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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CIÊNCIAS SOCIAIS – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA


FRANCISCO OCTÁVIO B. DE SOUSA – Matr.:190045809

PITKIN, Hanna. “Representação: palavras, instituições e ideias”. Lua


Nova, 67, 2003, pp. 15-47.

O objetivo do ensaio de Hanna Pitkin está em elaborar uma análise sociopolítica


da etimologia do termo “representação” e seus impactos na ciência política. Partindo
dos gregos que hoje são amplamente conhecidos pelas ferramentas de representação
aplicadas na política, mas que em seu tempo não tinham a palavra, passando pelos
romanos que, apesar de possuírem a palavra, não a empregavam com o significado
moderno. A ideia, mesmo que metafísica, de representação como “falar por terceiros”
só vai surgir na Idade Média, na literatura cristã, por volta do século XIII [PITKIN,
2003, p. 15-18].
No campo político, o uso do termo remonta a história dos cavaleiros que
originaram o parlamento inglês, na “ideia de que o governante simboliza ou encarna o
país como um todo”. No século XVII, a Guerra Civil e o debate que a acompanhou
serviu para reforçar “representação” no ambiente político. A ideia estava associada a
“carência de autoridade, poder e prestígio” [PITKIN, 2003, p.18-27].
Outro responsável pela difusão do termo e sua significação no espectro político é
Hobbes, com a publicação do Leviathan, na segunda metade do século XVII,
configurando a primeira obra a organizar um “exame da ideia de representação na teoria
política”. Depois da obra de Hobbes a discussão a cerca de representação política só
aumenta e da origem a duas questões que são o alvo da última parte do trabalho de
Pitkin: “a polêmica sobre o mandato e a independência e a relação entre a representação
e a democracia” [PITKIN, 2003, p.27-30].
A primeira, interligada a segunda, se preocupa com as atitudes do representante
no exercício do poder: ele deve tomar as decisões que acredita ser corretas ou as que
agradam seu eleitorado? Para responder a questão, a autora evoca Edmundo Burke que
vai elaborar toda uma discussão acerca da independência, mas a ideia que acaba
vigorando é a de representação pessoal que consiste na “representação de cada pessoa
individual por meio do sufrágio universal em distritos eleitorais com base na
população”. E é nesse aspecto se apoiaram os autores de um governo dito
representativo, que superaria a democracia direta em vários aspectos, abrindo espaço
para a segunda questão [PITKIN, 2003, p.30-36].
Teoricamente o principal fator para a escolha de um governo representativo seria
sua capacidade de lidar com conflitos e alcançar um ponto de equilíbrio, mas, visto que
é o sistema vigorante, não sei até que ponto ele provou essa habilidade. Os
desdobramentos da discussão sobre a representação vão alcançar o poder legislativo que
terá por função presar pelo bem público. A grande questão é que o governo
representativo serviu para manutenção da fortuna de uma pequena parte da população
que temia uma revolução das classes menos beneficiadas da sociedade e por conseguir
associar-se a um rotulo democrático é que essa estrutura resistiu e resiste a maioria das
críticas [PITKIN, 2003, p.36-43].

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