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& EMPRESAS
MARÇO E ABRIL 2020 | N.º 62 | 2ª SÉRIE
CONTABILIDADE
• Declaração modelo 22 tem novo prazo até 31 de julho
• Preenchimento da declaração Modelo 22 de IRC:
Oportunidades e desafios
FISCALIDADE
• Combate ao branqueamento de capitais com regras
mais exigentes
• Transposta diretiva sobre troca de informação fiscal
SETORES
• Processos de jurisdição fiscal sujeitos a tramitação
eletrónica
ASSOCIATIVISMO
• STI insiste na regulamentação do diploma de carreiras
BREVEMENTE DISPONÍVEL
Novidade
DIREITO A obra mais completa.
3ª Edição revista e ampliada
Um manual prático e conciso: TRIBUTÁRIO 2020 Edição atualizada com
o Orçamento do Estado de 2020
• Introdução clara e objetiva ao Regulamento Ge- 23ª EDIÇÃO
ral de Proteção de Dados;
• Resposta às dúvidas mais frequentes relaciona-
das com os novos conceitos, direitos e obriga-
TODOS OS CÓDIGOS FISCAIS *
ções decorrentes do Regulamento;
• Guião das medidas técnicas e organizacionais a
implementar para garantir a conformidade com LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR
o Regulamento e evitar coimas;
• Guião das medidas de segurança informática, de UMA OBRA DE REFERÊNCIA REVISTA
segurança física, procedimentos a implementar E ATUALIZADA ATÉ AO ORÇAMENTO 2020
para garantir a conformidade com o Regulamen-
to.
• Minutas dos vários documentos (clausulas con-
A 23ª edição contém:
tratuais, políticas de privacidade, etc.)
• Anotações;
• Glossário com os termos do regulamento;
• Legislação Complementar;
• Regulamento (EU) 2016/679 do Parlamento e do
Conselho, de 27 de abril de 2016. • Remissões revistas;
• Índices, incorporados no início de cada código
e no final um Índice Geral Remissivo de todos
Fique a par dos novos conceitos, novos direitos e
os códigos e legislação complementar.
novas obrigações introduzidas no regime jurídico
da proteção dos dados pessoais.
* Não integra os Códigos do CIEC e CISV.
Evite as elevadas coimas e esteja em conformidade
IMEDIATO
com o disposto no RGPD ou na Lei n.º 58/2019.
IMEDIATO
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Editorial
GUILHERME OSSWALD
guilhermeosswald@vidaeconomica.pt
EDITOR OPINIÃO
Guilherme Osswald
A importância do valor aduaneiro em sede de IVA.................................................... 22
A gestão e o seu controlo........................................................................................... 24
COLABORADORES
Abílio Marques FISCALIDADE
Agostinho Manuel dos Santos Costa Lista das jurisdições fiscais não cooperantes foi atualizada.......................................... 29
Bruno José Machado de Almeida Combate ao branqueamento de capitais com regras mais exigentes............................ 31
Catarina Fernandes Grandes economias europeias insistem na taxa Google.............................................. 32
Cristina Costa Pinto Transposta diretiva sobre troca de informação fiscal................................................... 33
Guilherme Osswald
José Alberto Pinheiro Pinto SETORES
LIVROS
março/abril 2020
Este suplemento faz parte integrante Regulamento Geral de Proteção de Dados................................................................. 50
da Vida Económica Contabilidade analítica.............................................................................................. 50
nº 1826, de 27.3.2020
Matemática financeira............................................................................................... 50
Declaração modelo 22
tem novo prazo até 31 de julho
JORGE CARRAPIÇO As entidades residentes podem dividir-se entre aque-
Consultor da OCC
las que exercem a título principal atividade comercial,
industrial ou agrícola, tais como as sociedades comer-
Introdução
ciais ou cooperativas, e as entidades que não exercem a
título principal atividade comercial, industrial ou agrí-
A Declaração Modelo 22 tem por propósito o cum-
cola (entidades sem fins lucrativos), tais como associa-
primento da obrigação declarativa relativa ao cálculo do
ções ou fundações.
IRC a pagar pelos sujeitos passivos em território por-
As entidades não residentes estão divididas entre
tuguês.
aquelas que obtenham rendimentos em território por-
O objetivo é efetuar o apuramento do IRC a pa-
tuguês através de estabelecimento estável aqui situado
gar ao estado português, através de autoliquidação pelo
ou aquelas que obtenham rendimentos em território
próprio sujeito passivo, ou seja, o apuramento do IRC é
português que não seja imputável a estabelecimento es-
efetuado com base nas informações incluídas nos vários
tável em Portugal.
quadros e anexos da Declaração Modelo 22.
A Modelo 22 está estruturada em função dos pro-
1. Sujeitos passivos residentes que exercem a tí-
cedimentos necessários para o apuramento do IRC, se-
tulo principal atividade comercial, industrial ou
guindo a própria estrutura do Código do IRC.
agrícola
Os quadros 01 a 05 incluem informação sobre a
identificação do período de tributação, do enquadra-
Estes sujeitos passivos são normalmente tributados
mento do sujeito passivo, do regime de tributação e do
em IRC de acordo com o regime geral, podendo ain-
tipo de declaração.
da optar pelo regime simplificado de determinação da
Os quadros 07 a 10 são utilizados para a determinar
matéria coletável, ou ficarem abrangidos pelo regime de
o IRC a autoliquidar.
transparência fiscal (sem prejuízo de algumas isenções
Os quadros 11 a 14 incluem informação comple-
ou regimes de reduções de taxas para situações parti-
mentar para efeitos de controlo de dados incluídos nos
culares).
quadros anteriores de determinação do IRC.
O objetivo deste artigo é efetuar uma explicação su-
mária dos quadros e das obrigações associadas ao preen-
chimento da Modelo 22.
O preenchimento da Modelo 22 depende do tipo 1.1. Regime Geral
de sujeito passivo e do regime de tributação aplicável a
cada um.
Importa notar que a entrega da Declaração foi alte-
rada, passando para o dia 31 de julho, tendo em conta
a crise sanitária. Entretanto, foi também promulgado
o Orçamento de Estado, sendo previsível que venha a Em primeiro lugar, haverá que referir que com o De-
ocorrer um Orçamento Retificativo que poderá ter in- creto-Lei nº 159/2009, de 13 de julho, passou a existir
fluência na preparação da Declaração 22. uma maior aproximação entre a contabilidade e a fisca-
lidade, face ao modelo de dependência parcial das regras
Tipos de sujeitos passivos de IRC fiscais às normas contabilísticas, previsto no artigo 17º
do CIRC.
O Código do IRC prevê quatro tipos de sujeitos Esse modelo de dependência parcial determina que
passivos, estabelecendo regras distintas de apuramento o lucro tributável é apurado de acordo com o resultado
e pagamento de imposto e de obrigações declarativas. líquido contabilístico corrigido pelas disposições fiscais
previstas no CIRC. Assim, quando o CIRC determina te momento, não existem tais benefícios fiscais previstas
uma regra própria, há que corrigir o resultado líquido no CIRC, EBF ou qualquer outra legislação avulsa.
contabilístico para obter o resultado fiscal.
Todavia, quando o CIRC não preveja qualquer tra- Matéria coletável = Lucro tributável
tamento específico, a regra é aceitar para efeitos fiscais – prejuízos fiscais (- benefícios fiscais por
os procedimentos e o tratamento contabilístico, con- dedução ao lucro tributável)
forme previsto no 6º parágrafo do preâmbulo do DL Dedução de prejuízos fiscais
159/2009: “A manutenção do modelo de dependência
parcial determina, desde logo, que, sempre que não es- Os prejuízos fiscais gerados em exercícios iniciados
tejam estabelecidas regras fiscais próprias, se verifica o antes de 1 de janeiro de 2010 podem ser reportados por
acolhimento do tratamento contabilístico decorrente um período de 6 anos.
das novas normas". Os prejuízos fiscais gerados em exercícios iniciados
Face a este conceito na determinação do lucro tribu- entre 1 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2011
tável em termos de IRC, as opções pelas mensurações podem ser reportados por um período de 4 anos.
contabilísticas dos ativos têm um impacto significativo Os prejuízos fiscais apurados a partir de 1 de janeiro
no apuramento do IRC. de 2012 até 31 de dezembro de 2013 podem ser repor-
tados por um período de 5 anos.
Determinação do lucro tributável/prejuízo fiscal Os prejuízos fiscais gerados em exercícios iniciados
(Quadro 07) em ou após 1 de janeiro de 2014 podem ser reportados
por um período de 12 anos.
Para este tipo de sujeitos passivos, o cálculo do IRC Desde 1 de janeiro de 2014, a dedução de prejuízos
inicia-se a partir do resultado líquido do período (RLP), fiscais, incluindo os prejuízos fiscais apurados antes de
determinado de acordo com as regras contabilísticas 1 de janeiro de 2014, encontra-se limitada a 70% do
(SNC, IAS/IFRS ou outras), indicado no campo 701 lucro tributável apurado no exercício em que seja reali-
do quadro 07 da Declaração Modelo 22. zada a dedução.
As correções fiscais ao RLP previstas nos artigos Os prejuízos fiscais gerados em exercícios iniciados
17º a 51º do CIRC (e diplomas avulsos, p.e., EBF, DR em ou após 1 de janeiro de 2017 podem ser reporta-
25/2009 e outros) são efetuadas no quadro 07 da Mo- dos por um período de 5 anos, exceto se for uma PME
delo 22, atendendo aos procedimentos e limitações fis- que mantém a possibilidade de dedução durante 12
cais aí previstas e face aos tratamentos contabilísticos do anos.
reconhecimento de rendimento e gastos nos resultados A partir de janeiro de 2017, foram revogadas as
do período ou outras alterações de capital próprio rela- regras de utilização de prejuízos fiscais que preveem a
cionadas com a atividade da empresa. dedução, em primeiro lugar, daqueles que foram gera-
O RLP corrigido das disposições fiscais referidas dos também em primeiro lugar (critério FIFO). Sendo
determina a obtenção do lucro tributável ou prejuízo assim, passa a ser permitida a dedução em primeiro lu-
fiscal. gar daqueles prejuízos cujo período de reporte se esgota
primeiro.
tamente anterior, um montante anual ilíquido de - 0,04 das vendas de mercadorias e produtos, bem
rendimentos não superior a J 200 000; como das prestações de serviços efetuadas no âmbito
- O total do seu balanço relativo ao período de tri- de atividades hoteleiras e similares, restauração e be-
butação imediatamente anterior não exceda J 500 bidas, com exceção daquelas que se desenvolvam no
000; âmbito da atividade de exploração de estabelecimen-
- Não estejam legalmente obrigados à revisão legal tos de alojamento local na modalidade de moradia
de contas; ou apartamento;
- O respetivo capital social não seja detido em mais - 0,75 dos rendimentos das atividades profissionais
de 20%, direta ou indiretamente, nos termos do n.º constantes da tabela a que se refere o artigo 151.º do
6 do artigo 69.º do CIRC, por entidades que não Código do IRS;
preencham alguma das condições previstas nas alí- - 0,10 dos restantes rendimentos de prestações de
neas anteriores, exceto quando sejam sociedades de serviços e subsídios destinados à exploração;
capital de risco ou investidores de capital de risco; - 0,30 dos subsídios não destinados à exploração;
- Adotem o regime de normalização contabilística - 0,95 dos rendimentos provenientes de contratos
para microentidades aprovado pelo Decreto-Lei n.º que tenham por objeto a cessão ou utilização tem-
36-A/2011, de 9 de março; porária da propriedade intelectual ou industrial ou
- Não tenham renunciado à aplicação do regime nos a prestação de informações respeitantes a uma expe-
três anos anteriores, com referência à data em que se riência adquirida no setor industrial, comercial ou
inicia a aplicação do regime. científico, dos outros rendimentos de capitais, do
O nº 4 e alínea a) do nº 6 ambos do artigo 86º-A do resultado positivo de rendimentos prediais, do saldo
CIRC estabelecem que o regime simplificado cessa quan- positivo das mais e menos-valias e dos restantes in-
do se deixem de se verificar os referidos requisitos, sendo crementos patrimoniais;
essa cessação reportada ao primeiro dia do período de tri- - 1,00 do valor de aquisição dos incrementos patri-
butação em que se deixaram de verificar esses requisitos. moniais obtidos a título gratuito determinado nos
A opção pelo regime simplificado de IRC num de- termos do n.º 2 do artigo 21.º;
terminado período de tributação pode ser efetuada me- - 0,35 dos rendimentos da exploração de estabeleci-
diante a entrega da declaração de alterações da ativida- mentos de alojamento local na modalidade de mo-
de até ao fim do 2.º mês do período de tributação no radia ou apartamento.
qual pretendam iniciar a aplicação desse regime (final
de fevereiro do período de tributação em causa), caso Coleta de IRC do regime simplificado
cumpra os requisitos previstos no nº 1 do artigo 86º-A
do CIRC.
As taxas de IRC aplicáveis aos sujeitos passivos que
optaram pelo regime simplificado de determinação da
Determinação da matéria coletável do regime
matéria coletável são as taxas previstas no n.º 2 do artigo
simplificado
87.º do Código do IRC. 17% para os primeiros 15.000
euros de matéria coletável e 21% para o excedente.
Os sujeitos que optem pelo regime simplificado de
A aplicação da taxa de 17% aos primeiros J
determinação da matéria coletável não são tributados
15.000,00 de matéria coletável está sujeita às regras eu-
em IRC em função do lucro obtido no período, pelo
ropeias aplicáveis em matéria de auxílios "de minimis".
que não preenchem o quadro 07 da Modelo 22, nem
podem deduzir prejuízos fiscais determinados no regi-
Tributações autónomas no regime simplificado
me geral em períodos anteriores.
A matéria coletável do regime simplificado de IRC
De acordo com o n.º 15 do artigo 88.º do CIRC, não
é apurada pela aplicação de coeficientes aplicados aos
são aplicáveis aos sujeitos passivos enquadrados neste re-
vários tipos de rendimentos brutos obtidos pelo sujeito
passivo. gime as taxas de tributação autónoma relativas a:
O artigo 86º-B do Código do IRC estabelece os coe- - Despesas de representação;
ficientes para a determinação da matéria coletável para - Ajudas de custo e deslocações em viatura própria
efeitos do regime simplificado de IRC, que são: do trabalhador;
- Lucros distribuídos por entidades sujeitas a IRC a gamento do IRC da modelo 22 são similares aos descri-
sujeitos passivos total ou parcialmente isentos; tos para o regime geral de IRC.
- Indemnizações, bónus e outras remunerações va-
riáveis a gestores, administradores ou gerentes. 1.3. Regime de transparência fiscal
Assim, apenas são tributados autonomamente, no
regime simplificado:
- Despesas não documentadas;
- Encargos relacionados com viaturas ligeiras de pas-
sageiros, motos ou motociclos, excluindo os veículos
movidos exclusivamente a energia elétrica;
- As despesas correspondentes a importâncias pagas
ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou Estão abrangidas obrigatoriamente pelo regime de
coletivas residentes fora do território português e aí transparência fiscal as seguintes entidades:
submetidas a um regime fiscal claramente mais fa- - Sociedades civis não constituídas sob forma comer-
vorável, salvo se o sujeito passivo provar que corres- cial;
pondem a operações efetivamente realizadas e não - Sociedades de profissionais;
têm um caráter anormal ou um montante exagerado. - Sociedades de simples administração de bens;
Dado que os sujeitos passivos do regime simplifica- - ACE e AEIE.
do não apuram prejuízo fiscal, o agravamento de dez Iremos apenas abordar as sociedades de profissio-
pontos percentuais das taxas de tributação autónoma nais, que são aquelas cujo universo de âmbito de aplica-
previsto no n.º 14 do artigo 88.º não se lhes aplica. ção do regime de transparência fiscal é mais abrangente.
Deduções à coleta no regime simplificado Enquadramento das sociedades comerciais de
Face ao disposto no n.º 8 do artigo 90.º do CIRC, profissionais abrangidos pelo regime
os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado de transparência fiscal:
não têm direito a benefícios fiscais que operem por de-
Em termos contabilísticos e da legislação comercial,
dução à coleta.
as relações entre os sócios de uma sociedade transparen-
Por outro lado, o n.º 8 do artigo 90.º do CIRC in-
te (sociedades de profissionais) e entre estes e a própria
dica que à coleta destes sujeitos passivos apenas são de
sociedade são determinadas de acordo com as regras do
efetuar as deduções relativas à dupla tributação jurídica
Código das Sociedades Comerciais, tendo exatamente
internacional e às retenções na fonte não suscetíveis de
as mesmas obrigações e direitos que as restantes socie-
compensação ou reembolso.
dades comerciais.
Cálculo do IRC Os sócios de uma sociedade transparente têm direi-
to aos lucros gerados pela própria sociedade de acordo
Os sujeitos passivos a que seja aplicado o regime com o definido no contrato de sociedade ou deliberado
simplificado de determinação da matéria coletável estão em Assembleia Geral.
dispensados, nos termos da alínea d) do n.º 11 do artigo A divisão dos lucros é normalmente em função da
106.º do CIRC, de efetuar o pagamento especial por respetiva participação na sociedade ou numa proporção
conta (PEC). distinta dessa participação, se existir uma deliberação
Os sujeitos passivos que optem pelo regime simpli- nesse sentido, aprovada por uma maioria de três quartos
ficado não estão sujeitos ao cumprimento da obrigação dos votos expressos.
de pagamento da derrama municipal, prevista no n.º 1 Atendendo a estas normas societárias, é possível efe-
do artigo 18.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, tuar “retiradas” da sociedade pelos sócios, mas apenas
uma vez que esta incide sobre o lucro tributável sujeito no âmbito de uma deliberação de distribuição de lu-
e não isento de IRC e os sujeitos passivos abrangidos cros em Assembleia Geral de Sócios, podendo a mes-
por este regime não procedem ao apuramento do lucro ma acontecer no momento da aprovação das contas ou
tributável, mas sim da matéria coletável. num momento anterior, aprovando-se adiantamentos
Os restantes procedimentos de preenchimento e pa- por conta de lucros.
Como se verifica, em termos contabilísticos e socie- adiantamento por conta de lucros, quando este for su-
tários, não se imputa a matéria coletável aos sócios, sen- perior ao valor da percentagem da imputação ao sócio
do esse procedimento meramente fiscal. da matéria coletável apurada da sociedade transparente.
A imputação e tributação dos valores atribuídos aos Outro procedimento importante é a possibilidade
sócios acontece independentemente de existir ou não de fazer-se ajustamentos ao valor da imputação aos só-
distribuição de lucros por parte da sociedade, sendo cios em anos posteriores, quando se tenham tributado
esta uma das grandes diferenças que existe entre uma antes os referidos adiantamentos, de forma a eliminar
sociedade enquadrada no regime geral e uma outra en- qualquer duplicação de tributação.
quadrada no regime de transparência fiscal: a qualifica- De acordo com este tratamento fiscal das sociedades
ção (para efeitos fiscais) da operação de distribuição de abrangidas pelo regime de transparência fiscal, conclui-
lucros. -se que o que irá ser tributado em termos de IRS na
O tratamento contabilístico dos lucros da socieda- esfera dos sócios é a matéria coletável (na devida pro-
de transparente apurados em determinado exercício é porção) da sociedade e não os lucros distribuídos pela
exatamente idêntico às sociedades comerciais, devendo sociedade aos sócios, exceto se tais montantes forem su-
o mesmo ser transferido para resultados transitados no periores a essa matéria coletável.
início no ano seguinte ao período em causa, e a seguir O regime de transparência fiscal previsto no Códi-
ser transferido para as respetivas contas dos sócios, re- go do IRC estabelece que os sujeitos passivos por ele
servas legais ou outra situação, em função da delibera- abrangidos não ficam sujeitos a IRC, com exceção das
ção na Assembleia Geral de aprovação de contas e apli- tributações autónomas.
cação de resultados.
O cálculo da estimativa de imposto corrente, a regis- Determinação do lucro tributável e matéria
tar no final de cada período, tem apenas a componente coletável no regime de transparência fiscal
das tributações autónomas, atendendo a que a socieda-
de apenas fica sujeita a pagar tributações autónomas de A matéria coletável de IRC dessas entidades enqua-
IRC, conforme previsto no artigo 12º do Código do dradas no regime de transparência fiscal é apurada de
IRC. forma similar ao regime geral de IRC, tal como expli-
No regime de transparência fiscal, a distribuição de cado em cima. As entidades abrangidas pelo regime de
lucros é excluída do conceito de rendimentos de capitais transparência fiscal não podem optar pelo regime sim-
(na esfera do beneficiário), logo, os sócios, ainda que plificado de determinação da matéria coletável.
possuindo personalidade jurídica autónoma, podem Para além das limitações previstas no CIRC, existem
dispor dos meios financeiros da sociedade sem que haja restrições adicionais, como, por exemplo, as relaciona-
lugar a retenção na fonte, naturalmente tendo em con- das com gastos de viaturas utilizadas pelas sociedades
sideração as limitações impostas pelo Código das Socie- abrangidas pelo regime de transparência fiscal.
dades Comerciais. De acordo com a Portaria n.º 1041/2001, de 28 de
Neste regime, a tributação ocorre apenas no final de agosto, estipula-se, no seu ponto 3, que: “O número
cada período económico, sendo o rendimento apurado de viaturas ou veículos afetos ao exercício das respeti-
na sociedade imputado à esfera pessoal dos sócios como vas atividades, independentemente do título por que a
um rendimento líquido da categoria B, mesmo que os afetação se opere, exceto relativamente aos de cilindra-
sócios deliberem não existir distribuição dos lucros ge- da inferior a 125 cm3, é limitado a uma unidade (…),
rados. por sócio, no caso de sociedade de profissionais sujeita
Assim, os adiantamentos por conta de lucros efe- ao regime de transparência fiscal, e por trabalhador ao
tuados pelos sócios das sociedades de profissionais, tal serviço dos referidos sujeitos passivos, quando, em qual-
como os lucros do período distribuídos, não estão sujei- quer caso, seja comprovada a indispensabilidade do seu
tos a retenção na fonte, nos termos da alínea h) do n.º 2 uso”.
do artigo 5º do CIRS, na medida em que não revestem Estas entidades abrangidas pelo regime de transpa-
a natureza de rendimentos de capitais, visto que se con- rência fiscal preenchem a modelo 22 até ao quadro 09,
sideram excluídos da Categoria E de IRS. forma similar ao regime geral de IRC, não determinan-
Todavia, já desde o exercício de 2009, que é consi- do qualquer valor de IRC a pagar, sem prejuízo de indi-
derado, para efeitos de tributação ao sócio, o valor desse cação das tributações autónomas no quadro 10.
Deduções à coleta no regime de transparência e prestações de serviços no exercício dos fins estatutá-
fiscal rios, que são necessariamente auferidos para além das
quotas dos associados e outros rendimentos relaciona-
Nos termos do n.º 5 do artigo 90.º do CIRC, as dos com os fins estatutários.
deduções à coleta previstas nesse artigo (referidas no Estas entidades são normalmente constituídas para
regime geral) são imputadas aos respetivos sócios ou exercer os fins estatutários definidos nos respetivos esta-
membros nos termos estabelecidos no n.º 3 desse artigo tutos pelos associados, no entanto, para ajudar a equi-
e deduzidas ao montante apurado com base na matéria librar os orçamentos anuais, podem ainda obter rendi-
coletável que tenha tido em consideração a imputação mentos acessórios a esses fins, incluindo rendimentos de
prevista no mesmo artigo. caráter comercial, industrial, agrícola, prediais, capitais
e outros incrementos patrimoniais não destinados dire-
Derrama municipal tamente aos referidos fins.
Estes diferentes tipos de rendimentos que podem
As entidades sujeitas ao regime de transparência fis- ser obtidos pelas entidades sem fins lucrativos têm um
cal, não obstante serem sujeitos passivos de IRC, “... enquadramento diverso em termos de IRC, não sendo
não são tributadas em IRC, salvo quanto às tributações sujeitos a tributação numa lógica de apuramento de um
autónomas”, pelo que esta norma de não tributação leva lucro da entidade, tal como já referido acima.
a concluir que o lucro tributável por elas obtido não é Há, portanto, que compartimentar os diferentes ti-
passível de tributação em IRC. pos de rendimentos auferidos pela associação efetuando
Assim, a derrama municipal não abrange, na sua in- o respetivo enquadramento para efeitos de IRC.
cidência objetiva, o lucro tributável das sociedades ou Há que identificar: rendimentos não sujeitos a IRC;
entidades transparentes. rendimentos sujeitos, mas isentos de IRC. e rendimen-
tos tributáveis em IRC.
2. Sujeitos passivos residentes que NÃO exercem Esta diferença na tributação dos rendimentos das as-
a título principal atividade comercial, industrial sociações tem ainda implicação no preenchimento das
ou agrícola declarações fiscais, conforme se explica mais abaixo.
As quotas recebidas dos associados nos termos dos
Em termos de IRC, as entidades sem fins lucrativos estatutos e os subsídios destinados a financiar a ativida-
(p.e., associações, fundações, entidades religiosas) são de estatutária são considerados como rendimentos não
consideradas sujeitos passivos desse imposto, conforme sujeitos a IRC, nos termos do nº 3 do artigo 54º do
dispõe a alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código deste CIRC.
imposto. As doações obtidas destinadas direta e imediatamen-
No entanto, essas entidades sem fins lucrativos, não te aos fins estatutários são consideradas como rendi-
exercendo, a título principal, atividade de natureza co- mentos isentos de IRC, nos termos do nº 4 do artigo
mercial, industrial ou agrícola, o IRC incide sobre o 54º do CIRC.
rendimento global, ao invés do lucro, como acontece As vendas de bens, prestações de serviços e outros
com as sociedades comerciais. rendimentos obtidos no exercício dos fins estatutários
Este rendimento global corresponde à soma algébri- são rendimentos sujeitos a IRC, podendo ser tribu-
ca dos rendimentos das diversas categorias consideradas tados como rendimento global, conforme explicado
para efeitos de IRS, conforme estabelece a alínea b) do adiante.
n.º 1 do artigo 3.º do Código do IRC. No entanto, estes rendimentos auferidos no exercí-
Enquanto realidade diversa do lucro, o rendimento cio dos fins estatutários podem ser considerados como
global coloca aspetos específicos na sua quantificação e rendimentos isentos de IRC, nos termos do artigo 9º,
no modo de preenchimento da Modelo 22. 10º e 11º do Código de imposto, do Estatuto dos Bene-
As entidades sem fins lucrativos normalmente obtêm fícios Fiscais ou de outra legislação avulsa.
diferentes tipos de rendimentos destinados ao exercício Estas isenções de IRC podem ser obtidas em fun-
dos fins estatutários, como quotas dos associados, subsí- ção das características da própria entidade, designadas
dios de diversas entidades públicas e privadas e doações. como isenções subjetivas. Os exemplos da aplicação
Podem ainda obter rendimentos pela venda de bens dessas isenções subjetivas são as isenções para as IPSS,
para entidades do setor público ou entidades com esta- rados pelo apuramento do lucro tributável específico
tuto de utilidade pública (artigo 10º do CIRC). dessa atividade, determinados pelo respetivo resultado
A isenção de IRC do artigo 10º é abrangente, apli- líquido do período corrigidos nos termos das normas
cando-se a todos os rendimentos sujeitos a IRC obtidos fiscais (Código do IRC pela remissão do artigo 32º do
pela entidade, com exceção dos rendimentos acessórios CIRS).
de natureza comercial ou industrial e ainda a rendimen- Os rendimentos de capitais (categoria E), tal como
tos de capitais referentes a títulos ao portador. definidos no artigo 5º do CIRS, são tributados pelo res-
A isenção de IRC pode ainda ser aplicada aos ren- petivo montante obtido, não existindo deduções espe-
dimentos obtidos por este tipo de sujeitos passivos de cíficas que se possam efetuar, para além das regras de
IRC, designadas de isenções objetivas, como rendi- determinação do respetivo rendimento.
mentos obtidos pelo exercício de atividades culturais, Os rendimentos prediais (categoria F), tal como de-
desportivas e recreativas, desde que a associação esteja finidos no artigo 8º do CIRS, são tributados pelo rendi-
legalmente constituída para o exercício dessas ativida- mento obtido deduzido de todos os gastos efetivamente
des e cumpra os restantes requisitos previstos no artigo suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou
11º do CIRC. garantir tais rendimentos, com exceção dos gastos de
Os rendimentos acessórios aos fins estatutários de natureza financeira, dos relativos a depreciações e dos
qualquer atividade comercial, industrial ou agrícola relativos a mobiliário, eletrodomésticos e artigos de
exercida, ainda que em ligação com essas atividades, não conforto ou decoração, por ele sejam suportadas e se en-
podem ser enquadrados na referida isenção do artigo contrem documentalmente provadas, bem como o im-
11º do CIRC, sendo tributáveis nesse imposto como posto municipal sobre imóveis que incide sobre o valor
rendimento global. dos prédios ou parte de prédios cujo rendimento tenha
O rendimento global não é determinado de acordo sido englobado, e despesas de condomínio quando se
com um apuramento de lucro (rendimentos líquidos trate de rendimentos provenientes de frações autóno-
de gastos) tal como uma sociedade comercial, mas pela mas, conforme previsto no artigo 41º do CIRS.
soma de vários tipos de rendimentos obtidos, comparti- Os rendimentos de incrementos patrimoniais, des-
mentando-os pelas várias categorias de IRS. de que sujeitos a tributação em IRC, são determina-
De acordo com o artigo 53º do CIRC, o rendimento dos pelo montante obtido, sem possibilidade de efetuar
global sujeito a imposto é formado pela soma algébrica qualquer dedução específica, conforme o artigo 42º do
dos rendimentos líquidos das várias categorias do IRS, e CIRS.
dos incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito. A exceção a esta regra são os rendimentos de incre-
Dado que as Categorias A e H são relativas a ren- mentos patrimoniais relativos a mais-valias, que serão
dimentos auferidos apenas por pessoas singulares, as determinados, genericamente, pela diferença entre o
categorias de rendimentos que integram o rendimento valor de realização e o valor de aquisição do respetivo
global das pessoas coletivas apenas podem respeitar às item, nos termos das regras previstas nos artigos 43º a
categorias B, E, F e G. 52º do CIRS.
No caso das entidades sem fins lucrativos, os ren- Porém, no exercício das atividades estatutárias e de
dimentos empresariais (categoria B) têm de assumir atividades acessórias, a obtenção dos respetivos rendi-
um caráter acessório, pois, se a entidade que os auferir, mentos pode determinar que a entidade suporte encar-
exercendo, a título principal, uma atividade de natureza gos que não sejam específicos de uma dada atividade ou
comercial, industrial ou agrícola, a base de incidência categoria de rendimentos, mas que se mostrem indis-
do imposto já não será o rendimento global, mas sim pensáveis à obtenção de diversos tipos de rendimentos:
o lucro. são os designados gastos comuns.
Na prática, se a entidade obtiver algum rendimento O artigo 54º do CIRC dispõe que os gastos comuns
enquadrável nas características dessas categorias de IRS, sejam deduzidos de acordo com a seguinte proporção:
o rendimento líquido deve ser determinado de acordo B x C / (C+ D)
com as regras previstas nessas categorias, nomeadamen- Em que:
te quanto às deduções específicas (gastos). B = montante dos custos comuns ligados à obtenção
Os rendimentos acessórios de caráter comercial, de rendimentos sujeitos e não isentos e dos não su-
industrial ou agrícola (categoria B) devem ser conside- jeitos ou isentos;
C = montante dos rendimentos brutos sujeitos e não Não exercendo a título principal uma atividade co-
isentos; mercial, industrial ou agrícola, se existirem rendimentos
D = montante dos rendimentos brutos não sujeitos sujeitos e não isentos de IRC, a taxa a aplicar à associação
ou isentos. é de 21%, conforme o n.º 5 do artigo 87º do CIRC.
O mesmo normativo, no entanto, dá a possibilida- No que concerne às obrigações declarativas, as entida-
de de adoção de outro critério considerado mais ade- des que não exercem, a título principal, uma atividade de
quado aceite pela Autoridade Tributária e Aduaneira, natureza comercial, industrial ou agrícola e que, por isso,
devendo evidenciar-se essa repartição na declaração de são tributadas com base no rendimento global, deve ter-se
rendimentos. presente algumas particularidades aquando do preenchi-
No caso de a associação obter este tipo de rendimen- mento da declaração de rendimentos Modelo 22:
tos acessórios não abrangidos pelas referidas isenções ou
não sujeição a IRC, de acordo com a alínea b) do n.º Rosto:
1 do artigo 15.º do CIRC, a matéria coletável obtém-
-se pela dedução ao rendimento global, incluindo in-
crementos patrimoniais a título gratuito, apurado nos
termos do artigo 53.º do CIRC, dos gastos comuns e
outros imputáveis aos rendimentos sujeitos a imposto e
não isentos, nos termos do artigo 54.º, bem como dos
benefícios fiscais eventualmente existentes que consis-
Quadro 03 — Identificação e Caracterização do
tam em deduções àquele rendimento.
Sujeito Passivo:
De acordo com o nº 7 do artigo 53º do CIRC, ao
Neste quadro deve-se assinalar o campo 3.2 – “Re-
rendimento global apurado são dedutíveis, até à res-
sidente que não exerce, a título principal, atividade
petiva concorrência, os gastos comprovadamente rela-
industrial, comercial ou agrícola”; o campo 4.1 – Regi-
cionados com a realização dos fins de natureza social,
me Geral, ainda que a taxa seja de 21%, este é o regime
cultural, ambiental, desportiva ou educacional prosse-
geral para este tipo de entidades, se obtiver rendimen-
guidos por essas pessoas coletivas ou entidades, desde
tos tributáveis; e o campo 4.3 – Isenção definitiva (ou
que não exista qualquer interesse direto ou indireto dos
4.4 – Isenção temporária) para os rendimentos isentos.
membros de órgãos estatutários, por si mesmos ou por
interposta pessoa, nos resultados da exploração das ati- Quadro 07 — Apuramento do Lucro Tributável:
vidades económicas por elas prosseguidas. Não se preenche este quadro; o resultado líquido
Resumidamente, pode construir-se a seguinte fór- das atividades tributáveis e o respetivo apuramento do
mula para determinar a matéria coletável das entidades lucro tributável é efetuado no Anexo D da IES.
que não exercem, a título principal, atividade indus- Quadro 09 – Apuramento da Matéria Tributável:
trial, comercial ou agrícola: Indicar lucro tributável dos rendimentos tributá-
veis no regime geral – campo 302;
Indicar lucro tributável dos rendimentos isentos no
Rendimento Global = Rendimentos brutos das regime com isenção – campo 324;
várias categorias de IRS – deduções específicas Indicar Matéria coletável – Campo 311 (e/ou 333)
+ Incrementos patrimoniais a título gratuito e 346
(não imputados direta e imediatamente aos fins
estatutários) Quadro 10 – Cálculo do imposto:
Imposto a outras taxas – Campo 348: 21%; Campo
349.
Matéria coletável = Rendimento global – Gastos No Quadro 10 deve ainda ser preenchido o campo
comuns e outros imputáveis aos rendimentos relativo a tributações autónomas, que se apliquem às
sujeitos a imposto e não isentos – Benefícios fiscais entidades que não exerçam, a título principal, ativida-
- Gastos comprovadamente relacionados com a des de natureza comercial, industrial ou agrícola.
realização dos fins de natureza social, cultural, Anexo D – Modelo 22:
ambiental, desportiva ou educacional prosseguidos. Quadro 03 – Rendimentos isentos:
Deve ser indicado o montante dos rendimentos líqui- delo 22, para o apuramento do IRC a pagar através de au-
dos que beneficiam de isenção de IRC (rendimentos posi- toliquidação desse imposto (nº 4 do artigo 120º do CIRC).
tivos), incluindo os incrementos patrimoniais destinados
direta e imediatamente aos fins estatutários. Taxa de IRC
Há que incluir os rendimentos isentos no campo apro-
priado em função da isenção aplicável aos rendimentos Estas entidades aplicam a taxa de 21%. Estão ainda
da entidade do setor não lucrativo. Se os rendimentos be- abrangidas pela taxa de 17% para os primeiros 15.000
neficiarem de uma isenção de IRC não prevista nos cam- euros de matéria coletável, se forem consideradas como
pos disponíveis, devem ser incluídos na linha em branco, PME, tendo por base a dimensão da entidade não resi-
efetuando-se a sua discriminação no dossier fiscal. dente como um todo e não apenas do estabelecimento
Os rendimentos não sujeitos a IRC, como as quotas e estável em Portugal.
os subsídios, não devem ser incluídos em qualquer decla-
ração (Modelo 22 ou anexo D da IES). 4. Sujeitos passivos não residentes sem
estabelecimento estável ou que obtenham
3. Sujeitos passivos não residentes rendimentos em território português não
com estabelecimento estável imputáveis a estabelecimento estável aqui
localizado
entidade com sede ou direção efetiva em Portugal (ou seja, Adicionalmente, deve proceder-se à entrega do Anexo
imputável a um estabelecimento estável aqui situado). E da IES até ao dia 15 de julho do ano seguinte ao pe-
Este tipo de rendimentos pode não ser considerado ríodo em que foi obtida a mais-valia, com o objetivo de
obtido em Portugal, ainda que seja devido por entidades determinar o apuramento desse rendimento (neste caso
residentes, quando sejam utilizados e realizados integral- no quadro 04 do anexo E da IES).
mente fora do território português ou respeitem a bens
situados fora desse território. Preenchimento da Modelo 22 (exemplos de
Os rendimentos obtidos por entidades não residentes alienação de um imóvel e obtenção de rendas)
sem estabelecimento estável são, normalmente, tributados
à taxa de IRC de 25%, seja por retenção na fonte (nº 4 Caso obtenha, no período de tributação, simultanea-
do artigo 94º do CIRC) ou por autoliquidação (nº 4 do mente, rendimentos pela alienação de imóvel e pela ob-
artigo 87º do CIRC). tenção de rendas, a entidade deve proceder à submissão de
2 declarações Modelo 22 distintas, uma com a indicação
Rendimentos que NÃO obrigam à submissão do rendimento relativo à transmissão do imóvel e outra
da Modelo 22 com os rendimentos das rendas. Ambas as declarações de-
vem ser submetidas até ao 30º dia seguinte à da cessação
Quanto às obrigações declarativas, se os rendimentos da atividade, que é coincidente com a data da transmissão
obtidos em território português estiverem sujeitos a reten- do imóvel.
ção na fonte a título definitivo, tais como os rendimentos
Declaração Modelo 22 – (alienação do imóvel):
de prestações de serviços, royalties, comissões e outros, a
entidade beneficiária, não residente sem estabelecimento Quadro 01 - Período de tributação
estável, não tem qualquer obrigação declarativa em Portu- No caso de rendimentos relativos a alienação de bens
gal, pois o imposto é liquidado e entregue ao Estado por- imóveis (categoria G – Mais-Valias), indicar no campo 1
tuguês pela entidade residente devedora do rendimento, o período de tributação de 1 de janeiro do ano X até ao
conforme o nº 4 do artigo 120º do CIRC. dia da alienação desse imóvel. Nesta situação, a Mod. 22
Para este tipo de rendimentos, essa entidade não resi- terá que ser entregue até 30 dias após esse dia da alienação
dente não tem que submeter Modelo 22, sendo tributada do imóvel.
por retenção na fonte efetuada pela entidade devedora
portuguesa. Quadro 03 - Identificação e Caracterização do Sujeito
Passivo:
Rendimentos que obrigam à submissão
da Modelo 22
Quadro 07 - Apuramento do Lucro Tributável: Indicar Matéria coletável - Campo 311 e campo 346.
Não se preenche este quadro; o apuramento do lucro
tributável é efetuado no Anexo E da IES. Quadro 10 - Cálculo do imposto:
Imposto a outras taxas - Campo 348: 25%; Campo
Quadro 08 - Regimes de taxas: 349 - valor do imposto.
Assinalar o campo 263 - Taxa 25%.
IES:
Quadro 09 - Apuramento da Matéria Tributável:
Indicar lucro tributável na coluna Regime geral - cam-
O Anexo E deve ser apresentado pelas entidades que
po 302, valores transportados do quadro 04 do Anexo E
não tenham sede nem direção efetiva em território por-
da IES.
tuguês e neste obtenham rendimentos imputáveis a esta-
Indicar Matéria coletável - Campo 311 e campo 346. belecimento estável aí situado, desde que relativamente
Quadro 10 - Cálculo do imposto: aos mesmos não haja lugar a retenção na fonte a título
Imposto a outras taxas - Campo 348: 25%; Campo definitivo, preenchendo os quadros 03 a 05 desse anexo
349 - valor do imposto. dependendo da categoria (IRS) de rendimento obtido.
O quadro 03 é preenchido quando a entidade obtiver
Declaração Modelo 22 – (Rendas): rendimentos prediais (categoria F de IRS), como rendas.
O quadro 04 será preenchido quando a entidade ob-
Quadro 01 - Período de tributação tenha rendimentos pela transmissão onerosa de imóveis
No caso de rendimentos relativos aos rendimentos do (categoria G de IRS). Neste quadro deverá proceder-se ao
arrendamento do imóvel (categoria E - Prediais), indicar apuramento das mais-valias geradas por essas transmissões
no campo 1 o período de tributação de 1 de janeiro do onerosas.
ano X (ou o dia do início da obtenção de rendas) até 31 Deve ser preenchido apenas um Anexo E, ainda que
de dezembro do ano X (ou até ao dia da cessação da ativi- se tenham que preencher duas Declarações Modelo 22.
dade). Nesta situação a Mod. 22 terá que ser entregue até
30 dias após esse dia da cessação da atividade. Sugestões finais de alterações e melhorias
Quadro 03 - Identificação e Caracterização do Sujeito na Modelo 22
Passivo:
Neste quadro deverá assinalar-se o campo 4 do Qua- Apresentam-se agora algumas sugestões de alterações
dro 03-3 - “Não residente sem estabelecimento estável”. e melhoras na Modelo 22, com o objetivo de simplificar
No Quadro 03-4 deverá assinalar-se sempre o campo o respetivo preenchimento e controlo do apuramento do
1 - “Regime Geral”, para este tipo de sujeitos passivos, IRC.
com rendimentos tributados à taxa de 25%, conforme o Os Anexo D e E da IES deveriam ser retirados da IES
n.º 4 do artigo 87.º do CIRC. e transferidos para a Modelo 22.
Como esses anexos têm por objetivo a determinação
Quadro 04 - Características da declaração da matéria coletável de IRC a ser indicada no quadro 09
Indicar simultaneamente como 1ª declaração e como da folha de rosto da Modelo 22 seria mais lógico e obje-
declaração de cessação (indicando a data da cessação). tivo que esses anexos fizessem parte integrante dessa de-
claração.
Quadro 07 - Apuramento do Lucro Tributável: O quadro 07 da Modelo 22 também deveria ser desa-
Não se preenche este quadro; o apuramento do lucro gregado pelos vários regimes de tributação aplicáveis aos
tributável será feito no Anexo E da IES. sujeitos passivos que exercem a título principal atividade
Quadro 08 - Regimes de taxas: comercial, industrial ou agrícola, separando o regime ge-
Assinalar o campo 262 - Taxa 25%. ral, do regime de isenção e/ou do regime de redução de
taxa.
Quadro 09 - Apuramento da Matéria Tributável: Este desdobramento teria por propósito simplificar o
Indicar lucro tributável na coluna Regime geral - cam- cálculo e controlo do lucro tributável em cada um desses
po 302, valores transportados do quadro 03 do Anexo E regimes, e a respetiva indicação no quadro 09 de apura-
da IES. mento da matéria coletável que possui tal desagregação.
Preenchimento da declaração de
rendimentos modelo 22 de IRC:
principais oportunidades e desafios
TIAGO ALMEIDA VELOSO As empresas devem estabelecer como objetivo pri-
Partner
tveloso@bakertilly.pt mordial garantir que a informação incluída na decla-
Lara Castro
Senior Manager ração modelo 22 cumpre os preceitos fiscais, nomeada-
lcastro@bakertilly.pt
mente, o estabelecido no Código de IRC e na demais
legislação (e.g. no Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF),
A fiscalidade assume uma importância crucial na Código Fiscal do Investimento, etc.), otimizando a sua
gestão das organizações, relacionando-se com muitos carga fiscal.
dos principais aspetos inerentes à sua estrutura e fun- O processo de preparação da declaração modelo 22
cionamento, os quais podem ser de grande diversidade tem como objetivo primordial que a Empresa apure cor-
e complexidade. retamente o imposto a pagar / recuperar, que aproveite
As organizações devem assumir uma postura proati- dos benefícios fiscais em vigor e que os elementos de
va, tendo por base um compromisso na gestão do risco natureza informativa / estatística sejam adequadamente
fiscal ("tax risk management"), de modo a antecipar as preenchidos.
operações necessárias à constante melhoria da sua efi- Em paralelo à submissão da declaração de rendimen-
ciência fiscal. Através de medidas de gestão fiscal sus- tos, a Empresa tem que garantir a preparação dos mapas
tentáveis, as organizações devem determinar o equilíbrio oficiais e auxiliares que se revelem necessários para su-
ótimo entre os riscos fiscais assumidos e as oportunida- portar o preenchimento da declaração – mapa de perdas
des associadas, potenciando a sua rendibilidade e com- de imparidade e provisões, mapas de depreciações, mapa
petitividade face aos concorrentes. de mais-valias e menos-valias fiscais, detalhe de cálculos
Atualmente, o risco e a reputação de uma organiza- auxiliares, mapas de suporte ao apuramento de benefí-
ção são algumas das principais preocupações das organi- cios fiscais, etc.
zações. Mudanças no meio regulador e político determi- Neste contexto, abordamos de seguida, de forma su-
nam a necessidade de o risco fiscal ser permanentemente cinta, os principais benefícios fiscais, em IRC, que as
avaliado através da implementação de procedimentos e empresas devem ter em consideração aquando do preen-
políticas por parte da gestão, que antecipem e facilitem chimento da declaração modelo 22. A este respeito, aler-
a identificação das necessidades de ajustamentos da po- tamos que, na sua maioria, existem requisitos formais
lítica fiscal e de gestão da comunicação, nomeadamente que devem ser cumpridos para efeitos de aplicação dos
com a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). benefícios, os quais poderão não se encontrar aqui elen-
Como o IRC pode representar cerca de 1/5 da ren- cados.
dibilidade de uma organização em Portugal, o preenchi-
mento da declaração rendimentos modelo 22, de IRC, Donativos
assume uma importância crucial para as empresas, uma
vez que se trata do momento da prestação de contas pe- O EBF define as condições em que os donativos atri-
rante a AT. buídos pelas Empresas (e pelos particulares) podem ser
A sua preparação implica um aprofundado conheci- considerados para efeitos fiscais.
mento da legislação fiscal portuguesa, pois um incorreto A dedutibilidade e potencial majoração, para efeitos
preenchimento da declaração, quer por lapsos ou omis- do IRC, dos encargos associados com donativos conce-
sões, poderá resultar em IRC pago em excesso ou, por didos depende da natureza da entidade à qual os mesmos
outro lado, em potenciais liquidações adicionais de im- foram atribuídos e da respetiva finalidade.
posto pelas autoridades fiscais, acrescidas dos respetivos Contudo, apenas relevam fiscalmente os donativos,
juros compensatórios e coimas. em dinheiro ou em espécie, concedidos sem contrapar-
anterior a 1 de julho de 2018. Em 2019, uma Empresa a 50% da coleta de IRC apurada em cada período de
pode aproveitar deste benefício relativamente ao empre- tributação. Quando a dedução não possa ser efetuada
go criado entre 2014 e 30 de junho de 2018. integralmente por insuficiência de coleta, a importância
Salientamos ainda que é possível recuperar imposto ainda não deduzida poderá sê-lo nas liquidações dos 10
pago em excesso em períodos anteriores ou incrementar períodos de tributação seguintes.
o valor dos prejuízos fiscais a reportar a períodos futuros, Para além da dedução à coleta do IRC, a Empresa
caso a empresa não tenha reportado este benefício nos ainda pode aproveitar de isenção ou redução de IMI,
períodos anteriores. IMT e Imposto do Selo associado aos imóveis envolvi-
Relativamente ao IRC de 2018, a Empresa pode ain- dos no investimento.
da aproveitar deste benefício relativamente ao emprego
criado entre 2013 e 30 de junho de 2018. Para esse efei- Remuneração convencional do capital social
to, basta à Empresa substituir a declaração de rendimen- (RCCS)
tos modelo 22 de 2018, até 31 de maio de 2020. Dentro
deste prazo, a Empresa não precisa de realizar qualquer O regime referente à RCCS permite uma dedução ao
procedimento adicional ou prestar esclarecimentos es- lucro tributável equivalente a 7% do montante das en-
peciais à AT, devendo apenas integrar no dossiê fiscal tradas realizadas no âmbito da constituição da sociedade
a documentação que sustenta a aplicação do benefício. ou do aumento do capital social, em dinheiro, através da
Relativamente ao IRC de 2017, a Empresa pode ain- conversão de suprimentos ou do recurso aos lucros do
da aproveitar deste benefício relativamente ao emprego próprio exercício.
criado entre 2012 e 2017. Neste caso, a Empresa tem A dedução é efetuada no período de tributação da
de submeter uma reclamação graciosa de autoliquidação realização da entrada e nos 5 períodos de tributação se-
do imposto, no prazo de dois anos, contados da data da guintes. O limite do aumento do aumento de capital a
submissão da declaração de 2017. considerar é de Euro 2 000 000.
No caso do recurso aos lucros do próprio período,
Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI) apenas poderão ser elegíveis desde que o registo do au-
mento de capital se realize até à entrega da declaração de
O RFAI consubstancia um instrumento de política rendimentos relativa ao exercício em causa.
fiscal anticíclica de apoio ao investimento privado e à
criação de emprego, tendo como principal objetivo po- Dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR)
tenciar o investimento produtivo empresarial (efetuado
em ativo fixo tangível e intangível). A dedução por lucros retidos e reinvestidos traduz-se
Este benefício é dirigido a determinados setores de numa medida de incentivo às PME que permite a dedu-
atividade, nomeadamente, indústria extrativa e trans- ção à coleta do IRC dos lucros retidos que sejam reinves-
formadora, turismo, serviços informáticos, atividades tidos, em aplicações relevantes. Os investimentos elegíveis
agrícolas e florestais, atividades de I&D e de alta intensi- incluem ativos fixos tangíveis, com determinadas exceções
dade tecnológica, tecnologias de informação, produção (similares às exceções previstas para efeitos do RFAI).
de audiovisual e multimédia, defesa, ambiente, energia, O benefício traduz-se numa dedução à coleta do IRC
telecomunicações e atividades de centros de serviços par- até 10 % dos lucros retidos que sejam reinvestidos, no
tilhados. prazo de três anos contado a partir do final do período
O benefício opera por dedução à coleta do IRC, po- de tributação a que correspondam os lucros retidos.
dendo o mesmo ascender a 25% do investimento que O montante máximo dos lucros retidos e rein-
a empresa concretize. Regra geral, é considerado como vestidos, em cada período de tributação, é de
investimento elegível para efeitos deste benefício a aqui- J 10 000 000, por empresa.
sição em estado novo de ativos fixos tangíveis (com ex- O benefício encontra-se limitado a 25% da coleta do
clusão de determinados ativos, por exemplo, viaturas IRC, no caso das médias empresas, e 50%, no caso de
ligeiras de passageiros, mobiliário, etc.) e ativos intangí- micro e pequenas empresas.
veis (direitos de patentes, licenças, “saber-fazer” ou co- A DLRR não é cumulável, relativamente às mesmas
nhecimentos técnicos não protegidos por patente). aplicações relevantes elegíveis, com quaisquer outros
Regra geral, a dedução à coleta encontra-se limitada benefícios fiscais ao investimento da mesma natureza,
salvo o RFAI (ainda que dentro de determinadas con- Perdas por imparidade em dívidas a receber
dições).
Os sujeitos passivos que beneficiem da DLRR devem De acordo com o Código do IRC, podem ser deduzi-
proceder à constituição, no balanço, de reserva especial das para efeitos fiscais, quando contabilizadas no mesmo
correspondente ao montante dos lucros retidos e rein- período de tributação ou em períodos de tributação ante-
vestidos. A reserva especial não pode ser utilizada para riores, as perdas por imparidade relacionadas com créditos
distribuição aos sócios antes do fim do quinto exercício resultantes da atividade normal, incluindo os juros pelo
posterior ao da sua constituição, sem prejuízo dos de- atraso no cumprimento de obrigação, que, no fim do pe-
mais requisitos legais exigíveis. ríodo de tributação, possam ser considerados de cobrança
duvidosa e sejam evidenciados como tal na contabilidade.
Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Em traços gerais, uma empresa pode reconhecer fis-
Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE II) calmente as perdas por imparidade de créditos se o de-
vedor tiver pendente processo de execução, processo de
A I&D assume um papel fulcral em todos os setores insolvência, processo especial de revitalização ou proce-
empresariais. Desde a produção de bens até à prestação dimento ao abrigo SIREVE, se os créditos tiverem sido
de serviços, o investimento em I&D reflete a procura reclamados judicialmente ou em tribunal arbitral ou se
incessante por parte das organizações em melhor servi- os créditos estiverem em mora há mais de seis meses des-
rem os seus clientes e associados, porquanto permite um de a data do respetivo vencimento e existam provas obje-
aumento da produtividade e competitividade. tivas de imparidade e de terem sido efetuadas diligências
A I&D pode ser classificada em dois grandes temas: para o seu recebimento.
a investigação industrial e o desenvolvimento experi- Assim, no caso dos créditos em simples mora, uma
mental. A investigação industrial é classificada como a das condições para a aceitação fiscal das perdas por im-
investigação planeada com vista à aquisição de know- paridade depende de existirem provas objetivas de im-
-how, por forma a facilitar o desenvolvimento ou melho- paridade. A AT tem vindo a defender que este conceito
ramentos de produtos, processos ou serviços. deve ser interpretado ao abrigo da NCRF 27, que con-
O desenvolvimento experimental abrange a aquisi- cretiza o mesmo, devendo as empresas demonstrar essas
ção, conceção e utilização de conhecimentos científicos mesmas provas.
e tecnológicos já existentes, permitindo a conceção de Para efeitos da dedutibilidade fiscal das perdas por
produtos, processos ou serviços novos, alterados ou me- imparidades de créditos, no caso de créditos em sim-
lhorados. ples mora, é necessário ainda comprovar que a empresa
Face ao reconhecido valor da I&D para as entidades credora se encontra a realizar tentativas de cobrança das
privadas, o Estado Português atribui um incentivo fiscal, dívidas. Idealmente, tais tentativas de cobrança devem
em função dos encargos incorridos com I&D, mediante traduzir-se no envio de cartas com avisos de receção aos
aprovação de candidatura a submeter à Agência Nacio- clientes. As empresas devem manter os comprovativos
nal de Inovação. de receção das cartas de cobrança por parte dos clientes.
A entidade beneficiária pode deduzir à coleta 32,5%
dos custos com I&D considerados como elegíveis, acres- Preços de transferência
cido de 50% do acréscimo das despesas realizadas na-
quele período em relação à média aritmética simples dos À luz do regime português dos preços de transferên-
dois períodos de tributação anteriores. cia, as transações realizadas entre entidades relacionadas
Cumpre salientar que se a dedução não puder ser devem respeitar os termos e condições acordados e prati-
efetuada integralmente no respetivo período de tribu- cados entre entidades independentes. Nesse contexto, as
tação, por insuficiência de coleta, a importância ainda entidades relacionadas devem encontrar-se em posse da
não deduzida, sê-lo-á nas liquidações dos 8 períodos de documentação que comprove o cumprimento das regras
tributação seguintes. dos preços de transferência.
Adicionalmente, importa abordar outras temáticas Caso tais ajustamentos não sejam realizados, e caso
relativamente às quais entendemos que as empresas de- as autoridades fiscais questionem os preços e condições
vem ter especial atenção aquando da preparação da de- estabelecidos nas operações realizadas com entidades re-
claração de rendimentos modelo 22, de IRC. lacionadas, estas poderão liquidar o imposto que se veri-
fique em falta, juros compensatórios e coimas. Os tribunais já confirmaram que a dispensa de tribu-
Acresce que, face à legislação de preços de transferên- tação autónoma não carece da obrigação de tais valores
cia, deverão ser constituídos dossiês contendo documen- serem especificamente mencionados nas faturas emitidas
tação passível de demonstrar às autoridades fiscais que aos clientes – no entanto, salientamos que a AT ainda
estão a ser praticadas condições normais de mercado nas não adotou esta posição.
relações comerciais estabelecidas entre entidades relacio-
nadas – verificação do “princípio de plena concorrência”. Dedutibilidade dos gastos relativos a períodos
Esta disposição é obrigatória para entidades com um anteriores
valor anual de vendas líquidas e outros proveitos supe-
rior a Euro 3 000 000, sendo que o dossiê deve estar Outra situação onde a AT tem uma interpretação
concluído até dia 15 de julho do ano seguinte ao termo restrita é o caso dos gastos relativos a períodos anteriores.
do período a que as transações dizem respeito. Os gastos (e rendimentos) devem ser imputáveis ao
período de tributação em que sejam obtidos ou supor-
Tributação autónoma de IRC tados, independentemente do seu recebimento ou paga-
mento, de acordo com o regime de periodização económi-
Neste contexto, alertamos para desenvolvimentos re- ca. Não obstante, o Código do IRC permite que os gastos
centes da jurisprudência nacional relativamente à tribu- de períodos anteriores possam ser deduzidos no período
tação autónoma de IRC. de tributação em que foram registados, quando na data
A razão de existência de tributação autónoma é a pre- de encerramento das contas do período a que respeitavam
sunção de que tais gastos são, ainda que parcialmente, qualificavam como imprevisíveis ou manifestamente des-
desnecessários ou injustificáveis do ponto de vista em- conhecidos.
presarial, presunção essa que, como já várias decisões Ainda assim, existem, já diversos entendimentos dos
arbitrais afirmaram, é suscetível de prova em contrário. tribunais superiores que defendem que, ainda que os
A prova a realizar deve ser no sentido de demonstrar gastos não tenham sido imprevisíveis ou manifestamente
que as despesas em questão tiveram uma afetação exclu- desconhecidos no fecho do período ao qual respeitavam,
sivamente empresarial, sem que, no plano da normali- estes possam ser deduzidos no período em que foram
dade do funcionamento da empresa, se detete qualquer registados se não se provar que o contribuinte teve inten-
margem da designada zona cinzenta de despesa empre- ção de manipular os resultados fiscais dos períodos em
sarial, produtiva, e despesa privada. causa. Na verdade, quando um contribuinte não deduz,
Neste contexto, as empresas devem avaliar se se en- num determinado período, os gastos que deveria ter de-
contram em posição de realizar esta prova perante os tri- duzido, segundo o regime de periodização económica,
bunais, verificando-se, assim, uma poupança fiscal para apenas deduzindo os mesmos em período posterior, está
o futuro e um eventual reembolso das tributações pagas a beneficiar o Estado (ainda que de uma perspetiva me-
em períodos anteriores. ramente financeira).
Salientamos que a AT mantém-se intransigente na Em jeito de conclusão, realçamos que uma prepara-
rejeição da possibilidade de os contribuintes poderem ção adequada e um conhecimento aprofundado da legis-
afastar a tributação autónoma, mesmo mediante prova lação relativa ao IRC é essencial para garantir o correto
que as despesas em causa tiveram uma motivação exclu- preenchimento da declaração e do apuramento do im-
sivamente empresarial. posto a pagar. A este respeito, é importante ressalvar que
Por outro lado, verificadas determinadas condições, muito se tem debatido sobre a possibilidade de preen-
os encargos efetuados ou suportados relativos a ajudas chimento automático da declaração de rendimentos mo-
de custo e à compensação pela deslocação em viatura delo 22, de IRC. Com efeito, com a implementação e
própria do trabalhador, ao serviço da entidade patro- obrigatoriedade do SAF-T, poder-se-á argumentar que
nal, não são sujeitos a tributação autónoma, desde que determinados gastos e rendimentos poderiam, efetiva-
se consiga comprovar que tais valores foram incluídos mente, ser incluídos automaticamente na declaração.
no preço praticado aos clientes (por exemplo, através Não obstante, e atendendo à complexidade da prepa-
de contabilidade analítica, mapas de obras, etc). Este ração e preenchimento da declaração, entendemos que
entendimento também é suportado em jurisprudência o preenchimento automático não se afigura eficiente ou
(judicial e arbitral). vantajoso para as Empresas.
Assim, deve a Contabilidade demonstrar esses valores, e, Com todos estes elementos, estamos na presença do Valor
portanto, saber chegar a esse Valor Tributável. Aduaneiro, sendo que é sempre sobre este que se aplicam os
Conforme já foi referido, a forma de calcular esse Valor Direitos Aduaneiros, caso assim estejam definidos na nossa
Tributável IVA das Importações não se alterou, mantendo- Pauta Aduaneira.
-se conforme o definido em 1986, e este baseia-se no Valor
Aduaneiro (Art.17º CIVA). A NCRF 18
O Valor Aduaneiro respeita as normas internacionais em
Devemos ter em conta que a NCRF 18, nomeadamente
matéria Aduaneira, sendo sempre a definição do valor de uma
no seu ponto 11, define todas estas verbas como fazendo parte
operação à fronteira, e baseando-se sempre no que é o valor
dos custos de uma compra, logo, assim devem ser expressos
inerente a essa operação. A esse valor, definem as regras Adua-
na Contabilidade.
neiras como o Valor Transaccionável.
Aplicando essa taxa de Direitos Aduaneiros, temos esses
Esse valor é o que está reflectido na Factura da compra.
mesmos, os quais, tem que ser depois somados ao valor ante-
Nesse documento deve estar sempre associado um Inco-
rior, o Valor Aduaneiro, para se obter o Valor Tributável.
term, pois é esse que define o alcance desse preço definido
Todos estes passos são verificáveis numa qualquer Decla-
dessa operação.
ração Aduaneira Importação, sempre assim foram, e assim
Assim, esse Valor Aduaneiro deve compreender o valor do
continuam. Por isto, é imprescindível se ter acesso à respectiva
produto adquirido, o seu transporte até ao mercado de con-
Declaração Aduaneira Importação.
sumo, local da Importação, e eventual seguro.
No entanto, sempre estiveram definidas como isentas,
Estes são os componentes do Valor Aduaneiro.
determinadas operações relacionadas com uma qualquer Im-
Portanto, dependendo do Incoterm, pode o valor da Fac-
portação. Isso está assim definido no Art.13º CIVA.
tura de compra ser este mesmo, ou não.
Essas operações estão relacionadas com entradas em arma-
zéns, documentação, e operações relacionadas. Todas isentas
Câmbios aplicáveis às regras aduaneiras
nos termos desse Art.13º CIVA.
Como estamos a falar e operações em Comércio Interna- Muitas destas operações não são quantificáveis no mo-
cional, pode esse documento estar definido em moeda cor- mento em que se está a processar a Declaração Aduaneira
rente, ou em outra moeda. Importação.
Define o nr.6 do Art.17º CIVA, que estando uma Impor- Assim, e para se contornar esta situação, e mais uma vez
tação expressa em moeda diferente da moeda corrente, então desde sempre, ficaram definidas umas verbas, as quais se de-
devem ser aplicados os câmbios aplicáveis às regras Aduanei- nominam de Optativas IVA, e que servem para eliminar esse
ras, e que neste caso, são as taxas de câmbio definidas pela efeito dessa Isenção, na definição do Valor Tributável de uma
AT – Alfândega. Importação.
Actualmente, para este mês de Março de 2020, são as que Essas Optativas IVA são expressas em valor, tendo em
estão definidas no Oficio Circulado nr.15751/2020. conta o tipo de transporte e quantidade de mercadoria.
Na Declaração Aduaneira Importação, são estas as que são Essas estão definidas na Circular nr.8-2015 Série II
utilizadas pelo Despachante Oficial para os cálculos. (DGAIEC).
Com isto, poderemos perceber que temos que ter a Factu- Deste modo, partimos do valor da transacção, aplicamos
ra da compra, compreender o que inclui o preço, saber qual a as regras do Valor Aduaneiro, vemos a aplicabilidade das taxas
moeda, e respectivas taxas de câmbio, quando aplicável. de câmbio, as quais nunca pode ser as do Banco Portugal,
Dependendo do tal Incoterm associado à Importação, po- e aplicamos as taxas de Direitos Aduaneiros (se aplicável).
derá ser exigível ou não, a declaração na Declaração Aduanei- Somamos ao Valor Aduaneiro os Direitos Aduaneiros e essas
ra Importação, das possíveis verbas em falta, seja o transporte Optativas IVA, e temos a aplicação plena do Art.17º CIVA, e
ou seguro. portanto, o Valor Tributável IVA.
Para melhor se perceber o que está aqui em causa, se esti- A este valor, evidentemente temos que aplicar a respectiva
vermos a falar de uma compra, proveniente da China, na qual taxa de IVA, conforme o definido no Art.18º CIVA.
o fornecedor vende a mercadoria, mas o preço está definido Com todos estes passos, passa a ser possível obter os valo-
no país de Exportação, China, é obrigatória a menção das ver- res necessários para o preenchimento dos Campos 18 e 19 da
bas de transporte e seguro, sendo que estas vão estar tituladas Declaração Periódica IVA.
em outras Facturas. Como estamos a falar de autoliquidação deste imposto,
Essas verbas são acrescentadas na Declaração Aduaneira temos que definir contas na Contabilidade que possam espe-
Importação, ajustado assim o respectivo Valor Aduaneiro, a lhar estes diferentes movimentos, na linha do que estabelece
base do Valor Tributável. a NCRF 18.
O sistema de informação
«Eu passei trinta anos à volta de fábricas. Quando sa- contabilístico constitui o
bia que algo estava errado, nove vezes em dez devia-se à
gestão. As pessoas não estavam a ser bem conduzidas».
instrumento básico para satisfazer
John Harvey-Jones esta necessidade
A boa informação prepara os gestores para as me- «Observações seguidas de análises criteriosas são-nos
lhores decisões operacionais e estratégicas, contribuin- necessárias diariamente, ainda que sob pequeninas coi-
do para que as empresas possam atingir os seus obje- sas ou factos.»
tivos. Marco Aurélio
No uso desta informação contabilística e extracon-
tabilística é de realçar a importância de Ferramentas A Análise Financeira corresponde a um conjunto
de Gestão, indispensáveis para o sucesso das organi- de técnicas que proporcionam um diagnóstico sobre a
zações, situação económico-financeira da organização analisa-
São elas: da, utilizando a informação dos sistemas contabilísticos
1. A Análise Financeira das instituições.
2. A Estratégia e o seu Planeamento A análise, na sua vertente económico-financeira, sem-
3. O Controlo de Gestão pre esteve ligada à necessidade de identificação da solidez
Sendo os dirigentes os grandes decisores nas or- e do desempenho das organizações, sendo de interesse
ganizações, são eles os grandes responsáveis pela sua para os empresários, investidores, credores, concorrentes,
situação económica e financeira. Por esse motivo, o órgãos governamentais, ou seja, a comunidade em geral.
dirigente deve ser capaz de conhecer e interpretar os Qualquer profissional que proceda à análise duma
impactos financeiros das decisões que toma, sem o que empresa deverá:
exercerá o seu papel de forma limitada. • Selecionar os indicadores que lhe permitam co-
Assim, procura-se proporcionar aos gestores ins- nhecer o desempenho da empresa no período
trumentos de apoio à gestão, que ajudam a alinhar as analisado, em face de suas atividades operacionais,
decisões de gestão com as necessidades de criação de • Identificar quais as grandes decisões de carácter
valor para as organizações. estratégico, que afetam a estrutura de capitais
A Análise Financeira, o Planeamento da Estra- da empresa,
tégia e o Controlo de Gestão transformaram-se em • Buscar referenciais que lhe facilitem compa-
suportes indispensáveis de apoio à gestão. rar o desempenho duma empresa com as ou-
A Análise suporta o Planeamento e o Controlo tras que tenham atividades semelhantes.
de Gestão. São 3 passos se completam: O analista tem o poder de interpretar as informa-
1. Convenientemente utilizada, a Análise Finan- ções disponíveis, emitindo o seu parecer.
ceira pode transformar-se numa poderosa fer- O analista precisa de ter a capacidade de síntese, mas
ramenta de Diagnóstico para apoio da Ad- não deverá omitir informações importantes na elaboração
ministração. de seu parecer, para que a sua análise se torne uma forte
2. Após o Diagnóstico, poderemos pensar na ferramenta para apoio à tomada de decisão.
Estratégia, preparar o Plano que nos leve onde A análise tem como função apontar:
queremos chegar. • O porquê de determinada situação de renta-
3. Posteriormente, para monitorizar a execu- bilidade;
ção da Estratégia, devemos estabelecer um • O porquê do equilíbrio/desequilíbrio finan-
eficiente Controlo de Gestão. ceiro;
O
s Ministros das Finan-
ças da União atualiza-
ram a lista da UE de
jurisdições fiscais não
cooperantes. Quatro
países ou territórios — Ilhas Caimão,
Palau, Panamá e Seicheles — foram
acrescentados à lista de jurisdições
fiscais não cooperantes, uma vez que
não cumpriram as normas exigidas
dentro do prazo. Estes países jun-
tam-se às oito jurisdições — Samoa
Americana, Fiji, Guame, Samoa,
Omã, Trindade e Tobago, Vanuatu e
Ilhas Virgens Americanas — que já aplicação prática da boa governação reputação resultantes da inclusão na
constavam da lista e continuam em fiscal, é também uma prioridade. A lista, as jurisdições que dela constam
situação de incumprimento. inclusão na lista da UE continua a estão sujeitas a medidas defensivas,
Em contrapartida, mais de meta- ser um processo dinâmico, que irá tanto a nível da UE como dos Esta-
de dos países abrangidos pelo exer- ainda desenvolver-se nos próximos dos-Membros. A nível da União, as
cício de elaboração da lista de 2019 anos, de forma a acompanhar a evo- medidas dizem respeito à distribui-
foram completamente retirados da lução internacional. ção de fundos da UE. A nível na-
lista, uma vez que estão agora em A Comissão explica que o diálo- cional, os Estados-Membros devem
conformidade com todas as normas go e a sensibilização são uma parte também aplicar contramedidas, em
de boa governação fiscal. De notar central do exercício de elaboração da conformidade com uma abordagem
que, no processo de elaboração da lista. A Comissão presta um apoio coordenada por eles definida.
lista da União Europeia, as juris- considerável aos países terceiros no
dições são avaliadas em função de reforço da sua luta contra as práticas Lista não implica sanções
três critérios principais – transpa- fiscais abusivas e presta também as-
rência fiscal, tributação justa e ati- sistência técnica aos que dela neces- De notar que o Panamá voltou
vidade económica real. As que não sitam. Tal é particularmente benéfico a entrar na lista negra, depois de ter
cumpram qualquer um destes cri- para os países em desenvolvimento, saído da mesma em março do ano
térios são convidadas a assumir um que são especialmente afetados pelas passado, sob o argumento de que o
compromisso de corrigir as lacunas práticas fiscais abusivas e pelos fluxos país não cumpre com a normas do
dentro de um prazo estabelecido. A financeiros ilícitos a nível mundial. Fórum Global sobre transparência
Comissão e os Estados-Membros Das 40 jurisdições analisadas desde e troca de informação fiscal, depen-
garantiram que prosseguirão o diá- a última grande atualização da lista, dente da OCDE. O Governo do
logo com as jurisdições inscritas na em março de 2019, quase uma dú- Panamá reagiu a esta introdução na
lista e no anexo II (jurisdições com zia cumpriu os requisitos e foi total- lista negra dos paraísos fiscais, con-
compromissos pendentes) antes da mente removida da lista. São estes os siderando que o país não represen-
próxima atualização da lista da UE, resultados positivos que podem ser ta um destino para a evasão fiscal e
em outubro. O acompanhamento obtidos pelo processo de elaboração não é o preferido para as sociedades
dos países que tenham sido retira- da lista da UE. Em termos de con- offshore. Também acusa a Comissão
dos da lista, de forma a assegurar a sequências, para além dos danos à Europeia de não ter sido feita qual-
quer avaliação ao Panamá desde julho utilizada para a seleção das jurisdi- Considera que os países em de-
passado. A realidade é que o país foi ções no âmbito geográfico do exer- senvolvimento sem um cento finan-
incluído, não por decisão da Comis- cício de análise da União Europeia, ceiro e cuja notação tenha sido re-
são, mas porque passou a fazer parte a fim de se concentrar nas jurisdições vista em baixa pelo Fórum Mundial,
das jurisdições integradas na lista da mais pertinentes, tendo em conta o no que respeita à norma de troca de
OCDE, o que faz com que automati- que foi acordado durante os traba- informações a pedido e que se com-
camente passe também a ser conside- lhos sobre o alargamento do âmbito prometeram a solicitar àquele fórum
rado na referida lista negra da União geográfico identificado em 2018. uma análise suplementar no prazo de
Europeia. Por outro lado, o Conselho so- 18 meses, devem continuar a figurar
De salientar que estar na lista licita ao grupo do código de con- no anexo II até receberem essa nova
negra não implica sanções para além duta que faça incidir o seu trabalho notação. Os países em desenvolvi-
da proibição de os fundos comunitá- no reforço dos princípios da boa go- mento sem um centro financeiro que
rios transitarem através de entidades vernação fiscal da União Europeia, tenham registado progressos significa-
estabelecidas nesses territórios. En- atualizando-os consoante necessário, tivos no cumprimento dos seus com-
tretanto, a União Europeia também debruçando-se sobre o futuro critério promissos também devem dispor de
atualizou a chamada lista cinzenta, 1.4 (troca mundial de informações mais tempo. E deverão ser tidos em
onde se encontram aquelas jurisdi- sobre os beneficiários efetivos) e tendo conta os atrasos no procedimento do
ções que não cumprem as exigências em conta a evolução a nível interna- Fórum da OCDE sobre as práticas
comunitárias, mas que se compro- cional. Convida ainda as instituições fiscais prejudiciais para efeitos de ve-
meteram a fazer mudanças, passando e os Estados-Membros, conforme rificação do cumprimento dos com-
de 32 para 12 países. Por exemplo, a adequado, a continuarem a ter em promissos assumidos pelas jurisdições
Turquia, a Jordânia, a Tailândia ou conta a lista revista da União constan- de alterarem ou suprimirem os seus
as Maldivas estão nesta lista, porque te do anexo I na política externa, nas regimes fiscais prejudiciais.
devem fazer alterações em matéria de relações económicas e na cooperação Finalmente, o Conselho con-
transparência. Estas jurisdições têm para o desenvolvimento com os países gratula-se com o facto de a maioria
um prazo concreto para cumprirem terceiros pertinentes, sem prejuízo das das jurisdições em causa ter toma-
os seus deveres fiscais. esferas de competência respetivas dos do medidas ativas no sentido de
O bloco europeu colocou em Estados-Membros e da União decor- suprir, dentro do prazo acordado,
prática a lista negra dos paraísos fis- rentes dos tratados. as deficiências que o grupo de có-
cais em dezembro de 2017 e desde digo de conduta tinha identificado
então avalia, periodicamente, a si- Princípios da boa governação nos domínios da transparência e da
tuação em países terceiros, de acordo fiscal equidade fiscais e considera que es-
com três critérios: o nível de trans- sas jurisdições cumpriram os seus
parência e a troca de informação, a Caberá ao referido órgão verifi- compromissos. Lamenta, no entan-
existência de práticas fiscais prejudi-
car o cumprimento dos compromis- to, que várias jurisdições não tenham
ciais e o cumprimento das normas sos assumidos pelas jurisdições para tomado medidas suficientes para
internacionais para evitar a erosão da
aplicarem os princípios da boa go- cumprir os seus compromissos den-
base tributária. vernação fiscal e fazer o balanço dos tro do prazo acordado, nem enceta-
trabalhos concluídos pelas instâncias do um diálogo construtivo, tendo
Recomendações do Conselho competentes da OCDE. Também em vista tais compromissos.
aconselha procurar obter compro-
O Conselho, no âmbito da lis- missos por parte das jurisdições que
ta de jurisdições não cooperantes ainda não se comprometeram a cor-
para efeitos fiscais, apresentou um rigir as deficiências identificadas e
conjunto de recomendações. Desde a dialogar de forma aberta e cons-
logo, a análise das jurisdições que trutiva com todas as jurisdições em
dispõem de regimes de isenção para causa. Considera que nalguns casos
rendimentos provenientes de fonte poderão considerar-se justificados
estrangeira, bem como o acompa- os constrangimentos aduzidos por
nhamento da implementação da algumas jurisdições para não aplica-
norma mínima anti-BEPS de apre- rem na íntegra todas as medidas com
sentação de declaração por país. que se haviam comprometido, não
30 CONTABILIDADE
Convida o grupo de código de con- & Empresas
obstante | MARÇO/ABRIL
os esforços 2020 | nº 62 - 2ª série
concretos desen-
duta a rever, este ano, a abordagem volvidos pelos respetivos governos.
FISCALIDADE
Combate ao branqueamento
de capitais com regras mais exigentes
F
oi aprovada, em 20 de
fevereiro, a propos- MUITO HÁ AINDA A FAZER
ta de lei que procede
à transposição para o O branqueamento de capitais continua a ser um problema de extrema gravi-
dade a nível global. Ao mesmo tempo, em vários casos as verbas são desti-
ordenamento jurídico
nadas ao terrorismo. De notar que muitas vezes os capitais utilizados são de
interno das novas regras decorrentes proveniência muito duvidosa.
da diretiva relativa ao combate ao A Comissão Europeia, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvi-
branqueamento capitais. Os objeti- mento Económico ou o G20 têm desenvolvido esforços conjuntos, no sen-
vos inerentes às novas regras passam tido de regulamentar e reforçar o combate ao branqueamento de capitais.
Torna-se evidente que tal só é possível por via da cooperação internacio-
por uma maior cooperação entre os
nal, individualmente os países pouco podem fazer para limitar a evasão e
Estados-Membros, mais eficiente e a fraude fiscais e o branqueamento de capitais, sendo três fatores que es-
ágil, e que as sanções penais sejam tão normalmente relacionados. Têm sido dados alguns passos, mas muito
proporcionais e dissuasivas. De sa- há ainda a fazer, sendo certo que depende, em grande medida, da vonta-
lientar que grande parte destas regras de política e de colocar em causa muitos interesses instalados. No caso
já estavam plasmadas na legislação português, haverá também que regulamentar e, sobretudo, garantir uma
maior fiscalização e supervisão nas transferências bancárias, o que pas-
nacional sobre esta matéria de 2017.
sa por uma colaboração mais estreita com as autoridades internacionais.
A Diretiva (UE) 2018/1673
tem como objetivos assegurar que
“as autoridades competentes dos
genericamente harmonizado com os típicas, bem como agravar a moldura
Estados-membros da União Eu-
principais instrumentos de direito penal nos casos em que o infrator é
ropeia possam cooperar de forma
internacional, bem como em linha uma entidade obrigada, nos ter-
mais eficiente e ágil, harmonizar o
com as recomendações e orientações mos do artigo 2º da Diretiva (UE)
elenco das atividades criminosas que
do Grupo de Acão Financeira Inter- 2015/849 do Parlamento Europeu
constituem infrações subjacentes ao
nacional (GAFI). No que se refere e do Conselho, de 20 de maio de
crime de branqueamento e das con-
ao direito penal, lê-se no Relatório 2015, e cometa a infração no exercí-
dutas típicas deste crime e garantir
de Avaliação Mútua de Portugal de cio das suas atividades profissionais.
que os Estados-membros impõem
dezembro de 2017, aprovado pelo Com a transposição da Diretiva
sanções penais proporcionais, efica-
GAFI, que “as sanções penais aplicá- 2018/843/UE, do Parlamento Eu-
zes e dissuasoras perante o crime de
veis são proporcionais e dissuasivas”. ropeu e do Conselho, pretende-se
branqueamento, na medida em que
garantir um regime jurídico mais
o mesmo tem uma potência lesiva
Alargar quadro de ilícitos eficiente e completo em matéria de
dos interesses individuais e coletivos
prevenção e combate ao branquea-
particularmente elevada”.
Não obstante, para que a trans- mento de capitais e financiamento
Considera o Governo que o or-
posição da Diretiva (UE) 2018/1673 do terrorismo, capaz de enfrentar e
denamento jurídico nacional se
seja plenamente realizada, cumpre mitigar riscos emergentes, nomea-
encontra dotado dos mecanismos
alargar o quadro de ilícitos típicos damente os decorrentes do recurso
substantivos e processuais necessá-
subjacentes ao crime de branquea- a sistemas financeiros alternativos
rios à prevenção e ao combate ao
mento e o espectro das suas condutas como a moeda eletrónica e outros
crime de branqueamento, estando
ativos virtuais, assim como a ameaça
resultante de uma maior convergên-
O branqueamento de capitais continua a ser um cia entre a criminalidade organizada
transnacional e o terrorismo, adianta
problema de extrema gravidade a nível global
o Governo nacional.
A
tributação sobre as
grandes multinacionais
digitais continua na or-
dem do dia. Algumas
grandes economias eu-
ropeias estão decididas a avançar com
um imposto sobre as GAFA, como
são os casos da Espanha, da França,
da Itália e da Alemanha. Mais difícil
parece estar o conjunto dos países da
União Europeia chegar a um consenso
sobre esta matéria. Para além do im- tantemente prorrogado, indo contra única solução eficaz contra o planea-
posto digital, também está em debate o bom senso e colocando em risco as mento fiscal agressivo exercido por
um imposto global mínimo em sede regras da concorrência e do mercado algumas grandes multinacionais, que,
de IRC. único comunitário. Defendem que sendo um número restrito, não deixa
Os ministros da Economia daque- a situação atual não permite tributar de implicar o desvio de milhões e mi-
les quatro países deram um passo im- as grandes empresas digitais na justa lhões de euros todos os anos dos cofres
portante ao afirmarem a necessidade medida, sejam elas chinesas ou dos estatais. Com a nova fiscalidade, os
de garantir uma fiscalidade digital, an- Estados Unidos, tendo em conta que países poderiam recuperar essas verbas
tes do final do ano. Consideram que muitas apenas têm um presença limi- para a construção de escolas, hospitais
este é um momento ideal para avançar tada nas jurisdições em causa. ou o investimento na transição ecoló-
com essa reforma fiscal. A Europa tem gica. O que está em jogo é sobretudo
perdido muitos milhões de euros todos Situação é inaceitável a legitimidade dos Estados-Membros,
os anos à custa do não pagamento de face ao crescimento dos gigantes digi-
impostos devidos para parte das gran- A realidade é que não pagam im- tais, pelo que é necessário agir em con-
des multinacionais norte-americanas postos ou pagam uma tributação mí- junto e rapidamente.
da área do digital. A Organização para nima nos locais onde geram valor, sen- A chamada taxa Google tem sus-
a Cooperação e o Desenvolvimento do que assim vão contra as regras da citado polémica e tensões entre os Es-
Económico (OCDE) e o G20 tam- concorrência e não contribuem para tados Unidos e a Europa. O primeiro
bém se mostram interessado na dita o investimento em infraestruturas país critica o facto de a União Euro-
reforma, com a primeira a deter um e para o financiamento dos serviços peia querer arrecadar receita fiscal à
papel determinante em todo este pro- públicos desses países. Os ministros custa das empresas norte-americanas.
cesso. Com efeito, vários países estão à da Economia assumem que se trata No entanto, continua aberto a nego-
espera de propostas concretas e direti- de uma situação inaceitável e ineficaz ciações para se chegar a um consenso
vas neste âmbito do lado da OCDE. a todos os níveis. A OCDE, por seu alargado entre as partes envolvidas. Os
Justificam os ministros daqueles lado, defende que a tributação sobre países que apoiam este tipo de impos-
países que é essencial desenvolver uma essas empresas também possibilitaria to continuam a apostar num modelo
nova fiscalidade, adaptada a toda uma uma maior previsibilidade fiscal. Para da OCDE, com critérios que possam
nova realidade. Existe a responsabili- além de que estão a exercer um tipo ser partilhados de forma ampla. De sa-
dade coletiva de encontrar um acordo de negócio que vai contra as regras da lientar que outros países, que não eu-
internacional sobre a matéria ainda concorrência comunitária e está a sus- ropeus, também começam a suscitar
antes do final do ano. Ou seja, trata-se citar a contestação social. dúvidas quanto à forma de os gigantes
de um problema que tem sido cons- Assim, o imposto mínimo é a tecnológicos serem tributados.
F
oi publicada a propos- meiro dos dois momentos em que elementos informativos a dar a co-
ta de lei que tem por o presente regime assenta, que se nhecer à AT, relativamente a cada
objeto a obrigação da traduz na comunicação às autori- um dos mecanismos a comunicar,
Autoridade Tributária dades tributárias de mecanismos podendo a AT notificar o sujei-
de efetuar determina- indiciadores de potencial risco de to da obrigação de comunicação,
dos mecanismos internos ou trans- evasão fiscal. A integração coeren- para que este, num prazo razoável,
fronteiriços com relevância fiscal, te das vertentes interna e da União esclareça, aperfeiçoe ou complete
procedendo à transposição de uma concretiza-se logo depois, quando devidamente tais elementos infor-
diretiva comunitária. Em causa está se prevê a disciplina aplicável aos mativos. Importa sublinhar que as
a troca automática de informações, mecanismos transfronteiriços e aos caraterísticas-chave não traduzem
obrigatória no domínio da fiscali- mecanismos internos a comunicar. uma efetiva situação de evasão fiscal
dade em relação aos mecanismos Considera-se que um mecanismo e, menos ainda, uma antecipação
transfronteiriços a comunicar. Da a comunicar apresenta estrutura de qual deva ser a reação das auto-
proposta resulta um regime jurídi- transfronteiriça se respeitar a mais ridades tributárias face às situações
co integralmente novo. do que um Estado-Membro ou de tributárias reveladas pelos mecanis-
A diretiva objeto de transposição um Estado-Membro e um país ter- mos comunicados. As característi-
– conhecida por DAC6 – estabelece ceiro, sendo um mecanismo interno cas-chave, por si mesmas e dada a
um regime que assenta essencialmen- a comunicar aquele que, em função sua configuração objetiva, tradu-
te em dois momentos. O primeiro é das suas caraterísticas objetivas, for zem a indiciação de um potencial
a obrigação de comunicação às au- apto a ser aplicado ou a produzir risco de evasão fiscal.
toridades tributárias dos Estados- efeitos, total ou parcialmente, em Relevante é ter-se presente que
-Membros da União Europeia, de território nacional e não seja um uma tal indiciação de um potencial
acordo com determinados critérios mecanismo transfronteiriço. risco de evasão fiscal, traduzida pela
de conexão, mecanismos indiciado- Nuclear no sistema normativo caracterítica-chave em si mesma, é o
res de potencial risco de evasão fiscal, interno da presente proposta de quanto basta para o estabelecimen-
que apresentam estrutura transfron- lei é o conceito de “característica- to da obrigação de comunicação de
teiriça, por respeitarem a mais do -chave – ballmark”. Estatui-se que qualquer um dos mecanismos que
que um Estado-Membro, ou a um a obrigação de comunicação à AT contenha, pelo menos, uma das ca-
Estado-Membro e um país terceiro. neles estabelecida pressupõe que os racterísticas-chave tipificadas. Sem
O segundo prende-se com a troca mecanismos transfronteiriços e in- necessidade, portanto, de qualquer
automática (e obrigatória) das in- ternos contenham algumas dessas definição de evasão fiscal ou de pla-
formações assim recolhidas entre as características-chave, que tradu- neamento fiscal agressivo. Mais do
autoridades tributárias comunitárias. zem, objetivamente e por si mes- que definir conceitos, compete ao
A diretiva assume como objetivo um mas, a indiciação de um potencial legislador enunciar as realidades
melhor funcionamento do mercado risco de evasão fiscal, incluindo o factuais que integram a previsão
interno, desencorajando a utilização contornar de obrigações legais de normativa e estatuir as respetivas
de mecanismos de planeamento fis- informação sobre contas financei- consequências jurídicas.
cal transfronteiriços agressivos. ras ou de identificação dos benefi- Assim que seja identificada uma
A integração coerente das ver- ciários efetivos. situação que possa suscitar o dever de
tentes interna e da União Euro- comunicação ao abrigo da presente
peia preconizada na proposta de Elementos informativos a dar lei, o intermediário notifica o contri-
lei ocorre essencialmente, como é buinte relevante para que este comu-
compreensível, por ocasião do pri- A proposta de lei identifica os nique o mecanismo à AT. No caso de
esta comunicação não ser cumprida outra jurisdição, relativos a uma ferência híbrida vise a obtenção de
pelo contribuinte, relevante no pra- assimetria híbrida que dê origem uma redução do imposto retido na
zo estabelecido, é o intermediário a a uma dupla dedução. Correspon- fonte sobre um pagamento prove-
fazê-la. Ou seja, o intermediário não dam a igual situação, mas em ter- niente de um instrumento financei-
está totalmente dispensado do dever ritório português, relativamente ro transferido para mais do que uma
de comunicação, respondendo de a uma assimetria híbrida que dê das partes envolvidas, a dedução no
forma subsidiária, sendo o primeiro origem a uma dupla dedução, ex- âmbito do Código do IRC é apli-
e o último garante do cumprimento ceto quando essa dedução seja re- cada na proporção do rendimento
da obrigação consagrada no diplo- cusada na jurisdição do investidor líquido tributável correspondente a
ma, caso o contribuinte relevante ou que dê origem a uma dedução esse pagamento.
não cumpra com o referido dever. sem inclusão que não corresponda Nas situações de assimetrias hí-
Acrescente-se que as informações a rendimentos tributáveis ao abri- bridas que resultem numa dedução
comunicadas à AT ficam abrangidas go da legislação da jurisdição do sem inclusão ou numa dupla de-
pelo sigilo fiscal. investidor. Ou ainda se destinem dução, quando a outra jurisdição
a financiar, direta ou indiretamen- permita que o ordenante difira a
Diretivarelativa a assimetrias te, despesas dedutíveis que deem dedução para um período de tribu-
híbridas origem a uma assimetria híbrida, tação subsequente, os ajustamentos
através de uma operação ou série previstos podem ser efetuados no
Foi também transposta a dire- de operações entre empresas asso- período de tributação em que essa
tiva relativa às disposições respei- ciadas ou realizadas, como parte dedução seja efetivamente compen-
tantes a assimetrias híbridas, no de um acordo estruturado, exce- sada com um rendimento que não
âmbito das chamadas ATAD 1 e to na parte em que outra jurisdi- seja de dupla inclusão na jurisdição
2, estabelecendo regras destinadas ção envolvida tenha efetuado um do ordenante.
a neutralizar os efeitos das assime- ajustamento equivalente relativo a Caso uma ou mais entidades
trias híbridas em consonância com essa assimetria híbrida. associadas não residentes em ter-
as regras recomendadas no relató- Os gastos não dedutíveis são ritório português detenham, de
rio final da ação 2 do plano BEPS. considerados na determinação do forma agregada, um interesse di-
Considera-se “acordo estruturado” lucro tributável do mesmo período reto ou indireto em 50% ou mais
um acordo que envolva uma assi- de tributação ou de qualquer perío- dos direitos de voto, participação
metria híbrida em que o resultado do de tributação subsequente, até no capital ou direitos a uma par-
da assimetria seja considerado no ao montante dos rendimentos de te dos lucros de uma entidade hí-
preço fixado nos termos do acordo dupla inclusão. Por sua vez, con- brida constituída ou estabelecida
ou um acordo que foi concebido correm para o lucro tributável os em território nacional e estejam
para produzir um resultado de as- montantes correspondentes a paga- situadas ou domiciliadas numa ju-
simetria híbrida, salvo quando não mentos efetuados noutra jurisdição risdição ou jurisdições que tratem
possa ser razoavelmente expectável relativos a uma assimetria híbrida a entidade híbrida como sujeito
que o sujeito passivo ou uma em- que dê origem a uma dedução sem passivo, essa entidade é considerada
presa sua associada tivesse conheci- inclusão. Os rendimentos imputá- residente em território português e
mento da assimetria híbrida e não veis a um estabelecimento estável tributada como tal.
tenham beneficiado de parte do va- não considerados quando envolvi- O referido anteriormente não se
lor da vantagem fiscal resultante da dos numa assimetria híbrida, exce- aplica se e na estrita medida em que
assimetria híbrida. to quando estes rendimentos devam o rendimento da entidade híbrida
Não concorrem para a deter- ser isentos ao abrigo da convenção seja tributável em sede do IRS, do
minação do lucro tributável os para evitar a dupla tributação cele- IRC, diretamente na titularidade
gastos incorridos ou suportados, brada com um país terceiro. de pessoas singulares ou coletivas
na medida em que correspondam ou ao abrigo da legislação de outra
a pagamentos, ainda que ficcio- Redução do imposto jurisdição. O disposto não é apli-
nados, despesas ou perdas com cável a um instrumento de investi-
origem, incorridas ou sofridas em Na medida em que uma trans- mento coletivo.
F
oi publicada a portaria
que regula a tramitação
eletrónica dos processos
nos tribunais adminis-
trativos e fiscais. No en-
tanto, a presente regulamentação pa-
rece ainda insuficiente para fazer face
a todas as questões de ordem prática
que se vão levantando no âmbito da
utilização por parte dos profissionais
da área da plataforma SITAF, defen-
dem os fiscalistas da RFF.
Terão de ser promovidos novos
dispositivos legais que venham su-
prir lacunas e garantir uma melhor
operacionalidade do mesmo. “Caso
assim não suceda, terá de se aguardar
que os constrangimentos assinalados
e causados pela possibilidade de es-
colha sem critério pelas secretarias e celeridade na tramitação dos pro- notificados a todos os mandatários
dos tribunais, do mandatário a noti- cessos da jurisdição administrativa e da parte e, pelo menos, àquele que
ficar, quando no processo estiverem fiscal, com ganhos no que respeita à submeteu a peça processual eletro-
mandatados mais que um advogado, redução de custos, burocracias e im- nicamente, podendo a secretaria ju-
chegue aos tribunais superiores, com pacto ambiental, certo é que perma- dicial notificar, discricionariamente,
vista a formar-se jurisprudência, o necem arestas por limar do ponto de qualquer um deles em detrimento
que certamente demorará mais tem- vista prático, no que respeita à uti- dos restantes. O que poderá causar
po do que o aconselhável no presente lização, por parte dos profissionais graves constrangimentos no âmbito
caso.” da área, do sistema informático de da notificação, no acompanhamento
Em termos gerais, o regime pre- suporte à atividade dos tribunais ad- e na gestão do processo por parte dos
visto aproxima-se o mais possível das ministrativos e fiscais. mandatários.
soluções já previstas no âmbito da A RFF apresenta a título de exem-
tramitação eletrónica nos tribunais plo o regime em vigor que prevê que, Indicação de vários mandatários
judiciais. O regime é inovador em al- nos casos em que a parte disponha
guns dos seus aspetos, nomeadamen- de mais do que um mandatário ou Consideram os fiscalistas da RFF
te por prever a tramitação eletrónica representante em juízo – como é o que não faz qualquer sentido que,
em toda uma jurisdição, isto é, pre- caso das procurações forenses con- sendo indicados vários mandatários
vendo essa tramitação dos processos juntas – apenas um deles poderá que representam em juízo a mesma
não apenas junto dos tribunais ad- proceder ao envio da peça processual parte, nem todos sejam notificados
ministrativos de círculo e dos tribu- por tramitação eletrónica de dados, dos atos processuais, cuja notificação
nais superiores, quando haja lugar a através da plataforma SITAF. “Toda- das partes seja obrigatória ou, menos
recurso para os mesmos. “Ora, sem via, a legislação em vigor é omissa, ainda, que a secretaria dos tribunais
beliscar os méritos de uma reforma nestes casos, quanto à obrigatorie- escolha um deles discricionariamen-
que veio conferir mais transparência dade de os atos processuais serem te e em detrimento de todos os de-
Clientes de consultoria
procuram a simplificação
O
setor da consultoria está
num processo de mu-
dança acelerada, a que
os profissionais têm de
estar atentos e dar uma
resposta adequada. Neste momento,
uma das caraterísticas do mercado é
que os clientes procuram uma sim-
plificação crescente, de acordo com
os especialistas da Baker Tilly. Numa
análise, dão conta dos principais de-
safios da consultoria ao longo deste
ano.
Desde logo, o mercado procura
cada vez mais projetos ambiciosos
a preços esmagadores. Por sua vez,
está-se perante um mercado mais re- ditoras/consultoras e ao nível dos Tecnologias de informação
gulamentado, pelo que as exigências r4eguladores. A divulgação sistemá-
de um auditor são cada vez maiores. tica de documentos confidenciais Um outro grande desafio tem a
Por sua vez, a Baker Tilly chama a revelará as debilidades dos setores fi- ver com as tecnologias de informa-
importância para o fator da gestão de nanceiro e dos serviços profissionais ção. É cada vez mais exigido conhe-
pessoas. A gestão de expetativas dos na implementação e no controlo das cimento de tecnologias de informa-
colaboradores é um desafio constan- regras de AML/KYC, obrigando a ção. Apesar de muito utilizado, os
te. As gerações atuais procuram cada uma verdadeira adaptação do modo conhecimentos de Excel precisam de
vez mais um equilíbrio entre a vida de operação destes intervenientes. ser complementados com novos co-
pessoal e a vida pessoal. Ora, num Uma alteração da economia mun- nhecimentos ao nível de “data scien-
mercado cada vez mais exigente, dial, onde as mutações verificadas na ce”. Estas tecnologias estão sempre a
com maior competitividade de pre- economia (“asian focused”, quer das evoluir, colocando uma grande pres-
ços, prazos muito ambiciosos, torna indústrias dominantes (digitalização são na formação contínua. A trans-
a gestão das pessoas um verdadeiro da economia) obrigam a uma adap- formação digital exige não só a adap-
desafio. tação do paradigma da prestação de tação da infraestrutura tecnológica
No âmbito da consultoria fiscal, serviços de consultoria. das empresas de consultoria, mas
um aumento da regulação e da su- A automatização é um dos temas também um novo modo de opera-
pervisão da atividade da consulto- de maior atualidade no setor, a par ção no mercado, em que a utilização
ria, através da qual será introduzida de um outro desafio relevante, o do digital é crítica para o desenvol-
a Diretiva DAC 6, trará desafios de qual consiste na adaptação da oferta vimento do negócio e a prestação de
compliance a todos os intervenien- de trabalho às expetativas das gera- novos serviços.
tes da consultoria. Uma crescente ções mais jovens, cuja hierarquia de Por outro lado, a Baker Tilly aler-
regulamentação dos requisitos de necessidades implica uma alteração ta para a crescente complexidade das
independência na auditoria – que no paradigma laboral, valorizando- novas organizações, o que exige traba-
acarretará um escrutínio maior na -se aspetos mis qualitativos, em de- lhos com cada vez maior profundida-
atuação dos projetos – obrigará à trimento da componente quantita- de, o que exige especialização e é cada
revisão das práticas internas das au- tiva. vez mais difícil encontrar e formar re-
A
bastonária da Ordem
dos Contabilistas Cer-
tificados (OCC), Pau-
la Franco, revelou a
sua satisfação perante
o Relatório e Contas do ano passa-
do. Isto porque as contas se encon-
tram consolidadas e foi alcançada a
sustentabilidade financeira da insti-
tuição. Os resultados foram atingi-
dos em dois anos, “através da rees-
truturação na estratégia de alocação
de recursos e implementação de uma
forte política de redução de gastos,
corte de despesas e reforço da receita,
sem colocar em causa os serviços aos
membros”.
O conselho diretivo agilizou prá- Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC),
ticas para melhorar a eficiência de
controlo da despesa e das cobranças, atendimento, tendo-se verificado um Ainda recentemente o TOCon-
em articulação com uma política aumento exponencial do número de line disponibilizou mais dois mó-
mais eficaz e proativa de gestão dos subscrições de licenciamento e um dulos, o arquivo digital e a gestão
financiamentos, de maneira a supe- forte acréscimo dos esclarecimen- de gabinetes. O objetivo é garantir
rar de forma positiva o orçamento tos dados aos membros. “De forma a evolução deste software de gestão,
previsto na tesouraria para 2019, a reforçar o valor acrescentado dos tornando-o numa plataforma atua-
reduzindo e endividamento e, con- contabilistas certificados junto do lizada, com serviços integrados e à
sequentemente, o valor dos juros a tecido empresarial e apoiando-os no medida das necessidades dos conta-
pagar. “Os valores da tesouraria su- exercício da profissão – mitigando os bilistas e dos empresários. No módu-
peraram de forma muito positiva os efeitos das constantes alterações legis- lo gestão de gabinetes, será possível
valores orçamentados e os valores do lativas, da burocracia administrativa enviar declarações em lote para vá-
exercício anterior. O valor acrescido de novos e mais complexos modelos rias empresas, fazer o controlo dos
foi de 1,2 milhões de euros, quase de negócios e instrumentos finan- tempos e ficar a par dos prazos para
mais 353% do que no ano prece- ceiros – apostou-se na melhoria, na as obrigações fiscais e contabilísticas.
dente. O resultado líquido do perío- modernização e na descentralização Por seu turno, com a nova função ar-
do apresentou um valor positivo de do atendimento técnico e programa quivo digital, as empresas aderentes
365 mil euros, embora a tesouraria de formação profissional contínua, à plataforma TOConline poderão
da Ordem não reflita este resultado, inaugurando-se o atendimento pre- arquivar documentos como faturas,
devido aos investimentos efetuados sencial no Porto e organizando for- entre outros. Estes novos módu-
nos serviços aos membros.” mações inovadoras, como é o caso do los juntam-se assim aos já existen-
Paula Franco destacou o desen- projeto de implementação do SAF-T tes: Vendas (Faturação), Compras e
volvimento do TOConline e do seu da contabilidade.” Despesas, Gestão de Stocks, Salários,
O
Sindicato dos Traba- que foram de encontro aos anseios der a cada vez mais exigências da
lhadores dos Impostos de uma grande fatia do universo função. A realidade é que todos
(STI) continua a aler- dos trabalhadores da AT. Pesem os serviços da AT têm problemas
tar o Governo para embora os problemas e a morosi- com a falta de pessoal e o seu ele-
uma série de proble- dade excessiva que os procedimen- vado envelhecimento. Apesar de
mas que estão a afetar os profissio- tos de avaliação permanente têm a administração ver esta situação
nais. Exige o sindicato que sejam revelado, a realidade é que na AT como uma prioridade, é um facto
encontradas soluções e dadas res- raramente houve tantos procedi- que não tem existido abertura do
postas definitivas. Mais uma vez, mentos a correr em simultâneo. poder político para a devida reso-
foi promovido um encontro com a Assim, o STI defende que se resol- lução no curto prazo.
Direção-Geral da Autoridade Tri- vam, de uma vez e com celeridade, Também se impõe a abertura
butária, precisamente com o obje- todos os processos relacionados urgente do procedimento concur-
tivo de desenvolver as negociações com os diplomas de carreiras an- sal para profissionais integrados em
e serem encontradas respostas para tigos e que se possa virar a página carreiras subsistentes, sobretudo
as preocupações dos trabalhadores com o novo diploma de carreiras, aqueles que não são detentores de
dos impostos, como faz notar o aperfeiçoando os procedimentos, licenciatura, os quais se encontram
STI em comunicado. com benefícios para todas as par- estagnados e impedidos de pro-
Considera o sindicato que de- tes envolvidas. gredir na carreira desde há vários
vem ser iniciadas as reuniões de Mas há profissionais que não anos. A direção-geral da AT diz que
negociação para a regulamentação têm procedimentos a correr, como há perspetivas de o procedimento
do diploma de carreiras. Em causa é o caso das carreiras gerais e de cumprir os prazos previstos. O STI
estão os regulamentos da avaliação informática, que devem ter uma reforça que todos devem chegar às
permanente e de transferências, a oportunidade de integração na novas carreiras e que a transição se
revisão do SIADAP e dos suple- carreira especial da AT. É desta a deve fazer de forma rápida e conse-
mentos. A direção-geral da AT responsabilidade de colocar pes- quente.
adianta que estão a ser estudados soas não integradas na carreira O sindicato, agora com nova
os mecanismos possíveis e é sua especial a desempenhar trabalho direção, refere que há ainda muitos
intenção envolver os sindicatos técnico e depois não os remunerar passos a dar e muita coisa para mu-
neste processo, de forma a criar em conformidade com a função dar. Desde o SIADAP à Segurança
documentos que sejam o mais desempenhada. É determinante e Saúde no Trabalho, à necessida-
conciliadores possível, logo desde um concurso interno dentro das de de incentivar e dar ferramentas
a fase da arquitetura inicial, tendo carreiras subsistentes. aos trabalhadores para um maior
em conta a sua aprovação pacífi- e mais eficaz combate à fraude e
ca e respetiva implementação. O Rejuvenescimento dos quadros à evasão fiscais, várias são as áreas
STI, por seu lado, compromete-se onde a AT tem de melhorar. É que
a continuar a trabalhar em propos- O STI alerta ainda para a ne- o bom desempenho da AT depen-
tas concretas e fundamentadas que cessidade de reforço e rejuvenes- de sobretudo do empenho e da
possam ajudar a atingir os objeti- cimento dos quadros da AT, com motivação dos seus trabalhadores.
vos propostos. as regras de acesso às carreiras es- Entretanto, a direção nacional do
Os responsáveis sindicais cha- peciais (concurso externo). Assu- STI quer reforçar a cooperação en-
mam a atenção que existe uma me que o problema se agrava de tre os diversos órgãos da estrutura
série muito alargada de concursos, forma exponencial a cada ano que sindical para alinhar posições es-
procedimentos de mobilidade e de passa, com consequências para os tratégicas e operacionalizar o fun-
avaliação permanente em curso, trabalhadores, que têm de respon- cionamento da estrutura.
O
saldo global do subse- da receita continuou a ser alavanca- e complementos (+5,5%, correspon-
tor da Segurança Social da pelo aumento das contribuições e dentes a 901,1 milhões de euros),
atingiu os 2808,4 mi- quotizações (em termos homólogos, com a prestação social para a inclusão
lhões de euros, no ano mais 1459,5 milhões de euros, corres- e complemento (+30,9%, traduzindo
passado (+42% em ter- pondentes a uma variação positiva de um montante de 81,6 milhões de eu-
mos homólogos). Este desempenho 8,6%). Foram ainda relevantes os au- ros), com prestações de parentalidade
resultou de um aumento da receita mentos das transferências do exterior (+9% ou mais 49 milhões de euros),
efetiva (+2221,8 milhões de euros) su- e das transferências correntes da Ad- abono de família (+10,8%, o que re-
perior ao aumento da despesa efetiva ministração Central. O aumento dos presenta mais 77,4 milhões de euros
(+1390,8 milhões de euros), “conti- rendimentos de aplicações financeiras, para as crianças e jovens) e subsídio e
nuando a reforçar a sustentabilidade em mais 3,4% do que em dezembro complemento por doença (+9,2% ou
da Segurança Social”, de acordo com de 2018, permitiu reforçar as receitas mais 51,5 milhões de euros)”. Refere,
comunicado do Governo. de capital em 17,5 milhões de euros”, por fim, o aumento da despesa com
No final do mês de dezembro, a adiantou o Executivo. programas e prestações de ação social
receita efetiva cifrou-se em 29 497,4 Na sua apreciação, considera o em 4,3%, mais 73,3 milhões de euros
milhões de euros (traduzindo um au- Governo que se observou “um reforço do que em dezembro de 2018, “dedi-
mento homólogo de 8,1%), enquanto da proteção social das famílias, par- cado ao reforço das respostas sociais às
a despesa efetiva atingiu os 26.689 mi- ticularmente evidente nos aumentos necessidades das famílias, da infância
lhões de euros (+5,5%). “A evolução homólogos de despesa com pensões à velhice”.
A
execução orçamental comportamento muito favorável do enfermeiros, e da educação (3,2%).”
das Administrações mercado de trabalho teve reflexo no A despesa com pensões da Segu-
Públicas, em 2019, crescimento de 8,6% da receita das rança Social cresceu 5,5%, refletindo
registou um défice de contribuições para a Segurança So- o facto de a generalidade dos pensio-
599 milhões de euros, cial.” nistas ter tido aumentos reais nas pen-
refletindo uma melhoria de 1643 mi- A despesa primária cresceu 3%, sões, incluindo o impacto de dois au-
lhões de euros, face ao ano anterior, em influenciada pelo crescimento da des- mentos extraordinários. A evolução da
resultado de um crescimento da recei- pesa do SNS em 4,8%, com o inves- despesa é também explicada pelo cres-
ta de 4,3% e da despesa de 2,3%. “A timento na Saúde a crescer 17%. A cimento das prestações sociais (5,4%),
execução orçamental permite cumprir despesa com salários dos funcionários em particular o forte aumento da
o objetivo orçamental para 2019”, de públicos aumentou 4,6%, em resulta- despesa que resultou de medidas de
acordo com o Ministério das Finanças. do do descongelamento faseado das melhoria das prestações sociais como
A receita fiscal cresceu 3,8%, com carreiras entre 2018 e 2020. “A exe- o Abono de Família (10,8%) e a Pres-
destaque para o aumento do IVA em cução do mês de dezembro incorpo- tação Social para a Inclusão (30,9%).
7%. Esta evolução positiva ocorre ra pela primeira vez o pagamento de As Finanças adiantam que o in-
apesar da redução das taxas de vários 100% dos direitos de progressão de vestimento público aumentou 20,6%
impostos, tais como o IRS (aumento mais de meio milhão de funcionários, na Administração Central, excluindo
do número de escalões e do mínimo acumulados nos últimos 10 anos, e PPP, com destaque para o crescimen-
de subsistência), o IVA (diminuição cujo efeito pleno se continuará a sen- to no setor dos transportes públicos,
da taxa de vários bens e serviços) e o tir ao longo de 2020. Para o aumento sobretudo na IP (57,9%) e na CP
ISP (redução da taxa aplicada à ga- das despesas com pessoal destaca-se (25,4%), refletindo “a prioridade ao
solina em três cêntimos). “A forte o crescimento muito significativo na transporte ferroviário. O investimento
dinâmica da receita é justificada pelo despesa com salários dos profissionais público global da AP atinge o máximo
bom desempenho da economia. O da saúde (7%), em especial médicos e da década".
O
s departamentos jurídi- pela utilização da tecnologia para conta com 3500 advogados em 90
cos das quatro grandes desenvolver uma assessoria legal países. Enquanto esta empresa reali-
empresas de auditoria mais eficiente e para capitalizar a zou uma ampla carteira de atuações
– Deloitte, PwC, EY e melhoria do funcionamento das e trabalhos legais, a EY apostou nos
KPMG – já revelaram equipas internas, através de serviços chamados serviços subcontratados,
ser capazes de acompanhar o ritmo de operações jurídicas. Certo é que que se ocupam com os trabalhos
dos gabinetes tradicionais. O seu se trata de um grande mercado e monótonos, libertando as equipas
interesse pela inovação foi a solução que está a crescer rapidamente, refe- internas.
para ganhar eficiência e reduzir cus- re um trabalho publicado no jornal A KPMG também está a expan-
tos. As grandes consultoras estão a espanhol "Expansión". dir as suas atuações, com o foco nas
ganhar terreno no que toca à ativi- Nos dois últimos anos, as "Big consultas jurídicas no Reino Unido
dade jurídica. E existe margem para Four" redobraram os esforços na sua para abordar as mudanças de requi-
uma ainda maior expansão. abordagem à indústria dos serviços sitos dos advogados internos, ini-
O mercado está cada vez mais jurídicos, através de operações de ciativas que pretende reproduzir na
competitivo. O núcleo da estratégia alto perfil, com a tecnologia à frente Austrália, na Alemanha e na Suíça.
das "Big Four" continua, no entan- da sua estratégia. Importa notar que Já a Deloitte admite que a mudan-
to, a ser o mesmo, disponibilizar existem diferenças nas estratégias ça é acelerada e tende mesmo a ser
serviços para solucionar os proble- adotadas pelas quatro grandes do cada vez mais rápida, sendo que a
mas das empresas. O que também setor da auditoria. A PwC, que deu empresa está no bom caminho para
emergiu nas práticas jurídicas das início ao processo, está numa fase realizar cada vez mais negócios na
grandes da auditoria foi o interesse mais avançada. Neste momento, já área jurídica.
N
o âmbito do proces- organização, apresentação, debate, drade, professor universitário da
so de reforma das aprovação, execução, fiscalização Faculdade de Direito da Universi-
finanças públicas, e controlo do Orçamento do Es- dade de Coimbra, e integra ainda
através da imple- tado”. Neste contexto, o referido Susana Peralta, professora univer-
mentação da nova grupo de trabalho tem como obje- sitária da Nova School of Business
LEO, “que promove melhorias no tivos “avaliar a implementação da and Economics, Cláudia Braz,
processo de elaboração, acompa- nova LEO, identificar as normas economista do Departamento de
nhamento e reporte orçamental”, cuja entrada em vigor deve ser al- Estudos Económicos do Banco
de acordo com o Ministério das terada e apresentar propostas que de Portugal, Tiago Melo, vogal
Finanças, foi criado o grupo de visem melhorar a transparência do do Conselho Diretivo da ESPAP e
trabalho para a reavaliação da Lei processo orçamental e a qualidade Coordenador da UNILEO, e So-
de Enquadramento Orçamental. de informação, contribuindo para fia Batalha, subdiretora geral da
O Governo chama a atenção um processo de tomada de decisão DGO. O grupo de trabalho ela-
que “a Lei de Enquadramento mais informada”. borará um relatório que deverá ser
Orçamental (LEO) constitui um O grupo de trabalho é coor- apresentado ao Governo até ao dia
instrumento fundamental para a denado por Fernando Rocha An- 4 de maio de 2020.
A
Comissão do Mercado entre os quais relevam os Estados te dos AQI aos seis auditores de EIP
de Valores Mobiliários Unidos, o Canadá, o Reino Unido, a com maior dimensão – BDO, De-
(CMVM) apresentou Holanda e Singapura. O modelo de loitte, Ernst & Young Audit, KPMG,
o “Guia de Aplica- AQI português prevê oito indicado- Mazars e Pricewaterhousecoopers –
ção de Indicadores de res e 15 métricas relativas a aspetos sobre os indicadores e métricas de fir-
Qualidade da Auditoria”. Trata-se de do processo de auditoria financeira ma e de projetos de auditoria de uma
um documento orientador quanto a considerados particularmente rele- amostra de 25 grupos económicos se-
boas práticas a adotar pelos audito- vantes para promover a qualidade lecionados com base na sua relevância
res de Entidades de Interesse Público da auditoria, cobrindo dimensões em termos de volume de negócios e
(EIP), contribuindo para a promo- quantitativas de atividade, mas tam- ou valor de balanço. O reporte de in-
ção da qualidade da auditoria e con- bém aspetos qualitativos quanto à formação à CMVM deverá efetivar-se
ferindo maior transparência e objeti- forma como é exercida a profissão. até final de setembro de 2020 e será
vidade ao respetivo mercado. A entidade reguladora admite que referente ao exercício de 2019.
O guia constitui ainda uma fer- um modelo de AQI não tem o propó- Após a conclusão da primeira
ramenta de apoio a todos os inter- sito de ser uma fórmula direta e única fase de aplicação do guia, a CMVM
venientes no processo de auditoria, para avaliar a qualidade da auditoria irá avaliar a aderência dos indicado-
designadamente os órgãos de fiscali- em particular ou aferir se o auditor res e métricas ao mercado nacional,
zação. Com o guia agora publicado, cumpriu as suas obrigações, mas é aferir a fiabilidade do entendimento
Portugal integra um grupo relativa- um instrumento útil para sistemati- e preenchimento dos modelos de re-
mente pequeno de jurisdições com zar informação sobre alguns dados do porte e introduzir os ajustamentos
modelos implementados de Indi- processo de auditoria. No primeiro que se venham a mostrar necessários
cadores de Qualidade de Auditoria ano de implementação do modelo de e, eventualmente, alargar o âmbito
ou Audit Quality Indicators (AQI), AQI, a CMVM irá solicitar o repor- da sua aplicação.
O
Governo vai apresentar rá o conceito de jurisprudência dos sentido, sem que existam decisões de
uma iniciativa legisla- tribunais superiores (isto é, decisões tribunais superiores em sentido con-
tiva para que a admi- judiciais destes tribunais que esclare- trário igualmente transitadas em jul-
nistração tributária não cem como deve a lei ser interpreta- gado e em número superior”.
leve a tribunal casos em da), fazendo com que a administra- Visa também assegurar o dever
que já há decisões de tribunais su- ção fiscal as cumpra sem margem de de revisão das orientações genéricas
periores sobre a matéria, anunciou discricionariedade. da administração tributária quando
o Secretário de Estado dos Assuntos A solução que vai ser proposta as- esteja em causa matéria apreciada em
Fiscais, António Mendonça Mendes. segura o dever de a administração tri- decisão sumária por um tribunal su-
“Existe «a perceção generalizada de butária rever as orientações genéricas perior, nos termos do regime previsto
que nem sempre a administração quando “exista doutrina assente pelo na lei. António Mendonça Mendes
fiscal conforma a sua atuação à juris- Supremo Tribunal Administrativo em defende que esta alteração vai contri-
prudência dos tribunais superiores, recurso para uniformização de juris- buir para a redução do contencioso
nomeadamente do Supremo Tribu- prudência ou quando exista jurispru- desnecessário, libertando tempo e
nal Administrativo”, na perspetiva dência uniforme dos tribunais supe- recursos à autoridade tributária e aos
do governante. riores manifestada em cinco decisões tribunais, conclui o secretário de Es-
A iniciativa legislativa densifica- transitadas em julgado no mesmo tado dos Assuntos Fiscais.
A
aprovação e a entra- princípios, critérios e procedimentos produtivas e agrícolas não dispensam
da em vigor do SNC que dizem respeito à contabilidade a obtenção dos dados referentes aos
não contemplou a de custos, cuja adoção é obrigatória custos de produção, pelo que a con-
elaboração obrigatória por parte das empresas de produção. tabilidade de custos continua a ser
da demonstração de A contabilidade financeira necessita uma base relevante para a obtenção
resultados por funções, cuja elabo- de tais informações para preencher desta informação, sempre na ótica
ração pressupõe a adoção de uma certos elementos que constam das do princípio do custo-benefício. Em
contabilidade de custos por parte das demonstrações financeiras. Também mercados crescentemente agressi-
empresas dotadas de um processo de a NCRF 17 é dedicada à agricultu- vos, em que as empresas operam,
conversão de matérias ou materiais ra e é caraterizada por um conjun- os gestores não podem enfrentar os
em produtos mais próximos da uti- to alargado de conceitos relativos a desafios colocados pela penetração
lidade final. António Pires Caiado, produções que são similares às das e comercialização dos seus produtos
em trabalho publicado na revista entidades produtivas e em que se e serviços sem o conhecimento dos
Contabilista, explica os aspetos mais aplicam integralmente os critérios seus custos. Em matéria de lança-
relevantes da contabilidade de custos previstos. No entanto, a entidade mento de novos produtos, de con-
que têm impacto direto nas opera- normalizadora optou por seguir o quista de novos mercados, as opções
ções de fecho e de apresentação das modelo internacional em que a men- estratégicas dos empresários não po-
demonstrações financeiras anuais. suração decorre do justo valor e não dem ser fundamentadas sem dispo-
O docente universitário chama de um sistema contabilístico. rem de informações atempadas sobre
a atenção para o facto da NCRF 18 António Pires Caiado adianta as suas consequências em matéria de
conter um conjunto resumido de ainda que os gestores das entidades resultados.
A
Confederação do Co- faz parte há pouco tempo. Na sua
mércio e Serviços de perspetiva, esta potencial alteração
Portugal (CCP) e a transmite aos investidores estran-
Confederação Portu- geiros uma imagem de instabilidade
guesa da Construção e e insegurança, que põe em causa o
do Imobiliário (CPCI) consideram nome de Portugal enquanto destino
que a proposta do Partido Socialista recetor de investimento, e que será
de pôr fim à concessão de “Vistos decerto prejudicial para o objetivo
Gold” nas áreas metropolitanas de de descentralizar o investimento
Lisboa e Porto não tem em ponde- para o interior do País.
ração os interesses económicos das Neste enquadramento, CCP e
empresas que operam a montante e CPCI recomendam um reajuste do
a jusante do sector imobiliário na- programa em vigor, que passe pela Porto. As duas entidades defendem
cional. alteração do valor mínimo de inves- esta posição, tendo em conta a ne-
No entender de ambas as Con- timento em imobiliário para obten- cessidade de preservar o dinamismo
federações, as consequências desta ção de visto de residência e tendo do mercado imobiliário. Reforçam
proposta não estarão a ser devida- em conta os municípios onde haja a ideia de que o essencial é colocar
mente avaliadas, tendo em conta o uma maior pressão imobiliária, ao mais oferta no mercado, eventual-
contexto do investimento imobiliá- invés do cancelamento alargado às mente com a intervenção do Esta-
rio internacional do qual Portugal áreas metropolitanas de Lisboa e do, em certos casos.
M
ário Centeno, mínima no IRC simplificado. Por sua peso destes impostos. Portugal foi o
ministro das Fi- vez, no OE 2020, consagram-se nova- país da União Europeia que mais re-
nanças, considera mente medidas de incentivo, em sede duziu a taxa marginal efetiva sobre o
que o país tem um de IRC para as PME, empresas que rendimento das empresas entre 1998
regime fiscal cada exerçam atividade em territórios do e 2018, cerca de 40%.”
vez mais amigo do investimento, por- interior e para as empresas que rein- As taxas de juro são as mais baixas
que é estável e sustentável. Considera vistam os seus lucros. “O OE 2020 entre os países da Europa do Sul, na
que a carga fiscal está a ser reduzida promove ainda um forte estímulo ao perspetiva do ministro das Finanças.
e há incentivos fiscais importantes no crescimento económico, mantendo “Esta redução corresponde a uma
sentido de tornar a economia mais como valores essenciais a simplifica- poupança anual de dois mil milhões
competitiva. ção e a estabilidade na previsibilida- de euros em juros, um valor equiva-
O ministro defende que foi imple- de do sistema fiscal. Somos um dos lente ao aumento da despesa no SNS.
mentado um conjunto de incentivos países que mais reduziram o peso dos Mas também as taxas de juro pagas
fiscais às empresas, designadamente a impostos diretos sobre as famílias.” pelas empresas são inferiores e estão
dedução de lucros retidos e reinves- Argumenta o governante que, mais próximas das praticadas nos ou-
tidos, a remuneração convencional entre 2015 e 2018, esse valor, em tros países europeus. O diferencial
do capital social, o Regime Fiscal de percentagem do PIB, reduziu-se seis de taxa de juro pago pelas sociedades
Apoio ao Investimento e o contrato décimas em Portugal, “menos mil não financeiras em Portugal e na Área
fiscal de investimento, o fim da obri- milhões milhões de euros de IRS do Euro foi esmagado ao longo dos
gatoriedade do pagamento especial pago, o que faz de nós um dos países últimos quatro anos”, conclui Mário
por conta e a eliminação da coleta da Zona Euro que mais reduziram o Centeno.
A
esmagadora maioria dimentos constituem obstáculos à Transferências e Impostos Internacio-
dos empresários portu- atividade económica em Portugal. nais e Impostos de Consumo e Alfan-
gueses considera existir As empresas apontam as frequentes degários são os menos questionados
um elevado grau de ins- alterações legislativas que se verifica- pela administração fiscal.
tabilidade fiscal. Mais ram ao longo dos últimos anos como No que concerne ao Plano de
estabilidade e maior simplificação fis- a principal justificação para esta per- Ação BEPS ("Base Erosion and Profit
cais são as principais reivindicações dos ceção. Outra das causas apontada Shifting"), mais de metade dos inqui-
responsáveis fiscais das empresas nacio- para esta incerteza é a ambiguidade, ridos considera que o mesmo não é
nais, no âmbito de um estudo da res- fragilidade e inconsistência da dou- importante para o departamento fis-
ponsabilidade da consultora Deloitte. trina e informação disponibilizada cal da sua empresa e apenas uns pou-
O estudo da consultora, que reúne pela Autoridade Fiscal. Ainda assim, cos empresários consideram o mesmo
a visão de representantes de 940 em- muitos dos inquiridos (cerca de 44%) relevante para a sua estratégia fiscal.
presas da região europeia (incluindo consideram que a sua relação com a Certo é que a quase totalidade ainda
Portugal) sobre várias questões rela- Autoridade Tributária é boa ou muito não começou a planear o impacte das
cionadas com políticas fiscais, revela boa. Por sua vez, as inspeções da Auto- alterações que o BEPS poderá impli-
que, para os responsáveis portugueses, ridade Tributária focam-se sobretudo car, sendo certo que as haverá e que
a instabilidade legislativa em matéria nos Impostos sobre o Rendimento das serão de grande influência na forma
fiscal e a complexidade dos proce- Sociedades, seguido do IVA. Preços de de fazer negócios.
O
Comité Europeu das para os hospitais e as escolas, os trans- ganismo. Considera que não devem
Regiões (CR) defende portes locais, o ambiente, as univer- ser os municípios e as regiões a pagar
a manutenção do finan- sidades e as pequenas empresas de- a fatura da saída do Reino Unido da
ciamento e que não se sapontaria os cidadãos e alimentaria União Europeia.
verifiquem cortes nos o populismo, na perspetiva do CR. “A proposta relativa ao Qua-
investimentos que ajudam a melho- “Na maioria dos Estados-Membros, dro Financeiro Plurianual (QFP)
rar a vida dos cidadãos nos municí- o financiamento da UE para a coe- é um golpe duro para a política de
pios e nas regiões. “O dinheiro dos são, a agricultura e o desenvolvimen- coesão, com um corte de 12% em
contribuintes deve continuar a ser to rural representa cerca de 50% do relação ao quadro em curso e taxas
investido nas comunidades locais, já total do investimento público. Não de cofinanciamento que continuam
que esse investimento tem vantagens é apenas um exemplo de solida- a ser inferiores às atuais. Reduzir o
tanto para os contribuintes líquidos riedade europeia, é um impulso ao apoio ao desenvolvimento regional,
como para os beneficiários líquidos crescimento económico, à criação nomeadamente através da política
do orçamento da UE.” de emprego e ao mercado único que de coesão, não aproximará a UE dos
Reduzir o financiamento da UE beneficia todos”, adianta aquele or- seus cidadãos.
A
s empresas de pequenas cios anual seja inferior a um limiar nas transações de comércio eletróni-
dimensões da União estabelecido pelo Estado-membro em co transfronteiras. “As novas medidas
Europeia terão regras de causa”. O máximo possível é 85 mil permitirão que os Estados-membros
IVA simplificadas a par- euros, mas, “em determinadas condi- recolham, de forma harmonizada, os
tir de 2025, anunciou ções, as pequenas empresas de outros registos disponibilizados eletronica-
o Conselho Europeu. O objetivo das Estados-membros que não excedam mente por prestadores de serviços de
novas regras é reduzir encargos admi- este limiar poderão também beneficiar pagamento, como, por exemplo, os
nistrativos e custos, segundo aquele do sistema simplificado se o seu volu- bancos”, adianta aquela entidade co-
órgão da União Europeia. me de negócios anual total em toda a munitária.
“O Conselho adotou regras do UE não for superior a 100 mil euros”. Será criado um novo sistema ele-
IVA simplificadas aplicáveis às pe- Explica ainda o Conselho, no refe- trónico central para o armazenamento
quenas empresas. O objetivo das rido comunicado, que “o atual sistema de informações sobre pagamentos e
novas medidas é reduzir os encargos do IVA prevê que a isenção do impos- para o tratamento posterior dessas in-
administrativos e os custos de unifor- to para as pequenas empresas só esteja formações por funcionários nacionais
mização para as pequenas empresas e disponível para as empresas nacionais, responsáveis pelo combate à fraude.
criar um enquadramento fiscal que mas com a reforma acordada passará a Em causa estão dois textos legislati-
as ajude a crescer e a realizar trocas ser possível aplicar uma isenção seme- vos referentes a alterações na diretiva
comerciais além-fronteiras de forma lhante às pequenas empresas estabele- do IVA e a mudanças no regulamen-
mais eficiente”, é referido em comuni- cidas noutros Estados-membros”. As to sobre a cooperação administrativa
cado. Adianta ainda que as pequenas novas regras entram em vigor a 1 de no domínio deste imposto. Ambos os
empresas possam beneficiar de regras janeiro de 2025. Mas a partir do início textos complementam o quadro re-
simplificadas no que se refere ao cum- do ano anterior entram em vigor ou- gulamentar do IVA para o comércio
primento das obrigações em matéria tras regras, no sentido de tornar mais eletrónico, que entrará em vigor em
de IVA, caso o seu volume de negó- simples a identificação de fraude fiscal janeiro de 2021.
Contabilidade analítica
O livro “Contabilidade tre esses temas contam-se custos e formas de organiza-
analítica – Cálculo e análi- os custos e a necessidade do ção da produção, os proces-
se de custos para a gestão” seu cálculo, a classificação de sos produtivos com inerência
sistematiza conhecimentos, custos para diferentes obje- de defeituosos, o processo
ensinamentos e metodolo- tivos e as componentes do produtivo conjunto e ainda
gias dispersos pelas melhores custo de produção. Outros a valorização da produção a
obras da especialidade. O capítulos respeitam a maté- custos pré-estabelecidos.
rigor e a profundidade dos rias como a dificuldade do A autora é Maria-Helder
melhores autores das esco- cálculo do custo de produção Martins Coelho. O preço
las portuguesas e francesas completo, as técnicas de cus- de venda ao público é de 26
são recuperados, recriados teio e o seu efeito nos resul- euros e trata-se de mais uma
e adaptados ao contexto ac- tados, a dinâmica da relação publicação da responsabili-
tual. custo/volume/resultado e a dade do grupo editorial Vida
Depois de uma intro- medida da produção. Não Económica.
dução geral, são abordados menos importantes são os
os temas mais importantes temas relacionados com os
da temática em análise. En- métodos de acumulação de
Matemática financeira
edição revista e ampliada, sentação de um caso prático. fórmula(s) apropriadas e a se-
versa sobre noções elementa- Neste sentido, incluíram-se quência do método resolutivo.
res de Matemática Financeira diferentes perspetivas de apre- Os formulários foram au-
nas suas vertentes teórica e sentação nos enunciados dos mentados, muitas vezes in-
prática. Apresenta-se como exercícios e as diferentes alter- cluindo a mesma fórmula
um manual de estudo e de nativas que podem ser utiliza- com notações diferentes, que
suporte em aplicações profis- das na resolução dos mesmos. por demais evidentes e desne-
sionais, nomeadamente em Reconhecendo que a maior cessárias, mesmo assim, são
aspetos relacionados com a dificuldade na resolução dos “apreciadas” pelos alunos. A
prática bancária e seguradora. casos não reside no próprio obra contém 83 figuras, seis
Esta nova edição apresenta exercício, mas no obstácu- gráficos e 11 tabelas, no sen-
mais exercícios resolvidos que lo da sua interpretação, foi tido de permitir uma apren-
a edição anterior. Muitos dos mantido como método de dizagem mais rápida. O autor
O conteúdo do livro exercícios foram sugeridos trabalho, a identificação dos é António Sarmento Batista,
“Matemática financeira – O pelos próprios estudantes, dados que são apresentados, numa edição da Vida Econó-
valor do dinheiro ao longo que procuraram esgotar todas as incógnitas que devem ser mica e o preço de venda ao
do tempo”, na sua terceira as hipóteses possíveis de apre- descobertas, a seleção da(s) público é de 26,91 euros.
Novidade
DIREITO A obra mais completa.
3ª Edição revista e ampliada
Um manual prático e conciso: TRIBUTÁRIO 2020 Edição atualizada com
o Orçamento do Estado de 2020
• Introdução clara e objetiva ao Regulamento Ge- 23ª EDIÇÃO
ral de Proteção de Dados;
• Resposta às dúvidas mais frequentes relaciona-
das com os novos conceitos, direitos e obriga-
TODOS OS CÓDIGOS FISCAIS *
ções decorrentes do Regulamento;
• Guião das medidas técnicas e organizacionais a
implementar para garantir a conformidade com LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR
o Regulamento e evitar coimas;
• Guião das medidas de segurança informática, de UMA OBRA DE REFERÊNCIA REVISTA
segurança física, procedimentos a implementar E ATUALIZADA ATÉ AO ORÇAMENTO 2020
para garantir a conformidade com o Regulamen-
to.
• Minutas dos vários documentos (clausulas con-
A 23ª edição contém:
tratuais, políticas de privacidade, etc.)
• Anotações;
• Glossário com os termos do regulamento;
• Legislação Complementar;
• Regulamento (EU) 2016/679 do Parlamento e do
Conselho, de 27 de abril de 2016. • Remissões revistas;
• Índices, incorporados no início de cada código
e no final um Índice Geral Remissivo de todos
Fique a par dos novos conceitos, novos direitos e
os códigos e legislação complementar.
novas obrigações introduzidas no regime jurídico
da proteção dos dados pessoais.
* Não integra os Códigos do CIEC e CISV.
Evite as elevadas coimas e esteja em conformidade
IMEDIATO
com o disposto no RGPD ou na Lei n.º 58/2019.
IMEDIATO
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CONTABILIDADE
& EMPRESAS
MARÇO E ABRIL 2020 | N.º 62 | 2ª SÉRIE
CONTABILIDADE
• Declaração Modelo 22 – Preenchimento e comentários
• Preenchimento da declaração Modelo 22 de IRC:
Oportunidades e desafios
FISCALIDADE
• Branqueamento de capitais conta com novas
diretivas
• Transposta diretiva sobre troca de informação fiscal
SETORES
• Processos de jurisdição fiscal sujeitos a tramitação
eletrónica
ASSOCIATIVISMO
• STI insiste na regulamentação do diploma de carreiras