2. Segundo Aníbal, mesmo que o contrato ficasse sem efeito, ele teria de ser
compensado pela clientela que criou. Afinal de contas, a BFE continuaria a receber
os proveitos do seu trabalho por muitos e bons anos: as farmácias que ele “mimou”
ao longo de anos continuariam a fazer encomendas sobre encomendas...
R: Na hipótese Aníbal tem razão, o contrato de agência pode acarretar clientela para
a BFE , que se manterá após a cessação do contrato, sendo justo e necessário
compensar a quantia pelo enriquecimento proporcionado ao principal. É este o
sentido do art. 33º.
Não se considera verdadeira indemnização porque não torna indemne [sem
dano], consistindo numa mera compensação pela angariação de clientela. Não há
dano, nem sequer ilicitude, pelo que não existe uma indemnização proprio sensu.
Permite-se, todavia, a restituição do enriquecimento do principal com a
angariação de clientela, pelo agente: não constitui enriquecimento sem causa porque, na
verdade, há causa, embora a lógica seja semelhante.
Há ainda uma tutela do agente, além do restabelecimento do equilíbrio do
principal: pretende-se que o último não “descarte” o primeiro após obter o que
pretendia, a clientela. O agente é considerado, pelo RJCA, a parte mais fraca e
carece, por isso, de especial tutela. É uma indemnização cumulável com outras a
que haja direito [indemnização por denúncia ou indemnização por incumprimento].
Para que tal direito de indemnização de clientela se possa concretizar é
necessário que estejam, cumulativamente preenchidos os seguintes pressupostos
presentes no art. 33º/1:
1. O agente tenha angariado novos clientes para a outra parte ou aumentado
substancialmente o volume de negócios com a clientela já existente;
2. A outra parte venha a beneficiar consideravelmente, após a cessação do
contrato, da actividade desenvolvida pelo agente;
3. O agente deixe de receber qualquer retribuição por contratos negociados ou
concluídos, após a cessação do contrato, com os clientes referidos na alínea a).
Cumpre analisar se estes requisitos estão preenchidos:
1. Verifica-se - Pois os clientes continuarão a fazer encomendas.
4. Verifica-se - O que sucede pelo mesmo razão acima apresentada.
5. Verifica-se - Pela cláusula iii) parte final do contrato de agência celebrado.
Estando todos os requisitos preenchidos, a indemnização é calculada
equitativamente- art. 34º, com um limite máximo: não pode exceder uma
retribuição anual, calculada nos termos médios aí referidos, ficando todavia,
possível a inconstitucionalidade deste preceito, por violação da propriedade
privada, caso o prejuízo seja muito superior.
Mas, apesar de tudo o que vimos anteriormente, o art. 3º do artigo 33º
refere que a indemnização em causa não é devida se o contrato tiver cessado por
razoes imputáveis ao agente. Ora, se admitirmos que cessou por razoes subjectivas,
Aníbal nada tem a receber.
- a norma e imperativa
- Pressupostos cumulativos
- Nao e uma verdadeira indemnização
- Ml desconta juros e publicidade no 34 - livro de indemnização de clientela
- Admite se que com convenção das partes se possa ficar o montante do 34
- Imputável ao agente ou cedeu posição contratual a terceiro ?
3. O advogado de Aníbal sustentou ainda que este deveria reclamar à BFE a
comissão contratualmente prevista por cada produto vendido por esta às
farmácias do centro do país através da loja online criada em 2013.
R: Agência não se confunde com comissão (266º ccom), o comissário é um mandatário
sem representação , embora pratique os actos no interesse e por conta do mandan, actua
em seu próprio nome, ao contrario do agente ao qual foram conferidos poderes para
celebrar negócios juridicos actua em nume do principal.
Do acordo com o art. 16º/1 o agente tem direito a uma comissão pelos
contratos que promoveu e, bem assim, pelos contratos concluídos com clientes por
si angariados, desde que concluídos antes do termo da relação de agência, ficando
cobertas as situações de contratação direta entre o principal e o cliente angariado.
Segundo número 2 do mesmo preceito o agente tem direito à comissão (que
é uma percentagem que se dá a quem intervém numa operação comercial, uma
gratificação) por atos concluídos durante a vigência do contrato se gozar de um
direito de exclusivo para uma zona territorial ou um círculo de clientes e os
mesmos tenham sido concluídos com um cliente pertencente a essa zona ou círculos
de clientes.
O direito de comissão detém um regime protetor do agente segundo o art.
18, estabelecendo algumas concretizações.
O agente tem ainda direito a outras prestações retributivas como:
1. Comissão especial relativa ao encargo de cobrança - 13º f)
6. Comissão especial pela convenção del credere - 13º f)
7. Compensação pela cláusula pôs-eficaz de não concorrência - 13º g).
Numa loja online não há intermediários, tratando se de um caso de distribuição
direta1.
1 Distribuição direta surge quando a própria empresa é responsável pela entrega de seus produtos, sem
que haja nenhum intermediário envolvido no processo de distribuição, tendo como vantagens: um
relacionamento mais direto com o cliente, minimizando os custos repassados ao cliente final, e um maior
controlo sobre a cadeia de distribuição.
violou, portanto, uma das obrigações a que estava adstrito (art. 7º/a), deturpando a ideia
do legislador que seria a de não colocar e prevenir que o agente detivesse uma posição
de empregado do principal.
Anibal, como agente, deve informar os interessados dos poderes que possui, ora
através de letreiros, ora dos documentos que o identifiquem como agente, por forma a
esclarecer se tem ou não poderes de representação e se pode efetivamente efetuar a
cobrança de créditos segundo o art. 21º. Se o incumprir, torna-se responsável por todos
os danos que venha a ocasionar.
É necessário verificar se temos ou não uma situação de representação,
conferidos por escrito:
1. Sim:
1. Então presume se que pode receber pagamentos (art. 3º/2).
2. Ilidivel
3. Se o agente tiver sido encarregado da cobrança de créditos goza do
direito de
2. Não:
1. Prestação perante terceiro:
1. 770º CC (art. 3º/3) - recebe créditos sem autorização - o
terceiro coloca-se na situação de ter efetuado uma prestação a
terceiro que nao extinguira, a sua obrigação, em face do
principal.
2. Ineficazes nos termos gerais
3. Ratifica, se o principal, segundo o 22º/2, cinco dias a contar
do conhecimento da sua celebração e do conteúdo essencial
não manifestar oposição (vs 218º cc ), protegendo-se assim o
terceiro.
4. Num caso de representação aparente - art. 23º , o contrato
seria eficaz:
1. Não existem poderes de representação mas o
representado age como se houvesse poderes de
representação;
2. O terceiro de boa fé acredita na existência dos poderes
de representação;
3. O principal contribui para fundar essa confiança.
4. Sendo aplicado o art. 3º/2 permitindo-se a cobrança
de créditos por agente não autorizado.
5. Situação de confiança para MC
As partes podem estipular a obrigação de não concorrência por acordo, com condições e
limites:
1. documento escrito
1. Ok
8. não pode exceder dois anos
2. Errado
9. Circunscreve se à zona ou ao círculo de clientes confiados ao agente (direito
exclusivo a favor do agente, na vigência do contrato, se circunscreve segundo o art.
4).
O limite temporal dos dois anos é o mais indicado? Igual ao adotado pelo conselho das
comunidades europeias e o mesmo do código comercial alemão.
7. As coisas correram bem entre a ECB e Aníbal durante pouco mais de um ano.
No final de 2015, a ECB enviou uma carta a Aníbal denunciando o contrato com
uma antecedência de 10 dias. Aníbal está novamente incrédulo: fez investimentos
avultadíssimos na promoção dos produtos da ECB e na constituição de stocks, de
acordo com o plano de negócios desenhado em conjunto com a ECB.
R: O contrato celebrado entre a ECB e Aníbal foi um contrato de concessão. Concessão:
o concessionário celebra efetivamente compras para revendas, em nome e por conta
própria, mediante a remuneração que resulta do lucro. O concessionário é a face mais
visível do contrato, representando a marca em causa para uma determinada
circunscrição geográfica, normalmente.
Requisitos
1. Declaração unilateral reptícia
10. Uma parte poe termo.
11. Contrato indeterminado no tempo
8. Carlota, quando percebeu que Aníbal não teria onde cair morto, logo o trocou
por Fausto, jovem empresário de sucesso que pretende abrir um restaurante
igualzinho aos H4 que estão já espalhados por Lisboa e não sabe que contrato deve
celebrar para o efeito.
R: Deve celebrar um contrato de franquia. No contrato de franquia o franqueador atribui
ao franqueado a possibilidade [o direito e a obrigação] de usar nomes, insígnias,
processos de fabrico e comercialização de uma determinada marca, definindo os
parâmetros através dos quais a distribuição deve ser processada.
Com origem nos EUA, dada a dimensão geográfica do país, este tipo de contrato de
distribuição surge enquanto resposta quando inviáveis os métodos de distribuição
convencionais.
1. Como qualifica o contrato celebrado entre Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal,
S.A., Edifica, S.A. e JB? Quais as partes do contrato de empreitada celebrado
entre a FMM e o CCC?
São contratos comerciais ou não? CA- são atos meramente económicos; MC- estes
contratos são objetivamente comerciais (interpretação de cariz histórico).
Consórcio- o regime consta do DL 231/81 de 28 de julho, o qual define no seu art.1º o
consórcio como sendo o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou
coletivas, que exerçam uma atividade económica se obrigam entre si a, de forma
concertada, realizar certa atividade ou efetuar certa contribuição com fim de prosseguir
objetivos.
Objeto- realização de um empreendimento
Forma- escrita
Consórcio externo (5º/2)
Regra geral- só produz efeitos jurídicos perante os próprios.
Quais as partes envolvidas no problema?
Partes do consórcio (Cimentos Forte, Pedra e Cal e JB?) - não se obrigam a realizar a
obra (não podem porque o terreno não é deles); obrigam-se a organizar-se (prestações
típicas de coordenação). Todos têm a obrigação de fornecer bens da mesma espécie.
JB tem o problema do 4º/2 e 20º/1.
Art. 4º/2 é imperativo? Sim – 1º argumento proibição do fundo comum; 2º argumento
4º/1 fala em norma supletiva, logo parece que o 4º/2 é exceção.
Consórcio não gera realidade com autonomia patrimonial (daí não ser possível haver
fundos próprios, para não causar problemas).
Cláusula do JB: não é válida, logo JB não é parte do consórcio, prestação atípica do JB
é de financiamento. (é nula, 294º CC). Nulidade parcial (292º CC).
JB age apenas como chefe.
Art. 15º/1 é imperativo: pretende proteger o tráfego (confiança)
Art. 5º/2: consórcio externo.
2. A sociedade Moreira e Carvalho, Lda. moveu uma ação de responsabilidade
civil contratual contra JB exigindo-lhe o pagamento dos valores acordados com
Cimentos Forte, Lda. entendendo que, tratando-se de uma subempreitada para a
realização de uma obra do CCC, os membros do consórcio seriam solidariamente
responsáveis pelas obrigações assumidas. Os familiares do trabalhador da Pedra e
Cal, S.A. que morreu na obra seguiram-lhe o exemplo. Quid juris?
Contrato de empreitada: Moreira e Carvalho Lda (devedor da obra); Cimento Forte
O devedor era só um, não seria necessário ir ao art. 19º. Não há qualquer solidariedade
3. Oito meses após o início da obra, o pavilhão não estava ainda concluído, mas o
preço da empreitada já estava todo pago. Poderia a FMM exigir à Pedra e Cal,
S.A. a totalidade do valor devido a cláusula penal?
Artigo 19º/2- retira-se deste artigo que, fixada uma cláusula penal, se presume solidária
a obrigação dele recorrer.
513 CC- parciariedade
Se o ato for comercial- 100 CCom.