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Reclamação Graciosa - Nota: 14

Direito Administrativo (Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra)

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Relatório de estágio
Reclamação graciosa

Elaborado pelo aluno Micael dos Santos Batista Pereira, n.º 13887, no âmbito da unidade
curricular de “Estágio”, integrada no 6.º semestre da Licenciatura em Solicitadoria e Administração,
sob a orientação do Dr.º Armando Veiga e a supervisão da Dr.ª Adelaide da Cunha

Coimbra
2016

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Relatório de estágio

Lista de siglas
Art. - Artigo

AT – Autoridade Tributária

CC - Código Civil

CIMT – Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

CIRS - Código do Imposto sobre Rendimentos das Pessoas Singulares

CIS – Código do Imposto de Selo

CIVA – Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

CPA – Código do Procedimento Administrativo

CPC – Código de Processo Civil

CPPT – Código de Procedimento e Processo Tributário

CRP – Constituição da República Portuguesa

DSIRS - Direção de Serviços do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

EIRL – Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada

IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis

IMT - Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

IRC – Imposto sobre Rendimentos de Pessoas Coletivas

IRS – Imposto sobre Rendimentos das Pessoas Singulares

IS - Imposto de selo

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IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

LGT – Lei Geral Tributária

RCPIT - Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária e Aduaneira

STA – Supremo Tribunal Administrativo

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Relatório de estágio

Agradecimentos

Obrigado por tudo, Mãe, Avó e Avô.

Obrigado Mizé.

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Relatório de estágio

Introdução
No seguimento do meu percurso académico no ISCAC, mais propriamente no curso
de Solicitadoria e Administração, é-nos imposto a realização de um estágio curricular e
consequente relatório. O estágio realizado junto da entidade acolhedora teve um período de 182
horas, do qual, sem sombras de dúvidas, extraí aquilo a que a meu ver, se pretende num estágio
deste género, que é o contacto com a realidade da profissão e como teremos no futuro de nos
manobrar para “combater” os problemas/desafios inerentes ao solicitador/agente de execução,
que como sabemos, em muito é distinto daquilo que aprendemos nas cadeiras da sala de aula.

O estágio, embora, tenha sido muito direcionado para questões de direito executivo e
direito notarial, foi sempre o direito administrativo e direito fiscal que mais me fascinou ao
longo do percurso académico. Por isso este relatório será direcionado a estas duas áreas do
direito.

O caso escolhido, por mim, trata-se de um contribuinte que não concorda com uma
notificação para liquidação em sede de IRS e que por sua vez retribui com uma reclamação
graciosa para a entidade que emitiu o ato tributário.

Como veremos, farei uma alusão como funciona toda a tramitação do procedimento
de IRS, e aprofundarei o procedimento tributário de uma forma geral e acabo com as garantias
dos contribuintes, sendo este o tema central do caso em estudo.

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Exposição do caso prático


O sujeito passivo, “Maria”, entregou a declaração Modelo 3 (Anexo 1) de IRS relativa
ao ano de 2013, onde para além dos rendimentos de pensões obtidos em Portugal, considerou
o anexo J os rendimentos obtidos no Brasil no valor de €3252,81 e o imposto pago de €502,68
dando a origem a liquidação n.º 2014 xxxxxx, desta liquidação resultou um valor a pagar de
€180,74.

Naquela liquidação os Serviços Tributários consideraram os rendimentos obtidos no


estrangeiro como rendimentos isentos, sujeitos a englobamento para efeitos de determinação de
taxa a aplicar aos restantes rendimentos, não considerando o imposto pago no estrangeiro na
liquidação de IRS do ano de 2013, sendo este o facto que originou a reclamação graciosa.

O sujeito passivo remeteu um documento (relativo a pensão atribuída pelo Instituto


Nacional do Seguro Social Brasileiro) à DSIRS para análise, para esta verificar se seria
suficiente para comprovar o imposto retido na fonte.

Na resposta a DSIRS determina que os Serviços Tributários devem elaborar e recolher


uma declaração oficiosa, onde conste:

No quadro 4 – Campo 416 No quadro 6 – Campo 601

Segurança Social: 0 Código do Pais: 991

Montante do rendimento: €4002,76 Imposto pago no estrangeiro: 0

A DSIRS esclarece ainda que as pensões em questão devem ser consideradas como
rendimento isento, embora sujeito a englobamento para efeitos de determinação da taxa a
aplicar aos restantes rendimentos.

A declaração oficiosa deu origem à liquidação n.º xxxxxx com um valor nulo a pagar.

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Capitulo I – O IRS
1 – Conceito de imposto

Podemos definir o imposto baseando-nos em três elementos: um elemento objetivo,


um elemento subjetivo e um elemento teleológico. No primeiro, o imposto é uma prestação
pecuniária, unilateral, definitiva e coativa. No segundo, o imposto é uma prestação, com as
características objetivas que acabo de mencionar, exigida a detentores, sejam eles individuais
ou coletivos, de capacidade contributiva a favor de entidades que exerçam funções ou tarefas
públicas. Por último, no terceiro elemento, o imposto é exigido pelas entidades que exercem
funções públicas para a realização dessas mesmas funções, desde que não tenham carácter
sancionatório.

2 – Sistema fiscal português – impostos

Podemos dividir os impostos do nosso sistema fiscal em três grupos:

a) Impostos sobre o rendimento: IRS, que tributa o rendimento global das


pessoas singulares (aqui entram as empresas individuais); e o IRC, que tributa
o lucro das empresas (coletivas) ou o rendimento global das demais pessoas
coletivas.
b) Impostos sobre o património: O IMI incidente sobre o património imobiliário
detido e cuja matéria coletável é constituída pelo valor patrimonial tributário
dos prédios rústicos ou urbanos; o IMT que tributa a transmissão onerosa de
bens imoveis; e o IS (sobre transmissões gratuitas) que incide sobre a
transmissão gratuita de bens móveis ou imoveis por atos inter vivos ou mortis
causa a favor de pessoas singulares.
c) Impostos sobe o consumo: O IVA, e ainda os impostos especais de consumo
(IEC), em que temos: O imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos,
o imposto sobre o tabaco, o imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas, o
imposto sobre veículos e o imposto único de circulação.

Para o caso em apreço, interessa analisar com pertinácia apenas o imposto sobre o
rendimento de pessoas singulares.

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4 – O procedimento tributário do IRS

Por regra, o procedimento tributário inicia-se com a entrega da declaração de


rendimentos1, dentro dos parâmetros definidos para as diversas categorias de rendimentos
previstos no CIRS.

Segundo o disposto no art. 60.º do CIRS, as declarações de rendimentos deverão ser


entregues nos seguintes prazos:

a) De 15 de março a 15 de abril, quando os sujeitos passivos apenas hajam recebido


ou tenham sido colocados à sua disposição rendimentos das categorias A e H;

b) ) De 16 de abril a 16 de maio, nos restantes casos.

Nos termos do artigo 76.º n.º 1 do CIRS, a liquidação do IRS processa-se nos termos
seguintes:

a) Tendo sido apresentada a declaração até 30 dias após o termo do prazo legal, a
liquidação tem por objeto o rendimento coletável determinado com base nos elementos
declarados, sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 65.º;

b) Não tendo sido apresentada declaração, a liquidação tem por base os elementos de
que a Autoridade Tributária e Aduaneira disponha;

c) Sendo superior ao que resulta dos elementos a que se refere a alínea anterior,
considera-se a totalidade do rendimento líquido da categoria B obtido pelo titular do rendimento
no ano mais próximo que se encontre determinado, quando não tenha sido declarada a respetiva
cessação de atividade.

Caso não seja apresentada declaração, o titular dos rendimentos é notificado por carta
registada para cumprir a obrigação em falta no prazo de 30 dias. Em todos os casos previstos

1
Art. 57.º do CIRS 1 - Os sujeitos passivos devem apresentar, anualmente, uma declaração de modelo
oficial, relativa aos rendimentos do ano anterior e a outros elementos informativos relevantes para a sua concreta
situação tributária, nomeadamente para os efeitos do artigo 89.º-A da lei geral tributária, devendo ser-lhe juntos,
fazendo dela parte integrante os anexos e outros documentos que para o efeito sejam mencionados no referido
modelo.

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no n.º 1 do art. 76.º do CIRS, a liquidação pode ser corrigida, se for caso disso, dentro dos
prazos e nos termos previstos nos artigos 45.º e 46.º da LGT.

Nos mesmos termos definidos para a liquidação, os contribuintes que entregaram as


declarações fiscais quer na primeira quer na segunda fase deverão pagar o imposto liquidado
até ao último dia de Agosto. Os incumpridores e que aceitem a liquidação calculada de acordo
com a informação disponibilizada pela Administração Fiscal, no mês de Novembro, deverão
pagar o imposto até ao final do mês de Dezembro. Só que neste caso, acrescem os juros
sancionatórios do incumprimento dos deveres de declaração atempada, calculados na própria
liquidação, conforme determina o número 2 do artigo 97.º do CIRS.

3 – IRS – incidência pessoal

Os arts. 13.º e segs. do CIRS, determina que são sujeitos passivos do IRS, por um lado,
as pessoas singulares residentes e, por outro, as pessoas singulares não residentes.

Portanto, são sujeitos passivos do IRS:

a) As pessoas singulares (englobando as empresas individuais, o EIRL, os


membros das pessoas coletivas sujeitas ao regime de transparência fiscal, nos
termos do art. 6.º do CIRC) residentes (que tenham domicilio) em território
nacional, que são tributadas pela totalidade dos seus rendimentos, incluindo os
obtidos fora do território nacional, ou seja, segundo o princípio da
universalidade ou do rendimento mundial.
b) As pessoas singulares não residentes (que não tenham domicilio) em território
nacional, que são tributadas apenas pelos rendimentos obtidos em Portugal, ou
seja segundo o princípio da territorialidade ou da obrigação tributária limitada
beneficiarão também os chamados residentes não habituais, no quadro de
regime especial de tributação em IRS.2

Sendo, residentes, e existindo agregado familiar o imposto é devido pelo conjunto dos
rendimentos das pessoas que constituem o agregado, o qual é constituído, no caso de agregados
familiares biparentais, pelos cônjuges não separados judicialmente de pessoas e bens e pelos

2
José Casalta Nabais, Direito Fiscal, editora almedina, 9.ª edição, 2016, pp. 477 e 478

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seus dependentes, sendo estes os filhos, os adotados e os enteados menores e, bem assim, os
maiores em certas circunstâncias e, no caso dos agregados monoparentais, por cada um dos
cônjuges, ex-cônjuges, pai ou mãe solteiros ou adotante solteiro e seus dependentes.

4 – IRS – incidência real

O IRS incide sobre o valor anual das demais categorias elencadas no n.º 1 do art. 1.º
do CIRS, mesmo quando provenientes de atos ilícitos, que são elas:

a) Categoria A - Rendimentos do trabalho dependente;


b) Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais;
c) Categoria E - Rendimentos de capitais;
d) Categoria F - Rendimentos prediais;
e) Categoria G - Incrementos patrimoniais;
f) Categoria H - Pensões.

Não analisarei com afinco e detalhe todos as categorias, pois não são objeto do caso
em estudo, focar-me-ei portanto na categoria H – Pensões.

5 – IRS - Categoria H - Pensões

Consideram-se “pensões”, as prestações que, embora não sejam rendimentos de


trabalho subordinado, são devidas a título de pensões de aposentação de reforma, velhice,
invalidez, ou de sobrevivência e outras de igual natureza como ainda: as pensões de alimentos;
as prestações a cargo de seguradoras; fundos de pensões; ou quaisquer outras entidades, devidas
no âmbito de regime complementar de segurança social em razão de contribuição da entidade
patronal, e que não sejam consideradas rendimentos do trabalho dependente; as rendas
temporárias ou vitalícias; quaisquer outras pensões ou subvenções.

“Como é fácil de ver, estamos perante rendimentos muito semelhantes aos


rendimentos do trabalho dependente, pois, trata-se, fundamentalmente, de rendimentos do
trabalho dependente de ontem. O que terá estado na base da uniformização da dedução
específica nas categorias A e H estabelecida pela recente reforma de IRS”.3

3
José Casalta Nabais, Direito Fiscal, editora almedina, 9.ª edição, 2016, p. 487

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6. As taxas do imposto

Pela força da letra constitucional, o IRS é um imposto progressivo, o que implica a


adoção de vários escalões de rendimentos aos quais correspondem taxas diferentes que variam
mais do que proporcionalmente, aumentando à medida que aumenta o rendimento tributável.

As taxas do IRS podem ser classificadas como taxas gerais e taxas especiais. As taxas
gerais de IRS são progressivas por escalões de rendimento, o que significa que o rendimento
global líquido do contribuinte deve ser sujeito às taxas constantes da tabelo do artigo 68.º do
CIRS.

Artigo 68.º - Taxas gerais

1 - As taxas do imposto são as constantes da tabela seguinte:

2 - O quantitativo do rendimento coletável, quando superior a € 7 035, é dividido em


duas partes: uma, igual ao limite do maior dos escalões que nele couber, à qual se aplica a taxa
da col. (B) correspondente a esse escalão; outra, igual ao excedente, a que se aplica a taxa da
col. (A) respeitante ao escalão imediatamente superior.

As taxas especiais são proporcionais dado que se mantêm constantes,


independentemente do montante da matéria coletável. Um exemplo de taxas especiais, são as
taxas liberatórias previstas no artigo 71.º do CIRS, que são taxas cuja aplicação a título de
retenção na fonte, libera o contribuinte da obrigação do englobamento dos rendimentos a elas
sujeitas.

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7. Deduções à coleta

Antes de iniciar o estudo deste ponto, convém referir que são múltiplas as deduções à
coleta (art. 78.º a 88.º do CIRS), com isto, torna-se insustentável e despropositado ao tema em
estudo, abordar todas estas deduções. Logo, apenas elenco as deduções existentes, mas sem as
profundar.

Assim, aplicadas as taxas ao rendimento coletável fica apurada a coleta do IRS, valor
a que temos de abater as deduções previstas nos artigos 78.º a 88.º do CIRS, para assim fixar o
montante do imposto a pagar pelo sujeito passivo.

O n.º 1 do art. 78.º identifica os diversos tipos de deduções que têm lugar em IRS e
que são as deduções relativas a:

a) Aos dependentes do agregado familiar e aos ascendentes que vivam em comunhão


de habitação com o sujeito passivo;

b) Às despesas gerais familiares;

c) Às despesas de saúde e com seguros de saúde;

d) Às despesas de educação e formação;

e) Aos encargos com imóveis;

f) Às importâncias respeitantes a pensões de alimentos;

g) À exigência de fatura;

h) Aos encargos com lares;

i) Às pessoas com deficiência;

j) À dupla tributação internacional;4

4
Código do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares Última atualização: Lei n.º 7-A/2016,
de 30/03 73

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k) Aos benefícios fiscais.

De acordo com o n.º 75, a soma das deduções à coleta previstas nas alíneas c) a h) e k)
do n.º 1 não pode exceder, por agregado familiar, e, no caso de tributação conjunta, após
aplicação do divisor previsto no artigo 69.º, os seguintes limites:

a) Para contribuintes que tenham um rendimento coletável inferior a € 7 035, sem


limite;
b) b) Para contribuintes que tenham um rendimento coletável superior a € 7 035 e
inferior a € 80 000, o limite resultante da aplicação da seguinte fórmula: € 1 000 +
[ (€ 2 500 - € 1 000) x [€80 000 - Rendimento Coletável]]/€ 80 000 - € 7 035;
c) Para contribuintes que tenham um rendimento coletável superior a € 80 000, o
montante de € 1 000.

Nos termos do n.º 8, os agregados com três ou mais dependentes a seu cargo, os limites
previstos no n.º 7 são majorados em 5 % por cada dependente ou afilhado civil que não seja
sujeito passivo do IRS.

Analisado este capítulo, passo para o estudo do procedimento tributário.

8. Enquadramento prático

Maria entregou a sua declaração de IRS (ver anexo 1), sendo este o primeiro passo
para que se inicie o procedimento tributário. Fê-lo dentro dos parâmetros definidos para a sua
categoria de rendimentos prevista no CIRS. Os arts. 13.º e segs. do CIRS, determina, que Maria
é sujeito passivo de IRS e residente. Sendo, pensionista, Maria, “entra” na categoria H,
referente a pensões. Esta tem rendimentos obtidos tanto em Portugal como no Brasil. Existindo
uma convenção6 entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil destinada a
evitar a dupla tributação e a prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento.

Da declaração de IRS (modelo 3) podemos extrair o seguinte:

5
Redação da Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março.
6
Ver in. Diário da República n.º 98/2001, Série I-A de 2001-04-27

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No anexo A, Maria, apresenta rendimentos no valor de €5.075,93 sem qualquer tipo


de retenções ou contribuições. No anexo J, referente a rendimentos obtidos no estrangeiro,
Maria apresenta um montante de rendimento no valor de €3.252,81 e imposto pago no
estrangeiro (consagrado na convenção já referida) no valor de €502,63. Não apresentando
qualquer tipo de deduções à coleta nesta declaração.

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Capitulo II – Do procedimento tributário


Quando falamos em procedimento, é no sentido de pré-ordenação de uma série de
fases com vista à formação da vontade de um órgão público. No Estado de Direito o órgão da
administração pública não toma decisões de forma arbitrária e livre. Logo a administração não
atua fora do Direito, antes age de forma vinculada à lei e aos princípios jurídicos fundamentais
que forma o bloco da legalidade.

1. Os órgãos da administração fiscal

A administração fiscal integra-se organicamente num departamento ministerial, que é


o Ministério das Finanças. Sendo este ministério, de acordo com a sua lei orgânica (DL n.º
117/2011, de 15 de Dezembro), constituído por vários serviços.

Dos demais serviços, existem: 1) dos diversos serviços de administração direta,


destaca-se a AT e a inspeção-geral de finanças (IGF); 2) três organismos de administração
indireta do Estado (a Caixa Geral de Aposentações IP, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do

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Crédito Publico IP) e a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, I.P. 3) três
entidades administrativas independentes de supervisão e regulação do sistema financeiro (o
Banco de Portugal, o Instituto de Seguros de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários).

2 – Princípios que orientam a administração tributária

O Estado de Direito consagra direitos e deveres quer para os contribuintes quer para a
própria Administração Pública, onde se integra a Administração Tributária. A LGT especifica
os princípios a que a administração tributária está obrigada: “A administração tributária exerce
as suas atribuições na prossecução do interesse público, de acordo com os princípios da
legalidade, da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da celeridade,
no respeito pelas garantias dos contribuintes e demais obrigados tributários.”

Analiso, de forma sintetizada, cada um destes princípios:

Princípio da legalidade - Nos termos do artigo 103.º da CRP, os impostos são criados
por lei, sendo a sua liquidação e cobrança feitos nos termos também previstos na lei. O artigo
8.º da LGT acrescenta ainda que está sujeita à lei a regulamentação da: liquidação e cobrança
dos tributos, incluindo os prazos de prescrição e caducidade; regulamentação das figuras da
substituição e responsabilidade tributárias; definição das obrigações acessórias; definição das
sanções fiscais sem natureza criminal; regras de procedimento e processo tributário.

Princípio da verdade material – Todo o procedimento tributário tem como objetivo


a descoberta da verdade material, concretizada no princípio da justiça: os atos do procedimento
pressupõem o respeito pela administração fiscal do princípio da capacidade contributiva e do
princípio da cooperação pelo contribuinte para que a tributação se faça sobre pressupostos reais
e efetivos.

Princípio da celeridade - O princípio da celeridade abarca duas dimensões, a


primeira: simplicidade e economia dos procedimentos, proibindo-se a prática de atos inúteis ou
dilatórios (57.º n.º 1 da LGT) ou o arquivamento do procedimento de iniciativa do contribuinte
se ficar parado por mais de 90 dias por motivo que lhe seja imputável (artigo 53.º n.º 1 do
CPPT); segundo a segunda, a rapidez na atuação seja com o estabelecimento de um prazo

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máximo para decisão de 4 meses (57.º n.º 1 da LGT) ou 8 dias para prazo procedimentais (n.º
2 do artigo 57.º da LGT).

Princípio da confidencialidade - Este princípio concretiza-se no dever de sigilo a que


os dirigentes, funcionários e agentes da administração tributária estão obrigados relativamente
aos dados recolhidos sobre a situação tributária dos contribuintes ou outros elementos pessoais
(artigo 64.º n.º 1 da LGT). Este dever cessa, no elenco do plasmado no n.º 2 do artigo 64.º da
LGT.

Princípio da imparcialidade – À administração fiscal compete assegurar o interesse


público e a descoberta da verdade material, mesmo que esta descoberta possa ser desfavorável
à administração.

Principio da obrigatoriedade de decisão - Nos termos do artigo 56.º da LGT, a


administração tributária está obrigada a pronunciar-se sobre todos os assuntos da sua
competência que lhe sejam apresentados por meio de reclamações, recursos, representações,
exposições, queixas ou quaisquer outros meios previstos na lei pelos sujeitos passivos ou quem
tiver interesse legítimo, salvo quando: A administração tributária se tiver pronunciado há menos
de dois anos sobre pedido do mesmo autor com idênticos objeto e fundamentos; Tiver sido
ultrapassado o prazo legal de revisão do ato tributário.

Principio da obrigatoriedade de fundamentação da decisão - A decisão de


procedimento é sempre fundamentada por meio de sucinta exposição das razões de facto e de
direito que a motivaram, podendo a fundamentação consistir em mera declaração de
concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações ou propostas, incluindo
os que integrem o relatório da fiscalização tributária (artigo 71.º n.º 1 da LGT). A violação deste
dever ou a fundamentação incompleta constituem uma ilegalidade, suscetível de conduzir à
anulação do ato em causa.

Principio do duplo grau de decisão - No procedimento tributário vigora o princípio


do duplo grau de decisão, não podendo a mesma pretensão do contribuinte ser apreciada
sucessivamente por mais de dois órgãos integrando a mesma administração tributária (artigo
47.º n.º 1 do CPPT). Daqui decorre: apenas se podemos recorrer administrativamente uma vez
e que, existindo duas decisões desfavoráveis, o ato tributário é definitivo, cabendo recurso para

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os tribunais administrativos e fiscais. Por exemplo, se do indeferimento de uma reclamação


graciosa, for apresentado recurso hierárquico, de uma eventual decisão desfavorável, só poderá
ser apresentado recurso perante os tribunais administrativos e fiscais.

3 – Personalidade e capacidade tributária

Conforme plasma o artigo 15.º da LGT, a personalidade tributária consiste na


suscetibilidade de ser sujeito de relações jurídicas tributárias. Podemos ainda falar na
personalidade judiciária tributária que é a suscetibilidade de ser parte em processos judiciais
respeitantes a relações jurídicas tributárias. Atendendo na letra do n.º1 do art. 3.º do CPPT,
quem tem personalidade tributária tem, de igual forma, personalidade judiciária tributária,
podendo assim ser parte em processos judiciais emergentes das relações tributárias.

Já a capacidade judiciária tributária, regra geral, consiste na suscetibilidade de estar,


por si, em juízo (art. 15.º, n.º1 do CPC). O art. 3.º n.º 3 do CPPT tem como alcance explicitar
que não pode ter capacidade judiciária tributária quem não tiver personalidade judiciária
tributária, mas, isso não significa que todos os que têm personalidade judiciária tributária têm
capacidade judiciária tributária, pois os incapazes, tendo aquela personalidade, não podem estar
por si em juízo.

4 – Legitimidade

De acordo com o art. 30.º n.º 1 e 2 do CPC “O autor é parte legítima quando tem
interesse direto em demandar; o réu é parte legítima quando tem interesse direto em
contradizer.” Sendo que “o interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada da
procedência da ação e o interesse em contradizer pelo prejuízo que dessa procedência
advenha.”. Nos termos do n.º 3 do mesmo artigo “Na falta de indicação da lei em contrário,
são considerados titulares do interesse relevante para o efeito da legitimidade os sujeitos da
relação controvertida, tal como é configurada pelo autor.”.

A legitimidade tratada no art. 9.º do CPPT serve para intervir tanto no procedimento
tributário como nos processos judiciais tributários.7 “O procedimento tributário compreende

7
“n.º4 - Têm legitimidade no processo judicial tributário, além das entidades referidas nos números
anteriores, o Ministério Público e o representante da Fazenda Pública.”

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toda a sucessão de atos dirigida à declaração de direitos tributários designadamente as ações


preparatórias ou complementares de informação e fiscalização tributária, a liquidação dos
tributos efetuada pela administração tributária, a revisão dos atos tributários, o
reconhecimento ou revogação dos benefícios fiscais, a emissão ou revogação de outros atos
administrativos em matéria tributária, as reclamações, os recursos hierárquicos, a avaliação
direta ou indireta dos rendimentos oi valores patrimoniais e a cobrança das obrigações
tributárias, na parte que não tiver natureza judicial.” 8

Em suma, além da Administração Tributária têm legitimidade no procedimento


tributário os sujeitos passivos das relações tributárias (art. 65.º da LGT), que podem ser as
pessoas singulares ou coletivas, os patrimónios e as organizações de facto ou de direito que se
encontram vinculadas ao cumprimento de prestações tributárias, seja como contribuintes
diretos, substitutos ou responsáveis (art. 18.º, n.º 3, da LGT).

5. O procedimento administrativo

O n.º 1 do art. 1.º do CPA, define procedimento como: “a sucessão ordenada de atos
e formalidades relativos à formação, manifestação e execução da vontade dos órgãos da
Administração Pública.” Atendendo ao art. 1.º do CPA, este, propõe uma distinção ente
procedimento e processo administrativo que assenta no seguinte raciocínio: “o termo processo
fica reservado àquilo que em língua inglesa é o file e em língua francesa o dossier, isto é, o
suporte físico do procedimento, o acervo documental que lhe dá corpo”.9 O legislador
português não utilizou a distinção entre processo e procedimento que é defendida pela doutrina
italiana, para esta, nas palavras de João Caupers: “o procedimento consubstancia uma sucessão
ordenada de atos e formalidades, sendo o processo uma espécie de procedimento caracterizado
pelo litígio entre interesses antagónicos, corporizados em partes.”10

FERNANDA PAULA OLIVEIRA E JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS,


consideram que as “as definições fornecidas pelo legislador e pela doutrina permitem uma
apreensão genérica do sentido do procedimento administrativo, mas são insuficientes para a

8
JORGE LOPES DE SOUSA, Código de Procedimento e de Processo Tributário, Anotado e
Comentado, Áreas Editora, 6.ª edição, 2011, pp. 113 e 114.
9
JOÃO CAUPERS, Introdução ao direito administrativo, âncora editora, 8.ª edição. 2008, p.151
10
JOÃO CAUPERS, Introdução ao direito administrativo, âncora editora, 8.ª edição. 2008, p.152

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Relatório de estágio

compreensão do real sentido desta importantíssima figura.” Os mesmos autores destacam


como elementos caracterizadores principais do procedimento administrativo:

a) Conjugação de um ato administrativo com vários atos instrumentais: é


impossível a tomada de uma decisão pela administração ser enquadrada numa série
de atos menores, seja pela praticada pela administração, seja como reflexo da
colaboração dos particulares.

b) Colaboração entre diferentes órgãos e agentes administrativos: o


procedimento é também reflexo da colaboração entre diversos órgãos
administrativos, que podem pertencer a diferentes pessoas coletivas publicas.

c) Participação dos particulares: uma das tendências mais destacadas do


procedimento administrativo é a de permitir a participação dos particulares (da
sociedade civil em geral) nas decisões que lhes dizem respeito.

d) Composição (ponderação) de diversos interesses (públicos e privados): ao


longo do procedimento administrativo pode e deve fazer-se a ponderação e a
necessária composição entre os diversos interesses públicos e privados que, as
mais das vezes, estão relacionadas com a decisão respetiva.

e) Tramitação: procura demonstrar que a produção dos diversos atos e formalidades


envolvidos nos procedimentos tem que obedecer a uma ordem lógica, a uma
ordenação racional, sem a qual a sequência desses momentos perderia sentido.

f) Resultado jurídico unitário: este resultado jurídico é sempre o fim, o objetivo de


todo o procedimento, explicando a existência de um ato principal (ato
administrativo propriamente dito) e de atos subordinados (os atos instrumentais
praticados ao longo do procedimento).

FERNANDA PAULA OLIVEIRA E JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS,


prosseguem dizendo que “As principiais notas caracterizadoras do procedimento
administrativo comprovam que este é uma figura que pode servir várias finalidades
importantes. Em primeiro lugar, a ideia do procedimento como uma tramitação de atos

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Relatório de estágio

variados tem o efeito prático de permitir perceber em que condições podem os particulares
aceder aos tribunais, na medida em que devem estar sujeitos a impugnação contenciosa
aqueles atos do procedimento que sejam principais ou, ainda, aqueles que, estando inseridos
na tramitação procedimental, produzam efeitos jurídicos externos.”11

Estabelecido o procedimento regra, o legislador tributário estabeleceu um


procedimento próprio para os atos tributários, como veremos de seguida.

6 – O procedimento tributário

O procedimento tributário compreende toda a sucessão de atos dirigida à declaração de direitos


tributários, como plasma os arts. 54.º da LGT e 44.º do CPPT. De acordo com o primeiro artigo
referido atrás, o procedimento tributário compreende:

a) As ações preparatórias ou complementares de informação e fiscalização tributária;


b) A liquidação dos tributos quando efetuada pela administração tributária;
c) A revisão, oficiosa ou por iniciativa dos interessados, dos atos tributários;
d) O reconhecimento ou revogação dos benefícios fiscais;
e) A emissão ou revogação de outros atos administrativos em matéria tributária;
f) As reclamações e os recursos hierárquicos;
g) A avaliação direta ou indireta dos rendimentos ou valores patrimoniais;
h) A cobrança das obrigações tributárias, na parte que não tiver natureza judicial.

Tratando ainda o primeiro artigo, que o procedimento tributário segue a forma escrita,
sem prejuízo da tramitação eletrónica dos atos do procedimento tributário nos termos definidos
por portaria do Ministro das Finanças, mediante a qual será regulada a obrigatoriedade de
apresentação em suporte eletrónico de qualquer documento, designadamente requerimentos e
petições (n.º3). Sendo que os documentos emitidos e os atos praticados por meios eletrónicos
pela administração tributária possuem o mesmo valor legal dos documentos autênticos (n.º 4).
E os atos praticados eletronicamente pelo dirigente máximo do serviço são autenticados com a

11
FERNANDA PAULA OLIVEIRA E JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, Noções fundamentais
de Direito Administrativo, 4.ª edição. 2015 p.203

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Relatório de estágio

devida assinatura eletrónica avançada e certificada nos termos previstos pelo Sistema de
Certificação Eletrónica do Estrado - Infraestrutura de Chaves Públicas (n.º5).

“Como é fácil de ver, a LGT tem subjacente um conceito de procedimento tributário


que não deixa de se integrar no conceito de procedimento administrativo, constante do n.º1 do
art. 1.º do CPA, segundo o qual “entende-se por procedimento administrativo a sucessão
ordenada de atos e formalidades tendentes à formação e manifestação da vontade da
Administração Pública ou à sua execução”. Um conceito que naturalmente, não pode deixar
de ter plena validade no direito fiscal.”12

7. O procedimento de liquidação

Este procedimento é aquele que se afigura como o mais importante no procedimento


tributário. O dever de pagar os impostos constitui o principal dever do contribuinte como vemos
pela leitura do art. 31.º da LGT.

É portanto necessário quantificar o imposto a pagar pelos contribuintes através do


procedimento tributário de liquidação. O ato de liquidação tem uma natureza definitiva para
efeitos de execução, estando salvaguardado o direito de, tanto a administração como o próprio
contribuinte poderem, nos prazos definidos, proceder à sua revisão, reclamação ou impugnação.

Podemos afirmar que temos um ato de liquidação com dupla natureza: por um lado,
tem natureza provisória porque está sujeita a revisão pela administração fiscal e a reclamação
ou impugnação pelo contribuinte, por outro, tem natureza definitiva porque, independentemente
da eventual revisão, podemos afirmar que o ato de liquidação pode ser objeto de execução pela
administração fiscal.13

Nos termos do disposto no art. 59.º do CPPT, o procedimento de liquidação instaura-


se com as declarações dos contribuintes ou, na falta ou vício destas, com base em todos os
elementos de que disponha ou venha a obter a entidade competente. No n.º 2 acrescenta-se que
o apuramento da matéria tributável far-se-á com base nas declarações dos contribuintes, desde

12
JOSÉ CASALTA NABAIS, Direito Fiscal, editora almedina, 9.ª edição, 2016, p. 291
13
RUI DUARTE MORAIS, A Execução Fiscal, Almedina, 2.ª Edição, 2006 pp. 9-35.

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Relatório de estágio

que estes as apresentem nos termos previstos na lei e forneçam à administração tributária os
elementos indispensáveis à verificação da sua situação tributária.

Se por ignorância, por desleixo ou por má-fé, o contribuinte não dá cumprimento ao


seu dever de informar a Administração Tributária de factos sobre os quais incidem os seus
impostos. Passado o período do cumprimento voluntário, a Administração liquida o imposto
com base nos dados de que dispõe. É da competência do contribuinte a iniciativa do
procedimento de liquidação dos impostos.

No entanto, tanto o contribuinte como a Administração Tributária podem errar (como


acontece no caso pratico em estudo). E, nesse caso, há meios para se proceder à correção. As
normas adjetivas dispõem do procedimento, dos prazos, das formas como a Administração
Tributária e o contribuinte devem agir ou reagir. Tema que analisaremos no capítulo seguinte.

Após esta disposição do procedimento tributário, passo para o procedimento


administrativo, pois, embora as diferenças entre eles sejam diminutas, existem alguns pontos a
considerar.

8. Enquadramento prático

Maria, de acordo com o artigo 15.º da LGT possui personalidade tributária é portanto
suscetível de ser sujeito de relações jurídicas tributárias. Ainda de acordo com o n.º1 do art. 3.º
do CPPT, se Maria tem personalidade tributária tem, de igual forma, personalidade judiciária
tributária, podendo assim ser parte em processos judiciais emergentes das relações tributárias.
O art. 9.º do CPPT “dá” a Maria o direito de intervir tanto no procedimento tributário como
nos processos judiciais tributários. Verificados os preceitos de personalidade e legitimidade,
Maria, está apta a participar no procedimento tributário dentro do disposto nos arts. 54.º da
LGT e 44.º do CPPT.

Maria, de acordo com o art. 54.º da LGT participou ativamente nos seguintes pontos
do procedimento tributário: reclamações e os recursos hierárquicos; avaliação direta ou indireta
dos rendimentos ou valores patrimoniais

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Relatório de estágio

Capitulo III – Dos meios de defesa dos contribuintes


Devem ser considerados meios de defesa dos contribuintes todos os instrumentos
legais, de natureza formal ou material, que aquele possa usar perante qualquer ameaça ou lesão
efetiva dos seus direitos. É, por isso, importante analisar os meios graciosos que o contribuinte
pode utilizar perante a administração tributária e os meios contenciosos de que dispõe para
recorrer aos tribunais. Assim, temos as garantias administrativas ou graciosas e garantias
jurisdicionais.

No que respeita às garantias administrativas ou graciosas, estas podem ser de dois tipos
diferentes, dependendo se os meios de defesa sejam não impugnatórios ou se trate de meios
impugnatórios.

1 – As garantias do contribuinte

Estas garantias são as razões ou fundamentos que o contribuinte pode invocar perante
a administração tributária com vista a questionar a conformidade de determinado ato. Garantias
estas que são constitucionalmente protegidas, atentando ao art. 268.º da CRP, este, “consagra
um conjunto de situações jurídicas de que todas as pessoas são genericamente titulares e que
se diferenciam pelo fato de dizerem respeito à atuação da administração pública, no exercício
da função administrativa, e portanto, ao âmbito das relações jurídico-administrativas.”14

Fazendo uma abordagem síntese, das seguintes garantias, uso como base o artigo 268.º
da CRP15, mas, procurarei realçar os artigos da LGT. Passo a elencar:

a) Direito de informação: analisando os arts. 67.º e 70.º, n.º 3, da LGT, o contribuinte


tem o direito de ser informado por escrito, no prazo de 10 dias, sobre como se
encontra a fase do procedimento e a sua data previsível da conclusão, assim como
a sua concreta situação tributária e a existência, teor e autoria das denúncias
dolosas não confirmadas sobre a sua situação tributária.

14
JORGE MIRANDA E RUI MEDEIRO - Constituição Portuguesa Anotada, TOMO III, artigos 202.º
a 296.º, Coimbra editora, 2007 p.598
15
JORGE MIRANDA E RUI MEDEIRO - Constituição Portuguesa Anotada, TOMO III, artigos 202.º
a 296.º, Coimbra editora, 2007 pp. 598 a 617

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Relatório de estágio

b) Direito à fundamentação e notificação: de acordo com o art. 77.º da LGT, as


decisões dos procedimentos tributários são sempre fundamentados, através de
sucinta exposição das razões de facto e de direito que as motivaram e a sua eficácia
depende de notificação. O n.º 4 e o n.º 5 do artigo referido supra, expõem, de forma
particularmente exigente, a fundamentação da avaliação da matéria coletável por
métodos indiretos. Assim como é igualmente exigente no que toca ao levantamento
administrativo do dever de sigilo bancário prevista no n.º 4 do art.º 63.º - B da
LGT.
c) Direito à audição prévia: regulado em geral nos arts. 60.º, 63.º e 23.º, n.º 4 da
LGT, trata-se de um direito bastante diferenciado, dadas as situações em relação
às quais se verifica. Este direito existe em relação a cinco tipos de decisões: 1) em
relação ao ato tributário e a decisões que ponham termo a procedimentos de 1.º
grau (art.º 60.º, n.º 1, als. a) e b); 2) em relação a atos que decidem procedimentos
de 2.º grau (art.º 60.º, n.º 1, als. b) e c)); 3) em relação a decisões instrumentais
relativamente à definição da obrigação principal do contribuinte (art. 60.º, n.º 1,
als. d) e e)); 4) em relação à decisão de derrogação do dever de sigilo bancário (art.
63.º - B, n.º 5); 5) em relação à decisão de reversão da execução fiscal contra
terceiros (art. 23.º, n.º 4). “Assinale-se que, como no procedimento administrativo
geral, também no direito fiscal, não pode deixar de haver casos em que é
dispensada a audição do contribuinte. Uma matéria que, todavia, está
escassamente disciplinada na lei fiscal e que a convocação do art.103.º do CPA
(atual 124.º do CPA) nem sempre se revelará facilmente praticável, como nos
casos em que deverá ter lugar uma consulta pública.”16
d) Direito à dedução, reembolso ou restituição de impostos: tratado, em geral, na
al.c) do n.º1 do art. 30.º da LGT, este direito está concretizado, por via de regra,
no respeitante a cada imposto, como acontece no IRS (art.º 96.º do CIRS) no IRC
(art.º 104.º, n.º2 do CIRC), no IVA (art.º 22.º n.ºs 4 e 5 do CIVA), no IMT (art.º
46.º do CIMT) e no IS (17).
e) Direito a juros indemnizatórios e moratórios: o contribuinte que paga imposto
em excesso tem direito a juros indemnizatórios, de montante igual aos juros

16
JOSÉ CASALTA NABAIS, Direito Fiscal, editora almedina, 7.ª edição, 2012, p 337
17
Art.º 131.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro.

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Relatório de estágio

compensatórios devidos ao estado, quando, em reclamação graciosa ou em


processo judicial, se determine que houve erro imputável aos serviços tributários
ou quando, não seja cumprido o prazo legal de restituição oficiosa dos tributos
(art.º 43.º da LGT). Nos casos de restituição do imposto derivar de uma decisão
judicial de anulação do correspondente ato tributário, prevê o n.º 2 do art.º 102.º
da LGT o pagamento de juros de mora a favor do sujeito passivo, a partir do termo
do prazo de execução espontânea da decisão.

2. Meios administrativos impugnatórios

Por sua vez, estes meios, são a forma que a lei coloca ao dispor do contribuinte para
que possa confrontar a administração tributária com a sua atuação e colocar em causa a validade
de um ato por não estar conforme com o ordenamento jurídico.

O contribuinte apresenta a sua impugnação ao serviço competente da administração


tributária e tudo se desenvolve, de forma exclusiva, dentro da administração. Temos como
meios impugnatórios: a reclamação graciosa e o recurso hierárquico.

2.1. Reclamação graciosa

Este meio impugnatório administrativo está previsto nos artigos 68.º a 77.º do CPPT.
A reclamação graciosa é um meio impugnatório através do qual o contribuinte requere a
anulação total ou parcial dos atos tributários (veja-se neste sentido o acórdão do STA de 25-
11-2009, processo n.º 669/09), com fundamento de qualquer ilegalidade, valendo para tal a
atuação em desconformidade com o direito de que resulte um ato lesivo para o contribuinte.
São, portanto, suscetíveis de reclamação graciosa, apenas, os seguintes atos tributários:

a) Atos de liquidação de tributos;


b) Atos de fixação da matéria tributável quando não houver lugar a liquidação;
c) Atos de autoliquidação (art. 131.º, n.º 1, do CPPT)
d) Retenção na fonte (art. 132.º, n.º 3);
e) Pagamento por conta (art. 133.º, n.º 2, do CPPT).

“Relativamente à impugnação de atos de liquidação e de fixação da matéria


tributável, a reclamação graciosa constitui uma alternativa à impugnação contenciosa direta,

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Relatório de estágio

colocada na disponibilidade do contribuinte ou outros obrigados tributários, que podem


impugnar contenciosamente a decisão da reclamação. Nos casos de impugnação de atos de
autoliquidação, retenção na fonte e pagamento por conta, a reclamação graciosa é
obrigatória, nos termos dos citados arts. 131.º, 132.º e 133.º, sendo contenciosamente
impugnável apenas o ato que a decidir.”18

Conforme as regras fundamentais estabelecidas pelo art. 69.º do CPPT, a reclamação


graciosa pauta-se segundo um procedimento simplificado de termos e brevidade das resoluções
e com dispensa de formalidades. Em regra, tem natureza facultativa, mas existem situações que
a reclamação graciosa é condição necessária da impugnação judicial, quer isto dizer, o
contribuinte primeiro tem de reclamar e só depois, em caso de indeferimento, pode impugnar
judicialmente a decisão. Requer-se prévia reclamação graciosas dos seguintes atos pra que seja
possível realizar a impugnação judicial: a) Atos de liquidação de tributos; b) Atos de fixação
da matéria tributável quando não houver lugar a liquidação; c) Atos de autoliquidação (art.
131.º, n.º 1, do CPPT); d)Retenção na fonte (art. 132.º, n.º 3); e) Pagamento por conta (art.
133.º, n.º 2, do CPPT). Veja-se neste sentido o acórdão do STA de 6-11-2002, processo n.º
337/02.

2.1.2 Fundamentos e prazos da reclamação graciosa

Como nos diz JORGE LOPES DE SOUSA «A reclamação graciosa pode ter por
fundamento qualquer ilegalidade de que enferme o ato de liquidação impugnado ou vício do
procedimento ou decisões procedimentais que precedem a decisão final (n.º1 do art. 70 e arts.
54.º e 99.º do CPPT)». Quer isto dizer que os fundamentos da reclamação graciosa são os
mesmos da impugnação judicial, ou seja, trata-se de ilegalidades enunciadas de forma não
taxativa pelo art. 99.º do CPPT. Com isto, os fundamentos da reclamação graciosa são os
constantes do art. 99.º do CPPT, pelo que constitui fundamento de reclamação qualquer
ilegalidade, designadamente:

a) Errónea qualificação e quantificação dos rendimentos, lucros, valores patrimoniais


e outros factos tributários;

18
Jorge Lopes de Sousa, Código de Procedimento e de Processo Tributário, Anotado e Comentado,
Áreas Editora, 6.ª edição, 2011, p. 227

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Relatório de estágio

b) Incompetência;
c) Ausência ou vício da fundamentação legalmente exigida;
d) Preterição de outras formalidades legais.

Diz-nos o art. 70.º no seu n.º 1 que o prazo para a reclamação graciosa é, regra geral,
de 120 dias contados a partir dos fatos previstos no n.º1 do art. 120.º do CPPT.19 Existem prazos
especiais, consagrados na lei, que alarga para 2 anos o prazo para se poder reclamar, são os
casos de autoliquidação e de retenção na fonte (arts. 131.º, n.º 1, e 132.º, n.º 3, do CPPT). Os
prazos presentes no art. 70.º contam-se nos termos do art. 279.º do CC, por força do disposto
nos arts. 57.º, n.º 3 da LGT e 20.º, n.º 1, do CPPT. o caso de remessa da reclamação graciosa
pelo correio, sob registo, considera-se que a mesma foi efetuada na data respetivo registo (art.
26.º, n.º 2, do CPPT).

Se a administração tributária não se prenunciar no prazo de quatro meses contado a


partir da entrada da petição do contribuinte no serviço competente da administração tributária,
o contribuinte pode presumir o indeferimento tácito, para efeitos de recurso hierárquico, recurso
contencioso ou impugnação judicial (artigos 57.º, n.º 5, da LGT e 106.º do CPPT). A não
prenuncia por parte da administração tributária, se estiver em causa um pagamento por conta,
faz presumir um deferimento tácito, no prazo de noventa dias (art. 133.º, n.º 4, do CPPT). De
acordo com o artigo 77.º do CPPT, se o contribuinte reclamar sem fundamento, a sua coleta é
agravada em 5%.

A reclamação graciosa, por norma, tem efeito meramente devolutivo, significando que
os efeitos da decisão reclamada não se suspendem e o contribuinte tem de pagar. A reclamação
graciosa só tem efeito suspensivo se for prestada garantia idónea, veja-se a letra da alínea f), do
art. 69.º do CPPT: “…Inexistência do efeito suspensivo, salvo quando for prestada garantia
adequada nos termos do presente Código, a requerimento do contribuinte a apresentar com a
petição, no prazo de 10 dias após a notificação para o efeito pelo órgão periférico local
competente.”.

19
Por exemplo, se somos notificados para o pagamento do IRS no prazo de 30 dias, a contagem do
prazo de 120 dias para apresentação da reclamação graciosa terá início no final destes 30 dias.

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Relatório de estágio

Decidida a reclamação e em caso de indeferimento, o contribuinte pode recorrer


hierarquicamente, no prazo de trinta dias (art. 76.º do CPPT).

2.2 O recurso hierárquico

O recurso hierárquico corresponde à faculdade conferida aos contribuintes de


impugnarem um ato praticado ou de reagirem contra um qualquer ato da administração pública.

A possibilidade de recurso hierárquico (pois é facultativo) supõe que a entidade que


profere a decisão esteja sujeita a poder hierárquico. Posto isto, não será possível interpor recurso
hierárquico das decisões proferidas pela entidade do topo da hierárquica. Segundo o doutrinador
DIOGO FREITAS DO AMARAL, a hierarquia “é o modelo de organização administrativa
vertical, constituído por dois ou mais órgãos e agentes com atribuições comuns, ligados por
um vínculo jurídico que confere ao superior o poder de direção e impõe ao subalterno o dever
de obediência”.

O recurso hierárquico está previsto no arts. 66.º e 67.º do CPPT e art. 80.º da LGT. O
art. 66.º do CPPT estabelece que, sem prejuízo do princípio do duplo grau de decisão, as
decisões dos órgãos administração tributária são suscetíveis de recurso hierárquico a dirigir ao
mais elevado superior do autor do ato. Este recurso terá de ser interposto no prazo de trinta dias
a contra da notificação do ato.

O recurso terá de ser entregue na entidade que efetuou o ato, que deve analisar o
recurso, fazendo-o, no prazo de quinze dias, subir ao mais alto superior hierárquico, tendo ainda
que elaborar um parecer que acompanhara o recurso. A entidade que praticou o ato pode decidir
revoga-lo total ou parcialmente (art. 66.º, nr.º 4, do CPPT).

Regra geral, o recurso hierárquico tem efeito meramente devolutivo. Quando a lei,
excecionalmente, atribua efeito suspensivo ao recurso, este limita-se à parte da decisão
contestada (art. 67.º do CPPT).

Nos termos do nr. 5 do art. 66.º do CPPT, o prazo máximo de decisão do recurso é de
sessenta dias. Após este prazo, se não houver resposta, presume-se o indeferimento tácito. De
acordo com as palavras de JORGE LOPES DE SOUSA: “Fica, assim, afastada a aplicação da

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Relatório de estágio

regra geral nesta matéria que consta do art. 175.º do CPA20, não só quanto ao prazo normal
para decisão aí fixado (30 dias), como quanto à possibilidade de elevação do prazo até 90 dias,
quando haja lugar à realização de nova instrução ou de diligencias complementares”.

Se a decisão do recurso não for favorável, o contribuinte pode recorrer aos tribunais
judiciais, exceto se já tiver impugnado judicialmente a mesma questão (art. 76.º, nr. 2 do CPPT).

3. Enquadramento prático

Maria quando recebeu notificação para liquidar (anexo II) imposto referente a IRS
percebeu que tal liquidação que lhe era pedida não preenchia os requisitos legais. Não aceitando
que era devedora, Maria, decide impugnar a decisão da administração tributária através de
reclamação graciosa (anexo III). Respeitados os 120 dias que a lei estabelece como prazo para
tal realizar tal impugnação.

A administração tributária na reposta danda dentro dos limites legais, acaba por
arquivar o processo, dando resposta favorável a Maria (anexo IV).

Imagine-nos que, não obtivesse resposta favorável, Maria teria de no prazo de 30 dias
de entregar na entidade que elaborou a resposta à reclamação graciosa, o recurso dessa decisão,
tendo essa entidade de analisar o caso e elaborar um parecer e no prazo de 15 dias levar o
recurso até ao superior hierárquico, que neste caso seria o ministério das finanças.

Maria teria de esperar até ao máximo de 60 dias, após a entrega do recurso, para obter
resposta ministério das finanças. Caso, mesmo em recurso, não obtivesse resposta favorável À
sua pretensão poderia recorrer aos tribunais judiciais.

20
Norma que agora corresponde ao atual 198.º do CPA.

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Relatório de estágio

Conclusão
O estágio permitiu-me aprofundar matérias que até então me eram praticamente
desconhecidas, com as atividades que desenvolvi ao longo das 182 horas enriqueci bastante a
nível pessoal e profissional. Foi uma experiência enriquecedora pois apliquei na prática alguns
dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação académica, nomeadamente, em matérias
relacionadas com o Direito do Notariado e Direito das Execuções. A entidade que me acolheu
sempre fez questão que os acompanha-se em todo o tipo de trabalhos por eles prestados, tendo
isto contribuído em muito para o enriquecimento referido supra.

Perante a complexidade do sistema fiscal português, o contribuinte desconhece, muitas


das vezes, o que fazer quando recebe uma notificação das finanças ou quando discorda de uma
decisão da administração tributária. O contribuinte ao receber a notificação para o pagamento
pode assumir dois tipos de comportamento: concorda que o imposto é devido e que respeita os
preceitos legais e realiza o pagamento no prazo fixado; discorda que o imposto não é devido no
todo ou parcialmente, seja por motivos de erro ou ilegalidade. É no contexto deste último
comportamento que entra a reclamação graciosa (que no âmbito do procedimento tributário, a
é o meio de defesa mais importante) cuja finalidade é anular total ou parcialmente os atos
tributários. O contribuinte quando interpõe uma reclamação graciosa terá de o fazer de acordo
com os fundamentos do art. 68.º do CPPT. Salvo quando a lei estabeleça em sentido diferente,
a reclamação graciosa é dirigida ao órgão periférico regional da administração tributária e
entregue ou efetuada oralmente no serviço periférico local da área do domicílio ou sede do
contribuinte, da situação dos bens ou da liquidação.

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Relatório de estágio

Referências bibliográficas
DIOGO FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Volume I,
Almedina, 4.ª edição, 2015

FERNANDA PAULA OLIVEIRA E JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS,


Noções Fundamentais de Direito Administrativo, 4.ª edição, 2015

JOÃO CAUPERS, Introdução ao Direito Administrativo, âncora editora, 8.ª edição.


2008

JORGE LOPES DE SOUSA, Código de Procedimento e de Processo Tributário,


Anotado e Comentado, Áreas Editora, 6.ª edição, 2011

JORGE MIRANDA E RUI MEDEIROS - Constituição Portuguesa Anotada, TOMO


III, artigos 202.º a 296.º, Coimbra editora, 2007

JOSÉ CASALTA NABAIS, Direito Fiscal, editora almedina, 7.ª edição, 2012

JOSÉ CASALTA NABAIS, Direito Fiscal, editora almedina, 9.ª edição, 2016

RUI DUARTE MORAIS, A Execução Fiscal, Almedina, 2.ª Edição, 2006

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Relatório de estágio

Jurisprudência
Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão n.º 337/02 de 6-11-2002

Acórdão n.º 669/09 de 25-11-2009

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Relatório de estágio

Artigos de revistas
SOFIA GONÇALVES GOMES, Contribuintes e administração fiscal: reclamação
graciosa in Revista vida económica, 13-02-2009, p. 36

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ANEXOS

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Anexo I

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Anexo II

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Anexo III

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Anexo IV

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Conteúdo
Introdução .................................................................................................................... 5

Exposição do caso prático ............................................................................................ 6

Capitulo I – O IRS ....................................................................................................... 7

1 – Conceito de imposto........................................................................................... 7

2 – Sistema fiscal português – impostos .................................................................. 7

3 – IRS – incidência pessoal .................................................................................... 9

4 – IRS – incidência real ........................................................................................ 10

5 – IRS - Categoria H - Pensões ............................................................................ 10

6. As taxas do imposto ........................................................................................... 11

7. Deduções à coleta............................................................................................... 12

8. Enquadramento prático ...................................................................................... 13

Capitulo II – Do procedimento tributário .................................................................. 15

1. Os órgãos da administração fiscal ...................................................................... 15

2 – Princípios que orientam a administração tributária .......................................... 16

3 – Personalidade e capacidade tributária .............................................................. 18

4 – Legitimidade .................................................................................................... 18

5. O procedimento administrativo .......................................................................... 19

6 – O procedimento tributário ................................................................................ 21

7. O procedimento de liquidação ........................................................................... 22

8. Enquadramento prático ...................................................................................... 23

Capitulo III – Dos meios de defesa dos contribuintes ............................................... 24

1 – As garantias do contribuinte ............................................................................ 24

2. Meios administrativos impugnatórios ................................................................ 26

2.1. Reclamação graciosa ................................................................................... 26

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2.2 O recurso hierárquico ................................................................................... 29

3. Enquadramento prático ...................................................................................... 30

Conclusão ................................................................................................................... 31

Referências bibliográficas ...................................................................................... 32

Jurisprudência ............................................................................................................ 33

Artigos de revistas ...................................................................................................... 34

ANEXOS ................................................................................................................... 35

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