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FORMAÇÃO CONTINUADA
UAB/IFNMG
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T U
Módulo II A Tutoria no
Contexto da
EAD
Ramony Maria da Silva Reis Oliveira
A Tutoria no
Contexto da EAD
2012
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
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Pró-Reitora de Extensão
Marina Ribeiro Queiroz
Coordenadora do PRÓ-CEAD
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
O trabalho da tutoria: papéis e ações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
A interface espaço-tempo na EAD e o papel da tutoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
O teletrabalho e a tutoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Teletrabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Os desafios do trabalho do tutor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Apresentação
Prezados acadêmicos:
Este caderno foi escrito com a convicção de apresentar o trabalho da tutoria online no con-
texto da educação a distância (doravante, EAD) cujo objetivo principal é refletir sobre a impor-
tância da tutoria na construção da rede colaborativa de aprendizagem na EAD. Nesse contexto,
trago, aqui, reflexões sobre as condições de trabalho dessa categoria, buscando conhecer as ca-
racterísticas deste trabalho.
Ao compreender o tutor como uma figura importante no sucesso dos cursos a distância,
esse caderno, escrito em quatro unidades, possibilitará, acredito, discussões de suma importân-
cia para as reflexões aqui propostas, as quais perpassarão a definição das suas atribuições, a per-
cepção do espaço e tempo em EAD, o reconhecimento do teletrabalho como uma possibilidade
de expansão da modalidade a distância, bem como a apresentação de algumas pesquisas sobre
os desafios da tutoria no mundo contemporâneo, com algumas dicas para um trabalho produti-
vo e eficaz.
Ao longo desse caderno didático, vocês verificarão que inseri Links para aprofundarmos as
discussões. Não percam a oportunidade, baixem os textos, leiam-nos e voltem ao fórum da uni-
dade para apresentar suas reflexões aos colegas, ao professor e tutor!
Então, vamos lá?
Navegar é preciso...
A autora.
9
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Unidade 1
O trabalho da tutoria: papéis e
ações
1.1 Introdução
A fusão das tecnologias da comunicação com as tecnologias da informática, aqui deno-
minadas “telemáticas” (MILL, 2006), possibilitou um avanço quase inimaginável no campo da
Educação. No caso da EAD, essas possibilidades foram ainda maiores. Os cursos são gerados
utilizando-se a mais atual tecnologia computacional (OLIVEIRA, 2009). Nesse contexto, o pa-
pel da tutoria se reconfigura e tornam-se necessárias reflexões cada vez mais profundas acer-
ca da atuação do tutor. Nesta unidade, convido a você para um estudo detalhado sobre o pa-
pel da tutoria, percebendo as relações interpessoais no ambiente virtual de aprendizagem e o
feedback em tutoria. Vamos lá?
Objetivos da Unidade
Tópicos da Unidade
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UAB/Unimontes
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Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
13
UAB/Unimontes
DICA Autonomia
Siga o Link http://
letras.terra.com.br/ Zeca Baleiro
zeca-baleiro/ para
ouvir a música de Zeca
Baleiro. É impossível nesta primavera, eu sei.
Impossível, pois longe estarei.
Mas pensando em nosso amor, amor sincero.
Ai! Se eu tivesse autonomia.
Se eu pudesse gritaria.
Não vou, não quero.
Escravizaram assim um pobre coração.
É necessário a nova abolição.
Pra trazer de volta a minha liberdade.
Se eu pudesse gritaria, amor.
Se eu pudesse brigaria, amor.
Não vou, não quero.
A busca pela autonomia do aluno direciona, em muitos aspectos, as funções da tutoria. Po-
demos defini-las, em linhas gerais, mas reconhecendo que cada projeto pode reelaborá-las para
atingir aos objetivos propostos.
Figura 1: autonomia e ►
liberdade
Fonte: http://www.
planetaeducacao.
com.br/portal/artigo.
asp?artigo=1188
Acesso: 12 de abr. 2012.
14
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
A afirmação de que o tutor online não dor, tutor-professor, e até mesmo animador de
ensina baseia-se na crença tradicional de que rede. Entretanto, para Belloni (1999), o perfil da
o ato de ensinar pressupõe a transmissão de tutoria ainda não está completamente configu-
um conhecimento já sistematizado. Essa ideia rado, existindo dúvidas e incertezas a respeito
de tutor como acompanhante do processo de de suas funções, por exemplo, se o tutor educa
ensino e aprendizagem surgiu da interpre- ou não, entre outras.
tação do formato dos cursos em EAD. Como Garcia Aretio (2001) apresenta três tipos
não havia um docente (no sentido presen- de funções para o tutor: a função orientado-
cial), não havia um lugar (sala de aula), o ma- ra, mais centrada na área afetiva; a função
terial ganhou significado muito amplo: ob- acadêmica, mais relacionada ao aspecto cog-
jetivos bem definidos, pacotes bem escritos, noscitivo; e a função institucional, que diz
sequenciados e pautados, cujo grand finale é respeito à própria formação acadêmica do tu-
a avaliação (MAGGIO, 2001). tor, ao relacionamento entre aluno e institui-
Entretanto, com o conhecimento advin- ção e ao caráter burocrático desse processo.
do da própria experiência na oferta de cursos Para Leal (2005), o tutor é aquele que instiga
e nas pesquisas surgidas na área, outros con- a participação do acadêmico, que possibilita
ceitos foram surgindo, mais flexíveis e dinâ- a construção coletiva. De acordo com Niskier
micos. Nesse percurso da EAD, a tutoria é de (1999), o tutor tem como funções: comentar,
extrema relevância, sendo imprescindíveis ajudar e supervisionar os trabalhos, “fornecer
determinadas características que prevêem feedbacks, corrigir as avaliações, fornecer e
o apoio pedagógico consistente e contínuo, atualizar informações e servir de intermedi-
garantindo a operacionalização do curso, de ário entre a instituição e os alunos” (NISKIER,
forma a atender aos alunos nas necessidades 2000, p. 393).
individuais e coletivas. Sá (1998) considera que o tutor da EAD
Assim, o tutor tem recebido diversas de- exerce duas funções importantes: a informa-
nominações, de acordo com as concepções pe- tiva, relacionada ao esclarecimento das dúvi-
dagógicas do curso no qual ele está envolvido, das levantadas pelos alunos, e a orientadora,
tais como: orientador, articulador e facilitador que se expressa no auxílio das dificuldades e
da aprendizagem, motivador e estimulador, na promoção do estudo e na busca da auto-
potencializador, flexível, criativo, tutor-orienta- nomia (SÁ, 1998, p. 45).
15
UAB/Unimontes
Figura 3: Atendimento ►
Tutorial
Fonte: http://
paulicasantos.wordpress.
com/ilustracao/
Acesso:12 de abr. 2012.
Figura 4: Aproximação ►
Fonte: http://www.
planetaeducacao.
com.br/portal/artigo.
asp?artigo=1188
Acesso: 12 de abr. 2012.
16
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Conforme Oliveira, (2002, p.15): “O tutor mediador estabelece um elo com o aluno,
é aquele que aproxima o aluno dos conteú- fomentando maior abertura, ânimo e apoio,
dos do curso ministrado e do próprio ‘con- o que desencadeia mais possibilidades de
teúdo tecnológico’, necessário ao trânsito dinamizar os cursos, intensificando o envol-
autônomo em ambientes virtuais de apren- vimento de todos os atores do processo, em
dizagem”. A atividade de tutoria, especial- especial o aluno.
mente dentro do âmbito da educação, diz Aretio (2001) aponta estratégias que o
respeito ao acompanhamento próximo e à tutor deve desenvolver em sua prática para
orientação sistemática de grupos de alunos. alcançar bons resultados com seus alunos,
Segundo Barbosa et al (2004), o tutor deve tais como: planejar; organizar; apresentar in-
planejar as suas ações, visando à capacitação formações; fornecer conteúdos significativos
do aluno na busca do seu próprio conheci- e funcionais para o aluno; motivar a sua par-
mento e do domínio de um conjunto de téc- ticipação e o interesse em aprender; reforçar
nicas no que se refere à pesquisa e à constru- a autoestima; ser claro quanto aos objetivos
ção de sua autonomia. que se pretende alcançar; ativar as respostas
Na tutoria, a discussão em torno desse fomentando uma aprendizagem ativa e inte-
profissional se amplia, por ser perceptível rativa; incentivar a autonomia e avaliar o pro-
que o papel do tutor vai além da especiali- gresso do aluno.
dade. O olhar e a postura, diante das tecno- O trabalho do tutor determinará um di-
logias, tomam espaço em sua atuação. “O álogo permanente e fundamental entre o
papel do tutor, sobremodo, supera assim o curso e seus acadêmicos, desfazendo a ideia
conceito reducionista de propostas estrita- cultural da impessoalidade dos cursos a dis-
mente técnicas” (LEAL, 2005, p. 15). tância. Devido à sua característica de liga-
Nesse contexto, o tutor deverá elaborar ção constante com os acadêmicos, o tutor é
estratégias para envolver, incentivar e man- quem poderá responder com exatidão sobre
ter os tutorados nos cursos. É de suma im- o desempenho, as características, as dificul-
portância que esteja atento aos interesses dades, os desafios e o progresso de cada um
e às necessidades dos alunos. O seu papel deles.
◄ Figura 5: Aproximação
Fonte: sead.ufsc.br
Acesso: 12 de abr. 2012.
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UAB/Unimontes
do, estimulando e provocando o participante tutoria caracteriza-se por seu caráter solidá-
a construir o seu próprio saber, partindo rio e interativo, possibilitando o relaciona-
do princípio de que não há resposta feita, a mento da pessoa como um ser existente e
cada um compete criar um pronunciamento vivenciado como eu, tu, nós e outros, do que
marcadamente pessoal (EMERENCIANO; WI- decorre em conjunto de dificuldades, inclu-
CKERT, 1998, p. 27). sive para colocar-se entre os outros, como
Na tutoria, há uma dimensão de busca uma presença que se põe intencionalmen-
que perpassa a aprendizagem e caracteriza- te. O tutor deve possuir duas características
-se como uma presença. A presença é re- essenciais: domínio do conteúdo técnico-
presentada como um campo em que pode -científico e, ao mesmo tempo, habilidade
conviver passado e futuro, subsidiando pro- para estimular a busca de resposta pelo par-
jeções a serem vividas autonomamente. A ticipante.
Figura 6: Atendimento ►
a distância
Fonte: www.
educacaoadistancia.
blog.br
Acesso: 12 de abr. 2012.
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Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
◄ Figura 7: Aproximação
Fonte: http://www.
ceducc.wordpress.com
Acesso: 12 abr. 2012.
O tutor, em qualquer ambiente educa- fundamentais do tutor. Esses aspectos nos per-
cional, deve ter domínio do conhecimento do mitem verificar se a práxis correspondem às ca-
processo; dessa maneira, pode-se dizer que pacidades, aos valores priorizados e às atitudes
o tutor é um especialista. Ele deve conduzir o projetadas. As capacidades referem-se ao letra-
grupo de maneira livre, auxiliando no conteú- mento digital, competência para resolver pro-
do de trabalho, na unidade, garantindo que o blemas, interpretação de informações.
processo educativo ocorra entre os alunos. É Vale destacar que continuaremos, na Uni-
essencial que o tutor esteja plenamente cons- dade 2, o nosso estudo sobre o papel do tutor
ciente do seu papel; não basta dominar o con- na educação a distância. Para tanto, faremos
teúdo trabalhado, é essencial saber para quê e uma reflexão sobre o espaço e tempo nesta
o significado do proposto. modalidade e quais as construções identitárias
Para a concretização do acompanhamen- e subjetivas esta percepção formata nesses
to dos alunos, consideramos alguns aspectos profissionais.
Atividade da unidade 1
Leia toda a Unidade I e elabore as atribuições da tutoria. Em seguida, poste no fórum aberto
para este fim e compare com as atribuições postadas pelos seus colegas.
Referências
BARBOSA, O. S. et al. A comunicação tutor-aluno e dificuldades da prática dos tutores de
um curso de educação profissional a distância. São Paulo, 2004. Disponível em http://www.
abed.org.br/congresso 2004/. Acesso: set. 2008.
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2003.
DUSSEL, Inês; CARUSO, Marcelo. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de en-
sinar. São Paulo: Moderna, 2003.
EMERENCIANO, Maria do Socorro J.; WICKERT, Maria L. Scarpene. Concepção integrada. Brasília,
1998. Eixo Temático I, VEA 4, Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação a distância.
LEAL, Regina Lúcia Barros. A importância do tutor no processo de aprendizagem a distância. Re-
vista Ibero Americana de Educación, Madri, n. 36. n. 3. jun , 2005.
19
UAB/Unimontes
MAGGIO, Mariana. O tutor na educação a distância. In: LITWIN, Edith. Educação a distância: te-
mas para um debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tem-
pos, relações sociais de sexo e coletividade na idade mídia. Belo Horizonte, 2006, 252 f. (Tese de
doutorado em Educação) FAE/UFMG.
NISKIER. Arnaldo. Educação a distância: a tecnologia da esperança. São Paulo: Loyola, 2000.
OLIVEIRA, Ramony Maria da Silva Reis. Subjetividade e docência virtual. Revista Extra Classe,
Belo Horizonte, n. 2, v. 2, 2009.
SÁ, Iranita M. A. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão Social. Fortaleza, C.E.C.,
1998.
20
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Unidade 2
A interface espaço-tempo na EAD
e o papel da tutoria
2.1 Introdução
A compreensão das relações, ou mesmo das subjetividades e das identidades, perpassa, se-
gundo Hall (2001), por um entendimento do mundo sociocultural e econômico, a partir de suas
diversas representações, por meio da escrita, da imagem, do símbolo, através das telecomuni-
cações e da arte. Esses elementos dimensionarão a noção da interface espaço-tempo dentro de
uma perspectiva em que se estabelece a relação objeto/sujeito ou sujeito/objeto. Assim, são pro-
dutivas as reflexões que se seguem, pois, a partir delas, poderemos completar o estudo sobre a
tutoria em EAD e propor ações que ajudem na gerência dessas novas configurações identitárias
e subjetivas exigidas pelo teletrabalho da tutoria.
Objetivos da Unidade
Tópicos da Unidade
[...] à medida que o espaço se encolhe para se tornar uma aldeia “global” de
telecomunicações e uma “espaçonave planetária” de interdependências eco-
nômicas e ecológicas – para usar apenas duas imagens familiares e cotidianas
– e à medida que os horizontes temporais se encurtam até ao ponto em que
o presente é tudo que existe, temos que aprender a lidar com um sentimento
avassalador de compreensão de nossos mundos espaciais e temporais (HAR-
VEY, 1989, p. 104).
21
UAB/Unimontes
que “um ‘não-lugar’ é um espaço destituído das expressões simbólicas de identidade, relações e
história: exemplos incluem aeroportos, autoestradas, anônimos quartos de hotel, transporte pú-
blico...” (BAUMAN, 2001, p. 120-124). Em outras palavras, entende-se “não-lugares” como “espaços
vazios” por seus múltiplos significados partilhados entre muitos usuários diferentes.
Figura 8: Aproximação ►
Fonte: http://www.
cursoseadgratis.com.
Acesso: 30 abr. 2012.
Dentro dessa visão, Bauman (2001) ar- qualquer coisa, vazios de significado”, este
gumenta: “o vazio do lugar está no olho “espaço vazio” poderia, para aquela jovem,
de quem vê e nas pernas ou roda de quem ser um ‘não lugar’. “Não que sejam sem sig-
anda. Vazios são os lugares em que não se nificado, nem se acredita que possam tê-lo,
entra e onde se sentiria perdido e vulnerá- que são vistos como vazios (melhor seria não
vel, surpreendido e um tanto atemorizado vistos).” (BAUMAN, 2001, p.120).
pela presença de humanos” (BAUMAN, 2001, Esse medo do estranho, do desconheci-
p. 123). do, a ponto de considerar um “espaço vazio”,
Para exemplificar o não lugar, Bauman reforça a ideia do contrário que, para Bau-
(2001) relata a história de uma professora man (2001), é “o sentimento reconfortante
que foi buscá-lo no aeroporto em uma de de pertencer – a impressão de fazer parte
suas viagens de conferências. Era uma jovem, de uma comunidade. [...] a ausência da dife-
filha de profissionais ricos e de alta escola- rença, para nós poderia ser o início do pen-
ridade, que se desculpou porque a ida até samento comunal” (BAUMAN, 2001, p.116).
o hotel seria difícil, demorada e teriam que Completando esse raciocínio, poderíamos
passar por avenidas movimentadas, pois era pensar, portanto, no crescimento da ideia de
o único caminho. Realmente, demoraram comunidade, na dificuldade de definir esse
duas horas para chegar ao hotel. No dia da conceito na contemporaneidade, na forma-
partida, sua guia ofereceu para conduzi-lo ção de rede, na interação, na ocupação do
de volta ao aeroporto, porém, ele recusou. “não lugar”.
Lembrando-se da dificuldade enfrentada na Na EAD, vários teóricos argumentam so-
chegada, decidiu-se por um táxi, o qual, para bre a nova percepção espaço-temporal e afir-
sua surpresa, chegou em dez minutos. mam que o tempo cronológico e o espaço fí-
O motorista passou por ruas pobres, sico estão sendo modificados, e o “não lugar”
próximo a crianças sujas, vestindo farrapos. para algumas pessoas seriam os ambientes
A informação da professora de que não havia virtuais de aprendizagem. Essa nova percep-
outra opção de percurso era verdadeira. No ção estaria também reconfigurando os mo-
seu mapa mental da cidade, não registrava delos de trabalho. As teorias clássicas sobre o
aquelas ruas feias “distritos perigosos”, pelos trabalho o dividem em dois momentos, quais
quais o motorista havia trafegado. No mapa sejam: momento de trabalho e momento de
mental da jovem rica, aquele era um espaço lazer. Esta lógica está sendo reconfigurada e
vazio da cidade, não se aproximava da sua os tempos para o trabalho e os tempos para o
experiência de cidade. De acordo com Bau- lazer estão, também, reconfigurados. Vamos
man (2001): “Os espaços vazios são, antes de saber mais sobre isso?
22
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Como já vimos no módulo 1, a sala de aula, o trabalho docente e os saberes dos professores
foram reconfigurados, até mesmo a própria nomenclatura secular de professor foi expropriada.
Os tempos e espaços estão sendo percebidos de maneiras diferentes e Harvey (2001) mostra um
conceito bastante pertinente para as percepções contemporâneas de espaço e tempo: “conside-
ro importante contestar a idéia de um sentido único e objetivo de tempo e espaço, com base
no qual possamos medir a diversidade de concepções e percepções humanas” (HARVEY, 2001,
p.189). Esse pensamento é ratificado por Bauman (2001) quando afirma: “a relação entre tempo
e espaço deveria ser, de agora em diante, processual, mutável e dinâmica, não predeterminada e
estagnada” (BAUMAN, 2001, p. 131). O autor argumenta, ainda, que “a ‘conquista do espaço’ veio
significar maior espaço, e acelerar o movimento era o único meio de ampliar o espaço. Nessa cor-
rida, a expansão espacial era o nome do jogo e seu espaço, seu objetivo; o espaço era o valor, o
tempo, a ferramenta” (BAUMAN, 2001, p. 131.).
◄ Figura 9: Aproximação
Fonte: http:// www.
mundodastribo.com.br
Acesso: 30 abr. 2012.
23
UAB/Unimontes
Verificamos, nesse conceito, uma leve ironia e uma dose acentuada de rebeldia. O pronome
possessivo “meu” dá à fala de Wertheim certa provocação ao conceito usual de espaço, apresenta-
do e defendido pelos físicos.
Com relação à percepção espaço temporal, podemos dizer que está “confusão” entre o real, o vir-
tual, o tempo para o trabalho, o tempo para o lazer no trabalho a distância tem modificado as rela-
ções familiares, profissionais e sociais. Isso pode ser verificado numa pesquisa feita com 15 tutores, ao
responderem à pergunta “Você realiza alguma atividade docente em casa?”. Vejamos os resultados:
TABELA 1
Você realiza alguma atividade docente em casa?
Frequência
24
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Atividade da unidade 2
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guaci-
ra Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tem-
pos, relações sociais de sexo e coletividade na idade mídia. Belo Horizonte, 2006, 252 f. (Tese de
doutorado em Educação) FAE/UFMG.
OLIVEIRA, Ramony Maria da Silva Reis. Subjetividade e docência virtual. Revista Extra Classe,
Belo Horizonte, n. 2, v. 2, 2009.
WERTHEIM, M. Uma historia do espaço de Dante à Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
25
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Unidade 3
O teletrabalho e a tutoria
3.1 Introdução
As exigências da economia mundial, aliadas ao desenvolvimento de novas telemáticas, in-
troduziram novas modalidades de labor, o que leva à reflexão sobre os modelos de trabalho que
surgem como outras possibilidades, num contexto de passagem da “sociedade industrial” para a
“sociedade da informação”. A atividade clássica do trabalho que “conservava máquinas e pessoas
no interior de grandes fábricas, trabalhando em tempo integral, sob o olhar atento do emprega-
dor”, é redimensionada e o teletrabalho é analisado “como a preponderância do trabalho intelec-
tual sobre o manual, sem a presença física do empregador” (Manãs, 2004, p. 24).
Objetivos da Unidade
ATENÇÃO:
Tópicos da Unidade
3.2 A mediação tecno-pedagógica e os discursos do teletrabalho docente.
3.3 O teletrabalho
3.4 O empregado, o teletrabalho, a legislação
3.5 Vantagens e desvantagens do teletrabalho
3.6 O teletrabalho e a educação a distância: peculiaridades
27
UAB/Unimontes
Inserindo o teletrabalhador docente, nesse contexto, podemos afirmar que essa modalida-
de de trabalho, mediada pelas tecnologias de informação e comunicação, tem o poder de anular
a reflexão e as telemáticas se transformam, pelos discursos dos teletrabalhadores, em uma forma
de influenciar positivamente o resultado do seu trabalho. Fidalgo e Fidalgo (2008) denunciam:
3.3 Teletrabalho
Nascido das demandas da sociedade contemporânea, o teletrabalho pode ser entendido,
conforme Nilles (apud MELLO, 1999), como a substituição do trabalho que exige a deslocação a
um local de emprego por outro qualquer tipo de trabalho apoiado nas tecnologias da informa-
ção (telecomunicações e computadores).
28
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
• Tarefas de planejamento;
• Equipamentos utilizados para o teletrabalho;
• Trabalho no escritório de casa;
• Comunicações (MELLO, 1999, p. 50).
Para analisarmos os quatro itens anteriores, fez-se necessária uma citação longa e direta, na
qual Mello (1999) aborda cada um deles, detalhadamente, no Box 1 a seguir:
BOX 1
Implantação do Teletrabalho
• Tarefas de planejamento – A primeira atividade para implantar o teletrabalho é identi-
ficar as tarefas que se pode fazer enquanto ele é praticado, pois se sabe que o trabalho
fora do escritório tradicional funciona melhor para certas atividades. Neste sentido, de-
vem-se considerar as seguintes variáveis:
• Quanto à agenda de trabalho – A primeira iniciativa é escolher os dias em que se vai tra-
balhar a distância. Assim, facilita muito para todos saber-se antecipadamente se todos
vão ou não adotar continuamente o teletrabalho nos mesmos dias toda semana.
• Quando é impossível saber antecipadamente quantos dias se precisa trabalhar, pode-se
optar por começar com um dia na semana. Uma vez determinado os dias de teletrabalho,
é preciso programar seus horários e desenvolver os planos de trabalho para que estes
dias sejam produtivos.
• Quanto à flexibilidade – Para o teletrabalhador, o ideal é ter flexibilidade, ou seja, estar ao
mesmo tempo disponível para atender seus clientes, colegas e supervisores. Como é pos-
sível fazer algumas escolhas, a pessoa escolhe trabalhar no mesmo horário que o do es-
critório, começar mais cedo ou mais tarde, ou optar por outra hora de sua conveniência.
• Quanto à programação – Lembre-se de que precisa antecipar e levar para casa os mate-
riais e recursos que serão necessários para o dia de teletrabalho. Com o decorrer de sua
utilização, descobre-se que a habilidade de organizar o trabalho no seu dia de teletraba-
lho evolui à medida que se habitua à rotina.
• Equipamentos utilizados para o teletrabalho – Um telefone é imprescindível. Precisar ou
não de um computador dependerá do trabalho que se fizer, pois revisões, pesquisas, lei-
turas, planejamento, dar telefonemas, não requerem computadores. Porém, a utilização
de certos equipamentos, serviços e softwares tornam o teletrabalho mais fácil de ser exe-
cutado, tais como, voice mail e correio eletrônico, que permitem a pessoa ficar em conta-
to com o escritório sem interromper seus colegas ou a si mesmo. Uma secretária eletrôni-
ca e pager são também úteis. Nesse aspecto, sugere-se que os clientes não devem saber
que o teletrabalhador está em casa, se este for o caso.
• Trabalhando no escritório de casa – Quando a opção for teletrabalhar em casa, é impor-
tante reunir e comunicar à família esta decisão para que ela possa ser informada sobre
estas novas condições de trabalho. Nessa oportunidade, devem ser estabelecidas regras
e possíveis mudanças na organização do lar. Nesse sentido, é fundamental ter disciplina
para estabelecer o começo e fim da jornada de trabalho ao fazer uma atividade específi-
ca, como se estivesse no escritório convencional.
• Comunicações – A chave de sucesso no teletrabalho é a comunicação de trabalho. Co-
municação com todo mundo, mas especialmente entre o teletrabalhador e os colegas,
de forma espontânea. Quando se trabalha fora do escritório, não se terá tanto desta co-
municação espontânea. No começo, os colegas compensam a ausência, ligando frequen-
temente para o teletrabalhador. Mas, eventualmente, eles juntam os recados e ligam me-
nos vezes para discutir os assuntos da empresa.
• A maioria dos teletrabalhadores constata que há menos comunicação face a face porque
ela pode ser substituída em muitas ocasiões pelo telefone e por comunicações escritas,
via e-mail, por exemplo. Naturalmente, quando é o caso de primeiros contatos, negocia-
ções, ou para estudar informações visuais que não podem ser compartilhadas remota-
mente, reuniões presenciais são necessárias. Contudo, descobre-se que, com o tempo, o
número de reuniões diminui, mas as que houverem serão mais bem preparadas e mais
proveitosas, quando se pratica o Teletrabalho.
Fonte: MELLO, Álvaro. Teletrabalho: o trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999,
p.50.
29
UAB/Unimontes
Os itens apresentados por Mello (1999), quenas em casa, que exigem bastante aten-
Box 1, identificam características do teletra- ção, adolescentes com hábitos que podem de-
balho que precisam ser mais discutidas. O sarmonizar o ambiente (música alta, visita de
planejamento de tarefas sugerido, para que o muitos amigos, etc.), idosos que necessitam de
trabalho em casa seja eficiente, depende de cuidados. Todos esses pontos devem ser mui-
variáveis que, talvez, o teletrabalhador não to bem pensados para que o trabalho na resi-
consiga equacionar, tais como: crianças pe- dência do trabalhador seja produtivo.
30
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
BOX 2
Intens de contrato de Teletrabalho
6 Seguro
O local de trabalho alternativo designado pelo trabalhador será, para efeitos de se-
guro, o único a ser contemplado, nomeadamente no que respeita a indenizações, e não a
todas as áreas da casa.
7 Saúde e Segurança
O trabalhador deverá manter os mesmos padrões de higiene e segurança, quer tra-
balhando em casa, ou nas instalações da empresa.
O trabalhador deverá solicitar o parecer de especialistas em higiene e segurança da
empresa, para determinar e/ou avaliar as condições de higiene e segurança do seu escri-
tório doméstico.
Os teletrabalhadores deverão assinar um documento de certificação destas condi-
ções (nos termos abaixo indicados), ou concordar com uma inspeção das condições de
higiene e segurança do seu escritório doméstico.
Certificado
Eu, (nome do trabalhador), certifico que o meu escritório doméstico, usado para
teletrabalho, obedece a padrões razoáveis de segurança e higiene, inclusive de uso er-
gonómico do equipamento, e isento a empresa (nome da empresa) de qualquer respon-
sabilidade por prejuízos a minha saúde ou segurança, resultantes da minha actividade
profissional no meu escritório doméstico.
Assinatura do trabalhador e data.
16 Encargos Fiscais
As implicações fiscais do teletrabalhador são de sua inteira responsabilidade. Os tele-
trabalhadores deverão ser aconselhados a solicitar apoio profissional nesta área.
Fonte: NILLES, Jack M. Fazendo do Teletrabalho um Realidade. São Paulo: Futura, 1997. Apud MELLO, Álvaro.
Teletrabalho: o trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. (Adaptado)
31
UAB/Unimontes
32
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
alterações na sua forma de labor e possibilita, ao contrário do que se pensa, maior controle de
suas atividades (Mill, 2006). PARA SABER MAIS
As percepções que podemos ter da EAD e da sociedade de controle nos fazem refletir Para conhecer o
sobre a passagem da sociedade disciplinar à sociedade de controle. Foucault (1987) analisa a termo sociedade
sociedade disciplinar, mas, sobre a sociedade de controle, poucas são as investigações. Entre disciplinar, assista ao
filme no link http://
elas, temos Deleuze e Guatarri (1997). Deleuze e Guatarri (1997) elucidam e sinalizam alguns
www.youtube.com/
pontos que poderiam demarcar a passagem de um modelo a outro. Eles apontam que as ins- watch?v=AdXz0utCLsc.
tituições escola, família, prisões, fábrica, etc. estão em crise. Afirmam que as instituições disci-
plinares estão fluidificadas por todo o campo social e que o “espaço estriado” dessas institui-
ções dá lugar ao “espaço liso” das instituições da sociedade de controle. Podemos, então, nos
remeter a Bauman (2001), que conceitua a sociedade como "líquida" e que, sem muito esforço,
pode se opor às moldagens fixas, estruturais da sociedade disciplinar. Identificando-se com as
moldagens flexíveis da sociedade de controle, esta se ramifica, serpenteia, molda-se continua-
mente.
O controle exercido pelos gestores no trabalho dos tutores virtuais apresenta característi-
cas que o exclui do Modelo Disciplinar. No caso do teletrabalho o controle se dá de forma que
não se perceba sua atuação, o que se aproxima da realidade da docência virtual nos ambientes
virtuais, que, como já vimos, apresentam ferramentas de controle absoluto do tutor. É impor-
tante ressaltar que a subordinação do trabalhador, dependendo do contrato de trabalho, não
caracteriza vínculo empregatício, apesar de ter todas as características do trabalho tradicional,
no que se referem à carga horária, aos produtos a serem entregues, etc. Estudamos contratos
de teletrabalho de alguns países e verificamos que são bastante semelhantes.
Na Europa, principalmente em Portugal, a legislação para o trabalho a distância de tuto-
ria é bem próxima da do trabalho tradicional. Em dados coletados em pesquisas na internet, Para saber mais
por não encontrarmos outras fontes, observamos, na citação longa registrada a seguir, que há O espaço estriado
maior amparo ao teletrabalhador: pode ser exemplificado
pelo tricô: “as agulhas
Sujeitámos a qualificação de trabalho electrónico a distância à existência de tricotam um espaço
um vínculo contratual, deixando fora deste âmbito o investigador que utiliza estriado, e uma das
a internet no dia-a-dia para preparação das suas pesquisas, ou o hacker que agulhas desempenha
se diverte tentando penetrar em novos sistemas. Na medida em que a pres- o papel da cadeia, e a
tação pode ser efectuada ou recebida em qualquer local, os tipos contratuais outra de trama, ainda
que podem estar em causa são tantos como os que podem existir na totali- que alternadamente”.
dade das jurisdições. Desse universo de figuras contratuais surge ainda uma (GUATTARI; DELEUZE,
maior diversidade de regimes. 1997, p. 181).
Em Portugal, e nos países que nos estão mais próximos, centramo-nos essen- “O espaço liso do
cialmente em dois tipos contratuais: contrato de trabalho e contrato de patchwork mostra
prestação de serviços. No entanto, os critérios de distinção, tal como os re- bastante bem que
gimes jurídicos, não são os mesmos de um país para outro. ‘liso’ não quer dizer
Entre nós a qualificação como trabalhador é utilizada para identificar a pes- homogêneo; ao
soa que presta uma actividade manual ou intelectual a outra pessoa, me- contrário, é um espaço
diante retribuição, ficando sujeito à autoridade e direcção desta. Se preferir- amorfo, informal [...]”
mos, podemos dizer que trabalhador é apenas aquele que tem um contrato (GUATTARI; DELEUZE,
de trabalho, prestando trabalho subordinado a outrém. Como tal podemos 1997, p. 182).
dizer que corresponderá a um trabalho electrónico a distância em sentido es-
tricto.
As outras situações, em que alguém se limita a obrigar-se a entregar a ou-
trém certo resultado da sua actividade, configurarão contratos de prestação
de serviços. Entre nós, alguns destes contratos de prestação de serviços,
quando exista uma dependência económica de uma parte relativamente à
outra, podem ser objecto de um regime especial (equiparação a contrato de
trabalho) (MELLO, 1999, p. 34).
33
UAB/Unimontes
No entanto, esse suposto ganhar tempo, permitido pelo uso das mídias, é um discurso do
qual devemos desconfiar, pois, ao mesmo tempo em que prega a facilidade que a mediação tec-
nológica permite, também explicita uma cobrança maior de saberes necessários para essas práti-
cas midiatizadas.
Atividades da unidade 3
Sabemos que a EAD notabiliza-se pelo uso intensivo das tecnologias da informação e da co-
municação, sobretudo da internet, envolvendo ambientes virtuais de aprendizagem, wikis, redes
sociais, chats, blogs, entre outros. A partir das novas reconfigurações espaço-temporais, propo-
nha uma atividade que demonstre como o uso dos ambientes virtuais na EAD pode contribuir
para a superação do modelo tradicional de educação. Depois, poste no fórum aberto para esse
fim e solicite a apreciação de seus colegas.
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2003.
DELEUZE, Gilles; Guattari, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução Aurélio Guer-
ra Neto e Célia Pinto Costa. São Paulo: Editora 34, 1997.
FERREIRA JR, José C. Telecommuting: o paradigma de um novo estilo de trabalho. RAE Light, São
Paulo, v. 7, n. 3, p. 8-17, 2000.
FIDALGO, Fernando S. R.; FIDALGO, Nara L. Rocha. Trabalho docente, tecnologias e educação a
distância: novos desafios? Revista Extra Classe, Belo horizonte, n. 1, v. 1, fev. 2008.
MELLO, Álvaro. Teletrabalho: o trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1999.
MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tem-
pos, relações sociais de sexo e coletividade na idade mídia. Belo Horizonte, 2006, 252 f. (Tese de
doutorado em Educação) FAE/UFMG.
MILL, D.; FIDALGO, F. Estudo sobre relações de saber em educação a distância virtual. Perspecti-
va (Erexim), Florianopolis, v.22, n.1, p.227-256, 2004.
NILLES, Jack M. Fazendo do Teletrabalho um Realidade. São Paulo: Futura, 1997. Apud MELLO, Ál-
varo. Teletrabalho: o trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora. Rio de Janeiro: Qualitymark,
1999.
VIRILIO, Paul. A imagem mental e instrumental. In: PARENTE, A. Imagem máquina: a era das tec-
nologias do virtual. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. p. 177-191.
34
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Unidade 4
Os desafios do trabalho do tutor
4.1 Introdução
Em estudo realizado por Oliveira (2009), com 15 tutores, cada um representando uma gran-
de universidade de um estado do país, no qual, em Minas, foram selecionados, aleatoriamente,
um da capital e um de Montes Claros para compor a amostra, verificou-se que os tutores têm, no
cotidiano da tutoria, desafios que devem ser refletidos, já que afetam diretamente o exercício da
função, bem como a qualidade do trabalho prestado e a construção do conhecimento. Nesse es-
tudo, identificaram-se tutores que exercem o teletrabalho da própria instituição, em laboratórios
próximos a suas casas, nas residências, etc. Isso possibilitou uma gama de respostas que ilustram
bem o trabalho da tutoria. Apresentaremos as respostas aos questionamentos ”qual a sua maior
dificuldade no dia a dia do teletrabalho em educação? E quais os aspectos desagradáveis perce-
bidos no exercício desta função?”.
Apresentaremos, também, parte do estudo de Mill (2006), realizado com 150 tutores virtu-
ais, o qual traz algumas dicas àqueles que, direta ou indiretamente, pretendem desenvolver ativi-
dades na EAD.
Objetivos da Unidade
ATENÇÃO:
Tópicos da Unidade
4.2 Desafios do trabalho de tutoria
4.3 Dicas para o exercício da tutoria
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UAB/Unimontes
S16 – A rede baixa ou a falta de compromisso dos alunos com as datas de en-
trega dos produtos (OLIVEIRA, 2009, p. 78).
S5 – A rede lenta.
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Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
S12 – Dentro da pesquisa que fiz sobre a EAD on-line, verifiquei que um dos
aspectos que muitas vezes torna-se desagradável é a linguagem escrita. De-
pendendo do que se escreve a interpretação pode ocorrer de forma não sa-
tisfatória (diferente do que se tentou pensar).
S14 – Muitas vezes a instituição vai inserindo alunos a mais em sua pasta e
não paga por eles.
S15, S16 – A solidão. Sinto falta de grupo de colegas (OLIVEIRA, 2009, p. 79)
Os comentários sobre essa questão são reveladores de uma prática pouco respeitada,
mal remunerada, o que leva a inferir que há necessidade de mais reflexões sobre a função. Há
um evidente e pulsante descontentamento. Os sujeitos que responderam ser uma questão de
adaptação sintetizaram bem a resposta, o que nos leva a crer que também estão insatisfeitos e
toleram a situação, provavelmente numa tentativa de minimizar problemas.
BOX 3
Dicas para exercício da Tutoria
Convencer-se: Em primeiro lugar, verifique se é exatamente isso o que deseja e saiba
que a dedicação precisa ser contínua no processo. É um trabalho em que você entra e não
consegue mais sair! Pense antes de entrar. — Antes de entrar no trabalho em EaD, tenha
certeza do tipo de curso em que está entrando para não acontecer equívocos. Por exem-
plo, não sabia que tinha que me dedicar muito para poder discutir os conteúdos com os
colegas. — Pediria para refletir se realmente estão dispostos a lancar-se nesta nova moda-
lidade, que traz algumas implicações. Ainda que traga seus benefícios. — EaD: ame-a ou
deixe-a!!!
37
UAB/Unimontes
Disciplinar-se: Ritmo e periodicidade são as chaves para não acumular trabalho. Conecte-
-se e visite sua sala de aula todos os dias. Responda e estimule seus alunos, se possível, todos
os dias. — Acesse os cursos uma vez por dia, sempre! Isso vai fazer a diferença. — Desenvolva
a capacidade de disciplina e frequência ao acessar o curso. Parece estranho, mas assim tra-
balhará menos. É uma questão de periodicidade... Não acumulará nada e seus alunos serão
bem atendidos! — Não adie as suas tarefas. Quanto mais você adiar ou atrasar as suas tare-
fas, mais você ficará sobrecarregado e mais difícil será você recolocar a vida em dia. — Defina
bem como será a participação dos interlocutores e não deixe acumular a avaliacão (verá que
esse é um nó da coisa). — Elabore seu horário de atendimento aos educandos, é importante
para não sobrecarregar-se de tarefas.
Expressar-se: Aprenda a ter objetividade nas suas explicações e/ou orientações. — Cum-
pra os prazos e saiba se comunicar com os alunos de forma correta. Clareza na exposição de
idéias é imprescindível. — Melhore a redação (correção gramatical, ortográfica, estrutura do
texto etc.; revisite a gramática e livros de redação).
Responsabilizar-se: Não confunda EaD com trabalho fácil, pois não o é. Dá muito mais tra-
balho que o presencial. Não pense que a EaD não lhe demanda tempo porque ela demanda
e muiiiito! — Prepare-se para muito trabalho, seja organizado e delimite o tempo para esta
atividade. — Pense em educação a distância virtual com qualidade e muita seriedade, pois os
seus alunos são extremamente exigentes e interessados em aprender. Despir-se do preconcei-
to de que EaD não funciona. — EaD é uma forma séria de fazer educação e a internet maximi-
za o seu potencial. Aprenda a utilizá-la de forma eficiente.
Desafiar-se: Aceite o desafio! Trabalhe com dedicação e empenho. — Faça tudo que for
possível para que os alunos não desistam do curso nas primeiras duas semanas. Se conseguir
mantê-los ativos nas duas primeiras semanas, a probabilidade de este aluno concluir o curso
com êxito é muito maior. Capte o espírito da coisa e o mais desafiador, o resto acontece! —
Busque desenvolver a criatividade. EaD requer criatividade no processo de tutoria. — Crie for-
mas de aumentar a comunicação individual. O padrão que a instituição oferece pode não ser
suficiente para cativar os alunos. Use sua criatividade!!!!
Fonte: MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tempos, relações
sociais de sexo e coletividade na idade mídia. Belo Horizonte, 2006, p. 244. (Tese de doutorado em Educação) FAE/UFMG.
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Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
QUADRO 1
Técnicas instrucionais online que abordam estilos de aprendizagem variados
Visual-verbal: • Use apoio visual (apresentação de slides, en-
prefere ler a informação tre outros)
• Apresente por escrito um sumário do mate-
rial apresentado e os materiais como livro
textos e recursos da internet
39
UAB/Unimontes
Atividade da unidade 4
Eleja uma lista de, no mínimo, 10 dicas para os profissionais que já estão inseridos ou irão
inserir-se no teletrabalho docente. Você poderá dividir as dicas por categorias. Com a lista pronta,
vá até o fórum, na sua sala virtual, e poste para os colegas.
Categoria Dicas
Referências
MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tem-
pos, relações sociais de sexo e coletividade na idade mídia. Belo Horizonte, 2006, 252 f. (Tese de
doutorado em Educação) FAE/UFMG.
OLIVEIRA, Ramony Maria da Silva Reis. Subjetivação e isolamento: assimetria na docência virtu-
al. Itaúna, 2009, 132 f. (Dissertação de Mestrado em Educação) UIT.
PALLOFF, Rena; PRATT, Keith. O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on line.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
40
Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Resumo
O objetivo deste módulo foi apresentar o trabalho da tutorial no contexto da educação a
distância. Ao final do estudo, o pós-graduando deverá conhecer:
Na Unidade 1
Na Unidade 2
• A interface espaço-tempo
• O tempo, o espaço e o papel do Tutor na EAD
Na Unidade 3
Na Unidade 4
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Módulo II - A Tutoria no Contexto da EAD
Referências
Básicas
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2003.
DELEUZE, Gilles; Guattari, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Trad. Aurélio Guerra
Neto e Célia Pinto Costa. São Paulo: Editora 34, 1997.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guaci-
ra Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MAGGIO, Mariana. O tutor na educação a distância. In: LITWIN, Edith. Educação a distância: te-
mas para um debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
MELLO, Álvaro. Teletrabalho: o trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1999.
MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tem-
pos, relações sociais de sexo e coletividade na idade mídia. Belo Horizonte, 2006, 252 f. (Tese de
doutorado em Educação) FAE/UFMG.
NISKIER. Arnaldo. Educação a distância: a tecnologia da esperança. São Paulo: Loyola, 2000.
OLIVEIRA, Ramony Maria da Silva Reis. Subjetivação e isolamento: assimetria na docência virtu-
al. Itaúna, 2009. 132 f. (Dissertação de Mestrado em Educação) UTI.
Complementares
MORAN, Jose Manuel. Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: SILVA, Marcos.
(org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola,
2003, p.39-73.
O’NEIL, Judy. The role of the learning coach in action learning. In: Coaching and Knowledge
transfer.Symposium. Ok, USA, 2001. 10p. http://www.ericacve.org/fulltext.asp. Acesso: 28 maio
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