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Michel Foucault, na aula ministrada em 28 de março de 1.

979 no Collège
de France, prossegue discutindo a questão do homo oeconomicus e suas
implicações.

Trazendo à tona a discussão da aula anterior sobre a generalização das


análises econômicas para todos as esferas da vida, Foucault aponta que tal
análise pode se estender não apenas para a racionalidade, mas também para
condutas não racionais.

Isto porque, à luz da psicologia comportamental, os indivíduos


respondem aos estímulos que recebem do meio e a economia pode agir
justamente sobre as variáveis ambientais. Nesse sentido, o homo oeconomicus
se torna o sujeito governável, posto que é manejável por modificações
introduzidas em seu meio. É ele, portanto, a base de uma nova razão
governamental.

Valendo-se do empirismo inglês, Foucault constrói raciocínio para


apresentar a noção de sujeito de interesse, noção essa que difere da ideia de
sujeito de direito. Por outro lado, o autor demonstra que esses sujeitos não se
sobrepõe, sendo essas noções conciliáveis.

Além disso, Foucault explica que, se por um lado o sujeito de direito


renuncia a direitos naturais, o sujeito de interesse age por outra lógica,
perseguindo a seus interesses até a última instância. Com isso, o autor busca
demonstrar que mercado e contrato seguem lógicas opostas uma da outra.

Foucault também ensina que o homo oeconomicus age sem controle do


ganho que ele produz para outros, sendo tal ganho indefinido e não totalizável.
Essa lógica de “cegueira” quanto a totalidade dos ganhos seria fundamental
para os ganhos coletivos, motivo pelo qual o bem coletivo em si não deveria
ser uma meta.

Nesse sentido, os agentes políticos também não devem visar o bem


coletivo, mesmo porque o soberano não pode ter ciência da totalidade dos
elementos econômicos, a fim de combiná-los de forma voluntária. Não há,
portanto a possibilidade de um soberano econômico na razão governamental.
Dessa forma, o governo deve caminhar ao lado da ciência econômica, não
podendo com ela se confundir.

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