Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
AS GRANDES
PSICOLOGIAS
NA ANTIGUIDADE
JEAN CHÂTEAU
DIIDI I P A P n C C CIIDi
O desenvolvimento das ciências humanas provocou muitas
vezes um duplo e nefasto efeito sobre a filosofia e sobre a psi
cologia. Fechando-se sobre si própria, a filosofia esqueceu um
pouco a grande lição que lhe deram Platão e Aristóteles, Kant ou
Nietzsche: a análise psicológica é uma das bases mais sólidas para
uma construção filosófica. O ponto de vista psicológico deve con
tar tanto para o filósofo como os pontos de vista lógico, ontoló-
gico ou político.
Da mesma forma o psicólogo, ao libertar-se da tirania filosófi
ca, esqueceu demasiadamente que tinha necessidade de recorrer à
filosofia, a qual, pelos seus horizontes mais amplos, lhe pode for
necer hipóteses e noções. Em Platão ou nos Estóicos, tal como
em Kant, encontram-se noções fecundas e demasiado esquecidas,
ou concepções que permanecem úteis, quer para o experimenta-
dor, quer para o observador.
Foi para responder a tal situação que Jean Château escreveu
esta obra. O autor é professor honorário de Psicologia na Univer
sidade de Bordéus e é conhecido tanto pelas suas pesquisas no
campo da psicologia da criança conio pelas suas obras relativas a
Montaigne, Rousseau, Alain e outros.
coleccão
____ ___________________ 9
SABER
«O saber não ocupa lugar»
Verdadeira enciclopédia do saber humano, a Coleccão «Saber»
cobre com volumes de pequeno formato e baixo preço( mas de
elevado nível cultural, os mais variados temas, desde o Desporto
3 Filosofia, da História à Matemática, da Psicologia &s Ciências
iHiras, do Direito & Pedagogia, das Grandes Biografias às Ciên
cias Aplicadas
VOLUMES PUBLICADOS
Série especial:
1 SE — As Etapas da Matemática, por Mareei Boll.
3 SE — Electricidade e Electrónica, por Mareei Clicques.
4 SE — Iniciação Lógica, por Vieira de Almeida.
5 SE — Nuno Gonçalves, por Adriano de Gusmão.
6 SE — Brasil, por Maurice Le Lannou.
7 SE — A Matemática dos Jogos (1.® vol.), por M. Kraitchik.
8 SE — Introdução à Bioquímica Comparada, por Ernest Baldwin.
9 SE — Elementos de Estatística Matemática, por Gustavo de
Castro.
10 SE — Luís de Camões, por Antônio José Saraiva.
12 SE — Ballet, por Arnold Haskell.
13 S E —-.ás Geometrias, por Lucien Godeaux.
14 SE — A Matemática dos Jogos (2.® vol.), por M. Kraitchik.
15 SE — O Sangue, por Samuel Rapoport.
17 SE — A Televisão — Do Preto à Cor, por André Langevin.
18 SE — Introdução à Pintura, por Mário Dionfsio.
19 SE — O Átomo, por Sir George Thomson.
21 SE — Introdução à Teoria das Probabilidades, por Gustavo de
Castro.
23 SE — Shdkespeare, por Peter Alexander.
25 SE — Estatística, por I». H. C. Tippett.
28 SE — O Ensino Programado na Escola, por Jean Guglielmi.
30 SE — A Formação Continua dos Adultos, por Pierre Goguelin.
JEAN CHÂTEAU
AS GRANDES
PSICOLOGIAS
NA ANTIGUIDADE
1c o l e c c a o ]
SABER
PUBLICAÇÕES EUItOPA-AMÉRICA
Titulo original: Les Grandes P sycologies dans 1’Antiquité
Pág.
A — A Índia ............................................................ 91
B — A medicina grega ........................................ 109
C — O estoicismo .................................................... 116
PLATÃO
Platão espanta-me sempre por essa
faculdade de ler através do corpo
humano até aos nossos mais secretos
pensamentos. Sem dúvida ele foi um
desses homens raros que, pelo vigor
do sangue, tiveram tórax irritável
sobre ventre insaciável e, em cima,
uma cabeça suficientemente forte para
levar a bom êxito a tripla experiên
cia do prazer, da ambição e do saber.
Alain, PropoSj 4 de Abril de 1922
2 — Os saberes e a experiência
Saber-161 — 3
34 JÊAN CHÂTEAV
4 — O procedimento Intelectual
e a psicologia da verdade
Em Platão, como em Montaigne, a alma
tem vários estádios, mas, tanto no Teeteto como
na Republioa, estes estádios não têm o mesmo
valor, são como degraus da escada que sobe na
direcção de Deus, como etapas na dialéctica e
na virtude* Contudo, se há um apelo de rea
lidades inteligíveis e divinas, há também forças
que chamam para baixo: o cavalo branco de
Fedro deve lutar contra o seu camarada, o
cavalo negro, a fim de cumprir as ordens do
cocheiro que é o nous. Parece então que se pode
parar a cada etapa, que cada uma possa bas
tar-se a si própria: o pensamento confuso não
5 — O coração
Se a alma é portadora de verdades, quer
estas sejam colocadas nela antes do nascimento,
quer pela acção da experiência e da sociedade,
vai ser preciso dar-lhe um corpo, tom á-la
mais cheia e mais pesada que o espírito. Isto é
tanto mais indispensável se esta alma deve
com andar os nossos actos, vencer os nossos dese
jos, triunfar dás tentações. Esta necessidade não
está forçosam ente m arcada no F édon, onde a
única ajuda à elevação da alma reside na
influência do guru, mas está no mais alto grau
do B m qu ete, que dá o mais am plo lugar aos
interm ediários, aos m etaxu. O am or é um
interm ediário, análogo nisso à opinião certa
(Bom quete, 202a), mas é um interm ediário
móvel,, nota m uito bem Diès que traduz mesmo
m etaxu por «im pulso» (pp. 434-435 e n ota ). Ê,
com efeito, a noção de im pulso que intervém
aqui: o am or é im pulso com o a relação será
dynamnÂs. Ã isemelhança da alma, o am or possui
uma natureza de «daím on» com posta do Mesmo
e do Outro, e activa; é por isso que nos podemos
elevar d o am or dq um ser único até ao amor
de Deus (Bem, Belo e V erdadeiro), por etapas
sucessivas e com o por uma dialéctica am orosa
que parece, assim com o a dialéctica intelectual,
um dos aspectos da ascensão geral da alma.
64 JEAN CHATEAU
6 — Conclusão
M uitas outras n oções e problem as m odernos
se encontram já colocados por Platão, sem am bi-
Saber-161 — 5
66 JEAN CBATEAD
A R IS T Ó T E L E S
*
P la tã o é u m h om em p o lític o e u m p o e ta , Trmitas
v e z e s n ã o s e p reo cu p a co m a co n clu sã o , a b r e p e r s p e c
tiv a s. A r is tó te le s é p ro fesso r,, m a is d o q u e ed u ca d o r:
« a in te lig ê n cia », d izia P la tã o , u m a in te lig ê n cia e x tr a o r
d in á ria q u e o le v a a p ô r o s s e r e s e m ord em e a fa z e r
d em o n stra çõ es e x tr e m a m e n te rig o r o sa s . M as e s ta in te
lig ê n cia e s tá d em a sia d o p e r to do in te le c to , n ã o é d e
to d o a q u ela in te lig ê n cia d o co ra çã o q u e um thymos
n o b r em en te ed u ca d o fo r n e c e — e o thym os desapa/rece
em A r is tó te le s ; o s e u d om ín io d e esco lh a s er á c o n s ti
tu íd o p ela s c la s s ific a ç õ e s b io ló g ica s, a s d efin içõ e s, o s
r a cio c ín io s ló g ic o s . F in a lm en te, teste h om em esp a n to so
tra rá m a is a o s te ó lo g o s e m e ta fís ic o s q u e a o s p s icó lo
g o s i , m a s d eix o u -n o s n o ç õ e s e n o ta ç õ e s , b em co m o
té c n ica s , q u e sã o p a ra n ó s in stru m en to s ou g u ia s p r e
cio s o s .
1 — As noções da antologia
2 — A alma
3 — As faculdades cognitivas
Saber-161 — 6
82 JEAN OHATEAU
4 — Prática e poética
5 — Conclusão
OS VITAUSMOS ANTIGOS
A — A Índia
AS ESCOLAS E AS OBRAS. — * D a ta s im p r e c is a s . C la s
s ific a ç õ e s d iscu tid a s. P o d e m -s e n o e n ta n to a v a n ça r
as d a d a s s e g u in te s .
S o b o n o m e d e V eda (s a b e r ) c o m p r e e n d e -s e u m
c o n jim to d e t e x t o s , h in o s, r e c e it a s m á g ica # , c o n s e lh o s
r itu a is , e t c ., c u ja r e d a c ç ã o rem o n ta r ia , c o m o R igveda,
o ma/is a n tig o , a o s é c u lo XV a . C . E s te s t e x t o s , c o n s id e
ra d o s c o m o r e v e la d o s , s ã o a b a s e d a e s p e c u la ç ã o h in d u ,
q u e a cu m u lo u o s c o m e n tá r io s e o s tr a ta d o s q u e d ela
tira m a s u a in sp ir a ç ã o . A n te s d a e r a c r is tã , s ã o
e s s e n c ia lm e n te o s BrãhSnana (c e r c a d o s é c u lo IX a . C .),
o s A ranyaka e s o b r e tu d o o s U panishad (e n t r e 1000 e
5 0 0 ), b a s e s d o b ra m a n ism o .
A s d u a s g ra n d es r e lig iõ e s d e s a lv a çã o d e s e n v o l-
v e m -s e p o r v o lta d a m e sm a é p o c a : o ja in ism o e m to m o
d e J m a (5^0-468?) e o b u d ism o em to m o d o B u d a
(588-478?). M a is ta r d e , a p a r tir d o a n tig o tr o n c o
b u d ista , to m a d o o P e q u e n o V e íc u lo (H inayâna), d e s e n -
v o l v e r s e - á o G ra n d e V e ic u lo (M ahâyâna), em p r in c íp io s
d a (em c r is tã .
P o r s e u la d o , o b ra m a n ism o n ã o d e ix a d e co n tin u a r
a s u a v ia , e d á n a s c im e n to , a p a r tir d a n o s s a e r a e
d u r a n te to d a a Id a d e M éd ia , a s e is e s c o la s (a s v is õ e s ,
darçan aj, c u jo s a fo r is m o s d o g m á tic o s (sü tra) a p a r e
c e m fix a d o s n o s é c u lo V.
E n fim , n ã o p o d em o s e s q u e c e r a s c o n c e p ç õ e s e x p o s
ta s n o s d o is g ra n d es t e x t o s é p ic o s , o Mahâbhârata e o
Râmâyana (e n t r e 200 a . C . e 200 d . C .) .
92 JEAN CHATEAU
*
Seria uma empresa louca tentar expor aqui
uma psicologia indiana, pois, durante três m il
anos, a Índia tem -nos forn ecido psicólogos a
ro d o s1. Mas seria ainda mais louco, numa obra
com o esta, deixar de lado a Índia, sob o pretexto
de que as nossas concepções são dem asiado afas
tadas da nossa psicologia ocidental, pois é pre
cisam ente p or isso que ela nos pode proporcionar
ocasião para uma renovação. E as diferenças
entre a Índia e a G récia, ou m esm o a Europa,
são tais que é possível, neste caso e numa prim eira
abordagem , restringirm o -nos às grandes linhas,
pondo de parte o s problem as difíceis das signi
ficações diversas de palavras com o o Karman
(o «a cto») ou o âtmrni (o «e u »), ou as diversas
concepções do ioga ou do samâdhi (en-stase,
segundo o term o forja d o por M ircea Eliade, de
preferência a ex-sta se) .
Sublinhemos, em prim eiro lugar, duas ©posi
ções m uito gerais. Prim eiramente, a Índia não
tem de m odo nenhum, com o o Ocidente, o culto
das estruturas mentais, esse cu lto que, já tão
sensível em Platão, desabrochará n o tom ism o ou
no cartesianism o. Sem dúvida que certas ten
B — A medicina grega
As obras (E3 OS HOMENS. —<A p ó s u m p erío d o m ito
ló g ic o (H o m e r o ), v ê -s e a & a recer v/ma co n fr a ria de
m éd ico s q u e p reten d em d escen d er d e A s c lé p io (o u
E s cu lá p io ), filh o d e A p o io , o s A s c le p ia d e s ; o s m éd ico s
la ico s su b stitu em os s e r v id o r es d os sa n tu á rio s m éd ico s
co m o E p id a u ro. D es en v o lv em -se v á ria s e sc o la s e in sta u
r a -s e u m a m ed icin a in sp ira d a n o s p rim eiro s filó s o fo s
( f í s i c o s ): d ev em o s nota/r os n o m es d e A lcm éo n d e O ro-
Um a, d e A n a x á g o ra s, d e E m p éd o cles. H ip ó c ra te s, da
í*
Saber-161 — 8
114 JEAN CBATEAV
C — O estoicismo
T rês é p o c a s :
1 — 0 A ntigo Estoicism o. T rês m es tr es da
e sco la , o s t r ê s d e o r ig e m a siá tica . Z en ã o d e
AS GRANDES PSICOLOGIAS NA ANTIGÜIDADE 117
o MUNDO
AS FUNÇÕES COGNITIVAS
1 — A m ão estendida: é a representação
com preensiva ( phcmtasia katalep-
tík ê) ;
2 — ' A m ão ligeiram ente flectid a: o assen
tim ento ( sugkatathesis) ;
3 — A m ão fechada: a com preensão (Icata-
Tepsis)■;
4 — A mão fechada apertada pela outra
m ão: a ciência ( epistêm ê) .
Saber-161 — 9
130 JEAN CHÂTEAÜ
AS VIRTUDES E AS PAIXÕES
1 — >0 conhecimento
2 — A alma
Saber-161 — 10
146 JEAN CHATEAU
3 — O tem po
1 — O m étodo
2 — O conhecimento humano
Saber-161 —11
162 JEAN CHATEAU
3 — A visão interior
4 — O tempo
Saber-161 — 12
178 JEAN CHATEAU
6 — O conhecimento e o verbo
OBRAS GERAIS
PLATAO
ARISTÓTELES
OS VITALISMOS ANTIGOS
EPICURO E LUCRÉCIO
L u c r é c i o — De natura rerum
(trad. Eraout), Les
Belles-Lettres, e 2 volumes de comentários por
Robin, 1925-1926.
SoloviNE — Epicure, doctrmes et maximes, Alcan,
1925.
Actes du VHIè congrès de Vassociation, G. Budé,
Les Belles-Lettres, 1969.
J. Brun — Uepicurisme, PUF, 1959.
Rodis-L ewis — Epicure et son école, Gallimard, 1975
(excel. bibliografia).
SANTO AGOSTINHO