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accarvalho777@gmail.com
Palavras chaves:
Lixo eletrônico, Tecnologia, Preservação, Reciclagem.
Trabalho apresentado à Profª Dra. Solange Teles da Silva, como requisito do módulo de “Impacto Ambiental e o Direito
Digital e das Telecomunicações”, do Curso de Pós Graduação em Direito Digital e das Telecomunicações da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, em dezembro de 2009.
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Introdução
O mundo mudou, é fato. A cada ano que passa os reflexos das inovações criam
novos perfis de relação de consumo, de usuários, de produtos, de comunicação, de
interação social e, em resumo, de tudo que sofre a interferência da criação e produção de
novas tecnologias. A maré criativa e de produção é irresistível contra qualquer obstáculo e
os impactos da atualização tecnológica afetam a forma de ser, de agir e de se relacionar
das pessoas. Virtualidade e interatividade são palavras que comandam a evolução
tecnológica ao ponto de, exaustivamente e com rapidez desenfreada, provocarem a
obsolescência técnica ou de “design” de produtos antes que estes envelheçam, se
quebrem ou percam a utilidade.
Uma rápida folheada em revistas de tecnologia deixa bem claro que, antes que
qualquer usuário médio consiga explorar a potencialidade do seu “gadget”, dezenas de
outros produtos mais modernos já estão a povoar os sonhos de consumo deste usuário,
resultando em um descarte prematuro, decorrente da evolução tecnológica.
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Onda Tecnológica:
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Contrariando o que poderia se pensar, o impacto poluidor dos equipamentos
eletrônicos não ocorre, apenas, no momento do seu descarte; ele acontece desde a
mineração dos metais pesados usados nas baterias, passando pela cadeia produtiva na
fabricação dos componentes e produtos e, também, na hora de descartar os
equipamentos.
Como visto, o mundo não apenas mudou, como está em constante mudança. Hoje
ele é chamado de “Aldeia Global”4, não por acaso, mas por causa de uma ampla
mudança de paradigmas de comunicação e interação virtual, legado de uma onda
tecnológica que evolui a partir de si mesma e chegou para ficar.
Lixo eletrônico (ou E-Lixo ou E-Waste) é o termo comum para identificar todo o
fluxo de resíduos decorrente do descarte de todos os tipos de equipamentos eletrônicos.
Trata-se de termo geral, pois enquadra, também, resíduos de equipamentos elétricos
como televisores, geladeiras, máquinas de lavar, secadoras, aparelhos de som e demais
equipamentos com componentes ou circuitos elétricos com potência ou fornecimento de
baterias etc.
Embora o conceito geral seja claro, sua conceituação jurídica (internacional) não o
é, posto que diferentes países manifestam diferentes entendimentos jurídicos quanto à
espécie e, conseqüentemente, com diferentes enquadramentos legais. Assim, como
exemplo, enquanto a União Européia classifica o lixo eletrônico em dez (10) categorias de
produtos, o Japão se utiliza apenas de quatro (4) categorias para enquadramento; os
Estados Unidos, chamado de “país de origem” de lixo eletrônico, por sua vez, realiza todo
o enquadramento baseando nos resíduos que se originem de produtos de “tecnologia da
informação”, “comunicação” e televisores, mas não entende que componentes eletrônicos
possam ser lixo ou resíduo, por tratar-se de materiais recicláveis e, portanto, negociáveis.
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implementação de acordos, tratados ou convenções internacionais que busquem a
resolução do problema.
O Problema Global
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Como causa provável para tais ações, a Agência Européia do Meio-Ambiente (EEA
– European Environment Agency) registra que visando despistar as legislações recentes,
que direcionam as ações empresariais para a responsabilidade com a reciclagem,
solução ainda muito cara, os produtores dos resíduos – muito provavelmente – optam por
exportar tais produtos ilegalmente, barateando os custos da “solução”.
Apesar da solução momentânea para o grande volume produzido, fica claro que o
problema não poderá ser solucionado, perenemente, na forma de exportação (seja legal
ou ilegal). Haverá o esgotamento do formato, seja por existir maior produção do lixo que a
possibilidade de transporte, seja por uma (provável) recusa do recebimento face ao
agravamento das condições de insalubridade do país receptor ou, ainda, por uma
implantação de política internacional que regularize, monitore e proíba tal exportação.
O Brasil, como grande consumidor de tecnologia, não está imune aos problemas
do lixo eletrônico. Segundo relatório do Greenpeace, em 2007, o país produzia 20 a 50
milhões de toneladas ao ano de sucata eletrônica, número este marcado pela imprecisão
da variação de 30 milhões e, com isto, assinalando a grande dificuldade na coleta dos
dados, o que pode esconder a verdadeira dimensão do problema.
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O nosso país é marcado pela riqueza de negócios contraposta pela pobreza social,
assim temos passos assinalados rumo a uma “mineração urbana” como parte da solução.
Surge daí uma grande oportunidade para os projetos que incentivem a responsabilidade
sócio-ambiental e, com isso, impulsionar programas de gestão ambiental que sejam
rentáveis e, desta forma, atraia grandes negócios. A cautela deve ser quanto ao modelo
de “mineração urbana” a escolher, se o adotado pela China ou o do Japão.
Mesmo com o grande potencial financeiro projetado para os negócios com o lixo
eletrônico, não se pode esperar que as atenções e investimentos sejam direcionados para
a solução do problema sem que leis apropriadas – com sanções e incentivos – sejam
incorporadas à legislação.
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Outras leis, na esfera dos estados, delineiam os controles conforme o interesse de
cada ente, porém, apesar da tramitação de vários Projetos de Lei (PLs), nada se tem de
efetivo, além da citada resolução 257 do CONAMA.
Vale registrar a recente aprovação da Lei 13.576/09, de São Paulo, em vigor desde
06/07/2009, que institui normas para a reciclagem, gerenciamento e destinação final de
lixo tecnológico. Todos os fabricantes, importadores e comerciantes desses produtos –
com atuação no Estado de São Paulo – terão que se adequar para recolher, reciclar ou
reutilizar o material descartado por consumidores e se o reaproveitamento não for
possível, esse lixo deverá ser neutralizado. Trata-se de importante iniciativa que,
certamente, gerará novos exemplos e, quem sabe, poderá agilizar o lento processo de
aprovação da política brasileira de resíduos sólidos, que se encontra em flagrante atraso
diante de um problema que cresce a cada ano e tende a crescer cada vez mais.
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Como exemplo do pensamento voltado para a solução do problema, por iniciativa
de várias organizações da O.N.U., foi criada a StEP – Solving the E-Waste Problem9, com
o objetivo global de resolver o problema dos resíduos eletrônicos. Esta instituição,
juntamente governos, organizações internacionais, proeminentes indústrias
internacionais, ONGs do setor científico e outros, promovem esforços visando iniciar e
facilitar abordagens para o manejo sustentável do lixo eletrônico.
Além disso, também, promove esforços e tem como alvo cinco objetivos ou
projetos:
a) Política e Legislação: Análise das abordagens já existentes para emitir
recomendações para desenvolvimentos e projetos futuros.
b) ReDesign: Esforços para apoio de projetos para melhor reutilização,
reparação, renovação e reciclagem.
c) ReCycle: Aperfeiçoar a infra-estrutura global visando estabelecer
sistema sustentável de reciclagem de e-lixo.
d) ReUse: Desenvolver sistema de reutilização de produção sustentável
em escala mundial para minimizar impactos ambientais.
e) Capacitação: Documentar todos os resultados obtidos pelas Forças-
tarefa, visando ampliação da consciência global pelo acesso ao
conhecimento.
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Considerações Finais
Como se pode perceber, pelo volume e seriedade do projeto StEP – dentre tantos
existentes – não faltam idéias, propostas ou incentivos. Falta a vontade de agir dos
Estados para a implementação de políticas e legislações sérias para o controle e
destinação de lixo eletrônico. Temos como parâmetro legal internacional, a “Convenção
da Basiléia” - um dos três tratados que visam proteger a saúde humana e o meio-
ambiente – que foi assinada em 1989 para impedir que países ricos exportassem seu lixo
tóxico para os mais pobres. As outras duas são a “Convenção de Roterdã” sobre
substâncias químicas e a “Convenção de Estocolmo” sobre poluentes orgânicos
persistentes.
A tecnologia tem seu lugar, veio para ficar. Seus passos rápidos assinalam ser
necessário um Estado ágil para implementar as adequações normativas que regulem as
relações e as conseqüências desta evolução. Embora o problema do lixo eletrônico seja
global, a sua solução surgirá dos bons resultados das ações locais, que inspirarão as
iniciativas governamentais nas relações internacionais sobre o tema.
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O lixo eletrônico que sobrecarrega os containeres dos países tecnologicamente
avançados nada mais é que o rastro marcante de um futuro que chegou e passou. É a
sombra, na forma de lixo, do status tecnológico alcançado pela civilização do planeta
Terra. Civilização que, ao tratar do próprio lixo de forma responsável e com vista ao seu
reaproveitamento e não simplesmente despejando-o em qualquer lugar, estará rumando
para o status de civilização realmente avançada, não apenas tecnologicamente, mas,
sobretudo humana e socialmente consciente, pela sabedoria para administrar as
conseqüências da sua evolução, do seu comportamento, para seu próprio bem-estar e a
preservação do planeta.
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The Electronics Revolution: From E-Wonderland to E-Wasteland. Oladele A. Ogunseitan, Julie M. Schoenung, Jean-
Daniel M. Saphores, and Andrew A. Shapiro. Science 30 October 2009
2 h
Fonte: The Economist, feb. 20' , 1999, Survey, p.8 (in http://www.cefetsp.br/edu/eso/lia/cadeiasprodutivas2.html)
3
Em: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=lixo-eletronico-outro-lado-era-tecnologia&id=
010125091030
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O conceito relaciona-se diretamente ao termo GLOBALIZAÇÃO e está associado a uma nova visão do mundo
viabilizada pelo desenvolvimento de modernas tecnologias de informação e comunicação, bem como pela grande
facilidade e rapidez dos meios de transporte. O conceito foi criado ainda na década de 60 por Herbert Marshall McLuhan
(Sociólogo canadense, professor da Escola de Comunicações da Universidade de Toronto/Canadá) que foi o primeiro
filósofo das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações.
Segundo seu criador, a informação transmitida eletronicamente eliminava "virtualmente" as distâncias geográficas
(profissionalmente, comercialmente, pessoalmente etc.), ampliando não apenas os poderes de organização social da
população, eliminando amplamente a sua fragmentação espacial, mas possibilitando que qualquer acontecimento numa
determinada parte do mundo tenha reflexos noutra parte do mundo, geograficamente distante. O princípio que preside a
este conceito é o de um mundo interligado, com estreitas relações econômicas, políticas e sociais, fruto da evolução das
Tecnologias da Informação e da Comunicação (vulgo TIC), particularmente da World Wide Web, diminuidoras das
distâncias e das incompreensões entre as pessoas e promotor da emergência de uma consciência global
interplanetária, pelo menos em teoria. Essa profunda interligação entre todas as regiões do globo originaria uma
poderosa teia de dependências mútuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e a luta pelos mesmos ideais, ao
nível, por exemplo da ecologia e da economia, em prol do desenvolvimento sustentável da Terra, superfície e habitat
desta "aldeia global".
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Toneladas de cabos, celulares, monitores, torradeiras, toca-fitas, relógios são comprados às toneladas por pequenos
negócios. Desmonta-se, separa-se, queima-se esse material todo com o fim de separar metais preciosos como ouro,
prata, cobre, platina e paládio.
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Citado em: http://www.correiointernacional.com/?p=1768
7
Em: http://lixoeletronico.org/blog/minera%C3%A7%C3%A3o-urbana-fen%C3%B4meno-e-possibilidades
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Em: www.lixoeletronico.org
9
Em: http://www.step-initiative.org/
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Referências
AMARO, Mariana. Info Online. Destino do lixo eletrônico é decidido. Disponível em:
http://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/destino-do-lixo- eletronico-e-decidido-
17072009-43.shl . Capturado em 27/10/09
DACEY, Jessica. Suíça faz lobby por melhor eliminação de lixo eletrônico.
http://www.swissinfo.ch/por/index.html?cid=6748714. Capturado em: 04/12/2009.
LIMA, Vanessa. Brasil produz quatro mil toneladas de lixo eletrônico por hora.
Disponível em: http://www.metodista.br/rronline/ciencia-e-saude/brasil-produz-quatro-mil-
toneladas-de-lixo-eletronico-por-hora. Capturado em: 27/10/09
MATTAR, Maria Eduarda. Lixo eletrônico: um problema que não se deleta. Disponível
em: http://www.lainsignia.org/2002/marzo/cyt_008.htm
Openinnovatio. USP cria primeiro centro publico de lixo eletrônico. Disponível em:
http://www.openinnovatio.org/2009/05/16/usp-cria-primeiro-centro-publico-de-lixo-
eletronico/ Capturado em 27/10/09.
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