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7. Telemedicina
1. Telemedicina
Introdução
História
Formas de Aplicação
Paradigmas Tecnológicos
Store and Forward
Real Time
Store & Forward vs Real Time
Vantagens da Telemedicina
Desvantagens da Telemedicina
Conclusões
3. Exercícios
5. Referências

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Introdução
Cada vez mais a tecnologia marca presença e se torna imprescindível na prática Médica e no desenvolvimento
da aplicação dos cuidados de saúde.

A utilização do potencial oferecido pelas actuais tecnologias de telecomunicação na prestação de cuidados de


saúde dá origem a termos como Biotelemetria ou Telemedicina.

Várias definições são propostas para descrever Telemedicina, no entanto todas elas se centram na premissa de
prestação de cuidados de saúde à distância.

OMS - Organização Mundial


ATA - American Telemedicine Association
de Saúde
“A oferta de
serviços ligados aos cuidados de Acrescenta
saúde, nos
casos em que a distância é um “Além da oferta de serviços ligados aos cuidados de saúde, inclui
factor crítico …” também a educação remota para o médico e paciente.”

Vamos adoptar como definição de Telemedicina : “: O conjunto de serviços clínicos e educacionais que são prestados
remotamente e que visam a melhoria e eficiência da prestação de cuidados de saúde.”

A grande maioria das aplicações de Telemedicina consiste na transferência de informações médicas obtidas por
diferentes meios (palavra escrita ou falada, sondas, digitalizadores de imagem, versões electrónicas de
instrumentos correntes), através de diversos meios de comunicação (correio electrónico, telefone fixo, GSM,
videoconferência, cabo, RDIS, satélite, etc.).

O seu grau de sofisticação pode ir da simples utilização de um telefone para a discussão de um caso clínico
entre dois profissionais de saúde até à utilização de poderosos sistemas de videoconferência via-satélite entre
prestadores de cuidados de saúde de dois países distantes.

Os principais alvos e utilizadores desta técnica de prestação de cuidados de saúde são os médicos, os doentes e
em geral a comunidade.

São diversas as situações em que a Telemedicina pode ser aplicada:

* Doente fisicamente separado de médico


* Médicos fisicamente separados entre si
* Grupos de doentes e familiares de doentes fisicamente separados

História

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Ao contrário do que se possa imaginar a Telemedicina não é um


conceito recente, fruto da imaginação de criadores de filmes de
ficção científica. Conceptualmente é uma técnica antiga e que
se tem vindo a desenvolver na sua forma de aplicação e
alcance a par da evolução dos meios tecnológicos de
telecomunicação à disposição.

A primeira referência a cuidados de saúde prestados à distância


aparece no século 19, numa altura em que o principal meio de
comunicação era o correio. Nessa altura o médico trocava
informações com os sues doentes ou outros médicos através de
carta. Como se pode imaginar a velocidade com a informação
se propagava nessa altura não era ideal. Alguns autores
reportam-se a épocas mais longínquas considerando que a
comunicação da existência de um surto de peste numa
povoação através de fogueiras ou outro tipo de sinais também
se pode considerar telemedicina.

Com a revolução dos sistemas de comunicação iniciada com a invenção do telégrafo e mais tarde do telefone,
novas e melhores formas de trocar informação foram introduzidas na sociedade. A Telemedicina rapidamente
se adaptou fazendo uso destes meios mais eficazes na troca de informação. Em 1910 surge o primeiro
estetoscópio eléctrico, que aliado à tecnologia rádio, permitia a realização de consultas remotas com
auscultação, a produção de diagnósticos e prescrição.

Por esta altura surge também a primeira experiência de envio de electrocardiogramas através da linha
telefónica. O seu autor Einthoven, também inventor do primeiro aparelho de electrocardiografia, denominou
esta técnica por "Le Telecardiogramme".

Outra tecnologia que veio permitir à Telemedicina ultrapassar grandes barreiras terrestres foi o Rádio. Durante
a 1º guerra mundial, o rádio foi utilizado para ligar médicos na frente de batalha, com hospitais de retaguarda
(1916). Em 1920 efectuavam-se consultas a marinheiros em alto mar. Por volta de 1960 com o início das
viagens espaciais são desenvolvidos mecanismos para monitorizar sinais vitais dos astronautas.

O aparecimento da Televisão veio alargar o leque e as capacidades da Telemedicina possibilitando não só a


transmissão de som mas também de imagem.

Em 1955 foi construído um sistema de circuito fechado de TV para consulta entre especialistas do Instituto de
Psiquiatria do Nebraska e clínicos gerais Norfolk State Hospital.

Em 1966 foi desenvolvido um sistema de videoconferência entre o aeroporto internacional de Boston e o


Massachusetts General Hospital para apoio médico a viajantes.

Actualmente e com as mais recentes tecnologias de comunicação, é possível desenvolver sistemas de


Telemedicina com maior qualidade e versatilidade. É de registar por exemplo a utilização de sistemas de
transmissão de ECG e vídeo entre ambulâncias e o hospital para a prestação de cuidados em situações de

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emergência e catástrofe. Sistemas de TeleRadiologia e TeleCardiologia que permitem a realização de exames


em locais remotos do planeta e a sua visualização e analise de exames por especialistas em centros de
referencia.

A massificação da utilização da Internet tornou-a um meio poderoso de disseminação da informação clínica.


Tornando possível o desenvolvimento de sistemas de informação e sistemas de educação e sensibilização da
comunidade.

Actualmente são diversas as áreas de aplicação entre outros são exemplos :

Áreas Remotas( zonas rurais e de difícil acesso)


Ambientes Militares
Estabelecimentos Prisionais
Espaço

Formas de Aplicação

A Telemedicina assume diversas formas de aplicação e são classificadas de acordo com a natureza do acto
clínico:

TeleConsulta, a realização de consultas cara-a-cara. Tipicamente utilizam um meio interactivo de comunicação


em que os intervenientes podem estabelecer uma conversação. Podem ser realizadas através de video-
conferência, telefone ou simples sites de conversação.

TeleIntervenção, nesta categoria são classificadas as aplicações que permitem a realização de intervenções
cirúrgicas à distância. Aqui aliam-se as tecnologias de informação à Robótica como meio mecânico de levar a
cabo as instruções dadas pelo cirurgião.

TeleMonitorização. Sistemas de monitorização de sinais vitais com/sem lançamento de alertas remotos. Alguns
sistemas poderão ser dotados de portabilidade permitindo ao paciente continuar a sua vida quotidiana
enquanto dura o processo de vigilância.

TeleFormação. Inclui sistemas de informação para a sensibilização da população e da comunidade, Formação


clínica de médicos e enfermeiros de um modo passivo através de repositórios de informação ou de um modo
interactivo através de vídeo conferência.

Exemplos de aplicações da Telemedicina e o seu âmbito:

Clínico Educacional Administrativo


Tele-Cardiologia Tele-Educação Registos Inter-Instituições
Tele-Psiquiatria Investigação Registos Electrónicos do Doente
Tele-Dermatologia Educação Médica Continua
Tele-Oncologia Sensibilização da Comunidade

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Tele-Oftalmologia Hospital Virtual


Tele-Radiologia
Tele-Enfermagem
Tele-Nefrologia
Tele-Patologia
Tele-Emergencia e serviços de
salvamento

Paradigmas Tecnológicos
Actualmente o desenvolvimento de sistemas de Telemedicina assenta em dois paradigmas distintos: Store and
Forward e Real Time.

Store and Forward

A tecnologia denominada "store and forward" consiste no armazenamento e envio de informação à distância.
Esta tecnologia é utilizada tipicamente em situações de não emergência, quando o diagnóstico ou consulta
pode ser feita nas próximas 24 - 48 horas e envio de volta. São exemplos desta tecnologia qualquer
comunicação assíncrona entre doentes e profissionais de saúde (ex: troca de e-mail com envio de imagens ou
sintomas para a elaboração de diagnóstico ou consulta).

Uma das especialidades onde este paradigma é utilizado com mais frequência é a Radiologia. São inúmeros os
centros de Radiologia que implementam sistemas de TeleRadiologia para recolha, análise e envio de resultados
de exames efectuados em diversos locais.
Neste paradigma enquadram-se não só sistemas que envolvem algum dinamismo no envio e recolha de
informação mas também repositórios de informação disponibilizados através de WebSites. São exemplos destes
casos sites como o Hospital Virtual onde se disponibiliza informação(normas de procedimento,
aconselhamento, prevenção, novos procedimentos clínicos, casos clínicos, etc) direccionada ao paciente e ao
médicos.

Store and Forward

TeleConsulta aplicada a Radiologia ( Teleradiologia ) - Sinais recolhidos e posteriormente enviados


para discussão

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Telemonitorização

TeleEducação e Sensibilização da Comunicada - Hospital Virtual

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Real Time

O paradigma RealTime permite o desenvolvimento de sistemas capazes de disponibilizar interactividade entre


os participantes, seja apenas via texto (chat) ou video ( two-way interactive television - IATV). Este tipo de
tecnologia permite por exemplo a realização de consultas "cara-a-cara" ou intervenções cirúrgicas remotas.
Apesar de ainda apresentar números proibitivos para inúmeras instituições esta tecnologia tem sofrido uma
diminuição no preço e complexidade.
Existem muitas configurações possíveis para uma consulta interactiva, mas a mais típica é de um local rural
para um urbano. Nesta situação o paciente não tem de se deslocar a um local urbano para ver um especialista,
e muitas vezes, permite o acesso a cuidados especializados onde não existiam anteriormente.
Quase todas as especialidades de medicina podem ser conduzidas através deste tipo de consultas, por exemplo
: psiquiatria, medicina interna, reabilitação, cardiologia, pediatria, obstetrícia e ginecologia. Existem também
muitos aparelhos periféricos que podem ser ligados a computadores que podem auxiliar no exame interactivo.
Por exemplo, um estetoscópio permite ao médico ouvir os batimentos cardíacos à distância.

Real Time

TeleConsulta aplicada a Radiologia ( Teleradiologia ) - Um painel de clínicos acompanha a


realização de um exame de radiologia

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Teleintervenção - A equipa de cirurgiões controla uma série de robôs que realizam a intervenção
remotamente.

Ex:

Primeira Intervenção no Brasil

Outro Exemplo

Teleconsulta - Durante o transporte de acidentados é possível o envio e monitorização de ecg's a


partir de ambulâncias para um hospital central.

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Store & Forward vs Real Time

A utilização de um ou outro paradigma está directamente relacionada com a natureza do processo médico que
se pretende "tele-informatizar" ( necessidade ou não de interactividade) e com o orçamento disponível.
O Store & Forward apresenta custos substancialmente mais baixos não necessitando de grandes recursos no
que diz respeito ao meio de comunicação e aos dispositivos para a sua difusão. Consequentemente é mais
barato e fácil de desenvolver.
A sua principal desvantagem relativamente ao RealTime reside na baixa interactividade não permitindo
desenvolver processos onde é imperiosa a existência de uma relação presencial.

Vantagens da Telemedicina

Doente Médico Instituição


Acesso mais fácil ao diagnóstico de Extensão de cobertura de
Acesso a Especialistas.
especialistas. serviços.
Conveniência e conforto aos Racionalização de
Quebra de isolamento.
pacientes (menos deslocações). investimentos.
Flexibilidade acrescida na gestão
Suavização do factor isolamento. Acesso a formação e informação.
dos recursos.
Faculta acesso 24/24 horas pelo médico a
dados sobre o doente, qualquer que seja
Diminuir despesas.
o local em que este se encontre
(Teleacompanhamento de doentes)
Faculta acesso 24/24 horas pelo
doente a informação e cuidados Melhor articulação entre níveis
Maior conveniência.
médicos, qualquer que seja o de cuidados.
local em que se encontre

Desvantagens da Telemedicina

A Telemedicina não apresenta só virtudes, existem uma série de problemas que tem origem na necessidade de
garantia de segurança da informação e na dificuldade ético - legal de estabelecer níveis de responsabilidade
entre os intervenientes.

Exemplo de Sinal Eléctrico

“Lose fat throught the Internet? The quality of weight loss related websites” [1]
A Internet e o problema da obesidade têm uma coisa em comum: ambas tiveram um grande
crescimento na última década
O anonimato da Internet facilita quem quer desesperadamente perder peso
Foram seleccionados para avaliação 258 websites de perda de peso que foram encontrados nos
motores de busca mais populares de Internet

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Resultados
Responsabilidade: 23% identificavam o autor do site; 15% identificavam o patrocinador
Actualização: 29% existem uma data de última actualização; 52% < 6 últimos meses
Guidelines: 70% seguia menos que 1/3 das guidelines; 28% entre 1/3 e 2/3; 2% mais do que 2/3

A partir deste exemplo é possível constatar como a prática da Telemedicina apresenta algumas
deficiências quanto a sua regulamentação e vigilância.

Neste estudo foram avaliados diversos websites que promovem "receitas" para perder peso. A
análise focou a qualidade de conteúdos, a sua validade clínica e o grau de confiança que neles se
pode depositar.

É de salientar o facto de 70% deles seguirem menos de 1/3 das guidelines médicas para a
diminuição de peso revelando uma fraca qualidade no serviço prestado podendo eventualmente por
em causa a saúde da pessoa que procura conselhos médicos.

Esta situação aliada ao facto de na sua grande maioria ser difícil identificar uma entidade
responsável pela informação levanta sérias questões quanto a imputabilidade e definição de
responsabilidades.

Existem diversos problemas de natureza diversa que condicionam a utilização de sistemas de Telemedicina:

Social Ético-legais Segurança e Confiança Económicos


Resistência a mudanças
organizacionais e Garantir ao doente
Definição de Investimento elevado
comportamentais privacidade e
Responsabilidade clínica em tecnologia
relevantes nos serviços confidencialidade
de saúde.
Quanto menor for a
informação obtida sobre um
Preconceitos doente, tanto maior será a Garantir identificação Qualidade do meio de
tecnológicos probabilidade de conclusões genuína dos intervenientes comunicação
erradas (efeito "pequena
janela")
Pode tornar menos humana
Segurança no meio de
(e quase só técnica) a
comunicação (internet)
relação médico-doente

Conclusões

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A evolução da Telemedicina tem-se desenrolado a par da evolução das tecnologias de comunicação. Fruto da
diversidade e qualidade dos meios de comunicação disponíveis as áreas de aplicação multiplicam-se
permitindo levar a locais remotos serviços médicos especializados.

Assim a Telemedicina oferece grandes vantagens na melhoria da prestação dos cuidados de saúde a todos os
níveis. Permite a redução e por vezes a eliminação do impacto do factor distância na qualidade prestação dos
cuidados de saúde. O desenvolvimento de normas e regimentos de conduta permitirá suprir alguns dos
problemas presentes. A banalização de sistemas de videoconferência levará tendencialmente à diminuição dos
custos tornando a sua aplicação mais apetecível e viável.

Com a generalização das aplicações de Telemendicina, esta passará a ser encarada como uma nova "técnica
médica" deixando de ser considerada apenas como uma "tecnologia emergente".

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Maheu M, Whitten P, Allen A. E-Health, Telehealth, and Telemedicine, 2000.

Degoulet P, Fieschi M. Introduction to Clinical Informatics, 1996.

Center for Medical Robotics and Computer Assisted Surgery

Legislative, legal and policy issues in telemedicine (USA)


MedWebPlus
Pedro Marques. Aula teórica de Telemedicina. Abril 2005.[PPT]

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