A publicidade utiliza uma linguagem com requintes de extrema subtileza e jogos de
sedução, claros ou dissimulados e, embora seja um discurso curto, lança mão de artifícios de persuasão, de um modo geral psicológicos, como seja acariciar o ego do destinatário, envolvê-lo emocionalmente, captar a sua simpatia, fazê-lo identificar-se com o apelo, levando-o a acreditar que a adesão a esse apelo o torna superior em status, qualificação, etc. Nos media encontramos dois tipos de publicidade – a institucional/cultural e a comercial. Em ambas o discurso publicitário fetichiza os objectos que são transformados em marcas de sedução, através de um apelo psicossociológico, visto que a mensagem se dirige a um sujeito psíquico, (dotado de pulsões, de afectos, defesas e projecções, identificações e desejos) e social (de uma cultura, de um contexto sócio-histórico, com valores de pertença e aceitação, um indivíduo que vive no colectivo e busca representar--se). Na publicidade comercial enfatiza-se a ideia de que "para ser é preciso ter" e que só se é um sujeito socialmente aceite quando se compra, fazendo assim parte de um grupo. Nas linhas e entrelinhas, a publicidade influencia, altera opiniões, sentimentos e atitudes, impõe valores, mitos, ideais e outras elaborações simbólicas, utilizando os recursos da própria língua que lhe serve de veículo, em tom coloquial, simples e pessoal, procurando estabelecer intimidade com o público-alvo. Para ir ao encontro dos desejos dos consumidores, a publicidade usa conhecimentos e percepções de natureza sociológica e sobretudo psicológica. A publicidade estimula os impulsos latentes ( as tendências) para provocar necessidades. Podemos indicar as seguintes: -o gosto e hábito pela informação tão próprio do homem, que hoje é estimulado pela publicidade, quando anuncia um produto como novo, última novidade, etc.; - o desejo aquisitivo é evidentemente o mais estimulado, criando nas pessoas a ideia de que podem adquirir o produto facilmente, por mais caro que ele seja; -a aspiração à felicidade e ao bem-estar é explorada por uma enorme percentagem de anúncios que exibem pessoas felizes, jovens e saudáveis em atitudes de lazer ou em locais de trabalho agradáveis;
Professora: Cristina Maia
Pág. 1 de 2 - a vaidade é estimulada nos anúncios de roupas, acessórios, cosméticos, mas também em produtos como automóveis ou simples isqueiros; -a sexualidade é frequentemente explorada pela publicidade, através da criação de ambientes mais ou menos erotizados a envolver o produto anunciado; - o princípio do menor esforço está subjacente nos anúncios que nos apresentam máquinas espectaculares e acessíveis ou produtos de limpeza que fazem o trabalho por nós ou ainda alimentos prontos a consumir; -o gosto pela economia é muito utilizado nas campanhas de promoção com preços reduzidos, nos saldos, nas ofertas de brindes, etc.; -a ambição (ou inveja) é a tendência que se explora nos anúncios em que se compara um produto com o equivalente de outra marca possuído pelo vizinho; -a necessidade de certeza é aproveitada pela publicidade quando leva o consumidor a não ter dúvidas sobre as vantagens do produto que adquire através de testemunhos de pessoas conhecidas ou de especialistas; -a necessidade de segurança presente nas campanhas em que se pode devolver o produto sem pagar nada ou usando como argumento o apoio ao cliente; -a sensibilidade é estimulada sobretudo em campanhas de carácter humanitário mas também em anúncios com fins comerciais que recorrem a imagens de ternura, muitas vezes com crianças ou animais.
Elementos do anúncio publicitário
Para activar plenamente as tendências que a publicidade deseja estimular, os anúncios devem ser cuidadosamente elaborados. A marca do produto anunciado, presente de uma forma dominadora ou discreta, é um elemento fulcral. Pode acontecer que ela esteja ausente e nós perguntar-nos-emos: “É um anúncio a quê?” Podemos estar certos que a resposta não tardará a surgir e foi entretanto conseguido um elemento importante: o interesse. A imagem é um outro elemento importante. Vivemos num mundo de imagens, a toda a hora somos chamados por estímulos visuais e, por isso, a imagem publicitária é cuidadosamente preparada para nos prender o olhar. Através da exuberância ou da sobriedade, da cor ou da intencional ausência dela, da originalidade, da associação inesperada, daquilo que mostra e sobretudo do que sugere. O slogan é fundamental e joga com o enorme poder que a palavra tem sobre nós. Deve ser original, conciso, fácil de memorizar e capaz de despertar a simpatia pela marca. O texto de argumentação pretende habitualmente dar credibilidade ao anúncio, apontando as vantagens da aquisição do produto, as suas qualidades, a sua superioridade, enfim, os argumentos que acabarão por nos persuadir.