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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
Programa Institucional de Iniciação Científica
1.3. Identificação:
Marque se o projeto foi avaliado ou se foi encaminhado para avaliação pelo Comitê de
Ética pertinente. Informe também o número do protocolo de entrega.
01/08/2015 a 31/07/2016
1
1.6. Relatório de atividades do bolsista.
INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO
Enxofre e polissulfetos
O enxofre sólido solubiliza-se com relativa rapidez em soluções de sulfeto, S 2-, e gera íons
polissulfeto no meio. Sua solubilização é acelerada na presença dessa espécie. 3 Isso porque a
formação do íon polissulfeto tem efeito catalítico na taxa de dissolução do enxofre, pois cada íon
produzido é também reagente de uma nova etapa do processo de consumo do enxofre, como
descrevem as reações abaixo 6:
HS- + S ⇄ S22- + H+
S22- + S ⇄ S32-
S32- + S ⇄ S42-
S42- + S ⇄ S52-
2
Küster e Heberlein (1905) determinaram que soluções aquosas de sulfeto de sódio, a 25° C e
em determinadas concentrações, são capazes de dissolver enxofre equivalente ao necessário para
formar o íon S52-. A ocorrência, em soluções aquosas, de íons S n2- com índice n maior que 5 é
improvável. A forma S52- e S42- dos íons polissulfetos são descritas como as mais estáveis e
abundantes em solução. Já os S22- e S32-, sujeitam-se a rápido desproporcionamento, de acordo com
as relações abaixo 4:
Clusters de metais
Quando o termo cluster foi empregado pela primeira vez em 1964, este aplicava-se a
estruturas de átomos metálicos unidos principalmente por ligações diretas entre eles, mesmo que
outros átomos não metálicos estivessem intimamente associados à estrutura formada. Uma vez que
estruturas complexas onde, a ligação metal-metal não é efetiva, podem tratar-se simplesmente de
complexos polinucleares, a designação cluster é adequada, portanto, aos compostos nos quais se
identifica ligações diretas entre átomos metálicos.8
Compostos metálicos tipo clusters podem ser, por conveniência, diferenciados em dois
grupos: um primeiro, daqueles cujos átomos metálicos apresentam baixo estado de oxidação formal
(clusters tipo I) e, um segundo grupo, dos compostos cujos átomos metálicos são encontrados em
estados de oxidação mais altos (clusters tipo II).9
Um fator de influência na formação de compostos tipo cluster é a natureza do orbital d dos
átomos metálicos que os compõe. Quanto maior a carga nuclear efetiva do metal, menor o volume
dos orbitais. Uma vez que, aparentemente, a superposição de orbitais d é necessária à estabilização
dos clusters, metais da primeira série de transição apresentam orbitais d relativamente pequenos e
mesmo em estado de oxidação relativamente baixo, parecem não ser extensos o suficiente para
favorecer a superposição de orbitais d. Assim sendo, é possível suspeitar que átomos metálicos com
valores de carga altos, desfavorecem a formação desses compostos, devido ao raio atômico
diminuído.9
Outra característica dos clusters é que, comumente, ocorrem a partir de metais que possuem
alta energia de atomização. Sendo assim, metais refratários, como Nb, Mo, W, Pt, por exemplo, tem
maior tendência a formar clusters.9
Compostos polinucleares e clusters complexos de enxofre e metais de transição despertam
distinto interesse e são matéria de um expressivo número de estudos.10 Especial atenção é atraída
pelos compostos de enxofre e molibdênio em razão de sua relevância catalítica e biológica. 11 O
primeiro composto a ser isolado como cluster puro monomérico de enxofre e metal de transição foi
(NH4)2[Mo3S13].13 Sua obtenção se deu a partir da reação entre molibdato de amônio e polissulfeto
de amônio, em solução, segundo Müller et al.14
Verificou-se que o nanocluster tiomolibdato [Mo3S13]2- constitui uma alternativa catalítica
para desenvolvimento da eficiência do processo de desproporcionamento da molécula de água, para
geração de H2 (g), hidrogen-evolution reaction - HER (2H+ + 2e- → H2). Ele é dito ser a ponte entre a
eletrocatálise molecular e de estado sólido, depositado sobre eletrodos de carbono. Nanoclusters
[Mo3S13]2- são ainda passíveis de deposição sobre uma vasta gama de suportes, o que de certa
maneira, possibilita sua integração à arquitetura de dispositivos e materiais para aplicações
eletroquímicas.14
3
O elemento estanho, os compostos organoestânicos e os materiais súlfur-estânicos
O estanho agrupa-se com os elementos representados na 14ª coluna da Tabela Periódica. Seu
estado de valência principal é Sn(IV). No entanto, são comuns compostos inorgânicos de Sn(II), ou
mesmo estruturas orgânicas compostas de Sn(II) podem ser encontradas. Os isótopos 117Sn e 119Sn
são úteis para utilização da técnica espectroscópica ressonância magnética nuclear (RMN).15
A principal fonte mineral de estanho é a cassiterita, minério do qual o metal é extraído na
forma de óxido, SnO2. O estanho elementar pode ocorrer como uma de três formas alótropas: o
estanho cinzento (Sn-α), o estanho branco (Sn-β) e o estanho rômbico (Sn-γ). Cada uma delas
apresenta estrutura cristalina específica e, consequentemente, propriedades físicas e químicas
características.16
O elemento é componente de ligas importantes, como o bronze, o metal branco e a solda
macia. Soldas são a finalidade de cerca da metade do volume de estanho refinado produzido.
Aproximadamente 14% dessa produção, por sua vez, destina-se ao fabrico de químicos de
estanho.15
Em 1849, Edward Frankland relatou a síntese do primeiro composto organoestânico, o
diiodeto de dietilestanho. Um composto é classificado como organoestânico se, em sua estrutura,
identifica-se ao menos uma ligação do tipo Sn-C. O estanho é mais comumente encontrado como
Sn(IV). Centro metálico desses complexos, o Sn(IV) comporta-se como ácido de Lewis (uma
espécie receptora de elétrons), apresentando, portanto, grande afinidade por átomos doadores de
elétron. A aplicação dos compostos organoestânicos em processos industriais, no entanto, se deu
apenas cerca de um século mais tarde, quando eles foram utilizados na estabilização do PVC
durante processos de aquecimento, contra decomposição térmica.17
São ainda interessantes, em razão de suas aplicações, os compostos à base de estanho e
enxofre, pois apresentam rica variedade de estruturas químicas, em razão da versatilidade de ambos
os elementos, quando se trata de complexação. Em torno de um átomo de estanho, podem-se
coordenar ligantes em diversas geometrias. As mais comuns são a pirâmide trigonal, para o Sn(II),
tetraédrica, bipirâmide trigonal e octaédrica, para o Sn(IV). O enxofre, também, possui uma variada
química de coordenação. Diversas rotas sintéticas foram exploradas e aplicadas no desenvolvimento
das pesquisas de novos materiais sólidos baseados em sulfetos/polissulfetos de estanho.18
OBJETIVOS
METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Reagentes e solventes
Síntese de (NH4)2[Mo3S13].nH2O
5
Tabela 1: Variação dos parâmetros de síntese de (NH 4)2[Mo3S13]∙nH2O em autoclave para
determinação das condições ideais, e quantidades de produto obtidas
Temperatura/°C Tempo/dias Quantidades obtidas/gramas
80 2 -
100 2 0,0079
100 3 0,0266
100 5 0,2452
Após a determinação das condições ótimas, descritas acima, para a obtenção do composto
(NH4)2[Mo3S13]∙nH2O, foram feitas sínteses desse material adicionando ao sistema de reação:
estanho metálico (Sn0), cloreto de estanho(II) (SnCl2∙2H2O), diclorodibutilestanho(IV) (Bu2SnCl2) e
sulfeto de dibutilestanho(IV) (Bu2SnS). Os novos sistemas foram colocados para reagir à
temperatura determinada ótima para a obtenção do composto (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O, mantendo-se o
tempo de 5 dias para processamento da síntese. Entretanto, utilizou-se, num primeiro momento,
metade das quantidades descritas para o preparo do (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O. Por fim, fez-se a reação
dos novos sistemas exatamente conforme o método descrito para a síntese em autoclave do
composto (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O. A tabela abaixo permite comparar as alterações às quais cada um
deles foi submetido.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
6
O preparo da solução de polissulfeto de amônio foi realizado conforme o método descrito
em Inorganic Synthesis vol. 21, sendo formado, então, pentassulfeto de amônio é obtido a partir de
uma solução concentrada de (NH4)S2 (20% m/m) acrescida de enxofre elementar. A reação que
ocorre é descrita pela seguinte equação:
Sobre as sínteses com estanho metálico, cloreto de estanho (II) e com compostos
organoestânicos
Uma vez obtido o polissulfeto de molibdênio, na forma de sal de amônio, (NH 4)2[Mo3S13],
novas sínteses foram realizadas, na tentativa de produzir compostos com estrutura análoga à do
polissulfeto de molibdênio, na qual átomos de estanho estivessem presente, substituindo o átomo de
molibdênio na estrutura, ou formando com ele uma estrutura inédita, ou mesmo estabelecendo uma
simples ligação ao íon polissulfeto de molibdênio.
As duas primeiras sínteses dessa etapa do trabalho se deram com a metade das quantidades
de reagentes utilizadas na preparação do (NH 4)2[Mo3S13]∙nH2O, pelo tempo descrito ótimo para sua
obtenção. A um sistema reacional adicionou-se estanho elementar e, a outro, SnCl2∙2H2O. Testou-
se, previamente, a reatividade das espécies de estanho com a solução de polissulfeto de amônio. Foi
observado que o estanho elementar não reage imediatamente com a solução de (NH 4)S5, ao
contrário do SnCl2∙2H2O. Ainda assim, optou-se por realizar ambas as reações. Ao final do tempo
de cada uma, ao abrir as autoclaves, notou-se que o volume das soluções reacionais foi praticamente
reduzido por completo. Um líquido de cor amarela restava entre o exterior do frasco reacional e a
parede da autoclave. O sólido restante dentro dos frascos reacionais era preto. Ambos os sólidos
obtidos a partir das duas reações foram recolhidos e reservados.
Da reação feita na presença de Bu 2SnS, obteve-se um sólido fino de aspecto avermelhado,
misturado a enxofre residual. O sólido foi refluxado em tolueno e filtrado a quente, para remoção do
enxofre. Da mesma forma que foi observado a redução do volume da solução reacional nas
primeiras sínteses, observou-se nessa.
Não tendo sido obtidos a partir das reações do molibdato de amônio com polissulfeto de
amônio em solução, na presença de espécies de estanho, produto em fase cristalina, ou monocristais
dos produtos, passíveis de análise da difração de raios X sobre eles, suspeitou-se que a redução do
volume da solução reacional fosse uma interferência prejudicial à obtenção de resultados esperados.
Deduziu-se que a diminuição das quantidades de reagentes no sistema reacional fosse a razão da
secagem da reação.
À luz desse raciocínio, testou-se a adequação do tempo de reação de 5 dias para 3 dias, para
um sistema de reação que contivesse quantidades reduzidas de reagentes. O teste foi feito com a
reação de síntese do (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O na presença de SnCl2∙2H2O. Mas, ainda assim, se repetiu
a situação de secagem do sistema reacional. Decidiu-se realizar novas sínteses com quantidades de
reagentes iguais às descritas para a obtenção do (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O.
Repetiram-se as reações com SnCl2∙2H2O e com Bu2SnS, e ainda testou-se com Bu2SnCl2.
Não se observou a redução do volume da solução reacional nos novos sistemas. Os novos sólidos
obtidos formaram-se em pó, apresentaram-se com cor vermelha escura, e com brilho. Todos os
produtos foram tratados com tolueno à quente, para remoção de enxofre residual. Lavou-se o
produto sólido, vertendo sobre ele o solvente e submetendo-o a aquecimento em chapa. O
sobrenadante foi recolhido com pipeta de pasteur e, ao ser descartado, encontrando-se em um
temperatura mais baixa, cristalizava o enxofre nele dissolvido.
Os novos matérias sintetizados foram submetidos a análise de DRX de pó.
Na tentativa coletar dados para inferir acerca das estruturas dos compostos obtidos a partir
das sínteses realizadas neste trabalho, eles foram submetidos a análise de difração de raios X em pó,
8
e em monocristal quando foi possível. Os principais dados produzidos com as análises são
apresentados e devidamente discutidos a seguir.
(NH4)[Mo3S13]∙nH2O
Figuras 2 e 3: Estrutura determinada por difração de raios X em monocristal para o composto (NH4)
[Mo3S13].nH2O (à esquerda) e uma vista da célula unitária do monocristal (à direita). Em amarelo,
estão representados os átomos de enxofre e em azul claro, os átomos de molibdênio. Vermelho e
azul representam, respectivamente, átomos de hidrogênio e oxigênio.
Determinou-se que o composto sintetizado tem estrutura igual à que se esperava obter, ao
compará-la com aquela apresentada na literatura.14 Discordam das referências, no entanto, as
posições das moléculas de água na estrutura elucidada. Os dados produzidos na análise não tinham
refinamento suficiente para determinação das posições dessas moléculas. Pela mesma razão, não foi
possível quantificar essas moléculas. Por isso, o composto foi mencionado ao longo deste trabalho
como (NH4)[Mo3S13]∙nH2O, mantendo-se o coeficiente n indefinido.
A fim de que o resultado servisse de padrão para comparação dos resultados de posteriores
compostos sintetizados, realizou-se, também, a análise da difração de raios X em pó desse material.
O difratograma obtido, porém, ao ser sobreposto a outro simulado para (NH 4)[Mo3S13]∙nH2O, com n
= 2, a partir de um banco de dados cristalográficos, não apresentava um dos picos notáveis do
difratograma simulado. Trata-se da intensidade registrada como função do ângulo θ = 8°. Suspeita-
se que a ausência desse pico no difratograma do (NH4)[Mo3S13]∙nH2O sintetizado tem razão no fato
de que os cristais obtidos tiveram crescimento apreciável e, esse crescimento deve ter se dado em
uma direção preferêncial, o que inibiria o observação de um determinado plano cristalográfico
9
(anisotropia). Acredita-se, portanto, que, caso os cristais analisados estivessem melhor macerados
para análise de DRX em pó, um difratograma mais semelhante ao simulado seria obtido.
Outra possível razão para a ausência do pico mencionado no difratograma do (NH 4)
[Mo3S13]∙nH2O seria a diferença entre o coeficiente n das moléculas de água existente no produto
sintetizado neste trabalho e do composto do difratograma simulado. Este apresenta n = 2, enquanto
para aquele, conforme justificado anteriormente, não se pode definir o valor de n. A seguir,
apresenta-se o difratograma do (NH4)[Mo3S13]∙nH2O sintetizado neste trabalho.
Intensidade
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2
Figura 4: Difratograma de raios X em pó de cristais de (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O.
De uma tentativa de reprodução da mesma síntese, foi obtido material de aspecto cristalino,
mas particulado fino, diferentemente dos cristais crescidos produzidos na primeira síntese. Quando
este novo produto foi submetido a análise de DRX, um difratograma sobreponível ao simulado para
o composto (NH4)[Mo3S13]∙2H2O, padrão utilizado para comparação do difratograma anterior, foi
obtido. Observou-se inclusive o pico de intensidade em θ = 8° na análise desse novo produto.
Exibe-se abaixo o difratograma descrito. Este difratograma foi utilizado como parâmetro de análise
dos outros obtidos para os compostos posteriormente sintetizados.
10
Intensidade
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2
Os produtos obtidos foram resultado de sínteses processadas com volume reacional igual a
30 mL, a 100° C, por 5 dias. Conforme já exposto a espeito dessas sínteses, o volume das soluções
reacionais foi completamente reduzido. Os sólidos produzidos tinham aspecto amorfo e cor preta. O
difratograma de raios x em pó de cada um dos produtos, tanto do que se deu a partir do sistema que
continha Sn0, tanto do que se deu a partir do que continha SnCl 2∙2H2O, confirma essa caracterísca,
uma vez que não se podem definir com clareza picos de intensidade em função do ângulo de
incidência da radiação. A comparação desses difratrogramas com o difratograma do (NH4)
[Mo3S13]∙nH2O é inadequada, por isso. E assim, não se pode inferir acerca da estrutura desses
produtos.
11
0
(NH4)[Mo3S13].nH2O com Sn
Intensidade (NH4)[Mo3S13].nH2O com SnCl2.2H2O
0 10 20 30 40 50 60
2
Figura 3: Difratograma de raios X em pó dos produtos da síntese de (NH 4)[Mo3S13]∙nH2O com Sn0 e
com SnCl2∙2H2O.
12
(NH4)[Mo3S13].nH2O com Bu2SnS (60 mL solução)
(NH4)[Mo3S13].nH2O com Bu2SnS (30 mL solução)
Intensidade
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2
Figura 4: Difratograma de raios X em pó dos produtos da síntese de (NH 4)[Mo3S13]∙nH2O com
Bu2SnS.
13
(NH4)[Mo3S13].nH2O com SnCl2.2H2O (30 mL de slução/3 dias)
(NH4)[Mo3S13].nH2O com SnCl2.2H2O (60 mL de slução/5 dias)
Intensidade
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2
Figura 5 Difratograma de raios X em pó dos produtos da síntese de (NH4)[Mo3S13]∙nH2O com
SnCl2∙2H2O.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2
Figura 6: Difratograma de raios X em pó dos produtos da síntese de (NH 4)[Mo3S13]∙nH2O com
Bu2SnCl2.
Comentários a respeito da análise desse difratograma só serão feitos a seguir, quando de sua
comparação com o difratograma adotado por parâmetro de análise.
14
Comparação dos difratogramas obtidos para os compostos sintetizados sob as mesmas condições
de volume de solução reacional, tempo e temperatura
(NH4)[Mo3S13].nH2O
(NH4)[Mo3S13].nH2O com Bu2SnS
(NH4)[Mo3S13].nH2O com SnCl2.2H2O
(NH4)[Mo3S13].nH2O com Bu2SnCl2
Intensidade
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2
Figura 7: Comparação dos difratogramas de raios X em pó dos produtos obtidos das reações
processadas a 100° C, por 5 dias, em 60 mL de solução reacional.
Os difratogramas sugerem que todos os produtos obtidos são, senão iguais, muito
semelhantes entre si, no que se refere às suas estruturas. Apenas por esses dados, pouco é possível
inferir a respeito do que foi produzido das sínteses de (NH 4)2[Mo3S13]∙nH2O com compostos
estânicos adicionados ao sistema reacional.
Não entanto, uma das expectativas acerca das estruturas que seriam obtidas era que, de fato,
elas fossem iguais à do (NH 4)2[Mo3S13]∙nH2O, entretanto, que nelas estivesse incluído ao menos um
átomo de estanho. O estanho, em estado de oxidação +4, assim como o molibdênio no mesmo
estado de oxidação, apresentam raios iônicos respectivamente iguais a 0,74 Å e 0,77Å.19 Sabendo-se
desses valores, é razoável supor que substituições do átomo de molibdênio na estrutura do
(NH4)2[Mo3S13]∙nH2O, por átomos de estanho, tenham sido efetivas.
Uma outra hipótese elaborada acerca das estruturas que seriam possíveis de se obter com
estanho e molibdênio reagidos nos mencionados sistemas de sínteses, era que elas fossem
15
completamente diferente da estrutura do (NH4)2[Mo3S13]∙nH2O. De acordo com os difratogramas,
esta hipótese não é correta.
De acordo com o que já foi mencionado neste trabalho, a técnica de análise de DRX não
permite concluir acerca da composição de uma amostra. Assim sendo, não se pode concluir sobre a
presença ou sobre a ausência de átomos de estanho nos compostos sintetizados. Seria necessário
dispor de técnicas que possibilitem a identificação e, caso o estanho componha a fórmula dos novos
compostos, permitam a dosagem do metal nos produtos. Estas conclusões servem de norte para o
prosseguimento deste trabalho e posterior refinamento da caracterização dos matérias sintetizados
até o presente momento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1.8. Principais fatores negativos e positivos que interferiram na execução do projeto técnico-
científico:
A execução do trabalho apresentado neste relatório foi facilitada pela boa estrutura do
laboratório onde as atividades foram realizadas, pela disposição dos recursos necessários para
alcance dos objetivos, pelo acompanhamento e assistência constantes oferecidos ao aluno de
iniciação científica. No entanto, à obtenção dos resultados impuseram-se dificuldades próprias do
processo de síntese química, como o isolamento de determinados compostos em fase desejada, fato
que limitou o alcance das proposições iniciais do projeto, estabelecimento do método de obtenção
de cristais devidamente adequados ao emprego da técnica de difração de raios X para determinação
da estrutura dos compostos sintetizados, entre outros eventos que influem na execução dos
procedimentos e que independem da observação e dos cuidados dos executadores. Contudo, grande
parte dos objetivos definidos foi alcançada, bem como foram superadas as dificuldades encontradas
no processo.
16
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