Você está na página 1de 6

Estado de Santa Catarina

Prefeitura Municipal de Palhoça


Secretaria Municipal da Educação e Cultura
Escola Básica Guilherme Wiethorn Filho

COMPONENTE CURRICULAR: ENSINO RELIGIOSO

PROFESSOR/A: ANA LUCIA GRIGUC NASCIMENTO

NOME COMPLETO DO/A ALUNO/A: Felipe dos Santos Barcelos

TURMA: 91( ) 92( ) PERÍODO:


14ª quinzena

1 MATERIAL DE APOIO

RACISMO ESTRUTURAL NO BRASIL


O Brasil é o país com a maior população negra fora da África em números absolutos. No
entanto, essa população, que é majoritária na composição da sociedade brasileira, está
sub-representada em todos os âmbitos da vida social. Isso acontece porque, embora haja
igualdade jurídica, há mecanismos informais de discriminação que filtram o seu acesso a
oportunidades, qualificação e esferas de decisão, como aponta o um dos maiores
sociólogo brasileiro, Florestan Fernandes, em seu livro “A integração do negro na
sociedade de classes”:
“A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se
cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias
que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram
eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o
Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem
por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho”.
Esse problema central engendrou o que hoje denominamos de racismo estrutural. A
ausência de políticas públicas de integração da população negra recém-liberta, relegando-
a à própria sorte, gerou consequências dramáticas que se reproduziram no tempo.
O racismo estrutural permeia todas as esferas da vida social, na cultura, nas instituições,
na política, no mercado de trabalho, na formação educacional. É o resultado secular de
um país assentado em bases escravocratas, influenciado por dogmas racialistas e que não
buscou integrar a população de ex-escravizados em seu sistema formal, relegando-os à
marginalidade e culpabilizando-os pelas consequências nefastas desse abandono
proposital. Pode parecer algo longínquo, mas a escravidão foi abolida há apenas 131 anos,
e a desigualdade racial provocada por ela e pela transição incompleta para a liberdade,
posto que não proporcionou meios para a autonomia, são perceptíveis no Brasil de hoje.
O Estatuto da Igualdade Racial define desigualdade racial como: “toda situação
injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas
esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou
étnica”. A desigualdade racial é o resultado do racismo estrutural.

DADOS SOBRE O RACISMO NO BRASIL


Conforme dados do IBGE de 2018, 56,10% da população brasileira declara-se como preta
ou parda. No entanto, quando observamos dados do mercado de trabalho, 68,6% dos
cargos gerenciais eram ocupados por brancos, e somente 29,9%, por pretos ou pardos.
Já na taxa de força de trabalho subutilizada, isto é, pessoas que trabalham menos do que
gostariam, 29% era preta ou parda contra 18,8% de brancos subocupados. Na
representação legislativa, dentre os deputados federais, 75,6% eram brancos, contra
24,4% de pretos ou pardos. A taxa de analfabetismo entre pessoas brancas era de 3,9%;
entre pretos e pardos, era 9,1%. Nas taxas de homicídios por 100 mil habitantes na faixa
etária de 15 a 29 anos, a população branca tinha a média de 34,0, e a população preta ou
parda apresentava 98,5, ou seja, a chance de um jovem negro morrer de homicídio é
quase três vezes maior que a de um jovem branco.
A ocupação informal também é maior entre pretos e pardos (47,3%) do que entre brancos
(34,6%.) A desigualdade salarial é notória quando a renda média é estratificada. O
rendimento mensal de pessoas brancas naquele ano foi R$ 2.796,00, e o rendimento
mensal médio de pessoas pretas ou pardas foi R$ 1.608,00.
Além disso, mesmo sendo maioria no Brasil, esse grupo, em 2018, representou apenas
27,7% das pessoas com os maiores rendimentos; no entanto, no grupo com os menores
rendimentos, abarca 75,2% dos indivíduos. As condições de moradia da população preta
ou parda também apresenta desníveis em relação à população branca. Há mais pretos e
pardos residindo em domicílios sem coleta de lixo (12,5% contra 6,0% da população
branca), sem abastecimento de água por rede geral (17,9% contra 11,5% da população
branca) e sem esgotamento sanitário (42,8% contra 26,5% da população branca).
Levantamento realizado pelo Laboratório de Análises Econômicas, Sociais e Estatísticas das
Relações Raciais da UFRJ entre 2007 e 2008 constatou que, em 70% das ações por racismo
ou injúria racial daquele período no Brasil, quem ganhou foi o réu; em apenas 30% dos
casos, a vitória foi da vítima. Conforme o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que a
partir de 2005 passou a considerar dados sobre casos de injúria racial e racismo, entre
2005 e 2018, somente 6,8% dos processos por esses crimes resultaram em condenação no
estado. Na Bahia, entre 2011 e 2018, somente sete processos por racismo foram julgados,
um por ano.
Por outro lado, o 13º Anuário da Violência, compilado pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública em 2019, aponta que, em 2018, 75,4% das vítimas da letalidade policial eram
pretas ou pardas, em sua maioria jovens e do sexo masculino. A pesquisa também revela
que mulheres negras representam 61% das vítimas de feminicídio e 50,9% das vítimas de
estupro. Dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no último levantamento
nacional realizado em 2016, apontam que 65% da população carcerária brasileira é
composta por pretos e pardos.
Esses dados ressaltam a urgência na promoção de políticas públicas voltadas para a
população parda e preta de forma a democratizar o acesso a serviços públicos e a
oportunidades.

LEI ANTIRRACISMO NO BRASIL


Se fizermos uma observação abrangente de leis relacionadas à luta contra o racismo no
Brasil, encontraremos uma legislação parca relacionada ao tema. Desde a Proclamação da
República, uma das primeiras medidas legais cuja aplicabilidade poderia em tese
enquadrar situações de racismo consta do Código Penal Brasileiro, cujo Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940, no artigo 140, tipifica a injúria como crime. Nas
modificações que sofreu posteriormente, ela passou a tipificar a injúria racial.
Em 3 de julho de 1951, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 1.390, que ficou conhecida
como Lei Afonso Arinos, a qual criminalizava a discriminação por raça ou cor. A
promulgação dessa lei foi motivada por uma situação de discriminação sofrida por uma
bailarina norte-americana, Katherine Dunham, impedida de se hospedar num hotel em São
Paulo em razão de sua cor, o que repercutiu mal à época na imprensa estrangeira.
A Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, em seu artigo 1º, tipifica como “homicídio
qualificado os casos em que haja intenção de matar grupo nacional, étnico, racial ou
religioso”, com pena de 12 a 30 anos de reclusão. A incitação pública ao crime contra esses
grupos também é criminalizada no artigo 3º. Em 1990, na Lei nº 8.072, que dispõe sobre
crimes hediondos, o crime de genocídio previsto na Lei nº 2.889 é qualificado como tal.
Na Constituição de 1988, o artigo 3º, em seu inciso IV, estabelece como objetivo precípuo
da Nova República “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. O Artigo 4º, inciso VII, define que
“as relações internacionais brasileiras regem-se pelo repúdio ao terrorismo e ao racismo”.
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, define os crimes de preconceito de cor e raça e
estabelece penalidades para situações de discriminação: em ambiente de trabalho público
ou privado, como ter acesso negado a empregos, cargos, serviço militar, ou sofrer
tratamento diferenciado; em locais públicos, como ser impedido de adentrar em
transporte público, edifícios públicos, clubes, restaurantes, etc. Essa lei também
estabelece punições para “práticas de incitação à discriminação ou preconceito de raça,
cor”, criminalizando, inclusive, a fabricação, comercialização e distribuição de propagandas
de incitação a essas modalidades de preconceito. Essa é a lei que prevê o crime de
racismo, isto é, a discriminação racial praticada contra uma coletividade. Essa lei tornou
o racismo crime imprescritível e inafiançável.
A Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997, promoveu alterações na legislação antirracista. À
Lei nº 7.716 acrescentou a punição à discriminação e à incitação à discriminação por etnia,
religião ou procedência nacional, além do preconceito de raça e cor anteriormente
previsto. Ao artigo 140 do Decreto-Lei nº 2.848 acresceu na especificação de injúria
“elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem”. Mais tarde, a Lei nº 10.741,
de 2003, ampliou a definição, incluindo “a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência”.
Em 2003, a Lei nº 10.639 modificou a Lei de Diretrizes de Base da Educação, introduzindo
a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas de
ensino fundamental.
Em 20 de julho de 2010, a Lei nº 12.288 instituiu o Estatuto da Igualdade Racial,
“destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a
defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às
demais formas de intolerância étnica”. Esse estatuto modificou as leis anteriores,
atualizando-as. Incluiu na lei nº 7.716, por exemplo, a possibilidade de interdição de
mensagens e páginas da internet. A Lei nº 12.735, de 30 de novembro de 2012, prevê a “a
cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da
publicação por qualquer meio” por incitações ao preconceito racial.
O Estatuto da Igualdade Racial, além de atualizar e ampliar o alcance das leis antirracistas
anteriores, tem uma dimensão propositiva de embasar juridicamente políticas públicas
direcionadas a diminuir as desigualdades raciais no acesso a bens, serviços e
oportunidades. Nesse escopo estão as ações afirmativas, como a Lei de Cotas, Lei nº
12.711/2012, que reserva vagas nos cursos de graduação das universidades federais para
estudantes de escolas públicas, negros, indígenas e quilombolas, e a Lei nº 12.990/14, que
estabelece cotas para negros e pardos em concursos federais.
É importante ressaltar que, além da promulgação da legislação antirracista, é primordial
que haja a promoção de sua EFETIVIDADE.
RACISMO E PRECONCEITO
Preconceito, segundo o Dicionário Aurélio, é o “conceito ou opinião formados
antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; ideia preconcebida;
julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; suspeita,
intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc”.
Racismo é uma forma de preconceito, pois é feito um prejulgamento sobre outrem por
conta de características físicas ou étnicas, mas há inúmeras outras formas de preconceito,
baseadas na condição econômica, na religião, no gênero, na sexualidade, na escolaridade,
na posição política, etc. Os preconceitos são construídos em nossa socialização pela
assimilação de percepções a que somos expostos ao longo da vida, são associações entre
fatores biológicos ou sociais (cor, renda, religião, escolaridade, orientação sexual, etnia,
etc.) e comportamentos, traços de caráter ou condições específicas, como ser
incompetente, ser corrupto, ser doente, ser desinteligente, ser violento, entre outras.
Essa associação também pode ser “positiva”. Há quem diga que todo japonês é perito em
tecnologia, todo judeu tem boa condição financeira, todo árabe é bom negociador, todo
negro é bom atleta e bom cantor.
A preconcepção firmada acerca do outro é uma forma que encontramos de dar
previsibilidade às relações e às situações que experienciamos. Quando fundamentada em
juízo de valor “positivo”, ela restringe as possibilidades do outro a um reducionismo
imposto a ele, limitando suas capacidades. Quando norteada por juízo de valor negativo,
pode gerar situações de exclusão social e mesmo de intolerância, aversão e violência.
Reconhecer e desconstruir as associações mentais entre características e comportamentos
específicos é fundamental para que possamos nos desvencilhar das diversas formas de
preconceito e criar formas mais justas e humanas de nos relacionar e lidar com o
diferente.

2 PARA REFLETIR

HÁ ALGUNS ANOS, O IBASE (INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E


ECONÔMICAS) CRIOU UM PROJETO CHAMADO DIÁLOGO CONTRA O RACISMO - E A
QUESTÃO QUE “PROVOCAVA” ESTA REFLEXÃO ERA A SEGUINTE: ONDE VOCÊ GUARDA O
SEU RACISMO? E, NAS RUAS, AS PESSOAS APRESENTAVAM AS MAIS DIVERSAS
RESPOSTAS: “DENTRO DE MIM!” – “DENTRO DA CABEÇA E NO CORAÇÃO DA GENTE!” –
“NO MEU ESPAÇO CRÍTICO!” – E OUTROS SE SENTIAM CONSTRANGIDOS E, ENTRE
SORRISOS TÍMIDOS E AO MESMO TEMPO TENSOS, DIZIAM: “ESTÁ TÃO ESCONDIDO, QUE
EU NEM SEI...” – “NÃO FAÇO A MENOR IDEIA”. E VOCÊ O QUE RESPONDERIA DIANTE
DESTA QUESTÃO?
ACREDITO QUE MUITAS PESSOAS DIRIAM: “NÃO GUARDO! NÃO SOU RACISTA!” – E
FICARIA EXTREMAMENTE CONTENTE COMO SE ESTA AFIRMATIVA FOSSE VERDADE.
MAS, INFELIZMENTE, O RACISMO ESTÁ AÍ, CADA DIA MAIS ESCANCARADO NO MEIO DA
NOSSA SOCIEDADE. ESTÁ NO FUTEBOL, NO TELEJORNAL, NOS CORREDORES DAS
UNIVERSIDADES, NOS PARQUES, NAS PRAÇAS, NAS IGREJAS ETC. POR ISSO, DEVEMOS
FALAR SOBRE O MESMO, REFLETIR SOBRE AS NOSSAS PRÁTICAS E VERIFICAR QUAL
SERIA A NOSSA RESPOSTA PARA TAL QUESTÃO.
PARA OS ALUNOS QUE ESTÃO ACESSANDO O PORTAL EDUCAR WEB, o professor está preparando todo o material em
Word para que vocês possam fazer o download e responder no próprio arquivo e depois reenviar lá no site da Educar Web. Pode enviar no
formato WORD, PDF ou tirar FOTO, a forma que ficar melhor e mais fácil para cada um de vocês. O professor está à disposição de vocês
para esclarecer qualquer dúvida, tanto quanto a realização das atividades, como referentes a postagem das atividades no portal Educar
Web.

PARA OS ALUNOS COM MATERIAL IMPRESSO (retirado na escola): responder as questões na própria folha e devolver, na
escola, as atividades na data prevista.

3 ATIVIDADE

1) Reflita sobre o texto e


observe a imagem e
explique seu significado.

A charge descreve o racismo


no Brasil e o retrata como um
tronco de árvore com raízes
muito grossas como uma
referência ao racismo
enraizado no Brasil desde a
escravidão até hoje.

A hierarquia entre raças no


Brasil, não é algo recente, ela
tem acompanhado nosso país desde o seu descobrimento. O
preconceito racial hoje nada mais é do que a herança que nossos
colonizadores nos deixaram.

Não é difícil vermos em alguns noticiários, casos de discriminação,


como o da jornalista Maju, da atriz Taís Araújo e da cantora
Ludmila, todas negras e aparentemente bem sucedidas, com base
nisso percebemos, que não se trata da posição social do negro e sim,
do simples fato dele ter a cor de pele mais escura, os traços faciais
não "padronizados", e o cabelo crespo. O mundo tem evoluído em
tantos aspectos, mas em compensação outros nãos. Quantos outros
negros desconhecidos passam por esse tipo de situação, por esse
constrangimento, por essa segregação? Até quando vamos ouvir que
é vitimismo, quando na verdade um crime que deveria ser
considerado hediondo está sendo cometido? Até quando negros vão
ser comparados e tratados como animais? Nossa sociedade foi
doutrinada a pré-julgar seus semelhantes, foi ensinada a
menosprezar, a ofender, a agredir seja física, virtual, ou verbalmente,
aqueles que são considerados minoria, aqueles que não se enquadram
no "perfil".
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Como você acha que podemos combater o racismo estrutural?

É preciso que todos os indivíduos e as instituições tomem ações


contra o racismo, é importante reconhecer que o racismo existe na
sociedade atual e que não se manifesta somente por meio de atos
isolados e da discriminação direta.
Promover debates e discussões sobre o problema com o objetivo
de identificar e corrigir as inconsistências. Dialogar de forma
indissociável questões de raça, gênero, classe e sexualidade que se
entrecruzam como formas diferentes de opressão estrutural.

Também é importante dar protagonismo aos intelectuais negros que


estudam o tema.
Nas escolas incentivar o estudo sobre o combate ao racismo e
garantir o acesso à informação de qualidade.
Fomentar o ingresso e a permanência de negros nas instituições,
aumentando sua representatividade e diversidade.
Todo individuo não deve tolerar práticas racistas e discriminatórias e
agir para garantir que o ambiente de convívio dentro das instituições
seja de diversidade e promova oportunidades para os negros.

Você também pode gostar