Michel Foucault discute o neoliberalismo estadunidense e como ele enxergava o trabalho e os trabalhadores como investimentos no capital humano. O neoliberalismo nos EUA legitimou o Estado e se opôs ao socialismo. Foucault explica como o neoliberalismo via o trabalhador como uma empresa de si mesmo, cujo salário é renda produzida por seu capital humano.
Descrição original:
Fichamento da aula ministrada em 14.03.1979 por Foucault na obra "O Nascimento da Biopolítica".
Título original
O Nascimento da Biopolítica - Fichamento - Aula 14.03.1979
Michel Foucault discute o neoliberalismo estadunidense e como ele enxergava o trabalho e os trabalhadores como investimentos no capital humano. O neoliberalismo nos EUA legitimou o Estado e se opôs ao socialismo. Foucault explica como o neoliberalismo via o trabalhador como uma empresa de si mesmo, cujo salário é renda produzida por seu capital humano.
Michel Foucault discute o neoliberalismo estadunidense e como ele enxergava o trabalho e os trabalhadores como investimentos no capital humano. O neoliberalismo nos EUA legitimou o Estado e se opôs ao socialismo. Foucault explica como o neoliberalismo via o trabalhador como uma empresa de si mesmo, cujo salário é renda produzida por seu capital humano.
Michel Foucault, na aula ministrada em 14 de março de 1.
979 no Collège de France, discute a questão do neoliberalismo estadunidense.
Foucault inicia apresentando o contexto de desenvolvimento desse
neoliberalismo: a existência do New Deal (política keynesiana), projetos de intervencionismo social realizados durante a guerra (pactos de guerra) e, crescimento da administração federal devido a programas econômicos e sociais. Em seguida, apresenta as diferenças entre o neoliberalismos “à americana” e o europeu.
O autor explica também que nos Estados Unidos (EUA) o neoliberalismo
foi o princípio fundador e legitimador do Estado (semelhante ao que ocorreu na Alemanha no pós guerra), além disso, a questão do liberalismo sempre foi presente nas discussões políticas dos EUA. Ainda, o liberalismo se ancorou em oposição ao socialismo e ao desenvolvimento de um Estado imperialista e militar.
Feitas essas apresentações, a discussão passa a girar sobre o tema do
capital humano. Foucault ensina que o tema “trabalho” sempre foi pouco explorado pelas teorias econômicas. O papel do neoliberalismo, consequentemente, foi repensar o trabalho do ponto de vista da análise econômica.
Insere-se então a análise sobre as consequências das “opções
substituíveis” (alocação de recursos raros para fins concorrentes). Essa discussão permeia a problemática sobre o trabalho e os trabalhadores, no sentido de como os recursos disponíveis são utilizados.
Tem-se, por sua vez, o raciocínio que colocará, do ponto de visto do
trabalhador, o salário como renda, entendido como o rendimento de um capital (no caso, uma aptidão/competência do trabalhador). Nesse sentido, o trabalhador passa a ser visto como uma máquina que irá produzir (e render) de formas diferentes ao longo da vida, produzindo diferentes fluxos de renda. O trabalhador é, portanto, uma empresa para si mesmo.
A partir daí Foucault retoma a ideia de homo oeconomicus para
apresentar uma leitura pelo neoliberalismo. O autor explica que a concepção clássica do homo oeconomicus baseava-se na troca entre sujeitos com necessidades, porém para o neoliberalismo o homo oeconomicus será um empresário de si mesmo, sendo ele o capital, produtor e fonte da própria renda. Abre-se então a discussão sobre os elementos biológicos, ambientais e sociais do capital humano.
Conclui-se disso que o capital humanos é o “conjunto dos investimentos
que foram feitos no nível do próprio homem”. Como consequência, Foucault sugere que, por essa leitura neoliberal, políticas de crescimento deverão ser centradas na maneira como se investe no capital humano. Essa constatação modifica o paradigma de explicação para o subdesenvolvimento, o qual se fundava em explicações que partiam de bloqueios dos mecanismos econômicos.