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Moreira Martini
Fonética, Fonologia e Morfologia
Conceituação e Exercícios
Fonetica ´
O que é o IPA?
É o ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL, que tenta unificar em questão
de ponto e modo de articulação – movimentos de articuladores ativos em relação ao
passivos e maneira pela qual o ar é liberado, de acordo com os obstáculos propostos pelos
articuladores, respectivamente – , todas as consoantes de todas as línguas naturais do
mundo.
Quanto às vogais, o IPA promete dar conta das variações de elevação da
mandíbula e posição da língua, no trato vocal, para cada um dos segmentos vocálicos de
todas as línguas naturais do mundo.
Ao leitor, fica o desafio de circular e classificar os fones que correspondem ao
PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB).
PRATIQUE COM OS EXERCÍCIOS
a. Assimilação.
Se dá quando um fonema sofre mudança em decorrência da influência de outro
fonema adjacente sobre ele. Isto é: um fonema acaba adquirindo traços de um som que o
rodeia. Essa assimilação pode ser TOTAL ou PARCIAL.
Em um caso como: latim vulgar: ‘noctem’ e italiano: ‘notte’, houve assimilação
total, dado que o fonema /k/ mudou para /t/, em razão da assimilação do fonema que lhe
era adjacente, exatamente o mesmo /t/.
Mas, em um caso como a...
A B/ __
Leia-se: A “vira” B, sempre que estiver no contexto assinalado após a barra, onde
“___” é o próprio fonema A.
Exemplo: Em Português Brasileiro (PB), a vogal média alta posterior [o], em final
de palavra, sempre que átona, será pronunciada como [ʊ]. Esse processo é representado
formalmente como:
/o/ [ʊ]/__#
Em PB, também, [l], em final de sílaba é pronunciado como uma semi-vogal [w].
Essa mudança é notada como:
/l/ [w]/__$
Observe-se que, como estamos falando de um FONEMA que é pronunciado de
forma diferente, a depender do contexto, usamos / / para a representação da forma
subjacente (FONEMA) e [ ] para a forma alterada APENAS na pronúncia e NÃO no
sistema. Portanto, o fone.
Finalmente, em PB, também fazemos elisões. É o caso dos róticos em final de
verbos infinitivos.
/r/ ∅/__##
Para praticar!
Exercícios do Professor Paulo Chagas do DL, da USP.
1. Em luganda, [r] e [l] ocorrem em distribuição complementar. Observe os dados e
responda as perguntas que vêm em seguida.
olubiri ‘cercado de um palácio’ akalulu ‘votar’
liɲɲa ‘trepar’ eŋgiri ‘javali’
ssaffaali ‘safári’ eŋkula ‘rinoceronte’
eraŋ ‘tingir’ akasaale ‘flecha’
akasolja ‘telhado’ olumuli ‘junco’
kampala ‘Kampala’ liiri ‘seda’
omulere ‘flauta’ akabonero ‘sign’
omulenzi ‘menino’ weeraba ‘adeus’
luma ‘machucar’ lje ‘meu (poss. classe
V)’
Processos Morfologicos
a. Adição: Afixos são adjungidos a uma base e, conforme seu estilo de adjunção,
recebem um nome diferente.
Há prefixos, quando a adjunção é anterior à base. Sufixos, quando é posterior.
Infixos quando é interior a ela. Circunfixos, quando a rodeiam e Transfixos
quando são adjungidas entre os segmentos da base. Observe os exemplos:
{in-}feliz prefixação
felic{-idade} sufixação
1. A morfologia Lexical
A Morfologia Lexical dá conta da criação de novas palavras em uma língua, a
partir dos processos morfológicos que envolvem esse processo. É, portanto, o estudo da
ampliação do léxico a partir de mecanismos recorrentes de formação de palavras.
Dentre os processos de criação de palavras, em uma língua, estão:
a. A derivação
Uma palavra pode derivar de outra primitiva. E, para tanto, às bases destas últimas,
são adjungidos afixos que lhe alteram a classe gramatical, na maioria dos casos, e sempre
o significado.
É o caso, por exemplo, de pedra pedreiro. Com a sufixação de {-eiro}, sufixo
que geralmente, em PB, carrega a semântica de profissão, forma-se uma nova palavra,
com um novo significado e um novo referente no mundo.
a.a. Derivação Regressiva
Processo que ocorre nos substantivos deverbais, em PB, a derivação regressiva
pressupõe uma redução morfemática. Manejar manejo; atacar ataque.
a.b. Derivação Parassintética
Diz-se do processo de adjunção simultânea de um prefixo e um sufixo à uma base,
sendo que apenas um desses processos torna a nova palavra agramatical.
DESALMADO é um exemplo. Já que, se não houver simultaneidade na adjunção,
temos: *desalma, que não existe na língua e *almado, que também é agramatical.
MAS, ATENÇÃO! A palavra ‘infelizmente’, embora possua prefixo e sufixo, não
é fruto de um processo de derivação parassintética, pois que existem as formas: infeliz e
felizmente, na língua. Portanto, a adjunção simultânea de prefixo e sufixo não é
OBRIGATÓRIA para garantir gramaticalidade à nova palavra.
Composição
Há casos nos quais duas bases separadas, que possuem um significado diferente,
cada uma, na língua, ao se juntarem, são ressignificadas e ganham um único referente no
mundo. A forma “filho da mãe” é um exemplo disso. É uma composição do tipo:
substantivo + preposição + substantivo. Filho já possui um significado; mãe, também. No
entanto, essas bases independentes são ressignificadas ao formarem um único referente:
“O filho da Maria é legal.”
“Essa é a mãe de Gabriel.”
Veja a ressignificação: “Este é o [filho da mãe] do Gabriel”
Os processos de composição são muito comuns, já que duas bases, quando se
unem adquirem força expressiva e podem ser remotivadas a novos significados. Por
exemplo, guarda-chuva ou sofá-cama. Um sofá-cama, veja, não é nem sofá, nem cama. É
uma união dessas duas bases, que leva a um novo referente no mundo.
2. A morfologia Flexional
A Morfologia Flexional não estuda a formação de novas palavras no léxico de
uma língua natural, mas sim os desdobramentos de uma mesma palavra, em função da
atribuição de uma nova informação, principalmente gramatical, a ela.
É o caso da Flexão de Número, em uma língua como o Português. Ao dizermos:
livro ou livros, não estamos criando uma nova palavra, apenas desdobrando seu mesmo
significado, atribuindo-lhe a informação gramatical de plural.
Também entram nesse estudo, as flexões de gênero: menin-o e menin-a; bem
como as flexões verbais: morar morava:{mor-} +{-a-}+{-va}+{∅}. O significado de
morar continua intacto, portanto, não há criação ou formação de palavra. O que há é a
atribuição a ‘morar’ de uma circunstância “pretérito imperfeito” e um modo “indicativo”,
explicitada pelo morfema{-va}, uma desinência modo temporal. Além disso, como
morfema zero, {∅}, há ainda o desdobramento da desinência número pessoal de 1ª ou 3ª
pessoas do singular.
Agora... Pratique!
Morfologia
Exercícios elaborados por Tom Finbow