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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

As regiões de África onde se desenvolveu o regime de servidão

Ana Maria Torres João. 708192419

Curso: Administração Publica


Disciplina: Historia das Sociedades I
Exame Externo: 1º Ano

CD- Pemba, Setembro, 2021


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Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
Referências  Rigor e coerência das
6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia
3

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor


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Índice
Introdução.........................................................................................................................................5

Objectivos do Trabalho....................................................................................................................5

Metodologias....................................................................................................................................5

A Servidão........................................................................................................................................6

Natureza Jurídica..............................................................................................................................6

Servidão e Escravidão......................................................................................................................7

Regiões de África onde se Desenvolveu o Regime de Servidão......................................................8

África Subsaariana............................................................................................................................8

Conclusão.......................................................................................................................................10

Referências.....................................................................................................................................11
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Introdução

A Servidão como fenómeno histórico, disperso mundialmente, esteve presente na história


da humanidade, desde a fase final do Neolítico, até períodos mais recentes. Fato aceito
amplamente pelas diversas pesquisas realizadas. Porém, há muita dificuldade em se obter um
consenso quanto à origem da servidão, produzindo variadas hipóteses.

Ao analisar essa questão SILVA (2003), descreve a tese de Karl Jacoby, em que este
argumenta que, o processo de domesticação de animais, teria servido de modelo para a
escravização de seres humanos.

Objectivos do Trabalho

Objectivo Geral

 Realizar uma pesquisa sobre Regiões de África onde se Desenvolveu o Regime de


Servidão.
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Objectivos Específicos

 Conceituar o termo “Servidão”


 Contextualizar o breve histórico da Servidão
 Debruçar vários assuntos correlacionados com a Servidão.

Metodologias

Segundo GIL (2002), pode-se definir pesquisa como o processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico, tendo como objectivo fundamental, descobrir respostas
para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. A pesquisa busca o progresso
da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação directa com
suas aplicações e consequências práticas.

Neste estudo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica para a partir de matérias publicadas


sobre o tema, consulta de livros, artigos, podendo assim alcançar os objectivos descritos.

A Servidão

SILVA (2003), “A servidão é um estado de dependência de uma pessoa em relação à terra


em que trabalha e ao seu senhor. Pode ser definida como a situação política das pessoas livres, a
partir do século VII, nas sociedades feudais orientais. Posteriormente, a palavra passou a ser
usada em todo o mundo para qualificar diversas formas de privação de amor”.

É o direito do proprietário de um imóvel (denominado prédio dominante) de usar ou fruir


parte de outro imóvel pertencente a sujeito diverso (denominado prédio serviente).

Natureza Jurídica

A servidão é um negócio jurídico entre os proprietários dos prédios envolvidos, por meio
de contacto ou testamento, que deverá ser levado a registo no Cartório de Registo Imobiliário em
que consta a matrícula do imóvel.

OBS: a servidão também poderá ser adquirida por usucapião, ordinária ou extraordinária
(art. 1.379 e parágrafo único, CC).
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Trata-se de uma relação de sujeição dos membros de um grupo social aos de outro,
envolvendo determinadas obrigações. Correspondia à condição dos escravos no feudalismo,
especialmente no âmbito do sistema económico da senhoria (direitos feudais sobre a vida). Os
servos da gleba eram vinculados à terra e constituíam a mais baixa classe social da sociedade
feudal. Além do trabalho relacionado com a terra (agricultura, silvicultura), os servos também
realizavam actividades de transporte (por terra e por rios), artesanato e mesmo manufactura.

A servidão evoluiu a partir da estrutura fundiária do Baixo-império Romano,


caracterizada pela existência de latifúndios, nos quais a mão-de-obra era formada por
arrendatários que trabalhavam nos campos do proprietário e recebiam um lote de terra para a sua
subsistência, mediante aluguer. Com a instabilidade do Império nos séculos III e IV, diversos
pequenos proprietários passaram a vender suas terras para os grandes senhores de terras e a
empregar-se nos latifúndios como arrendatários, em troca de protecção.

A escravidão como fenómeno histórico, disperso mundialmente, esteve presente na


história da humanidade, desde a fase final do Neolítico, até períodos mais recentes. Facto aceito
amplamente pelas diversas pesquisas realizadas. Porém, há muita dificuldade em se obter um
consenso quanto à origem da escravidão, produzindo variadas hipóteses.

Ao analisar essa questão SILVA (2003), descreve a tese de Karl Jacoby, em que este
argumenta que, o processo de domesticação de animais, teria servido de modelo para a
escravização de seres humanos. Destacando que o surgimento da agricultura teria gerado a
necessidade de mão-de-obra, obtida através dos prisioneiros de guerra, sendo aplicadas as
mesmas formas de controlo às da domesticação de animais. Discordando desta tese, SILVA
(2003), propõe o inverso, que primeiro o homem escravizou o outro e depois domesticou os
animais, argumentando que a experiência obtida na escravização teria sido aplicada na
domesticação. Sem, contudo recusar a hipótese, de que esses dois processos, possam ter ocorrido
conjuntamente, em algumas culturas. Como exemplo cita, os povos da América e povos antigos
da África subsaariana.

Servidão e Escravidão
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A servidão é diferente da escravidão, já que que a condição dos servos era distinta da dos
escravos. A relação que os servos tinham com os seus senhores, embora de clara dependência, era
bilateral. O senhor concedia aos servos terra (gleba) para viverem e cultivarem, assegurando-lhes
proteção contra ataques externos. Em troca os servos deviam ao senhor pesados e variados
impostos da sua produção particular e eram obrigados a trabalhar no manso senhorial (terras do
senhor) certos dias por semana (em regra 2 a 3 dias de Sol a Sol). Eram obrigados a participar
como peões nas forças militares do senhor ou a servir como mão-de-obra em construções
senhoriais.

Os servos estavam também sujeitos à justiça senhorial. A condição de servo da gleba era
hereditária e inamovível: os servos não podiam abandonar a jurisdição senhorial (daí não serem
considerados livres), mas o senhor também não os podia expulsar das suas terras. Por diferença
com os futuros trabalhadores assalariados, além de não serem livres os servos da gleba não
recebiam salário.

WEDDERBURN (2007), diz que na África, a diversidade social que surgira a partir do
Neolítico, abrigava povos pastoris (nómadas ou sedentários), povos agricultores, convivendo no
mesmo espaço com grupos organizados em Estados burocráticos potentes, agremiações étnicas,
clâmicas ou confederações tribais.

Regiões de África onde se Desenvolveu o Regime de Servidão

África Subsaariana

Caravana árabe de comércio de escravos transportando escravos africanos através do


Saara Zanzibar já foi o principal porto de comércio de escravos da África Oriental e, sob os
árabes de Omã no século XIX, cerca de 50 mil escravos passavam pela cidade a cada ano.

Antes do século XVI, a maior parte dos escravos exportados da África era embarcada da África
Oriental para a Península Arábica. Zanzibar tornou-se um dos principais portos desse comércio.
Os comerciantes de escravos árabes eram diferentes dos europeus, pois eles frequentemente
realizavam expedições de assalto, às vezes adestrando profundamente no continente. Eles
também diferiam porque seu mercado preferia muito a compra de escravas do que as masculinas.
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A crescente presença de rivais europeus ao longo da costa leste levou os comerciantes


árabes a se concentrarem nas rotas de caravanas terrestres por todo o Saara, desde o Sahel até o
norte da África. O explorador alemão Gustav Nachtigal relatou ter visto caravanas de escravos
partindo de Kukawa em Bornu com destino a Trípoli e Egito em 1870. O comércio de escravos
representava a principal fonte de receita para o estado de Bornu em 1898. As regiões orientais da
República Centro-Africana nunca se recuperaram demograficamente do impacto das incursões do
século XIX no Sudão e ainda possuem uma densidade populacional inferior a 1 pessoa/km². [37]
Durante a década de 1870, as iniciativas europeias contra o tráfico de escravos causaram uma
crise económica no norte do Sudão, precipitando o aumento das forças madistas. A vitória de
Madi criou um estado islâmico, que rapidamente restabeleceu a escravidão.

Antes da chegada dos portugueses, a escravidão existia no Reino de Congo. Apesar de


estabelecido em seu reino, Afonso I de Congo acreditava que o comércio de escravos deveria
estar sujeito à lei do Congo. Quando ele suspeitou que os portugueses recebiam pessoas
ilegalmente escravizadas para vender, ele escreveu cartas ao rei João III de Portugal em 1526,
implorando para que ele parasse com a prática.

A escravidão na Etiópia foi um fenómeno integrante da sociedade etíope desde sua


formação até o século XX. Os escravos eram tradicionalmente retirados dos grupos nilóticos que
habitavam o interior do sul da Etiópia, bem como grupos domóticos. Prisioneiros de guerra eram
outra fonte de escravos, embora o tratamento e deveres desses escravos fosse marcadamente
diferente em comparação aos demais. Os escravos também eram vendidos no exterior como parte
do tráfico árabe de escravos, servindo como concubinas, guarda-costas, servos e tesoureiros.

Na colónia de Angola, a exportação de mão-de-obra escrava pelo porto de Luanda terá


sido alvo de competição no século XVII entre portugueses e holandeses.

É depois da disputa entre os colonizadores, cujo vencedor foi o reino de Portugal, que
pode ter se originado a captura directa de escravos, nas chamadas Guerras Angolanas, no seio de
certas tribos que tinham lutado contra os portugueses. Foi dessa forma que Angola se tornou um
centro importante de fornecimento de mão-de-obra escrava para o Brasil, onde crescia não apenas
a produção de cana-de-açúcar no Nordeste, mas também a exploração de ouro na região central.
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Navios com mercadorias de Goa faziam escala em Luanda lá deixando panos, as


chamadas "fazendas de negros". Dali, seguiam para Salvador, na Bahia, carregados de escravos e
de outras mercadorias provenientes da Índia (como louças e tecidos). Foi assim que Salvador se
tornou um centro difusor de mercadorias da Índia pela América do Sul.

No Egipto faraónico, os escravos eram denominados de “mortos vivos”, sendo


propriedade do faraó, este poderia reparti-los entre os deuses, o clero e a nobreza. Embora possa
ter variado em diferentes épocas, acredita-se que o número de escravos tenha sido limitado, pois a
mão-de-obra mais utilizada era composta pelos “felás”.

De acordo com SILVA (2003), “Na África, o comércio de escravos negros para a península
arábica, é descrito como antiquíssimo, por rotas que atravessavam o mar Vermelho. È possível
que existissem outras rotas, passando pelo Egipto, ou embarcando nas praias do Índico.
Possivelmente, composto na maioria de mulheres (etíopes, abexins, somalis), destinadas ao
concubinato. Mesmo tendo variado, em diversos períodos, provavelmente, era minoria entre os
escravos na Arábia, na época de Maomé”.

Conclusão

Ao concluir esta pesquisa sobre as origens e transformações da servidão na África, foi


possível verificar a importância do mesmo, para entender toda a dinâmica do processo de
escravização e do tráfico de escravos, responsável pela diáspora dos negros africanos.

O objectivo da pesquisa que se caracterizou pela análise da servidão no continente


africano, resultou em novos e significativos conhecimentos sobre a temática, e, espera-se que o
mesmo possa contribuir para o aprimoramento do trabalho docente.

Algumas dificuldades estiveram presentes, no desenvolvimento dessa temática, como a


falta de publicações nacionais, sobre o assunto, visto que muitas das recentes pesquisas neste
campo, não foram editadas em Moçambique, como também, o acesso a publicações
internacionais, de custo elevado.

No decorrer da pesquisa, assuntos pertinentes, ligados a temática, como o movimento de


resistência a servidão, o papel das elites africanas no processo de escravização, como também o
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movimento abolicionista, não puderam ser contemplados, pelas dificuldades citadas


anteriormente, como também, pelo diminuto tempo para pesquisa. O que não exime em merecer
estudos posteriores

Referências

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisas. São Paulo: Atlas, 2002.

SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A Escravidão na África de 1500 a 1700.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Ed. UFRJ, 2003.

WEDDERBURN, Carlos Moore. O Racismo Através da História. Da antiguidade à


modernidade. Copyright, 2007.

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