclusivo da taxa de incremento de 3 dB, abolindo completamente o valor de 5
dB. Os argumentos baseiam-se em estudos em laboratório e dados de campo que
demonstram que tanto animais quanto seres humanos resistem melhor à taxa de
incremento de 3 dB. Além disso, há a regra da energia equivalente que diz que, se
dobrar o tempo de exposição sonora, haverá a mesma quantidade de energia
sonora sendo emitida se o nível de pressão sonora aumentar em 3 dB.
Muitas vezes as medidas administrativas são exigidas nas regulamentações.
Os limites preestabelecidos são excedidos e elas podem ser as seguintes:
• Redução dos níveis de pressão sonora gerados por máquinas;
• Audiometria;
• Ajuste de escalas de trabalho;
• Uso de protetores auriculares.
Além disso, as leis ainda estabelecem compensações financeiras quando há
perda comprovada de audição. A legislação brasileira no Anexo III do Decreto
nº79037 de 24 de dezembro de 1976, que regulamenta a Lei nº6367 de 19 de
outubro de 1976, lei que trata sobre o seguro de acidentes de trabalho a cargo do
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), determina que, havendo redução em
grau médio ou superior (ou seja, mais de 51 dB) da acuidade auditiva nos dois
ouvidos, na faixa de 500 a 2000 Hz (faixas que contêm as frequências da voz
humana), o trabalhador terá direito ao auxílio suplementar. Tal benefício
corresponde a 20% do salário de contribuição do segurado, vigente no dia do
98
acidente. No caso da surdez causada pelo ruído, é considerado, para cálculo, o
salário percebido pelo trabalhador no dia em que se inicia, na justiça civil, o
processo solicitando, ao INSS, a indenização devida. O que se percebe é que a
legislação estabelece que o trabalhador tenha de ter perdido mais da metade de sua
capacidade auditiva para adquirir o direito à indenização, que pode ser considerada
mínima.
Um ponto crucial determinado pela legislação é que os limites desejados
sejam estabelecidos, para que haja uma redução nos problemas auditivos.
Todos os limites, citados até então para determinar a perda de audição em
uma pessoa, consideram, somente, o ambiente de trabalho. Essa consideração será
válida se os níveis de ruído em outros ambientes (casa, rua, lazer, etc.) não forem
excessivos, ou seja, não contribuam significativamente para o agravamento do
processo de perda auditiva.
Durante as atividades de lazer ou de descanso, o principal problema causado
pelo ruído é o incômodo, portanto, nesses ambientes, os limites para os níveis de
ruído serão bem menores do que aqueles estabelecidos para o ambiente de
trabalho.
99
obedecidas, no interesse da saúde e no tocante à emissão de ruídos em decorrência
de quaisquer atividades. Para tanto, são feitas as seguintes considerações:
1. Os níveis excessivos de ruído estão sujeitos ao controle da poluição do
meio ambiente;
2. A poluição causa deterioração da qualidade de vida;
3. Devem ser definidos critérios que sejam de fácil aplicação e, portanto,
possam ser usados em qualquer lugar do país.
A partir de tais considerações, a resolução determina critérios, padrões e
diretrizes a serem seguidas no interesse público e da saúde. As normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, NBR 10151: avaliação do ruído
em áreas habitadas visando o conforto da comunidade, e 10152: níveis de ruído
para conforto acústico – são citadas como referência para os limites dos níveis de
ruído, e como devem ser feitas as medições desses ruídos. A resolução estabelece,
também, que as entidades e órgãos públicos são os responsáveis pela preservação
da saúde e do sossego público.
A resolução nº2, da mesma data, estabelece o Programa Silêncio, que visa
controlar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da população,
baseada nos seguintes argumentos:
1. O aumento dos níveis sonoros, especialmente áreas urbanas, é uma
ameaça à saúde, ao bem-estar público e à qualidade de vida;
2. O aumento das condições sonoras agressivas inibe o direito ao conforto
ambiental;
3. O crescimento demográfico causa um aumento da concentração das
fontes de poluição sonora;
4. A necessidade do estabelecimento de normas, métodos e ações para
controlar o ruído excessivo.
É estabelecido, então, o Programa Nacional de Educação e Controle da
Poluição Sonora – Programa Silêncio – que tem como principais objetivos:
1. Organizar cursos para capacitação pessoal nas esferas estadual e
municipal;
2. Conscientizar a população dos malefícios dos excessos de ruído;
3. Instituir o tema “poluição sonora” nos cursos secundários;
4. Incentivar a fabricação e o uso de máquinas, motores, equipamentos e
dispositivos com menores intensidades de ruído.
100
O Programa Silêncio será coordenado pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA –, e os responsáveis pela
execução do programa serão os estados e municípios.
Após essa primeira etapa, o CONAMA, em fevereiro de 1993, estabelece,
dentro das resoluções de números 1 e 2, limites máximos de ruído com veículos em
aceleração, e, na condição de inatividade, para todos os veículos automotores,
nacionais e importados.
A resolução nº1 trata dos veículos automotores nacionais e importados,
exceto motocicletas, motonetas, ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e
veículos assemelhados – limites estabelecidos para veículos com motores do ciclo
Otto e Diesel.
Para os veículos nacionais, produzidos para o mercado interno, definem-se os
seguintes limites por marca de fabricante:
1. Veículos automotores do Ciclo Otto, exceto os das categorias “c” e “d”:
1.1. No mínimo 20% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 1994;
1.2. No mínimo 50% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 1995;
1.3. 100% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 1997.
2. Veículos automotores do Ciclo Diesel e veículos automotores do Ciclo
Otto das categorias “c” e “d”:
2.1. No mínimo 40% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 1995;
2.2. 100% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 1997.
Para os veículos importados, exceto aqueles sujeitos ao Acordo Bilateral
Brasil-Argentina, os limites passam a vigorar a partir de 1º de julho de 1993.
A tabela abaixo define, de acordo com NBR 8433, os limites máximos de
ruído emitido por veículos em aceleração.
Na tabela, as categorias ‘a’, ‘b’, ‘c’ e ‘d’ são definidas da seguinte forma:
a. Automóvel e veículo de uso misto derivado de automóvel;
b. Veículo de passageiros de até nove lugares, veículo de carga, camioneta
de uso misto, não derivada de automóvel, e utilitário;
c. Veículos de passageiros com mais de nove lugares e PBT acima de 3500
kg;
d. Veículo de carga com PBT acima de 3500 kg.
Categoria Nível de ruído dB(A)
Descrição Otto Diesel
101
Injeção direta Injeção indireta
a. 77 78 77
b. PBT até 2000 kg 78 79 78
PBT entre 2000 e 3500 kg 79 80 79
c. Potência máxima abaixo de 150 80 80 80
kW(204CV)
Potência máxima igual ou superior 83 83 83
a 150 kW (204CV)
d. Potência máxima abaixo de 75 kW 81 81 81
(102CV)
Potência máxima entre 75 e 150 83 83 83
kW
Potência máxima igual ou superior 84 84 84
a 150 kW
Onde: designação de veículos conforme NBR 6067;
PBT é o peso bruto total;
potência efetiva líquida máxima conforme NBR 5484.
Os ensaios para medição dos níveis de ruído serão feitos de acordo com as
normas ABNT NBR8433 (ruído emitido de veículos automotores em aceleração;
métodos de ensaio) e NBR 9714 (ruído emitido de veículos automotores na condição
parado; método de ensaio).
O IBAMA é responsável pelo controle e fiscalização dessa resolução.
A resolução de nº2 trata dos veículos excluídos da de nº1 com um
Cronograma semelhante ao apresentado acima.
Todas as etapas estabelecidas nas duas resoluções citadas acima já foram
ultrapassadas e, agora, há estudos de novos limites a serem adotados com um novo
Cronograma de implantação. Os novos parâmetros seriam os seguintes, por marca
de fabricante:
1. Veículos automotores da categoria ‘a’:
1.1. No mínimo 40% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 2002;
1.2. No mínimo 80% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 2004;
1.3. 100% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 2006.
2. Todos os veículos automotores das categorias ‘b’, ‘c’ e ‘d’:
2.1. No mínimo 40% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 2005;
2.2. 100% dos veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de 2006.
Todas as datas estabelecidas são válidas, também, para os veículos
importados.
102
A tabela a seguir apresenta os novos limites propostos, sendo que as
categorias continuam sendo as mesmas da norma anterior:
Categoria Nível de ruído dB(A)
Descrição Otto Diesel
Injeção direta Injeção indireta
a. 74 75 74
b. PBT até 2000 kg 76 77 76
PBT entre 2000 e 3500 kg 77 78 77
c. Potência máxima abaixo de 150 78 78 78
kW(204CV)
Potência máxima igual ou superior 80 80 80
a 150 kW (204CV)
d. Potência máxima abaixo de 75 kW 77 77 77
(102CV)
Potência máxima entre 75 e 150 78 78 78
kW
Potência máxima igual ou superior 80 80 80
a 150 kW
103
Características peculiares do ruído Correção dB(A)
Fator de pico Ruído impulsivo +5
Características especiais Presença de +5
componentes tonais
audíveis
Duração do ruído, de Entre:
nível sonoro medido LA, 100 e 56 0
expresso em 56 e 18 -5
porcentagem do período 18 e 6 -10
de tempo relevante 6 e 1,8 -15
1,8 e 0,6 -20
0,6 e 0,2 -25
menor que 0,2 -30
Determina-se, para conforto acústico, um nível-critério de ruído que não deve
ser excedido. Para áreas residenciais, tem-se um critério básico de ruído externo,
que é de 45 dB (A).
De acordo com o período do dia ou zona, o critério básico sofrerá diferentes
correções. As tabelas seguintes apresentam as correções adequadas.
Período CP dB(A)
Diurno 0
Noturno -5
104
Locais dB(A) NC
Hospitais
Apartamentos, enfermarias, berçários, centros cirúrgicos 35 – 45 30 – 40
Laboratórios, áreas para uso público 40 – 50 25 – 45
Serviços 45 – 55 40 – 50
Escolas
Bibliotecas, salas de música, salas de desenho 35 – 45 30 – 40
Salas de aula, laboratórios 40 – 50 35 – 45
Circulação 45 – 55 40 – 50
Hotéis
Apartamentos 35 – 45 30 – 40
Restaurantes, salas de estar 40 – 50 35 – 45
Portaria, recepção, circulação 45 – 55 40 – 50
Residências
Dormitórios 35 – 45 30 – 40
Salas de estar 40 – 50 35 – 45
Auditórios
Salas de concertos, teatros 30 – 40 25 – 30
Salas de conferências, cinemas, salas de múltiplo uso 35 – 45 30 – 35
Restaurantes 40 – 50 35 – 45
Escritórios
Salas de reunião 30 – 40 25 – 35
Salas de gerência, de projetos, e de administração 35 – 45 30 – 40
Salas de computadores 45 – 65 40 – 60
Salas de mecanografia 50 – 60 45 – 55
Igrejas e templos (cultos meditativos) 40 – 50 35 – 45
Locais para esportes
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades
esportivas 45 – 60 40 – 55
A resolução de número 20 do CONAMA, de 7 de dezembro de 1994,
estabelece outro ponto importante, que é a instituição do Selo Ruído, baseando-se
nas seguintes considerações:
1. O ruído excessivo causa prejuízo à saúde física e mental;
2. O homem cada vez mais está sendo exposto a condições sonoras adversas;
3. Os aparelhos domésticos são de amplo uso de toda a população;
4. A tecnologia existente, e, se bem aplicada, torna possível a redução dos níveis
de ruído;
5. Os objetivos do programa SILÊNCIO.
O Selo Ruído será uma indicação do nível de potência sonora dos aparelhos
eletrodomésticos que gerem ruído no seu funcionamento. Será considerado
aparelho eletrodoméstico todos definidos dessa forma pela ABNT – NBR 6514.
Para que a selo possa ser utilizado, o fabricante fornecerá uma lista ao
IBAMA com todos seus produtos, além de providenciar a execução de todos os
105
ensaios necessários em laboratórios credenciados pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) através de sua Divisão
de Acústica e Vibrações.
Interessante notar que o selo terá uma função informativa ou, até mesmo,
educadora, pois nenhum produto terá sua fabricação proibida devido aos resultados
dos ensaios de medição de sua potência sonora.
Apesar dessa resolução já ter sido publicada há mais de 5 anos, os primeiros
passos para sua real implantação foram dados, algum tempo depois, pela divisão do
INMETRO, citada acima. Houve a formação de um grupo chamado de subcomissão
técnica do Selo Ruído com a presença de representantes de diversas entidades
como: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis – IBAMA, o
INMETRO, o Instituto de Defesa do Consumidor – IDEC, a Sociedade Brasileira de
Acústica – SOBRAC, a ABNT e a Associação Brasileira da Indústria Eletro-
Eletrônica – ABINEE, que estão discutindo as etapas para viabilização e o
cronograma de implantação do Selo Ruído. Os liquidificadores foram escolhidos
para serem os primeiros eletrodomésticos a receberem a etiqueta e, em seguida, os
secadores de cabelo e os refrigeradores e similares. Um dos problemas enfrentados
é a falta de laboratórios credenciados a executarem os ensaios necessários.
No estado de Minas Gerais, os limites de poluição sonora são determinados
pela lei 10100 de 17 de janeiro de 1990, que estabelece níveis máximos de ruído
para o ambiente exterior ao recinto que tem origem, além de determinar os
aparelhos e os métodos que devem ser usados nas medições, baseando-se em
normas da ABNT.
Na esfera municipal, a lei de nº 4253, de 04 de dezembro de 1985, e o
decreto nº 5893, de 16 de março de 1988, determinam os aspectos legais referentes
à poluição sonora em Belo Horizonte. O decreto nº 9139, de 07 de março de 1997,
apresenta novos limites de níveis sonoros máximos, em dB (A), de acordo com a
zona de ocupação e o horário do dia.
106
107
7. Sugestões para controle de ruído
Milhões de trabalhadores no Brasil, e no mundo, estão expostos diariamente,
em seu ambiente de trabalho, a ruídos nocivos à saúde humana. Felizmente, há
como se controlar e reduzir tais ruídos de diferentes formas, dependendo da origem
do problema. Três são as possibilidades básicas de controle:
• Utilizar processos de trabalho mais silenciosos;
• Alterar ou enclausurar os equipamentos para reduzir o ruído na fonte;
• Usar materiais que sejam absorvedores acústicos para prevenir que o
ruído se espalhe.
Para que seja possível estudar os mecanismos de controle de ruídos, deve-
se, primeiramente, entender como o som reage ao encontrar uma barreira física,
como, por exemplo, uma parede. Quando um som atinge a atinge, somente uma
pequena parcela do som é transmitida, e a maior parte é refletida. Define-se como
taxa de perda de transmissão (TL – sound transmission loss) como sendo a
capacidade que uma barreira tem de bloquear a transmissão do som. Esse
parâmetro é medido em decibéis.
Outro item é chamado de redução de ruído (NR – noise reduction), e é
definido pelo número de decibéis que uma barreira consegue bloquear. É possível
obtê-lo pela comparação do nível de ruído antes e depois da instalação da barreira,
ou enclausuramento. Os valores de NR e TL não serão, obrigatoriamente, os
mesmos.
Quando um som atinge um material poroso ele será absorvido. Os materiais
comerciais utilizados absorvem, no mínimo, 70 % do som que os atinge.
Figura 41 - parcelas do som que atingem a parede e são refletidas, absorvidas ou transmitidas
108
7.1. Comportamento sonoro - Causas das fontes de ruídos
O comportamento do som varia de acordo com diversos fatores. Mudanças na
força, pressão ou velocidade de qualquer objeto produzem ruídos. Quanto maiores
forem as variações, maiores serão os ruídos produzidos. Se uma mesma tarefa for
executada com mais força em um espaço de tempo mais curto, produzirá mais ruído
do que se ela fosse realizada com menos força e mais tempo.
Figura 42 - exemplo
Figura 43 - exemplo
As figuras 2 e 3 são exemplos de como a velocidade e a força na execução
de tarefas interfere na quantidade de ruído emitido por fontes sonoras. Na figura 2,
pode-se dobrar uma fina lâmina de metal com um martelo e produzir muito ruído, ou
então, silenciosamente, com um alicate. Na outra figura, corta-se papelão com muita
força e velocidade; quando se utiliza uma faca perpendicular à folha,
consequentemente, tem-se muito barulho. Porém, com outro sistema que corta mais
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lentamente e com menos força, utilizando-se uma faca que viaja junto com a esteira,
a operação é praticamente sem ruídos.
Outros fatores causadores de ruídos transmitidos pelo ar são a vibração de
sólidos ou a turbulência em fluidos (fig.4). Por exemplo, um instrumento musical
vibra fazendo barulho; ou então, em um aquecedor de ambientes, os canos vibram
com a água em ebulição causando excesso de ruído.
Figura 44 - vibração
Canos fixados solidamente podem transmitir sons para a estrutura do prédio
quando transportam fluidos turbulentos (fig. 45). Para tal controle, são utilizados
materiais de boa absorção junto aos canos, ou isola-se a vibração da estrutura com
materiais flexíveis. Outra alternativa é a redução, quando possível, da turbulência no
fluido.
110
Uma terceira fonte de ruídos é a vibração em estruturas sólidas ou líquidas,
mas que causam ruídos transmitidos pelo ar depois de viajarem grandes distâncias.
O problema é que tais vibrações podem causar a ressonância de alguma estrutura
e, portanto, deve-se evitar tal fenômeno paralisando a vibração o mais próximo
possível da fonte. Um exemplo é o fato de se poder ouvir o som de um trem sobre a
linha a uma distância considerável da fonte (fig. 46). Outro exemplo é a vibração
causada por um elevador (fig.47) quando ele não for devidamente isolado da
estrutura do prédio.
111
Figura 48 - ruído proveniente de embarcações
112
Figura 50 - sons de alta frequência
113
Figura 53 - sons de baixa frequência
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Se o som causar incômodo para pessoas que estão a uma certa distância da
fonte, deve-se se preferir fontes que gerem sons de alta frequência. O exemplo
mostra que em uma fábrica utiliza-se um ventilador com poucas pás e, portanto, tem
um som de baixa frequência, o que causa grande incômodo à população a uma
distância elevada. Ao utilizar um ventilador com um maior número de pás, ou seja,
produzindo sons de frequências mais altas, o incômodo na área em questão será
bastante reduzido.
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Outro exemplo da mesma situação pode ser usado com um navio. Ao se
operar um navio com um motor Diesel, com rotação de 125 rpm, ligado diretamente
à hélice, o barulho gerado por ela, no interior do navio, é muito incômodo. Porém,
quando se utiliza um diferencial entre o motor e a hélice, o motor poderá girar com
menor rotação (75 rpm) e, além disso, deve-se utilizar uma hélice com maior
diâmetro. Portanto, tem-se um ruído de menor frequência e menos incômodo.
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Figura 59 - vibração em placas
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Um exemplo é o uso de proteção sólida sobre as polias e correias de uma
máquina. Isso faz com que essa parte do equipamento seja uma grande fonte de
ruído. Ao se utilizar uma superfície perfurada, o ruído é reduzido consideravelmente.
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Como foi dito, as extremidades de uma placa são as regiões que geram
menos ruídos, especialmente os de baixa frequência. Para que haja uma maior
emissão de sons de baixa frequência, é necessário que se isole as extremidades da
placa, como é feito em caixas de som para graves.
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Em fábricas, é comum o uso de correias transportadoras. Quando a caixa que
recebe o material (no início da operação) está vazia, a altura de queda é grande e o
ruído é excessivo. Mas, utilizando-se uma correia com um mecanismo de regulagem
de altura, e, também, com um sistema de amortecimento que reduz a velocidade
dos produtos na saída da correia, antes de caírem na caixa coletora, o ruído será
reduzido apreciavelmente.
120
outros materiais entre duas placas de aço para que haja, então, um melhor
amortecimento. Um material amortecedor é o chumbo.
Em um sistema de bombeamento, uma grande parte do ruído vem da capa protetora
do eixo, pois é, normalmente, feita de aço. Uma alternativa é o uso de materiais que
sejam melhores amortecedores.
121
Placas maiores produzem uma ressonância de sons de baixa frequência, que
são mais difíceis de serem amortecidos. Ao enrijecer a estrutura, a ressonância irá
implicar no aumento da frequência. Portanto, as placas serão amortecidas com mais
facilidade.
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Tal fenômeno pode ser observado em torres ou chaminés de fábricas.
Elimina-se o problema ao colocar uma lâmina espiralada de metal em torno da
chaminé. Porém, deve-se observar que o espiral não pode ser regular, para que o
mecanismo surta efeito, desconsiderando a direção do vento.
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Quando se fala em ruídos causados pelo deslocamento de ar ou gases, deve-
se pensar nos problemas relacionados a dutos e canos. O fluxo interno desses
objetos pode apresentar alguma turbulência, o que ocasiona a emissão de ruídos.
Porém, essa turbulência será maior se o fluxo mudar de direção rapidamente, ou, se
a velocidade do fluxo for muito grande, há, ainda, o problema de objetos bloqueando
o fluxo; especialmente se eles estiverem muito próximos. No exemplo, pode-se
observar que, quando dois flanges estão muito próximos à turbulência, o ruído
aumenta.
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redução da velocidade de saída do fluido pode abrandar o ruído gerado. Para
velocidades menores que 350 km/h, reduções na velocidade, dividindo-a por dois,
induzem consequentes reduções de 15 dB no som gerado.
O ar de exaustão, que sai de uma lixadeira manual pela sua empunhadura,
pode ser bastante incômodo, porém, ao utilizar outro sistema, de material poroso e
absorvedor, entre as duas telas, a turbulência diminuirá no interior da empunhadura,
reduzindo o ruído gerado pela saída dos gases.
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Figura 77 - bicos de linhas de ar comprimido
Outro ponto que deve ser considerado na análise de fluxos de gases é que,
quanto maior for o diâmetro dos bicos de saída, mais baixas serão as frequências
dos sons gerados – sons de baixa frequência costumam ser mais difíceis de serem
controlados.
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Figura 79 - controle de ruído em válvulas de escape
Outros equipamentos muito utilizados na indústria são os ventiladores,
comumente identificados como fontes de ruídos – isso ocorre porque eles causam
turbulência no ar. Se o ar que chegar até eles tiver turbulência, os ruídos emitidos
serão mais intensos.
Figura 80 - ventiladores
O ar que chega ao ventilador pode ser desestabilizado devido a diversos
fatores, como barreiras ou curvas em uma tubulação. Isso pode ser evitado
afastando as barreiras ou fazendo com que as curvas sejam mais suaves.
127
Figura 81 - controle de ruídos em ventiladores
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Em uma instalação, na qual é necessário o uso de ventilação forçada, não há
espaço suficiente para a instalação de abafadores. Para resolver o problema do
ruído gerado, é essencial o uso de várias saídas no ambiente ao invés de uma única
e, além disso, as várias curvas existentes aumentam a reflexão.
129
Figura 85 - tubos com câmaras silenciadoras
130
•
Figura 87 - dutos com paredes revestidas
131
Figura 89 - tipos de isolantes de vibrações
Ao selecionar uma mola para fazer a montagem de um sistema de
amortecimento, é preciso se atentar para a frequência fundamental do sistema. Se o
sistema trabalhar próximo a essa frequência, as vibrações serão intensificadas e
podem chegar a causar a ruptura dos suportes. Um conjunto de molas pode não ser
eficaz para vibrações que sejam inferiores às fundamentais. Molas com
amortecimento interno evitam o aumento das vibrações.
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Figura 90 - molas como isolantes de vibrações
Quando um sistema, composto por máquina e molas, possui uma frequência
natural (fundamental) muito baixa, torna-se muito difícil isolar as vibrações, a não ser
que se use um piso muito rígido.
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Figura 92 - uso de pisos diretamente apoiados no solo
134
Figura 94 - layout de uma fábrica sem e com afastamento das paredes
Quando se estuda a movimentação sonora em interiores é importante analisar
a absorção sonora. Normalmente, os bons materiais absorsores são aqueles mais
porosos, que permitem a compressão do ar quando passam através deles. Podem
ser exemplos de tais materiais borrachas e plásticos espumados, fibras têxteis,
metais sintetizados e cerâmicos. Quanto mais próximos forem os poros, mais suave
será a absorção sonora. Poros mais finos absorvem melhor as altas frequências e,
para se ter bons resultados abaixo de 100 Hz, o tamanho dos poros pode ser
impraticável. Para baixas frequências, usa-se espaço com ar atrás do absorvente.
135
Figura 97 - absorsores internos às paredes
Muitas vezes, é necessário associar absorsores com barreiras sonoras. Como
já foi dito, as barreiras são mais eficientes para controle de sons de baixa
frequência, e, quanto mais próximas da fonte e mais altas elas forem, mais eficiente
será a funcionalidade das barreiras. Caso não sejam usados absorsores,
principalmente nos tetos, a redução de ruídos será ineficaz.
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Figura 99 - avaliação do TL em comparação com o peso por unidade de área
Paredes simples proporcionam baixa redução de ruído para certas
frequências, pois elas apresentam uma frequência conhecida como ressonante, na
qual o TL tem valores muito inferiores aos daqueles apresentados pelo gráfico. Se a
parede tiver um bom amortecimento interno, esse problema não será muito crítico.
Em uma fábrica com máquinas muito ruidosas, dois ambientes são separados
por uma parede com 25 mm de papelão e 6 mm de vidro, mas, o isolamento não é
eficiente, porque o vale ressonante ocorre a 1000 Hz. Substituindo o papelão por
duas camadas de 9 mm de gesso, o isolamento é melhorado em, aproximadamente,
10 dB. O peso por unidade de área do gesso é praticamente o mesmo do papelão,
mas o gesso tem ¼ da rigidez do papelão, por isso, a ressonância ocorre a 2500 Hz.
138
7.8. Barreiras Acústicas
A “barreira acústica” pode ser definida como um dispositivo com massa e altura
mínimas necessárias, instalada entre uma fonte, ou fontes, sonoras e receptor, ou
receptores, do mesmo, de forma a induzir redução do nível de pressão sonora em
“decibéis”. Em áreas externas, a céu aberto, esta redução é também denominada
de perda por inserção – “Insertion Loss” (IL), e pode ser projetada utilizando os
procedimentos recomendados em normas e/ou através de métodos analíticos ou
numéricos baseados na formulação teórica do problema.
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Até a década de 80 foram construídos mais de 304 km de barreiras acústicas em
cerca de 31 estados dos EUA. Tais barreiras situam-se em áreas metropolitanas e
envolveram investimentos estimados em 107 milhões de dólares. O critério prévio de
adotar altura das barreiras, de forma que o plano de vista entre fonte e receptor seja
bloqueado por sua interação, não é suficiente para a solução do problema como
evidenciado neste trabalho. No caso de barreiras finitas, a extensão destas tem sido
estimada em cerca de duas a quatro vezes a distância perpendicular até o receptor.
Por outro lado, o critério na decisão do desempenho da barreira é considerar sua
capacidade de atenuação da ordem de 10 dB (A), em que a forma de seção
trapezoidal (ou triangular de sua seção), em bermas, era coberta com vegetação. As
barreiras construídas em concreto, como a analisada neste trabalho, ou
combinações com outros materiais ou ainda com revestimentos fonoabsorventes na
face voltada para a fonte sonora, têm sido adotadas com eficiência.
A reação pública para vias com barreiras parece ser positiva. Há, embora,
uma diversidade ampla de reações específicas. Residentes adjacentes às barreiras
têm maior facilidade na comunicação, melhores condições de sono, um ambiente
mais agradável é criado, as janelas podem ficar abertas por um período maior, e as
varandas são mais usadas no verão. O benefício do silêncio é logo visto na melhora
da qualidade de vida. Seguem as reações negativas: restrição de visibilidade;
sentimento de confinamento; perda de área de circulação; perda de luminosidade; a
manutenção deficitária da barreira causa um constrangimento. Mesmo em vistas a
estas reclamações, os moradores acham que os pontos positivos do silêncio
compensam estas perdas.
140
Para se calcular a atenuação sonora de uma fonte sonora pontual, dado por
uma barreira de grande extensão, é necessário o cálculo do número de Fresnel, N:
2
N= ( d1 + d 2 - d )
l
onde
d é a distância entre a fonte e o receptor,
d1 é a distância entre a fonte e o topo da barreira,
d2 é a distância entre o topo da barreira e o receptor
l é o comprimento de onda
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É sugerido, por alguns pesquisadores, que espalhar o som, ao invés de absorvê-lo,
é o mais importante para frequências médias. Às frequências mais altas, porém, a
absorção assume papel dominante.
A literatura geralmente sugere que o efeito principal de vegetações é
psicológico. Ao bloquear a visão da fonte de ruído, as vegetações podem reduzir o
aborrecimento humano ao barulho. O fato de as pessoas não terem a visão de uma
rodovia pode reduzir a consciência deles/delas deste fato, embora os ruídos
continuem existindo.
Áreas grandes de vegetação podem ser efetivas, mas só em cinturões
maiores que 50 m.
142
8. Bibliografia:
143
1