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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000514011

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1008088-93.2015.8.26.0451 e código 8F72E49.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1008088-


93.2015.8.26.0451, da Comarca de Piracicaba, em que é apelante/apelado ITAÚ
UNIBANCO S/A, é apelado/apelante LEANDRO CESAR NOGUEROL (JUSTIÇA
GRATUITA).

ACORDAM, em 13ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso do réu,
provido o recurso adesivo do autor.V.U. Sustentou oralmente o Dr. ZAQUEU
MIGUEL DOS SANTOS.", de conformidade com o voto do Relator, que integra
este acórdão.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FRANCISCO GIAQUINTO, liberado nos autos em 12/07/2018 às 15:04 .
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores
FRANCISCO GIAQUINTO (Presidente), NELSON JORGE JÚNIOR E ANA DE
LOURDES COUTINHO SILVA DA FONSECA.

São Paulo, 11 de julho de 2018.

Francisco Giaquinto
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº : 27427
APEL. Nº : 1008088-93.201568.26.0451
COMARCA: PIRACICABA

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APTE./APDO. : ITAÚ UNIBANCO S/A
APDO./APTE. : LEANDRO CESAR NOGUEROL (JUST GRAT)

*Indenizatória por danos materiais e materiais


Tentativa de aquisição de veículo em site de venda de
veículos Valor depositado em conta corrente aberta
por fraudador Ação movida em face do banco no qual
o estelionatário mantinha conta corrente
Ilegitimidade passiva da instituição financeira -
Inocorrência Banco réu emitiu em favor de empresa
fraudulenta o boleto bancário pago pelo autor Valor

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FRANCISCO GIAQUINTO, liberado nos autos em 12/07/2018 às 15:04 .
recepcionado e transferido para a conta indicada no
título, sem verificar o requerido que a empresa
beneficiária/titular da conta não era aquela que
efetivamente vendeu o veículo e aparecia na ficha de
compensação do boleto bancário - Informações do
boleto não conferiam, de modo que o banco deveria ter
recusado e não aceito o pagamento Banco réu não
demonstrou a regularidade da abertura da conta
corrente utilizada pelo fraudador para aplicação do
golpe da venda do veículo - Falha na prestação dos
serviços evidenciada Responsabilidade objetiva da
instituição financeira Fortuito interno Súmula 479
STJ Dever de indenizar pelos danos materiais
Sentença mantida - Recurso do réu negado.

Danos morais Ocorrência - Falha no sistema do banco


réu propiciou a utilização da conta corrente para a
prática do golpe da venda do veículo pelo fraudador em
face do autor - Situação a acarretar dano moral - Danos
morais que se comprovam com o próprio fato (damnum
in re ipsa) Indenização arbitrada em consonância com
os critérios da razoabilidade e proporcionalidade
Sentença reformada Recurso adesivo provido.*

Recurso do réu negado e recurso adesivo do autor


provido.*

Trata-se de ação indenizatória por danos materiais e morais,


ajuizada por LEANDRO CÉSAR NOGUEROL em face de ITAÚ UNIBANCO S/A,
julgada procedente em parte pela r. sentença de fls. 157/160, condenando o réu ao
pagamento da importância de R$4.464,00, atualizado pela tabela do TJSP desde o
desembolso e juros de mora 1% ao mês, da citação, condenando o réu ao pagamento de
honorários advocatícios de 15% sobre o valor da condenação, rejeitando o pedido de
indenização por danos morais, condenando o autor em honorário advocatícios arbitrador
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por equidade em R$ 1.000,00.

Apela o Banco réu (fls. 163/167), sustentando a ilegitimidade

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passiva, por apenas manter a conta corrente da empresa que recebeu os valores pagos pelo
autor, atuando meramente como prestador de serviços. Sustenta culpa exclusiva do autor
porque deveria ter verificado a idoneidade da empresa antes de efetivar a compra, devendo
ainda desconfiar da proposta oferecida por valor muito abaixo do preço de mercado. O
Banco não contribui para o evento danoso, por não ter emitido o boleto. O título não foi
pago em nenhuma de suas agências bancárias e não participou da relação jurídica entre o
autor e o vendedor, não podendo ser responsabilizado por eventuais prejuízos sofridos pelo
requerente.

Recorre de forma adesiva o autor (fls. 181/184), defendendo a


ocorrência dos danos morais, porque a fraude poderia ter sido evitada se o banco tivesse
um sistema de segurança mais eficiente. Em decorrência do pagamento do boleto fraudado,
o autor não recebeu o veículo adquirido, com prejuízo do valor pago além de se deslocar

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várias vezes até a agência do recorrido para solução do problema.

Recursos regularmente processados e respondidos.

É o relatório.

VOTO.

Trata-se de ação de indenização por danos materiais e morais,


alegando o autor se interessou pela compra de uma motocicleta anunciada no site da
empresa Almeida Leilão On Line Ltda.

Alega que, ao contatar o vendedor do anúncio, realizou os


procedimentos indicados para a concretização da compra do veículo, pagando boleto
bancário no valor de R$4.464,00, destinado à conta corrente mantida pela vendedora no
Banco requerido.

Após efetivar o pagamento do preço, não recebeu o veículo,


descobrindo ter sido vítima de golpe, propondo ação de rescisão contratual cumulada com
restituição de quantia contra a vendedora no Juizado Especial, sem sucesso, por não
localizada a vendedora.

O autor procurou o Banco requerido tentando localizar o endereço


da empresa vendedora, sendo informado por preposto que o boleto estava errado e não
poderia ter sido gerado, defendendo a responsabilidade da instituição financeira pelos
danos sofridos.

Postulou a condenação do Banco réu a ressarcir o valor pago, além


de indenização por danos morais.

A ação foi julgada procedente em parte, assim fundamentada a r.


sentença apelada:

“O autor comprou motocicleta pela Internet, pagando o preço de


R$ 4.464,00 por meio de boleto bancário. A vendedora se apresentava com o nome
Almeida Leilão On Line.com Ltda. Ocorre que a motocicleta não lhe foi entregue, nem
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conseguiu localizar a vendedora. Não há dúvida de que o autor foi vítima de estelionato.
Após diversas buscas no curso do processo, apurou-se por informação do banco réu que
o preço foi direcionado para conta em nome de M&M Chinelos Ltda. ME. A conta está

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encerrada e o valor não foi recuperado.
O autor sustenta que o réu deve ser responsabilizado, porque
aceitou emitir em favor de empresa fraudulenta o boleto por meio do qual o preço foi
pago. O réu, por sua vez, argumenta que não emitiu, nem encaminhou o boleto em
questão. Assim delimitada essa controvérsia, entendo que assiste razão ao autor. Consta
no boleto de fls. 19 que é de emissão do réu. Como o réu veio a informar, o valor foi
direcionado para conta aberta em agência do réu, em nome da M&M Chinelos. Diante
dessas circunstâncias, entendo demonstrado suficientemente que se trata de boleto
emitido pelo réu, para favorecimento de cliente dele. O réu postulou julgamento
antecipado, dispensando outras provas, motivo pelo qual deixou de fazer prova de que
não se trata de boleto por ele emitido.
Sendo boleto emitido pelo réu, entendo estar presente defeito na
prestação de serviços, ao não perceber que a favorecida pelo título era empresa

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fraudulenta, que abriu conta em agência do réu para cometer fraudes. Pois a segurança
legitimamente esperada pelo consumidor em tais situações é que o banco faça uma
análise sobre a efetiva existência da pessoa jurídica que pretende abrir conta bancária
perante ele. Não tendo sido atendida essa legítima expectativa de segurança, está
presente o defeito, que atrai a responsabilidade objetiva do art. 14 caput do Código de
Defesa do Consumidor.
Ainda que não houvesse defeito, a ré responderia da mesma
forma, objetivamente, pela aplicação do § único do art. 927 do Código Civil, pelo risco da
atividade, pois, para aplicação dessa norma, nova cláusula geral de responsabilidade
civil, como salienta CLÁUDIO LUIZ BUENO DE GODOY, não se exige nem defeito,
nem ato ilícito, nem atividade perigosa, mas somente risco derivado de atividade
normalmente desenvolvida, ainda que lícita, desde que risco especial, estatisticamente
constatada a potencialidade lesiva, pois não se trata de causalidade pura
(Responsabilidade Civil pelo Risco da Atividade, Saraiva, 2009, pp. 94-101). É o que
ocorre em situações como a do presente caso, pois frequentes golpes como o em questão
em prejuízo de consumidores, a justificar a incidência dessa norma do Código Civil.
Em consequência, o réu deverá ressarcir ao autor o valor do
preço pago, resguardado direito regressivo do réu contra o estelionatário.
Mas não procede o pedido de indenização por danos morais, pois
não foram apontadas circunstâncias concretas de fato pelo autor que pudessem justificar
o acréscimo de indenização por danos extrapatrimoniais.
Em relação ao pedido de obrigação de fazer, de fornecer os dados
cadastrais da vendedora, não houve resistência injustificada do réu, pois não poderia
fornecer esses dados sem ordem judicial. Por conseguinte, esse pedido é procedente, mas
não justifica condenação do réu em sucumbência”.

Preservado a convicção do d. Juiz de Direito a quo pelo meu voto


nego provimento ao recurso do réu e dá-se provimento ao recurso adesivo do autor.

Rejeita-se a ilegitimidade passiva do Banco réu.

O Banco Itaú S/A é parte passiva legítima, por aceitar abrir conta
corrente e emitir em favor de empresa fraudulenta o boleto pago pelo autor.

O pagamento do boleto realizado pelo autor em outra instituição


financeira não elide a legitimidade do réu para responder pelos prejuízos causados ao autor.
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O valor foi recepcionado e transferido para a conta indicada no título, sem verificar o
requerido que a empresa beneficiária não era aquela que efetivamente aparecia na ficha de
compensação.

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Passa-se à análise do mérito dos recursos.

Incontroverso a compra pelo autor de uma motocicleta no site da


empresa Almeida Leilão On Line Ltda., pagando o preço de R$ 4.464,00, sem que a moto
lhe fosse entregue (fls. 10/19).

No curso da instrução processual, apurou-se inexistir a conta


bancária do réu em nome de Almeida Leilão (fls. 87/88), sendo o valor pago por boleto
bancário pelo autor repassado à conta corrente mantida por terceira empresa M&M
Chinelos Ltda no banco requerido (fls. 116/117 e 132).

Aplicável ao caso os ditames do Código de Defesa do Consumidor

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(súmula 297 do STJ), emergindo a responsabilidade objetiva do prestador de serviços que
decorre da adoção da teoria do risco do empreendimento, nos termos do art. 14 do CDC.

Tal responsabilidade objetiva só é afastada em caso de inexistência


de falha na prestação do serviço, fato exclusivo do consumidor ou de terceiro.

No caso, não comporta guarida a alegação do Banco da culpa


exclusiva do autor.

Patente a responsabilidade do Banco réu ao receber o pagamento


do boleto, sem ressalva, por meio de seu sistema de compensação, sem antes constatar a
divergência entre o beneficiário (Almeida Leilao On Line.com Ltda) e o titular da conta
indicada no título (M&M Chinelos Ltda. Me) (fls. 19), o que, certamente, evitaria a
consumação da fraude.

Como referido, na hipótese, as informações do boleto não


conferiam, de modo que o Banco demandado deveria ter recusado e não aceito o
pagamento.

Desse modo, o valor pago saiu do patrimônio do autor


fraudulentamente, não por sua culpa, mas por omissão do sistema de segurança do Banco,
ao deixar de verificar os dados de compensação antes que o beneficiário recebesse o
dinheiro em sua conta.

Ademais, o Banco não demonstrou a regularidade da abertura da


conta corrente em nome de M & M Chinelos Ltda. Me, utilizada pelo fraudador para
aplicação do golpe da venda do veículo, na qual o autor depositou o valor de R$ 4.464,00.

O Banco permitiu a abertura da conta corrente em nome de M & M


Chinelos Ltda. Me, não demonstrando, sequer, ter se cercado das cautelas necessárias para
a regular abertura da referida conta corrente.

Referida conta foi utilizada para a prática do golpe da venda do


veículo pelo fraudador contra o autor.

Portanto, não comprovando o Banco que a conta foi aberta


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regularmente e de forma lícita, serviu ela de meio para a prática de estelionato, provocando
danos ao autor, daí a responsabilidade do Banco em suportar os danos causados ao
requerente.

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A situação narrada traduz inequívoco dever de indenizar do Banco
réu, por permitir que terceiros fraudadores abrissem a conta corrente, utilizada como meio
da prática do delito, caracterizando-se, assim, o chamado fortuito interno, a ser suportado
pelo prestador de serviço, que decorre do risco do negócio.

A teoria do risco do negócio ou risco do empreendimento “funda-


se no pressuposto de que o banco, ao exercer sua atividade com fins de lucro, assume o
risco dos danos que vier a causar. A responsabilidade deve recair sobre aquele que aufere
os cômodos (lucros) da atividade, segundo o basilar princípio da teoria objetiva: Ubi
emolumentum, ibi onus” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 8ª
Edição, 2003, p. 339).

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O tema já foi pacificado em julgamento do Recurso Especial
1.199.782/PR, de relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, afetado à Segunda Seção do
Superior Tribunal de Justiça, com base no art. 543-C do Código de Processo Civil:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. JULGAMENTO PELA SISTEMÁTICA
DO ART. 543-C DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS CAUSADOS POR
FRAUDES E DELITOS PRATICADOS POR TERCEIROS.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO.
RISCO DO EMPREENDIMENTO.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias
respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou
delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura
de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante
fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal
responsabilidade decorre do risco do empreendimento,
caracterizando-se como fortuito interno.
2. Recurso especial provido. (STJ. REsp nº 1.199.782/PR. 2ª
Seção. Min. Rel. Luis Felipe Salomão. J. 24.08.2011)

Ademais, o STJ editou a súmula 479 a respeito: “As instituições


financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias”.

A lide foi bem equacionada pelo Juiz de Direito na r. sentença ao


responsabilizar objetivamente o Banco requerido: “Sendo o boleto emitido pelo réu,
entendo estar presente defeito na prestação de serviços, ao não perceber que a favorecida
pelo título era empresa fraudulenta, que abriu conta em agência do réu para cometer
fraudes. Pois a segurança legitimamente esperada pelo consumidor em tais situações é
que o banco faça uma análise sobre a efetiva existência da pessoa jurídica que pretende
abrir conta bancária perante ele. Não tendo sido atendida essa legítima expectativa de
segurança, está presente o defeito, que atrai a responsabilidade objetiva do art. 14 caput
do Código de Defesa do Consumidor.” (fls. 158/159)
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Neste panorama, dando o Banco réu causa ao evento danoso, deve


ressarcir o dano material suportado pelo autor, restituindo a quantia reclamada na inicial.

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Estou entendendo caracterizados os danos morais.

Com efeito, o ato ilícito evidenciado na espécie revela situação de


angústia e aflição enfrentada pelo autor, sendo frustrada a legítima expectativa com a
entrega da moto adquirida após o pagamento do preço, não obstante as tentativas de
resolver a situação, inclusive com o ajuizamento de ação de rescisão contratual em face da
vendedora do veículo no Juizado Especial, sem êxito.

O Banco requerido submeteu o autor a calvário tentando


equacionar o problema, causando-lhe intranquilidade e natural preocupação, além de priva-
lo da quantia depositada na conta do fraudador, aberta de forma ilícita pelo Banco réu
apelado, motivos mais do que justificáveis para responsabilizar o Banco por danos morais

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pela má prestação de seus serviços.

Nesse sentido, precedentes do TJ/SP:

“APELAÇÃO - AÇÃO INDENIZATÓRIA DANO


MATERIAL E MORAL - COMPRA FEITA E EMITIDO O
BOLETO PELA INTERNET - FALSIFICAÇÃO -
PAGAMENTO SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - RECURSO DO
AUTOR - DANO MORAL - NEXO CAUSAL - EXCESSIVA
DEMORA PARA RESTITUIÇÃO DA SOMA
RESPONSABILIDADE OBJETIVA PREJUÍZO
EXTRAPATRIMONIAL NÃO REPRESENTADO POR
MERO
ABORRECIMENTO OU CONSTRANGIMENTO
RECURSO PROVIDO.” (Apelação nº
1011924-71.2014.8.26.0625,14ª Câmara de Direito Privado, Rel.
Des. Carlos Abrão, j. 10/12/2015).

RESPONSABILIDADE CIVIL Banco - Indenização -


Falsificação do código de barras de boleto bancário que
culminou com o desvio do valor do pagamento a terceiro
fraudador - Ausência de prova de culpa exclusiva do Autor -
Responsabilidade objetiva dos réus, que integram a cadeia de
fornecedores responsáveis pela operação Responsabilidade
configurada Dano moral - Ocorrência Prova Desnecessidade
Dano “in re ipsa” Não houve negativação do nome do autor em
rol de inadimplentes, nem protesto de título e nem publicidade
do fato - Indenização fixada em R$ 5.000,00 - Pretensão à
fixação em quantia equivalente a 39 salários mínimos
Inadmissibilidade - Atualização monetária a partir da data
deste acórdão - Juros legais desde a citação Recurso
parcialmente provido. (Apelação nº 1018923-32.2015.8.26.0002,
20ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Álvaro Torres Júnior, j.
06/02/2017).
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No tocante ao quantum indenizatório fixado a título de danos


morais, “recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, proporcionalmente
ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos autores e, ainda, ao porte econômico dos

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réus, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência,
com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da
vida e às peculiaridades de cada caso” (Resps. nºs 214.381-MG; 145.358-MG e 135.202-
SP, Rel. Min. Sálvio Figueiredo Teixeira).

Assim, em consonância com os princípios da razoabilidade e


proporcionalidade arbitra-se a indenização por danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil
reais), até porque “a indenização por dano moral deve atender a uma relação de
proporcionalidade, não podendo ser insignificante a ponto de não cumprir com sua
função penalizante, nem ser excessiva a ponto de desbordar da razão compensatória
para a qual foi predisposta”. (STJ, REsp. nº 318379-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em
20/09/01).

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Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso do réu e dá-se
provimento ao recurso adesivo do autor, para condenar o requerido a pagar indenização
por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com correção monetária pela
tabela do TJSP do acórdão (súmula 362 do STJ) e juros de mora de 1% ao mês, da citação,
além do pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios fixados em 15%
do valor da condenação atualizada, com base no art. 85, §§2º e 11, NCPC.

FRANCISCO GIAQUINTO
RELATOR

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