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10 de Dezembro de 2020
Parte I
A situação que irei utilizar ocorreu durante a elaboração de um dos relatórios dos
experimentos realizados numa disciplina experimental específica do meu curso. Nesta disciplina,
os experimentos e os relatórios eram feitos em grupos de 4 a 6 componentes; no caso do meu
grupo, contanto comigo, eram 5 pessoas. Um dos membros do grupo, que me referirei como
aluno X, tomou uma posição de maior liderança, como é natural, mas a atribuição das tarefas
era sempre feita de forma livre, com cada membro podendo escolher a tarefa que preferisse.
O principal fator de conflito era a falta de sintonia deste aluno com os demais membros,
principalmente com relação às expectativas do trabalho; o aluno X sempre esperava entregar
um relatório perfeito, enquanto os outros membros buscavam fazer um bom trabalho mas sem
dedicar tempo demais a essa disciplina para não comprometer as outras atividades que cada um
desenvolvia no semestre. Em virtude disso, eram comum haver certa tensão entre o aluno X e
alguns dos outros membros do grupo, principalmente um outro aluno que não se empenhava
muito na elaboração de sua parte. O principal conflito, no entanto, foi durante a elaboração de
um relatório específico em que o aluno X não ficou satisfeito com as partes feitas pelos outros
alunos e decidiu modificar boa parte do conteúdo praticamente sozinho, discutindo com todo o
grupo após a entrega do relatório.
Nesta situação houveram, claramente, problemas da parte de todos os membros do grupo.
O fator principal foi a falta de comunicação, principalmente pela falta de feedback entre os
membros. Como visto durante as aulas de psicologia, a comunicação é composta por emissor,
receptor, mensagem, canal, código, e feedback, sendo este último um dos principais fatores para
que haja uma boa comunicação. O aluno X, que era o que mais esperava dos outros membros e
assumiu uma posição de liderança por vontade própria, em geral não discutia com os outros
membros os porquês de seu descontentamento e não dava orientações de como cada um podia
melhorar sua parte do trabalho. Os outros alunos, por sua vez, também não procuravam esse
diálogo, com alguns sequer se preocupando com a qualidade do trabalho. Além disso, quando
havia um diálogo entre os membros, diversos ruídos estavam presentes. Ruídos são tudo que
dificulta a comunicação, interfere na transmissão e perturba a recepção ou compreensão da
mensagem, podendo ser fatores presentes no emissor da mensagem, no receptor, ou no meio
utilizado; no caso em questão, os ruídos estavam presentes nos emissores e nos receptores das
mensagens (os membros do grupo). Os ruídos eram principalmente de ordem psicológica, devido
ao estado de estresse, tensão e descontentamento (principalmente do aluno X, que sempre
estava ansioso), e perceptuais, em virtude das diferentes expectativas dos membros com relação
ao trabalho. Tudo isso resultou em feedbacks que eram descaracterizados devido ao estado
emocional, muitas vezes não objetivos e sem assertividade, fugindo do foco.
O conceito de grupo, visto em aula, também pode ser aplicado nesta situação. Um
grupo é, basicamente, um sistema organizado por mais de um indivíduo de modo que haja um
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conjunto de relações de papéis entre os membros. Alguns conceitos referentes ao conceito de
grupo são úteis à análise da situação, como a conformidade e a folga social. A conformidade
social é a condição de alguém ou grupo de pessoas estar conforme o pretendido ou previamente
estabelecido por outras pessoas ou grupo; no caso em questão, não havia conformidade social,
visto que em momento algum houve uma atribuição “formal” de papéis entre os membros do
grupo em que fossem tornadas claras as expectativas e pretenções de cada membro, acarretando
numa desuniformidade e falta de sintonia de expectativas e objetivos. Por sua vez, a folga
social consiste na tendência à diminuição do esforço individual dos membros do grupo; no caso
analisado havia uma clara tendência à folga social, principalmente devido à presença de conflitos,
individualidade dos membros, e à percepção de estar fazendo mais trabalho que os outros. Todos
esses fatores diminuem elementos importantes para o desenho e harmonia do grupo, como a
sinergia, a coesão e a integração entre os membros.
Outro conceito útil neste contexto é o de liderança, que é definido como o processo
de influência de um indivíduo sobre outro indivíduo ou grupo, com vistas à realização de
objetivos em uma dada situação. De acordo com a teoria dos estilos de liderança, existem
três estilo básicos: autocrático, democrático e liberal. Na situação discutida, o aluno X, que
assumiu um papel de maior liderança no grupo, possuia um estilo de liderança liberal com
tendências autocráticas, no sentido de que dava certa autonomia aos membros e era ausente
como líder (características liberais) ao mesmo tempo em que era reservado e pouco comunicativo,
centralizador e não aceitava muitas críticas (características autocráticas). Também foi visto
durante as aulas de Psicologia que um líder eficaz possui diversos atributos, como humildade,
valorização dos membros da equipe, habilidade de comunicação e motivação, capacidade de
resolução de problemas, entre outras. No caso em análise, o aluno X agiu, em alguns momentos,
de forma oposta a esses atributos, apresentando algumas das falhas de liderança que foram
vistas em aula, como a dificuldade em dar feedbacks, a demonstração de desconfiança nos
membros do grupo e a sobrecarga de si mesmo, além de certa indivualidade, visto que a grande
preocupação com a qualidade dos trabalhos se caracterizava mais como uma preocupação do
próprio desempenho individual na disciplina do que com o desempenho do grupo como um todo.
Esses foram fatores que afetaram também a motivação dos membros do grupo; no contexto da
psicologia organizacional do trabalho, a motivação é caracterizada como sendo as forças dentro
de uma pessoa que são responsáveis pelo nível, direção e persistência do esforço dispendido no
trabalho, com a satisfação de necessidades sendo o fator que determina o nível de motivação.
Neste caso, a forma de liderança do aluno X afetou negativamente a motivação dos demais
membros do grupo, contribuindo para conflitos. Da mesma forma, o desempenho e a falta de
comprometimento dos outros membros também afetaram negativamente a motivação do aluno
X.
De maneira geral, considero que os principais fator de conflito na situação analisada
foram os problemas de comunicação entre os membros e a noção do que é um trabalho em
grupo. Como forma de diminuir os conflitos ocorridos, seria importante que houvesse um maior
senso de coletividade e integração entre os membros de modo a uniformizar os objetivos e
esforços individuais, trazendo mais sinergia para o grupo. Isso poderia ser alcançado por um
diálogo mais constante e de maior qualidade entre os membros, além de uma organização mais
democrática na estrutura do próprio grupo; embora a delegação das tarefas já fosse feita de
forma livre, seria útil que as expectativas de cada membro com relação à tarefa dos outros fosse
discutida, estabelecendo o que cada componente deveria alcançar em sua respectiva função e,
após terminado cada relatório, houvesse uma discussão dos pontos que não foram satisfatórios
no desempenho de cada membro. Além disso, seria útil nesse sentido estabelecer um prazo para
que todos entregassem suas partes antes da entrega da atividade para que fosse possível discutir
mudanças de acordo com a opinião de todos e evitando sobrecarregar um único membro. Por
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fim, a qualidade do diálogo, principalmente em termos de apresentação de feedback, poderia
ser melhorada a partir de um exercício individual de cada membro em termos de empatia; em
alguns casos, membros não puderam se dedicar muito às suas tarefas devido a outra obrigações
ou problemas. Além disso, é necessário um maior desenvolvimento de inteligência emocional
para que tudo isso seja alcançado, principalmente por proporcionar uma melhor gestão, por
parte dos indíviduos, de fatores emocionais que podem interferir na relação do grupo e permitir
uma gestão de conflitos e diálogos de mais qualidade.
Parte II
Considero que meu desempenho na disciplina foi muito bom. Procurei fazer todas as
tarefas com uma boa qualidade, seguindo as orientações dadas pela professora e seguindo
exatamente o tema proposto. Na maioria dos casos, procurei utilizar referências acadêmicas
durante as pesquisas, como artigos e livros de pesquisadores, como forma de adquirir um
conhecimento mais sólido e fazer um bom trabalho. Isso se refletiu na minha boa nota na P1,
que foi constituída pela média das notas de todas as atividades.
Em termos de empenho, considero que tive um bom nível de dedicação à disciplina.
Dediquei um tempo razoável em todas as tarefas, principalmente à pesquisa bibliográfica, para
poder fazer bons trabalhos e entreguei todas as tarefas dentro do prazo. A única parte em que
acho que não tive tanto empenho foi durante as aulas, que eu poderia ter procurado participado
mais e prestado mais atenção. Por isso, a nota que me atribuo é 9.