Reflexões Sobre A Arte de Ser Moderno em Portugal

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JORGE DE SENA ESTUDOS DE LITERATURA PORTUGUESA-I A vie) © Mécia de Sena— Edigdes 70, Lda., 1981 REFLEXOES SOBRE SA DE MIRANDA OU A ARTE DE SER MODERNO EM PORTUGAL _ jomeu este homem, que fot aclma de tudo lids sempre largaments lide, parees que tancia da sua poesia em mele o Junquelro da ae 0 conformismo demegdpico © sui Junqueiro até seria mals parente do conformismo cortesio de Gil Vicente, profundamente. reaccion para uma renovagio © ur ‘© dogméticas jamais ha Si do Miranda, que 6 mais uma d ces da historia da portuguesa — des personalidade entre do pintano, para uso de Aébels conformados, brilhantés ‘ a BSTUDOS DE LITERATURA PORTUGUESA altos espiitos sofreram a contradisfo entre uma lucidez © uma cul- fura que os fariam viver como seus os problemas © ss solugses da Europa do sou tompo, © as formas da sociedade em que viviam de facto, ne quel a situ Diz algures Rodrigues: Lapa que até nx tortura da forma é 86 de Miranda um modemo>, Se forma torturada é forma corrigide © emen- dada em verses sucessivas, is © que, por si 56, 6 tipicamente de rantigos», cus correcgSes © emendas sucessivas se profongevam spocti- ente nas mios dos piedos de uma vez para sempre. 6 peculiar aspectos 50 ‘ REFLEXOES SOBRE SA DE MIRANDA tagio social do concreto ¢ indissolével da Ha nos seus yersos um condio de abstraccionismo, tm 1 do faclusl quo o inspira a meiéfora que o exprime, tum tipo de metaforizagéo nfo imagética mas discurs tum 38 0 definem como um liico de primeira plan toca profundemente, ‘A sua humilde conseigacla de néo conseguir dominar, embora nem sempre saiba porgué, as contradigées implfeias por uma forma extreme ainbiguidade, que & peeado original da. por como Ind sao? / Quantos ledores,tantas as eentena do jogo erético, a que Camées veio I transformélo j& em tempos de consumed ceseada de corvigo para subir plotin de uma profun ESTUDOS DE LITERATURA PORTUGUESA Foi homem grosso de corpo, de me estatura, muito alvo de mos fe rosto, com pouca cor nele, o cabelo preto e corredio, a barbs muito povosda e de set natural crescida, os othos verdes bem assombrad fas com alguma demasia grand com cavalo, ‘rave na pess humane na ‘mencs arco e dissera |6, «Sabeis entre quantos contrarios letigo: deseo a otro medrosia, de todos la muerte; pues nesta agonia vengan y Hore las muses comigo. E as musas vieram,,. ¢ do que maneiral—Ougammnas: «O Sol 6 ‘grande, coer co'a calma as aves...® NOTAS 1 Ja Carolina Michadlis se rebelava contra 0 facto de a schar $4 de Micanda um interessante poeta, na medi finha sido um eminente cidadio. Na verdade, nfo so sr muito que sejam bem expresses em verso, que de pocta a alguém, como reelprocamente—e em que nos pese—um ido (@ resta saber se 0 no julgemos por padrSes ana- -porsua. Ao falarmos do conformismn 108 conformismo de Junquel to semprs pouco acentuado de Mestre fo mesmo modo que Junguelro 0 fol par al quo fox © dominou —tinda que precs- iso correxponde, na ordem histérica, a ati- ‘2 opotigfo de toda uma classe de nobres ru pequenos propre fusso desta mutagmo, com uma demugégica idcia de renoveda Crusade, 52 REPLEXOES SOBRE SA DE MIRANDA de princfpios que entre Erasmo e Lutero se desencadeou. £ que nfo istas escondiam, sob a capa do roformismo como a do embaixador do papa Clem Carlos V mandou proceder as. investigaySes, cabiveis, ‘Valdés das acusacdes de ne, ver Menendez. y. Pe: as sobrevivénclas,.quer do episcops. iso evangelizante, Yismo medieval, quer do pr 53 ESTUDOS DE LITERATURA PORTUGUESA 2 Nio se confunda econformismos, no sentido de adesfo positive aque thes nal (que 6 a posigto de ler que con- irquico em no refazimento delas a uma escala et lumente ee compreende, desde que se pals, ¢ dés deus recursos préprics, para alterarem 1942, @ acentuando como xem mu trabalho de cortecgto, através de 4 Nio se esquega que 0 costums ‘em vida, pelo menos promaturament muito para uma «rzcio- autor, de cada ver que obra sui (cua finogSo esritural 66 oxiste ao nfvel dot seve tende naturslmente a emendéla aqui e all. E era o que sucedia rqtole tempo, quando 9 posta coplava ou mandava copisr um belo ebdice, & um précere eminente, ow ou amigo. oblema de tet péstumo des edi que, neste ponto, dots poe! ligada com $4 de Mis era o exemplo da tama o que a ele dav de Pletré Bombo sairara om vida cs didloges Gl! Asolani (éom os seus poemad intercslados) em 1505, ¢ as Rime em 1530; ss poesies de Vittoria Colonna éonheceram, em vidn dela, quatro edictes, desde a primeira, de 1538, E ambos os poetas morrerim em 1547, onze anos ames de S4 co Miranda. Notewe ainda soxuinte, Bombo ¢ Vi cram, na eocledsdo it talento, o que poderla ser uma ex; Bla portencia, polo nasclmento e 6 casamento, & sa REFLEXOES SOBRE SA DE MIRANDA E Bombo, socretério par naschmenlo que no fo pablicos da como bispo de Gubbio spo, cardeal, quase paps, e 18341519), por cele The houver sueeido, (Ver primeira vista, a segregasio das mals vigorouas reacgdes defensives rleano Geotge Sant Goethe (Nova To se que 0 mesmo nio pode ser dito de Juan Boscén, 0 Hianas no castelheno, ¢ que ¢ rival de S4'de Boscéin, com milo ser tio inforior 20 de Ia Vega, seu amigo © seguidor, compararse em personalidede original lo serd tio grande poota como nfo pode toda 55 ESTUDOS DB LITERATURA PORTUGUESA conde, Pedro Alvares de Sotomsior, casos. com ume Tévors, tuansmontano Alvaro Peres de Tévora, inimigo do Regente D. Pedro. ‘0 de ambos, Alvaro de Solomaior, envolvido em conspiracio ‘contre D. Jofo III ¢ abzalvide, fol 0 capitiomér da armada: que des: ‘cobriu a iha de S. Tomé; o eta primo dircito de Gongalo Mendes de 'Sé, 0 eénego coimbrio, pat de S4 de Miranda, Uma Gongelo, Guiomar de $4, tia-do poeta, enquanto 0: imfo fazl ‘era amante notétla do bispo de Coimbra, D. Joto Gelvio grande yalido de Afonso Va cujo conselho pertencen, 0 Eneas Silvio (o papa Pio II), desde os tempos em que andara na Jodo Galvio, na pessoa de quem aquele rei fez condo de~At bispos de Coimbra, era irmio do:eronists Duarte Galvao, ambos de Rui Calvo, secretésio de Afonso V. A ‘que aquele Alvero de Sotomaior, que se bhe, cascu com uma sua prima costelhans, e fol, pai de um Pedro de :pulos0, fox esas mayor descendem (¢ em Port do volume]. 1 Ver ail «8 este respeito. no estudo A Viagem de igumes precisdes 56

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