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1.1 Conceito de Pedagogia, Ensino e Didática
Tais conceitos, atualmente, dão outros significados para a Educação, como ensinar, do latim
insegnare, que significa marcar com um sinal; em que aquele que ensina deixa uma marca no
aluno. E instrução, do latim instruere, que significa erguer, construir, formar; entendendo a
instrução como processo e produto.
O ato de ensinar
O ato de ensinar, considerado não neutro, está situado no tempo e em um lugar. Contribui para
produzir um certo tipo de ser humano, sociedade, dando vez e voz aos valores e crenças de
grupos sociais.
Desenvolvimento de conteúdos
Ensinar implica desenvolver conteúdos a partir das propostas da didática. O professor pode
organizar-se e dar significados aos novos conhecimentos.
O planejamento permite que ele desenvolva as etapas seguintes:
APLICAÇÃO - aplicação do novo conhecimento a situações práticas.
GENERALIZAÇÃO - o novo conhecimento responde a outros problemas similares cotidianos.
ASSIMILAÇÃO - as causas dos fenômenos e integração ao conhecimento prévio do aluno.
APRESENTAÇÃO - apresentação da utilidade do novo conhecimento.
PREPARAÇÃO - apresentação objetiva do conteúdo e uso de recursos que estimulam os
sentidos.
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Conceituando o processo educacional
Função da didática
A Didática se relaciona com outras disciplinas pedagógicas como ferramenta de ensino. Com
métodos e técnicas ela contribui para o desenvolvimento dos entendimentos dos sentidos da
educação (Filosofia da Educação), dos condicionantes (Sociologia da Educação) e dos aspectos
comportamentais (Psicologia da Educação) que apresenta favorecendo a aprendizagem.
Didática e docência
Os docentes precisam dominar as bases teóricas e suas articulações com o ensino real, dessa
forma poderão reavaliar sua prática educativa.
Os objetivos a serem alcançados dependem de um planejamento, cujas metas e ações tenham
a didática como ferramenta que o docente aplica dentro das possibilidades para trilhar o
caminho da aprendizagem.
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Contribuição da didática para a formação de professores
Todo bom professor necessita ser teoricamente bem fundamentado, exercer reflexões críticas
sobre a educação, planejar e atuar como mediador entre o conhecimento e o aprendiz, na
reprodução, produção e transformação do conhecimento.
Prática pedagógica
Para desenvolver a aprendizagem, é preciso que exista a situação de ensino que ocorre entre
professor e alunos, em que o professor transmite, organiza a construção e a assimilação de
conhecimentos usando diferentes recursos e instrumentos. Os valores e crenças da equipe
pedagógica e de sua localidade reforçam a atuação do professor num contexto sociocultural.
Competências do professor
Características da escolarização
O processo educacional requer uma série de elementos, como organização, espaços e regras.
Nesse sentido, é importante observar as seguintes condições que precisar estar ordenadas:
• Espaços definidos para educar.
• Horários rígidos.
• Seleção de conteúdos apropriados.
• Obrigatoriedade de frequência.
• Avaliação e certificação da aprendizagem.
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1.3 Os saberes docentes
O professor é considerado um mediador entre o aluno e as matérias que serão conhecidas. Para
isso, o professor organiza materiais, recursos, ambientes e condições para que ocorra a
atividade de aprendizagem dos alunos.
Importante destacar, todavia, que a ação do professor é condicionada por sua filosofia de vida,
por suas convicções políticas, por sua competência profissional e por suas preferências em
relação a métodos de trabalho, entre outras.
O ensino, portanto, não é uma ação neutra na qual há um conhecimento a transmitir/apreender,
mas é um processo multidimensional. O fato de ser multidimensional e acontecer em um
universo complexo, exige do professor uma multiplicidade de saberes.
Podemos dizer que os saberes do professor possuem três dimensões fundamentais: a humana,
a técnica e a político-social.
1) Dimensão humana: composta pelas relações interpessoais, grupais e pelos aspectos
subjetivos.
2) Dimensão técnica: envolve a capacidade de conduzir o processo de ensino levando o aluno
ao aprendizado por meio de uma ação sistemática e a capacidade de planejar, selecionar
conteúdos, estratégias de ensino, avaliar, ou seja, de dominar os aspectos objetivos do ensino.
3) Dimensão político-social: ligada à compreensão que o educador possui em relação a sua
cultura e à sociedade e os compromissos políticos que assume durante o ato de ensinar. Em
outras palavras, trata-se de ter consciência de como o seu trabalho educativo colabora para
formar um certo tipo de cidadão e de sociedade.
As visões reducionistas sobre o ensino costumam afirmar apenas uma dessas dimensões e negar
que elas devem caminhar juntas, ou seja, uma junção das três dimensões: a humanista, a técnica
e a político-social.
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Os saberes do professor se referem a essas dimensões no ato de ensinar. Esses saberes são
desenvolvidos durante a formação inicial e a formação continuada dos professores.
Hoje, no Brasil, temos uma Base Nacional Comum que defende que a formação de professores
no país deve se assentar em cinco eixos:
1) em sólida formação teórica;
2) na unidade teoria e prática durante o processo de formação;
3) no compromisso social e a democratização da escola;
4) no trabalho coletivo;
5) na articulação entre a formação inicial e continuada.
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descobertas eram limitados, e esse é um dos fatores que justificam a necessidade de sua
atualização por meio dos instrumentos dos quais dispomos hoje.
Com o objetivo de preparar os alunos para fazerem descobertas, o professor pode tentar
reconstruir com eles o caminho que fizeram as pessoas que produziram aquele conhecimento.
Quando o professor conhece o conteúdo que pretende ensinar, ele tem condições de planejar
um ensino que rompa com uma simples memorização de fatos e com uma assimilação
medianamente compreensível de conceitos e sistemas conceituais pelos alunos.
O professor deve planejar e desenvolver atividades de ensino que permitam que seus alunos
trabalhem os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais presentes nos conteúdos
escolares de forma inter-relacionada.
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Ao planejar o ensino, o professor deve se preocupar em fornecer estímulos e oportunidades
para que o aluno construa conhecimentos, desenvolva habilidades e atitudes, tudo de maneira
integrada.
Ensinar é um ato intencional do professor com vistas a atingir objetivos de aprendizagem dos
alunos.
O professor tem uma linguagem que desenvolveu ao longo de sua formação acadêmica. Uma
das funções da escola é introduzir o aluno nessa nova linguagem, mas sem desmerecer o modo
habitual de os alunos se expressarem, porque isso não é justo com suas histórias de vida e pode
inibi-los, se forem censurados.
O aprendizado de uma nova forma de se expressar ocorrerá lentamente ao passo que o
professor der oportunidade aos estudantes de exporem suas ideias sobre os fenômenos
estudados, criar um ambiente encorajador para que eles adquiram segurança e envolvimento
com o mundo e com o linguajar da ciência.
Os alunos precisam aprender a questionar, a testar possíveis soluções, a identificar o que deu
certo e o que não deu, precisam aprender a argumentar sobre as decisões que tomaram, seja
individual ou coletivamente.
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que toma em seu trabalho produzem consequências na vida dos alunos, na própria vida e na
vida da sociedade.
O profissional deve ser orientado pela ética, pois é comum que enfrente alguns dilemas. Toda
pessoa pode errar, mesmo tentando ser responsável, justa e solidária. Por isso, torna-se
necessária a reflexão constante sobre a atuação cotidiana, de forma a poder redirecionar suas
ações e trajetória do ensino, procurando deixar clara sua posição política e manter o
compromisso com as regras acordadas com os educandos. Assim, diante dos dilemas, o
professor pode sempre encontrar uma saída que encaminhe a educação para seu objetivo, que
é a aprendizagem do aluno.
Criar sistemas para conter a violência (que pode ser violento) ou deixar tudo como está?
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Convencer os alunos de que a violência não compensa (a violência simbólica praticada na escola
não compensa para todos? A chacota (bullying), por exemplo, compensa para alguns alunos que
a praticam regularmente.)
Possível saída
Conformar-se e deixar como está porque é difícil mudar, ou tentar tirá-los da cabeça dos alunos?
o Possível saída
Saber que tem o dever de ser um professor comprometido, mas não ser.
Perceber que os alunos não obedecem às regras criadas por eles: insistir ou retroceder?
o Possível saída
Reforçar o próprio comprometimento.
o Possível saída
o Possível saída
Para que o professor não tenha medo de correr o risco, os direitos e deveres dos alunos
e dos professores precisam ser claros e aceitos por todos.
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Fechamento
Referências
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.
FREIRE. P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 22. ed. Rio de
Janeiro: 2002.
PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI. Porto Alegre: Artmed
Editora, 2014.
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