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Design de Interiores

(Intervenção)
Autor: Prof. Ricardo Granata
Colaboradores: Profa. Patrícia Scarabelli
Prof. José Carlos Morilla
Professor conteudista: Ricardo Granata

Ricardo Granata é arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Fundação Álvares Penteado
– Faap (1996). Possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo – USP (2004). É docente,
com ênfase em tecnologia e projeto, em diversas instituições de ensino superior de Arquitetura e Urbanismo e em
cursos superiores tecnológicos de Design de Interiores no estado de São Paulo. É arquiteto e sócio-diretor de empresa
de Arquitetura com ênfase em projetos de Arquitetura e Urbanismo, Design de Interiores e em gerenciamento de obras.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

G748d Granata, Ricardo.

Design de Interiores (Intervenção) / Ricardo Granata. – São


Paulo: Editora Sol, 2019.

64 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-013/19, ISSN 1517-9230.

1. Projetos complementares. 2. Projeto de interiores institucional.


3. Projeto de interiores comercial. I. Título

CDU 74

U501.48 – 19

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Ingrid Lourenço
Lucas Ricardi
Sumário
Design de Interiores (Intervenção)

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7

Unidade I
1 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE DESIGN DE INTERIORES: ELEMENTOS
E BASES PARA O PROJETO.................................................................................................................................9
1.1 Coleta e interpretação de dados e seus objetivos: conhecimento do
usuário e do espaço de intervenção.......................................................................................................9
1.2 Briefing do cliente e Programa de Necessidades: premissas indispensáveis
e objetivos iniciais..........................................................................................................................................9
1.3 Conhecimento do espaço de intervenção: o levantamento de medidas
e o levantamento fotográfico................................................................................................................ 11
2 DIAGNÓSTICO E CONCEITUAÇÃO DE PROJETO .................................................................................. 14
2.1 Diagnóstico de programa e espaço: a interpretação profissional ................................... 14
2.2 Conceituação do projeto.................................................................................................................... 15
2.3 Prancha conceitual ou painel semântico ou mood board................................................... 17

Unidade II
3 FASES DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO......................................................................................... 21
3.1 Estudo Preliminar – Layout inicial................................................................................................. 21
3.2 Anteprojeto.............................................................................................................................................. 23
3.3 Projeto Executivo.................................................................................................................................. 24
3.4 Memorial Descritivo............................................................................................................................. 27
4 PROJETOS COMPLEMENTARES: INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO.......................................... 28
4.1 Projeto Estrutural.................................................................................................................................. 28
4.2 Projeto de Instalações Hidrossanitárias....................................................................................... 28
4.3 Projeto de Instalação de Gás............................................................................................................ 29
4.4 Projeto de Instalações Elétricas, Telefonia, Dados/Voz........................................................... 29
4.5 Projeto de Luminotécnica.................................................................................................................. 30
4.6 Projeto de Climatização...................................................................................................................... 31
4.7 Projeto de Instalações de Segurança (CFTV, alarmes etc.).................................................... 32
4.8 Projeto de Automação........................................................................................................................ 32
4.9 Projeto de Proteção contra Incêndio............................................................................................ 32
Unidade III
5 PROJETO DE INTERIORES DE SERVIÇOS, INSTITUCIONAL E COMERCIAL................................... 36
5.1 Projeto de Interiores de Serviços e Institucional: estrutura organizacional
e espacial.......................................................................................................................................................... 36
5.1.1 Entrada, recepção e sala de espera................................................................................................... 37
5.1.2 Banheiros.................................................................................................................................................... 39
5.1.3 Escritórios e áreas de staff................................................................................................................... 41
6 PROJETO DE INTERIORES DE SERVIÇOS E INSTITUCIONAL: OUTRAS FORMAS
DE ESCRITÓRIO...................................................................................................................................................... 45
6.1 Home office............................................................................................................................................. 45
6.2 Coworking................................................................................................................................................ 46

Unidade IV
7 PROJETO DE INTERIORES DE SERVIÇOS E INSTITUCIONAL: CONSULTÓRIOS........................... 50
8 O PROJETO DE INTERIORES COMERCIAL................................................................................................ 52
8.1 O Projeto de Interiores Comercial: lojas....................................................................................... 52
8.2 Restaurantes, bares e lanchonetes................................................................................................. 54
8.2.1 Zonas de preparo e controle............................................................................................................... 56
APRESENTAÇÃO

O designer de interiores desenvolve projetos para os espaços internos residenciais, comerciais e


institucionais. Sendo assim, o objetivo desta disciplina é capacitar o estudante ao exercício do Projeto
de Interiores nessas diversas modalidades.

A disciplina busca promover a discussão e a resolução de problemas funcionais, formais e


metodológicos no processo de projeto do ambiente, investigando estratégias de projeto viáveis para a
construção e a organização do espaço definido pela edificação existente ou pela readequação dele, seja
qual for a especificidade que possui.

Na proposição de atividades de projeto, a disciplina busca, então, sistematizar princípios projetivos


explorando os requisitos funcionais, formais, representativos e simbólicos do problema apresentado;
buscando, assim, responder às necessidades apresentadas pelo programa de projeto adequando
estrutura, cobertura, vedação, iluminação e geometrias dos espaços de permanência e circulação como
elementos representativos de estruturação formal do projeto.

INTRODUÇÃO

Esta disciplina fornece subsídio para a capacitação do estudante no desenvolvimento do Projeto de


Interiores, tendo como foco o Projeto de Interiores para Serviços e Comércio.

São apresentados elementos e bases para o projeto de forma geral e estratégias para interpretação
dos dados e conceituação de um projeto. Dessa forma, são expostos métodos de coleta de bases para
o desenvolvimento projetivo, os quais abrangem o conhecimento do usuário e o conhecimento do
espaço de intervenção. Também são reveladas estratégias para interpretação desses dados e para
fundamentação de um projeto através do estabelecimento de um conceito a ser apresentado ao cliente.

As fases sistematizadas de um projeto de interiores propriamente dito, no quesito peças gráficas,


também são comentadas com as especificidades inerentes. Assim, são apresentados o Estudo
Preliminar, o Anteprojeto, o Projeto Executivo e uma introdução à compatibilização de um projeto,
levando em consideração os projetos complementares, como os de instalações elétricas, de instalações
hidrossanitárias, entre outros. Esses projetos devem ser produzidos por profissionais de outras áreas e
proverão embasamento técnico às intervenções de projeto.

Como documentação de compilação física e financeira de todos os dados compositivos de um


projeto, é apresentado ainda o Memorial Descritivo, documento que contempla todos os elementos
necessários para a execução do projeto – incluindo quantidades e custo –, mantendo o cliente a par do
todo. O Memorial Descritivo constitui um elemento primordial para a programação da obra.

As especificidades organizacionais dos espaços comerciais e de serviços são também apresentadas,


contemplando os principais tipos de escritórios, consultórios, lojas, restaurantes e lanchonetes.

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DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO)

Unidade I
1 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE DESIGN DE INTERIORES: ELEMENTOS E BASES
PARA O PROJETO

1.1 Coleta e interpretação de dados e seus objetivos: conhecimento do usuário


e do espaço de intervenção

O objetivo do Design de Interiores ou Arquitetura de Interiores, como intitulado e colocado


por Ching no livro Arquitetura de Interiores Ilustrada (2013, p. 44), é a “[…] melhoria funcional,
o aprimoramento estético e a melhoria psicológica dos espaços internos […]”, através, portanto,
de um projeto desenvolvido pelo profissional chamado de designer de interiores, sendo que “[…]
o objetivo de qualquer projeto é organizar suas partes como um todo coerente, para se atingir
certas metas […]” (2013, p. 45).

O Projeto de Interiores deve ser desenvolvido a partir de dois subsídios básicos: o físico e
o humano. Ou seja, para se iniciar um projeto, o profissional – designer de interiores – deve
conhecer os dois sujeitos protagonistas deste universo projetivo: o usuário – cliente – e o local
de intervenção. Deve, portanto, conhecer o perfil desse cliente e suas necessidades e o local para
o qual o projeto será proposto.

O perfil do cliente está intimamente relacionado a sua personalidade e/ou a modalidade. No caso
de residencial, o perfil do cliente refere-se à idade, ao temperamento, à sociabilidade, aos gostos,
à profissão, à idade etc. No caso de um cliente institucional, prestador de serviços ou comercial,
refere-se à identidade da empresa ou instituição – história, ramo ou ramos de atividades, identidade
corporativa etc.

Além dessa informação primária, três documentos fundamentais, que constituem a base para o
início do desenvolvimento do projeto, devem ser produzidos: o Briefing, o Programa de Necessidades e
o Levantamento de Medidas/Fotográfico.

1.2 Briefing do cliente e Programa de Necessidades: premissas indispensáveis


e objetivos iniciais

Após o primeiro contato com o cliente e depois de terem sido realizados os trâmites iniciais contratuais,
que variam da prática e do método de cada profissional, deve-se entender o briefing e desenvolver um
programa de necessidades com o cliente. Um Briefing inicial e um Programa de Necessidades muitas
vezes precedem o contrato, pois em alguns momentos, para se estabelecer um contrato de projeto,
é necessário que seja conhecido o escopo de trabalho, mas isso pode variar conforme a prática do
designer de interiores e deverá ser estudado em disciplina específica.
9
Unidade I

De qualquer forma, num primeiro contato de trabalho mais amplo, o profissional deve solicitar,
indagar ou ao menos entender qual é o perfil e o briefing deste cliente, pois assim terá acesso às
primeiras intenções e aos reais objetivos dele, seja em um projeto residencial, comercial ou institucional.
No briefing inicial, o cliente informará qual é o espaço de intervenção e quais são as suas intenções,
objetivos iniciais e suas pretensões.

Por exemplo, no caso de um projeto residencial, o cliente dirá ao profissional que:

• é casado e possui um filho;

• adquiriu um apartamento de 90 m², com três dormitórios – sendo um deles uma suíte –, sala de
estar, cozinha americana, banheiro social e área de serviço;

• a suíte será para o casal e o segundo dormitório será para o filho;

• no terceiro dormitório ele pretende que seja feito um escritório, que também poderá servir como
um quarto de hóspedes.

A partir dessas informações iniciais, o profissional deverá aprofundar e constituir um


documento fundamental para as interpretações futuras: o Programa de Necessidades. Nesse
caso, o designer de interiores aprofundará o conhecimento sobre as necessidades do cliente
não fornecidas inicialmente no briefing. Por exemplo, de acordo com o perfil do cliente, sabe-se
que eles são extrovertidos e recebem muitos amigos com frequência. Assim sendo, o designer
de interiores fará perguntas como: quantos amigos normalmente recebem? Quais as atividades
desenvolvidas: televisão, conversas, jantar? A sala de estar precisa acomodar quantas pessoas?
E quanto ao jantar, como ele é servido? Além disso, ele também perguntará quais foram as cores
pensadas para o espaço de intervenção, se os integrantes da família são alérgicos a alguns materiais que
podem ser utilizados no projeto etc.

No caso do projeto comercial – uma loja, por exemplo –, o profissional deve entender a quem se
destina o projeto, a que público ou a que consumidor ou, no caso de uma empresa ou instituição,
a que setor se destina. Cada setor desenvolve atividades e possui necessidades específicas, inclusive
de espaços, de equipamentos e de mobiliários. Sendo assim, como coloca Gurgel (2014, p. 197), os
diversos setores possuem “necessidades distintas quanto à distribuição, circulação, peças de mobiliário,
materiais, iluminação etc., cabendo ao designer a identificação de todas as características que devem
estar presentes em cada um individualmente”.

Ainda no entendimento da empresa, deve-se verificar o caráter e o estilo compreendendo ainda a


relação entre produto e serviço oferecido no espaço e sua relação direta com o caráter e o estilo do
projeto. Dessa forma, o designer de interiores deve tomar conhecimento sobre identidade corporativa,
a fim de definir cores e materiais que tragam a identificação imediata e, por conseguinte, a correlação
imediata com o projeto.

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DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO)

Por fim, e tão importante quanto os demais itens, é o conhecimento do budget, ou seja, o orçamento
disponível para o projeto.

1.3 Conhecimento do espaço de intervenção: o levantamento de medidas e o


levantamento fotográfico

Para o desenvolvimento do projeto, é necessário que o designer de interiores conheça previamente


o cliente no que se refere:

• ao que ele anseia do projeto e do que necessita que ele cumpra;

• acerca das destinações e objetivos esperados em relação ao espaço de atuação.

Conhecer o espaço físico de intervenção, nesse momento, se faz necessário. A aproximação inicial é
feita por meio de dois procedimentos, conhecidos como levantamento de medidas e levantamento
fotográfico. Deve-se medir tudo e fotografar tudo!

Observação

No momento do levantamento de medidas e do levantamento


fotográfico, deve-se considerar o espaço físico e o mobiliário que já existe
e que será utilizado. No caso de empresas, é fundamental que se entenda
se a empresa já está em funcionamento e será alocada em um novo espaço
e se os mobiliários serão reaproveitados. Neste caso, um levantamento de
mobiliário existente é imprescindível.

Antes da medição, é necessário realizar um croqui em planta (figura 2) – além de cortes e elevações
internas –, para que se possa anotar as dimensões do espaço, além de croquis também dos mobiliários
existentes, se for o caso.

Caso o cliente tenha uma planta ou um projeto do local, ambos são de grande utilidade e servem de
base para as medições. Na planta do levantamento, deve-se também anotar as “vistas” de onde foram
feitas as fotos. Elas têm muita serventia para sanar possíveis dúvidas quando a planta base for realizada
para o trabalho. Lembre-se de que após a medição o levantamento é “passado a limpo” em escala, para
que se possa dar sequência ao projeto.

Lembrete

Em um levantamento do espaço físico de intervenção, anote e fotografe


tudo! Para isso, utilize material de desenho (prancheta, papel, lapiseira,
borracha etc.) e instrumentos de medição (trena, níveis etc.), conforme a
figura a seguir.
11
Unidade I

Figura 1 – Material para levantamento de medidas com croquis para medição

Observação

O levantamento de medidas é muito importante! Mesmo que o


cliente já possua o projeto da edificação ou os arquivos, é necessário que
o levantamento seja realizado, pois nem sempre o projetado é idêntico
ao construído.

Figura 2 – Croqui de levantamento de medidas realizado

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DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO)

Além do espaço físico – das dimensões físicas propriamente ditas –, é importante que o profissional
perceba o espaço, que levante as demais qualidades da arquitetura, tendo contato, assim, com os “[…]
predicados especiais – campo visual, sonoro, olfativo e sinestésico […]” (ALMEIDA, 2011, p. 30), além das
configurações geométricas.

No ato do levantamento, devem-se verificar outras questões além da geometria e das perceptivas,
que é o levantamento analítico – a análise propriamente dita do espaço. Como colocado por Ching
(2013), deve-se verificar

• a orientação solar e as condições do terreno naquele local, ou seja, condições de iluminação e de


ventilação natural;

• a forma, a proporção e a escala espacial;

• a localização de portas (“amarradas” às paredes), os pontos de acesso e os percursos de


circulação sugestionados;

• as janelas e a iluminação, por meio das vistas e da ventilação propiciada;

• materialidades, por meio de materiais de parede, piso e teto;

• detalhes arquitetônicos significativos, como alturas de vigas, por exemplo;

• mobiliários fixos;

• pontos de elétrica existentes;

• pontos de rede, como dados/voz;

• pontos de instalações hidrossanitárias;

• pontos de gás;

• pontos de ar-condicionado e sistemas de ar-condicionado existentes, com os devidos acionamentos;

• instalações mecânicas;

• sistemas construtivos e modificações arquitetônicas possíveis.

Lembrete

Alguns sistemas construtivos, como alvenaria estrutural, por exemplo,


não permitem alterações físicas, nem mesmo passagem de tubulações e
instalações. Por isso, são necessárias construções auxiliares para tais passagens.
13
Unidade I

É importante também levantar informações sobre elementos que possivelmente possam ser
reutilizados, como acabamentos e acessórios. Quando fizer o levantamento dos materiais e mobiliários
existentes que serão reaproveitados, anote marcas, modelos e séries, pois isso facilitará a execução
do projeto.

Lembrete

O levantamento é muito importante! É neste momento também que o


profissional percebe a iluminação natural, a acústica etc., ou seja, o espaço
em relação às características sensitivas.

Saiba mais

Para conhecer mais o espaço interno das edificações, leia:

CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de Interiores Ilustrada. Tradução:


Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 9-42.

2 DIAGNÓSTICO E CONCEITUAÇÃO DE PROJETO

2.1 Diagnóstico de programa e espaço: a interpretação profissional

A interpretação profissional funciona como uma programação (CHING, 2013): o que existe? O que
se deseja? O que é possível?

• “O que existe?” relaciona-se intimamente ao levantamento de medidas, à documentação


física-sensorial-cultural. Uma descrição dos elementos existentes.

• “O que se deseja?” relaciona-se ao Programa de Necessidades e às preferências do usuário, aos


objetivos dele ou dela ou deles. É importante, nessa fase, o desenvolvimento de diagramas de
inter-relação do programa de necessidades com o espaço físico.

• “O que é possível?” relaciona-se também à análise crítica do espaço físico, suas materialidades
e sistemas construtivos. Trata-se de uma investigação do que se pode ou não alterar; do que
se pode controlar, do que é permitido por legislações internas ou públicas, normas e instruções
normativas; ou seja, os limites técnicos, legais e os prazos, e, por fim, o budget.

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DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO)

Saiba mais

Para conhecer mais as análises iniciais do espaço, leia:

CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução:


Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 64-66.

2.2 Conceituação do projeto

Todo projeto inicia – dada a fase de levantamentos – por uma determinação de um conceito. A
conceituação de projeto é muito particular de cada profissional e relaciona-se ao processo individual
de trabalho de cada profissional – cada designer tem seu próprio método criativo para atender às
necessidades do cliente.

Alguns autores listaram as fases de conceituação e estipularam um processo. Ching (2013), por
exemplo, sugere um brainstorming (“tempestade de ideias”), seguido por um esboço de definição de
conceito e pelo desenvolvimento de desenhos esquemáticos. Na primeira fase, Ching coloca a feitura de
diagramas dos principais relacionamentos funcionais e espaciais seguidos pelas atribuições de valores
a questões e elementos-chave. Neste processo é fundamental a busca por formas combinando várias
ideias em uma única melhor e manipulando o todo. O importante em todo o projeto e amadurecimento
profissional é a constituição de um senso crítico projetivo. Na sequência, Ching sugere esboços para
definição de um conceito, onde o profissional deve verbalizar a ideia de projeto de maneira concisa
para na sequência desenvolver os desenhos esquemáticos (figuras 3 e 4) que estabelecem as principais
relações funcionais e espaciais expressadas em diversas alternativas para estudos comparativos.

Figura 3 – Croqui/diagrama de conceito e concepção de projeto

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Unidade I

Figura 4 – Croqui de conceito e concepção de projeto

Para Ching (2013, p. 49), existem

[…] várias abordagens possíveis para a geração de ideias e síntese de soluções


de projeto: – isolar uma ou mais questões-chave de valor ou importância
e desenvolver soluções a partir delas; – estudar situações análogas que
podem servir como modelos para o desenvolvimento de soluções possíveis;
– desenvolver soluções ideais para partes de problema, que podem estar
integradas a soluções completas e ponderadas pela realidade do que já existe.

Gibbs (2014) diz que alguns profissionais se baseiam em um fato concreto na conceituação e análise de
um projeto. Podem se basear, por exemplo, tanto nas características desejadas pelo cliente, como conforto,
elegância e leveza, quanto podem partir de elementos naturais próprios da região. Os próprios dados
do programa de necessidades podem servir como referência. Como menciona Gibbs (2014, p. 62), ainda
“[…] ao estabelecer o conceito, o designer deve levar em consideração as limitações de fatores como o
orçamento, o próprio imóvel e o estilo de vida do cliente […]”, ou seja, os dados obtidos na documentação
inicial – no Levantamento de Medidas, no Levantamento Fotográfico e no Programa de Necessidades.

Assim, em um projeto institucional ou comercial, o nome da empresa, a cor institucional ou um


elemento do logotipo/logomarca pode se tornar um ponto de partida para a concepção de um projeto.
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DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO)

2.3 Prancha conceitual ou painel semântico ou mood board

A prancha conceitual ou painel semântico ou mood board (figuras 5 e 6) são peças gráficas utilizadas
por alguns designers para transmitir a ideia, a atmosfera conceitual, a essência do design proposto.
Os painéis são formados com “colagens” de informações coletadas pelo designer e têm o objetivo de
transmitir a mensagem projetiva – fotografias, panfletos, recortes em geral podem ser coletados para
transmitir a ideia, o estilo ou a temática do projeto.

Figura 5 – Exemplo de coleta de dados para constituição de um mood board

Figura 6 – Mood board

Exemplo de aplicação

Pesquise um projeto de interiores cujo conceito seja divulgado e tente encontrar as relações entre as
referências e o projeto realizado.
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Unidade I

Resumo

Esta unidade tratou das bases iniciais para o desenvolvimento de


um Projeto de Interiores: o conhecimento dos protagonistas (o usuário
e o ambiente), seguidos por formas de interpretação e organização
destes dados.

O Projeto de Interiores deve atender às necessidades do cliente,


independentemente de qual seja o uso (residencial ou comercial).
Sendo assim, foram apresentados, primeiramente, métodos para coleta
de dados do ambiente (o Levantamento de Medidas e o Levantamento
Fotográfico); depois, foram vistos o Briefing e o Programa de
Necessidades, bem como a constituição de um conceito e a sua
apresentação através de um mood board.

Todas essas fases constituem as bases para o desenvolvimento do Projeto


de Interiores. As interpretações e os dados coletados e desenvolvidos aqui
serão os subsídios para que seja desenvolvido o projeto como um todo, que
será especificado na sequência do livro-texto.

Exercícios

Questão 1. O Projeto de Interiores deve ser desenvolvido a partir de dois subsídios básicos: o físico
e o humano. Ou seja, para se iniciar um projeto, o designer de interiores deve conhecer os dois sujeitos
protagonistas do universo projetivo: o usuário (cliente) e o local de intervenção. Deve, portanto, conhecer
o perfil desse cliente e suas necessidades e o local para o qual o projeto será proposto.

Para isso, além das informações iniciais, devem ser produzidos três documentos fundamentais, que
constituem a base para o início do desenvolvimento do projeto, que são:

A) O Briefing, o Memorial Descritivo e o Levantamento de Medidas/Fotográfico.

B) O Layout da Intervenção, o Programa de Necessidades e o Levantamento de Medidas/Fotográfico.

C) O Briefing, o Programa de Necessidades e o Orçamento Disponível.

D) O Briefing, o Programa de Necessidades e o Levantamento de Medidas/Fotográfico.

E) O Relatório de Visita, o Layout da Intervenção e o Levantamento de Medidas/Fotográfico.

Resposta correta: alternativa D.

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DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO)

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o Memorial Descritivo é a documentação de compilação física e financeira de todos os


dados compositivos de um projeto, portanto só pode ser feito depois que o projeto tiver sido estabelecido.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o Layout da Intervenção é um documento produzido após os contatos iniciais entre o


designer de interiores e o cliente.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o orçamento deve estar no Memorial Descritivo, o qual só está disponível quando o
projeto já está estabelecido.

D) Alternativa correta.

Justificativa: para conhecer o cliente, suas necessidades e o local de intervenção, o designer de


interiores deve produzir três documentos: o Briefing, o Programa de Necessidades e o Levantamento
de Medidas/Fotográfico. No Briefing inicial, o cliente informará qual é o espaço de intervenção e
o que se pretende fazer nele, objetivos iniciais e suas intenções. O Programa de Necessidades é
um documento no qual o designer aprofundará o conhecimento nas necessidades do cliente não
fornecidas inicialmente no Briefing. O Levantamento de Medidas/Fotográfico é uma verificação em
que o designer de interiores toma as medidas do espaço no qual será feita a intervenção e registra
todas as características de espaço, mobiliário etc.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o relatório de visita não é um documento a ser produzido na fase inicial.

Questão 2. Analise as afirmações a seguir e a relação proposta entre elas.

I – A prancha conceitual ou painel semântico ou mood board são peças gráficas utilizadas por alguns
designers para transmitir a ideia, a atmosfera conceitual, a essência do design proposto.

Porque

II – O papel do mood board é o de transmitir a mensagem projetiva, a ideia, o estilo ou a temática


do projeto.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

19
Unidade I

A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I.

C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

E) As asserções I e II são proposições falsas.

Resolução desta questão na plataforma.

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