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Resumo
X xk
Podemos então definir uma função E : R → R como E(x) = . E como tal série de
k!
k≥0
potências converge em toda reta, sabemos dos resultados de Análise Real que a função E
será analı́tica em R. Com isso, para obtermos a derivada de tal função a derivação termo
a termo é válida e iremos utilizá-la:
∞ ∞ ∞
X k · xk−1 X xk−1 X xk
E0 (x) = = = = E(x)
k! (k − 1)! k!
k=1 k=1 k=0
1
Propriedade Fundamental de E. Para x, y ∈ R quaisquer, vale E(x) · E(y) = E(x + y).
Prova: Como a função E é dada por uma série que converge em toda a reta podemos usar
o produto de Cauchy de séries de potências. Assim,
∞ ∞ ∞
X xk X yk X
E(x) · E(y) =
= ck
k! k!
k=0 k=0 k=0
k k
xj yk−j
!
X 1 X k k n−j
onde, ck = · = x y
j! (k − j)! k! j
j=0 j=0
xk n(n − 1)(n − 2) . . . (n − k + 1) xk
· ≤ .
k! nk k!
Mostramos assim que bn ≤ an , ∀x ∈ R e ∀n ∈ N. Portanto (bn ) é crescente e limitada
superiormente por E(x). Logo existe L = lim bn .
n→∞
2
m
X xk
Fazendo n → ∞ e mantendo m fixo obtemos L ≥ ·. Fazendo agora m → ∞ temos
k!
k=0
que L ≥ E(x). Ora, já tı́nhamos concluı́do acima que L ≤ E(x). Portanto,
∞
xk
n
x
X
lim 1 + = = E(x) , ∀x ≥ 0.
n→∞ n k!
k=0
Considere agora x < 0. Para tal x fixado vamos trabalhar apenas com naturais tais que
−x2
n > −x. Desse modo n2 > x2 =⇒ > −1. Logo, pela Desigualdade de Bernoulli
n2
obtemos !n
−x2 (−x2 ) x2
1+ 2 ≥ 1 + n 2 = 1 − , ∀n > −x.
n n n
Disso segue então que:
!n !n
x2 x2 x2
1≥ 1− 2 ≥1− =⇒ lim 1 − 2 = 1.
n n n→∞ n
xk := x · x · ... · x (k vezes).
Se x > 0 pode ser provado que para cada n ∈ N existe um único q > 0 de modo que qn = x.
Denotaremos tal número q por x1/n . A partir disso tem sentido a expressão xr com r ∈ Q.
3
2.2 O Logaritmo
Definição 2.2.1. Seja R+ = (0, ∞). Definiremos a função real log : R+ → R pondo
Z x
1
log x := dt
1 t
O número log x será chamado de logaritmo natural de x, ou apenas, logaritmo de x.
De imediato, por propriedades da integral definida, temos as seguintes conclusões:
• log 1 = 0 ;
• log x < 0 , se 0 < x < 1 ;
• log x > 0 , se x > 1.
1
• log 0 (x) = > 0 , ∀x ∈ R+ ;
x
−1
• log 00 (x) = 2 < 0 , ∀x ∈ R+ .
x
Com isso vemos que log é estritamente crescente, seu gráfico tem concavidade sempre
para baixo e é de classe C∞ .
Prova: Temos
Z xy Z x Z xy Z xy
1 1 1 1
log(xy) = dt = dt + dt = log(x) + dt
1 t 1 t x t x t
t
Agora fazemos a mudança de variáveis s = e com isso obtemos
x
Z xy Z y Z y
1 x 1
dt = ds = ds = log(y)
x t 1 sx 1 s
E assim mostramos o resultado.
4
Corolário 2. A função log é um homeomorfismo de R+ em R.
Prova. A função log é contı́nua e estritamente crescente, logo é injetiva e, portanto, bijeção
sobre sua imagem. Além disso, por um resultado de funções contı́nuas monótonas, a
inversa de log será contı́nua e também crescente.
Ora, o domı́nio de log é (0, ∞) e como funções contı́nuas preservam conjuntos conexos
podemos afirmar que a imagem de log é também um intervalo. Sabemos que log(2n ) =
n log(2), logo lim log(2n ) = ∞. Como tal função é crescente concluı́mos que lim log(x) =
n→∞ x→∞
∞. Analisando log(2−n ) de maneira similar conclui-se que lim+ log(x) = −∞. Isso mostra
x→0
que a imagem de log é R, como querı́amos.
O corolário 2 diz que todo número real y é logaritmo de um único número real positivo x
e que a correspondência y 7→ x é contı́nua.
Junto com a propriedade fundamental, isto significa que log é um isomorfismo contı́nuo
do grupo multiplicativo R+ sobre o grupo aditivo R e seu isomorfismo inverso é também
contı́nuo.
A bijetividade de log implica, em particular, que existe um número real positivo cujo
logaritmo é 1. Tal número será definido como ”e”e o chamaremos de ”base”do logaritmo
natural
log e := 1
2.3 A Exponencial
Definição 2.3.1. Definiremos a função exponencial exp : R → R+ como sendo a inversa da
função logaritmo. Assim, por definição
exp(x) := y ⇐⇒ log(y) = x
Propriedades da Exponencial.
5
Prova:
(2) Temos exp(log y) = y para todo y > 0. Segue pela regra da cadeia que (exp)0 (log y) ·
1
= 1. Se tivermos log y = x temos que
y
(5) Segue imediatamente do fato que exp é inversa de log e dos limites já conhecidos:
ex := exp(x)
Com isso, demos significado a uma potência de ’e’ com expoente real qualquer. Nessa
1
nova notação temos: ex+y = ex e y ; e0 = 1 ; e−x = x ; x < y ⇐⇒ ex < e y ; log(ex ) = x ;
e
elog(x) = x.
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Mostraremos agora que mesmo com lim ex = lim log(x) = ∞ , a função exponencial
x→∞ x→∞
cresce ”rapidamente”enquano que a função logaritmo cresce ”lentamente”.
• Dado x > 0 o Teorema do Valor Médio aplicado ao intervalo [0, x] nos dá um
k ∈ (0, x) de modo que ex − e0 = ek (x − 0), ou seja, ex = 1 + ek x. Como k > 0 temos que
ek > 1 = e0 . Logo, podemos escrever que ex > 1 + x , ∀x > 0.
A partir disso, temos:
x x x
e n+1 > 1 + > ,n∈N
n+1 n+1
Escrevendo A = (n + 1)n+1 e elevando a expressão acima à (n + 1)-ésima potência,
obtemos:
xn+1 ex x xn A
ex > =⇒ n > =⇒ x <
A x A e x
x n
Logo, lim x = 0 , ∀n ∈ N. Portanto, para todo polinômio p(x) temos que
x→∞ e
p(x)
lim = 0. Ou seja, assintoticamente, a função exponencial é muito maior
x→∞ ex
que qualquer polinômio dado.
• Tomemos aqui x > 1. Novamente pelo Teorema do Valor Médio existe k ∈ (1, x) de
1 1 1
modo que log(x) = (x − 1) < (x − 1) < x. Em particular teremos 0 < log(x) < x 2 .
k 2
Assim,
Isso mostra que a função logaritmo é, assintoticamente, muito menor do que qual-
quer polinômio dado.
Observe que se c e k são constantes reais, a função f (x) = cekx tem como derivada:
Portanto, ϕ será função constante. Veja que ϕ(x0 ) = f (x0 ) = c, logo f (x) = cek(x−x0 ) .
7
O teorema acima é o que conecta nossas duas definições. Lembre que a função E , definida
na seção 1 , tinha a propriedade de que E0 (x) = E(x) e também E(0) = 1, logo pelo teorema
podemos concluir que E(x) = ex .
Podemos finalmente escrever então a exponencial das formas abaixo, além de termos
mostrado todas as propriedades com as quais já estávamos acostumados.
∞
xn x n
X
ex = = lim 1 + , ∀x ∈ R .
n! n→∞ n
n=0
3 Outras Bases
3.1 Exponencial em outras Bases
Definiremos agora a potência ax onde a > 0 e x ∈ R.
Definição 3.1.1. Para cada a > 0 e cada x ∈ R definiremos
ax := ex log(a)
Agora vamos ver algumas propriedades (já esperadas) da exponencial na base a > 0:
• a0 = e0 = 1
1
• a−x =
ax
x
• (ax ) y = e y log(a ) = exy log(a) = axy
loga (x) := y ⇐⇒ a y = x
8
Seja x > 0. Assim
elog(x) = x = aloga (x) = eloga (x)·log(a)
Como a função exponencial é bijeção concluı́mos que log(x) = log(a) loga (x). E esta é a
relação que conecta o logaritmo natural com o logaritmo em outras bases:
log(x)
loga (x) =
log(a)
0 1
• loga (x) =
x log(a)
log(xy) log(x) log(y)
• loga (xy) = = + = loga (x) + loga (y)
log(a) log(a) log(a)
log(1)
• loga (1) = =0
log(a)
log(xr ) log(x)
• loga (xr ) = =r· = r · loga (x)
log(a) log(a)
Referências
[1] D. Alexander Brannan. A First Course in Mathematical Analysis. Cambridge University
Press, 2006.
[3] E. Lages Lima. Curso de Análise, volume 1. IMPA, Rio de Janeiro, RJ, 14 edition, 2017.