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Ensino Fundamental - Anos Finais

LIVRO DO
NONO ANO PROFESSOR

1
Volume

O
C IV
O S
C LU

Grupos: 1, 2 e 3
O C
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SI E
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EN S

HISTÓRIA
E U
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EM IA
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w w w.coc .co m. br

101395069 CO EF 09 INFI 02 1B LV 01 MI DHIS PR_CAPA.indd 1 25/09/19 16:28


HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

O
C IV
O S
C LU
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N X
SI E
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ESCOLA:
EN S
DADOS

NOME:
E U
D E

TURMA: NÚMERO:
A LD
EM IA

HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO


ST ER
SI AT
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Ensino Fundamental - Anos Finais
LIVRO DO
NONO ANO PROFESSOR

1
Volume

O
C IV
O S
C LU
O C
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EN S
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A LD

Grupos 1, 2 e 3
EM IA
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HISTÓRIA
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EDITORIAL

SISTEMA COC DE ENSINO

Vice-presidência de Educação Juliano de Melo Costa


Gerência editorial de portfólio de Educação Básica e Ensino Superior Alexandre Ferreira Mattioli
Gerência de produtos editoriais Matheus Caldeira Sisdeli

O
Gerência de design Cleber Figueira Carvalho

C IV
Coordenação editorial Felipe A. Ribeiro
Coordenação de design Diogo Mecabô

O S
Autoria Tatiana Adas Gallo
Editoria responsável Paula Garbellini de Barros Rodrigues

C LU
Editoria pedagógica Anita Adas
Editoria de conteúdo Breno Carlos da Silva, Rafael dos Santos Ferreira

O C
Controle de produção editorial Lidiane Alves Ribeiro de Almeida
Assistência de editoria Jurema Aprile

N X
Preparação e revisão gramatical Aline Salles, Fabiana Cosenza Oliveira,
SI E
O
Organização de originais
Sônia Santos, Milena Contador Lotto
Marisa Aparecida dos Santos e Silva, Luzia Lopez
Editoria de arte Natália Gaio Lopes
Coordenação de pesquisa e licenciamento Maiti Salla
EN S

Pesquisa e licenciamento Andrea Bolanho, Cristiane Gameiro, Heraldo Colon Jr.,


Maricy Queiroz, Paula Quirino, Rebeca Fiamozzini, Sandra Sebastião
E U

Editoria de Ilustração Carol Plumari


Ilustração Danilo Dourado | Red Dragon Ilustrações,
D E

Leopoldo Anjo & Estúdio Pastelaria


Capa e projeto gráfico APIS design
A LD

Diagramação e arte final APIS design, Diagrama Soluções Editoriais


PCP George Romanelli Baldim, Paulo Campos Silva Jr.
EM IA
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SI AT
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Fone: (16) 3238.6300


Av. Dr. Celso Charuri, 6391 Todos os direitos desta publicação são reservados à
Jardim São José – Ribeirão Preto - SP
CEP 14098-510 Pearson Education do Brasil S.A.
www.coc.com.br

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ALBERTO ANDREI ROSU/ DREAMSTIME
GRUPO

VARIAÇÕES
1

O
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C LU
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A LD

“Todos nós sabemos que o mundo em que vivemos é domina-


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do por movimento e variação. A Terra move-se em sua pró-


pria órbita em torno do Sol; uma colônia de bactérias cresce;
uma pedra lançada para cima vai perdendo velocidade, e,
ST ER

em seguida, cai ao chão com velocidade crescente; elemen-


tos radioativos se desintegram. Estes são apenas alguns itens
no rol infindável de fenômenos para os quais a Matemática
é o meio mais natural de comunicação e compreensão. Como
SI AT

disse Galileu há mais de 300 anos: “O Grande Livro da Na-


tureza está escrito com símbolos matemáticos”. O Cálculo é
o ramo da Matemática cujo principal objetivo é o estudo do
M

movimento e da variação. É um instrumento indispensável


de pensamento em quase todos os campos da ciência pura e
aplicada – em Física, Química, Biologia, Astronomia, Geologia
[...]. Qualquer que seja o padrão de medida, os métodos e as
aplicações do Cálculo estão entre as maiores realizações inte-
lectuais da civilização.”

George F. Simmons

O pensamento algébrico que começa a se consolidar neste último ano do


Ensino Fundamental é essencial para a aplicação e avaliação de modelos
matemáticos na compreensão, representação e análise de relações quantita-
tivas de grandezas. Nesse contexto, ideias matemáticas fundamentais – como
equivalência, razão, variação, interdependência e proporcionalidade – são
indispensáveis para o estudo e entendimento de modelos, conceitos e gene-
ralizações da Física e da Química, bem como para diversas carreiras, como
Engenharia, Economia, Medicina, Ciências Sociais, entre inúmeras outras.

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CONHEÇA SEU LIVRO

ABERTURA DE CAPÍTULO
Traz elementos que
dialogam com o texto

O
introdutório, buscando
contextualização e

C IV
estimulando a reflexão
sobre o assunto em estudo.

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MÓDULOS
Reunido em capítulos,
sistematiza a teoria que
O
será trabalhada no grupo.
Os exercícios referentes aos
EN S

módulos são organizados após


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a teoria para facilitar a rotina


de estudos.
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A LD

OBJETIVOS DO GRUPO
Relação dos objetivos de
aprendizagem a serem
desenvolvidos no grupo.
EM IA
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M

EXERCÍCIOS
Agrupados para facilitar o
estudo e a revisão de conteúdos,
são divididos em exercícios
de aplicação, trabalhados em
sala, e exercícios propostos,
realizados em casa ou em
outros momentos.

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PARA CONFERIR
Momento indicado para
conferir a aprendizagem de
conteúdos. Pode ser aplicado
ao final do capítulo ou durante
seu desenvolvimento.

O
C IV
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ORGANIZADOR VISUAL
Propõe uma revisão dos

N X
conceitos e estabelece conexões
SI E entre eles, proporcionando
uma articulação entre os
conteúdos do capítulo.
O
EN S
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ENCARTES E ADESIVOS
Apresentam recursos
complementares
EM IA

que enriquecem o
desenvolvimento
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dos módulos.
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M

PRODUÇÃO DE TEXTO
As folhas de redação são
destacáveis, facilitando
o uso pelo aluno e a
correção pelo professor.

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CONHEÇA SEU LIVRO
BOXES E ÍCONES
Pouco a pouco,

Sem que qualquer coisa me falte,

Sem que qualquer coisa me sobre, QUADRO DE TEXTO


Com referência direta MINIATURAS DOS ÍCONES
Sem que qualquer coisa esteja ao que está sendo
[exatamente na mesma posição,

O
trabalhado, permite
Vou andando parado, o contato com As miniaturas são um

C IV
diversos autores. recurso discursivo que
Vou vivendo morrendo,
facilitam a contextualização

O S
Vou sendo eu através de uma dos quadros com o texto

C LU
[quantidade de gente sem ser. principal, indicando nele
em que ponto a informação
Vou sendo tudo menos eu. adicional está relacionada.

O C
Acabei.

N X
Álvaro de Campos
SI E VOCABULÁRIO
Mais-valia: excedente
O
obtido pela diferença en- VOCABULÁRIO
tre o custo de produção Explica, de maneira
EN S

de um produto e o valor
mais acessível e dentro
de sua venda. O custo de
E U

NOTA produção é obtido pela do contexto, termos e


soma do valor da matéria- conceitos, favorecendo sua
D E
WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO

-prima, os gastos com a assimilação, compreensão


produção e o salário pago
e apropriação.
A LD

ao operário produtor.

NOTA
Traz informações
EM IA

históricas ou sobre
estudiosos que se
ST ER

destacaram no contexto
Anaxágoras (500-430 a.C.)
do conteúdo em estudo.
A palavra “física” tem origem
no termo grego, physis, cujo EXPLORE MAIS
SI AT

significado é natureza. Um
Ser ou não-ser
dos primeiros físicos foi pro-
vavelmente Anaxágoras, que Para entender melhor
a filosofia de Heráclito,
M

viveu na costa oeste da atual


acesse o vídeo apresen-
Turquia. Professor de Filoso-
tado por Viviane Mosé,
fia em Atenas, sua principal EXPLORE MAIS “Ser ou não-ser – Heráclito
contribuição foi o Nous, que
São dicas de sites, textos – devir e a luta dos con-
ele considerava o princípio de
e links, em ambiente trários”. Disponível em:
todas as coisas, ou seja, um
simples objeto que conteria digital, relacionados <coc.pear.sn/tCxWrnc>.
todos os elementos do uni- ao conteúdo estudado,
verso. Com esse pensamento,
possibilitando ampliação
Anaxágoras tornou-se um dos
primeiros estudiosos a des- e aprofundamento.
vincular a ciência da religião
e foi, por isso, condenado à
morte, embora tenha fugido.

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GRUPO
PARA IR ALÉM TEMÁTICO
GRUPO TEMÁTICO
O quarto estado: plasma Momento em que Porcentagem nos preços
Já são conhecidos três es- o grupo temático é A porcentagem é usada para
tados físicos da matéria: trabalhado, por meio muitas finalidades, sendo
PARA IR ALÉM sólido, líquido e gasoso. No
do qual as ligações a observação das variações
Oportunidade de entanto, ainda existe outro de valores, como preços de
aprofundar o conteúdo estado, o plasmático. Se entre as disciplinas são
produtos, uma das aplica-
e desenvolver uma considerarmos todo o Uni- evidenciadas. ções mais comuns. Como
verso, o estado plasmático exemplo, temos a variação de
postura investigativa, é o mais encontrado, apesar

O
preço de produtos da nossa
estimulando a reflexão de não o ser no planeta Ter- alimentação ou a variação
ao despertar a ra. O próprio Sol é constituí-

C IV
de preços de moedas estran-
curiosidade e o interesse. do por plasma, que, assim geiras. Sempre que um valor
como os outros estados físi- NA PRÁTICA aumenta, ou diminui, temos

O S
cos, ocorre pelo aumento de de tomar como referência o
Não confunda
pressão e temperatura. Se peso com massa! valor anterior. Por exemplo,

C LU
adicionarmos alta pressão e se um produto custa 2 reais,
alta temperatura a um gás, É comum confundirmos es-
sas duas grandezas físicas, e seu valor aumenta 1 real,
atingiremos o plasma. um economista dirá que o au-
principalmente quando

O C
SAKKMESTERKE/ISTOCK

utilizamos, erroneamente, mento foi de 50%, pois 1 real


no nosso cotidiano, o termo é 50% de 2 reais, ou seja, a

N X
“peso” como sinônimo de metade do preço. Em contra-
“massa”. Essas duas gran- partida, se um produto custa
SI E dezas têm conceitos e defi-
nições distintos.
100 reais e tem o mesmo au-
mento de 1 real, o economis-
ta dirá que o aumento foi de
O
Peso é a quantidade de força
Representação do plasma, o 1%, pois 1 real corresponde
quarto estado da matéria. com que a gravidade terrestre
a 1% de 100 reais.
EN S

atrai os corpos para o centro


do planeta. Por exemplo, o
E U

peso de um astronauta na
Lua é aproximadamente seis
NA PRÁTICA vezes menor do que o peso
D E

dele na Terra, porém sua


Apresenta conceitos da massa que é a quantidade
A LD

disciplina aplicados em de matéria de determinado


situações do cotidiano ou em corpo, continua a mesma, in-
outras áreas do conhecimento, dependentemente da quan-
tidade de força gravitacional
EM IA

servindo também à exercida nela.


divulgação científica.
ST ER

SELOS
SI AT

Os selos remissivos indicam o momento em que serão disponibilizados


M

materiais complementares ao desenvolvimento do módulo.

Eles podem aparecer no texto: E também em partes da página:

Redação pág. 399 Encarte pág. 399 Redação pág.399 Encarte pág.399 Adesivo

O selo colaborativo indica exercícios que exploram


Colaborativo
estratégias diferenciadas de aprendizagem:

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MA PA I N T E R D I S C I P L I N A R
Este mapa mostra ligação entre os conteúdos
das disciplinas, sendo ponto de partida para
um trabalho interdisciplinar.

O
LÍNGUA

C IV
PORTUGUESA
Textos jornalísticos, MATEMÁTICA

O S
cobertura e checagem de Razão e proporção
fatos, verbos de ligação,

C LU
predicativo e produção
de texto
FI AR GE
EDUCAÇÃO CS AR
FÍSICA

O C
FÍSICA
Estudo do movimento

N X
Muay thai

SI E
HI
O
MA BI MA QM
EN S
E U

ARTE GRUPO QUÍMICA


1
D E

Vanguardas artísticas do Estados físicos e


século XX propriedades da matéria
A LD

Variações
LP CN HI LP CS BI
EM IA
ST ER

CIÊNCIAS BIOLOGIA
SOCIAIS
SI AT

Astronomia e
Filosofia grega: vida na Terra
Parmênides e Heráclito
M

AR BI LP GE HI
GEOGRAFIA HISTÓRIA
Economia mundial pós- História do Brasil:
guerra, globalização e Monarquia e Primeira
capital financeiro República

CN LP MA LP AR

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HIS
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C IV
O S
C LU
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SI E
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EN S

PÁG.
E U

186 CAPÍTULO 1
D E

Brasil: da Monarquia à República

RIA
A LD

196 CAPÍTULO 2
Primeira República
EM IA
ST ER
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CAPÍTULO

1 BRASIL: DA MONARQUIA
À REPÚBLICA

O
C IV
OBJETIVOS DO GRUPO

O S
• Descrever e
HISTÓRIA

contextualizar os

C LU
principais aspectos
sociais, culturais,
econômicos e políticos
186

O C
da emergência da
República no Brasil.

N X
• Caracterizar e
compreender os ciclos
SI E
da história republicana,
identificando
O
particularidades da
história local e regional
até 1954.
EN S

• Identificar os
E U

mecanismos de inserção
dos negros na sociedade
brasileira pós-abolição e
D E

avaliar seus resultados.


A LD
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MUSEU DA REPÚBLICA (PALÁCIO DO CATETE).
O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

187
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O
EN S

Pedro Bruno. A Pátria (1919). Óleo sobre tela, 278 x 190 cm.
E U

Museu da República (Palácio do Catete), Rio de Janeiro.

Módulos 1 e 2
D E

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A LD

D
esde 1889 até os dias atuais, o Brasil é uma República Federativa.
Mas como foi que o país deixou de ser uma monarquia para se
EM IA

tornar uma república?


Observe a pintura A Pátria, de Pedro Bruno. Ela fez parte de uma política
ST ER

para a construção de uma identidade nacional republicana, conforme


estudaremos. Repare que ela enaltece alguns símbolos nacionais, como a
bandeira oficial do Brasil.
SI AT

Para compreender tudo isso, é preciso,


inicialmente, entender como se deu a
M

transição da monarquia para a república.


ILBUSCA/ISTOCK

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NOTA Antecedentes
A monarquia vinha dando sinais de desgaste já há algum tempo, e uma
Guerra do Paraguai e série de fatores colaborou para tanto.
campanha abolicionista
É importante lembrar que a Com o término da Guerra do Paraguai (1864-1870), as desigualdades in-
Guerra do Paraguai teve im- ternas no Brasil tornaram-se cada vez mais evidentes. Os militares torna-
pacto na campanha abolicio-
ram-se conscientes do seu importante papel na salvaguarda da nação, en-
nista, pois muitos negros lu-
taram juntamente com outros tretanto estavam subordinados a um ministro da guerra, que era um civil,

O
soldados e oficiais no conflito. o que os deixava bastante inconformados. Por esse motivo, ocorreram con-
Essa convivência resultou em
uma nova relação entre esses
flitos entre os militares e a monarquia, conhecidos como Questão Militar.

C IV
grupos e, com o fim da guerra, Além da indisposição com os militares, o Império sofreu sério abalo após
membros do exército nega-
ter empreendido a prisão de bispos que desobedeceram às ordens impe-
CAPÍTULO 1

O S
ram-se a retomar as atividades
de perseguição a escravizados. riais em relação à maçonaria, o que gerou também a Questão Religiosa.

C LU
Paralelamente, o país passara por grandes transformações econômicas e
sociais a partir da segunda metade do século XIX, especificamente com o
188

VOCABULÁRIO fim do tráfico negreiro, em 1850. Com a Lei Eusébio de Queirós, os capi-

O C
tais antes destinados à compra de escravos passaram a ser aplicados em

N X
Conjuntura: conjunto ou
combinação de aconteci- atividades comerciais e industriais nas quais se destacou o barão de Mauá.
SI E
mentos em um determi-
nado momento.
O
Acompanhando as transformações internas e pressionados pela con-
juntura europeia, imigrantes passaram a entrar no país, modificando as
Ao tratar de cada um dos fatores apre- relações de trabalho por meio da introdução do salário e da consequente
sentados, retomar os conteúdos estu-
expansão do mercado consumidor.
EN S

dados no ano anterior, relativos à crise


do Segundo Reinado. Levar os alunos a
Entretanto, as estruturas políticas mantinham-se inalteradas, ressal-
E U

compreenderem de que modo as bases


da monarquia foram ruindo, especial- tando sérias desigualdades internas, como a insatisfação dos cafeiculto-
mente ressaltando a perda de apoio de
res do Oeste Paulista, que, embora proprietários de terras da região mais
D E

diversos grupos da sociedade.


dinâmica da economia do país, não ti-
A LD
ACERVO ICONOGRÁFICO DO MUSEU REPUBLICANO DA CONVENÇÃO DE ITU

nham representantes nas decisões po-


líticas do Império.
Fortalecidos por essa conjuntura, os
EM IA

antiescravistas intensificaram ainda


mais a campanha abolicionista, re-
ST ER

sultando na Lei Áurea, em 13 de maio


de 1888. Assinada pela princesa Isabel,
essa lei representou o golpe final contra
SI AT

a própria monarquia, porque feriu dire-


tamente os interesses dos escravocra-
M

tas, dos fazendeiros do Vale do Paraíba,


da Baixada Fluminense e do Nordeste,
que formavam a base de sustentação
política do Império.
Nesse contexto, o movimento republi-
cano, que havia lançado o Manifesto repu-
blicano brasileiro em 1870, foi ganhando
espaço, resultando na criação, em 1872,
Assinatura da Ata da reunião do Partido Republicano, em Itu, em 18 de abril de 1873. Painel
de azulejo da década de 1940, da série de reproduções de antigos documentos iconográfi-
do Partido Republicano e, em 1873, do
cos de Itu. Executado por Antonio Luiz Gagni. Museu Republicano da Convenção de Itu. Partido Republicano Paulista (PRP).

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Baile da Ilha Fiscal
Em 9 de novembro de 1889, em pleno ápice da crise da monarquia bra-
sileira, a família imperial promoveu uma grande festa no Rio de Janeiro,
reservada a um grupo seleto de convidados e realizada numa área em que
o acesso podia ser controlado: a Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro.
Três mil pessoas usufruíram do banquete oferecido em comemoração às
bodas de prata da princesa Isabel e do conde d’Eu, seu marido. Os convida-

O
dos de honra eram os oficiais do navio Almirante Cochrane, da Marinha chi-
lena. Os militares brasileiros, no entanto, não foram convidados para o baile.

C IV
Assim, enquanto a festa acontecia, Benjamin Constant presidia uma reu-
nião no Clube Militar, onde criticava a monarquia, com sua oratória inflamada:

O S

HISTÓRIA
C LU
Mais do que nunca é preciso que me sejam dados
plenos poderes para tirar a classe militar de um es-

189
O C
tado de coisas incompatível com a honra e a digni-
dade. Comprometo-me, sob palavra, se não encon-

N X
trar dentro de oito dias uma solução honrosa para o
SI E Exército e a Pátria, resignar aos empregos públicos
e quebrar minha espada.
O
B. Constant, Clube Militar – 9 nov. 1889. Apud: BUENO, Eduardo.
Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção.
São Paulo: Leya, 2010. p. 242.
EN S
E U

O Baile da Ilha Fiscal entrou para a história do Brasil como “o último sus-
D E

piro da monarquia” .
A LD

WORLD ARCHIVE / ALAMY STOCK PHOTO


EM IA
ST ER
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M

FIGUEIREDO, Aurélio de. Último baile do Império. 1905. Óleo sobre tela, 303 x 708 cm. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.

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VOCABULÁRIO
A República é proclamada
Em 1889, o imperador nomeou o visconde de Ouro Preto
Bestializado: embrute-
como chefe de seu ministério para tentar acalmar os âni-
cido.
mos republicanos, atendendo às reivindicações necessárias
para neutralizar a oposição. Contudo, a monarquia já havia
decaído e nada mais restava a fazer. Marechal Deodoro da
Fonseca, herói da Guerra do Paraguai, defensor das ques-
tões militares e amigo íntimo do imperador, foi convencido

O
a liderar o movimento republicano.

C IV
Deodoro, então, foi o responsável por depor o gabinete do
visconde de Ouro Preto, embora não tenha sido ele próprio
CAPÍTULO 1

O S
o proclamador da República. Quem proclamou foi José do

C LU
Patrocínio, que foi até a Câmara de Vereadores do Rio de
Janeiro, onde, enfim, a República foi proclamada.
190

O povo, segundo o jornalista Aristides Lobo, julgava es-

O C
tar assistindo, bestializado, a esse acontecimento, como

N X
se fosse uma parada militar. O historiador José Murilo de
SI E
O Carvalho, no entanto, entende que o povo não assistiu bes-
tializado, mas, sim, percebeu que as estruturas da socieda-
de da época não seriam significativamente alteradas com a
mudança política empreendida pelos militares.
EN S

Dois dias depois, a família real partiu para o exílio na Eu-


E U

ropa e, assim, iniciou-se o período do Governo Provisório.


D E

PINACOTECA MUNICIPAL, SP
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

CALIXTO, Benedito. Proclamação da República. 1893. Óleo sobre tela, 124 cm x 200 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo.

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É importante trabalhar a linha do
tempo com os alunos, para que com-
preendam o percurso republicano bra-
BRASIL REPÚBLICA sileiro desde 1889 até os dias atuais,
que abrange, também, objetos do
conhecimento que serão trabalhados
ao longo deste ano.
Sugestão de leitura: CARVALHO, José
Murilo de. Os bestializados: o Rio de
Janeiro e a República que não foi. 3. ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
Nova República

O
(1985-dias atuais)

C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

191
O C
República Militar
(1964-1985)

N X
SI E
O
República Populista
(1945-1964)
EN S
E U

Estado Novo
(1937-1945)
D E

Governo Constitucional
(1934-1937) Era Vargas
A LD

(1930-1945)
Governo Provisório
(1930-1934)
EM IA
ST ER
SI AT
M

República Oligárquica
(1894-1930)

República da Espada
(1889-1894)
Primeira República
(1889-1930)
Governo Provisório
(1889-1891)

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CAPÍTULO 1
BRASIL: DA MONARQUIA À REPÚBLICA
Módulos 1 e 2 | Proclamação da República

Exercícios de aplicação
1. Explique os fatores que levaram o Império ao desgaste e à consequente Proclamação da República.
Espera-se que os alunos mencionem a Questão Militar e a Questão Religiosa, a abolição dos escravizados, assim como a

Guerra do Paraguai, que colaborou para o fortalecimento do Exército.

O
C IV
CAPÍTULO 1

O S
C LU
192

O C
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O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU
2. A crise e a posterior queda da monarquia no Brasil foram resultantes de uma série de fatores, como 2. Auxiliar os alunos a re-
a Questão Militar, a crise econômica decorrente da Guerra do Paraguai e a abolição da escravatura. cordarem que as estruturas
Juntamente com eles, podemos afirmar, ainda, que a queda da monarquia apresentou como um de políticas se mantiveram

193
O C
seus fatores principais inalteradas, ressaltando
sérias desigualdades inter-
a. a crise econômico-financeira provocada pelo Encilhamento. nas, como no caso da insa-

N X
b. as transformações econômicas e sociais ocorridas no contexto de imobilidade das estruturas tisfação dos cafeicultores
do Oeste Paulista, que não
SI E
políticas.
c. o advento da filosofia positivista, que defendia o desenvolvimento da policultura no lugar da
tinham representantes nas
decisões políticas do Im-
monocultura. pério, ou dos membros do
O
Exército, que desejavam
d. a Revolta da Armada, imbuída de valores republicanos. sua valorização e mudanças
EN S

dentro do governo.
e. o desgaste da política coronelista em razão da descentralização política do regime monárquico.
E U

Exercícios propostos
D E

3. Em relação à afirmação a seguir, coloque C para a alternativa correta e I para a incorreta.


A LD

O fim do regime monárquico no Brasil não se resume ao ato do marechal Deodoro da Fonseca, pois
também deve-se levar em consideração
a crise da economia escravista vale-paraibana e a ascensão de outras regiões mais dinâmicas,
EM IA

C
como o Oeste Paulista.

os descontentamentos que se multiplicavam no interior do Exército após a Guerra do Paraguai.


ST ER

C a morosidade na resolução do problema da escravidão, que desgastava o regime.

o sucesso do visconde de Ouro Preto na chefia do ministério e do atendimento das reivindi-


SI AT

I
cações dos radicais.

os conflitos entre Igreja e Estado, o qual perdera apoio de grande parte do clero, importante
M

C
base ideológica da monarquia.

a necessidade de adaptar a estrutura político-administrativa às novas realidades do país,


C
descartando-se o excessivo centralismo.

4. Assinale a alternativa que completa a frase corretamente. 4. O Baile da Ilha Fiscal en-
trou para a história do Brasil
O Baile da Ilha Fiscal simbolizou como “o último suspiro da
a. o apogeu da monarquia brasileira, em meados do século XIX, graças ao sucesso da lavoura cafeeira. monarquia”, pois, enquanto
ele ocorria, sem ter sido feito
b. o controle do tráfico marítimo e das importações no porto do Rio de Janeiro. o convite aos militares, uma
c. o colapso da monarquia brasileira, já profundamente abalada desde o fim da Guerra do Paraguai. reunião acontecia no Clube
Militar, onde estes se reuni-
d. o fim da dinastia de Bragança, substituída por uma família francesa devido a laços de casamento. ram com Benjamin Constant.
e. o fim das campanhas republicanas, que desistiram de instaurar uma nova ordem no país.

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Módulos 1 e 2
1. Após a Guerra do Paraguai, as desigualdades internas do Brasil causaram uma série de conflitos

entre militares e a monarquia, que ficaram conhecidos como Questão Militar .

O
2. Assinale verdadeiro V ou falso F nas afirmativas a seguir.

C IV
V A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, representou um duro golpe contra a monarquia.
CAPÍTULO 1

O S
F O Manifesto Republicano lançado pelo Partido Republicano não colaborou de forma alguma
para a Proclamação da República.

C LU
F Visconde de Ouro Preto foi o responsável pelo movimento republicano, concedendo a Deodo-
194

ro o direito de proclamar a República.

O C
N X
3. Assinale a alternativa que completa a frase.
SI E
Enquanto o Baile da Ilha Fiscal ocorria, estava reunido com militares,
para quem discursou no Clube Militar.
O
a. Deodoro da Fonseca
EN S

b. Conde D’Eu
E U

c. Benjamin Constant

d. Floriano Peixoto
D E

e. D. Pedro II
A LD

4. A Proclamação da República, efetivamente, não foi feita pelo Marechal Deodoro, mas, sim, por
EM IA

José do Patrocínio , na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.


ST ER

5. Após a Proclamação da República, a família imperial


mudou-se para a residência em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro.
SI AT

X partiu para a Europa, exilada.


M

permaneceu no Rio de Janeiro.

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O
C IV
CRISE DA MONARQUIA E

O S

HISTÓRIA
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

C LU

195
O C
N X
SI E
O
Guerra do Questão Fim do tráfico Campanha Movimento
EN S

Paraguai Religiosa negreiro abolicionista republicano


E U
D E
A LD

Questão Militar
EM IA
ST ER
SI AT

Baile da
Ilha Fiscal
M

CO EF 09 INFI 02 1B LV 01 MI DMUL DHIS G1.indd 195 24/09/2019 19:48


CAPÍTULO

2 PRIMEIRA REPÚBLICA

O
Módulo 3

C IV
OBJETIVOS DO GRUPO REPÚBLICA DA ESPADA

O S
• Descrever e
HISTÓRIA

contextualizar os
Em 15 de novembro de 1889, o jornal Gazeta da Tarde recepcionou o

C LU
principais aspectos novo regime, enaltecendo a atuação militar e a tranquilidade em que
sociais, culturais, ocorreu a passagem da monarquia para a república:
econômicos e políticos
196

O C
da emergência da
República no Brasil.

N X
• Caracterizar e
compreender os ciclos
SI E
da história republicana,
identificando
O
particularidades da
história local e regional
até 1954.
EN S

• Identificar os
E U

mecanismos de inserção
dos negros na sociedade
brasileira pós-abolição e
D E

avaliar seus resultados.


A LD

• Identificar os processos
de urbanização e
modernização da
sociedade brasileira e
EM IA

avaliar suas contradições


e impactos na região em
que vive.
ST ER

• Identificar e discutir o
papel do trabalhismo
como força política,
social e cultural no
SI AT

Brasil, em diferentes
escalas (nacional,
regional, cidade,
M

comunidade).
• Identificar e explicar,
em meio a lógicas de
inclusão e exclusão,
as pautas dos povos
indígenas, no contexto
republicano (até 1964),
e das populações
afrodescendentes.

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JABOTICABA/ISTOCK
NA PRÁTICA
O trabalho do historiador
Jornais são exemplos de pe-
riódicos utilizados por histo-
riadores em suas pesquisas.
Trata-se de importantes fon-
tes históricas, na medida em
que trazem informações do
cotidiano de determinada

O
época, abrangendo, entre eles,

NAL
fatos históricos importantes.

C IV
CA NACIO
Por meio do trabalho de aná-
lise de jornais, é possível es-

BIBLIOTE

O S
tudar a visão sobre sujeitos

HISTÓRIA
históricos e grupos da socie-

C LU
dade, assim como analisar a
forma de redigir do jornalis-
ta, compreendendo, então,

197
algumas das relações sociais

O C
que se estabeleciam na data
em que o jornal foi publicado.

N X
É necessário, portanto, que o
SI E
O historiador tenha um olhar
atento para vários fatores,
entre eles, quem escreve e a
que grupo pertence e quem
são os leitores do jornal.
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Museu do Ipiranga, São Paulo


Gazeta da Tarde, 15 de novembro
de 1889, Ano X, 310. ed. Acervo da
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

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Ao ler o conteúdo do jornal, temos a impressão de que a Proclamação não
VOCABULÁRIO passou da tomada de poder pelos militares, ficando o povo à margem do
Voto censitário: consiste
processo político, afastado de seus direitos desde a Independência com a
na concessão do direito introdução do voto censitário.
de voto somente àqueles
que possuam uma renda
Durante o Segundo Reinado e a Primeira República, no entanto, mesmo
mínima. sem haver uma organização, houve muitas manifestações e revoltas po-
pulares, envolvendo até mesmo aqueles sem o direito de votar. Na campa-
A respeito da participação popular, José nha republicana, inclusive, pareceu que o povo finalmente teria acesso à
Murilo de Carvalho entende que, em-

O
bora não tivesse sido protagonista em cidadania política, porém as desigualdades foram perpetuadas na aliança
eventos como a Proclamação da Repú-
entre militares e cafeicultores.

C IV
blica, o povo sempre esteve presente
de alguma forma, como nas revoltas
populares no Império, por exemplo, a
CAPÍTULO 2

Símbolos da República

O S
Cabanagem e a Balaiada, ou já na Re-
pública, como a Revolta da Vacina. O Com a Proclamação da República, novos símbolos nacionais foram cria-

C LU
historiador afirma: dos, como uma nova bandeira e um novo Hino Nacional. Além disso, nomes
“A avaliação do povo como incapaz de também foram alterados, conforme Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling
discernimento político, como apático,
nos contam:
198

incompetente, corrompível, enganá-

O C
vel, que vimos nos debates sobre a
eleição direta, revela visão míope, má-

N X
-fé, ou incapacidade de percepção. É O largo do Paço passou a se chamar 15 de novembro; a Estrada de
evidente que não se podia esperar da
Ferro Pedro II, Central do Brasil; o Colégio Pedro II, Colégio Nacio-
SI E
população acostumar-se da noite para
o dia ao uso dos mecanismos formais de
participação exigidos pela parafernália
O
nal; o vistoso conjunto de residências denominado Vila Ouro Preto
foi batizado de Vila Rui Barbosa. Os motivos impressos no papel-
dos sistemas de representação. Mesmo
assim, vimos que o eleitor do Império e -moeda circulante também foram alterados, e rapidamente: saíram
da Primeira República, dentro de suas
D. Pedro II e a monarquia, entraram as imagens da nova República
EN S

limitações, agia com racionalidade e


que não havia entre os líderes políticos dos Estados Unidos do Brasil. [...]
E U

maior preocupação do que a dele com


SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia.
a lisura dos processos eleitorais. Além São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 318.
disso, se o povo não era um eleitor ideal
D E

e nem sempre teve papel central nos


grandes acontecimentos, como a Pro-
A LD

clamação da Independência e da Repú- Junto a tudo isso, a retomada da figura de Tiradentes como herói nacional
blica, ele achava com frequência outras
maneiras de se manifestar”. (CARVALHO,
e a referência à República por meio de figuras femininas formavam a nova
José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo política de construção da identidade nacional, agora republicana.
caminho. 23. ed. Rio de Janeiro: Civiliza-
EM IA

ção Brasileira, 2017. p. 72-73).

Governo Provisório (1889-1891)


BIBLIOTECA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, GOVERNO FEDERAL

ST ER

Foi formado no mesmo dia da proclamação, e sua chefia


coube ao marechal Deodoro da Fonseca, que organizou seu
ministério, o primeiro da história republicana brasileira.
SI AT

A primeira medida tomada pelo governo foi alterar o nome


do país, que passou a ser República dos Estados Unidos do
M

Brasil. Em seguida, promoveu:


• a separação entre Igreja e Estado;
• a regulamentação do casamento civil;
• a criação do registro civil;
• a secularização dos cemitérios;
• a reforma do Código Criminal;
• a reforma do ensino;
Marechal Deodoro da Fonseca, presiden- • a naturalização de estrangeiros residentes no país, se
te do Brasil entre os anos de 1889 e 1891
assim o desejassem.

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Acerca do Encilhamento, Paulo Sandroni explica ser a “Política financeira de estímulo à indústria, adotada por Rui Barbosa
quando ministro da Fazenda (novembro de 1889 a janeiro de 1891), após a Proclamação da República. Baseava-se no
incremento do meio circulante com a criação de bancos emissores (tendo como lastro não libras-ouro, mas títulos da

Encilhamento
VOCABULÁRIO
Durante o Governo Provisório, o ministro da Fazenda, Rui Barbosa, ado-
tou uma política econômica com o objetivo de promover o desenvolvimen- Crédito: quantia concedi-
da a alguém para ser paga
to industrial e comercial do Brasil.
posteriormente, geral-
Entre as medidas dessa política, Rui Barbosa autorizou a emissão de di- mente, com juros.
nheiro para facilitar o crédito a investidores industriais e comerciais. A Especulação financei-
ra: operação financeira
inciativa também tinha raízes na abolição da escravidão, pois, agora com o que tem o objetivo de
trabalho assalariado, havia necessidade de colocar dinheiro para circular, obtenção de lucro, apro-

O
a fim de pagar os trabalhadores e estimular o desenvolvimento social e veitando-se da oscilação
dos preços.

C IV
econômico do Brasil. Bolsa de Valores: insti-
Embora bem-intencionada, essa política econômica não recebeu apoio tuição onde se negociam

O S
ações (documento que

HISTÓRIA
da elite nacional, pois esse grupo da sociedade estava acostumado a enca- indica a propriedade de

C LU
rar o trabalho como atividade reservada a escravizados e libertos. certa fração de determi-
nada empresa) e títulos
Empréstimos foram tomados dos bancos, mas, em vez de aplicá-los na (documento que certifica

199
produção industrial e comercial efetivamente, muitos investidores cria- a propriedade de um bem

O C
vam empresas-fantasmas e faziam a especulação financeira na Bolsa de ou valor).

N X
Inflação: aumento dos
Valores do Rio de Janeiro. O resultado disso foi a aceleração da inflação e preços de forma a causar a
a falência de empresas.
SI E desvalorização da moeda.
Politicamente, tal situação foi aproveitada pela oposição, representada
O
principalmente por cafeicultores e casas importadoras, o que enfraqueceu
o governo do marechal Deodoro da Fonseca. NOTA
EN S

Constituição de 1891
E U

Por que essa política é


Promulgada em fevereiro por uma Assembleia Constituinte, a Constituição conhecida como
D E

Encilhamento?
de 1891 foi a segunda Constituição do Brasil e a primeira da República.
O ambiente nervoso de ne-
A LD

Entre suas determinações, ela estabeleceu: gociação na Bolsa de Valores


lembrava os hipódromos no
• a República Presidencialista Federativa, na qual cada estado (anterior- momento de largada dos ca-
mente, chamados de províncias) passou a ter autonomia legislativa e valos – denominado Encilha-
EM IA

governamental; mento –, em que se aperta-


vam as tiras de couro (cilhas)
• consagrou os Três Poderes: Executivo, Legislativo (Congresso Nacional, das selas dos cavalos.
ST ER

formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado) e Judiciário;


dívida pública), cujos empréstimos te-
• determinou o voto universal masculino não secreto aos maiores de 21 riam de ser aplicados apenas no finan-
ciamento de novas empresas indus-
anos que fossem alfabetizados;
SI AT

triais (e não na agricultura). Por isso,


• determinou a separação entre Estado e Igreja, ou seja, a partir de en- incentivou-se intensamente a criação
de sociedades anônimas, concitando-
tão, o Estado seria laico e não haveria mais religião oficial. -se o público a investir seu capital na
M

indústria e no comércio. Com créditos,


garantias oficiais e um ambiente psi-

Governo Constitucional de Deodoro da Fonseca (1891) cológico favorável, a Bolsa de Valores


do Rio de Janeiro entrou em intensa
atividade e a política do ministro foi
A Constituição de 1891 estabeleceu que o primeiro presidente seria eleito popularmente identificada com o
por voto indireto, isto é, pela Assembleia. encilhamento dos cavalos logo antes
da largada na pista dos hipódromos,
Numa disputa tensa, saíram vitoriosos Deodoro como presidente e Flo- quando a atividade dos apostadores
se torna frenética. As ações em alta
riano como vice. Naquela época, o vice-presidente não era automaticamen- rápida e constante faziam a fortuna
te eleito com a vitória do candidato a presidente, como ocorre atualmente. de uma infinidade de especuladores.
Surgiram com isso numerosas empre-
Veja na página a seguir como o desenhista Pereira Neto retratou, em sas inexequíveis e mesmo fictícias. O
investimento especulativo na Bolsa
1891, a primeira eleição presidencial do Brasil. tornou-se um fim em si mesmo e não
o que imaginava Rui Barbosa, esperançoso de ver esse dinheiro empregado de fato em atividades industriais produtivas. O resultado foi uma
desenfreada espiral inflacionária e de falências”. (SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999. p. 206).

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Explicar aos alunos os desdobramen-

COLEÇÃO PARTICULAR
tos políticos e econômicos durante os
governos de Deodoro da Fonseca e Flo-
riano Peixoto. Ao trabalhar a imagem
de Pereira Neto da primeira eleição
para o Executivo, explicar que as mu-
lheres da imagem não eram votantes,
mas, sim, foram inseridas no desenho
para simbolizar os estados, constituin-
do a figura feminina substituta para a
figura do indígena na construção da
identidade nacional. Nesse tocante,
lembrá-los de que a República, já na

O
Revolução Francesa, era representada
por uma figura feminina.

C IV
De acordo com José Murilo de Carva-
lho, “Os republicanos brasileiros de
orientação francesa tinham, portanto,
CAPÍTULO 2

A primeira eleição presidencial do Brasil, retratada por Pereira Neto, em

O S
grande riqueza de imagens e símbo- 1891. Na imagem, lê-se: “O CONGRESSO E A CONSTITUIÇÃO. O Brasil gloria-se
los em que se inspirar. Interessava- de haver discutido e promulgado uma Constituição adiantada, com o con-

C LU
-me, no momento, apenas o uso que curso dos seus filhos mais diletos, terminando essa grande obra pela eleição
de dois dos principais fatores do dia 15 de novembro, para as principais
fizeram da alegoria feminina. Estavam, magistraturas da pátria livre. HONRA À AMÉRICA! VIVA A REPÚBLICA!”.
é certo, em pequena desvantagem se
200

comparados aos franceses. Enquanto

O C
na França a monarquia era masculina,
aqui a herdeira do trono, eventual re- Após a crise do Encilhamento, a popularidade de Deodoro decaiu, pois os

N X
gente, era mulher. Mas a desvantagem
foi diminuída por meio da tentativa de
militares acusavam-no de ser monarquista demais, e os fazendeiros de
SI E
anular a figura de Isabel, mostrando- café acusavam-no de não proteger a agricultura, que sustentava a nação.
Hostilizado pelo Congresso Nacional, Deodoro decretou seu fechamento.
NOTA
O
O clima de tensão foi aumentando com a decretação de uma greve pelos
ferroviários da Central do Brasil, que instigaram outros setores a aderir ao
EN S
BIBLIOTECA NACIONAL

movimento. A Marinha, então, ameaçou bombardear a baía da Guanabara


E U

se Deodoro não renunciasse. Esse episódio ficou conhecido como a I Revol-


ta da Armada.
D E

O estado de saúde de Deodoro agravou-se e ele terminou por renunciar


A LD

ao cargo, passando-o a seu vice, Floriano Peixoto.

Governo Floriano Peixoto


EM IA

Floriano, também considerado herói da Guerra do Paraguai, assumiu o go-


verno após o conturbado período de Deodoro e em plena crise econômica.
ST ER

Revista Illustrada, de 8 de
A primeira crise política que ele enfrentou partiu do próprio meio militar,
dezembro de 1889. Na imagem, quando 13 generais assinaram um Manifesto à Nação, exigindo o cumpri-
Pereira Neto retrata a República
mento da lei e a convocação imediata de novas eleições presidenciais, pois a
SI AT

da Argentina e a República
dos Estados Unidos do Brasil,
firmando um pacto de amizade. Constituição determinava que deveria haver novas eleições se o governante
A República e o feminino deixasse o cargo por morte ou renúncia antes de completar a metade (dois
M

Com inspiração na Revolução anos) do mandato. Como Deodoro renunciara após nove meses de mandato,
Francesa, no Brasil, a Repúbli- os generais exigiam o cumprimento do dispositivo constitucional.
ca também foi representada
como figura feminina. Os de- Entretanto, Floriano contra-argumentou que esse preceito não valia para
senhos de Pereira Neto são seu mandato, pois ele não fora eleito por voto popular, e sim por via indi-
exemplos disso.
reta. Os oficiais que assinaram o manifesto foram aposentados e Floriano
-a como simples joguete nas mãos do encarregou alguns juristas de dar sua interpretação à Constituição, legali-
conde D’Eu. Ao mesmo tempo, uma
campanha sistemática foi montada zando, assim, seu mandato.
para desmoralizar o conde. […] O fato
de o conde ser francês só facilitava a
Enquanto isso, ele tomava suas primeiras medidas como presidente: de-
tarefa de identificá-lo com o Antigo Re- mitiu os governadores que declararam apoio a Deodoro, controlou a espe-
gime. Silva Jardim não hesitou mesmo
em propor para ele o mesmo destino culação financeira e tabelou os preços dos alimentos.
que a Revolução reservara para Luís XVI. Abria-se, assim, o caminho para a apropriação republicana da imagem feminina”. (CARVALHO, José Murilo. A formação das
almas: o imaginário da república no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 83-84).

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Procurando apoio político, Floriano aproximou-se da elite cafeeira pau-
lista, que estava interessada em normalizar o quanto antes o conturbado
cenário político-nacional. Também promoveu algumas concessões popula-
res, como a construção de casas, a suspensão de impostos sobre a carne e a
regulamentação do preço dos aluguéis.

Revolução Federalista
No Rio Grande do Sul, uma crise política arrastava-se desde 1892, envol-

O
vendo o Partido Republicano Gaúcho – cujos membros, chamados de “pi-
ca-paus”, eram aliados a Floriano Peixoto – e o Partido Federalista – seus

C IV
membros eram apelidados de “maragatos” e opunham-se ao presidente.
Os federalistas exigiam o afastamento do governador republicano, Júlio

O S

HISTÓRIA
de Castilhos, e a instalação da república parlamentarista, com o objetivo de

C LU
diminuir os poderes presidenciais.
A revolta ultrapassou as fronteiras gaúchas, expandindo-se por Santa

201
O C
Catarina e Paraná e causou muitas mortes. Ao final, Júlio de Castilho e os
pica-paus saíram vencedores.

N X
Revolta da Armada
SI E
Influenciada pela Revolução Federalista, a Marinha, sob a liderança de al-
O
guns oficiais, passou a contestar a legitimidade do mandato presidencial
de Floriano.
EN S

No Rio de Janeiro, militares da Marinha passaram a bombardear a capi-


E U

tal, obrigando centenas de pessoas a superlotar os trens rumo ao interior.


Para enfrentar essa revolta, Floriano encomendou navios de guerra em
D E

vários países, a fim de compor outra Marinha para combater a rebelião.


A LD

Ao combater os revoltosos, Floriano ganhou o título de “marechal de Fer-


ro”. Com a derrota dos revoltosos no Rio de Janeiro, no Paraná e em Santa
Catarina, Floriano consolidou a República Brasileira.
EM IA

BIBLIOTECA NACIONAL
ST ER
SI AT
M

Militares da Marinha durante a II Revolta da Armada, em fotografia tirada por Juan


Gutierrez, no Morro do Castello, por volta de 1893. Rio de Janeiro, RJ/Acervo FBN.

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Módulos 4 e 5
EXPLORE MAIS
OLIGARQUIAS NO PODER: ASPECTOS
POLÍTICOS E ECONÔMICOS
BIBLIOTECA NACIONAL

Política na Primeira República


Nas eleições de 1894, os paulistas lançaram a candidatura de Prudente de
Morais para a presidência. Sua vitória deu início à chamada República

O
Museu da República Oligárquica ou República do café com leite, que vigorou no país até 1930
Conheça o Museu da e será estudada nestes módulos.

C IV
República, instalado
no antigo Palácio Nova
Poder das oligarquias
CAPÍTULO 2

O S
Friburgo, atual Palácio do
Catete, que foi sede do O governo de Prudente de Morais (1894-1898) caracterizou-se pelo esforço

C LU
governo federal entre os
anos de 1896 e 1960. Faça em fazer o país retornar à normalidade, concluindo a pacificação da Re-
uma visita virtual, pelo site volução Federalista e controlando a oposição, representada especialmente
202

disponível em:
pelos florianistas, os quais defendiam uma República que atendesse aos

O C
<coc.pear.sn/9En4x9A>.
Acesso em: 11 mar. 2019. anseios populares e promovesse a modernização do país por meio do de-

N X
senvolvimento industrial.
SI E
O
Foi com seu sucessor, Campos Sales (1898-1902), que, em 1898, teve início a
chamada política dos governadores, por meio da qual os governantes das
áreas federal, estadual e municipal firmavam acordos de apoio para a sua ma-
nutenção no poder. Tratava-se de uma troca de favores que envolvia as oligar-
EN S

quias, motivo pelo qual o período é conhecido como República Oligárquica.


E U

Explicar aos alunos a política dos


governadores, relacionando-a com Assim, o governo federal criava alianças com o poder estadual. Para os
o coronelismo e o voto de cabres-
to. Em relação ao tema, trabalhar a presidentes dos estados (que equivaliam aos atuais governadores), o apoio
D E

questão da cidadania e do direito ao


voto, estimulando-os a refletir sobre
do presidente era fundamental para o recebimento de auxílio econômico e
A LD

o fato de a Constituição de 1891 limi- político, assim como tinham sua autonomia garantida. Em troca, o governo
tar esse direito a uma parcela restrita
da população, visto que a maioria do
estadual apoiava o presidente da República e garantia a sua eleição por
povo brasileiro não era alfabetizada meio de alianças municipais firmadas.
e que alguns grupos da sociedade,
EM IA

como mulheres e soldados, não po- Portanto, os presidentes dos estados concediam privilégios às elites lo-
diam votar.
cais, formadas pelos coronéis, enquanto estes garantiam e controlavam o
ST ER

resultado das eleições.


Observe o esquema a seguir.
SI AT
M

Apoio político-financeiro Benefícios e verbas


e garantia de autonomia para exercerem seu
poder em nível local

GOVERNO GOVERNO GOVERNO


FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL

Apoio do governo estadual Garantia de eleição


e garantia de eleição e dos deputados que
manutenção no poder apoiavam o governo

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Por meio dessa política, São Paulo e Minas

AUGUSTO MALTA/ ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES


Gerais, dois importantes estados no perío-
do e com uma grande quantidade de elei-
tores (algo que lhes garantia vitória certa),
estabeleceram forte controle sobre o poder
político, consolidando a chamada política
do café com leite.

Coronelismo

O
A figura dos coronéis teve origem na cria-

C IV
ção da Guarda Nacional durante o Império,
que era formada por civis, cujos poderes lo-

O S

HISTÓRIA
cais eram delegados aos principais proprie-

C LU
tários de terras de determinada região. Autoridades no Palácio da Guanabara, em fotografia tirada por Augusto Malta, em 20
de agosto de 1913, período no qual a política dos governadores era utilizada pelos
Por meio de coerção, os coronéis obriga- membros dos governos locais, estaduais e federais.

203
vam aqueles que deles dependiam, geral-

O C
mente trabalhadores do campo, a votar nos candidatos que atendessem

N X
aos seus interesses, voltados para o atendimento da política dos gover- VOCABULÁRIO
nadores. SI E
É importante lembrar que o voto era aberto, o que facilitava o contro-
O
Coerção: ato ou efeito de
reprimir; força exercida por
le sobre esses eleitores. Foi nesse contexto que o voto de cabresto, como alguém sobre outra pessoa
de forma repressiva.
ficou conhecido, tornou-se uma prática comum e foi fundamental para a
EN S

manutenção do poder nas mãos das oligarquias.


E U

Em troca, os coronéis concediam favores aos camponeses,

FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA


em uma prática conhecida como clientelismo.
D E

A tudo isso soma-se o fato de que as fraudes eleitorais


A LD

tornaram-se muito usuais. Era comum os votos de pessoas


mortas serem computados ou, ainda, adulteração de cédu-
las eleitorais.
EM IA

Economia na Primeira República


ST ER

Estudamos o Encilhamento e os desdobramentos dessa po-


lítica implantada por Rui Barbosa. A crise que dela decor-
SI AT

reu continuou surtindo efeitos na República Oligárquica.

Funding loan
M

Durante seu governo, o presidente Campos Sales conse-


guiu renegociar a dívida externa que o Brasil possuía com
os credores ingleses. Para isso, ele obteve um empréstimo Charge do jornal O Malho, de 1903, que ironiza as fraudes
para o pagamento dos juros das dívidas anteriores e a sus- eleitorais na Primeira República.

pensão da cobrança da dívida até 1911.


O então ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, implantou uma política
econômica extremamente severa, a fim de recuperar as finanças do país,
abaladas desde o Encilhamento.
Para equilibrar as finanças, o governo impôs uma política de contenção
de gastos e decretou o aumento de impostos e a criação de outros tantos.

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Entretanto, essa política recessiva gerou a falência de indústrias e de es-
GRUPO
tabelecimentos comerciais, o que provocou uma onda generalizada de de-
TEMÁTICO semprego, causando forte rejeição a Campos Sales.
Variações na economia
A economia brasileira passou Borracha
por muitas fases ao longo da
história do país. Primeiramen- A partir do fim do século XIX, a borracha tornou-se, ao lado do café, o
te, diversos produtos foram principal produto de exportação do Brasil, em função da expansão da
protagonistas ao longo dos
mais de quinhentos anos que
indústria automobilística.

O
se passaram desde a chega- Contando com a maior reserva de seringueiras do mundo na Floresta
da dos portugueses e o con-

C IV
Amazônica, a Região Norte conheceu, repentinamente, a riqueza com a ex-
sequente início da prática da
agricultura voltada para a ex- ploração do látex, embora a vida dos seringueiros tenha continuado per-
CAPÍTULO 2

O S
portação. Além disso, o Bra- meada pela pobreza.
sil passou por momentos em
As capitais Manaus e Belém foram modernizadas e embelezadas. Em Ma-

C LU
que produtores lucraram com
a agricultura e a exploração naus, construiu-se o Teatro Amazonas, que recebeu as maiores compa-
mineral, assim como conhe-
nhias de teatro e ópera do mundo.
204

ceu momentos de crises que

O C
decorreram de vários fatores. No início do século XX, a empresa automobilística estadunidense Ford
O estudo da História possi-

N X
bilita-nos a compreensão de
Motor Company comprou um latifúndio na região para implantar a mono-
SI E
cada um desses momentos cultura de seringais. A “Fordlândia”, como ficou conhecida, foi um fracasso. Em
por meio do conhecimento 1890, o Brasil controlava 90% do comércio mundial de borracha e, em 1920, a
de cada contexto histórico e
participação brasileira despencou para menos de 10%. Isso porque uma das
O
suas implicações.
grandes dificuldades para a
EN S

extração brasileira era o fato


CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

de as seringueiras estarem
E U

disseminadas no meio da
floresta, exigindo grande es-
D E

forço físico dos seringueiros,


A LD

os quais trabalhavam com


baixa produtividade.
Assim que a borracha se
EM IA

tornou uma das principais


matérias-primas industriais,
ST ER

os ingleses contrabandea-
ram mudas de seringueiras
do Brasil para Sri Lanka e
SI AT

Cingapura, na Ásia, e inicia-


ram a plantação de forma
M

sistemática, obtendo maior


produtividade e conquistan-
do o mercado mundial em
razão da regularidade do
fornecimento.
Explorar a imagem da praça em Belém (PA)
e enfatizar a pavimentação de ruas, os auto-
móveis, a praça com projeto paisagístico e a
construção ao fundo, de forma que os alu-
nos reconheçam os projetos de urbanização
e modernização na cidade, impulsionados
Praça Visconde do Rio Branco, na cidade de Belém, no estado do Pará, no ano de 1910, quando a produção da também pela prosperidade econômica que
borracha passou a declinar.
a borracha proporcionou.

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Convênio de Taubaté

BIBLIOTECA NACIONAL
Em 1906, o café sofreu violenta queda de preço no mercado
internacional e os cafeicultores de São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais reuniram-se na cidade paulista de Taubaté e
assinaram um acordo que ficou conhecido como Convênio
de Taubaté, no qual se estipulava que os estados passa-
riam a comprar o excedente da produção cafeeira, com o
objetivo de manter a oferta equilibrada no mercado e, as-

O
sim, os preços seriam conservados em alta.

C IV
Mais tarde, o presidente Afonso Pena (1906-1909) fez com
que o governo federal assumisse o compromisso da compra

O S

HISTÓRIA
do excedente. Essa política de valorização artificial do café

C LU
foi chamada pelo economista Celso Furtado de socializa-
ção das perdas, pois transferiu para a sociedade os pre-

205
juízos, enquanto os cafeicultores preservavam seus lucros.

O C
A questão do Acre

N X
SI E
Pertencendo à Bolívia desde 1777, o Acre foi invadido pe-
los seringalistas brasileiros e, em pouco tempo, a região
O
tornou-se a principal produtora de borracha. A invasão
Notícia de jornal Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, de
EN S

brasileira deu origem a vários conflitos com o governo bo- 1906, sobre o Convênio de Taubaté. Acervo da Biblioteca
Nacional, Rio de Janeiro.
liviano, até que, em 1903, os seringalistas proclamaram a
E U

independência do Acre em relação à Bolívia e pediram sua


anexação ao Brasil.
D E

O barão do Rio Branco foi escolhido para coordenar as


A LD

negociações e conseguiu a assinatura do Tratado de Pe-


trópolis, em 1903, em que se estabeleceu a indenização à
Bolivian Syndicate, uma empresa estadunidense que arren-
EM IA

dara a exploração da borracha naquela região. Para desistir


do projeto, a Bolivian Syndicate recebeu do Brasil 110 mil
ST ER

libras esterlinas.

O governo boliviano, por sua vez, recebeu 2 milhões


SI AT

de libras a título de indenização e a promessa da cons-


trução da estrada de ferro Madeira-Mamoré, pelo gover-
M

no brasileiro.

Se as negociações solucionaram a questão do Acre no


campo diplomático, nas relações sociais, o problema
persistiu com a exploração de uma imensa massa de
seringueiros, obrigados a penetrar na floresta virgem
à procura de seringueiras para a extração do látex. As
condições desumanas de trabalho e os salários que mal VOCABULÁRIO
davam para a sobrevivência obrigaram os seringueiros a
Seringalista: proprietário
se endividar com o patrão e, assim, tornarem-se escravos de seringal.
por causa das dívidas.

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Módulos 6 e 7

CONFLITOS SOCIAIS NO CAMPO


O advento da República veio acompanhado de movimentos sociais e rea-
ções populares diversas em relação a medidas do novo governo, tanto no
campo quanto nas cidades. Vamos conhecer alguns deles.

Canudos (Bahia, 1893-1897)

O
Euclides da Cunha, repórter do jornal O Estado de S. Paulo, descreveu o líder

C IV
messiânico Antônio Conselheiro, cujo nome verdadeiro era Antônio Vicen-
te Mendes Maciel, filho de um comerciante, como uma figura sombria, com
CAPÍTULO 2

O S
cabelos até os ombros, barba longa, olhar fulgurante, tão magro que era
quase cadavérico, sempre apoiado em um bastão usado por peregrinos.

C LU
Nascido em 1830, no Ceará, no município de Quixeramobim, Antônio Con-
206

selheiro tinha o sonho de seguir a vida religiosa, mas a morte do pai obrigou-

O C
-o a lutar pelo sustento da família. Após fracassos profissionais e familiares,

N X
tornou-se caixeiro-viajante, visitando cidades e povoados no Ceará.
SI E
O Católico fervoroso, em suas viagens entrou em contato com o povo, am-
parava-o e dava-lhe conselhos, por isso tornou-se conhecido como o beato
Antônio Conselheiro. Aos poucos, passou a atrair multidões que ouviam
seus discursos e pregações.
EN S

A popularidade crescente de Conselheiro chamou a atenção da Igreja,


E U

que passou a não ver com bons olhos sua influência sobre as camadas po-
pulares. Seus sermões iam angariando cada vez mais adeptos, que aban-
D E

donavam o trabalho nas fazendas para segui-lo, o que acarretou a ira dos
A LD

proprietários de terras.
NOTA
Antônio Conselheiro não aceitava a instituição do casamento civil exigi-
Relembrando... do pela Constituição republicana de 1891, não sendo adepto da República,
EM IA

Durante a monarquia, a reli- porque pregava a separação entre Igreja e Estado.


gião obrigatória no país era a
católica, e a união entre a Igre- Com a República, também houve a instituição de inúmeros impostos, dificul-
ST ER

ja e o Estado conferia ao clero tando ainda mais a vida dos miseráveis, especialmente os do Sertão nordesti-
amplos poderes.
no, castigado pelas secas. Conselheiro, assim, passou a incentivar a população
a não os pagar, atraindo para si a fúria do go-
SI AT
ZIP LEXING / ALAMY STOCK PHOTO

verno, que passou a acusá-lo de monarquista,


representando um perigo à ordem social.
M

No interior da Bahia, Conselheiro e seus


seguidores ocuparam uma fazenda abando-
nada, Canudos, e ali fundaram o povoado
de Belo Monte, atraindo pessoas de todos os
confins. Essa multidão que buscou conforto
em Belo Monte, era marcada pela miséria e
sofria com as condições sociais vigentes na
época: decadência dos engenhos, fim da es-
cravidão, grande concentração de terras e
Pintura retratando o Arraial de Canudos, de autor desconhecido. violentas secas que dizimaram vilas inteiras.

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Em pouco tempo, Canudos passou a contar com uma população superada Ao trabalhar com os alunos os prin-
cipais conflitos que ocorreram no
em número apenas por Salvador. Os sertanejos, livres de impostos e sem campo nas décadas que se seguiram
frequentar a igreja, fizeram com que as forças mais poderosas do país – a à Proclamação da República, demons-
trar como estes fortalecem a contes-
Igreja, os latifundiários e o governo – ficassem unidas contra eles. tação da ideia da passividade popular
já trabalhada em módulos anteriores.
Em outubro de 1896, uma relação comercial deu início às hostilidades Explicar-lhes, ainda, o messianismo
que tomou conta tanto de Canudos
contra Canudos: Conselheiro havia comprado e pago um carregamento de como do movimento do Contestado.
madeira, em Juazeiro, para a construção de uma igreja. Por determinação
do juiz de Juazeiro, o comerciante não despachou a mercadoria.

O
Os moradores de Canudos mandaram avisar o comerciante de que iriam

C IV
buscar pessoalmente a encomenda. O juiz comunicou a Salvador que Jua-
zeiro estava para ser invadida e saqueada por um bando de fanáticos se-

O S
guidores de Antônio Conselheiro. Um destacamento de 100 soldados foi

HISTÓRIA
enviado à região para combater os canudenses.

C LU
Entretanto, a tropa foi atacada no meio do caminho pelos seguidores de
Conselheiro e, derrotada, deixou para trás armas e munições. Uma segun-

207
O C
da expedição foi montada com mais de 500 soldados e 14 oficiais. Contando
com o conhecimento do terreno, os sertanejos atacaram e derrotaram no-

N X
vamente as forças oficiais, em janeiro de 1897.
SI E
Canudos tornou-se, aos olhos das elites locais e oligarquias nacionais,
um “perigo” nacional, uma “ameaça” à República. Para isso, Prudente de
O
Morais enviou 1 300 soldados para o Nordeste, porém foram novamente
derrotados pelos sertanejos.
EN S

Na capital, Rio de Janeiro, a notícia do


E U

MUSEU DA REPÚBLICA, RJ
fracasso no combate gerou grande preocu-
pação com a manutenção da República. As-
D E

sim, uma nova expedição militar foi orga-


A LD

nizada. Dessa vez, o governo montou uma


megaoperação com milhares de soldados
fortemente armados.
EM IA

Como resultado, o fim do conflito ficou


marcado pela morte de Antônio Conselhei-
ST ER

ro e pela destruição de Canudos. O conflito


é ainda muito lembrado em razão da obra
Os sertões, de Euclides da Cunha, que, por
SI AT

ter acompanhado o conflito como repórter, Sétimo batalhão de Infantaria do Rio de Janeiro. Arraial de
Canudos, província da Bahia, 1897. Museu da República, RJ.
escreveu sobre ele, em um clássico da lite-
ratura brasileira.
M

EXPLORE MAIS
Contestado (1912-1916)
Fique por dentro
Durante o Império, iniciou-se a disputa de uma região pelas províncias de Se você quiser saber mais
Santa Catarina e do Paraná. Após a proclamação da República, o Supremo sobre a obra Os sertões e a
Tribunal Federal deu ganho de causa a Santa Catarina, que incorporou o história do Brasil, acesse:
<coc.pear.sn/R6qUgc2>.
território contestado.
Na mesma época, o empresário estadunidense Percival Farquhar, responsá-
vel pela construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, no norte do Brasil,
conseguiu uma concessão do governo federal para construir uma ferrovia que
ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul. Recebeu, então, uma faixa de terra

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de 30 km de largura ao longo da ferrovia, isto é, 15 km de cada
ALL MAPS

MATO GROSSO 50° O

Trópico de Capr DO SUL SÃO PAULO lado, e, com isso, provocou a expulsão de centenas de famílias
icórnio
São Paulo

Itararé
que ali habitavam desde os tempos imperiais.
PARANÁ
PARAGUAI
Ponta Grossa Algum tempo depois, mais terras foram ocupadas e mais
Curitiba desabrigados surgiram, somando-se aos anteriores, que for-
Palmas
SANTA mavam uma imensa massa de camponeses sem terra. A essa
CATARINA
ARGENTINA
Marcelino multidão desapropriada, mais tarde, foram incorporados os
Ramos Florianópolis
Lages
Passo Fundo Campos desempregados da ferrovia que havia sido concluída.

O
Novos Laguna

Santa Maria
OCEANO Nessas condições sociais, surgiu, em novembro de 1911,
ATLÂNTICO o beato José Maria, que angariou seguidores e formou um

C IV
Uruguaiana
Porto Alegre
RIO GRANDE
DO SUL movimento que alcançou rápida expansão, o que chamou a
CAPÍTULO 2

O S
atenção do governo.
Região disputada entre
Paraná e Santa Catarina
Os rebeldes reivindicavam a posse das terras desapro-

C LU
URUGUAI Região da Guerra de
Contestado
0 185 km Estrada de terra São
Paulo-Porto Alegre
priadas pela ferrovia, acusavam a República por todos os
males causados e tinham caráter messiânico.
208

O C
As denúncias contra o governo republicano foram interpretadas como um
PARA IR ALÉM

N X
movimento monarquista. O governo investiu com grande aparato militar e,
SI E
Cangaceiro: origem no primeiro confronto, José Maria foi morto. Seus seguidores continuaram a
do termo luta acreditando em sua ressurreição.
Os jagunços carregavam
O
Em 1914, o governo resolveu acabar de vez com o conflito, enviando um
não somente armas, mas
também munição, cantil imenso contingente armado com canhões modernos e aviões como instru-
EN S

d’água, mochila com roupas mento bélico sobre as comunidades e os acampamentos rebeldes. Em 1916,
e alimentos, isto é, uma ver-
E U

a Guerra do Contestado chegou ao fim, com a morte de 20 mil pessoas.


dadeira canga, termo que se
refere à peça de madeira uti-
Cangaço (1870-1940)
D E

lizada para o carregamento


de objetos, geralmente pe-
O Nordeste brasileiro, na segunda metade do século XIX, expressava o po-
A LD

sados. Daí passarem a ser co-


nhecidos como cangaceiros. der dos proprietários rurais que, em 1831, haviam recebido a patente de
coronel da Guarda Nacional, legitimando um poder que já tinham e do
Assistir com os alunos ao documen- qual usufruíam como resultado da posse de latifúndios. Nesse ambiente,
EM IA

tário Lampião: o rei do cangaço. Dis-


ponível em: <https://coc.pear.sn/ não havia espaço para pessoas do povo assumirem a posse de qualquer
W74snFN>. Acesso em: 12 mar. 2019. pedaço de terra. Para garantir o poder e os interesses desses coronéis, for-
ST ER

mavam-se milícias particulares nas quais os jagunços atuavam.


ACERVO SOCIEDADE DO CANGAÇO/ FAMÍLIA FERREIRA

Esses jagunços defendiam os interesses dos coronéis com o uso de armas.


SI AT

Com o tempo, começaram a se tornar independentes e, agora como canga-


ceiros, passaram a ameaçar aqueles mesmos patrões e interesses para cuja
defesa haviam sido organizados.
M

Um dos cangaceiros mais conhecidos foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lam-


pião. Filho de lavradores, começou sua carreira como membro do bando de
“Sinhô” Pereira e, depois, formou o seu próprio bando, assaltando e pilhando
vários povoados do Nordeste, fazendo sua fama espalhar-se por todo o país.
Sua companheira foi Maria Bonita, filha de um fazendeiro da Bahia.
Em julho de 1938, Lampião e seu bando estavam acampados em Angi-
Da esquerda para a direita, o cos, no sertão do Sergipe, quando foram cercados, e seu acampamento foi
fotógrafo Benjamin Abrahão, Maria
Bonita e Lampião, em fotografia destruído sob pesada fuzilaria. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros
no Sertão nordestino, em 1936. Co-
leção Benjamin Abrahão, Instituto foram mortos no local, enquanto o restante do bando conseguiu furar o
Moreira Salles
bloqueio e fugir.

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Módulos 8 e 9

INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO:
CONSEQUÊNCIAS E CONFLITOS
Assim como no campo, as cidades vivenciaram, na Primeira República, mo-
vimentos em reação a medidas do governo republicano. Vamos conhecer
alguns deles.

Reformas urbanísticas no Rio de Janeiro

O
C IV
Apesar de ser a capital do país, o Rio de Janeiro apresentava

COLEÇÃO PARTICULAR
sérios problemas urbano-sociais provocados por péssimas

O S
condições sanitárias: via-se lixo amontoado pelas ruas, en-

HISTÓRIA
quanto ratos e mosquitos se multiplicavam. Algumas doen-

C LU
ças, como febre amarela, varíola e peste bubônica, eram
comuns e vitimavam centenas de pessoas.

209
O C
Em contrapartida, a cafeicultura experimentava o cresci-

N X
mento, o que satisfazia a elite econômica dominante. Para
esse grupo, não interessava que a capital da recente Repú-
SI E
blica estivesse em tais condições, pois não condiziam com o
caráter moderno que já era realidade nas capitais europeias.
O
Cortiço no centro do Rio de Janeiro

Era, portanto, importante e necessário realizar a limpeza


EN S

do Rio de Janeiro, combatendo os transmissores de doenças, que acabavam


E U

espantando investimentos estrangeiros e atraindo a recusa de empresas


de navegação em atracar no porto do Rio de Janeiro.
D E

Além do perigo das doenças, o Rio de Janeiro possuía um porto que exigia
reformas urgentes, pois sua pouca profundidade impedia o acesso de gran-
A LD

Nas cidades, também houve agita-


ção durante a República Oligárquica.
des navios; as ruas estreitas e a falta de armazéns também contribuíam Explicar aos alunos a relação entre o
para dificultar o comércio. advento da modernidade nos moldes
europeus e as reformas urbanas pro-
Outro fator de grande importância é o de que parte da população era
EM IA

movidas por Pereira Passos. Explicar-


-lhes, ainda, o surgimento das favelas
pobre e vivia em cortiços na região do centro da capital. Ela era formada, nesse contexto, estabelecendo relação
ST ER

sobretudo, por ex-escravizados que, após a abolição, viram-se excluídos da com a realidade das periferias na atua-
lidade. Promover uma reflexão sobre as
dinâmica da sociedade em razão da imigração e do preconceito e não ti- condições da população negra.
nham condições de morar em melhores condições.
SI AT

População negra na Primeira República Nesse contexto, parte dos libertos,


FELIPE AUGUSTO FIDANZA/ CONVÊNIO LEIBNIZ-INSTITUT FUER
LAENDERKUNDE, LEIPZIG/ INSTITUTO MOREIRA SALLES

Após a abolição da escravidão, a população negra vivenciou uma após a abolição, permaneceu no
M

realidade marcada pela ausência de políticas para a sua inclusão campo, como camponeses ou traba-
na sociedade, assim como pelo preconceito. Além de o próprio lhadores em áreas rurais, ainda que
Estado brasileiro não promover políticas públicas para que essa sem condições de viver com dignida-
população fosse incluída, ele financiou uma política que ficou co- de. Outros, entretanto, dirigiram-se
nhecida como branqueamento da população para “purificação” às cidades com a esperança de con-
da população brasileira, com base nas ideias que defendiam a seguir trabalho e melhores condi-
superioridade de um grupo sobre outro, utilizando-se de critérios ções para sua sobrevivência, sendo
biológicos e sociais. Hoje, tais ideias são vistas como inaceitáveis. recebidos com preconceito. Assim,
A população negra também não recebeu apoio da sociedade de não tinham condições de viver senão
forma geral, visto que o racismo e o preconceito imperavam nas em cortiços ou moradias coletivas
relações sociais, por exemplo, por meio de cargos e trabalhos que sem infraestrutura adequada.
lhes eram oferecidos e até mesmo da quantidade de desempre- Vendedora negra, em Belém do Pará, por volta de 1869. Após a abolição da
gados no período. escravidão, a condição social dos ex-escravizados manteve-se precária.

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Para levar adiante o projeto de reurbanização,
COLEÇÃO PARTICULAR

o presidente Rodrigues Alves (1902-1906)


nomeou o engenheiro Pereira Passos para ad-
ministrar a prefeitura e o médico sanitarista
Oswaldo Cruz para cuidar da saúde pública.
Iniciou-se o processo conhecido como “Re-
generação”, por meio do qual Pereira Passos
organizou e realizou a reforma do porto na

O
cidade, na região central, e elaborou medi-
das para a reforma sanitária de modo geral.

C IV
Assim, os cortiços e prédios antigos fo-
CAPÍTULO 2

O S
ram derrubados, desalojando parte da po-
pulação do centro, que ficou desabrigada

C LU
e foi “empurrada” para a periferia e para
os morros. Construíram, então, habitações
210

Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, durante o processo

O C
de pavimentação, no Rio de Janeiro, em 1905. Observe que há
vários escombros resultantes das demolições empreendidas. precárias com os materiais que conseguiam
pegar das demolições, surgindo, assim, as

N X
primeiras favelas.
SI E
MARC FERREZ/ COLEÇÃO GILBERTO FERREZ/ ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

Revolta da Vacina
O
Enquanto isso, como parte da política sa-
nitária de Pereira Passos, Oswaldo Cruz
EN S

formou as Brigadas Sanitárias, que eram


E U

equipes de vacinadores que adentravam as


casas e vacinavam as pessoas, utilizando-se
D E

de força quando necessário.


A LD

A maior resistência ocorreu no combate


à varíola, em que o povo se opôs fortemen-
te à vacinação. Não havia sido feita uma
EM IA

campanha para a conscientização da po-


pulação. Por falta de informação e esclare-
ST ER

cimento, a população duvidava da eficácia


Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, na altura da Rua do Ouvidor com Rua Miguel da vacina e, apreensivos e desconfiados,
Couto, no Rio de Janeiro, em fotografia de Marc Ferrez, em 1906, após as reformas urbanas.
os cariocas passaram a praticar desordens
SI AT

pelas ruas da cidade.


EXPLORE MAIS
Os políticos exploraram a situação criando a liga contra a vacinação obri-
M

De onde vem a palavra


gatória, sob a presidência do senador Lauro Sodré, no centro da classe ope-
favela
Para saber mais sobre a
rária. No Congresso, Oswaldo Cruz conseguiu a aprovação da Lei da Vacina
origem da palavra favela, Obrigatória, mas a onda de agitações contra a medida já percorria as ruas.
acesse:
<coc.pear.sn/ignyTPG>. O Rio de Janeiro tornou-se, assim, palco de um conflito em que a popula-
ção estava envolvida, sem casa, sem alternativas e acuada pela violência
policial e pela violência da vacinação, juntamente com cadetes da Esco-
la Militar da Praia Vermelha que também se rebelaram contra o governo.
Adeptos do positivismo e do florianismo, esses militares desejavam derru-
No contexto da Revolta da Vacina, é bar os cafeicultores paulistas que controlavam o país desde 1894. Do caos,
importante que os alunos compreen-
dam de que modo a falta de informa- passou-se a um verdadeiro campo de guerra.
ção e de uma política de conscienti-
zação da população foi prejudicial e
contribuiu para o conflito.

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O Jornal do Commercio descreveu as ocorrências dos dias 12, 13 e 14 de no-
vembro de 1904 da seguinte forma.

Os soldados, de lança em riste, avançaram contra a multidão. Outra força pos-


tada no lado oposto recebeu ordem idêntica. Trava-se, então, de uma luta vee-
mente sibilando balas, cortando os ares pedras e toda sorte de projéteis [...]. O
povo reagia ferozmente a tiros e pedradas, fugindo, recuando, avançando de
novo, caindo feridos, tombando mortos [...]. Descargas cerradas atroavam os

O
ares, tombando vítimas, vítimas sem conta. Um menino caía morto na calçada
do Tesouro. Toda a rua estava cheia de manchas de sangue.

C IV
Jornal do Commercio. 12, 13 e 14 nov. 1904.

O S

HISTÓRIA
C LU
No dia 16, o governo revogou a obrigatoriedade da vacina antivariólica
e decretou estado de sítio por trinta dias. A política e as tropas leais ao go-

211
verno conseguiram reprimir aos poucos os amotinados.

O C
Centenas de pessoas foram presas, colocadas em navios e enviadas ao

N X
Acre, recém-incorporado ao Brasil. A Escola Militar da Praia Vermelha foi
SI E
fechada e, depois, demolida, e os militares revoltosos foram expulsos do
Exército. Vitorioso, o governo conseguiu obter o retorno da vacinação em
O
larga escala e deu continuidade à reurbanização da cidade.
EN S

Revolta da Chibata
E U

Em 16 de novembro de 1910, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Me-


nezes foi levado ao convés do encouraçado Minas Gerais para receber
D E

uma punição por ter se embriagado e brigado com outro marinheiro. O


A LD

comandante João Batista das Neves, que tinha satisfação em ministrar os


castigos, foi pessoalmente comandar o ritual macabro: 250 chibatadas.
Os castigos corporais eram um dos fatores que mais revoltavam os mari-
EM IA

nheiros, bem como a insatisfação contra a jornada de trabalho excessiva,


os péssimos salários e as condições de trabalho. A punição com chibata
ST ER

havia sido extinta logo após a Proclamação da República.


Entretanto, grande parte dos oficiais da Marinha era descendente da
aristocracia escravocrata imperial, e os marinheiros eram, na maior parte,
SI AT

mulatos ou negros.
Seis dias após o castigo de Marcelino Rodrigues, sob a liderança do mari-
M

nheiro João Cândido, a tripulação do Minas Gerais rebelou-se e, em segui-


da, a de outros navios atracados na Baía da Guanabara.
Os amotinados tomaram o comando do navio e, no Minas Gerais, o co-
mandante João Batista das Neves foi morto. Os marinheiros ameaçaram
bombardear a capital, caso não fossem atendidas suas reivindicações:
fim dos castigos corporais, redução da jornada de trabalho e aumento
salarial.
Diante da situação, o governo resolveu negociar com os amotinados, con-
seguindo que os marinheiros depusessem as armas e também que o Con-
gresso acrescentasse à pauta das reivindicações a anistia aos revoltosos.

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BIBLIOTECA NACIONAL

O
C IV
CAPÍTULO 2

O S
C LU
212

O C
Grupo de marinheiros revoltosos em 1910, durante a Revolta da Chibata. João Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”

N X
(1880-1969), está no centro, com as mãos à altura da cintura, ao lado do repórter de terno.

SI E No Congresso, os senadores conseguiram a aprovação de todas as exigên-


cias. Entretanto, alguns dias depois, um decreto presidencial permitiu que
O
a Marinha expulsasse de seu quadro os principais revoltosos e, mais tarde,
EN S

foram presos.
E U

Durante a repressão, muitos marinheiros foram mortos e outros tan-


tos, presos, como João Cândido. Grande parte foi mandada para o exílio no
D E

Acre. João Cândido foi internado em um sanatório para doentes mentais e


conseguiu, após dois anos de confinamento, ser solto.
A LD

Movimentos operários
A partir de 1860, surgiram os primeiros jornais de tendência proletária
EM IA

e as primeiras formas de organização, como as ligas operárias, as cor-


porações e as caixas beneficentes. Imigrantes constituíam a maioria da
ST ER

população operária. Durante o Império, levas de imigrantes abandona-


ram as fazendas de café, dirigindo-se para as cidades, a fim de traba-
SI AT

lhar nas fábricas ou montar um pequeno negócio, contribuindo para a


NA PRÁTICA urbanização crescente.
No final do século XIX, a economia agroexportadora cafeeira dominava o
M

Mulheres e crianças
Se a situação de trabalhado- cenário político do país e oferecia condições para o desenvolvimento da indus-
res homens adultos era pre- trialização, inicialmente, ligada ao café – transporte, ensacamento, exportação
cária, a de mulheres e crianças – e a bens de consumo das populações urbanas. Durante os primeiros tem-
era pior ainda. Além de rece-
berem salários mais baixos, pos da República, em função do aumento do número de fábricas, o operariado
nas indústrias têxteis, a força cresceu, concentrando-se especialmente em São Paulo, como consequência da
de trabalho feminina e infan-
til, a partir de 10 anos, compu-
acumulação de capitais provenientes da exportação cafeeira.
nha a maioria da mão de obra Entretanto, as condições de trabalho e de vida eram precárias: salários
e, normalmente, a jornada de
trabalho alcançava entre 12 e
baixos e custo de vida alto. A jornada de trabalho variava entre 9 e 16 horas
18 horas. por dia, 6 dias por semana, sem direito a férias ou a indenização em caso
de acidente.

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Aos poucos, o movimento operário passou a ser organizado de forma mais
consistente, principalmente com a chegada de ideias socialistas e anar- VOCABULÁRIO
quistas trazidas, principalmente, pelos imigrantes italianos. Os socialis- Xenofobia: preconceito
tas defendiam a propriedade social dos meios de produção para atingir o em relação a estrangeiros.
comunismo, ou seja, uma sociedade sem luta de classes. Já os anarquistas
pregavam a autogestão e o fim absoluto do Estado, porque acreditavam
que qualquer forma de governo pressupunha desigualdades sociais.
Em 1906, o I Congresso Operário Brasileiro, no Rio de Janeiro, de tendên-

O
cia anarquista, pregou a organização dos trabalhadores em sindicatos, daí
eles serem conhecidos como anarcossindicalistas.

C IV
Jornais em defesa da classe trabalhadora circulavam pela cidade, denun-

O S
ciando as condições de trabalho, como a exploração da mão de obra femini-

HISTÓRIA
na e infantil. Muitos desses jornais eram escritos em italiano, alimentando

C LU
a xenofobia por parte da elite dominante. A polícia apreendia jornais e
fechava gráficas, porém eles continuavam a surgir em vários pontos do

213
O C
país. Em defesa de seus interesses, os trabalhadores lançavam mão de sua
principal arma: a greve.

N X
O governo colocou a polícia nas ruas e promulgou a Lei Adolfo Gordo
SI E
(proposta em 1907), que autorizava a expulsão do país de líderes sindicais
estrangeiros e reafirmava a deportação dos grevistas nacionais para o Acre.
O
Em 1917, o país deparou-se com uma grande elevação do custo de vida,
EN S

como reflexo da Primeira Guerra Mundial. Aproveitando o sucesso da Re-


volução Russa, de inspiração socialista, os operários promoveram uma das
E U

maiores greves já ocorridas até então.


D E

A violenta repressão policial fez outras categorias profissionais aderi-


rem ao movimento, que se expandiu pelo interior do estado e para várias
A LD

regiões do país. Após violentos confrontos, os operários foram atendidos


em algumas reivindicações na hora, mas não cumpridas mais tarde pela
burguesia. Na década de 1920, os movimentos operários continuaram a se
EM IA

manifestar, ajudando a provocar a crise da República Oligárquica.


ST ER

COLEÇÃO PARTICULAR
SI AT
M

A compreensão das raízes do mo-


vimento operário nas organizações
durante o Império e a influência das
ideias trazidas pelos europeus são
fundamentais para que os alunos
compreendam os desdobramentos
das relações sociais ao longo do sécu-
lo XX, que serão estudadas ainda nes-
te ano. Assim, é importante auxiliá-los
a recordar sobre as doutrinas sociais
europeias do século XX, de que forma
elas foram trazidas para o contexto
brasileiro, face à insatisfação do ope-
Imagem de manifestação feita pelos grevistas de 1917.
rariado.

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CAPÍTULO 2
PRIMEIRA REPÚBLICA
Módulo 3 | República da Espada

Exercícios de aplicação
1. Espera-se que os alunos 1. A Constituição brasileira de 1891 estabelecia o voto aberto somente para homens alfabetizados. Or-
concluam, entre outras ganizem-se em grupos e reflitam sobre esse tipo de voto e sobre a perda da liberdade individual nas
coisas, que o voto aberto
ou não secreto obrigava o
eleições. Ao final, escolham um representante para compartilhar com a turma o que vocês concluíram.
eleitor a votar na frente da
2. Explique a rivalidade entre “pica-paus” e “maragatos” no contexto da Revolução Federalista.

O
mesa eleitoral, composta
de representantes dos can- “Pica-paus” era o apelido dado aos membros do Partido Republicano Gaúcho, e “maragatos”, aos do Partido Federalista.
didatos. Dessa maneira, se

C IV
alguém votasse na oposição, A rivalidade entre eles se devia à aliança entre Floriano, os “pica-paus”, e o governador Júlio de Castilho. Os “maragatos”
todos saberiam e, com isso,
a pessoa ficava suscetível a exigiam o afastamento do governador e a adoção do parlamentarismo para diminuir os poderes do presidente.
CAPÍTULO 2

O S
pressões e represálias.

C LU
214

O C
N X
SI E
3. A Proclamação da Repú- 3. Mackenzie-SP
O
blica adveio de uma série de
“A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar
fatores que englobavam a
finda a Monarquia, passando o regime francamente democrático com todas as consequências da
EN S

insatisfação de vários gru-


pos da sociedade, como os Liberdade”.
E U

militares, as camadas mé- Assim a manchete do jornal carioca Gazeta da Tarde anunciou a Proclamação da República no Brasil.
dias urbanas e os latifun-
diários. Pode-se dizer que tal ato
D E

a. reforçou as posições conservadoras dos positivistas brasileiros, o que facilitou a ascensão do


exército como liderança do movimento e auxiliou na decretação de um Estado em bases religio-
A LD

sas e federalistas.
b. resultou da conjugação de variados fatores, destacando as insatisfações de grupos militares, cama-
das médias urbanas e setores latifundiários com os rumos políticos e sociais do Império no Brasil.
c. colocou fim à longa crise do Segundo Reinado, contribuindo para a emergência do populismo
EM IA

enquanto prática política manipuladora, voltada para a satisfação dos anseios de camadas tra-
balhadoras urbanas.
ST ER

d. rompeu com a legalidade da sucessão ao trono, uma vez que impediu a ascensão da princesa
Isabel como governante, causando, por sua vez, revoltas populares por todo o país.
e. corroborou a busca pela modernização política do Brasil e mostrou-se decisivo para a elaboração
SI AT

de políticas governamentais de inserção dos ex-escravos no mercado de trabalho livre.

Exercício proposto
M

4. A política do Encilhamen- 4. Após a Proclamação da República brasileira e instaurado o governo provisório sob o comando do
to autorizou a emissão de di-
marechal Deodoro da Fonseca, foram necessárias medidas no plano econômico para desenvolver a
nheiro para facilitar o crédito
a investidores industriais indústria no Brasil, entendendo-a como instrumento de modernização. Rui Barbosa, ministro da Fa-
e comerciais. Empréstimos zenda na época, elaborou, então, uma política que ficou conhecida como Encilhamento. Esse plano
foram tomados dos ban- econômico tinha como principal característica
cos, mas, em vez de aplicá-
-los na produção industrial a. o confisco do papel-moeda em circulação, o que gerou inflação e especulação.
e comercial efetivamente, b. a emissão de papel-moeda para a reativação dos negócios.
muitos investidores criavam
empresas-fantasmas e fa- c. a criação de uma nova moeda para o país, levando o Brasil à condição de nação desenvolvida.
ziam especulação financeira d. a organização do mercado e de novos negócios, com a instalação de bancos estrangeiros no Brasil.
na Bolsa de Valores do Rio de
Janeiro. O resultado disso foi e. a distribuição de renda, diminuindo o problema da desigualdade social no Brasil.
a aceleração da inflação e a
falência de empresas.

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Módulos 4 e 5 | Oligarquias no poder: aspectos políticos e econômicos

Exercícios de aplicação
1. Para se manter no poder e garantir o controle do governo federal, as oligarquias da República Velha
valeram-se da política dos governadores. Explique o mecanismo que efetivava esse controle.
A política dos governadores foi um método pelo qual os governantes federais, estaduais e municipais firmavam acordos

de apoio para a sua manutenção no poder, sendo, basicamente, uma troca de favores. O governo federal criava alianças

com os presidentes dos estados, para quem o apoio do Presidente era fundamental no recebimento de auxílio econômico

O
e político, e também para ter sua autonomia garantida. Em troca, o governo estadual apoiava o presidente da República e

C IV
garantia sua eleição por meio de alianças municipais firmadas; os presidentes dos estados concediam privilégios às elites

O S
locais, formadas pelos coronéis, enquanto estes garantiam e controlavam o resultado das eleições.

HISTÓRIA
C LU

215
O C
2. Observe a charge a seguir.

BIBLIOTECA NACIONAL
a. A que prática a charge se refere?

N X
Espera-se que o aluno reconheça que a charge trata das fraudes eleitorais que ocorriam com
SI E
frequência durante a Primeira República.
O
EN S
E U

Revista Careta, 1910, 97.


ed. Biblioteca Nacional,
b. Como era caracterizado o voto durante a República Oligárquica?
D E

Rio de Janeiro
Era caracterizado pelo controle das elites locais sobre os eleitores que delas dependiam,
A LD

para votarem nos candidatos à escolha do coronel, motivo pelo qual ficou conhecido como

voto de cabresto. Por ser voto aberto, o controle dos coronéis sobre os eleitores era fácil.
EM IA
ST ER

3. Durante o governo de Campos Sales, com o objetivo de restaurar as finanças da República, foi rene- 3. O governo impôs uma po-
lítica de contenção de gastos
SI AT

gociado o funding loan, acordo financeiro sobre a dívida, que trouxe como efeito(s) imediato(s)
e decretou o aumento de
a. a implantação de uma política industrialista, abandonando-se a crença de um país exclusiva- impostos e a criação de ou-
mente agrário, defendida exclusivamente por parte da elite da época. tros tantos. Entretanto, essa
política recessiva gerou a fa-
M

b. grandes investimentos em obras para se vencer o desemprego. lência de indústrias e de es-


c. um período de grande estabilidade econômica, que favoreceu a modernização da capital federal. tabelecimentos comerciais,
o que provocou uma onda
d. corte de despesas e queda da indústria brasileira. generalizada de desempre-
go, causando forte rejeição
e. grande popularidade do governo em razão da isenção de impostos sobre a população carente. a Campos Sales.

4. Da atuação do barão do Rio Branco na política externa da República Velha resulta 4. O barão do Rio Branco
foi o responsável pela coor-
a. o restabelecimento das relações amistosas com o Paraguai. denação das negociações e
pela assinatura do Tratado
b. a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial. de Petrópolis, em 1903, após
c. a solução da região contestada por Paraná e Santa Catarina. seringalistas brasileiros inva-
direm o território que perten-
d. a anexação do Acre ao território brasileiro. cia à Bolívia, proclamarem a
independência e pedirem
e. a anexação do Uruguai com o nome de Província Cisplatina.
sua anexação ao Brasil.

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CAPÍTULO 2
5. O texto refere-se à dinâmi- 5. Enem
ca política instaurada com a
política dos governadores,
por meio da qual as oligar- Nos estados, entretanto, instalavam-se as oligarquias, de cujo
quias regionais conseguiam
permanecer no poder, apoian- perigo já nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se
do o governo central que, por chamou “a política dos governadores”. Em círculos concêntricos,
sua vez, da mesma forma que
concedia privilégios e benefí-
esse sistema vem cumular no próprio poder central que é o sol
cios políticos às oligarquias re- do nosso sistema.
gionais, precisava delas para
PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
que fosse eleito.

O
A crítica presente no texto remete ao acordo que fundamentou o regime republicano brasileiro

C IV
durante as três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a)
a. poder militar, enquanto fiador da ordem econômica.
CAPÍTULO 2

O S
b. presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos coronéis.

C LU
c. domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.
d. intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais.
216

e. isonomia do governo federal no tratamento das disputas locais.

O C
Exercícios propostos

N X
SI E
6. Campos Sales iniciou a
chamada política dos gover-
O
6. Leia atentamente as afirmativas a seguir, que dizem respeito aos primeiros anos da República das
oligarquias no Brasil.
nadores. Além disso, durante
seu governo, ele conseguiu I. A consolidação da República Oligárquica do Brasil foi completada com a sucessão de Campos
Sales por Prudente de Morais.
EN S

renegociar a dívida externa


que o Brasil possuía com os
II. Para harmonizar os poderes Executivo e Legislativo, Campos Sales concebeu um arranjo político
credores ingleses, obtendo
E U

um empréstimo para o pa- conhecido como política dos governadores.


gamento dos juros das dívi- III. Nos primeiros anos da República Oligárquica, a crise brasileira, no plano financeiro, era grave,
das anteriores e a suspensão
D E

provocando a negociação da dívida brasileira (funding loan).


da cobrança da dívida até
1911. Essa política ficou co- IV. A República Oligárquica concretizou o ideal positivista defendido, sobretudo, pelos militares.
A LD

nhecida como funding loan.


Estão corretas apenas as afirmativas
a. I e II. c. II e III. e. I, II e III.
b. I e IV. d. III e IV.
EM IA

7. Explique o que foi o Convênio de Taubaté, ocorrido em 1906.


Foi um acordo estabelecido entre os cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro para a compra do excedente
ST ER

da produção de café. Sua finalidade era manter equilibrada a oferta e a procura, garantindo, dessa maneira, preços altos no

mercado internacional. Ficou conhecido como socialização das perdas, porque os lucros dos fazendeiros eram garantidos,
SI AT

em detrimento dos da nação.


M

8. Sobre a questão do Acre, responda ao que se pede.


a. Qual é a relação entre a produção da borracha e a anexação do Acre ao território brasileiro?
Durante o período de alta da produção da borracha, o Acre, que pertencia à Bolívia, foi invadido por seringalistas

brasileiros e, em pouco tempo, a região tornou-se a principal produtora de borracha. A invasão brasileira deu origem

a vários conflitos com o governo boliviano, até que, em 1903, os seringalistas proclamaram a independência do Acre

em relação à Bolívia e pediram sua anexação ao Brasil.

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b. Podemos afirmar que a resolução da questão territorial, com a anexação do Acre ao território brasilei-
ro, beneficiou e proporcionou melhores condições de vida aos seringueiros? Justifique sua resposta.
Espera-se que o aluno reconheça que não, pois as relações sociais permaneceram caracterizadas pela exploração dos

seringueiros, cujas condições desumanas de trabalho e salários não eram suficientes para a sua sobrevivência, o que

os obrigava a se endividar.

O
9. A crise da borracha brasileira, na segunda década do século XX, pode ser explicada 9. Assim que a borracha se

C IV
tornou uma das principais
a. pela descoberta da borracha sintética. matérias-primas industriais,
b. pela concorrência com a produção inglesa do Sudeste Asiático. os ingleses contrabandea-

O S

HISTÓRIA
ram mudas de seringueiras
c. pelo esgotamento das seringueiras em razão da extração intensiva. do Brasil para Sri Lanka e

C LU
d. pela falta de mão de obra, já que a Amazônia carecia de povoamento. Cingapura, na Ásia, e inicia-
ram a plantação de forma
e. pela excessiva dispersão das seringueiras na Mata Atlântica. sistemática, obtendo maior

217
produtividade e conquis-

O C
tando o mercado mundial
Módulos 6 e 7 | Conflitos sociais no campo
em razão da regularidade do

N X
fornecimento.
Exercícios de aplicação
SI E
1. A violência contra camponeses, na Primeira República (1889-1930), gerou tensões sociais que resul-
O
taram em movimentos de resistência religiosos e místicos. Dê o nome de dois movimentos que se
ajustam ao texto e justifique sua resposta.
EN S

Guerra de Canudos e Guerra do Contestado: ambas tiveram como líderes personagens de extrema religiosidade, Antônio
E U

Conselheiro e José Maria, respectivamente.


D E

2. Leia as afirmativas a seguir e assinale a correta. Sobre a Guerra do Contestado, podemos afirmar que 2. A Guerra do Contestado
A LD

I. apresentava caráter religioso aliado a reivindicações sociais. ocorreu numa região con-
testada entre os estados do
II. seu líder, Antônio Conselheiro, foi acusado de monarquista. Paraná e de Santa Catarina,
e, assim como Canudos,
III. ocorreu em uma região de disputa territorial entre Paraná e Santa Catarina.
EM IA

apresentava caráter religio-


IV. apresentou obrigatoriedade da vacina antivariólica. so aliado a reivindicações
sociais.
V. foi resultado das reivindicações dos marinheiros, contestando a aplicação de castigos corporais.
ST ER

a. Estão corretas as afirmativas I e II apenas. d. Estão corretas as afirmativas IV e V apenas.


b. Estão corretas as afirmativas I e III apenas. e. Todas as afirmativas estão corretas.
c. Estão corretas as afirmativas II e IV apenas.
SI AT

3. UFG-GO
A Guerra de Canudos (1896-1897) é emblemática no debate sobre a formação da nação no Período 3. A República foi proclama-
M

Republicano. A República recém-proclamada enfrentou um Brasil desconhecido: o Sertão e os ser- da por um grupo determi-
nado da sociedade, que não
tanejos. A guerra, tragicamente, significou um aprendizado para os brasileiros, demonstrando que
necessariamente estava
a. a fragmentação e as grandes distâncias das regiões litorâneas impediram a organização e o cres- atento às necessidades da
cimento das comunidades sertanejas. população brasileira. O dis-
tanciamento de Canudos da
b. a unidade cultural do país é fruto de um longo processo de gestação iniciado com a ocupação do capital da recém-proclama-
litoral no fabrico do açúcar. da República ia muito além
da questão física.
c. a presença da Igreja Católica no sertão representava um elo entre a comunidade e as autoridades
republicanas.
d. a frágil base política em que se assentava o governo republicano foi incapaz de reconhecer a
questão social e cultural suscitada por Canudos.
e. a resistência política dos monarquistas organizados no arraial de Canudos era uma ameaça à
ordem republicana.

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CAPÍTULO 2
4. Leia o trecho do romance Os sertões, de Euclides da Cunha.

VOCABULÁRIO Dos sertões de Pernambuco passou aos de Sergipe, apare-


cendo na cidade de Itabaiana em 1874.
Surrão: sacola gran-
de, geralmente de
Ali chegou, como em toda a parte, desconhecido e sus-
couro, usada por peito, impressionando pelos trajes esquisitos — camisolão
pastores. azul, sem cintura; chapéu de abas largas, derrubadas; e san-
Pervagar: percorrer dálias. Às costas um surrão de couro em que trazia papel,
em várias direções; pena e tinta, a Missão Abreviada e as Horas Marianas.

O
andar sem destino
concreto. Vivia de esmolas, das quais recusava qualquer excesso,

C IV
pedindo apenas o sustento de cada dia. Procurava aos pou-
cos solitários. Não aceitava leito algum, além de uma tábua
CAPÍTULO 2

O S
nua e, na falta desta, o chão duro.
Assim pervagou largo tempo, até aparecer nos sertões,

C LU
ao norte da Bahia. Ia-lhe crescendo o prestígio. Já não se-
guia só. Encalçavam-no na rota desnorteada os primeiros
218

fiéis. Não os chamara. Chegaram-lhe espontâneos, felizes

O C
por atravessarem com ele os mesmos dias de provações e

N X
misérias. [...]
SI E
O CUNHA, Euclides da. Os sertões, p. 69.

a. A que figura da história o texto se refere?


EN S

Refere-se a Antônio Conselheiro.


E U

b. Como você chegou à resposta da pergunta anterior?


D E

Resposta pessoal, contudo espera-se que o aluno identifique Antônio Conselheiro pela descrição da peregrinação e
A LD

do angariamento de fiéis por onde passava.


EM IA
ST ER

Exercícios propostos
SI AT

5. Que motivos levaram os sertanejos da Bahia a aderirem ao movimento liderado por Antônio
Conselheiro?
M

Péssimas condições sociais vigentes, decadência dos engenhos, fim da escravidão, grande concentração de terras e vio-

lentas secas que dizimaram vilas inteiras.

6. Caracterize o Cangaço.
Espera-se que o aluno demonstre ter compreendido o Cangaço como um movimento de ex-jagunços (antigos subordinados

aos coronéis) que formaram bandos e passaram a atuar em povoados do Sertão nordestino, assaltando-os e pilhando-os.

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Módulos 8 e 9 | Industrialização e urbanização: consequências e conflitos

Exercícios de aplicação
1. Leia o texto a seguir.

De uma hora para outra, a antiga cidade desapareceu e outra surgiu, como se fosse
obtida por uma mutação de teatro. Havia mesmo na causa muito de cenografia.
BARRETO, Lima. Os bruzundangas. In: Obras de Lima Barreto. Brasiliense, 1956.

O
C IV
Identifique e explique o momento histórico do texto.
Trata-se do momento do processo de reurbanização e redistribuição espacial, realizado pelo prefeito Pereira Passos, no

O S

HISTÓRIA
governo Rodrigues Alves. Os cortiços e os velhos casarões do centro da cidade foram demolidos para dar lugar a modernos

C LU
edifícios. Muitas pessoas não só perderam suas casas, como também o espaço, não podendo mais permanecer no local

em razão da alta dos aluguéis. Assim, eles foram expulsos para a periferia e para os morros.

219
O C
N X
SI E
2. Com base no que você estudou, reflita e responda: podemos afirmar que, após a abolição da escra-
vidão, a condição de vida da população negra, de forma geral, melhorou? Justifique sua resposta.
O
Espera-se que o aluno reconheça que não houve grandes mudanças em termos de condições de vida para a população
EN S

negra, visto que não houve nenhuma política para a inserção dos ex-escravizados na sociedade na condição de libertos. Pelo

contrário, houve a institucionalização do branqueamento da população, que ficou submetida ao racismo e ao preconceito.
E U

Nesse contexto, muitos permaneceram no campo, tornando-se camponeses ou trabalhadores em áreas rurais, ainda que
D E

sem condições de viver com dignidade. Outros, entretanto, dirigiram-se às cidades com a esperança de conseguir trabalho
A LD

e melhores condições para sua sobrevivência, sendo recebidos, porém, com preconceito e submetidos a situações, como

a sua expulsão do centro da cidade e a vacinação obrigatória.


EM IA
ST ER

3. Enem

COLEÇÃO PARTICULAR
A imagem representa as manifestações nas ruas da cida-
SI AT

de do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX,


que integraram a Revolta da Vacina. Considerando o con-
texto político-social da época, essa revolta revela
M

a. a insatisfação da população com os benefícios de


uma modernização urbana autoritária.
b. a consciência da população pobre sobre a necessida-
de de vacinação para a erradicação das epidemias.
c. a garantia do processo democrático instaurado com
a República, por meio da defesa da liberdade de ex-
pressão da população.
d. o planejamento do governo republicano na área da
saúde, que abrangia a população em geral.
e. o apoio ao governo republicano pela atitude de vaci-
nar toda a população em vez de privilegiar a elite. Charge capa da revista O Malho, de 1904.
3. A charge demonstra a reação da população frente a uma das facetas das reformas urbanas e sanitárias promovidas por Pereira Passos. A vacinação obrigatória
feita de forma coercitiva, sem a conscientização das pessoas, aliada a fatores que geraram insatisfação, culminou no conflito conhecido como Revolta da Vacina.

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4. Explique a causa imediata que deu origem à Revolta da Chibata.
A punição aplicada ao marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes no convés do navio de guerra “Minas Gerais” foi a causa

imediata da Revolta da Chibata.

5. Embora tenha suas raízes 5. O movimento operário ocorrido durante as primeiras décadas do regime republicano no Brasil ca-
no Império, o movimento racterizou-se pela existência de
operário ganhou impulso no
início do século XX, especial- a. apoio de trabalhadores rurais incentivados pelos coronéis.
mente com as ideias trazidas b. lideranças de imigrantes europeus, que traziam a experiência de organização de seus países
por imigrantes europeus. de origem.

O
c. reivindicações políticas atendidas prontamente pelo governo federal.
d. apoio aos movimentos de contestação dos marinheiros, como a Revolta da Chibata.

C IV
e. partidos de tendência anarquista que apoiavam a política do café com leite.
CAPÍTULO 2

O S
Exercícios propostos

C LU
6. Durante as reformas urbanas no Rio de Janeiro, qual era a importância econômica relacionada ao
220

sucesso do saneamento?

O C
A situação sanitária do Rio de Janeiro prejudicava os investimentos estrangeiros, com a recusa de empresas de navegação de

N X
atracarem no porto da cidade. Além do perigo das doenças, o Rio de Janeiro possuía um porto de pouca profundidade, o que
SI E
O
impedia o acesso de grandes navios; as ruas estreitas e a falta de armazéns também contribuíam para dificultar o comércio.

7. Com relação à Revolta da Vacina, assinale C para as alternativas corretas e I para as incorretas.
I O movimento ampliou-se para todos os segmentos sociais, que passaram a exigir o sanea-
EN S

mento básico e a urbanização da cidade.


E U

C O movimento de contestação à vacina foi ampliado pelo descontentamento popular diante


do desemprego e da inflação.
D E

C Cadetes e políticos aproveitaram o momento para tentar canalizar a revolta popular para seus
A LD

próprios propósitos.

8. Os versos seguintes referem-se a João Cândido, um dos integrantes da Revolta da Chibata.


a. Explique o movimento e o papel de João
EM IA

Cândido na revolta. Há muito tempo nas águas da Guanabara


A Revolta da Chibata, ocorrida em 1910, foi um o dragão do mar reapareceu
ST ER

movimento de resistência dos marinheiros aos na figura de um bravo feiticeiro


a quem a história não esqueceu
castigos corporais, tratamento comumente
Conhecido como o navegante negro
SI AT

utilizado contra os escravizados e implantado


Tinha a dignidade de um mestre-sala
também dentro dos navios, revelando a manu- [...]
M

tenção das condições sociais escravagistas entre Rubras cascatas


os oficiais de origem aristocrática e os marinheiros Jorravam das costas dos santos entre can-
tos e chibatas
oriundos das camadas populares.
Inundando o coração do pessoal do porão
b. Explique o trecho “Rubras cascatas/Jor-
João Bosco e Aldir Blanc
ravam das costas dos santos entre can-
tos e chibatas”.
Espera-se que o aluno relacione as rubras cascatas com o sangue decorrente das chibatadas aplicadas

nos marinheiros.

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Módulo 3
1. Em razão da maneira como conduziu a Presidência da República diante das revoltas que enfrentou,
Floriano Peixoto ficou conhecido como marechal de Ferro .

O
Módulos 4 e 5
2. A política dos governadores, inaugurada por Campos Sales, foi considerada um dos exemplos mais notó- 2. A política dos governado-

C IV
rios da política de conciliação na história da República Velha brasileira, porque res instituiu uma dinâmica
conciliatória, à medida que
a. consistiu numa troca de favores institucionalizada entre os poderes municipal, estadual e federal

O S
abarcava uma troca de favo-

HISTÓRIA
que favorecia as oligarquias. res entre os detentores do
poder nas várias instâncias.

C LU
b. significava o apaziguamento das tensões no relacionamento entre civis e militares, difícil
desde a Revolta da Armada.
c. pôs fim ao Encilhamento, reforma econômica financeira promovida por Rui Barbosa, a qual

221
O C
tumultuou a vida do país.
d. representou a solução final para a relação entre Igreja e Estado, estremecida desde a Guerra

N X
de Canudos.
SI E
e. resolveu as dissensões internas entre Santa Catarina e Paraná, provocadas pela Guerra do Con-
testado.
O
3. Complete a frase.
O coronelismo caracterizava-se pelo controle por parte das elites locais sobre os eleitores,
EN S

que votavam no candidato que atendesse aos interesses dos coronéis. Esse tipo de voto fi-
E U

cou conhecido como voto de cabresto e o controle sobre ele era fácil por ser um voto
aberto
D E

, de acordo com a Constituição de 1891. Em contrapartida, os coro-


néis concediam favores a esses eleitores, geralmente trabalhadores do campo, numa prática conhe-
A LD

cida como clientelismo .

Módulos 6 e 7
EM IA

4 Antônio Conselheiro foi acusado de ser monarquista em razão das críticas que ele fazia à recém-
-implantada República. Assinale as alternativas que trazem essas críticas.
ST ER

X Instituição do casamento civil.


Aumento de impostos determinado pelo
X
governo federal.
Junção da Igreja e do Estado. X Aumento do comércio em razão da borracha.
SI AT

Separação Igreja-Estado prevista pela Adesão dos estados ao funding loan.


Constituição de 1891.
M

Módulos 8 e 9
5. Relacione as colunas.
a. Canudos Estimulava a saída de camponeses de suas propriedades, diminuin-
a
do a disponibilidade de mão de obra na região.

b. Chibata A reforma urbana deslocou as populações pobres para as áreas peri-


c
féricas e para os morros, ocorrendo o favelamento.

c. Vacina Conflito que envolveu dois estados da União disputando as terras limí-
d
trofes entre Santa Catarina e Paraná.

d. Contestado b Fim dos castigos corporais na Marinha.

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O
C IV
PRIMEIRA REPÚBLICA
CAPÍTULO 2

O S
C LU
222

O C
República da

N X
Espada
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD

Governo Constituição de
Provisório 1891
EM IA
ST ER

Eleições: Deodoro
Encilhamento
e Floriano
SI AT
M

Crise
Revolução Revolta da
Federalista Armada

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MICROGEN/ISTOCKPHOTO
GRUPO

AÇÃO E REAÇÃO
2

O
C IV
O S
C LU
O C
N X
SI E
O
EN S
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D E
A LD

“No início do século 13, a atividade científica recomeçou, desen-


EM IA

cadeada pela tradução para o latim, que era a língua oficial da


ciência e da Igreja no Ocidente, de muitos tratados científicos dos
filósofos e matemáticos naturalistas da Grécia. Os manuscritos
ST ER

desses livros foram preservados nas bibliotecas da Europa Orien-


tal e do Oriente Médio em três idiomas: grego, sírio e árabe; e fo-
ram transferidos para a Europa Ocidental por três canais: pelos
árabes, que conquistaram a Espanha, pelos cruzados, no cami-
SI AT

nho de volta para a Europa do Oriente Médio, e pelos saques de


Constantinopla em 1204, durante sua ocupação pelos francos da
Quarta Cruzada.
M

Durante os próximos 300 anos, esses livros foram disseminados


para todas as universidades recém-fundadas da Europa Ociden-
tal e constituíram o material de ensino para uma nova geração de
cientistas, de onde surgiram as grandes mentes que deram ori-
gem à Revolução Científica do Renascimento: Copérnico, Kepler,
Galileu, Huygens, Leibniz, Descartes e Newton.”

Harry Varvoglis

A impulsão dos nadadores na virada olímpica pode ser explicada pelo princípio
da ação e reação de Isaac Newton. Os nadadores, ao empurrar a parede da
piscina, recebem de volta um empurrão de mesma intensidade, que impulsiona
o movimento em sentido contrário.

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MA PA I N T E R D I S C I P L I N A R
Este mapa mostra ligação entre os conteúdos
das disciplinas, sendo ponto de partida para
um trabalho interdisciplinar.

O
LÍNGUA

C IV
PORTUGUESA MATEMÁTICA
Argumentação, artigo de

O S
Números reais,
opinião, cultura digital, potenciação e radiciação
regência verbal, crase e

C LU
produção de texto
BI CS EF
EDUCAÇÃO LP CS HI
FÍSICA
FÍSICA

O C
Movimento
Modalidades cíclicas retílineo uniforme e

N X
e triatlo uniformemente variado
SI E
HI
O
MA BI LP GE HI
EN S
E U

ARTE QUÍMICA
GRUPO
Construtivismo,

2
D E

Fenômenos, substâncias,
suprematismo,
misturas e separação
abstracionismo e escola
A LD

de misturas
de Bauhaus
Ação e reação
CS HI LP GE HI
EM IA
ST ER

CIÊNCIAS
BIOLOGIA
SI AT

SOCIAIS
Evolução da vida
Dúvida e conhecimento
M

AR LP GE HI
GEOGRAFIA HISTÓRIA
Europa: aspectos Sociedade republicana,
naturais e formação Primeira Guerra Mundial
dos povos e Revolução Russa

HI BI LP LP AR

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL INICIAIS_G2.indd 10 23/09/2019 14:10


HIS
O
C IV
O S
C LU
O C
N X

SI E
O
EN S

PÁG.
E U

182 CAPÍTULO 3
D E

Sociedade republicana

RIA
A LD

192 CAPÍTULO 4
Primeira Guerra Mundial
EM IA

208
ST ER

CAPÍTULO 5
Revolução Russa
SI AT
M

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 181 24/09/2019 20:02


CAPÍTULO

3 SOCIEDADE REPUBLICANA

O
Módulos 10 e 11

C IV
OBJETIVOS DO GRUPO GRUPOS DA SOCIEDADE

O S
• Descrever e contextualizar
HISTÓRIA

os principais aspectos
o grupo anterior, conhecemos alguns as-

C LU
sociais, culturais, pectos políticos, econômicos e sociais da
econômicos e políticos Primeira República. Com base nesses co-
da emergência da
182

nhecimentos, é possível afirmar que a sociedade

O C
República no Brasil.
• Caracterizar e republicana se caracterizava por ser uma socie-

N X
compreender os ciclos dade aristocrática: a política dos governadores e
da história republicana, a política do café com leite são exemplos que nos
SI E
identificando
particularidades da permitem fazer tal afirmação.
Havia um pequeno grupo da sociedade que
O
história local e regional
até 1954.
concentrava o poder e as principais atividades
EN S

• Identificar os
mecanismos de inserção
econômicas em suas mãos. Enquanto isso, outros
E U

dos negros na sociedade grupos, como imigrantes, negros libertos após a


brasileira pós-abolição Lei Áurea, indígenas, operários, entre outros, não
e avaliar os seus
D E

resultados.
tinham acesso às mesmas condições de vida nem
à política.
A LD

• Discutir a importância
da participação da A seguir, vamos conhecer alguns aspectos da
população negra na
formação econômica,
vida e do cotidiano de alguns desses grupos.
EM IA

política e social do Brasil.


• Identificar e explicar,
em meio a lógicas de
ST ER

inclusão e exclusão,
as pautas dos povos
indígenas, no contexto
republicano (até 1964),
SI AT

e das populações
afrodescendentes.
• Relacionar as conquistas
M

de direitos políticos,
sociais e civis à atuação
de movimentos sociais.

Pedir aos alunos que observem com atenção


as pessoas que aparecem na fotografia de
1906, em Ribeirão Preto, perguntando a eles se
sabem a qual grupo da sociedade pertencem.

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BRANKOSPEJS/ISTOCK
O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

183
O C
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A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Coleção de fotos Altino Arantes. Data: 15/3/1898. Em pé da


esquerda para a direita: 4. Washington Luís; 5. Altino Arantes.

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NOTA Elite republicana
A elite republicana, grupo da sociedade que detinha o poder político e eco-
nômico, tinha acesso a condições de vida diferentes de outros grupos, his-
BIBLIOTECA NACIONAL

toricamente menos favorecidos.


Enquanto a maioria dos ex-escravizados vivia em moradias precárias,
algumas vezes até mesmo construídas com escombros, como vimos duran-
te o estudo da Revolta da Vacina, a elite residia em grandes casas, com

O
arquitetura e decoração, muitas vezes, de inspiração europeia, com jardins
extensos.

C IV
Arthur Timótheo da Costa
No interior dessas casas, a divisão entre o que era público e privado reve-
Nascido no Rio de Janeiro,
lava-se por meio da disposição de cômodos e das atividades desempenha-
CAPÍTULO 3

O S
em 1882, Arthur Timótheo
da Costa foi um importante das em cada um deles.

C LU
pintor, desenhista e cenógra-
fo brasileiro. Sua infância foi Leia a seguir um trecho que apresenta a caracterização do espaço domés-
pobre. Em 1894, após já ter tico da elite urbana paulista.
184

iniciado seus estudos na Casa

O C
da Moeda, juntamente com

MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL ADO MALAGOLI


seu irmão, João Timótheo da As plantas arquitetônicas e as re-

N X
Costa, também pintor, ingres- sidências que restaram do período
SI E
sou na Escola de Belas Artes.
Trabalhou com o cenógrafo
italiano Oreste Coliva, apren-
O evidenciam uma intensa especiali-
zação dos cômodos, estabelecendo
dendo também esse ofício. uma gramática rígida para as atitu-
Viveu na França por dois anos, des privadas das famílias – o que
EN S

após receber um prêmio na Ex- dificilmente ocorria nos cômodos


posição Geral de Belas Artes. superlotados das habitações popu-
E U

Faleceu em 1922. Atualmente,


suas obras estão expostas em lares. As áreas sociais são repartidas
importantes museus, como o em salões numerosos, com funções
D E

Museu Nacional de Belas Ar- específicas: hall, recepção formal,


tes, no Rio de Janeiro, e o Mu-
A LD

estar (living), jogos, fumoir, música,


seu Afro Brasil, em São Paulo.
escritório, gabinete etc. Cada as-
pecto da vida privada das famílias
devia se processar em seu espaço
VOCABULÁRIO
EM IA

correto, característica que distin-


Fumoir: fumadouro, isto é, guia também os cômodos para
ST ER

local próprio para fumar. homens, mulheres e crianças. Nos


Saleta: sala pequena. cômodos íntimos, as separações
prosseguiam mediante saletas ínti-
SI AT

Retomar o estudo do grupo anterior mas (boudoirs), quartos para vestir


e da concentração do poder político
e econômico durante a Primeira Re- e o uso do maior número possível
pública. Interpretar o texto proposto de dormitórios, assegurando a inti-
M

com os alunos a respeito da organiza-


midade dos membros da família. Os
ção interna das casas da aristocracia
republicana. Ao explorar a imagem da cômodos de serviço permaneciam
dama de branco, pertencente ao gru- segregados na parte posterior das
po estudado, deixar claro aos alunos
que se trata de um quadro de um pin- construções, assim como as acomo-
tor negro. Conforme será apresentado, dações de empregados domésticos.
a situação dos negros era de margi- MARINS, Paulo César Garcez. Habitação
nalização. Arthur Timótheo da Costa e e vizinhança: limites da privacidade no
seu irmão tiveram uma oportunidade surgimento das metrópoles brasileiras.
de estudo que não era comum a pes- p. 131-214. In: NOVAIS, Fernando (Coord.); COSTA, Arthur Timótheo da. A dama de branco. 1906, Óleo
soas pertencentes a esse grupo da so- SEVCENKO, Nicolau (Org.). História da vida sobre tela, 195 x 97 cm. Museu de Arte
ciedade. Logo, é importante valorizar privada: República. Da belle époque à era do Rio Grande do Sul.
sua atuação e seu reconhecimento do rádio. São Paulo: Companhia das Letras,
como um dos principais pintores da 1998. v. 3, p. 177-178.
época.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 184 24/09/2019 20:02


Após a abolição da escravidão: os
negros na Primeira República
Vimos que, após a abolição da escravidão, a

VINCENZO PASTORE/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES


população negra ficou excluída da sociedade,
sem nenhuma política de inclusão desse gru-
po à nova dinâmica, não mais escravocrata.
No campo ou na cidade, as condições de

O
vida eram precárias. Nas áreas rurais, onde
adotaram um estilo de vida mais simples

C IV
misturando-se a outros grupos que viviam
nessas regiões, os negros tinham baixa ren-

O S

HISTÓRIA
da e atuavam em trabalhos que os obriga-

C LU
vam a se deslocar de tempos em tempos.
Embora houvesse, de modo geral, uma mar-

185
ginalização desses povos, a situação variava

O C
em cada região. Em São Paulo, por exemplo,

N X
com a abundância de mão de obra imigran- Casal trabalhando em plantação de milho, em fotografia tirada
SI E
te, trabalhadores negros foram dispensados,
sendo empregados somente vez ou outra.
O por Vincenzo Pastore, por volta de 1910.

Por esse motivo, a alternativa era buscar


meios de sobrevivência no interior.
EN S

Nas cidades, por sua vez, a vida dos negros


E U

era marcada pela ausência de infraestru-


tura urbana e pelo constante adensamen-
D E

to da população, como vimos no grupo


A LD

anterior. Geralmente, trabalhavam como


vendedores ambulantes – utilizando tabu-
leiros para vender vários itens, até mesmo
EM IA

alimentos –, lavadeiras, carregadores, funi-


leiros, ensacadores, marceneiros, entre ou-
ST ER

tros ofícios. Embora essas tarefas fossem


pouco valorizadas, eram fundamentais
para o cotidiano republicano.
SI AT

Em relação à sua cultura, estavam presen-


tes, ainda que de forma velada, manifestações
M

culturais de origem africana, especialmente


nas regiões onde a presença negra era maior.
Porém, tais manifestações foram proibidas.
Com a chegada de estrangeiros, esses po-
vos perderam espaço em algumas ativida-
des, pois os imigrantes também tinham uma
Vendedor de vassouras no centro da cidade de São Paulo, em fotografia
vida difícil e trabalhavam como empregados tirada por Vincenzo Pastore, por volta de 1910.
(não somente nas fábricas, mas também no
Retomar o que foi tratado no grupo anterior no que se
comércio) e também como vendedores de ali- refere à população negra, aprofundando a temática
mentos e de gelo, sapateiros, carroceiros etc. com base nas informações apresentadas.

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Agrupamentos e associações Também com objetivos de caráter social e po-
A experiência da escravidão deixou marcas na lítico, surgiu a imprensa negra, que objetivava,
população negra. Não se trata somente de mar- entre outras coisas, a conscientização da popu-
cas físicas, mas também psicológicas e sociais. lação negra e a denúncia de questões a ela rela-
Alguns dos fatores que marcaram esse grupo cionadas, como sua situação socioeconômica, a
permaneceram presentes na Primeira Repú- discriminação que sofria, entre outras.
blica, como o preconceito e o racismo, em suas Segundo o historiador Petrônio Domingues,
mais diversas formas. essas associações já eram as fases primárias do
Buscando romper com uma visão escravocra- movimento negro brasileiro.

O
ta, restaurar valores que lhes haviam sido tira-

COLEÇÃO PARTICULAR
dos à força e questionar os moldes sociais a que

C IV
eram submetidas, as populações negras passa-
ram a se organizar em grupos e associações.
CAPÍTULO 3

O S
Em 1910, por exemplo, foi criada a Federação
dos Homens de Cor. Outro importante exemplo

C LU
foi a Frente Negra Brasileira, fundada em 1931,
que foi, posteriormente, extinta pela ditadura
186

estabelecida por Getúlio Vargas.

O C
BIBLIOTECA NACIONAL

N X
SI E
O
EN S
E U

Membros da Frente Negra Brasileira reunidos na seção de


Tietê, no estado de São Paulo, em 1935.
D E
A LD

Edição de A Voz da Raça, jornal da imprensa negra paulista, de


14 de julho de 1919
EM IA

Povos indígenas
ST ER

Ao longo do Período Colonial brasileiro, os povos indígenas foram explora-


dos, escravizados e marginalizados. No período imperial, na tentativa de
SI AT

construir a identidade nacional brasileira, passou-se a resgatar a figura do


indígena de forma romantizada e idealizada, porém sem qualquer política
de integração e sem que a visão real que se tinha sobre ele mudasse. Os
M

indígenas ainda eram vistos como “bárbaros”, que não se enquadravam


na sociedade brasileira, considerada por alguns como “civilizada”, observa-
ções passíveis de muitas críticas.

É importante ressaltar para os alunos Quando a República foi proclamada, os povos indígenas continuaram
a articulação e a iniciativa dos afrodes- marginalizados. No entanto, a ênfase na construção da nação brasileira,
cendentes com objetivos políticos e
sociais, buscando sua valorização por meio da valorização de símbolos nacionais, voltou a ganhar a atenção
como cidadãos, o rompimento com
uma visão escravocrata remanescente dos governantes que, naquele período, buscavam a construção da identida-
e o fortalecimento em grupo. Explorar de nacional republicana e, também, a consolidação e a proteção das fron-
a formação da imprensa negra, exem-
plificada pela imagem do jornal. teiras do território nacional.

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Segundo Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, os povos indígenas continuaram marginalizados na
República brasileira. Sobre a criação do Serviço de Proteção ao Índio, comentam: “[…] a questão indí-
gena deixara de vincular-se ao tema da mão de obra, para se configurar como um problema de terras.
Isso implicava o povoamento de territórios que, embora fizessem parte do
território brasileiro, ainda não haviam sido ocupados efetivamente pelo NA PRÁTICA
governo federal. Além disso, o povoamento e o consequente controle go- Funai
vernamental sobre essas terras trariam possibilidades de crescimento eco- Atualmente, a Funai (Fun-
nômico para o país. dação Nacional do Índio) é o
órgão indigenista brasileiro.
Assim, na última década do século XIX, passaram a ser organizadas di- Criada em 1967, a instituição
versas expedições para a instalação de linhas telegráficas, especialmen- surgiu após a extinção do
Serviço de Proteção ao Índio.
te nas regiões Centro-Oeste e Amazônica, com o objetivo de integrá-las, Entre as atribuições da Funai,

O
povoá-las e protegê-las. Marechal Cândido Rondon foi o responsável por estão a garantia de acesso a
tais expedições. direitos sociais e de cidadania,

C IV
por meio da educação escolar
Ao adentrar o Sertão brasileiro, era evidente que haveria contato com indígena, por exemplo, e da

O S
povos indígenas. Nesse contexto e aproveitando-se do fato de que Rondon promoção de políticas susten-

HISTÓRIA
táveis para essas populações.
já havia mapeado essas terras e tinha certa habilidade para lidar com po-

C LU
vos indígenas, durante o governo do presidente Nilo Peçanha (1909-1910),
Nas regiões de povoamento antigo, a
foi criado o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), em 1910, que passou a ser ordem era controlar o perímetro dos

187
O C
aldeamentos. Já nas frentes de expan-
comandado pelo marechal. são ou rotas fluviais, a despeito de se
Entre os principais objetivos dessa instituição, estavam a pacificação e fazer uso de mão de obra indígena, o

N X
objetivo era a conquista territorial,
a fixação dos povos indígenas. Entretanto, é importante destacar que o justificada a partir da noção da ‘segu-
SI E
contato com os povos indígenas estava acompanhado do interesse sobre rança dos colonos’”. (SCHWARCZ, Lilia
M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma
as terras em que eles habitavam, iniciando-se, já na Primeira República, biografia. São Paulo: Companhia das
O
Letras, 2015. p. 346).
problemas relacionados às terras indígenas, que existem até os dias atuais. É possível relacionar o problema das
EN S

Por esse motivo, algumas táticas adotadas por alguns exploradores que terras com os direitos dos indígenas
e as demarcações no presente. Para
acompanharam Rondon ou o sucederam são criticadas, pois muitos grupos
E U

tanto, fazer uso das disposições da


Constituição Federal sobre o tema e
indígenas foram deslocados de seus territórios de origem, o que afetava o trabalhar com diversas fontes de in-
cotidiano, a saúde (pois não havia assistência médica para o novo local) e
D E

formação, como livros, reportagens etc.


até mesmo a cultura desses grupos nativos.
A LD

ACERVO MUSEU DO ÍNDIO


O indígena e a terra
Os povos indígenas têm uma forte rela-
EM IA

ção com o território que ocupam. Além


do contato que estabelecem com a natu-
ST ER

reza e com os recursos que ela oferece,


preservar a terra é, para eles, garantir
sua sobrevivência, assim como a de sua
cultura, pois o cultivo de vegetais e a
SI AT

prática de caça e pesca, são costumes


culturais enraizados e fundamentais
para esses povos.
M

Outro fator importante é o de que as


terras que eles ocupam têm uma relação
com a ancestralidade e a espiritualida-
de indígenas. Muitas vezes, um rio, uma
serra ou outro lugar próximo de suas co-
munidades apresentam um valor ima-
terial incalculável para esses povos.
O deslocamento em razão de políticas
públicas ou para atender a interesses
políticos ou econômicos é algo que fere
seriamente a cultura e a expectativa de
preservação desses povos nativos. Marechal Cândido Rondon distribuindo presentes para
indígenas paresi. Acervo do Museu Nacional do Índio.
Para saber mais sobre questões relacionadas aos povos originários do Brasil, acesse o site disponível em: <https://coc.pear.sn/XqO0dvG>.
Acesso em: 12 mar. 2019.

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CAPÍTULO 3
SOCIEDADE REPUBLICANA
Módulos 10 e 11 | Grupos da sociedade

Exercícios de aplicação
1. Leia a frase a seguir e explique-a.
Durante a Primeira República, geralmente a moradia poderia revelar a condição social e o grupo da
sociedade a que pertencia uma família.
Espera-se que os alunos expliquem que havia uma grande distinção entre as moradias, de acordo com o grupo da socie-

O
dade a que pertenciam as famílias. Por exemplo, as moradias em que os ex-escravizados costumavam viver eram precá-

C IV
rias, enquanto as moradias da elite republicana apresentavam arquitetura, divisão de cômodos e outras características

bastante luxuosas.
CAPÍTULO 3

O S
C LU
188

O C
N X
SI E
2. Tiveram grande importância os agrupamentos e as organizações articuladas pela população negra,
O
como a Frente Negra Brasileira de 1931.
a. Quais eram os objetivos dessas organizações?
EN S

Espera-se que os alunos compreendam que essas organizações tinham objetivos políticos e sociais, como a luta por
E U

seus direitos e o reconhecimento de sua cidadania.


D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT

b. Cite outro elemento importante de resistência da população negra por um lugar social que rom-
pesse com a visão escravocrata.
Espera-se que os alunos avaliem e identifiquem que a imprensa negra foi outro elemento que surgiu no período, com
M

vistas à conscientização da população negra e à denúncia de questões relacionadas a ela.

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3. Sobre o contexto da criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), leia as afirmativas e assinale a 3. O contato com os povos
alternativa correta. indígenas estabelecido pelo
SPI vinha acompanhado do
I. Na Primeira República, os povos indígenas conseguiram conquistar os direitos pelos quais luta- interesse sobre as terras em
que esses povos habitavam,
ram durante o Brasil imperial, tornando-se cidadãos brasileiros.
iniciando-se, já na Primeira
II. Ao realizar expedições na chefia do Serviço de Proteção ao Índio, marechal Rondon verificou a República, problemas rela-
cionados às terras indíge-
necessidade de instalar redes telegráficas no interior do Brasil, especialmente no Centro-Oeste
nas, os quais persistem até
e na Amazônia. os dias atuais.
III. Entre os objetivos do Serviço de Proteção ao Índio, estavam a pacificação e a fixação dos povos
indígenas, relacionadas aos problemas de terras indígenas, ainda existentes atualmente.

O
a. Apenas a afirmativa I está correta.

C IV
b. Apenas a afirmativa II está correta.
c. Apenas a afirmativa III está correta.

O S

HISTÓRIA
d. As afirmativas I e II estão corretas.

C LU
e. As afirmativas II e III estão corretas.

189
O C
Exercícios propostos

N X
4. Leia novamente, no início da teoria, o texto de Paulo César Garcez Marins sobre a caracterização dos
SI E
ambientes internos das residências da elite republicana e assinale as alternativas que apresentam
afirmações correspondentes ao texto.
O
Embora diferentes das moradias dos ex-escravizados, não havia divisão de cômodos por ativi-
EN S

dade desempenhada pelas famílias da elite.


E U

X As áreas de sociabilidade tinham funções, como a sala de estar, as salas de jogos, de música
e o escritório.
D E

Os ambientes internos das mansões e dos palacetes em nada diferiam dos ambientes inter-
nos das moradias dos demais grupos da sociedade.
A LD

X Uma característica importante era a diferença existente entre os cômodos de sociabilidade


e os ambientes íntimos, onde os membros da família tinham assegurada a sua intimidade.
EM IA

Os cômodos de serviço ficavam próximos aos ambientes íntimos, caso os patrões precisassem
de alguma providência urgente dos empregados domésticos.
ST ER

5. Sobre os ex-escravizados durante a Primeira República, assinale a afirmativa correta. 5. Em relação às práticas
culturais da população
a. As condições de vida desse grupo, nesse período, eram muito melhores no campo do que nas negra, estavam presentes,
SI AT

cidades. ainda que de forma velada,


manifestações culturais de
b. Nas cidades, embora conseguir trabalho fosse difícil, havia pelo menos serviço de infraestrutura origem africana, especial-
disponível. mente nas regiões onde a
M

presença negra era maior;


c. A chegada dos imigrantes não afetou a população negra, pois os cargos de trabalho que conse- porém tais manifestações
guiam tinham natureza completamente distintas. foram proibidas.

d. Apesar de viverem em moradias precárias, grande parte da população negra atuava como vende-
dores e gerentes dos bancos locais.
e. A cultura de origem africana permaneceu presente, embora suas práticas ocorressem escondidas
em razão do preconceito e da proibição instituída pelo governo.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 189 24/09/2019 20:02


Módulos 10 e 11
1. As condições de vida da elite republicana eram semelhantes às dos libertos, operários e indígenas.
Esta afirmação é
verdadeira.

O
X falsa.

C IV
2. Os ambientes de socialização das casas da elite republicana
CAPÍTULO 3

O S
X eram separados dos ambientes íntimos das famílias.

C LU
X tinham uma função específica.

eram superlotados como os das habitações populares.


190

O C
ficavam próximos aos ambientes de serviço.

N X
3. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas.
SI E
A população negra teve de camuflar e esconder as práticas culturais de matriz africana em
V
O
razão do preconceito e da proibição que lhes foi imposta.
EN S

V Em São Paulo, a mão de obra imigrante gerou a dispensa de trabalhadores negros.


E U

A adesão da população negra que permaneceu no campo em busca da vida caipira foi
V
significativa.
D E

4. Assinale os exemplos de profissões que eram comuns à população negra.


A LD

X Lavadeiras

Políticos
EM IA

Contadores

X Vendedores ambulantes
ST ER

X Ensacadores
SI AT

X Carregadores

Gerentes de bancos
M

X Funileiros

5. O Serviço de Proteção ao Índio foi, inicialmente, chefiado por


a. marechal Deodoro.
b. Floriano Peixoto.
c. Nilo Peçanha.
5. Durante o governo do pre-
d. marechal Rondon. sidente Nilo Peçanha (1909-
1910), foi criado o Serviço de
e. Artur Bernardes. Proteção ao Índio (SPI), em
1910, sob o comando do ma-
rechal Cândido Rondon.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 190 24/09/2019 20:02


SOCIEDADE REPUBLICANA

O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

191
O C
N X
SI E
O
EN S
E U

Imigrantes
Elite (operários,
Ex-escravizados Indígenas
aristocrática trabalhadores
D E

do campo etc.)
A LD

Detinha o poder Condições


Condição de
EM IA

e tinha melhores precárias e


marginalização
condições de vida. marginalização
ST ER
SI AT

Organizações e
Serviço de
agrupamentos
Proteção ao Índio
M

políticos e sociais

Imprensa negra

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 191 24/09/2019 20:02


CAPÍTULO

4 PRIMEIRA GUERRA
MUNDIAL

O
C IV
OBJETIVOS DO GRUPO

O S
• Identificar e relacionar
HISTÓRIA

as dinâmicas do

C LU
capitalismo e suas crises,
os grandes conflitos
mundiais e os conflitos
192

O C
vivenciados na Europa.
• Caracterizar e discutir

N X
as dinâmicas do
colonialismo no
SI E
continente africano e
asiático e as lógicas
O
de resistência das
populações locais
diante das questões
EN S

internacionais.
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 192 24/09/2019 20:02


COWARDLION/DREAMSTIME
Módulo 12

ANTECEDENTES E FATORES

D
urante o século XIX, a Revolução Industrial desenvolveu-se em
vários países da Europa. Esse fato promoveu grande acúmulo de
capitais e expansão dos negócios por meio da chamada corrida
imperialista em busca de mercados consumidores e fornecedores de maté-
rias-primas, como cobre e estanho. No final desse mesmo século, após seu

O
processo de unificação, a Alemanha entrou nessa disputa.

C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

193
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Museus da Guerra Imperial (Imperial


War Museums – IWM), em Londres.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 193 24/09/2019 20:02


Na corrida imperialista, os europeus apossaram-se da África e da Ásia, onde
VOCABULÁRIO fundaram colônias; em outras regiões, como as da América Latina, eles pas-
Reich: Império
saram a exercer influência, controlando os mercados consumidores.
O nacionalismo foi usado pelos países imperialistas para justificar essa
expansão, porém beneficiava a burguesia, que detinha o poder político. As-
sim, para demarcar política e economicamente seu poder, países europeus
iniciaram uma forte campanha nacionalista, o que levou ao acirramento
das rivalidades entre eles.

O
Em 1871, a unificação alemã completou-se após a derrota da França, na

C IV
Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Os franceses foram obrigados a as-
sistir, no Palácio de Versalhes, à criação do Segundo Reich Alemão, na Sala
CAPÍTULO 4

O S
dos Espelhos. Foram, ainda, submetidos à assinatura de um humilhante
tratado de paz em que se estabeleceu, entre outras questões, a entrega da

C LU
Alsácia-Lorena, região rica em carvão.
Com a unificação, a Alemanha acelerou seu processo industrial, dispu-
194

O C
tando mercados com a Inglaterra na Europa e no mundo e, também, a re-
gião do Marrocos, na África, com a França.

N X
SI E A Rússia, por sua vez, almejava controlar a Península Balcânica, en-
frentando o Império Austro-Húngaro, também interessado nessa região.
O objetivo desses dois impérios era o mesmo: obter uma saída para o
O
Mar Mediterrâneo.
Territórios africanos sob o controle de países europeus, às vésperas da
EN S

Primeira Guerra Mundial Os russos também dispu-


ALL MAPS

E U


EUROPA tavam com o Império Turco-
-Otomano a região dos estrei-
D E

M a r tos de Bósforo e Dardanelos,


localizados em ponto estraté-
M

A LD

MARROCOS d
e

TUNÍSIA i t
ESPANHOL e r r
â n e o
Madeira ÁSIA
MARROCOS gico entre a Europa e a Ásia,
Canárias
LÍBIA
além de terem interesses em
ARGÉLIA
RIO DO EGITO
territórios chineses. Em con-
Ma
EM IA

OURO
rV

Trópico de Câncer
erm

trapartida, a própria Rússia


elh
o

SUDÃO
MAURITÂNIA FRANCÊS NÍGER fazia parte da esfera de inte-
ST ER

CABO
IAL FRANCESA

VERDE SOMÁLIA
ERITREIA
GÂMBIA
SENEGAL
ÁF RICA OCIDE NT AL F RANCE S A
ALTO
SUDÃO
ANGLO-EGÍPCIO
FRANCESA
resse econômico da Inglater-
GUINÉ GUINÉ
VOLTA SOMÁLIA
BRITÂNICA ra e da França.
BENIN

PORTUGUESA
TOGO

NIGÉRIA ABISSÍNIA
COSTA
(ETIÓPIA)
SI AT

SERRA LEOA DO
O imperialismo e o naciona-
TOR

CHADE
LIBÉRIA MARFIM CAMARÕES SOMÁLIA
UA

COSTA
RIO MUNI ÁFRICA
ITALIANA
lismo dividiram a Europa em
EQ

DO UGANDA ORIENTAL
Equador OURO BRITÂNICA 0°
vários blocos antagônicos: de
A

GABÃO
IC

CONGO
M

OCEANO
FR

BELGA
Á

OCEANO
ÁFRICA
ORIENTAL
ÍNDICO um lado, a Alemanha defen-
ALEMÃ SEYCHELLES
ATLÂNTICO dia o pangermanismo, cujos
COMORES
ANGOLA
RODÉSIA
NIASSALÂNDIA objetivos eram reunir, sob
E

Território sob controle de DO NORTE


seu domínio, os povos de ori-
QU

países europeus antes de 1914


AR
BI
AM

RODÉSIA
SC

Alemanha ÁFRICA DO DO SUL MAURÍCIO


gem germânica e incorporar

GA

SUDOESTE
M

DA

Bélgica ALEMÃ
BECHUANA-
outros povos como seus saté-
MA

Trópico de Capricórnio
-LÂNDIA
Espanha TRANSVAAL
França SUAZILÂNDIA
lites; de outro lado, a Rússia
Inglaterra
Itália
UNIÃO DA
ÁFRICA
BASUTOLÂNDIA
defendia o pan-eslavismo, vi-
DO SUL
Portugal
sando reunir todos os povos
Greenwich

Países independentes 0 830 km


eslavos sob sua proteção.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 194 24/09/2019 20:02


A Unificação Alemã e o imperialismo foram objeto de estudo dos alunos no ano anterior; portanto, ao conversarem
sobre os antecedentes da Primeira Guerra Mundial, levantar seus conhecimentos prévios, relacionando-os com as
informações apresentadas. Nesse sentido, é importante explorar o mapa proposto para auxiliá-los nesse processo.
Havia ainda a Sérvia, que tinha pretensão de formar a Grande Sérvia, con-
glomerando os povos vizinhos de origem sérvia, da região balcânica, em PARA IR ALÉM
um único Estado. Tecnologia de guerra
Em 1908, o Império Austro-Húngaro anexou a região da Bósnia-Herze- A corrida armamentista teve
seu ápice com a Primeira
govina, pretendida pela Sérvia. Montenegro e Bulgária lutavam contra o Guerra Mundial, quando se
Império Austro-Húngaro e o Império Turco-Otomano. presenciou um desenvolvi-
mento da tecnologia bélica
Nesse contexto, as nações europeias agruparam-se para defender seus em um nível até então nun-
interesses: de um lado, estava a Tríplice Entente, formada pela Inglaterra, ca visto: o industrial.

O
França e Rússia, de outro, havia a Tríplice Aliança, composta pela Itália, Ale- Indústrias especializadas em
produção de armamentos

C IV
manha e Império Austro-Húngaro.
tornaram-se uma realidade.
Ao mesmo tempo, os países estimulavam sua produção de armas e mo- Não podemos nos esquecer

O S
dernizavam seus exércitos, preparando-se para um confronto inevitável. A de que o contexto antes e du-

HISTÓRIA
rante o conflito foi também o
essa corrida armamentista, deu-se o nome de Paz Armada.

C LU
contexto da denominada Se-
Além disso, vários países europeus enfrentavam revoltas internas de re- gunda Revolução Industrial,
a qual, dentre suas carac-

195
giões que exigiam sua independência: no Reino Unido, irlandeses se revol- terísticas, foi pautada pelo

O C
taram; na Espanha, bascos e catalães; no Império Austro-Húngaro, tchecos, desenvolvimento dos meios
de transporte, como o motor

N X
eslovacos e poloneses; na Macedônia, gregos, búlgaros e sérvios; na Alema- a combustão e o avião, além
nha, poloneses, alsacianos e lorenos, entre outros povos.
SI E da produção de aço.
A indústria bélica foi abas-
Bósnia-Herzegovina e a ocupação pelo Império Austro-Húngaro tecida por matérias-primas
O
vindas das colônias dos
ALL MAPS

20° L
países imperialistas e pas-
EN S

sou a empregar, durante a


Ocupado pelo Império guerra, mão de obra femi-
E U

Austro-Húngaro desde nina, uma vez que a maior


1878 e anexado em 1908
parte dos homens deixou

EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
as fábricas para atuar mili-
D E

ROMÊNIA tarmente no conflito.


A LD

BÓSNIA- Bucarest
-HERZEGOVINA Mar Negro
Belgrado
M
ar

Sarajevo
Ad

BULGÁRIA
r

MONTENEGRO
iát
ico

SÉRVIA Sofia
EM IA

Cetinje
Istambul
Tirana
ST ER

ALBÂNIA
40° N

GRÉCIA Política das Alianças


SI AT

ALL MAPS

Atenas
h
nwic
Gree

ltico
M

Mar do
50
Norte

°N
ar

M
Mar Mediterrâneo INGLATERRA RÚSSIA
0 165 km
ALEMANHA
OCEANO
Às vésperas da Primeira Guerra, a região representada no mapa aparecia ATLÂNTICO
como uma das mais disputadas pelas potências imperialistas europeias. FRANÇA
ÁUSTRIA-HUNGRIA
É importante esclarece aos alunos que o século XIX ofereceu condições
para que, no início do século XX, as rivalidades estivessem aguçadas entre Mar Negro

as nações mencionadas. Ler e interpretar o mapa com os alunos, de modo ITÁLIA


que eles consigam localizar o Império Austro-Húngaro, a Sérvia, a Bósnia-
-Herzegovina e os outros países do Leste Europeu, para que entendam os
conflitos existentes nessa região. Explorar, também, o mapa da Política das M a r M e d
i t
Alianças, para que eles possam entender as fases do conflito bélico que e
r
r â 0 465 km
se iniciaria. Além disso, enfatizar a relação entre a corrida armamentista n e
o
e a Paz Armada com o desenvolvimento da indústria bélica e a Segunda
Revolução Industrial, relacionando-os, ainda, à exploração das colônias em
relação às matérias-primas.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 195 24/09/2019 20:02


Módulos 13 e 14
VOCABULÁRIO
Detrimento: prejuízo,
A GUERRA E SEUS DESDOBRAMENTOS
dano, perda. O conflito
Pretexto da guerra
Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando foi assassinado
COLEÇÃO PARTICULAR

por um estudante sérvio, membro de uma sociedade secreta ultranaciona-


lista. Francisco era herdeiro do trono austro-húngaro e estava em visita a

O
Sarajevo, capital da Bósnia, recém-anexada ao Império em detrimento

C IV
das ambições da Sérvia.
O governo austríaco acusou a Sérvia de ser a mandante do assassinato,
CAPÍTULO 4

O S
declarando-lhe guerra em julho de 1914. Em razão da política das Alianças,

C LU
países de um lado e de outro se envolveram imediatamente nesse conflito.
A Itália ficou neutra até 1915, alegando que os tratados eram defensivos e
196

não falavam em ataques ou invasões; nesta época, porém, aliou-se a países

O C
Representação do momento em
da Tríplice Entente, rompendo com os alemães.

N X
que o sérvio Gavrilo Princip dispara
contra o arquiduque Francisco
Ferdinando e sua esposa, Sophia.
SI E Guerra de movimentos (1914)
O atentado e a morte do herdeiro
do Império Austro-Húngaro e o Com o início da guerra, a Alemanha pôs em prática seu Plano Schlieffen, que
início da Primeira Guerra Mundial
consistia em atacar a França pela Bélgica e, em seguida, invadir a Rússia.
O
marcaram o fim de uma época.

Na frente ocidental, os alemães foram obrigados a recuar, após terem


EN S

sido detidos por forças militares franco-britânicas na Batalha do Marne,


E U

em setembro de 1914. Os alemães também foram surpreendidos pela re-


sistência russa, embora, na frente oriental, a guerra se desenrolasse mais
D E

favoravelmente à Alemanha e à Áustria-Hungria.


A LD

Alianças europeias nos primeiros anos da guerra


NOTA

ALL MAPS

Frentes de combate ISLÂNDIA Tríplice Aliança (1882) e aliados


Países neutros
EM IA

No conflito, duas frentes de


Tríplice Entente (1907) e aliados
combate se formaram: frente Maio de 1915 – Itália entra na guerra,
ocidental, na qual o embate mas do lado da Tríplice Entente
ST ER

era travado entre alemães SUÉCIA Países invadidos pelas forças da


Alemanha e Áustria-Hungria
contra franceses, belgas e NORUEGA
ingleses; e frente oriental, São Petersburgo

na qual combatiam os russos


tic o
SI AT

Mar do
e os alemães. Observando o Norte
Bá l

50 REINO UNIDO
°N DINAMARCA
mapa, é possível ver que a lo- DA GRÃ-BRETANHA
ar

E IRLANDA Tríplice Entente


M

IMPÉRIO RUSSO
calização da Alemanha entre PAÍSES
M

Londres BAIXOS
alguns países, como França, Berlim
ALEMANHA
Bélgica e Inglaterra de um BÉLGICA
Al
lado, e Rússia do outro, per- OCEANO LUXEMBURGO ian
ça
e
Tríplic

ATLÂNTICO Paris M
ar
mitiu a formação dessas duas Viena Cá
SUÍÇA s
frentes de batalha. FRANÇA ÁUSTRIA-HUNGRIA
pi
o

BÓSNIA- ROMÊNIA
PORTUGAL Mar Cáspio
ITÁLIA -HERZEGOVINA
ESPANHA Córsega MONTENEGRO BULGÁRIA
Roma SÉRVIA
Sardenha ALBÂNIA
IMPÉRIO
M a r M e d GRÉCIA OTOMANO
i t
e Sicília
r r
ÁFRICA â n 0 445 km
e o Chipre

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 196 24/09/2019 20:02


Guerra de trincheiras (1914-1917) Explicar aos alunos as fases da Pri-
meira Guerra Mundial (na época cha-
mada de Grande Guerra), contando
Franceses e alemães iniciaram a chamada “guerra de trincheiras”: imensos que a vida nas trincheiras não era
canais, em geral com 2 metros de profundidade e 1,80 metro de largura, nada fácil. O conjunto das condições
que elas ofereciam eram prejudiciais
foram escavados na terra, entre a Bélgica e a França, onde os soldados per- à saúde física e mental dos soldados
maneciam praticamente imobilizados, realizando eventuais ataques, sem que, apesar de tudo, deviam continuar
a combater seus inimigos. É possível,
muito sucesso. No topo, as trincheiras eram protegidas por vários sacos de neste momento, levantar uma conver-
areia. Entre os dois campos inimigos, havia rolos de arame farpado de até sa sobre as marcas físicas, psicológicas
e emocionais que um conflito bélico
2 metros de altura. pode causar em seus combatentes.

O
Em 1915, a Itália entrou na guerra ao lado da Entente, em troca de terri-

C IV
tórios que estavam em poder da Áustria e de outros benefícios.
Outros países resolveram entrar no conflito, como o Japão, ao lado da

O S

HISTÓRIA
Entente, e a Bulgária e o Império Turco-Otomano, ao lado da Alemanha e

C LU
da Áustria: a guerra adquiriu proporção mundial.
A situação de luta de trincheiras foi alterada a partir de 1917 por dois

197
acontecimentos decisivos para o fim da guerra: a saída da Rússia e a entra-

O C
da dos Estados Unidos.

N X
SI E
Cotidiano nas trincheiras

EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
Para os soldados, a vida nas trinchei-
O
ras era muito difícil. Suas condições
de higiene eram precárias e era alto
EN S

o nível de estresse a que eles se sub-


metiam com a constante ameaça de
E U

bombardeios e ataques. Cadáveres


também faziam parte do ambiente
das trincheiras, colaborando com a
D E

proliferação de animais, como ratos


A LD

e piolhos, e de doenças. Os abrigos


não eram confortáveis e a alimen-
tação não era nutritiva, pois os ali-
mentos eram processados e, geral-
EM IA

mente, enlatados. Soldados britânicos em trincheira durante a Primeira Guerra Mundial


ST ER

Momentos decisivos (1917-1918)


Em 1917, na Rússia, uma revolução socialista colocou os bolcheviques
SI AT

no poder. Lenin, no comando do governo revolucionário, assinou com a


Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk, retirando os russos do conflito.
M

Livres da guerra na frente oriental, os alemães concentraram suas forças


na frente ocidental – contra ingleses e franceses. Ao mesmo tempo, orga-
nizaram um poderoso bloqueio marítimo para evitar apoios à Inglaterra e PARA IR ALÉM
à França.
Filme: Cavalo de guerra
Pela primeira vez, foram utilizados submarinos, que reforçaram o blo-
Assista ao filme Cavalo de
queio marítimo, principalmente contra os Estados Unidos da América, que guerra (EUA. 2011. 147 min.)
enviavam mantimentos e armas à Entente. para conhecer a história da
amizade entre Albert, um jo-
Os submarinos alemães haviam afundado, em 1915, o navio Lusitânia, vem camponês, e seu cavalo,
um transatlântico inglês no qual viajavam, entre outros, 128 passageiros que é levado para a guerra
como cavalo de batalha.
estadunidenses.

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Explicar aos alunos que a entrada dos Esse ataque gerou um violento protesto por parte dos Estados Unidos, até
Estados Unidos foi decisiva para o
desfecho da guerra e que, de todos os então um país neutro na guerra.
países, eles saíram mais fortalecidos,
especialmente pelo fornecimento de Em 1917, os submarinos alemães afundaram alguns cargueiros estaduni-
armamentos e mantimentos. denses e, então, em abril, os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha.
Nesse mesmo ano, o navio brasileiro Paraná foi afundado no Canal da
Mancha; em razão disso, o Brasil declarou guerra à Alemanha, enviando
uma equipe médica para auxiliar a Entente.
A entrada dos Estados Unidos foi decisiva para a guerra: desembarcou

O
na França um efetivo militar poderosamente armado para enfrentar um

C IV
exército desgastado pelos quatro anos de guerra. Em 1918, a Alemanha
foi vencida.
CAPÍTULO 4

O S
Tratados de paz

C LU
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

Ao final da Primeira Guerra Mundial, vários


198

O C
tratados foram feitos. O principal foi o Tratado
de Versalhes, de junho de 1919, imposto à

N X
Alemanha, considerada responsável pelo
SI E
O
conflito e obrigada a acatar uma série de de-
terminações, cujo objetivo era enfraquecê-la
ao máximo. Entre elas, estavam:
EN S

• devolução da Alsácia-Lorena à França;


E U

• cessão de territórios para o restabele-


cimento da Polônia e a formação da
Tchecoslováquia;
D E

• concessão de um território livre, na


A LD

Alemanha, para a Polônia ter acesso ao


mar pelo Porto de Dantzig (atual Gdansk),
formando o chamado “corredor polonês”;
EM IA

• perda das colônias na África;


ST ER

• entrega da região carbonífera do Sarre


para os vencedores (em especial para a
França);
SI AT

• redução de seu efetivo militar para 100


mil homens;
M

• proibição do uso de artilharia pesada,


aviões, submarinos e navios militares;
• pesada indenização em ouro aos países
O cartaz, de 1917, de recrutamento de soldados para a Marinha dos Estados vencedores, por danos de guerra.
Unidos dizia: “A Marinha precisa de você! Não leia a história da América, faça-a!”.

Em resumo, a economia alemã perdeu 25% de aço e de carvão, 75% das re-
servas ferríferas, 15% da produção agrícola, além de máquinas e equipa-
mentos e, ainda, por muitos anos, o país foi obrigado a pagar a indenização
imposta em Versalhes.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 198 24/09/2019 20:02


Desarmados e humilhados, os alemães não tiveram alternativa senão as-
sinar o tratado; isso gerou uma violenta revolta no povo alemão que, mais VOCABULÁRIO
tarde, seria utilizada por Adolf Hitler para sua ascensão ao poder. Ferrífero: que se compõe
Os outros países aliados da Alemanha também assinaram tratados de paz: de ferro.

• Tratado de Trianon: de junho de 1919, em que a Sérvia incorporou a


Explicar aos alunos os tratados a que
Croácia; a República Tcheca ganhou a Eslováquia e a Romênia incorpo- os países derrotados foram submeti-
rou a Transilvânia. A Hungria perdeu todos esses territórios. dos, relacionando-os com a configura-
ção do mapa após o final do conflito.
• Tratado de Saint-Germain-en-Laye: de setembro de 1919. Tchecoslová-

O
É importante que eles entendam essa
nova organização política para que
quia, Reino dos sérvios, croatas, eslovenos e poloneses conseguiram sua compreendam os desdobramentos

C IV
independência. A Itália obteve terras dos austríacos. A Áustria teve de da política mundial ao longo do sé-
culo XX. A respeito da formação da
conceder porções de seu território aos novos países. União Soviética, esclarecer-lhes que a

O S

HISTÓRIA
• Tratado de Neuilly: de novembro de 1919. A Grécia anexou a Trácia. O Revolução Russa e sua formação serão
estudadas no próximo capítulo.

C LU
Reino dos sérvios, croatas e eslovenos ficou com a Macedônia. A Bulgária
perdeu todos esses territórios.

199
• Tratado de Sèvres: de agosto de 1920. França e Inglaterra dividiram

O C
as terras turcas no Oriente Médio. Grécia e Armênia anexaram parte da

N X
Turquia, a qual teve seu território reduzido. Foi o fim do Império Otomano.
SI E
Os mapas apresentados a seguir mostram a Europa em dois momentos
distintos: antes (mapa 1) e depois (mapa 2) da Primeira Guerra.
O
Mapa 1 – Europa antes da Primeira Guerra Mundial
EN S

ALL MAPS

E U

ISLÂNDIA
D E
A LD

SUÉCIA

NORUEGA
EM IA

Oslo Estocolmo

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Moscou
ST ER

Norte
o
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GRÃ-BRETANHA DINAMARCA

50
°N
E Copenhague
ar

IRLANDA
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RUSSIA
SI AT

Londres HOLANDA Berlim


ALEMANHA
BÉLGICA
OCEANO
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FRANÇA SUÍÇA Viena pi
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ÁUSTRIA-HUNGRIA
ROMÊNIA
Bucareste
PORTUGAL Belgrado Mar Cáspio
Madri ITÁLIA
BULGÁRIA
Córsega MONTENEGRO
Lisboa ESPANHA Sofia
Roma SÉRVIA
Sardenha ALBÂNIA
IMPÉRIO
M a r M e d GRÉCIA OTOMANO
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ÁFRICA o
0 320 km
Chipre

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Mapa 2 – Europa depois da Primeira Guerra Mundial
ALL MAPS 0°

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ISLÂNDIA

enw
Reikjavik

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SUÉCIA FINLÂNDIA
NORUEGA Helsinque

O
Oslo
Estocolmo Tallin
Mar do UNIÃO DAS REPÚBLICAS
ESTÔNIA SOCIALISTAS SOVIÉTICAS

C IV
Norte (parte europeia)
LETÔNIA

o
REINO UNIDO

ltic
Riga Moscou
50 Dublin DINAMARCA


°N
ar
CAPÍTULO 4

Copenhague LITUÂNIA

O S
IRLANDA M
PAÍSES Vilnius

Londres BAIXOS

C LU
Amsterdã Berlim
Varsóvia
Bruxelas
OCEANO BÉLGICA
ALEMANHA POLÔNIA
ATLÂNTICO Praga
200

Paris LUXEMBURGO
TCHECOSLOVÁ

O C
QUIA
Ma
Berna Viena rC
FRANÇA ÁUSTRIA Budapeste ás
SUÍÇA HUNGRIA pio

N X
ROMÊNIA
Bucareste
PORTUGAL Belgrado
SI E
O
Lisboa
Madri

ESPANHA
Córsega
ITÁLIA
Roma
IUGOSLÁVIA
BULGÁRIA
Sofia
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Tirana Ancara
Baleares Sardenha ALBÂNIA TURQUIA
M a r GRÉCIA
EN S

M
e Sicília
d Atenas
i
E U

t
e r Chipre
r â n e o Creta 0 350 km
D E

Observe que países novos como Tchecoslováquia, Iugoslávia, Polônia,


A LD

Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia formavam uma “parede”, separando


a Europa capitalista da então recém-criada União das Repúblicas Socialis-
tas Soviéticas. Esses Estados formaram um “cordão sanitário” para isolar a
EM IA

URSS e proteger a Europa capitalista da expansão bolchevista, considerada


o grande perigo para a humanidade e para a democracia.
ST ER

Liga das Nações


SI AT

A Liga das Nações foi proposta pelo presidente dos Estados Unidos,
Woodrow Wilson, juntamente com outras sugestões conhecidas desse pre-
sidente, como Os 14 pontos de Wilson.
M

A Liga – um dos poucos pontos propostos pelo presidente estadunidense


que foram efetivamente aplicados – previa uma união de países que fun-
cionaria como um fórum internacional de preservação da paz mundial.
No entanto, o Congresso dos Estados Unidos votou contra a participação
do país nessa instituição supranacional, o que também colaborou para seu
futuro fracasso.
Os principais pontos sugeridos pelo presidente Wilson foram:
• fim da “diplomacia secreta”;
• liberdade dos mares;

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 200 24/09/2019 20:02


• eliminação das barreiras econômicas entre as nações;
• redução dos armamentos nacionais;
• redefinição da política colonialista, levando em consideração o inte-
resse dos povos colonizados;
• retirada dos exércitos de ocupação da Rússia;
• restauração da independência da Bélgica;
• restituição da Alsácia-Lorena à França;

O
• reformulação das fronteiras italianas;

C IV
• reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos
da Áustria-Hungria;

O S
• restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso

HISTÓRIA
ao mar para a Sérvia;

C LU
• reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo do povo da

201
Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao

O C
Mar Mediterrâneo;

N X
• independência da Polônia;
SI E
• criação da Liga das Nações ou Sociedade das Nações.

Conclusão
O
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), também chamada

EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
EN S

de Grande Guerra, o mundo viu, pela primeira vez, um conflito


E U

armado assumir proporções mundiais – Japão, China, Brasil, Gua-


temala, Bélgica, Portugal e outros países da América, da Europa e
D E

da Ásia se envolveram na guerra.


A LD

O conflito marcou o fim da hegemonia europeia. As antigas po-


tências saíram endividadas e o mundo assistiu ao nascimento de
novas potências, como os Estados Unidos, a URSS e o Japão.
EM IA

Vimos que os tratados de paz promoveram a diminuição territo-


rial de alguns países e favoreceram o surgimento de outros.
ST ER

É importante, ainda, mencionar que essa guerra proporcionou


alguns benefícios para o Brasil, que teve, por exemplo, seu proces-
so industrial incentivado pela ausência de produtos importados,
SI AT

uma vez que os países em guerra estavam preocupados com a


produção de armamentos.
M

Além disso, o mundo começou a se dividir ideologicamente: de Woodrow Wilson, presidente dos
Estados Unidos que propôs a
um lado, nascia a União Soviética – um país socialista em expansão, que criação da Liga das Nações
em 1919.
rapidamente se tornaria uma potência – e, de outro, estavam os países ca-
pitalistas.
As enormes baixas humanas, a crise econômica e política gerada pela
guerra, as humilhações impostas à Alemanha e as dívidas contraídas por
ingleses e franceses tornaram a Europa uma região extremamente instá-
vel. Essa situação se agravou ainda mais a partir de 1929, com a crise do
capitalismo mundial e com a expansão dos ideais socialistas, preparando
as condições que favoreceriam a Segunda Guerra Mundial.

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CAPÍTULO 4
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Módulo 12 | Antecedentes e fatores

Exercícios de aplicação
1. O texto trata da corrida 1. Enem
imperialista e da busca por
territórios coloniais, o que
intensificou as disputas en- Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que ter-
tre as nações.
minou com a corrida dos países europeus para a África e com o

O
surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa

C IV
– do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É
o período do imperialismo, da quietude estagnante na Europa e
CAPÍTULO 4

dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.

O S
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo:

C LU
Companhia das Letras, 2012.
202

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que

O C
a. difundiu as teorias socialistas.

N X
b. acirrou as disputas territoriais.
SI E c. superou as crises econômicas.
d. multiplicou os conflitos religiosos.
O
e. conteve os sentimentos xenófobos.

2. O revanchismo francês, um dos principais fatores responsáveis pela Primeira Guerra Mundial, ocor-
EN S

2. Em 1871, a Unificação
Alemã se completou, após a reu em razão
E U

derrota da França na Guerra


Franco-Prussiana (1870- a. de a Itália ter ocupado territórios franceses durante seu processo de unificação, além de ter
1871). Os franceses foram apoiado a Prússia na Guerra Franco-Prussiana.
obrigados a assistir, no Pa-
D E

b. de a Inglaterra, graças ao seu poderio industrial e bélico, ter ocupado vários mercados consumi-
lácio de Versalhes, à criação
do Segundo Reich pelos ale-
dores da França e, com isso, ter causado prejuízos à indústria francesa.
A LD

mães, na Sala dos Espelhos. c. de a França, ao querer participar da Tríplice Aliança, ter sido impedida pela Inglaterra e pela Ale-
Foram, ainda, submetidos manha, o que a levou a desenvolver um espírito revanchista em relação a esses países e aderir à
à assinatura de um humi-
lhante tratado de paz em
Tríplice Entente.
que se estabeleceu, entre d. da crise dos Bálcãs, que envolveu vários países europeus. A França se propôs a intermediar, a fim
EM IA

outras questões, a entrega de buscar soluções pacíficas, no entanto sua ajuda foi recusada. Diante disso, passou a desenvol-
da Alsácia-Lorena, região
rica em carvão.
ver um espírito revanchista e bélico, que contribuiu para a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
ST ER

e. de a França querer se vingar da derrota sofrida na Guerra Franco-Prussiana, na qual os franceses


foram obrigados a assistir à criação do Segundo Reich, no Palácio de Versalhes, e a entregar a
Alsácia-Lorena à Alemanha.
SI AT

3. Descreva o que foi a Paz Armada.


A Paz Armada constituiu o período anterior à Primeira Guerra, no qual havia disputa por territórios coloniais e, ao mesmo
M

tempo, uma corrida armamentista caracterizada pelo estímulo à produção bélica e à modernização dos exércitos.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 202 24/09/2019 20:02


Exercícios propostos
4. Em relação ao imperialismo no final do século XIX e no início do século XX, qual alternativa a seguir 4. A disputa por regiões for-
podemos assinalar como correta? necedoras de matérias-pri-
mas foi um dos motivos que
a. A necessidade de controlar regiões produtoras de matérias-primas essenciais à indústria capitalista. levou ao acirramento das
rivalidades entre as nações
b. A ideologia da superioridade católica dos europeus, que levaria a todos os povos os benefícios da
e desencadeou a Primeira
verdadeira fé. Guerra Mundial.
c. A necessidade de exportar capitais para áreas pobres do mundo, com o intuito de ajudá-las a
superar seu atraso econômico.

O
d. A conquista de pontos estratégicos para a defesa das colônias portuguesas na África e na Ásia.

C IV
e. A expansão dos mercados europeus, após a crise dos EUA, com a quebra da Bolsa de Valores de
Nova York.

O S

HISTÓRIA
5. Qual era o contexto vivido pelo Leste Europeu na década anterior à Primeira Guerra Mundial?

C LU
Em 1908, o Império Austro-Húngaro anexou a região da Bósnia-Herzegovina, cobiçada pela Sérvia, que tinha a pretensão

de formar a Grande Sérvia, conglomerando os povos vizinhos de origem sérvia, da região balcânica, em um único Estado.

203
O C
Montenegro e Bulgária lutavam contra o Império Austro-Húngaro e contra o Império Otomano. Enquanto isso, a Rússia

defendia o pan-eslavismo, visando reunir todos os povos eslavos sob sua proteção.

N X
SI E
O
EN S

Módulos 13 e 14 | A Guerra e seus desdobramentos


E U

Exercícios de aplicação
D E

1. Leia o texto a seguir.


A LD

[…] A modernidade caracteriza-se precisamente pelo declí-


nio da experiência transmitida, um declínio marcado simbo-
EM IA

licamente pelo início da Primeira Guerra Mundial. Durante


esse momento de grande trauma europeu, muitos milhões de
pessoas, sobretudo jovens camponeses que tinham aprendi-
ST ER

do com os seus antepassados a viver segundo os ritmos da


natureza, no interior dos códigos do mundo rural, foram bru-
talmente arrancados ao seu universo social e mental. Foram
SI AT

subitamente submersos numa paisagem em que quase nada


era reconhecível além das nuvens e, no meio, num campo de
forças atravessado de tensões e explosões destrutivas, o mi-
M

núsculo e frágil corpo humano. Os milhares de soldados que


voltaram da frente de guerra, mudos e amnésicos, comocio-
nados pelo stress de guerra provocado pela artilharia pesada
que bombardeava, sem cessar, as trincheiras inimigas, corpori-
zaram esse corte entre duas épocas: a da tradição forjada pela VOCABULÁRIO
experiência herdada e a dos cataclismos que se furtam aos
Amnésico: relativo
mecanismos naturais de transmissão da memória.
à amnésia, ou seja, à
TRAVERSO, 2012 apud ALVES, Luís Alberto Marques. A malta das trincheiras – perda parcial ou total
entre a vivência, a memória e a história. PEREIRA, Gaspar Martins et al (Coord.). da memória.
A Grande Guerra (1914-1918): problemáticas e representações.
Porto: Citcem, 2014. p. 208. Comocionado: co-
movido, abalado.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 203 24/09/2019 20:02


CAPÍTULO 4
a. Descreva e justifique a que fase da Primeira Guerra Mundial o texto se refere.
Espera-se que o aluno reconheça que se trata da guerra de trincheiras, que ocorreu entre 1914 e 1917, pois o texto

menciona as trincheiras, além de descrever parte da realidade vivida nesse local.

O
b. Como era o cotidiano dos soldados nas trincheiras?
Espera-se que os alunos expliquem as más condições de higiene e o alto nível de stress a que os soldados estavam

C IV
submetidos com a constante ameaça de bombardeios e ataques, havendo cadáveres espalhados, colaborando para a
CAPÍTULO 4

O S
proliferação de animais e de doenças. Os abrigos não eram confortáveis e a alimentação era precária.

C LU
204

O C
N X
c. Como o texto descreve a condição dos soldados que voltavam da guerra após vivenciar a realida-
SI E
O de dessa fase?
Espera-se que os alunos expliquem que o texto relata que os soldados, retornando da frente de guerra, chegavam

mudos e amnésicos, comocionados pelo stress de guerra provocado pelos bombardeios.


EN S
E U
D E

2. Explique por que o ano de 1917 determinou o fim da Primeira Guerra Mundial.
A LD

Porque, nesse ano, a Rússia se retirou da guerra por questões internas, que culminaram na Revolução Russa. Os EUA

entraram com armas, munições e soldados em grande quantidade, decidindo a guerra para a Entente.
EM IA
ST ER

3. Entre as principais dis- 3. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o Tratado de Versalhes ocupou-se, principalmente,
posições do Tratado de
SI AT

Versalhes de 1919, estavam: a. da criação de uma organização internacional destinada a garantir a paz: a sociedade das nações.
devolução da Alsácia-Lorena b. dos problemas ligados ao reconhecimento do novo Estado, surgido da Revolução Bolchevique.
à França; cessão de territó-
rios para o restabelecimento c. da regulamentação da paz com a Alemanha, incluindo cessão de territórios, indenizações e de-
M

da Polônia e a formação da sarmamento.


Tchecoslováquia; um territó-
rio livre, na Alemanha, para
d. do desmembramento do Império Austro-Húngaro, formando-se novos estados: Áustria,
a Polônia ter acesso ao mar Tchecoslováquia, Iugoslávia e Hungria.
pelo Porto de Dantzig; perda e. da reorganização das fronteiras das nações balcânicas, em razão da desagregação dos Impérios
das colônias na África; entre-
Turco-Otomano e Austro-Húngaro.
ga da região carbonífera do
Sarre para os vencedores; re-
dução de seu efetivo militar 4. De que forma a guerra favoreceu a economia brasileira da época?
para 100 mil homens; proi- Como os países tradicionalmente fornecedores do mercado brasileiro estavam envolvidos no conflito, o Brasil viu-se
bição do uso de artilharia
pesada, aviões, submarinos obrigado a produzir, aqui, os artigos de que necessitava. Com isso, iniciou-se a industrialização do país.
e navios militares; indeniza-
ção aos países vencedores.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 204 24/09/2019 20:02


5. Em 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, em visita a Sarajevo, recém-
-anexada ao Império em detrimento das ambições da Sérvia, foi assassinado por um estudante sérvio. O governo
austríaco acusou a Sérvia de ser mandante do assassinato, declarando-lhe guerra em julho de 1914. Em razão da
política das Alianças, países de um lado e de outro envolveram-se imediatamente nesse conflito.
Exercícios propostos
5. Observe novamente a imagem do cartaz de recrutamento para a Marinha dos

COLEÇÃO PARTICULAR
EUA.
Essa imagem retrata o momento do assassinato de um futuro imperador eu-
ropeu e de sua esposa, em desfile pelas ruas de Sarajevo. Esse episódio ocor-
reu em meio a uma séria crise que se alastrava na Europa e que levaria a uma
guerra. O futuro imperador morto, a crise e a guerra são, respectivamente,
a. Guilherme, da Alemanha, crise do Marrocos e Guerra da Crimeia.

O
b. Francisco, do Império Austro-Húngaro, crise das nacionalidades e Guerra
da Argélia.

C IV
c. Francisco Ferdinando, da Alemanha, crise armamentista e Primeira Guerra
Mundial.

O S

HISTÓRIA
d. Nicolau, da Rússia, crise dos Bálcãs e Guerra Franco-Prussiana.

C LU
e. Francisco Ferdinando, do Império Austro-Húngaro, crise dos Bálcãs e Pri-
meira Guerra Mundial.

205
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOC
6. Observe o cartaz ao lado, produzido pela Marinha dos Estados Unidos entre

O C
os anos de 1916 e 1918, que diz “Ele está mantendo o mundo seguro pela

N X
democracia. Aliste-se e ajude-o”. Depois, responda às perguntas.
a. Por que a marinha precisava de soldados alistados?
SI E
Para compor seu contingente de guerra na Primeira Guerra Mundial.
O
b. Qual foi o motivo da entrada dos Estados Unidos na guerra?
EN S

Em 1917, os submarinos alemães afundaram alguns cargueiros estadunidenses e, por essa


E U

razão, em abril do mesmo ano, os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha.


D E

c. Por que podemos afirmar que a entrada dos Estados Unidos foi decisiva para a guerra?
A LD

A entrada dos Estados Unidos foi decisiva, pois houve, na França, o desembarque de um efetivo militar bem armado,

para enfrentar um exército desgastado por quatro anos de guerra.


EM IA

d. Qual foi o principal benefício para os Estados Unidos com o fim da guerra?
Espera-se que os alunos compreendam que o conflito marcou o fim da hegemonia europeia e a ascensão de novas
ST ER

potências no cenário mundial, sendo os Estados Unidos uma das principais.


SI AT

7. Findada a Primeira Guerra Mundial, muitas transformações ocorreram no mundo, entre elas a for-
mação de vários países na Europa, como Tchecoslováquia, Polônia, Lituânia, Estônia, Letônia, Iugos-
M

lávia e Hungria, que formavam o chamado “cordão sanitário”. A formação desses países, além de
atender às nacionalidades, atendia também
a. à péssima situação de saúde das suas populações, em razão das condições sanitárias deixadas
pela destruição provocada pela guerra.
b. às necessidades de limpar os detritos deixados pela guerra e, dessa forma, realizar uma verda- 7. Países como Tchecoslo-
váquia, Polônia, Lituânia,
deira operação sanitária em seus territórios.
Letônia, Estônia e Finlândia
c. à necessidade de segurança dos países capitalistas da Europa Ocidental, isolando a URSS por formavam, no fim da Pri-
meira Guerra, um “cordão
meio de Estados-tampões. sanitário” para isolar a URSS
d. aos setores anticomunistas da Europa Ocidental, por denegrir a imagem da União Soviética. e proteger a Europa capita-
lista da expansão bolchevis-
e. aos seus órgãos de saúde e sanitarismo, no intuito de melhorar as condições de habitação e ta, considerada um grande
perigo para a humanidade e
saúde prejudicadas pela guerra.
para a democracia.

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Módulo 12
1. Assinale a alternativa que apresenta a relação entre a expansão imperialista e a Primeira Guerra 1. O nacionalismo foi usado
Mundial. pelos países imperialistas
para justificar essa expan-
a. Expansão por mares e oceanos para o estabelecimento de colônias para a instituição de manu- são, porém beneficiava a
faturas e oficinas de artesanato. burguesia, que detinha o

O
poder político. Assim, para
b. Acirramento das rivalidades entre as nações, permeado pelo crescimento do nacionalismo. demarcar seu poder política

C IV
c. Expansão do mundo árabe-islâmico, em busca da difusão do sentimento religioso aliado ao e economicamente, os paí-
nacionalismo. ses europeus iniciaram uma
forte campanha nacionalis-
CAPÍTULO 4

O S
d. Formação de países europeus, como França, Espanha e Portugal. ta, o que levou ao acirramen-
e. Divisão da África entre países europeus e americanos, que estabeleceram importantes colônias to das rivalidades entre eles.

C LU
para o fornecimento de matéria-prima.

2. Complete a frase.
206

O C
O revanchismo francês teve origem na derrota da França na ocasião da Guerra Franco-Prussiana ,
fundamental para a unificação alemã.

N X
SI E
Módulos 13 e 14
O
3. A instituição proposta pelo presidente dos Estados Unidos ao final da Primeira Guerra Mun-
dial, que previa a união de países para a preservação da paz mundial, foi denominada
EN S

Liga das Nações .


E U

4. Associe as etapas da Primeira Guerra Mundial, apresentadas na coluna A, com os fatos estratégicos
D E

e diplomáticos referidos na coluna B. (Observação: pode haver repetição de números.)


A LD

Coluna A Coluna B
01. Primeira etapa (1914) Movimentação de grandes exércitos em equilíbrio
1
de forças
02. Segunda etapa (1915-1916)
EM IA

2 Guerra de trincheiras
03. Terceira etapa (1917-1918)
ST ER

3 Ingresso de forças americanas na Guerra

2 Ingresso da Itália na Tríplice Entente


SI AT

3 Retirada das forças russas da Guerra


M

5. A Primeira Guerra Mundial teve como principais consequências a 5. O conflito marcou o fim
a. divisão da China em nacionalista e comunista e a expansão da economia coreana no Oriente. da hegemonia europeia. As
antigas potências saíram
b. unificação da Itália e da Alemanha e a criação do Pacto de Varsóvia.
endividadas com os Estados
c. divisão do Ocidente em áreas de regimes totalitários e democráticos e o surgimento do bloco Unidos, e o mundo assistiu
terceiro-mundista na África. ao nascimento de novas
d. implantação de governos pró-soviéticos na América Latina e a perda da influência americana potências, como os Estados
na Ásia. Unidos, a URSS e o Japão.

e. decadência da hegemonia europeia sobre o mundo e a projeção da hegemonia dos Estados


Unidos.

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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU
Desfecho e
Antecedentes Conflito: 1914-1918
consequências

207
O C
N X
SI E
Imperialismo
O Guerra de
movimento
Tratado de
Versalhes
EN S
E U

Nacionalismo Guerra de Liga das


trincheiras Nações
D E
A LD

Disputas Fim da
territoriais Cotidiano nas
hegemonia
trincheiras
EM IA

europeia e
ascensão
de novas
ST ER

Política das potências


Alianças Momentos
decisivos
SI AT
M

Paz Armada Entrada dos EUA

Saída da Rússia

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CAPÍTULO

5 REVOLUÇÃO RUSSA

O
C IV
OBJETIVO DO GRUPO

O S
• Identificar as
HISTÓRIA

especificidades e

C LU
os desdobramentos
mundiais da Revolução
Russa e seu significado
208

O C
histórico.

N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 208 24/09/2019 20:02


Módulo 15

ANTECEDENTES E FATORES

A dinastia Romanov governava a Rússia


desde o século XVII, mantendo-a sob
o regime absolutista de seus czares,
apoiada pelo clero ortodoxo, pela nobreza, pro-
prietária de terras, e pelos militares.

O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

209
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT

ANDREY KOTURANOV/DREAMSTIME
M

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 209 24/09/2019 20:02


Compreender o processo revolucionário No início do século XVIII, na tentativa de modernizar a Rússia e equipará-
que ocorreu na Rússia, em 1917, é fun-
damental para que os alunos possam en- -la às potências ocidentais, Pedro, o Grande, efetuou algumas reformas,
tender a história dos séculos XX e XXI. O adotando certos costumes ocidentais. Desenvolveu a indústria e o comér-
evento aqui trabalhado teve importantes
desdobramentos, pois o sistema político
cio com base na mão de obra servil, estimulou a entrada de técnicos e in-
implantado tornou-se uma alternativa ao telectuais ocidentais e expandiu as fronteiras russas até os Mares Báltico e
capitalismo e foi adotado por vários países
no último século. É conhecendo as raízes
Cáspio e o Oceano Pacífico.
da revolução e os acontecimentos que dela Em meados do século XIX, o czar Alexandre II eliminou a servidão dos
derivaram que será possível, ainda neste
ano, entender a Guerra Fria, importante camponeses; no entanto, a situação miserável dessa população não foi al-

O
conflito ideológico que moldou a história terada. Nessa época, a maior parte da população vivia no campo.
da segunda metade do século XX e que

C IV
ainda tem reflexos no século XXI. Diante desse cenário, muitos camponeses se dirigiram para as cidades à
procura de emprego nas fábricas, mas acabaram compondo a massa de de-
CAPÍTULO 5

O S
sempregados nos centros urbanos, o que rebaixava ainda mais os salários,
YAROSLAFF/SHUTTERSTOCK

diante da grande disponibilidade de mão de obra.

C LU
Além disso, Alexandre II incentivou a entrada de investimentos externos,
que possibilitaram a implantação de um parque industrial. Entretanto, a
210

O C
sociedade russa apresentava vestígios feudais, em especial os privilégios
da nobreza de terra que compunha o alto clero, o alto comando militar e o

N X
alto escalão burocrático do Estado.
SI E Com a industrialização, surgiram no país a burguesia e o operariado, ele-
mentos modernos que contrastavam com a paisagem social russa, predo-
O
minantemente agrária.
EN S

Dessa forma, problemas e contradições começaram a aparecer. De um


E U

lado, a nascente burguesia necessitava de estruturas econômicas e políti-


cas mais condizentes com o capitalismo, para dar continuidade ao processo
D E

de industrialização; de outro, o operariado, explorado, exigia uma legisla-


ção que o protegesse contra os baixos salários, as péssimas condições de
A LD

vida e a jornada de trabalho excessiva, que, normalmente, era de 14 horas


por dia.
Moeda de prata (frente e verso) Leia, a seguir, o depoimento de um trabalhador russo, feito no início do
EM IA

comemorativa do 300º aniversário


da dinastia Romanov, de 1913 século XX.
ST ER
HERITAGE IMAGE PARTNERSHIP LTD / ALAMY STOCK PHOTO

No começo do século XX, um russo descrevia


SI AT

assim as condições de vida dos operários:


“Não nos é possível ser instruídos porque não
há escolas, e desde a infância devemos traba-
M

lhar além de nossas forças por um salário ínfi-


mo. Quando desde os 9 anos somos obrigados
a ir para a fábrica, o que nos espera? Nós nos
vendemos ao capitalista por um pedaço de
pão preto; guardas nos agridem a socos e ca-
cetadas para nos habituar à dureza do traba-
lho; nós nos alimentamos mal, nos sufocamos
com a poeira e o ar viciado, até dormimos no
chão, atormentados pelos vermes.”
VLADIMIROV, Ivan Alexeyevich. Duas mulheres e uma criança procurando em lixeira. Disponível em: <coc.pear.sn/pfJ000D>.
1919. Aquarela. A situação de muitas pessoas era de pobreza e más condições de vida Acesso em: 30 maio 2019.
na Rússia, no final do século XIX e início do século XX.

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Inspirados nas ideias socialistas de Karl Marx e Explicar aos alunos que o processo re-
volucionário foi permeado por contro-
Friedrich Engels, que criticaram o capitalismo e de- vérsias entre os grupos apresentados.
fenderam a construção do socialismo por meio de É importante que eles reconheçam e
consigam avaliar as influências e os
uma nova sociedade dirigida pela classe operária, vá- efeitos das ideias de Marx e Engels,
relacionando-os com conteúdos já es-
rios partidos políticos começaram a surgir, criticando tudados e seus respectivos contextos.
a sociedade russa e apresentando algumas variações

EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
para o modelo político vigente.
O Partido Socialista Revolucionário, por exemplo,

O
agrupava várias correntes políticas de oposição ao
regime czarista; o Partido Operário Socialista-Demo-

C IV
crático Russo era de tendência marxista; e o Partido
Constitucional Democrata – o Kadett – era compos-

O S

HISTÓRIA
to pela burguesia liberal, que defendia a monarquia

C LU
constitucional parlamentarista nos moldes da Euro-
pa Ocidental.

211
O C
Entre esses partidos, destacou-se o Partido Ope-
rário Socialista-Democrático Russo, que, após sua

N X
dissolução na Rússia e a expulsão de seus líderes,
SI E
reorganizou-se no exterior e continuou a criticar, do
exílio, o regime absolutista dos Romanov.
O
Em 1903, no II Congresso do Partido Social De-
EN S

mocrata Russo, esse partido subdividiu-se em duas


correntes, a seguir.
E U

• Mencheviques: liderados por Martov, sus-


D E

Vladimir Lenin, em fotografia de 1916


tentavam que a revolução socialista deveria

ARCHIVE PICS / ALAMY STOCK PHOTO


A LD

ser instalada após uma revolução democrá-


tico-burguesa, ou seja, aliando-se à burgue-
sia para aumentar sua representatividade
EM IA

no Parlamento, a fim de realizar a moderni-


zação do país por meio do liberalismo e só
ST ER

então implantar o socialismo.


• Bolcheviques: liderados por Lenin, argumen-
tavam a necessidade de implantar o socialis-
SI AT

mo por meio de uma revolução proletária,


utilizando-se da luta armada. Os bolchevi-
ques defendiam a tese de que a condição
M

indispensável para a vitória dessa revolução


era a aliança entre operários e camponeses,
pois a burguesia seria incapaz de assumir a
liderança do processo revolucionário.

A partir de 1905, surgiu uma terceira posição, defen-


dida por Lev Bronstein – mais conhecido como Leon
Trotski –, que acreditava na ditadura do proletariado e
na revolução permanente. A partir de 1917, Trotski tor- Leon Trotski, em fotografia de 1910

nou-se, com Lenin, a principal liderança bolchevique.

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Módulo 16

“ENSAIO GERAL”
Guerra Russo-Japonesa e Revolução de 1905
Em 1904, a Rússia entrou em guerra contra o Japão, disputando o domínio
sobre a Coreia e parte da Manchúria. O czar Nicolau II esperava, ao derrotar
o Japão, ampliar o vasto controle russo sobre o Oriente. No mapa a seguir, é
possível visualizar a área em conflito.

O
C IV
Áreas de conflito na Guerra Russo-Japonesa
ALL MAPS

130° L
CAPÍTULO 5

O S
Sacalina
RÚSSIA

C LU
MONGÓLIA las
212

Manchúria ri
Ku

O C
as
Ilh

N X
Manchúria do Sul
SI E
O Península
Liaodong 40° N

Port Arthur
COREIA
EN S

JAPÃO OCEANO
PACÍFICO
E U

CHINA
D E
A LD
yu
uk
Ry
as
Ilh
EM IA

Vitórias do Japão em
Taiwan áreas disputadas com
(Formosa) 0 380 km a Rússia (1904-1905)
ST ER

Antes mesmo do fim da guerra, já era visível o fra-


ITAR-TASS NEWS AGENCY / ALAMY STOCK PHOTO

SI AT

casso militar russo. Diante disso, as forças políticas de


oposição redobraram suas críticas ao governo do czar.
Nesse contexto, em 22 de janeiro de 1905, um domin-
M

go, uma multidão dirigiu-se ao Palácio de Inverno, na


cidade de São Petersburgo, entoando canções religiosas
e o hino de fidelidade ao governo – “Deus salve o czar”
–, a fim de pedir ao imperador melhores condições de
vida e de trabalho.
Embora fosse uma manifestação pacífica, quando
o czar Nicolau II e os soldados viram aquela multidão
dirigindo-se para o palácio, atiraram nos manifestan-
tes, reprimindo o ato popular. Esse fato ficou conhecido
Representação do Domingo Sangrento, em 1905
como Domingo Sangrento.

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EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

NOTA
Uma cidade de muitos
nomes
São Petersburgo já teve seu
nome alterado algumas vezes.
Em 1914, ela passou a se cha-
mar Petrogrado e, mais tarde,
em 1924, Leningrado. Desde
1991, a cidade voltou a ser

O
denominada São Petersbur-
go e é, atualmente, a segun-

C IV
da maior cidade da Rússia.
Além de ter sido palco e fazer

O S
parte da história da dinastia

HISTÓRIA
Romanov e da Revolução Rus-

C LU
sa, o antigo Palácio de Inverno
abriga um dos maiores mu-
seus do mundo, o Hermitage.

213
O C

ALENA SOBALEVA/DREAMSTIME
N X
SI E
O
EN S

Parte interna do Museu


E U

Hermitage, São Petersburgo,


Rússia

MARCORUBINO/DREAMSTIME
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A LD
EM IA

Czar Nicolau II (1868-1918) da Rússia (1894-1917), foto de 1917

Essa violenta repressão desencadeou uma série de revoltas, tanto civis


ST ER

Interior do Museu Hermitage,


quanto militares, que se manifestaram por todo o Império Russo. Uma das que possui várias dependências
e centenas de salas, em São
mais célebres foi a Revolta dos Marinheiros do Encouraçado Potemkin. Petersburgo, na Rússia.
Esse episódio produziu uma das consideradas obras-primas do cinema
SI AT

russo, O Encouraçado Potemkin, do cineasta Sergei Eisenstein.


A violenta agitação interna apressou o czar a assinar um tratado de paz EXPLORE MAIS
M

com o Japão, em setembro de 1905, reconhecendo a derrota russa. Para saber mais sobre a
história de Nicolau II, aces-
Numa tentativa de acalmar os ânimos internos, Nicolau II promulgou o se: <coc.pear.sn/Dt6QiB7>.
Manifesto de Outubro, no qual se comprometia a instaurar uma assembleia
– Duma – e uma constituição, estabelecendo a monarquia constitucional
parlamentarista. Contudo, as promessas não saíram do papel: o czar con-
tinuou a governar com poderes absolutos e a reprimir violentamente as
revoltas populares.
Explicar aos alunos o que foi o Domingo
Os socialistas passaram a estimular a formação de sovietes – conselhos Sangrento e de que modo ele contribuiu
para a formação dos chamados sovietes.
constituídos por operários, soldados e camponeses – em várias cidades do Se possível, projetar um trecho do filme
país, organizando lutas contra o governo. O Encouraçado Potemkim, para que eles
possam assistir à interpretação desse episódio da revolução, produzido pelo ci-
neasta Sergei Eisenstein, em 1925, além de ampliar o repertório relacionado a
esse assunto.

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Módulo 17
NOTA
Os calendários e a revolução
REVOLUÇÕES DE 1917
No início do século XX, os Com a insatisfação geral da sociedade russa e o surgimento de organiza-
russos ainda utilizavam o ções políticas, o processo revolucionário tomou forma e teve momentos em
“calendário juliano” (estabe-
lecido por Júlio César em 45
que os mencheviques estiveram no poder, sendo seguidos pelos bolchevi-
a.C.), enquanto o mundo oci- ques. Vamos saber como isso aconteceu?
dental adotara o “calendário
Mencheviques no poder (fevereiro-março/1917)

O
gregoriano” (instituído pelo
papa Gregório XIII, em 1502).
A diferença entre esses calen- O clima de instabilidade política e social prolongou-se até a Primeira

C IV
dários era de 13 dias. Assim, Guerra Mundial, quando, finalmente, teve seu desfecho. Participando do
a Revolução Russa, iniciada
conflito mundial (1914-1918), ao lado da Entente, os russos viram a ocu-
CAPÍTULO 5

O S
em 23 de fevereiro (de acor-
do com o calendário juliano), pação de boa parte de seu território pelos alemães e o aniquilamento de

C LU
seria a Revolução de 8 março seu exército.
(segundo o calendário grego-
riano ou ocidental). Com isso, A situação econômica se tornou cada vez mais precária: falta de alimen-
214

a outra etapa da Revolução,

O C
tos, meios de transporte em colapso, a fome e a inflação castigavam o povo
que teve início no final de ou-
e, na linha de frente, na guerra, os soldados passavam fome e frio.

N X
tubro, segundo o calendário
adotado pelos russos à época, As manifestações populares só aumentavam e as repressões se tornavam
SI E
ocorreu no início de novembro,
de acordo com o calendário cada vez mais violentas. Soldados, que também passavam por necessida-
ocidental. A Rússia adotou o des, aos poucos aderiam às causas populares e recusavam-se a reprimir as
O
calendário gregoriano apenas
manifestações.
em 1918, quando já se encon-
EN S

trava sob a égide do regime Nas fábricas, operários faziam greves e, no front (linha de frente de com-
comunista.
bate), soldados desesperados desertavam.
E U

Em março de 1917 (fevereiro pelo calendário russo), o Palácio do Governo


D E

foi tomado por um golpe de estado liderado pe-


los mencheviques, obrigando o czar a renunciar
FIFG/SHUTTERSTOCK

A LD

ao trono. Formou-se um governo provisório sob


o comando de Kerenski, líder menchevique, que
contou com o apoio da burguesia russa.
EM IA

Esse governo enfrentou sérias oposições, pois


não resolveu dois problemas que atingiam o povo:
ST ER

a guerra e a necessidade de reforma agrária. Ele


manteve o país em guerra – o que interessava à
SI AT

burguesia – e não distribuiu terras aos campone-


ses. Em relação a este último fato, o que mais des-
contentava a população é que essa não distribui-
M

ção se dava pelo fato de que a maioria das terras


do território russo eram de propriedade do czar
e dos grupos ligados a ele: sua família, o clero e a
nobreza.
Enquanto isso, os sovietes continuavam a exercer
grande influência política nas várias cidades, che-
gando, em alguns casos, a desrespeitar as decisões
do governo provisório para impor suas diretrizes.
Busto de Alexander Kerenski, feito por Zurab Tsereteli, no Beco dos
Governantes, em Moscou.

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O
C IV
O S

HISTÓRIA
Aquarela de Ivan Alexeyevich Vladimirov representando soldados
queimando pinturas do Palácio de Inverno, em Petrogrado, durante a

C LU
Revolução Russa, em 1917. Greve no primeiro dia da Revolução de Fevereiro, em Petrogrado, 1917

Revolução Bolchevique (outubro-novembro/1917)

215
Sobre a queda do governo imperial

O C
russo, Eric Hobsbawm explica: “Na ver-
dade, o governo do czar desmoronou
Beneficiado pela anistia concedida pelo governo provisório e com a ajuda

N X
quando uma manifestação de ope-
da Alemanha – que planejava se livrar do front oriental da Primeira Guer- rárias (no habitual ‘Dia da Mulher’ do
SI E
O ra Mundial –, Lenin retornou à Rússia depois de vários anos de exílio, por
fazer oposição ao czarismo.
movimento socialista – 8 de março) se
combinou com um lock out industrial
na notoriamente militante metalúrgica
Putilov e produziu uma greve geral e a
O líder dos bolcheviques publicou as "Teses de abril" em As tarefas do pro- invasão do centro da capital, do outro
lado do rio gelado, basicamente para
letariado na presente Revolução, defendendo a paz imediata com a Alema-
EN S

exigir pão. A fragilidade do regime se


nha e a confraternização com os soldados germânicos. Também entendia revelou quando as tropas do czar, mes-
E U

mo os leais cossacos de sempre, hesi-


que deveria ocorrer a concessão de todo o poder aos sovietes e a expro- taram e depois se recusaram a atacar
priação de terras e fábricas. Frases como “Todo o poder aos sovietes” e “Paz, a multidão e passaram a confraternizar
D E

com ela. Quando, após quatro dias de


terra e pão” tornaram-se comuns. caos, elas se amotinaram, o czar abdi-
A LD

cou, sendo substituído por um ‘governo


Em 7 de novembro de 1917 (outubro pelo antigo calendário), os bolchevi- liberal’ provisório, não sem certa sim-
ques destituíram o governo provisório e assumiram o poder, tendo à frente patia e ajuda dos aliados ocidentais da
Rússia, que temiam que o desesperado
Lenin, que governou entre os anos de 1917 e 1924. regime do czar saísse da guerra e as-
EM IA

sinasse uma paz em separado com a


Tão logo assumiram o poder, os bolcheviques institucionalizaram os so- Alemanha”. (HOBSBAWM, Eric. Era dos
vietes como órgãos do governo e tomaram medidas, como reforma agrária, extremos: o breve século XX. 1914-1991.
ST ER

2. ed. São Paulo: Companhia das Letras,


nacionalização dos bancos e indústrias, prisão e, mais tarde, execução da fa- 2003. p. 67.)
mília imperial (1918) e o tratado de paz com a Alemanha em Brest-Litovsk.
SI AT
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
M

Oficiais do exército russo jurando fidelidade à Revolução de Outubro, em 1917, Lenin conversando com os trabalhadores da metalúrgica Putilov, em
em Petrogrado. Muitos deles haviam, antes, apoiado o governo provisório. fevereiro de 1917. A greve desses trabalhadores colaborou para o
desenrolar do processo revolucionário russo.

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Módulo 18

DESDOBRAMENTOS
Guerra Civil (1918-1921)
Durante o governo de Lenin, os liberais e os partidários do czar não
aprovaram as reformas promovidas pelos bolcheviques e fizeram uso
de armas, apoiados por países capitalistas – Inglaterra, França e Japão,
entre outros –, receosos de uma possível expansão da revolução socia-

O
lista pelo mundo.

C IV
Teve início, assim, uma guerra civil entre os bolcheviques – conhecidos
como os “vermelhos”, por causa da Guarda Vermelha – e a oposição, conhe-
CAPÍTULO 5

O S
cida como os russos “brancos”.

C LU
Lutando contra os exércitos estrangeiros, os bolcheviques se apoiavam
no Exército Vermelho, organizado e conduzido por Trotski, que chegou a
216

contar com mais de três milhões de soldados.

O C
Durante esse período, Lenin implantou o comunismo de guerra, no qual

N X
o governo controlou a economia do país com a centralização da produção e
SI E
O a eliminação da economia de mercado.
Terminada a guerra civil, em 1921 – pouco mais de dois anos após o fim
da Primeira Guerra Mundial –, a Rússia estava arrasada pelos longos e in-
tensos combates dentro e fora do país; a agricultura, o comércio e a in-
EN S

dústria foram seriamente afetados; o desemprego, a fome e a insatisfação


E U

eram generalizados por todo o território.


D E

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A LD
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ST ER
SI AT

PARA IR ALÉM
M

Cordão sanitário
Com o fim da Primeira Guer-
ra, no campo externo, as na-
ções europeias capitalistas
criaram vários países ao lon-
go da fronteira russa para
barrar a expansão socialista.
Esses países, denominados
“países-tampão”, ficaram
conhecidos como “cordão
sanitário” e isolaram a Rús-
sia no continente. Russos acampados durante um intenso período de fome, ocasionado pelos efeitos da Primeira
Guerra Mundial, pela guerra civil e pelas secas, que causaram o fracasso das colheitas.

Muitos foram os desdobramentos e as consequências da Revolução Russa, em nível local, regional e mundial. A criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéti-
cas e a ascensão de Stalin também definiram questões políticas e econômicas ao longo do século XX. O totalitarismo pelo qual o governo de Stalin se caracterizou
ainda será objeto de estudo. Neste módulo, porém, pretende-se uma introdução para que, posteriormente, os alunos possam relacionar o que será estudado com
o processo revolucionário russo.

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Nova Ordem
Para governar esse país isolado, mer-

KEYSTONE PRESS / ALAMY STOCK PHOTO


gulhado em uma profunda crise, Lenin
implantou uma política de reconstrução
econômica conhecida por Nova Política
Econômica (NEP).
Combinando princípios socialistas com

O
elementos capitalistas, Lenin adotou um
planejamento estatal e permitiu a liber-

C IV
dade de comércio e de salários, estimu-
lou a manufatura privada e reservou ao

O S

HISTÓRIA
Estado o controle sobre as indústrias de

C LU
base, do setor elétrico e da saúde, sobre
a educação, o comércio exterior e o siste-

217
ma bancário.

O C
Lenin adotou também a política de er-

N X
radicação do analfabetismo no país. Seu
SI E
projeto era fortalecer a economia para,
depois, expandir a socialização, em que
O
coexistiriam o capitalismo privado e o
capitalismo de Estado, como transição
EN S

para o socialismo.
E U

Em 1922, a Rússia e os territórios fede-


rados, como Sibéria, Cáucaso e Ucrânia,
D E

transformaram-se na União das Repú-


blicas Socialistas Soviéticas (URSS).
A LD

Josef Stalin

Em maio, Lenin sofreu uma hemorra-


gia cerebral. Em novembro, ditou seu testamento, no qual advertia a so-
EM IA

ciedade do perigo representado pelo autoritarismo de Stalin, o secretário-


-geral do Partido Comunista.
ST ER

Em 1923, a Constituição da União Soviética foi promulgada e legiti-


mou a supremacia do Partido Comunista (PC) e o Soviete Supremo como
órgão máximo.
SI AT

Com a morte de Lenin, em 21 de janeiro de 1924, o poder passou a ser


disputado por Trotski, comandante do Exército Vermelho, e Stalin, co-
M

nhecido como “homem de aço”, que acumulou grande poder no cargo de


secretário-geral.
A disputa envolvia pontos de vista opostos quanto aos rumos da revolu-
ção socialista: Stalin defendia a consolidação interna do socialismo, que se-
ria expandida depois, e Trotski defendia a tese da revolução permanente,
isto é, dar continuidade imediata ao processo revolucionário pela Europa,
que contava com a simpatia dos operários franceses e ingleses.
Trotski foi derrotado e partiu para o exílio, fugindo de um país para outro
até fixar-se no México. Durante o governo stalinista, seu nome e sua figura
foram apagados dos livros de História na URSS.

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No México, Trotski hospedou-se, por um tempo, na residência de Diego Ri-
vera e Frida Khalo, artistas que colocaram o México em destaque no ce-
nário da pintura do século XX e que eram simpatizantes do movimento
revolucionário russo.
Trotski foi assassinado nesse país, em agosto de 1940, provavelmente a
mando de Stalin.

Governo de Stalin (1924-1953)

O
Para se consolidar no poder, Stalin eliminou toda a oposição ou quem lhe pu-

C IV
desse ameaçar, perseguindo até mesmo os antigos companheiros de Lenin.
Ele instaurou, em abril de 1933, os Processos de Moscou, que propagaram
CAPÍTULO 5

O S
o terror na URSS, eliminando adversários políticos, desde intelectuais até

C LU
jornalistas. Substituiu a NEP (Nova Política Econômica) pelos Planos Quin-
quenais, que estabeleciam as metas da economia russa em médio prazo,
218

com o objetivo de impulsionar a industrialização e de base. Essa planifica-

O C
ção resultou em números positivos e proporcionou que mais planos fossem

N X
desenvolvidos, desta vez para impulsionar a indústria nacional. No campo,
SI E a coletivização foi adotada de forma parcial, levando a URSS a se tornar
uma potência. No aspecto político, Stalin controlava firmemente o Partido
Comunista, sendo que setores políticos e de intelectuais só tinham espaço
O
se concordassem com as ideologias stalinistas.
EN S
E U

Apagados da história: a fotomanipulação da era Stalin


D E

Fotografia oficial soviética tentou reescrever o passado, literalmente desaparecen-


do com antigos aliados caídos em desgraça
A LD

Memória apagada
Em 1924, após a morte de Lenin, principal líder da Revolução Bolchevique de
1917, Leon Trotski e Josef Stalin passaram a dividir a influência sobre o Partido
EM IA

Comunista que, na prática, governava a União Soviética. Depois de intensa dis-


puta interna, em 1925, Stalin assumiu o poder e tratou de eliminar a memória do
ST ER

rival. Numa das imagens mais famosas da Revolução, Lenin discursa em frente
ao Teatro Bolshoi, em 1920, durante a Guerra Civil Russa. Repare que Trotski, que
aparece acima nos degraus do palanque, desapareceu.
SI AT

O fantasma da Revolução
Defensor da “internacionalização” da Revolução Comunista, Trotski (batendo
continência na foto) era uma pedra na bota de Stalin, que pretendia consolidar o
M

poder “apenas” no Estado soviético. Expulso da União Soviética em 1925, Trotski


acabou assassinado em 1940, no México, e foi, pouco a pouco, apagado de docu-
mentos e fotografias.
Falsa intimidade
Aparecer ao lado de Lenin era uma forma de posar como seu legítimo sucessor
Analisar as imagens da página se-
guinte com os alunos, explicando- e de herdar a popularidade do líder. Stalin mandou produzir estátuas, pinturas e
-lhes a técnica de fotomanipulação à fotos falsas, forjando uma proximidade entre os dois que nunca existiu.
qual a reportagem se refere. É impor-
tante que eles entendam que a mani-
[...]
pulação das imagens constituiu uma Aventuras na História. Disponível em: <coc.pear.sn/qi6Ec0m>.
ferramenta de manobra ideológica e Acesso em: 23 abr. 2019.
política do povo para a promoção de
Stalin, então líder soviético.

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IANDAGNALL COMPUTING / ALAMY STOCK PHOTO
O
C IV
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HISTÓRIA
C LU

219
O C
N X
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O
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Lenin discursa para as tropas russas durante a Guerra Civil. Na escada, em primeiro plano, podemos ver Trotski.

WORLD HISTORY ARCHIVE / ALAMY STOCK PHOTO


D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Ao contrário da imagem original, nesta, produzida à época do governo de Stalin,


Trotski não aparece na escada, pois foi propositalmente “apagado”.

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CAPÍTULO 5
REVOLUÇÃO RUSSA
Módulo 15 | Antecedentes e fatores

Exercícios de aplicação
1. Leia o texto.

A Rússia era, até então, economicamente desprezível, embora observadores de


larga visão já previssem que seus vastos recursos, sua população e seu tamanho

O
iriam, mais cedo ou mais tarde, projetá-la mundialmente. As minas e as manufa-

C IV
turas criadas pelos czares do século XVIII, tendo senhores ou mercadores feudais
como empregadores e servos como operários, estavam declinando lentamente.
CAPÍTULO 5

As novas indústrias – fábricas têxteis domésticas de pequeno porte – somente

O S
começaram a apresentar uma expansão realmente digna de nota a partir de 1860.

C LU
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1994. p. 199.
220

O C
Organizem-se em grupos e conversem sobre as ideias que o autor coloca em seu texto a respeito da
industrialização russa. Em seguida, redijam um comentário, expondo suas conclusões.

N X
Resposta pessoal.
SI E Auxiliar os alunos na análise do texto de Eric Hobsbawm, levando-os a refletir sobre a Rússia pré-revolução. É importante

que eles percebam o “atraso” econômico, político e social existente na Rússia pré-revolucionária, sobretudo quando com-
O
parada com países como Inglaterra, França e Alemanha, em fins do século XIX e início do século XX. Embora o potencial do
EN S

país fosse muito grande, ele era explorado de maneira ineficiente pelo czarismo.
E U
D E
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EM IA
ST ER
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M

2. Em 1903, no II Congresso 2. Unicentro-PR


do Partido Social Demo-
crata Russo, esse partido No alvorecer do século XX, a Rússia era a nação mais atrasada da Europa, com sua oligarquia agrária
subdividiu-se em duas de características ainda feudais, suportada por um regime absolutista e sangrento representado
correntes: mencheviques, pelo czar Nicolau II.
liderados por Martov, sus-
tentavam que a revolução Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, pelo menos duas forças que se opunham ao
socialista deveria ser ins- regime czarista às vésperas da Revolução Russa de 1917.
talada após uma revolução
democrático-burguesa, para
a. Partido Nacionalista e makhnovistas
realizar a modernização do b. Partido Nacionalista e Partido Republicano
país por meio do liberalis-
mo e, só então, implantar o c. Makhnovistas e bolcheviques
socialismo; e bolcheviques, d. Mencheviques e Partido Nacionalista
liderados por Lenin, que ar-
gumentavam a necessidade e. Mencheviques e bolcheviques
de implantar o socialismo
por meio de uma revolução
proletária, utilizando-se da
luta armada.

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Exercícios propostos
3. A Revolução Russa decor-
3. PUCCamp-SP reu de uma série de fatores,
como os mencionados no
texto, da desigualdade de
[...] derrotas na guerra, deserções, motins militares contra os superiores, greves condições e benefícios entre
o povo e grupos pertencen-
nas fábricas, falta de gêneros alimentícios e combustíveis nas principais cidades, tes à família imperial, aos
queda na produção, aviltamento dos salários, incapacidade governamental, de- nobres e ao clero ortodoxo.
semprego e crescente miséria das massas.

O
C IV
O quadro descrito no texto conduziu à
a. crescente insatisfação da burguesia russa em relação ao governo do czar.

O S
b. entrada da Rússia na Grande Guerra.

HISTÓRIA
c. rebelião boxer na China, em 1900.

C LU
d. Segunda Guerra Mundial, em 1939.
e. Revolução Russa, em 1917.

221
O C
4. Qual era a posição defendida por Leon Trotski na Revolução Russa?

N X
Leon Trotski defendia a ditadura do proletariado e a revolução permanente.

SI E
O
Módulo 16 | "Ensaio geral"
EN S

Exercícios de aplicação
E U

1.
D E

a. O que foi o Domingo Sangrento?


Em 22 de janeiro de 1905, uma multidão dirigiu-se ao Palácio de Inverno entoando canções religiosas e o hino de
A LD

fidelidade ao governo, a fim de pedir ao imperador melhores condições de vida e de trabalho. Embora fosse uma

manifestação pacífica, o czar Nicolau II mandou seus soldados atirarem contra a multidão, fato que ficou conhecido
EM IA

como Domingo Sangrento.


ST ER
SI AT
M

b. Quais foram as consequências desse episódio?


Essa violenta repressão foi o estopim de uma série de revoltas, tanto civis quanto militares, que se manifestaram por

todo o Império Russo.

CO EF 09 INFI 02 1B LV 02 MI DMUL DHIST_G2.indd 221 24/09/2019 20:03


CAPÍTULO 5
2. Os socialistas passaram a 2. No período pré-revolucionário, operários, soldados e camponeses, inspirados em ideias socialistas,
estimular a formação de so- organizaram-se em conselhos que foram fundamentais para a luta contra o regime imposto. Tais
vietes – conselhos constituí-
dos por operários, soldados
conselhos eram
e camponeses – em várias ci- a. os sovietes.
dades do país, organizando
lutas contra o governo. b. os soviéticos.
c. as dumas.
d. os potemkins.
e. os encouraçados.

O
Exercícios propostos

C IV
3. Qual foi a consequência da Guerra Russo-Japonesa para os russos em 1904?
CAPÍTULO 5

O S
O fracasso militar russo na Guerra Russo-Japonesa enfraqueceu o czar, pois potencializou as críticas das forças políticas

C LU
de oposição ao governo czarista.
222

O C
N X
SI E
4. A repressão do Domingo
O
4. O filme O Encouraçado Potemkin retratou um episódio importante da história da Rússia. Ele narrava
Sangrento foi o estopim de
uma série de revoltas, tanto
a. uma passeata pacífica, na qual os manifestantes, enquanto caminhavam, entoavam canções re-
ligiosas e o hino de fidelidade ao governo.
EN S

civis quanto militares, que


se manifestaram por todo b. um ato do czar para homenagear os marinheiros do encouraçado Potemkin.
o Império Russo. Uma das
E U

mais célebres foi a Revolta c. uma revolta de marinheiros após a violenta repressão do czar contra manifestantes no episódio
dos Marinheiros do Encou- conhecido como Domingo Sangrento.
raçado Potemkin.
D E

d. a derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa, em 1904, que culminou na perda de territórios


russos para os japoneses.
A LD

e. a mudança de nome da cidade de São Petesburgo, que passou a ser denominada Petrogrado.

Módulo 17 | Revolução de 1917


EM IA

Exercícios de aplicação
ST ER

1. Qual é a relação estabelecida entre a Primeira Guerra Mundial e o ápice do processo revolucionário
em 1917?
SI AT

Participando do conflito mundial (1914-1918), ao lado da Entente, os russos viram a ocupação de boa parte de seu território

pelos alemães e o aniquilamento de seu exército. A situação econômica e social se tornou cada vez mais precária (falta
M

de alimentos, meios de transporte em colapso, fome e inflação que castigavam o povo e, na linha de frente, na guerra, o

sofrimento dos soldados passando fome e frio), o que aumentou as manifestações populares, assim como as repressões.

Esse cenário culminou na tomada do poder pelos mencheviques, em março de 1917 (fevereiro, pelo calendário russo).

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2. UFPR 2. Lenin publicou as “Teses
de Abril”, defendendo a paz
O lema dos bolcheviques, a partir de abril de 1917, era “Paz, pão e terra”, conhecido também como imediata com a Alemanha
Teses de Abril. Assinale a alternativa que identifica e justifica corretamente qual, dentre as palavras e a confraternização com
do lema, tem correspondência direta com os acontecimentos da Primeira Guerra Mundial. os soldados germânicos,
correspondendo a palavra
a. A palavra é “Paz”, pois reivindicava que a Rússia conduzisse o Tratado de Versalhes e retirasse “paz” do lema mencionado
vantagens dos países perdedores. à saída da Rússia do conflito
b. A palavra é “terra”, pois reivindicava que a Rússia fizesse reforma agrária nas terras conquistadas mundial.
durante o conflito.
c. A palavra é “terra”, pois reivindicava que a Rússia anexasse territórios para a constituição da

O
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
d. A palavra é “Paz”, pois reivindicava que a Rússia se retirasse imediatamente da guerra, para livrar

C IV
sua população do sofrimento e iniciar uma nova ordem socialista.
e. A palavra é “pão”, pois reivindicava que a Rússia se retirasse da guerra para cessar o desabasteci-

O S
mento que ocorreu no país após a invasão alemã.

HISTÓRIA
C LU
Exercícios propostos

223
O C
3. Unicentro-PR
3. Em março de 1917 (feve-

N X
Após a tomada do poder, os bolcheviques enfrentaram diversos problemas, principalmente o pró- reiro pelo calendário rus-
prio atraso político, econômico e social do país, já que, até 1917, ainda existia uma monarquia abso- so), o Palácio do Governo
SI E
lutista na Rússia. Assinale a alternativa correta sobre tal contexto histórico.
a. O Partido Bolchevique era liderado por Vladimir Lenin, representante da burguesia.
O foi tomado por um golpe
de Estado liderado pelos
mencheviques, obrigando
b. O czar Nicolau II, último imperador da Rússia, apoiou o movimento operário. o czar a renunciar ao trono.
Formou-se um governo pro-
c. O final do processo revolucionário deu origem à União Soviética, que durou até 1944. visório sob o comando de
EN S

d. A Revolução de Fevereiro derrubou o czar Nicolau II e instalou um governo provisório. Kerenski, líder menchevique,
e. A Revolução de Outubro derrubou Vladimir Lenin e impôs um governo socialista. que contou com o apoio da
E U

burguesia russa.
4. Descreva as oposições que o governo provisório enfrentou e os motivos que o levaram a isso.
D E

O governo provisório enfrentou oposições, pois não resolveu dois problemas que atingiam o povo. Ele manteve o país em
A LD

guerra – o que interessava à burguesia – e não distribuiu terras aos camponeses. Enquanto isso, os sovietes continuavam

a exercer grande influência política nas várias cidades, chegando, em alguns casos, a desrespeitar as decisões do governo

provisório para impor suas diretrizes.


EM IA
ST ER
SI AT
M

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Módulo 18 | Desdobramentos

Exercícios de aplicação
1. Durante o governo de Lenin, ocorreu uma guerra civil. Quais foram os motivos que levaram a ela e
quais grupos se enfrentaram?
Os liberais e os partidários do czar não aprovaram as reformas promovidas pelos bolcheviques e fizeram uso de armas,

apoiados por países capitalistas receosos de uma possível expansão da revolução socialista pelo mundo. Iniciou-se, assim,

O
uma guerra civil entre os bolcheviques – conhecidos como “vermelhos”, em razão da Guarda Vermelha – e a oposição,

conhecida como “russos brancos”.

C IV
CAPÍTULO 5

O S
C LU
224

O C
N X
2. A Nova Política Econômica 2. Em seu governo, Lenin adotou um planejamento estatal e permitiu a liberdade de comércio e
SI E
(NEP) foi adotada por Lenin,
com o intuito de proceder
a uma reconstrução econô-
O
de salários, além estimular a manufatura privada e reservar ao Estado o controle sobre as in-
dústrias de base, do setor elétrico e da saúde, sobre a educação, o comércio exterior e o sistema
mica. bancário.
Esse planejamento é denominado
EN S

a. Nova Ordem Mundial.


E U

b. fotomanipulação.
c. política das alianças.
D E

d. governo dos sovietes.


e. Nova Política Econômica.
A LD

Exercícios propostos
EM IA

3. Lenin implantou o comu- 3. O comunismo de guerra adotado por Lenin caracterizava-se pelo(a)
nismo de guerra, no qual o
a. liberalismo econômico e continuidade da Rússia na Primeira Guerra.
ST ER

governo controlou a eco-


nomia do país com a cen- b. liberalismo político aliado à centralização da produção alimentícia.
tralização da produção e a
eliminação da economia de c. intervenção na economia, centralizando a produção e eliminando a economia de mercado.
mercado. d. não intervenção do Estado na economia para que a produção permanecesse centralizada no
SI AT

empresariado.
e. centralização da produção nas mãos do Estado, porém com incentivo à economia de mercado.
M

4. Após a morte de Lenin, Stalin e Trotski disputaram o poder. Caracterize essa disputa, mencionando
o contexto ideológico de cada um deles.
A disputa envolvia pontos de vista opostos quanto aos rumos da revolução socialista: Stalin defendia a consolidação interna

do socialismo, que seria expandido depois, e Trotski defendia a tese da revolução permanente, isto é, dar continuidade

imediata ao processo revolucionário pela Europa, o que contava com a simpatia dos operários franceses e ingleses.

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Módulo 15
1. As condições de vida e de trabalho na Rússia, no final do século XIX e no início do século XX, aliadas às
desigualdades na distribuição de terras e privilégios de grupos da sociedade, como a nobreza e o clero,
foram fatores que resultaram em um processo revolucionário.
Essa afirmação está

O
X correta. incorreta.

C IV
2. Ligue o grupo às ideias que ele defendia.

O S

HISTÓRIA
Mencheviques Bolcheviques

C LU

225
O C
Defendiam que a revolução Defendiam a implantação do
Liderados por socialista deveria ser Liderados por socialismo por meio da luta

N X
Lenin instalada após uma revolução Martov armada e de uma revolução
SI E
O democrático-burguesa. proletária.

Módulo 16
EN S

3. Complete a frase.
E U

A Guerra Russo-Japonesa enfraqueceu o poder do czar, uma vez que a


Rússia saiu derrotada do conflito contra o Japão. A insatisfação popular, aliada ao enfraque-
D E

cimento decorrente do conflito, levou a uma manifestação popular na qual, ao se dirigir ao Pa-
A LD

lácio de Inverno, uma multidão foi fuzilada a mando do czar. Esse fato ficou conhecido como
Domingo Sangrento .
EM IA

Módulo 17
4. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) nas afirmativas a seguir.
ST ER

V O golpe de Estado foi dado pelos mencheviques, que assumiram um governo provisório.

F Bolcheviques e mencheviques concordavam em quase tudo durante o processo da Revolução.


SI AT

V Uma das principais questões que envolviam os debates na Rússia era sua saída da Primeira
Guerra Mundial.
M

V
“Paz, terra e pão” foi uma frase célebre que envolvia as demandas populares, respectivamente, a
saída da guerra, a expropriação de terras e o fim da fome na Rússia.

Módulo 18
5. A Nova Política Econômica
X estimulou a manufatura privada.
permitiu a junção do sistema capitalista ao socialismo implantado na nascente União das Repú-
blicas Socialistas Soviéticas.
X permitiu a liberdade de comércio e de salários.

foi determinante para a saída da Rússia da Primeira Guerra.

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REVOLUÇÃO RUSSA

O
C IV
CAPÍTULO 5

O S
C LU
Processo Guerra
Antecedentes Desdobramentos
revolucionário Russo-Japonesa
226

O C
N X
Criação da
SI E
Más condições
O
Domingo Governo
União das
Repúblicas
de vida Sangrento provisório Socialistas
Soviéticas
EN S

(URSS)
E U
D E

Revoltas Mencheviques
A LD

Desigualdade no poder Nova Política


social Econômica

Tratado de Paz
EM IA

com o czar Revolução


ST ER

de Outubro:
Surgimento
bolcheviques
de dois grupos
no poder
no Partido Morte de
SI AT

Operário Lenin
Socialista-
-Democrático
M

Guerra Civil
Mencheviques
(Martov) Disputa de
poder: Trotski ×
Stalin

Bolcheviques
(Lenin)

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DAVORLOVINCIC/ISTOCK
GRUPO

OPOSIÇÃO
3

O
C IV
O S
C LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD

“A consciência não consente em se identificar com o corpo, que


EM IA

é para ela um companheiro cego e indócil, nem com o espírito,


diante do qual é ora aquiescente, ora rebelde. O eu consiste preci-
samente nesse movimento de vaivém que alternadamente torna
ST ER

minha convivência mais estreita ora com um, ora com outro.
A consciência nos incita a agir para sair da imobilidade, mas tam-
bém a só agir por uma finalidade capaz de nos satisfazer plena-
SI AT

mente. A liberdade se exerce no intervalo entre essas duas aspi-


rações, uma que nos impele, outra que nos retém, e oscila entre
todas as aparências que a seduzem.
Assim, na consciência existe, a um só tempo, perfeição – visto que
M

ela acresce o que somos, nos permite brilhar no mundo para além
dos limites do corpo e nos dá uma espécie de posse espiritual do
Universo – e imperfeição – visto que, ao mesmo tempo, ela é feita
de idgnorância, de erro e de desejo. A consciência é uma transição
entre a vida do corpo e a vida do espírito. É um perigo, visto que
pode ser ultrapassado por ela. É uma interrogação perpétua, uma
hesitação que não para de nos dar insegurança em nossa vida
cotidiana; e, no entanto, é uma luz que nos guia para a segurança
de uma vida sobrenatural.”

Louis Lavelle

Macaco-da-neve bebendo água. O teste do autorreconhecimento no espelho


(MSR) é usado como evidência de autoconhecimento nos animais, ou seja, é um
indicativo de que têm consciência de si mesmo. O macaco-da-neve não “passa”
nesse teste, ao contrário do chimpanzé, do golfinho, do elefante asiático e de
uma espécie de corvo (pega-rabuda).

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MA PA I N T E R D I S C I P L I N A R
Este mapa mostra ligação entre os conteúdos
das disciplinas, sendo ponto de partida para
um trabalho interdisciplinar.

O
LÍNGUA MATEMÁTICA

C IV
PORTUGUESA
Segmentos
Variação linguística, proporcionais,

O S
crase, regência nominal, semelhança de
complemento nominal, triângulos e

C LU
gênero palestra e teorema de Tales
produção de texto
CS HI LP CS HI
EDUCAÇÃO FÍSICA

O C
FÍSICA
Vetores e leis de Newton

N X
Condicionamento físico

SI E
HI
O
BI MA QI HI
EN S
E U

ARTE GRUPO QUÍMICA


3
D E

Arte moderna e Modelos atômicos e


contemporânea no Brasil distribuição eletrônica
A LD

Oposição
CS HI MA LP MA BI HI
EM IA
ST ER

CIÊNCIAS
SOCIAIS BIOLOGIA
SI AT

Racionalismo e Evolução biológica


empirismo
M

AR GEOGRAFIA HISTÓRIA
LP GE HI

Europa: economia,
Crise do capitalismo,
industrialização e
entreguerras e regimes
desenvolvimento
totalitários
tecnológico

HI CS LP LP AR GE

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL INICIAIS G030.indd 10 18/09/2019 19:20


HIS
O
C IV
O S
C LU
O C
N X

SI E
O
EN S

PÁG.
E U

192 CAPÍTULO 6
Crise do capitalismo
D E

RIA
A LD

202 CAPÍTULO 7
Período entreguerras e ascensão de
regimes totalitários
EM IA
ST ER
SI AT
M

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CAPÍTULO

6 CRISE DO
CAPITALISMO

O
C IV
OBJETIVOS DO GRUPO
Módulos 19 e 20

O S
HISTÓRIA

• Identificar e relacionar
as dinâmicas do

C LU
capitalismo e suas
crises, os grandes
GRANDE DEPRESSÃO

A
conflitos mundiais e os pós a Primeira Guerra Mundial, em 1919,
192

O C
vivenciados na Europa.
a Europa sofria com as consequências do
• Analisar a crise

N X
capitalista de 1929 e
conflito: além de destruída em grande
seus desdobramentos
SI E parte, também estava economicamente devasta-
em relação à economia da e endividada, em razão dos empréstimos que
global.
havia contraído com os Estados Unidos da Amé-
O
rica para sua reconstrução.
EN S
E U
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ST ER
SI AT
M
HERE/SHUTTERSTOCK

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Pedir aos alunos que observem a fo-
tografia de Margaret Bourke White e
apontem a contradição entre os dize-
res do cartaz e a fila de pessoas aguar-
dando alimento. Explicar a eles que,
em 1937, os Estados Unidos viviam a
Grande Depressão, que será estudada
neste capítulo.

SCIENCE HISTORY IMAGES / ALAMY STOCK PHOTO


O
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

193
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Fila de pessoas em busca de comida durante a Grande Depressão em frente a um outdoor com o slogan: “O mais alto padrão
mundial de vida”. Foto de Margaret Bourke White, em Louisville, no estado de Kentucky, em 1o de fevereiro de 1937.

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Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos da América viviam um
momento de prosperidade e usufruíam do chamado american way of life
(“padrão de vida americano”), um estilo de vida caracterizado pelo con-
sumismo, resultante do crescimento industrial e agrícola possibilitado
pela guerra.

Indústria estadunidense
PARA IR ALÉM
Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos saíram do conflito

O
O fordismo incorporou como uma grande potência. Além de se tornar credora dos países europeus,
técnicas de outro processo
a indústria norte-americana produzia a todo vapor e exportava produtos

C IV
de produção, denominado
taylorismo, desenvolvido para os países europeus, já que a guerra havia prejudicado sua produção
CAPÍTULO 6

por Frederick Winslow Taylor.

O S
industrial interna.
No taylorismo, objetivava-se
No início do século XX, Henry Ford implantou no país as linhas de

C LU
o aumento da produtividade
por meio da especialização montagem em indústrias automobilísticas. Uma de suas principais
do trabalho. Não era ne-
características era a otimização da produção. Para tanto, o produto
194

cessário que o trabalhador

O C
soubesse realizar todas as deslocava-se no interior da indústria, passando por cada etapa da pro-
etapas da produção, mas sim
dução, em que atuavam trabalhadores com uma função determinada,

N X
que desempenhasse deter-
minada função, orientada até ficar pronto. Esse processo ficou conhecido como fordismo. O es-
SI E
por um superior, que tinha o
conhecimento e controlava
tabelecimento das linhas de montagem aumentou significativamente
a produção.
O
todo o processo produtivo.
O sucesso da indústria automobilística e de outros bens de consumo
EN S

e o sentimento de prosperidade econômica, incentivado pelos meios de


NOTA comunicação – que divulgavam e incentivavam o consumo como forma
E U

de manter a prosperidade econômica do país –, levaram a um cresci-


Indústria automobilística
mento disparado do consumo na década de 1920. O american way of life
D E

A indústria automobilística é
difundiu-se amplamente nos Estados Unidos. Além dos automóveis,
A LD

um dos exemplos mais conhe-


cidos da chamada Segunda muitos eletrodomésticos passaram a ser consumidos em larga escala.
Revolução Industrial. Nela, o
desenvolvimento tecnológico

BETTMANN/GETTY IMAGES
possibilitou o uso de novas
EM IA

fontes de energia, como petró-


leo e aço, e a criação de novas
ST ER

tecnologias, como o motor a


combustão.
SI AT

EXPLORE MAIS
Filme Tempos modernos
M

Assista ao filme Tempos


modernos, de Charles Cha-
plin, produzido em 1936.
Trata-se da história de um
operário que trabalha em
uma linha de montagem.
Disponível em: <coc.pear.
sn/HTu4SUX>.

Homens trabalhando em uma das primeiras etapas do chassi de um automóvel


em linha de montagem das indústrias Ford, no início do século XX.

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Rumo à crise

MDOGAN/SHUTTERSTOCK
Embora a produção industrial fosse extremamente alta, os salários não
acompanhavam o ritmo da produção. Aos poucos, a Europa foi se recupe-
rando e passou a importar cada vez menos. Houve, assim, uma diminuição
do consumo de produtos dos Estados Unidos.
Além disso, houve o aumento da compra de ações na Bolsa de Valores de
Nova York. Ao comprar ações das empresas em vez de consumir, o público

O
reduziu o consumo, dando origem a uma superprodução.
Os primeiros a sentirem o efeito desse cenário foram os trabalhadores: o

C IV
desemprego e a pobreza aumentaram. A concentração de renda nos Esta-
dos Unidos também não ajudava. Na década de 1920, pouco mais de 10% da

O S

HISTÓRIA
população detinha quase 90% da renda nacional.

C LU
Os trabalhadores, liderados por sindicalistas e anarquistas, na maioria
imigrantes, realizavam manifestações e greves contra a crise e o desem-

195
Escultura de George Segal no
prego. O Estado reagiu prontamente ao lado do capital, reprimindo violen-

O C
Memorial Franklin D. Roosevelt
representando a “fila do pão”
tamente as manifestações e prendendo líderes sindicais. durante a Grande Depressão.

N X
À medida que o desemprego aumentava, tornava-se cada vez menor a ca-
SI E
pacidade de consumo; entretanto, ainda assim, as indústrias continuavam
produzindo.
O
Paralelamente, a agricultura, cada vez mais mecanizada, crescia em ritmo
EN S

acelerado, porém o aumento da produção agrícola resultava na diminuição Retomar com os alunos o conteúdo
do preço de venda dos produtos, os celeiros ficavam abarrotados e os fazen- da Primeira Guerra Mundial, estuda-
E U

do neste ano. Rever, também, as no-


deiros vendiam-nos a qualquer preço. Sem recursos para quitar as dívidas ções sobre o liberalismo econômico e
seus desdobramentos, para que eles
com as instituições financeiras, foram perdendo suas propriedades e come-
D E

entendam o processo que levou à Cri-


çaram a se mudar para as cidades, juntando-se ao contingente de desempre- se de 1929 e à depressão econômica
A LD

nos anos 1930 nos Estados Unidos e


gados urbanos. no mundo.
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

EM IA
ST ER
SI AT
M

Desempregados e sem-teto alimentando-se em alojamento municipal, em Nova York, Estados Unidos.

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Os presidentes, seguindo a cartilha do liberalismo econômico – laissez-faire,
laisez-passer (cuja tradução literal do francês é “deixai fazer, deixai passar”) –,
não intervinham na economia, acreditando que o próprio mercado se organi-
zaria para superar a crise que se apresentava.
Enquanto isso, os bancos e as grandes empresas continuavam a emitir e
a negociar ações na bolsa de valores, com valores irreais, provocando uma
onda de especulação financeira.

O
No dia 24 de outubro de 1929, um grande volume de ações não encontrou
compradores, pois, dias antes, já circulavam rumores sobre a queda. De

C IV
repente, ações que valiam até então dezenas de dólares não passavam de
papéis sem valor. Seguiram-se dias tensos. Pessoas viram sua fortuna eva-
CAPÍTULO 6

O S
porar da noite para o dia, como mágica. Bancos e empresas faliram; havia

C LU
mais de 15 milhões de desempregados nas ruas.
196

Repercussões mundiais da Crise de 1929

O C
N X
A quebra da Bolsa de Valores de Nova York mergulhou o mundo capita-
SI E lista em uma profunda depressão econômico-social. Para atenuar a situa-
ção extremamente crítica, os Estados Unidos retiraram os investimentos
O
aplicados no exterior e suspenderam as importações, expandindo a crise
econômica aos quatro cantos do mundo.
EN S
E U

A queda das cotações iniciada em 3 de outubro de 1929 arruinou, portanto, inú-


meros especuladores e colocou em dificuldades inúmeros bancos, pois o meca-
D E

nismo de call loans [quitação de empréstimos] só funciona sob uma condição: é


A LD

preciso que as cotações subam. De início, o bom andamento dos negócios per-
mite antecipar grandes dividendos [lucros] e, por isso, estimula as trocas de
ações, cujos preços sobem; depois, o mercado perde de vista os dividendos à
medida que a evolução das cotações permite a obtenção de ganhos através de
EM IA

compras e revendas. Foi esse o caso em 1929, quando as tentativas das autori-
dades monetárias de encarecer o crédito elevando a taxa de desconto – política
ST ER

tradicional em caso de estimulação do crédito ou dos negócios – não puderam


interromper o movimento.
Bernard Gazier. A crise de 1929. v.761. L&PM Pocket, 2009. p.11.
SI AT
M

Na Alemanha, por exemplo, essa grave recessão econômica provocou o


colapso da República de Weimar, instalada logo após a guerra. O descon-
tentamento, o desemprego e a violenta inflação seriam habilmente tra-
balhados por uma figura política que ascenderia ao poder culpando os
franceses, os socialistas e os judeus pela crise alemã: Adolf Hitler.
No Brasil, a crise foi responsável pelo fim da República Oligárquica por
meio da Revolução de 1930, em que a oligarquia cafeeira e a monocultu-
ra foram as culpadas pela situação vigente. Com a ascensão de Getúlio
Vargas ao poder, houve a compra e a queima de milhares de sacas de café
para tentar estabilizar o preço desse produto no mercado.

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New Deal Explicar aos alunos o programa New
Deal e seus desdobramentos. É impor-
tante que eles reconheçam que essa
Em 1932, foi eleito presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt, política, que inaugurou o welfare state,
rompeu com os preceitos liberais.
cuja plataforma de campanha consistia na recuperação da crise com a in-
tervenção do Estado na economia, contrariando os pressupostos do libe-
ralismo, que se baseava no jogo da livre oferta e da procura de mercado
e na competição da iniciativa privada capitalista. A ideia era elaborar um
planejamento econômico com base nas ideias de John Maynard Keynes,
para o qual o importante era que o governo tomasse medidas econômicas

O
para garantir emprego aos trabalhadores.

C IV
O plano de recuperação econômica foi batizado de New Deal, ou Novo
Acordo, visando então conciliar a iniciativa privada e as leis de mercado,

O S

HISTÓRIA
com a intervenção do Estado em alguns setores da economia. Entre as

C LU
principais medidas adotadas, estavam:
• investimentos em obras públicas para geração de empregos, como hi-

197
drelétricas, ferrovias e estradas;

O C
• salário-desemprego;

N X
• proibição do trabalho infantil;
SI E
• compra da produção agrícola pelo governo, com o intuito de manter os
preços estáveis;
O
• empréstimos aos agricultores para saldarem as dívidas com os bancos.
EN S

Lentamente, a economia estadunidense mostrou sinais de recuperação.


NOTA
E U

A política implantada deu origem ao chamado welfare state (Estado de


Bem-Estar Social).
Franklin Delano Roosevelt
D E

Na Europa, entretanto, assistia-se à ascensão dos movimentos totalitá-

UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/GETTY IMAGES


A LD

rios de direita – nazismo e fascismo, consolidando Hitler e Mussolini no


poder político − e o totalitarismo de esquerda – stalinismo – para fazer
frente ao bloco capitalista.
EM IA
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

ST ER

Foto de Franklin D. Roosevelt


com seu cachorro no colo,
conversando com Ruthie Bie,
SI AT

filha do caseiro de seu retiro,


no Hyde Park, em Londres
(Inglaterra), em janeiro de 1933.
M

Foi presidente dos Estados


Unidos entre 1933 e 1945. De-
dicou sua vida à política e, em
1921, contraiu poliomelite, que
deixou seu corpo paralisado da
cintura para baixo permanen-
temente. Graças a uma funda-
ção para ajudar pessoas com
a doença pela qual Roosevelt
estava acometido, foi possível
o desenvolvimento da primei-
ra vacina contra a poliomelite
pelo cientista Jonas Salk, da
Membros da Câmara de Comércio com cartaz em oposição ao programa New Deal, em 19 de janeiro de 1939.
Por romper com as práticas do liberalismo econômico, a implantação do New Deal sofreu ásperas críticas. Universidade de Pittsburgh.

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CAPÍTULO 6
CRISE DO CAPITALISMO
Módulos 19 e 20 | Grande Depressão

Exercícios de aplicação
1. Explique o que significa a expressão american way of life.
Trata-se do estilo de vida estadunidense no início da década de 1920, pautado no elevado consumo em decorrência do

crescimento industrial e das facilidades de crédito.

O
C IV
CAPÍTULO 6

O S
C LU
2. UNESP
198

O C
Em 1929, a Bolsa de Valores de Nova York quebrou. As ações desvalorizaram-se drastica-

N X
mente; os estoques de cereais acumularam-se; os preços dos produtos baixaram; fazendei-
SI E
O ros faliram; grandes indústrias diminuíram fortemente sua produção; médias e pequenas
indústrias fecharam; muitos trabalhadores ficaram desempregados. O Estado, essencial-
mente liberal, não intervinha na produção, e o mercado sozinho não controlava a crise. Para
controlá-la, Franklin Delano Roosevelt, democrata eleito presidente em 1932, lançou um
EN S

programa de reconstrução nacional, o New Deal, cuja meta era promover reformas profun-
das na sociedade norte-americana.
E U
D E

Com base no texto, responda: qual a diferença entre o liberalismo econômico clássico e o New Deal?
Espera-se que os alunos expliquem que o liberalismo econômico pautava-se pela não intervenção do Estado na economia,
A LD

deixando o mercado livre para se autorregular. Com o New Deal, Franklin D. Roosevelt implantou uma política de recupe-

ração da crise, com a intervenção do Estado na economia, contrariando os pressupostos do liberalismo e elaborando um
EM IA

planejamento econômico com base nas ideias de John Maynard Keynes. O plano de recuperação econômica consistia em

investimentos em obras públicas para a geração de empregos, como hidrelétricas, ferrovias e estradas; salário-desemprego;
ST ER

proibição do trabalho infantil; compra da produção agrícola pelo governo, com com o intuito de manter os preços estáveis;

empréstimos aos agricultores para saldarem as dívidas com os bancos.


SI AT
M

3. A Crise de 1929 ocorreu 3. Fatec-SP


em razão de uma crise de su-
perprodução, decorrente da Entre os fatores que ocasionaram a Crise de 1929 nos EUA, destaca(m)-se
grande produção industrial a. o protecionismo rígido, a escassez de crédito bancário e a superprodução.
e da saturação do mercado,
além da ampla emissão e b. a saturação do mercado, a crise na agricultura e o crash da Bolsa de Valores de Nova York.
negociação de ações na Bol-
c. a superprodução, a saturação do mercado e a expansão desmedida do crédito bancário.
sa de Valores de Nova York,
pautadas por especulações d. a adoção de programas de construção de obras financiadas pelo Estado para diminuir o desemprego.
financeiras.
e. a excessiva oferta de terras e o protecionismo rígido.

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DHIST G030 - CAP06_P4.indd 198 24/09/2019 20:15


Exercícios propostos
4. Em linhas gerais, podemos afirmar que a Grande Depressão (1929) teve como causa(s) 4. Embora a produção indus-
trial fosse extremamente
a. a queda da exportação, o desemprego e o aumento do consumo interno. alta, os salários não acompa-
b. a desvalorização da moeda, com o objetivo de elevar os preços dos gêneros agrícolas. nhavam seu ritmo. No cam-
po, o aumento da produção
c. o fechamento temporário dos bancos e a requisição dos estoques de ouro para sanear as finanças. agrícola fez os preços dos in-
sumos agrícolas cair. Houve,
d. a superprodução industrial e agrícola, que se evidenciou quando o mercado não conseguiu mais
também, uma diminuição do
absorver a produção que se desenvolvera rapidamente. consumo de produtos norte-
e. a emissão de papel-moeda e o abandono do padrão-ourv que permitiram ao Banco Central fi- -americanos.

O
nanciar o seguro-desemprego.

C IV
5. A Crise de 1929 afetou todo o mundo capitalista. Quais foram as consequências dessa crise no Brasil
e na Alemanha?

O S

HISTÓRIA
No Brasil, provocou a queda da República Oligárquica cafeeira, a compra e a queima do estoque de café, na tentativa

C LU
de estabilizar os preços desse produto. Na Alemanha, ocorreu a ascensão de Hitler, que impôs um regime ditatorial de

extrema-direita.

199
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E

6. A foto ao lado foi produzida em 1936 e tornou-se uma das imagens mais em-
A LD

GRAPHICAARTIS/GETTY IMAGES
blemáticas dos Estados Unidos na década de 1930. Ela mostra uma mãe e
seus filhos numa condição de extrema miséria migrando para a Califórnia em
busca de melhores condições de vida. A condição de pobreza não era inco-
mum à época.
EM IA

A que a condição de fome e miséria a imagem está atrelada? Justifique sua


resposta.
ST ER

A fotografia representa uma situação corriqueira nos Estados Unidos durante a Grande Depres-

são, período de crise após a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. A crise gerou uma onda
SI AT

de desemprego e miséria por todo o país e teve consequências em outros países capitalistas.
M

Mãe migrante, fotografia de Dorothea


Lange, representando uma mulher na
Califórnia na década de 1930.

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Módulos 19 e 20

1. A Crise econômica de 1929 foi determinada, entre outros fatores, pelo(a) 1. Na década de 1920, a in-
dústria estadunidense pro-
a. redução da produção industrial. duzia em larga escala, entre-
b. conscientização do operariado. tanto o consumo (pela falta

O
de meios) não acompanhou
c. descolonização das áreas afro-asiáticas. a produção industrial.

C IV
d. desequilíbrio entre oferta e procura.
e. alta desenfreada dos preços.
CAPÍTULO 6

O S
2. A Crise de 1929 foi de 2. Na década de 1920, houve

C LU
uma superprodução indus-
a. superprodução × subconsumo. trial, contraposta à diminui-
b. pleno emprego. ção do consumo, gerando
200

uma crise acompanhada de


c. superconsumo × subprodução.

O C
um período de forte depres-
d. crescimento demográfico × pleno emprego. são econômica.

N X
e. capitalismo × socialismo.
SI E
3. Antes da Crise de 1929, os Estados Unidos viviam um período de prosperidade econômica,
pautado na produção industrial em larga escala. O governo estadunidense não interferia nas
O
questões de mercado, pois adotava uma política econômica denominada
EN S

liberalismo econômico .
E U

4. Foi um plano de recuperação econômica implantado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, 4. O New Deal, ou Novo
com base nas ideais de John Maynard Keynes: Acordo, foi um plano de
recuperação econômica
D E

a. New Deal implantado pelo presidente


b. Tratado de Versalhes Roosevelt em 1933.
A LD

c. Liga das Nações


d. Welfare State
e. Plano de Metas
EM IA

5. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas.


ST ER

O New Deal adotou medidas intervencionistas, contrariando os princípios liberais vigentes na


V
política dos Estados Unidos no início do século XX.

Entre as medidas do New Deal, estava o investimento em obras públicas para a geração de
SI AT

V
empregos, como hidrelétricas, ferrovias e estradas.

O New Deal adotou o Welfare State (ou Estado de Bem-Estar Social), que já havia sido adotado
F
M

por John Maynard Keynes no século anterior.

A Crise de 1929 teve repercussão mundial, favorecendo a ascensão de alguns regimes totali-
V
tários, como o nazismo.

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DHIST G030 - CAP06_P4.indd 200 24/09/2019 20:15


O
GRANDE DEPRESSÃO

C IV
O S

HISTÓRIA
Prosperidade Empréstimos aos

C LU
econômica países europeus
Pós-Primeira

201
O C
Guerra Mundial
Produção industrial

N X
Fordismo
e agrícola
SI E
O
Recuperação da
Europa
EN S
E U

Salários
D E

insuficientes
A LD

Crise de 1929
Crise de
EM IA

superprodução
ST ER

Queda dos preços da


produção agrícola
SI AT
M

Desemprego,
falência e fome

Consequências Repercussão
da Crise mundial

Plano de
New Deal recuperação
econômica

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DHIST G030 - CAP06.indd 201 08/10/2019 14:49


CAPÍTULO

7
PERÍODO ENTREGUERRAS
E ASCENSÃO DE REGIMES
TOTALITÁRIOS

O
C IV
OBJETIVOS DO GRUPO

O S
HISTÓRIA

• Identificar e relacionar as

C LU
dinâmicas do capitalismo
e suas crises, os grandes
conflitos mundiais e os
202

vivenciados na Europa.

O C
• Identificar as
especificidades e

N X
os desdobramentos
SI E
mundiais da Revolução
Russa e seu significado
histórico.
O
• Analisar a Crise
capitalista de 1929 e
EN S

seus desdobramentos
em relação à economia
E U

global.
• Descrever e
D E

contextualizar os
processos da emergência
A LD

do fascismo e do
nazismo, a consolidação
dos estados totalitários e
as práticas de extermínio
EM IA

(como o holocausto).
ST ER
SI AT
M

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DHIST G030 - CAP07_P4.indd 202 25/09/2019 10:03


Módulo 21 Explicar aos alunos a origem dos re-
gimes totalitários, diferenciando-os
dos regimes autoritários. É impor-
ANTECEDENTES tante ressaltar que tanto regimes
considerados de direita como os de
esquerda já foram considerados tota-
Origens do totalitarismo litários, como é o caso dos exemplos
apresentados. Para saber mais sobre a
temática, ler Origens do autoritarismo,
A crise econômica provocada pelos efeitos da Primeira Guerra Mundial de Hanna Arendt (São Paulo: Compa-
ocasionou o surgimento de regimes totalitários, como o nazifascismo e o nhia das Letras, 2012).
stalinismo.

O
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
C IV
O S

HISTÓRIA
C LU

203
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Soldados da Alemanha nazista, em 1936

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DHIST G030 - CAP07_P4.indd 203 25/09/2019 10:03


O que é totalitarismo?
O totalitarismo representa um governo cujo líder atua em todas as esferas
da vida pública e privada, controlando e policiando as relações sociais, junta-
mente com a noção de terror. Trata-se de um governo que vai além do auto-
ritarismo. O totalitarismo envolve um governo baseado nas massas, e o apoio
que consegue é decorrente de intensa propaganda, sendo ela o principal ins-
trumento de manipulação.

O
Na Europa Ocidental, o endurecimento e o radicalismo político foram a
resposta para enfrentar as crises internas e o avanço das ideias socialistas

C IV
da vizinha União Soviética. É importante lembrar que a Alemanha e a Itá-
lia realizaram unificações tardias, no século XIX, o que facilitou a ascensão
CAPÍTULO 7

O S
dos movimentos fascistas.

C LU
Na Europa Oriental, por sua vez, após a morte de Lenin, Stalin subiu ao
poder e iniciou uma série de perseguições aos inimigos políticos. Conse-
204

O C
guiu eliminar seus adversários por meio de ações de julgamento e execu-
ção nos chamados “Expurgos de Moscou”.

N X
Tanto de um lado quanto de outro, a Crise mundial de 1929 forneceu o
SI E pretexto necessário para justificar o totalitarismo governamental, culpan-
do o liberalismo pelas dificuldades que enfrentavam.
O
A principal diferença entre o totalitarismo tendente a ideias comu-
EN S

mente denominadas “de direita” e o totalitarismo tendente a ideias tidas


E U

como “de esquerda” estava em suas ideologias: o primeiro apoiava e era


apoiado pelos grupos da sociedade detentores de capital, e o segundo
D E

sustentava-se em um regime socialista, ou seja, que se posicionava contra


os grupos burgueses.
A LD

Mesmo assim, é possível traçar algumas semelhanças entre esses totali-


tarismos:
EM IA

• política: supremacia total do Estado, nacionalismo exacerbado, exal-


tação da figura de um líder, desprezo pelas práticas democráticas e
ST ER

desenvolvimento de um forte militarismo.


• economia: forte intervenção estatal, pautada no desenvolvimento e na
proteção da indústria nacional, além da realização de obras públicas.
SI AT

• sociedade: apelo às massas e uso de


HULTON DEUTSCH/GETTY IMAGES

propaganda para inseri-las no sistema


M

totalitário.
• cultura: censura, controle sobre o sis-
tema educativo, manipulação do senti-
mento coletivo das massas e arte pro-
duzida para enaltecer o regime.
Entretanto, cabe ressaltar que, em cada
país onde existiu o regime totalitarista,
houve aspectos particulares que se mani-
Trabalhadores recebendo relatório do julgamento e da execução de um acusado
de ter, supostamente, articulado ações contra o governo soviético. Muitos aprova- festaram conforme a necessidade e o inte-
vam as ações governamentais, incluindo as dos expurgos promovidos por Stalin.
resse dos seus governantes.

CO EF 09 INFI 91 1B LV 03 MI DMUL PR_DHIST G030 - CAP07_P4.indd 204 25/09/2019 10:03


Módulo 22 Ao tratar do fascismo, é fundamen-
tal ressaltar o caráter antiliberal, an-
ticomunista e antidemocrático que

FASCISMO ITALIANO que esta política adotava. Explicar


aos alunos a importância do apoio
e da mobilização das massas no pro-
Ao final da Primeira Guerra Mundial, a Itália estava entre os vencedores, mas cesso de fortalecimento e difusão
do movimento.
descontente. Seu representante na Conferência de Paris retirou-se antes do
término por não concordar com algumas medidas, como a entrega dos terri-
tórios de Fiume e Dalmácia à recém-criada Iugoslávia. Os custos financeiros
com a guerra também não foram recuperados, e a Itália estava endividada.

O
A esses fatos se somam os prejuízos humanos na guerra – milhares de

C IV
mortos e, na agricultura, campos inteiros devastados –, ocasionando colap-
so no abastecimento e falência das indústrias, o que provocou inflação e

O S

HISTÓRIA
desemprego. Enquanto isso, o governo perdia-se nas disputas partidárias,

C LU
agravando ainda mais o quadro de insatisfação popular.
Nesse ambiente conturbado, fortaleceu-se a figura de Benito Mussolini,

205
fundador do Partido Fascio de Combattimento, o embrião do Partido Fascista,

O C
fundado em 1921. De forma geral, o fascismo pautava-se em uma ideologia na-

N X
cionalista extremada, visando ao fortalecimento da nação; de caráter militar,
SI E
defendia, ainda, um sistema de controle das organizações de trabalhadores.
O
Mais tarde, Mussolini viria a formar milícias armadas, conhecidas como
“camisas-negras”. A finalidade era perseguir e combater socialistas e comu-
nistas com o uso da violência.
EN S

O movimento logo recebeu a adesão de outros que temiam o avanço das


E U

ideias socialistas, especialmente entre a massa de desempregados e empre-


gados urbanos.
D E

Sob a ameaça de greve geral convocada pelos comunistas e diante da insatis- NOTA
A LD

fação popular que tomava conta da Itália, Mussolini, apoiado por 50 mil camisas-
-negras, realizou a chamada Marcha sobre Roma, episódio no qual exigia que o Origem da palavra fascismo
governo tomasse as devidas providências e estabelecesse a ordem no país. A palavra fascio, que deu ori-
EM IA

gem ao termo fascismo, tem


sua origem na Roma Antiga.
ULLSTEIN BILD DTL./GETTY IMAGES

O fasces era um feixe de varas


ST ER

amarradas em volta de um
machado. O termo deriva da
expressão, em latim, fasces
lictoris (feixe de lictor). No
SI AT

Império Romano, estava asso-


ciado ao poder e à autoridade:
portando um fasces, o lictor
M

– oficial que andava à frente


dos principais magistrados na
Antiga Roma – abria caminho
em meio ao povo para a passa-
gem deles, nas mais variadas
cerimônias.

VOCABULÁRIO
Lictor: guarda romano que
Mussolini, no centro, ao lado de general Balbo, general Bono, escoltava os magistrados.
De Vecchi e Michele Bianchi, na Marcha sobre Roma, em 1922.

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Observar com os alunos as imagens Diante disso, o então rei Vítor Emanuel III convidou-o para formar um
apresentadas, mostrando-lhes o apoio
que Mussolini tinha e a presença do fas- novo governo.
cismo em situações cotidianas, como no
esporte, reforçando o caráter totalitário Tão logo assumiu o poder, Mussolini tratou de eliminar as oposições por
que possuía. meio de prisões, eleições fraudulentas e fechamento de jornais. Exigiu ain-
da mais poderes, o que foi aprovado pelo Parlamento. O deputado socialis-
ta Giacomo Matteotti denunciou as irregularidades nas eleições de 1924 e
exigiu sua anulação. Logo em seguida, Matteotti foi sequestrado e assassi-
nado pelos camisas-negras.

O
Entre 1925 e 1926, o Estado promulgou uma série de leis de exceção, for-

C IV
talecendo o poder de Mussolini: extinguiu todos os partidos políticos – só
ficando o Fascista –, suprimiu o direito de greve e liquidou a liberdade de
CAPÍTULO 7

O S
imprensa. Dessa forma, consolidava-se o totalitarismo.
Em 1929, Mussolini assinou o Tratado de Latrão com a Igreja, pondo fim

C LU
à chamada Questão Romana, que se arrastava desde 1871, quando houve a
unificação italiana, e o papa Pio IX, não concordando em perder os territó-
206

O C
rios eclesiásticos, proclamara-se prisioneiro do governo italiano.

N X
Com o Tratado de Latrão, o governo italiano reconheceu o Estado do Va-
SI E ticano, em Roma, sob o governo do papa. Em troca, a Igreja concedeu seu
apoio a Mussolini e ao regime fascista.
O
Nesse mesmo ano, 1929, a Itália foi atingida pela crise mundial provo-
cada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Como resposta à crise,
EN S

Mussolini intensificou a produção de armas e iniciou sua política impe-


E U

rialista sobre o norte da África. Ao mesmo tempo, a propaganda oficial in-


vadia as escolas e os meios de comunicação, alardeava os gloriosos feitos
D E

do passado e o retorno à grandeza do Império Romano juntamente com o


culto à pessoa de Mussolini.
A LD
HULTON DEUTSCH/GETTY IMAGES

KEYSTONE/GETTY IMAGES
EM IA
ST ER
SI AT
M

Mussolini fala para os camisas-negras e os Seleção italiana faz saudação fascista antes do início da
representantes da Força Nacional do Palácio final da Copa do Mundo de Futebol de 1934, em Roma.
Veneza, durante a celebração do sétimo
aniversário do fascismo, em janeiro de 1926.

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Módulos 23 e 24 A respeito do nazismo, é importante
que os alunos compreendam que o
Partido Nazista, embora enfatizasse

NAZISMO NA ALEMANHA o “nacional-socialismo” em seu nome,


tratava-se de um partido de extrema-
-direita. Além de ter caráter antiliberal
Em 1918, antes mesmo de terminar a Primeira Guerra, grupos da Alemanha – e antissemita, Hitler aliou-se a setores
detentores de capital na Alemanha,
socialistas, comunistas, anarquistas, nacionalistas, liberais democratas, mi- por exemplo, o setor industrial. A esse
litares e outros – provocaram uma onda de agitação por todo o país, que cul- respeito, Eric Hobsbawm afirma:
“Os movimentos fascistas apresen-
minou na abdicação do kaiser Guilherme II, em novembro, e na instalação de tavam elementos dos movimentos
um governo republicano, que ficou conhecido como República de Weimar.

O
revolucionários na medida em que
continham pessoas que queriam
Após a guerra, a Alemanha foi obrigada a aceitar as condições impostas uma transformação fundamental da

C IV
sociedade, frequentemente com um
pelos países vencedores, no Tratado de Versalhes, o que gerou insatisfação e lado notadamente anticapitalista e
revolta, agravando as crises econômica e social que o povo alemão já vivia. antioligárquico. Contudo, o cavalo

O S

HISTÓRIA
do fascismo revolucionário não deu
Em 1923, o governo alemão decidiu não pagar as parcelas da indenização de a largada nem correu. Hitler eliminou

C LU
rapidamente os que levavam a sério
guerra correspondente àquele ano. Em represália, tropas franco-belgas inva- o componente ‘socialista’ no nome do
diram a região industrial do Ruhr. Os trabalhadores, com o apoio do governo, Partido Nacional-Socialista dos Tra-

207
balhadores Alemães – o que ele sem

O C
entraram em greve. Para sustentar a situação, o governo imprimiu dinheiro dúvida não levava. […].” (HOBSBAWM,
desordenadamente, resultando em hiperinflação. Um dólar valia, em janei- Eric. Era dos extremos: o breve século

N X
XX – 1914-1991. 2. ed. São Paulo: Com-
ro, 7.260 marcos (moeda alemã); em novembro, 4,2 milhões, ou seja, um car- panhia das Letras, 2016. p. 130-131.)
SI E
rinho de mão cheio de notas comprava somente um pão. A população alemã
viu-se diante de uma grave situação de fome e de aumento do desemprego.
O
Adolf Hitler, líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Ale- VOCABULÁRIO
EN S

mães, conhecido como Partido Nazista, tentou aproveitar-se da situação,


dando um golpe de Estado em 1923, o Putsch de Munique, mas fracassou Hiperinflação: inflação
E U

acentuada, com índices


e foi preso. altíssimos, que fogem do
Na prisão, Hitler escreveu Mein kampf (Minha luta), obra na qual expôs controle.
D E

os fundamentos do nazismo, apresentados a seguir:


A LD

• O liberalismo e o individualismo enfraqueciam a nação, e a demo-


cracia e o comunismo geravam o caos. Somente o Estado e a força

ES
ET TY IMAG
seriam capazes de impor e manter a ordem.
EM IA

• As ideias bolcheviques infiltradas nas organizações sindicais de tra-

PIX INC./G
ST ER

balhadores eram responsáveis pela subversão da ordem e da paz.


• O povo alemão, descendente dos cavaleiros teutônicos e funda-
dores do Sacro Império Romano-Germânico, deveria orgulhar-
SI AT

-se do passado e reerguê-lo.


antissemitis-
• Fazia-se necessária a perseguição aos judeus (antissemitis-
M

mo),), que, por não terem pátria, exploravam e enriqueciam à


custa de outros povos, dominando a indústria, o comércio e os
bancos.
• Somente a raça ariana era superior e, portanto, tinha o direi-
to de governar o mundo.
• A Alemanha necessitava de territórios para se desenvolver,
tese que ficou conhecida como “espaço vital”.
Capa do livro Mein Kampf
Kampf, com a foto
Em 1925, Paul von Hindenburg foi eleito presidente e, apoiado por forças de Hitler na capa. O primeiro volume
foi escrito na prisão e editado em
conservadoras, colocou um freio nas radicalizações políticas; o próprio Par- 1925; já o segundo volume foi
escrito e editado em 1926.
tido Nazista perdeu eleitores nas eleições de 1928.

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Em 1929, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York mergulhou o mundo
numa depressão econômica sem precedentes. Indústrias e bancos faliram,
os Estados Unidos da América retiraram sua ajuda econômica e, três anos
depois, a Alemanha contabilizava seis milhões de desempregados.
A agitação e a radicalização política voltaram às ruas: de um lado, os co-
munistas defendiam a revolução popular nos moldes soviéticos como a so-
lução para a crise; de outro, os nazistas, por meio das Tropas (ou seções) de
Assalto – SA –, reprimiam violentamente as manifestações de esquerda.

O
Em razão dos inflamados discursos contra o “perigo soviético”, Hitler pas-

C IV
sou a contar com o apoio da burguesia alemã e dos profissionais liberais.
Seu discurso nacionalista atraía milhares de adeptos entre os camponeses,
CAPÍTULO 7

O S
os trabalhadores e os desempregados urbanos.
Os nazistas passaram a promover gigantescas demonstrações de força

C LU
com desfiles das Seções de Assalto (SA) e das Brigadas de Segurança (SS).
Eles criticavam os liberais-democratas, os comunistas e os judeus e prome-
208

NOTA

O C
tiam trabalho para todos e controle dos preços das mercadorias.

N X
Terceiro Reich A suástica, símbolo nazista vermelho com a cruz gamada, passou a se
O Terceiro Reich sucedeu ao multiplicar na Alemanha e o nazismo ganhou força. Em janeiro de 1933, o
SI E
Primeiro Reich – Sacro Impé-
rio Romano-Germânico (962- presidente Hindenburg nomeou Hitler chanceler (primeiro-ministro). Em
janeiro de 1933, o presidente Hindenburg nomeou Hitler chanceler (pri-
O
1806) – e ao Segundo Reich –
Império dos Hohenzollern meiro-ministro), devido à expressiva votação que os nazistas tiveram para
(1871-1918).
EN S

o Parlamento alemão em meados 1932.


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EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/GETTY IMAGES


D E
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M

Cartaz nazista pregando o antissemitismo na Cartaz do Partido Nazista para


campanha para as eleições parlamentares de 1928. eleições com os dizeres “Nossa
Na imagem, um braço com a suástica atingindo última esperança: Hitler” 1932.
um judeu representado de forma estereotipada.

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Caracterizar o governo de Hitler, relacionando-o com o conteúdo
relativo ao totalitarismo que inaugurou este grupo.

O governo nazista alemão


Ao assumir o posto, Hitler instaurou um governo totalitário: dissolveu o
Parlamento, convocou novas eleições e colocou as tropas das SA e SS para EXPLORE MAIS
“fiscalizarem” o processo eleitoral. A oposição foi violentamente persegui- Filme A menina que
da e as eleições foram garantidas para os nazistas. roubava livros
Em seguida, Hitler eliminou a oposição dentro das fileiras nazistas ao Assista ao filme A menina
que roubava livros (EUA/
promover assassinatos em massa das SA pelas tropas das SS, episódio que Alemanha. 2013. 131 min),

O
ficou conhecido como Noite dos longos punhais (30 de junho de 1934). de Markus Zusak, e co-
nheça a história de Liesel
Com a morte do presidente em 1934, Hitler assumiu o controle político do

C IV
Meminger durante o gover-
Estado e das Forças Armadas e autodenominou-se führer, o chefe. Trans- no de Hitler. Disponível em:
feriu a capital alemã de Weimar para Berlim, pôs fim à República e fundou <coc.pear.sn/jPVWgdr>.

O S

HISTÓRIA
o Terceiro Reich.

C LU
O führer decretou uma série de leis antissemitas, responsabilizando os
judeus pelas crises econômicas e sociais, considerando-os uma “raça in-

209
O C
ferior”. Em novembro de 1938, os nazistas destruíram sinagogas, lojas e
habitações de judeus, fato que ficou conhecido como a Noite dos Cristais.

N X
Economicamente, Hitler recuperou o país, combatendo o desemprego com
SI E
grandes obras públicas – estradas, ferrovias, aeroportos – e incentivos à indús-
tria, em especial a de armamentos, apesar da proibição do Tratado de Versalhes.
O
GRUPO
O controle da opinião pública e da oposição era exercido pela censura,
TEMÁTICO
EN S

pelo uso intenso da propaganda oficial (havia o Ministério da Propaganda,


dirigido por Joseph Goebbels) e pela violência da Gestapo, polícia secreta Jesse Owens
E U

alemã, que prendia e executava qualquer suspeito. Em 1936, a Alemanha nazista


sediou os Jogos Olímpicos.
Quanto à educação, Hitler pôs em prática o que já havia escrito em Mein
D E

Hitler viu nesse evento a


kampf, em relação a ensinar a suposta superioridade dos alemães. Assim, possibilidade de mostrar a
A LD

superioridade da raça ariana


a partir dos seis anos, as crianças eram recrutadas para as fileiras nazistas,
sobre as demais. Contudo, as
cuja educação tinha por objetivo formar um novo sujeito, livre das humilha- atuações do afro-americano
ções do Tratado de Versalhes e orgulhoso do passado glorioso do Sacro Im- Jesse Owens impediram a
EM IA

plena realização do führer.


pério Romano-Germânico e da Alemanha de Bismarck (Segundo Reich).
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KEYSTONE/GETTY IMAGES

SI AT
M

Soldados e civis saúdam a queima de milhares de livros durante uma das diversas destruições
de publicações consideradas não arianas ocorridas na Alemanha, em maio de 1933.

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Módulo 25

GUERRA CIVIL ESPANHOLA


A Guerra Civil Espanhola foi um conflito que ocorreu entre grupos oposito-
res na Espanha, entre os anos de 1936 e 1939.
Antes de o conflito se iniciar, a Espanha vivia sob o governo de um dita-
dor chamado Miguel Primo Rivera, que tinha o apoio de grupos conserva-

O
dores. Entre as ações do governo de Rivera, estava a perseguição a grupos
identificados como comunistas.

C IV
No início da década de 1930, a Espanha também vivia os reflexos da crise
causada pela quebra da Bolsa de Nova York, o que gerou grande insatisfa-
CAPÍTULO 7

O S
ção por parte da população espanhola e uma pressão para que a ditadura

C LU
de Rivera chegasse ao fim.
Com o advento de um governo republicano, os grupos conservadores passa-
210

O C
ram a ficar insatisfeitos, especialmente porque alguns grupos que defendiam
ideias opostas passaram a fazer parte do governo republicano. Os conserva-

N X
dores organizaram, assim, as denominadas Falanges, de viés nacionalista
SI E
O
e inspiradas nas ideias fascistas, e, entre seus principais expoentes, estava o
general Francisco Franco, que, em 1936, recebeu apoio de Hitler e Mussolini.
Em contrapartida, formava-se o grupo da Frente Popular, integrada pe-
los republicanos e simpatizantes do socialismo e do comunismo. A Espa-
EN S

nha passou a viver um momento de intensa polarização ideológica.


E U

Em 1939, por meio de um golpe de Estado, Franco assumiu o poder, após


uma violenta guerra civil, controlando o país até o final da década de 1970.
D E

Durante o conflito, cinquenta mil voluntários de vários países formaram


A LD

as Brigadas Internacionais em apoio à Frente Popular contra os falangis-


tas. Entretanto, o general Franco saiu vitorioso e a ajuda ítalo-alemã foi
fundamental para sua vitória.
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PRISMA BY DUKAS PRESSEAGENTUR GMBH / ALAMY STOCK PHOTO


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Refugiados da Guerra Civil Espanhola, em 1938

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A guerra espanhola acabou se tornando uma espécie de “laboratório” para Pedir aos alunos que observem as
duas imagens e comparem os ele-
que Hitler testasse equipamentos e táticas bélicas, que seriam usados, pos- mentos de ambas. A destruição da
teriormente, na Segunda Guerra Mundial. cidade de Guernica, mostrada pela
fotografia, e as fortes cenas retratadas
O saldo do conflito foi a morte de milhares de pessoas, além de o ge- por Picasso devem ser descritas pelos
alunos. Enfatizar que Picasso realizou
neral Franco ter se mantido no poder até a década de 1970, quando de essa obra em uma tela de 349,3 cm x
sua morte. 776,6 cm e que ela ocupa, atualmente,
uma imensa parede do Museu Reina
Sofia, em Madri. O impacto da obra
se dá tanto pela forma (cores, figuras
Guerra e arte retratadas, olhares das pessoas etc.)

O
quanto por sua dimensão. Deixar que
Os horrores da Guerra Civil Espanhola foram denunciados por artistas e escrito- os alunos comentem o que sentiram

C IV
res. Entre eles, o autor de Por quem os sinos dobram?, Ernest Hemingway, que lutou ao observá-la e descrevê-la.
nas brigadas, e também o fotógrafo Robert Capa, que captou o cotidiano da guerra,
acompanhando os republicanos.

O S

HISTÓRIA
Um dos mais conhecidos trabalhos que expuseram a destruição promovida pela

C LU
Guerra Civil Espanhola é de autoria de Pablo Picasso, artista que retratou o con-
flito em seu quadro Guernica. Sua obra foi inspirada no bombardeio sofrido pela
cidade de Guernica, anteriormente capital basca, durante a Guerra Civil Espanho-

211
la, em 26 de abril de 1937. Trata-se de uma obra cubista que representa, tanto

O C
pelas figuras simbólicas espanholas (como o touro) quanto pelas cores utilizadas,

N X
os horrores do conflito bélico.
Observe-a a seguir, juntamente com uma fotografia da cidade após o bombardeio.
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EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

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Cidade de Guernica após bombardeio dos nacionalistas, em 29 de abril de 1937


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MUSEU DO PRADO, MADRI
M

Guernica (1937), Pablo Picasso. Óleo sobre tela, 349,3 cm x 776,6 cm. Museu Reina Sofia, Madri, Espanha.

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É importante ressaltar aos alunos que a motivação para o aprisionamento de pessoas nos campos de trabalho soviéticos era
distinta dos campos de concentração nazista (que serão vistos posteriormente), embora ambos os governos que instituíram
campos como esses tenham sido totalitários. Nos campos soviéticos, a motivação era política e, nos campos deconcentração
nazista, havia a questão de eliminar os “sujeitos inferiores”. De qualquer forma, é fundamental demonstrar aos alunos que,
Módulos 26 e 27 nos dois casos, a situação era desumana e as pessoas eram submetidas a condições cruéis.
VOCABULÁRIO
Autocracia: regime de go- UNIÃO SOVIÉTICA E STALINISMO
verno no qual o governan-
te detém poder ilimitado Em outubro de 1917, o mundo assistiu à eclosão da Revolução Socialista ou
e absoluto. Revolução Bolchevique, na Rússia.
Sumariamente: de modo
resumido e breve; execu- O novo governo foi assumido por Lenin, que consolidou a revolução após
tado de forma rápida e derrotar os “Brancos” ou mencheviques na guerra civil, implantando a
sem formalidades.

O
Nova Política Econômica (NEP), conforme estudamos.
Apesar de os bolcheviques não terem seguido a teoria marxista ao pé da

C IV
PARA IR ALÉM letra, a revolução apresentou forte conteúdo democrático, tendo nos sovie-
tes os instrumentos de representação dos trabalhadores.
CAPÍTULO 7

O S
Gulag
Com a morte de Lenin, em 1924, o poder passou a ser disputado por Trotski

C LU
Além dos Expurgos de Mos-
cou (também conhecidos – comandante do Exército Vermelho, um dos responsáveis pela vitória so-
como “Grande Expurgo”), a bre os mencheviques e defensor da revolução permanente – e por Stalin –
212

União das Repúblicas Socia-

O C
secretário-geral do partido comunista, defensor da revolução em um só país.
listas Soviéticas instituiu o
chamado gulag, sistema de Nessa disputa, Stalin assumiu o poder.

N X
campos de trabalhos força- Seu governo foi marcado por autoritarismo, excessiva centralização e
SI E
dos para criminosos, presos
políticos e opositores do go- culto à personalidade. Stalin instalou uma autocracia, que passou a con-
verno. Milhões de pessoas es- trolar todos os setores da sociedade soviética de forma incisiva.
O
tiveram presas e submetidas
a essa prática, sendo muitas Seus opositores eram perseguidos e julgados sumariamente. Durante a
EN S

delas opositoras de Stalin. década de 1930, milhões de pessoas foram julgadas nos “Expurgos de Mos-
A condição de vida dos pre- cou” e enviadas à Sibéria ou executadas.
E U

sos nesse sistema era de-


sumana. Além do intenso O pretexto criado e usado por Stalin para as perseguições foi o assassi-
trabalho, a alimentação e as nato de Serguei Kirov, em dezembro de 1934. Kirov participou do “Ensaio
D E

condições de higiene eram


Geral” de 1905, tornando-se, em seguida, um importante bolchevique. Teve
A LD

precárias. A localização dos


campos, em regiões inóspi- papel atuante na Revolução de Outubro de 1917, assim como na guerra
tas (e, geralmente, de tempe- civil que se seguiu na Rússia, lutando pelo Exército Vermelho. Após a mor-
ratura extremamente baixa,
como na Sibéria), também te de Lenin, apoiou a ascensão de Stalin e foi nomeado chefe da seção do
EM IA

colaborava para a precarie- Partido Comunista, em Leningrado.


dade da qualidade de vida
Apontado como sucessor natural de Stalin, o crescimento da popularida-
ST ER

dos prisioneiros.
de de Kirov provocou seu assassinato. Alguns acusaram o próprio Stalin
de ser o mandante. Sua morte foi conveniente para o stalinismo: primei-
EXPLORE MAIS
SI AT

ramente, porque eliminou um concorrente em potencial do líder soviético;


Campo de trabalho
LASKI DIFFUSION/GETTY IMAGES

soviético
M

Assista a imagens de ruínas


de um campo de trabalho
soviético, construído na
década de 1950, na região
de Chukotka, no nordeste
da Rússia (próxima ao Es-
treito de Behring) em:
<coc.pear.sn/9Hkp6Za>.

Prisioneiros do gulag de Vorkuta, um dos maiores campos de trabalhos forçados soviéticos, em 1945

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depois, porque abriu caminho para que Stalin, usando como pretexto “vin-
gar-se” da morte de Kirov, desse início ao Grande Expurgo (1934-1939), ou
Expurgo de Moscou, eliminando a maior parte das tradicionais lideranças
bolcheviques ainda ligadas a 1917.
Em relação a Trotski, a perseguição de Stalin o fez passar por vários paí-
ses. Foi, porém, assassinado no México, em 1940. Seus seguidores foram
também violentamente perseguidos e sua figura foi retirada dos livros de
história da União Soviética. Esses processos, na realidade, eram uma farsa,

O
com o objetivo de eliminar qualquer oposição (real ou imaginária) que con-
testasse ou criticasse os rumos que Stalin impunha ao socialismo e apon-

C IV
tasse os desvios operados no socialismo marxista.

O S

HISTÓRIA
Economia e sociedade EXPLORE MAIS

C LU
Enquanto o Estado soviético realizava as perseguições que estudamos, a eco- Trabalho fabril
Para saber mais sobre o tra-

213
nomia crescia em razão dos Planos Quinquenais, que constituíram um pla-

O C
balho fabril durante a guer-
nejamento econômico para cinco anos, o qual estabelecia muitos incentivos ra civil-espanhola, acesse:

N X
ao desenvolvimento da indústria pesada, à coletivização e à mecanização da <coc.pear.sn/ETFQPjj>.
agricultura por meio dos sovkozes – fazendas estatais, cuja produção, máqui-
SI E
nas e terra pertenciam ao Estado – e dos kolkhozes – cooperativas coletivas,
cujos membros eram proprietários da produção, mas não da terra. Dessa ma-
O
neira, a economia soviética sofreu pouco os efeitos da Crise de 1929.
EN S

Sob o stalinismo, rapidamente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas


PARA IR ALÉM
E U

(URSS) tornou-se um dos primeiros produtores de aço e petróleo, entre outros


produtos. Entretanto, esse desenvolvimento econômico não foi acompanhado
O socialismo implementa-
D E

pelo desenvolvimento social, pois a ênfase econômica dada à indústria pesada do na União Soviética ficou
relegou a segundo plano o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo. conhecido como socialismo
A LD

real e não foi a aplicação


Paralelamente, houve grande impulso na educação, erradicando o anal- fiel do socialismo científico
fabetismo e desenvolvendo-se o ensino técnico e científico. Contudo, todo idealizado por Karl Marx.
o desenvolvimento educacional, científico, cultural e artístico era obriga-
EM IA

do a seguir o realismo socialista e os critérios estabelecidos pelo governo


stalinista. Deviam, assim, exaltar o trabalhador, o governo, o socialismo e,
ST ER

principalmente, Stalin.

Realismo socialista SOVFOTO/GETTY IMAGES


SI AT

Durante o stalinismo, a arte soviética foi


dominada pelo realismo socialista, o estilo
M

artístico oficial do regime. Sob o controle do


Estado, a literatura, a pintura, a escultura,
a arquitetura, a música, o teatro, o cinema
e o design de produtos, enfim, tudo passou
por uma estética pensada como produção
cultural e veículo de propaganda.
Qualquer desvio dos padrões oficiais nos
campos estético, cultural ou científico era
suficiente para se enfrentar um julgamen- Glória ao Grande Stalin (1950), obra de
K. P. Kugash, pintor do realismo soviético
to do Estado.

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CAPÍTULO 7
PERÍODO ENTREGUERRAS E ASCENSÃO DE REGIMES TOTALITÁRIOS
Módulo 21 | Antecedentes

Exercícios de aplicação
1. Defina totalitarismo.
Espera-se que o aluno reconheça que se trata de um governo cujo líder atua em todas as esferas da vida pública e privada.

O totalitarismo envolve um governo baseado nas massas, sendo que o apoio conquistado é decorrente de intensa propa-

O
ganda, sendo ela o principal instrumento de manipulação.

C IV
CAPÍTULO 7

O S
C LU
214

O C
N X
SI E
O
2. Em regimes totalitários, 2. São características comuns aos governos totalitários as elencadas a seguir, exceto
não há fortalecimento de
EN S

instituições democráticas;
a. a forte intervenção estatal na economia, pautada no incentivo e na proteção da indústria.
pelo contrário, elas são des- b. o controle do sistema educacional e da mídia, por meio de policiamento e propaganda de caráter
E U

valorizadas e desprezadas. manipulador, atingindo o sentimento coletivo das massas.


c. a supremacia total do Estado, acompanhada de um nacionalismo extremado, além da exaltação
D E

de uma figura central no poder.


d. o apelo às massas por meio de propaganda, de modo que sejam inseridas e se sintam pertencen-
A LD

tes ao regime totalitário empregado.


e. o fortalecimento das instituições democráticas, ainda que com a presença de um líder que é
exaltado pela população.
EM IA

Exercícios propostos
ST ER

3. O que favoreceu a ascensão de governos totalitários na Europa Ocidental?


Na Europa Ocidental, o endurecimento e o radicalismo político foram a resposta para enfrentar as crises internas, decor-
SI AT

rentes da Crise de 1929, e o avanço das ideias socialistas da vizinha União Soviética, favorecendo a ascensão de governos

totalitários. Também é importante considerar as unificações tardias da Itália e da Alemanha, não tornando as instituições
M

democráticas suficientemente sólidas para evitar a ascensão de movimentos nazifascistas.

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4. Tanto na Europa Ocidental quanto na Europa Oriental, um importante fator serviu de pretexto para 4. Na Europa Ocidental, a
que se justificasse a ascensão de regimes totalitários, em resposta ao fracasso do liberalismo. Foi ele crise do capitalismo gerou
graves crises internas, abrin-
a. a Primeira Guerra Mundial. do espaço para movimentos
b. a Segunda Guerra Mundial. nacionalistas extremados.
Na Europa Oriental, a crise
c. a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. decorrente das políticas
d. a ascensão de Mussolini ao poder. econômicas liberais justifi-
cava a adoção de um siste-
e. a ascensão de Stalin ao poder. ma ideológico contrário ao
capitalismo.
Módulo 22 | Fascismo italiano

O
Exercícios de aplicação

C IV
1. Descreva as principais condições que provocaram a ascensão do fascismo na Itália.

O S

HISTÓRIA
Após a Primeira Guerra Mundial, a Itália viu-se envolvida numa séria crise socioeconômica, a partir de 1919. Os custos

C LU
financeiros com a guerra também não foram recuperados, e a Itália estava endividada. A esses fatos se somam os prejuí-

zos humanos na guerra – milhares de mortos e, na agricultura, campos inteiros devastados –, ocasionando o colapso no

215
O C
abastecimento e a falência das indústrias, o que provocou inflação e desemprego. Enquanto isso, o governo perdia-se nas

disputas partidárias, agravando ainda mais o quadro de insatisfação popular.

N X
SI E
O
EN S
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D E

2. Com base nos conhecimentos adquiridos, assinale a alternativa correta sobre ideias e práticas fascistas. 2. O fascismo tinha caráter
A LD

militar e pautava-se em uma


a. O nacionalismo fascista foi essencialmente liberal e pacifista. ideologia nacionalista extre-
b. O fascismo influenciou a execução da Revolução Russa, liderada por Lenin, em 1917. mada, visando ao fortaleci-
mento da nação.
c. O fascismo, fundado por Hitler, restringiu-se apenas à Itália.
EM IA

d. O fascismo defendia a ação prática, assentada na total obediência ao Estado.


e. Benito Mussolini não recorreu à história para desenvolver o fascismo italiano.
ST ER

3. Explique o Tratado de Latrão.


Em 1929, o papa Pio XI e Mussolini assinaram o Tratado de Latrão, colocando fim ao impasse entre Igreja e Estado, que se
SI AT

arrastava desde 1871, quando Roma foi ocupada pelos nacionalistas italianos, completando a unificação política. Com esse

tratado, o governo italiano reconhecia a independência do Estado do Vaticano, sob o comando do papa.
M

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CAPÍTULO 7
4. O que foi a Marcha sobre Roma?
Sob a ameaça de greve geral convocada pelos comunistas e diante da insatisfação popular que tomava conta da Itália,

Mussolini, apoiado por 50 mil camisas-negras, realizou a chamada Marcha sobre Roma, episódio no qual exigia que o

governo tomasse as devidas providências e estabelecesse a ordem no país.

O
C IV
CAPÍTULO 7

O S
C LU
216

O C
N X
SI E
5. Após a Primeira Guerra
O
5. Quais destes fatores contribuíram para a ascensão do fascismo na Itália durante a década de 1920?
Mundial, a Itália enfrentou
uma crise econômica em
a. Antinacionalismo e ascensão do proletariado
decorrência dos prejuízos b. Crescimento econômico e fortalecimento do poder real
EN S

gerados pelo conflito.


c. Ascensão do campesinato e expansão colonial
E U

d. Nacionalismo e crise econômica


e. Fortalecimento do liberalismo e aliança ítalo-russa
D E

Módulos 23 e 24 | Nazismo na Alemanha


A LD

Exercícios de aplicação
EM IA

1. Quais fatores foram fundamentais para a ascensão do nazismo na Alemanha?


A insatisfação e a crise interna causadas pelas condições do Tratado de Versalhes, destacando-se as crises econômica e
ST ER

social, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, a radicalização política, o receio da expansão de ideologias socialistas

em razão das experiências russas, entre outros fatores.


SI AT
M

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2. Mackenzie-SP 2. Em sua obra, Hitler defen-
dia a eugenia, isto é, a supe-
rioridade da “raça” ariana.

[...] todo cruzamento de dois seres de valor desigual dá como produto um meio-termo entre
os valores dos pais [...]. Tal ajuntamento está em contradição com a vontade da natureza,
que tende a elevar o nível dos seres. Este objetivo não pode ser atingido pela união de indi-
víduos de valores diferentes, mas só pela vitória completa e definitiva dos que representam
o mais alto valor. O papel do mais forte é o de dominar e não o de se fundir com o mais
fraco, sacrificando assim sua própria grandeza. (Adolf Hitler)

O
No livro Mein kampf, Hitler expressava que

C IV
a. a necessidade de preservação da raça pura justificava o domínio e a eliminação das demais raças
e a expansão da Alemanha.

O S

HISTÓRIA
b. o racismo e o autoritarismo serviriam para defender a elevação da raça pura eslava e o extermí-

C LU
nio dos judeus.
c. o movimento nacional-socialista desaprovava o antissemitismo e o aperfeiçoamento genético
por meio da eugenia.

217
O C
d. os alemães eram superiores e a raça ariana, inferior, justificando, desse modo, o espaço vital.
e. o mito da superioridade da raça ariana servia para que os nazistas estimulassem o internaciona-

N X
lismo e o liberalismo.
SI E
3. Qual foi a relação entre nazismo e cultura na Alemanha?
Na Alemanha nazista, a cultura, assim como a educação, foi enquadrada dentro dos princípios básicos do regime, conver-
O
tendo-se em instrumento ideológico de controle e propaganda.
EN S
E U
D E
A LD

Exercícios propostos
EM IA

4. Entre os fatores que possibilitaram a emergência do nazismo na Alemanha, em 1933, podemos mencionar 4. A crise econômica da dé-
ST ER

cada de 1920, decorrente da


a. o advento do fascismo na Itália e na França e o intenso avanço econômico alemão durante a derrota na Primeira Guerra
década de 1920. Mundial e agravada pela Cri-
se de 1929, e a radicalização
b. a crise do regime parlamentar nas democracias europeias e o apoio dos socialistas e comunistas
SI AT

política foram fatores que


aos nazifascistas. colaboraram para a ascen-
c. as vantagens conseguidas com a assinatura da Paz de Versalhes e a tradição militarista na Alemanha. são do nazismo.

d. as consequências desastrosas da Segunda Guerra Mundial e a crise do capitalismo liberal.


M

e. os efeitos da crise econômica da década de 1920 e o agravamento das lutas de grupos ideologi-
camente opostos, provocando reação nos grupos dominantes ameaçados.

5. Qual foi a importância das conquistas de Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de 1936, na Alemanha?
Espera-se que o aluno reconheça que as vitórias de um atleta negro no contexto de um regime totalitário eugênico mos-

travam a fragilidade do discurso nazista.

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CAPÍTULO 7
Módulo25 | Guerra Civil Espanhola

Exercícios de aplicação
1. Explicar aos alunos 1. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), as Brigadas Internacionais, que apoiavam as tropas
que alemães e italianos republicanas contra os falangistas de Franco, receberam colaboração de várias partes do mundo,
apoiaram os falangistas de
Francisco Franco e usaram como, por exemplo, do escritor Ernest Hemingway, do escritor inglês George Orwell, do escritor
o pretexto bélico para trei- francês Saint-Exupéry e de brasileiros, como Apolônio de Carvalho, que mais tarde lutou na Resis-
nar seus pilotos em aviões tência Francesa, quando se tornou herói de guerra.
recém-construídos e para

O
testar novos armamentos. Em relação à Guerra Civil Espanhola, pode-se afirmar que
a. teve forte componente comunista, destacando-se a liderança de Francisco Franco à frente das

C IV
Brigadas Internacionais.
b. teve início após a renúncia de Primo Rivera, ditador que tinha apoio de comunistas.
CAPÍTULO 7

O S
c. Saint-Exupéry, escritor e piloto durante a Segunda Guerra Mundial, foi autor da principal obra
sobre a Guerra Civil Espanhola, intitulada Por quem os sinos dobram.

C LU
d. as Brigadas Internacionais, na verdade, colaboraram com a Falange de Francisco Franco e, mes-
mo assim, acabaram derrotadas.
218

e. alemães e italianos utilizaram armamentos novos, como aviões de combate e bombardeiros, em

O C
forma de testes ou treinamento de seus pilotos, tornando a guerra uma espécie de “laboratório”.

N X
2. Leia atentamente o texto e depois responda ao que se pede.
SI E
E como instrumento de guerra, Picasso usou o pincel: em branco e preto retratou todo o
O
horror de homens e crianças, mutilados, de forma magistralmente trágica. E criou Guernica.
Conta-se que Abetz, embaixador de Hitler em Paris, ficou tão impressionado com a obra,
EN S

que teria perguntado a Picasso, aparentando desinteresse:


E U

— É obra sua?
— Não. Sua – replicou o artista com frieza. [...]
D E

O final da guerra encontra a vida de Picasso nova e transformada. [...] Recusa-se a voltar
à Espanha enquanto perdurasse o regime franquista e faz um contrato com o Museu de
A LD

Arte Moderna de Nova York para que proteja e conserve Guernica até a queda do fascismo
espanhol, quando então a obra deverá ser cedida à terra natal do pintor.
CARRASCO, Walcir. Picasso. São Paulo: Abril, 1977. p. 20-22. (Mestres da pintura)
EM IA
ST ER

a. Em 1937, o pintor Pablo Picasso retratou, em um famoso quadro, o massacre da aldeia de Guer-
nica. Descreva o que ocorria na Espanha naquele momento.
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939). O general Francisco Franco, munido de armamentos, com o apoio de tropas alemãs
SI AT

e italianas e liderando as Falanges, inspiradas no nazifascismo, venceu e assumiu o governo da Espanha.


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b. No texto, Walcir Carrasco conta um possível diálogo entre Picasso e um embaixador de Hitler.
A que fato Picasso teria supostamente feito referência em sua resposta ao embaixador?
Espera-se que o aluno reconheça que se trata do fato de os alemães terem apoiado Franco na Guerra Civil Espanhola,

até mesmo com apoio bélico, causando massacres, como o de Guernica.

O
Exercícios propostos

C IV
3. Quais eram os grupos em conflito durante a Guerra Civil Espanhola?

O S
De um lado, estavam grupos conservadores, que organizaram as Falanges, de viés nacionalista e inspiradas nas ideias

HISTÓRIA
C LU
fascistas, sendo que, entre seus principais expoentes, estava o general Franco, que, em 1936, recebeu apoio de Hitler e

Mussolini. De outro, formava-se o grupo da Frente Popular, integrado pelos republicanos e simpatizantes do socialismo

219
e do comunismo.

O C
N X
SI E
4. Durante a Guerra Civil Espanhola, mais de cinquenta mil pessoas se voluntariaram apoiando a Fren- 4. Durante o conflito, cin-
quenta mil voluntários de
te Popular. Essa organização ficou conhecida como
O
vários países formaram as
a. Falanges. d. Nazistas. Brigadas Internacionais em
apoio à Frente Popular con-
EN S

b. Brigadas Internacionais. e. Anistia Internacional. tra os falangistas.


c. Comunistas.
E U

Módulos 26 e 27 | União Soviética e stalinismo


D E

Exercícios de aplicação
A LD

1. Observe o cartão postal e, depois, responda ao que se pede.

RYKOFF COLLECTION/GETTY IMAGES


a. Explique a importância do modelo de desenvolvimento industrial nele
EM IA

mencionado para esse período.


ST ER

Trata-se dos Planos Quinquenais, que constituíram um planejamento econômico para cinco

anos, que estabelecia muitos incentivos ao desenvolvimento da indústria pesada, à coletivi-

zação e à mecanização da agricultura por meio dos sovkozes – fazendas estatais, cuja produ-
SI AT

ção, máquinas e terra pertenciam ao Estado – e dos kolkhozes – cooperativas coletivas, cujos

membros eram proprietários da produção, mas não da terra. Os planos foram fundamentais
M

para que a economia soviética sofresse pouco os efeitos da Crise de 1929.

Cartão postal soviético de um trabalhador exi-


bindo o Plano Quinquenal: “Com honra vamos
cumprir o novo plano quinquenal de Stalin”.

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b. Por que é possível afirmar que a sociedade não vivenciou os benefícios do desenvolvimento da
economia soviética?
Espera-se que o aluno reconheça que a indústria de bens de consumo foi relegada a segundo plano, o que fez com que

o desenvolvimento social não acompanhasse a economia.

O
C IV
CAPÍTULO 7

O S
C LU
2. Assim como Hitler, Stalin 2. O Estado alemão, durante o regime de Hitler, e o Estado soviético, sob o poder de Stalin, costumam
utilizava-se amplamente da ser chamados de Estados totalitários. Acerca desse assunto, assinale a alternativa correta.
propaganda e do controle
a. Em ambos, a organização do partido, seja o falangista, seja o menchevique acabou confundindo-
220

da produção cultural como

O C
um todo. -se com a organização do Estado, dando origem a uma política de partido único.
b. Ao contrário da Rússia stalinista, o governo da Alemanha – hitlerista – baseava sua legitimidade

N X
na adoção de medidas comunistas.
SI E
O c. Os Estados hitlerista e stalinista utilizaram a propaganda política nos meios de comunicação e a
polícia política secreta como arma eficaz na eliminação dos seus adversários políticos.
d. A crise do capitalismo mundial de 1929 afetou, na mesma medida, as economias da Alemanha e
da União Soviética, por ambas serem adeptas, à época, de uma economia de mercado.
EN S

e. A produção industrial serviu para alavancar a economia alemã nazista, mas o mesmo fato não
ocorreu com o stalinismo soviético.
E U

Exercícios propostos
D E
A LD

3. O uso da propaganda no 3. Uma das principais características do stalinismo foi


stalinismo era uma forma
de manipulação do Estado. a. a adoção do nazismo, a partir de 1930.
Sob seu controle, a litera- b. a maneira cordial com que tratou seus adversários políticos.
tura, a pintura, a escultura,
EM IA

a arquitetura, a música etc. c. a entrada de capitais oriundos dos Estados Unidos, a partir de 1929.
passaram por uma estética
d. o uso da propaganda e o controle da educação e da produção cultural.
pensada como produção
ST ER

cultural e veículo de propa- e. a garantia da liberdade de expressão e de pensamento.


ganda. A educação também
foi fortemente controlada. 4. O que foi o realismo socialista?
SI AT

Durante o stalinismo, a arte soviética foi dominada pelo realismo socialista, o estilo artístico oficial do regime. Sob o

controle do Estado, a literatura, a pintura, a escultura, a arquitetura, a música, o teatro, o cinema e o design de produtos,

enfim, tudo passou por uma estética pensada como produção cultural e veículo de propaganda. Qualquer desvio dos
M

padrões oficiais nos campos estético, cultural ou científico era suficiente para se enfrentar um julgamento do Estado.

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Módulo 21

1. Complete a frase.

No período entreguerras, surgiram movimentos internos de contestação ao regime estabelecido e

O
à crise mundial provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Como reação a

C IV
esses movimentos, surgiram governos totalitários como o nazifascismo e o stalinismo.

Módulo 22

O S

HISTÓRIA
C LU
2. Assinale as características do fascismo.
X Sistema de organização dos trabalhadores

221
O C
Liberalismo econômico

Nacionalismo exacerbado

N X
X

X SI E
Caráter militar

Fortalecimento das instituições democráticas


O
Módulos 23 e 24
EN S

3. Assinale a alternativa que apresenta características comuns ao fascismo e ao nazismo. 3. O nazismo e o fascismo
E U

tinham em comum o fato de


a. Racismo, liberalismo e irracionalismo serem regimes totalitários,
b. Totalitarismo, nacionalismo e anticomunismo pautados por um naciona-
D E

lismo exacerbado e pela


c. Nacionalismo exaltado, pacifismo e racismo perseguição a comunistas.
A LD

d. Anticapitalismo, totalitarismo e internacionalismo


e. Antiliberalismo, federalismo e antissocialismo

Módulo 25
EM IA

4. Milhares de pessoas perderam a vida na Guerra Civil Espanhola, que terminou com a derrota dos 4. O regime franquista ca-
ST ER

republicanos. O Estado espanhol, após a vitória dos chamados nacionalistas, caracterizou-se como racterizava-se por ser totali-
tário e anticomunista.
a. totalitário e socialista.
b. democrático, com tendências capitalistas.
SI AT

c. totalitário e anticomunista.
d. democrático, com tendências socialistas.
e. social-democrata, com tendências ao radicalismo.
M

Módulos 26 e 27

5. O Estado soviético stalinista cuidou de expurgar da cultura toda e qualquer manifestação artística 5. O realismo socialista foi
que estivesse, no entendimento das autoridades, associada à burguesia. Foi criada, então, uma po- o estilo artístico oficial do
regime stalinista.
lítica cultural que decretava como arte oficial apenas as expressões que servissem de estímulo para
a ideologia do proletariado. Dessa forma, foi consagrado um estilo conhecido por
a. romantismo comunista.
b. concretismo operário.
c. abstracionismo proletário.
d. expressionismo soviético.
e. realismo socialista.

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TOTALITARISMO

O
C IV
Intervenção total
nas esferas pública e
CAPÍTULO 7

O S
privada

C LU
Supremacia do Estado
222

e militarismo

O C
N X
Intensa intervenção
Características
SI E estatal na economia
O
Apelo às massas e
uso de propaganda,
EN S

atingindo a sociedade
E U

e a produção cultural.
D E

Terror
A LD

Tratado de
Fascismo Mussolini
EM IA

Latrão
ST ER

Superioridade
Nazismo Hitler
ariana
SI AT

Falange Antissemitismo
M

Franquismo
Anticomunismo
Frente Popular

Espaço vital
Expurgos de Moscou

Stalinismo

Realismo soviético

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PROJ E T O I N T E R D I S C I P L I N A R
GRUPOS 1, 2 E 3 | VARIAÇÕES humanas, que, aliás, hoje, já são tantas, dificultando o
entendimento do seu papel para a sociedade e even-
tualmente tornando-o banalizado por algumas pes-
Objetivo soas. A proposta da atividade é a de fazer com que os
A partir de uma proposta criativa de encenação, criar a alunos, em grupos, façam a encenação de um dia na

O
possibilidade de os alunos reconhecerem e explicarem vida de uma pessoa, apontando, pelo menos, quatro
diversos empregos da Ciência no cotidiano das pessoas. usos que exemplificam a aplicação de uma área do co-

C IV
nhecimento científico. Lembrando que são inúmeros,
Áreas trabalhadas desde o momento em que toca o despertador do celu-

O S
Ciências da Natureza e Arte lar, em que se liga a cafeteira, comprime-se o tubo do

C LU
creme dental, liga-se o carro, transita-se pelas ruas e
Justificativa avenidas até chegar ao trabalho etc. Os alunos deve-
Levar os alunos a reconhecer que, no mundo contem- rão fazer, portanto, uma representação de parte ou de

O C
porâneo, as Ciências estão presentes, inclusive em sua todo um dia de uma pessoa, acompanhada de narra-
ção que explique o que está sendo solicitado nesta ati-

N X
rotina, ampliando, assim, a visão do seu emprego e
vidade. Discutir a proposta e levantar sugestões, antes
importância na vida das pessoas.
SI E que iniciem a elaboração do trabalho.
Material necessário
Conclusão
O
Poderá variar, de acordo com a apresentação de cada
Realizar com os alunos um processo de autoavaliação
EN S

grupo.
com base nas seguintes perguntas.
E U

Desenvolvimento - O que você achou mais interessante na elaboração


deste projeto?
As Ciências nascem da eterna necessidade de o ser hu-
D E

mano entender o mundo que o rodeia. Desse modo, o - O que mais lhe chamou a sua atenção nas apresenta-
A LD

conjunto de conhecimento acumulado por ela é apli- ções dos demais grupos?
cado, inclusive, para criar máquinas, equipamentos e - O que a proposta dessa atividade contribuiu para
aparelhos dos mais simples aos mais sofisticados, com a sua reflexão a respeito do papel da Ciência no seu
EM IA

o propósito de atender as mais diversas necessidades cotidiano?


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ANOTAÇÕES / /

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<AADDAA DDAA DDABACCBBACCBCDABACADBAADCBA>


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