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Definir um tema para debates é sempre uma tarefa difícil.

Escolher
entre tantos desafios, o de maior necessidade de exposição e
discussão, nos deixa sempre com uma dúvida.

Será que este tema é realmente o mais urgente?

Pois nesta terça-feira, lendo no Estado de São Paulo sobre a


retomada das obras de Angra 3, tive a certeza de que, mais uma vez,
o Instituto de Engenharia toma a direção certa, sempre atento às
necessidades do Brasil. Sempre pronto a participar ativamente na
definição do destino da nação.

Esta simples decisão, muito mais importante do que retomar um


projeto antigo, comprado, pago e parado por falta de vergonha na
cara há 20 anos, recoloca o Brasil no caminho da independência
energética, livrando-nos de toda sorte de aventureiros políticos que
costumam tomar o poder nas fontes de hidrocarbonetos.

O coordenador deste evento, Eng Miracyr Marcato, defende que o


Brasil não pode abandonar o uso da energia nuclear, pois já o fez em
1967 ao assinar, junto com 186 países, o Tratado de Não Proliferação
de Armas Atômicas. Deixando claro que jamais nos tornaremos uma
Coréia do Norte.

Mas como ignorar as reservas brasileiras de Urânio, equivalentes a


21% do estoque de energéticos não-renováveis e a 4% das reservas
mundiais, num cenário que aponta para uma demanda crescente por
energia e para o esgotamento do petróleo no mundo?

É urgente a necessidade de diversificação da matriz energética


brasileira. Mais urgente ainda é a necessidade da redução de emissão
de dióxido de carbono na atmosfera. As duas únicas alternativas
viáveis a curto e médio prazo são a hidrelétrica, já em avançado
estado de aproveitamento no Brasil, e a nuclear, quase inexplorada.

Hoje, com anos de experiência e pesquisa, é possível otimizar o


aproveitamento do combustível atômico, reduzindo o volume dos
resíduos das usinas. Novos geradores, mais eficientes e mais seguros
entram em operação e não temos notícias de acidentes, como os de
décadas passadas.

Hoje, porém, é preciso lutar. Lutar contra a opção pelo atraso que
impera nos corredores de Brasília, num discurso falso ambientalista,
onde o preconceito de pessoas despreparadas para governar o país
emperra todos os projetos de infra-estrutura. Lutar contra a
mentalidade que considera uma hidrelétrica mais prejudicial que uma
caldeira de óleo combustível.
O Instituto de Engenharia apresenta hoje uma visão realista do
potencial que a energia nuclear representa para o país, como fonte
limpa, eficiente e necessária de energia. Não como uma solução
única, mas como parte de um conjunto de fontes, reduzindo riscos,
dependências e maximizando recursos.

Que nossos governantes façam bom uso destas opiniões.

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