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VIVER EM PORTUGUÊS

Módulo 6655 – A Literatura do nosso tempo

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

1. Leia o poema “Trova do vento que passa” de Manuel Alegre.

Trova do vento que passa


Para António Portugal

Pergunto ao vento que passa


notícias do meu país Vi navios a partir
e o vento cala a desgraça (Portugal à flor das águas)
o vento nada me diz. vi minha trova florir
35
(verdes folhas verdes mágoas).
5
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
Há quem te queira ignorada
e os rios não me sossegam
e fale pátria em teu nome.
levam sonhos deixam mágoas.
Eu vi-te crucificada
Levam sonhos deixam mágoas 40 nos braços negros da fome.
10
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas E o vento não me diz nada
para onde vais? Ninguém diz. só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
Se o verde trevo desfolhas à beira de um rio triste.
pede notícias e diz
15
ao trevo de quatro folhas 45 Ninguém diz nada de novo
que morro por meu país. se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
Pergunto à gente que passa
vi minha pátria florindo.
por que vai de olhos no chão.
Silêncio – é tudo o que tem
E a noite cresce por dentro
quem vive na servidão.
20 dos homens do meu país.
50
Vi florir os verdes ramos Peço notícias ao vento
direitos e ao céu voltados. e o vento nada me diz.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados. Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
25
E o vento não me diz nada 55
há sempre alguém que semeia
ninguém diz nada de novo. canções no vento que passa.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo. Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
Vi meu poema na margem há sempre alguém que resiste
30
dos rios que vão pró mar há sempre alguém que diz não.
como quem ama a viagem 60

mas tem sempre de ficar. ALEGRE, Manuel (1995). 30 Anos de Poesia.


Lisboa: Dom Quixote, pp. 93-95.

in Expressões 12, Porto Editora

Formadora Tânia Santos


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2. Tendo em conta que o poema foi escrito num regime ditatorial, indique os versos onde
estão presentes os seguintes temas:

2.1. Denúncia do regime ditatorial, marcado pelo exílio ________________


2.2. Falta de liberdade de expressão __________________
2.3. Desânimo e desalento ao ver a pátria sem rumo __________________
2.4. Opressão/repressão __________________
2.5. Falta de patriotismo ___________________
2.6. Fome ____________________
2.7. Expressão da revolta face ao regime e incitação a uma posição interventiva
de resistência ao fascismo (nomeadamente sob a forma de canções de
resistência) __________________________

3. Escreva uma carta a um amigo ou familiar que viva longe de Portugal. Conte-lhe
como está o país inspirando-se no poema de Manuel Alegre. Escreva um texto que
respeite a estrutura da carta informal. (mínimo 100 palavras)

4. Agora, leia o seguinte poema de António Gedeão.

4.1. Indique o tema do poema.

4.2. Neste poema são evidentes


os procedimentos próprios
de uma experiência.
Sublinhe os versos que
indicam a veracidade da
afirmação anterior.

4.3. Nem sinais de negro/ nem


vestígios de ódio.

Indique a intenção crítica presente


nos versos transcritos.

4.4. Atendendo à estrutura


externa do poema,
classifique as estrofes
quanto ao número de
versos

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5. Faça uma analogia entre o tema do poema anterior e o anúncio publicitário que se segue.

Noções de Versificação
Verso  é formado por uma ou várias palavras com número variável de sílabas.
Estrutura métrica  contagem das sílabas que são percetíveis pelos ouvidos.
Estrutura rimática:
1. Rima consoante – correspondência de sons vocálicos e consonânticos.
2. Rima toante – correspondência de sons vocálicos.

Classificação quanto ao número de sílabas métricas:


1 - monossílabo 2 - dissílabo 3 – trissílabo
4 - tetrassílabo 5 - pentassílabo 6 –hexassílabo
7 - heptassílabo 8 - octossílabo 9 – eneassílabo
10 - decassílabo 11 - hendecassílabo 12 - dodecassílabo

Esquema rimático:

 Rima emparelhada – quando dois fonemas ou mais versos seguidos rimam entre si (aa bb cc);
 Rima Cruzada – quando os versos rimam alternadamente (abab);
 Rima Interpolada – os versos que rimam estão separados por dois ou mais (a bbb a);
 Rima encadeada – a rima final de um verso encontra correspondência no meio do verso
seguinte.
ESTROFES
Monóstico Verso que surge isolado de outros conjuntos de versos
Dístico Estrofe de dois versos
Terceto Estrofe de três versos
Quadra Estrofe de quatro versos

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Quintilha Estrofe de cinco versos


Sextilha Estrofe de seis versos
Oitava Estrofe de oito versos
Décima Estrofe de dez versos
Género dramático
É composto de textos que foram escritos para serem encenados em forma de peça de teatro.
Para o texto dramático se tornar uma peça, deve ser transformado em guião.
É muito difícil ter definição de texto dramático que o diferencie dos demais géneros textuais, já que
existe uma tendência atual muito grande em teatralizar qualquer tipo de texto. No entanto, a principal
característica do texto dramático é a presença do chamado texto principal, composto pela parte do
texto que deve ser dito pelos autores na peça e que, muitas vezes, é induzido pelas indicações
cénicas, ou didascálias, texto também chamado de secundário, que informa os atores e o leitor sobre
a dinâmica do texto principal.
Por exemplo, antes da fala de uma personagem é colocada a
expressão: «com voz baixa», indicando como o texto deve ser falado.
Já que não existe narrador nesse tipo de texto, o drama é dividido
entre as duas personagens locutoras, que entram em cena pela
citação de seus nomes.

FELIZMENTE HÁ LUAR!

Formadora Tânia Santos


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Contextualização histórica
1. Veja o vídeo “Candidatura de Humberto Delgado à presidência da república em 1958”
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6DRrmKKzfu4

2. Leia o seguinte excerto retira da obra Felizmente há luar!.

MANUEL
Se ele quisesse…

Este silêncio é pesado. (Silêncio)


As personagens olham para as
mãos e para os lados. Foram
longe de mais e sabem-no.
VICENTE
Ainda têm nos ouvidos o
ruído dos tambores, símbolo Se ele quisesse? Mas se ele quisesse o quê? Vocês ainda nã o estã o
de uma autoridade sempre fartos de generais? […]
presente e sempre pronta a
interferir.
(Aponta para um dos presentes)

Fala muito depressa. Tens sete filhos com fome e com frio e vais para casa com as mã os a
Está cada vez mais excitado. abanar. Julgas que o Gomes Freire os vai vestir?

(Aponta para o outro)

E tu, que nã o comes desde ontem – está s com pressa de ir para a


guerra? Julgas que matas a fome com as balas? Idiotas! Nenhum de vocês
tem um teto que o abrigue no inverno, nenhum de vocês tem onde cair
morto, mas, mal passa um tambor, nã o há um só que nã o queira ir atrá s
Faz com as mã os o gesto de
quem toca tambor.
dos soldados. Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum! – Idiotas!
Olha lá .

(Aponta para o antigo soldado)

[…]

O ANTIGO SOLDADO

Fala com escá rnio. O Gomes Freire nã o é desses.


[…]
VICENTE

Nã o é desses... Nã o é desses... Entã o de quais é ele? Duns que nã o


existem?
É um santo, o teu general…

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O ANTIGO SOLDADO

Nã o é um santo, é um homem como todos nó s, mas...

VICENTE

"Mas"? Nã o há "mas" nem meio "mas". O que há é homens e generais.


Ou se é por uns, ou se é por outros.
O teu general, entã o, é perfeito: nem sequer é português…
[…]
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há luar!, Porto, Areal Editores, 1999.

2.1. Que característica do texto dramático estão presentes neste excerto?

2.2. Interprete a intervenção de Manuel.

2.3. Justifique a revolta expressa por Vicente na sua primeira fala.

3. Assista a uma dramatização de um excerto desta obra pela companhia de teatro in

skené, disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=hdXNlLkC0GA

4. Observe a caricatura que se segue e comente, tendo em conta os seus


conhecimentos históricos e da atualidade.

- No seu comentário não se esqueça de descrever a imagem, de referir a possível


simbologia das personagens e a sua intencionalidade.

Caricatura do Zé Povinho

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Conto de autor do século XX

JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

José Eduardo Agualusa [Alves da


Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960.
Estudou agronomia e silvicultura e foi
jornalista. Publicou até agora 13
romances, e diversas coletâneas de contos
e de poesia. Os seus livros estão
traduzidos em mais de 30 idiomas. Um dos
seus romances, “O Vendedor de Passados”,
ganhou o Independent Foreign Fiction
Prize, em 2007. “Teoria Geral do
Esquecimento” foi finalista do Man Booker
International, em 2016, e vencedor do
International Dublin Literary Award, em
2017. José Eduardo Agualusa divide o seu
tempo entre a Ilha de Moçambique, no norte
de Moçambique, e Lisboa, em Portugal. Tem
três filhos. 

1. Observe a capa do livro de José Eduardo Agualusa:


1.1. Descreva a imagem que aí aparece.
1.2. Estabeleça uma relação entre a imagem, o título
e o subtítulo da obra – Fronteiras perdidas /
contos para viajar.

2. Atente no título do conto que, a seguir, vai analisar.


2.1. Sugira hipóteses relativamente à história que se
vai contar.

3. Leia, agora, o conto.

A NOITE EM QUE PRENDERAM O PAI NATAL

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6. A personagem principal é o velho Pascoal. Faça a sua caracterização física e psicológica,


partindo da informação presente no primeiro parágrafo.

6.1. Assinale dois recursos estilísticos utilizados na caracterização da personagem.

7. O neologismo “urbicídio” é formado a partir de urbe + -cídio.


7.1. Explique, por palavras suas, o sentido deste vocábulo.
7.2. Encontre mais três palavras em que esse sufixo esteja presente.

8. Atente, agora, na terceira parte da história (desde Um dia era dezembro… (ll. 67-68) até
ao final do texto).
8.1. Identifique nesta passagem dois segmentos descritivos.

9. Comente o sentido da frase: “As barbies ocupavam a montra principal, cada uma no seu
vestido, mas todas com mesmo sorriso entediado.” (ll.99-100).

10. Há uma lenda portuguesa conhecida como “O milagre das rosas”. Encontre
semelhanças e diferenças entre a dita lenda e o final da história.

11. Identifique os diferentes espaços físicos em que a ação decorre.

Formadora Tânia Santos


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Proposta de trabalho:

Formadora Tânia Santos


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ESCRITA:
Com base no
debate
dinamizado,
escreva um texto
de opinião (60-
100 palavras)
subordinado ao
tema “Formas de
solidariedade na
sociedade atual”.

Formadora Tânia Santos

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