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O Novo Normal que não é tão normal assim

Fico observando como certos termos assumem semânticas interessantes em nossa sociedade. Acredito que a
cada crise começa a desfilar no nosso vocabulário várias nomenclaturas diferentes, interessantes e, ora,
intrigantes. Ou palavras comuns recebem um reforço enorme.

Uma dessas palavras que têm sido usadas comumente é normal.

O dicionário define normal como: conforme a norma; regular.

Que é comum e que está presente na maioria dos casos; habitual, natural, usual; Tudo que é permitido e
aceito socialmente.

Essa palavra tem sido usada com saudosismo de uma vida que outrora vivíamos.

Com pandemia do Corona vírus, foi incorporada uma sopa de palavras para nosso dia a dia: lockdown,
homeoffice, testar positivo, confinamento, distanciamento, quarentena, tornaram-se neologismo inseridos em
nossa rotina diária.

Agora, duas novas palavras estão à tona, prometendo definir como será o mundo pós pandêmico: Novo Normal.
Estas duas palavras trazem consigo um desejo enorme de que tudo volte ao normal ou, pelo menos, se
aproxime mais da realidade ora vivenciada.

Mais que normal?

Normal onde,

Segundo as Nações Unidas, no seu Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, o 1% mais rico do mundo aufere
tanta renda quantos os 57% mais pobres. (...) Em 1999-2000, 2,8 bilhões de pessoas viviam com menos de dois
dólares por dia, 840 milhões estavam subnutridos,2,4 bilhões não tinham acesso a nenhuma forma aprimorada
de serviço de saneamento, e uma em cada seis crianças em idade de frequentar a escola primária não estava na
escola. Estima-se que cerca de 50% da força de trabalho não agrícola esteja desempregada ou subempregada.
(MÉSZÁROS, 2008.Pg.73-74)

Se tudo isto é normal, fico pensando o que é anormal e se este novo normal não traz consigo disfarces,
distorções e várias máscaras que esta sociedade sempre quis imprimir nos seus cidadãos ao naturalizar
tamanhas discrepâncias.

Bibliografia:

NORMAL.In: MICHAELES ON-LINE. Melhoramentos, 2020. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?id=5ByXo.


Acesso em 27 de agosto de 2020.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2008. Pg.73-74.

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