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CADERNO
DIREITO ADMINISTRATIVO
(ii) Faculdade de gozar (ou fruição): retirar os frutos da coisa, que podem ser
naturais, industriais ou civis (rendimentos);
(iii) Faculdade de dispor: dispor da coisa, seja por atos inter vivos (ex.: compra e
venda, doação) ou causa mortis (ex.: testamento);
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Obs.: Na ação petitória é possível discutir a propriedade; nas ações possessórias não é
possível discutir a propriedade.
Complexo: é constituída por quatro atributos, que devem estar presentes para
a caracterização da propriedade plena; e
(i) Garantia de conservação: ninguém pode ser privado de seus bens fora das
hipóteses previstas na Constituição.
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Os direitos autorais têm sua proteção regulamentada na Lei nº 9.610/98, que no artigo
7º define obras intelectuais protegidas como “as criações de espírito, expressas por
qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou
que se invente no futuro” (exs: textos de obras literárias, composições musicais, obras
audiovisuais, programas de computador, etc.).
A Constituição enumera ainda como direito individual o direito à herança (artigo 5º,
XXX), através do qual o proprietário tem a garantia de que o patrimônio que acumulou
durante toda a vida poderá ser transmitido conforme sua vontade, não permitindo a
apropriação do Estado.
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Como visto acima, o Estado dispoe de uma série de instrumentos – todos eles lastreados
no seu poder de império – passíveis de utilização para cumprimento do seu dever
constitucional de assegurar que a propriedade cumpra a sua função social.
Para José Afonso da Silva, a função social é elemento que compõe o direito de
propriedade (e não mera decorrência de limitações impostas pelo poder de polícia do
Estado), fazendo parte da sua estrutura, de modo que não existe direito de
propriedade sem atendimento da sua função social.
A função social da propriedade faz com que a propriedade envolva a situação jurídica
de mão dupla, ou seja, o proprietário tem direitos e deveres em relação ao não
proprietário, que da mesma forma, os tem em relação ao proprietário. Não há
definição apriorística da função social da propriedade, ou seja, trata-se de um conceito
indeterminado.
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Vige uma noção moderna de verificação do direito de propriedade, já que deve atender
a função social, ou seja, o dono não faz o que quer com a coisa, deve respeitar o
interesse da coletividade.
A propriedade que descumpre a sua função social não tem a mesma proteção da CF.
Art. 1228 do CC: “O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com
as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas”.
De outro lado, a PROPRIEDADE URBANA cumpre a sua FUNÇÃO SOCIAL quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (art.
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182, § 2º, CF), sendo que, de acordo com o § 1º do art. 182 da CF, o plano diretor é
obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes.
Marcelo Novelino, porém, entende que o que varia é o grau de proteção conferido ao
direito de propriedade, sendo que mesmo em relação àquelas que não atendam a sua
função social, além do da possibilidade de utilização das ações possessórias, é vedada
a invasão por movimentos sociais organizados, mesmo sob o pretexto de promover a
reforma agrária, bem como a supressão legislativa da propriedade privada e, ainda, a
retirada arbitrária do direito de propriedade sem a observância do devido processo
legal.
Todas essas disposições permitem afirmar que o direito de propriedade está delineado
em nossa Constituição como uma típica NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA
CONTIDA, pois pode ser restringida por meio de certos conceitos de larga difusão no
direito público: necessidade e utilidade pública, interesse social, perigo público
iminente.
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Vê-se, portanto, que a função social da propriedade pode levar à sua supressão,
restrição ou mera limitação. Na escolha de cada um desses instrumentos o Estado deve
observar o PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE, só adotando um instrumento mais
interventivo se os demais não forem adequados para as finalidades visadas.
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PODER DE POLÍCIA:
As críticas ao poder de polícia vêm de várias frentes. Parte da doutrina entende que o
próprio conceito de poder de polícia deve ser abolido, uma vez que a sua origem
absolutista pressupõe um poder geral e ilimitado da Administração Pública. Já Lucia
Valle Figueiredo prefere integrá-la, substituindo-a ao conceito de limitações
administrativas, considerando-as equivalentes.
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como um poder conferido pela lei à Administração Pública para exercê-lo nos exatos
limites legais para atender aos objetivos legais.
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Exemplo:
Guarda que pega o carro do terceiro para ir atrás de um ladrão e salvar a criança.
Contudo, se o bem pereceu (carro bateu), então, nesse caso, o Estado terá que
indenizar pois ocorreu o sacrifício do direito (supressão do direito), passando-se a ter
uma hipótese de intervenção supressiva.
Art. 5 da CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
xxii – é garantido o direito de propriedade.
xxiii- a propriedade atenderá a sua função social.
xxiv - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
xxv - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar
de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano.
Exemplo:
Quando a administração precisa fazer uma obra pública e acaba ocupando o imóvel
vizinho para servir de apoio como “canteiro de obras” para colocar as máquinas que
serão utilizadas na construção.
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Ônus real;
Bem particular (imóvel alheio): nada impede, contudo, que a União institua
servidões em bens estaduais ou municipais; e
Utilização Pública.
Segundo a doutrina, a servidão administrativa incide sobre bens privados, mas não há
impedimento que em situações excepcionais possa incidir sobre bens públicos.
(iv) TOMBAMENTO:
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As limitações administrativas são determinações de caráter geral, por meio das quais
o Poder Público impõe a proprietários, em regra indeterminados, obrigações positivas
(de fazer), negativas (de não fazer) ou permissivas, para o fim de condicionar a
propriedade ao atendimento de sua função social.
Tem-se uma norma geral que atinge em regra pessoas indeterminadas. Enquanto que
nas demais modalidades de intervenção restritiva, atinge-se pessoas determinadas.
(i) DESAPROPRIAÇÃO:
Art. 5 da CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”
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O DOMÍNIO EMINENTE é o poder que pode ser exercido pelo Estado sobre todos os bens
em seu território, que vai conferir a possibilidade de intervir na propriedade para
promover o interesse público.
Nesse sentido, o domínio eminente é o poder geral do Estado quanto a tudo que esteja
nas suas linhas territoriais, em virtude da sua soberania. Inclui: bens públicos, privados
e não sujeitos ao regime normal da propriedade, como o espaço aéreo.
O domínio eminente não se confunde com o domínio público, que é uma expressão que
possui diversas acepções.
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Exemplos:
Uma lei que disponha sobre casos de requisição da propriedade privada, por
exemplo, tem que ser federal (art. 22, III, CF). Mas uma lei que estabeleça
casos de restrição ao uso da propriedade para a proteção do meio ambiente
pode ser federal, estadual, distrital ou municipal (art. 24, VI, e art. 30, I e
II, da CF).
Como visto acima, o domínio eminente é o poder que o Estado exerce potencialmente
sobre as pessoas e os bens que se encontram no seu território. Esse poder não é um
poder arbitrário, estando limitado e condicionado à observância da:
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O Domínio Eminente é uma denominação usada para indicar que o Estado projeta sua
soberania sobre todos os bens que estão em seu território, ou seja, o Estado tem poder
para intervir na propriedade privada sempre que o interesse público o exigir, ex.
desapropriação, tombamento, ocupação temporária, instituição de servidões
administrativas, requisições administrativas, e sempre com o objetivo de implementar
a função social da propriedade e os direitos fundamentais.
O domínio eminente é exercido sobre todo e qualquer bem que esteja situado no
respectivo território do ente Federado, a saber:
Bens Públicos;
Bens Privados;
Res Nullius ou Bens Adéspotas (bens de ninguém).
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
O assessor juridico deverá explicar para o novo governador sobre a existência das
seguintes modalidades de intervenção do Estado na propriedade:
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Questão 2)
O Estado do Rio de Janeiro declara que determinada área passará a ser reserva
florestal permanente. Por entender que não há, nessas hipóteses, apossamento
administrativo, não efetua indenização. Para a Administração ocorreu mera
limitação parcial do imóvel. O proprietário, por sua vez, entende que, dessa forma,
ocorreu verdadeira restrição à sua propriedade, esvaziando-a economicamente, pois
dela não mais poderá usar e fruir, segundo sua natural destinação. Afinal, o Poder
Público o está punindo justamente por tê-la preservado. Pondere o interesse do
Poder Público em criar Parques em face do direito de propriedade e suas
conseqüências quanto à indenização.
Resposta:
Trata-se de uma limitação administrativa em sentido lato, que, em regra, não dará
ensejo à indenização. Excepcionalmente, se ficar caracterizado o prejuízo demasiado
ao particular por conta da conduta lícita da Administração é possível a indenização sob
o fundamento da TEORIA DA REPARTIÇÃO DOS ÔNUS E ENCARGOS SOCIAIS, que se dá
quando um particular sofre um prejuizo excessivo em relação aos demais.
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Questão 3)
Resposta:
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BENS PÚBLICOS:
Em todas as relações que envolvam o Estado há uma tendência que se aplique o regime
de direito público. Por isso, construiu-se um regime próprio do direito de propriedade
para os bens públicos.
Celso Antônio Bandeira de Mello inclui ainda aqueles bens que, embora não pertençam
a uma dessas pessoas, estejam afetados à prestação de um serviço público, sob o
fundamento que, uma vez afetados, se submetem ao regime jurídico dos bens de
propriedade pública.
Os bens públicos são os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público. Entes
políticos (U/E/M/DF), autarquias, fundação pública de direito público.
Obs: pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público (empresa pública
e SEM), desde que os bens estejam diretamente ligados à prestação de serviço.
Fundamento: garantir a o princípio da continuidade do serviço público.
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Há, portanto, uma divergência em relação ao conceito de bens públicos. Isso porque o
CC considera bens públicos apenas aqueles que integram o patrimônio de pessoas
jurídicas de direito público. A divergência cinge-se, portanto, em relação aos bens
pertencentes às empresas públicas e às sociedades de economia mista, que integram
a Administração Indireta, mas são pessoas jurídicas de direito privado.
Pelo conceito do CC, os bens das EP e das SEM não são considerados bens públicos. É
possível, porém, que se apliquem a alguns bens das EP e das SEM características
próprias dos bens públicos, tal qual a impenhorabilidade, quando afetados à prestação
de um serviço público. O que inviabiliza a penhora, portanto, não é o fato de ser bem
público, mas sim o PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO.
Qual a natureza juridica dos bens de uma sociedade de economia mista e empresa
pública?
Será que todos os bens de sociedades de economia mista e de empresas públicas são
bens privados?
#FIQUEATENTO:
Os titulares de bens públicos são as pessoas jurídicas públicas e não os órgãos. Ex.
Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa – o titular é o Estado membro.
Art. 28 da Lei 8987/95 – concessionárias e permissionárias (Empresas Privadas. Estão
fora da Administração), não podem dar em garantias os bens que irão comprometer
o serviço público. O fundamento é o mesmo: continuidade do serviço público.
Obs. Doutrina minoritária (José dos Santos): só é bem público aquele pertencente à
pessoa jurídica de direito público.
#COMOFOICOBRADO¹: Bem de empresa pública é penhorável – Correto – essa é a regra.
#COMOFOICOBRADO²: Bem de empresa pública prestadora de serviço público é penhorável
– correto
#COMOFOICOBRADO³: Bem de empresa pública prestadora de serviço público que esteja
diretamente ligado à prestação do serviço é penhorável – ERRADO.
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EM SUMA: Bem público não é só aquele bem integrante do patrimônio das pessoas de
direito público, mas também aqueles que estão afetados a algum tipo de serviço ou
finalidade pública. E em relação aos que estão afetados, já não importa se aquele bem
é regido por uma pessoa de direito privado, pois é a afetação que torna o bem público.
Os bens públicos podem pertencer à União (art. 20), aos Estados (art. 26), ao DF e aos
Municípios. Os bens das autarquias e fundações serão regidos pela mesma lei aplicada
aos bens do ente federativo a quem estejam vinculadas.
A CF traz um rol dos bens pertencentes à União em seu artigo 20. Era preciso
tratamento constitucional em relação a esses bens, ex. terras ocupadas pelos índios,
riquezas do subsolo, mar territorial, terrenos de marinha, terras devolutas etc.
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São bens da União as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. Súmula 650 do
STF.
No art. 20, II, a CF enumera as terras devolutas que pertencem à União. Já no art. 26,
IV, a CF enumera as terras devolutas que pertencem ao Estado. Terra devoluta é aquela
que ainda não foi incorporada ao domínio privado.
Também é chamado de bem de domínio público em virtude de sua natureza ou por lei.
É um bem público que está afetado (desempenha uma função pública), mas que não
possui uma função pública para a administração. São bens insuscetíveis de avaliação
patrimonial.
Exemplos:
Mar;
Praia; e
Praça pública.
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local ou horário, devendo indicar outro local que tenha a mesma visibilidade,
repercussão – jurisprudência.
ATENÇÃO!!!
O bem de uso comum do povo pode ser submetido ao uso privativo. Ex: praia que
vai ser cercada para uma festa de Reveillon e só entra naquele pedaço da praia
quem pagar ingresso.
São aqueles bens usados pelo Poder Público para prestar os seus serviços, ex.
repartições públicas, escolas públicas, hospitais públicos, automóveis públicos,
cemitérios etc. As pessoas têm acesso a estes bens na qualidade de usuários dos
serviços públicos ali prestados. Por isso, o Poder Público pode regulamentar o acesso
das pessoas no que diz respeito a horários, controle de ingresso de armas, indumentária
etc.
A alienação de tais bens somente será possível com sua transformação, via
desafetação, em bens dominicais.
STF entende que não perde a característica de bem de uso especial aqueles que,
objetivando a prestação de serviços públicos, estejam sendo utilizados por
particulares, sobretudo sob regime de delegação. Caso de bens da CODESP (Porto
de Santos) – imunidade recíproca – IPTU.
São aqueles bens que integram o patrimônio público, mas não têm nenhum tipo de
destinação pública, ou seja, são bens desafetados, ex. terreno vazio, terras devolutas,
repartições públicas desativadas, bens imóveis inservíveis, terreno baldio.
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OBS: Dominical X Dominial: para a maioria da doutrina tem o mesmo significado. Para
Cretella Jr. há uma diferença: segundo esse autor, bens dominiais são todos os bens
que estão sob o domínio do Estado. Já bens dominicais seriam os bens que não possuem
finalidade pública.
Em virtude da destinação com o uso específico ou não, os bens públicos podem ser
classificados juridicamente em:
Com maior rigor técnico, tais bens são reclassificados, para efeitos administrativos,
em:
Bens indisponíveis por natureza: são os bens que, em razão de natureza não
patrimonial, não podem ser alienados ou onerados pelas entidades a que
pertencem. São normalmente os bens de uso comum do povo, tais como: praia,
rios, mares e etc.
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Em razão destas características tais bens estão fora do comércio jurídico de direito
privado (Di Pietro)
DI PIETRO, no entanto, adverte: “Hoje, já se entende que a natureza desses bens não
é exclusivamente patrimonial; a sua administração pode visar, paralelamente, a
objetivos de interesse geral. (...) Esse novo modo de encarar a natureza e função dos
bens dominicais leva alguns autores a considerar a sua administração como serviço
público sob regime de gestão privada. O duplo aspecto dos bens dominiais justifica a
sua submissão a regime jurídico de direito privado parcialmente derrogado pelo
direito público.”
Em relação a forma de utilização dos bens, estes podem ser classificados como:
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO:
Consideram-se afetados os bens que tenham destinação pública, tais quais todos os
bens de uso comum do povo e os bens de uso especial.
Consideram-se desafetados os bens que não tenham destinação pública, tais quais os
bens dominicais.
A afetação ou desafetação pode fazer com que o bem passe de uma categoria para a
outra.
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Exemplos:
Foi construída uma praça pública no terreno vazio – o bem foi afetado e deixou
de ser dominical para ser de uso comum do povo.
Uma repartição pública foi desativada – o bem foi desafetado e deixou de ser
bem de uso especial para ser bem dominical. A desafetação pode ser formal
ou decorrer de mera constatação.
AFETAÇÃO DESAFETAÇÃO
Transformação do bem dominical em uso Transformação do bem de uso
comum ou especial comum/especial em bem dominical
Pode ser feita de qualquer maneira: lei, Não é desafetado pelo simples uso não.
ato ou simples uso. Tem que ser lei ou ato administrativo
autorizado por lei.
Obs: pode ser também desafetado por
um evento da natureza. Ex: chuva que
derruba a escola.
Bens que estão afetados só podem ser utilizados por particulares por intermédio de
instituto de direito público. Institutos de direito privado tb podem servir para uso de
bem público (enfiteuse, locação), mas somente em relação aos bens públicos que nao
estejam afetados. Assim, nao se pode falar em locação de praça público, porque a
praça pública é um bem afetado, então, o seu uso depende de intrumentos de uso de
direito público (autorização, concessão de uso, permissão de uso e etc).
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TERRAS DEVOLUTAS:
As Terras Devolutas são bens públicos que não possuem afetação pública (bens públicos
dominicais), ou seja, sem destinação pelo Poder Público e que em nenhum momento
integraram o patrimônio de um particular, ainda que estejam irregularmente sob sua
posse. O termo "devoluta" relaciona-se ao conceito de terra devolvida ou a ser
devolvida ao Estado.
As terras devolutas são conceituadas POR EXCLUSÃO, isto é, seu conceito é RESIDUAL.
São terras vagas, abandonadas, não utilizadas quer pelo Poder Público quer pelos
particulares. Seu conceito é residual justamente porque não se encontram destinadas
a qualquer uso público, nem incorporadas ao domínio privado.
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Atualmente, o conceito de terras devolutas compreende: aquelas terras que não são
utilizadas pelo poder público e não estão no domínio privado.
Em regra, as terras devolutas pertencem ao dos Estados (art. 26, IV da CF), ressalvadas
as terras devolutas “indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
que pertencem à União (art. 20, II da CF), bem como aquelas que historicamente foram
transferidas ao patrimônio dos Municípios.
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CORRENTE 2) Alguns doutrinadores afirmam que os bens não registrados no RGI são
presumidamente privados. Para essa corrente, a presunção milita em favor do
particular, devendo o Poder Público comprovar a sua propriedade. Nesse sentido, STJ,
4 Turma, REsp 964.223/RN de 2011.
Destaca-se, por fim que o próprio STF decidiu ora de acordo com uma, ora com outra
das correntes. Nada obstante, tem dominado o pensamento segundo o qual cabe ao
Estado provar a sua propriedade no caso de ausência de registro imobiliário.
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Súmula 477, STF Súmula 477 do STF: As concessões de terras devolutas situadas na faixa
de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam, apenas, o uso,
permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte
ou tolerante, em relação aos possuidores.
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Súmula 650, STF Súmula 650 do STF: Os incisos I e XI do art. 20 da CF não alcançam
terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em
passado remoto. Segundo critério construído pelo STF, somente são
consideradas “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios” aquelas
que eles habitavam na data da promulgação da CF/88 (marco
temporal) e, complementarmente, se houver a efetiva relação dos
índios com a terra (marco da tradicionalidade da ocupação).
ACO 362/MT e As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União
ACO 366/MT (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como
Info 873 (2017) terras devolutas de domínio do Estado-membro.
O Estado de Mato Grosso ajuizou contra a União e a Funai ação
ordinária de indenização por desapropriação indireta, sob a alegação
de que as rés teriam incluído, dentro do perímetro de áreas indígenas,
terras devolutas que pertenceriam ao Estado autor. Em outras
palavras, Mato Grosso alegou que a União, no momento de fazer a
demarcação de terras indígenas, utilizou parte de terras devolutas que
pertenceriam ao Estado, razão pela qual ele deveria ser indenizado
por isso. O pedido foi aceitou pelo STF? NÃO.
O STF julgou improcedente a ação. As terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e,
portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de
domínio do Estado-membro.
Os laudos antropológicos juntados aos autos deixaram claro que as
áreas em questão eram habitadas historicamente por indígenas.
Diante disso, o STF reconheceu que a titularidade das terras não é do
Estado do Mato Grosso, sendo indevida, portanto, a indenização
pleiteada. Vale ressaltar que, desde a Constituição de 1934 é
reconhecida a proteção da posse dos indígenas das terras que
tradicionalmente ocupam. Assim, desde a Carta de 1934, não se pode
caracterizar as terras ocupadas pelos indígenas como devolutas.
A demarcação se dá por meio de processo administrativo (não é
judicial). Além disso, importante ressaltar que o Congresso Nacional
não participa da demarcação, ocorrendo ela apenas no âmbito do
Poder Executivo.
Mesmo após o processo de demarcação, a propriedade dessas terras
continua sendo da União (art. 20, XI). Os índios detêm apenas o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas
existentes. Em regra, os não índios que forem retirados das terras
demarcadas não têm direito à indenização. Isso porque eles estavam
ocupando terras que pertenciam à União. Logo, mesmo que tivessem
supostos títulos de propriedade, estes seriam nulos porque foram
expedidos em contrariedade com o art. 20, XI e art. 231 da CF/88.
Exceção: tais pessoas poderão ser indenizadas pelas benfeitorias que
realizaram no local, desde que fique provado que a ocupação era de
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Não há um único regime a ser aplicado a todos os bens públicos, pois as empresas
públicas e as sociedades de economia mista, apesar de comporem a Administração
Indireta, estão submetidas ao regime jurídico privado, mas com algumas imposições
do regime jurídico público, daí porque a doutrina ensina que tais bens estão
submetidos a um regime jurídico híbrido ou misto (ora público, ora privado).
Portanto, em relação aos bens públicos, alguns são submetidos ao regime jurídico
público, outros a um regime jurídico híbrido.
Os bens públicos sujeitam-se a regime jurídico distinto daquele aplicável aos bens
privados em geral.
(I) INALIENABILIDADE:
Em princípio, os bens públicos (bem de uso comum e bem de uso especial) não podem
ser livremente alienados pelo Poder Público.
OBS: essa inalienabilidade é relativa, pois podem ser tornar dominicais. Ou seja, eles
são alienáveis, mas de forma condicionada. Bem dominical – alienável. Para ser
alienável tem que ser primeiramente desafetado.
O Novo CC dispõe serem inalienáveis apenas os bens públicos de uso comum do povo e
de uso especial (art. 100). Os dominicais perderam essa peculiaridade (art. 101). Mas,
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observa-se que a perda dessa inalienabilidade não vulnera os bens públicos à aquisição
por usucapião (essa proibição foi mantida no novo texto, art. 102, com fundamento
em comando expresso da CF/88, art. 183, §3º).
Carvalho Filho, ao tratar dessa característica dos bens públicos, prefere denominá-la
de ALIENABILIDADE CONDICIONADA, termo tecnicamente mais correto.
(i) Desafetação: isto é, o reconhecimento formal de que aquele bem imóvel não tem
destinação pública;
(iv) Avaliação prévia feita pela Administração Pública: para definição do valor do
bem;
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(iii) Licitaçao: aqui, a modalidade é o leilão. O art. 17, II, da Lei 8.666 enumera casos
de dispensa de licitação na alienação de bens móveis públicos.
Por meio de quais instrumentos poderá ser formalizada a venda de um bem público?
Cumpridos os requisitos legais, a alienação dos bens públicos poderá ser formalizada
por meio dos seguintes institutos jurídicos:
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(II) IMPENHORABILIDADE:
Isso significa que a execução contra a Fazenda Pública está sujeita a um procedimento
especial, previsto no art. 100 da CF, qual seja a REQUISIÇÃO JUDICIAL, que tem como
principal instrumento o precatório (será incluído no orçamento do ano seguinte e pago
na ordem cronológica de apresentação – art. 730 do CPC). As requisições de valores
considerados por lei como pequeno valor não se dão via precatório, mas via requisição
de pronto pagamento (RPV).
As estatais (SEMs e EPs) são pessoas jurídicas administrativas, mas estão sujeitas ao
regime de direito privado, sendo assim, via de regra, seus bens estão sujeitos à
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penhora, bem como, elas não podem se beneficiar com o pagamento de suas dívidas
judiciais por precatório.
Verifica-se, por meio do julgado acima, que o STF vem fazendo DISTINÇÃO entre
empresa pública e sociedade de economia mista (i) exploradora de atividade
econômica e (ii) prestadora de serviço público. Quanto as EPs e SEMs prestadoras de
serviços públicos, consolidou-se o entendimento de que não se submetem ao regime
próprio das empresas privadas, devendo ser observado o regime de precatório e
impenhorabilidade dos bens diretamente ligados ao serviço público prestado.
(III) IMPRESCRITIBILIDADE:
O bem público não pode ser adquirido por particulares por meio da usucapião, ainda
que determinada pessoa detenha a posse prolongada sobre o bem público (art. 183,
§3º e art. 191, p.ú, da CF c/c art. 102 do CC e art. 200 do DL 9760/46).
Súmula 340 do STF: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como
os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.”
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Em contrapartida verifica-se que o Poder Público pode adquirir bens por usucapião.
Bens públicos, portanto, não podem ser objeto de prescrição aquisitiva. Além disso,
não são indenizáveis acessões e benfeitorias realizadas sem autorização do poder
público.
Obs. Lei 11.977/2009 (Programa Minha Casa, Minha Vida) = prevê a conversão da posse
em registro de propriedade, erroneamente utilizando o termo ‘usucapião’. É caso de
legitimação da posse – urbana. 5 anos.
A doutrina majoritária defende que os bens dominicais NÃO podem ser usucapidos.
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A jurisprudência do STJ diz não ser possível a posse de bem público, pois sua ocupação
irregular (ausente de aquiescência do titular do domínio) representa mera detenção
de natureza precária.
Mas, deve-se ter cuidado com a jurisprudência recente do STJ sobre o assunto:
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NÃO!!! O critério legal adotado para fins de definição de bens públicos no ordenamento
brasileiro foi o subjetivo ou da titularidade dos bens, de forma que os bens de pessoas
jurídicas de direito privado, como os da empresa pública em análise, mesmo que
afetados a determinado serviço público, não seriam considerados bens públicos para
fins legais.
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(IV) NÃO-ONERABILIDADE:
Não podem incidir sobre bens públicos nenhum tipo de ônus (daqueles previstos no
direito privado), notadamente direitos reais de garantia, ex. hipoteca. Essa
característica nada mais é do que consequência da característica da
impenhorabilidade.
Assim, a doutrina tradicional entende que o bem público não pode ser dado em garantia
real, não podendo ser hipotecado, dado em penhor, anticrese. Isso decorre do art.
1.420 do CC/02, que determina que apenas os bens que podem ser alienados podem
ser dados em garantia real. (Carvalho Filho, Maria Sylvia)
Por fim, destaca-se que nada impede, porém, que um bem público sofra intervenções
promovidas por outros entes estatais. Um bem público estadual, por exemplo, pode
ser desapropriado pela União, pode ser tombado (o que cria um regime especial de
administração do bem visando à sua conservação) etc.
Tal situação irá ocorrer essencialmente nos contratos de concessão (de serviços
públicos, de serviços públicos precedidos de obra pública, patrocinada - PPP,
administrativa - PPP).
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tais bens são incorporados ao patrimônio público. Em princípio, os bens reversíveis não
são indenizados, porque são amortizados ao longo da execução do contrato mediante
o pagamento da tarifa pelo usuário. Somente serão indenizados, após o termino do
prazo de concessão, caso comprovada a não amortização.
Os bens reversíveis devem estar definidos precisamente no contrato para que não
sejam alienados no curso do contrato.
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
REsp 1296964/DF (2016): “POSSE. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM PÚBLICO
DOMINICAL. LITÍGIO ENTRE PARTICULARES. INTERDITO POSSESSÓRIO.
POSSIBILIDADE. FUNÇÃO SOCIAL. OCORRÊNCIA. 1. Na ocupação de bem público,
duas situações devem ter tratamentos distintos: i) aquela em que o particular
invade imóvel público e almeja proteção possessória ou indenização/retenção em
face do ente estatal e ii) as contendas possessórias entre particulares no tocante
a imóvel situado em terras públicas. 2. A posse deve ser protegida como um fim
em si mesma, exercendo o particular o poder fático sobre a res e garantindo sua
função social, sendo que o critério para aferir se há posse ou detenção não é o
estrutural e sim o funcional. É a afetação do bem a uma finalidade pública que
dirá se pode ou não ser objeto de atos possessórias por um particular. 3. A
jurisprudência do STJ é sedimentada no sentido de que o particular tem apenas
detenção em relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção possessória.
4. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares
sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse.”
Questão 2)
Resposta:
A cobrança feita pela União foi feita de forma correta e esta em consonância com o
entendimento jurisprudencial de que as ilhas costeiras em que situadas sede de
município continuam a ser terreno de marinha e, portanto, de propriedade da União,
na forma do art. 20, VII da CF.
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A EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da
Constituição Federal, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas
costeiras sede de Municípios. (RE 636199/ES).
ESPÉCIES DE ILHAS
FLUVIAIS E LACUSTRES OCEÂNICAS COSTEIRAS
Regra: pertencem aos Regra: pertencem à União. Regra: pertencem à União.
Estados. Exceção: dentro da ilha Exceção 1: dentro da ilha pode
Exceção: pertencem à União pode haver áreas que haver áreas que estejam no
se estiverem nas zonas estejam no domínio do domínio do Estado, do
limítrofes com outros países Estado, do Município ou de Município ou de terceiro
(art. 20, IV) terceiro particular. Neste particular. Neste caso,
caso, pertencem ao Estado, pertencem ao Estado, ao
ao Município ou ao terceiro. Município ou ao terceiro.
Ex: Fernando de Noronha, Exceção 2: se a ilha costeira
que é uma autarquia do for sede de Município, então,
Estado de PE. Em regra, neste caso, ela não pertence à
pertencem à União. União, salvo as áreas da ilha
afetadas ao serviço público ou
que forem unidade ambiental
federal.
A exceção 2 acima prevista para as ilhas costeiras foi instituída pela EC 46/2005.
Antes da EC 46/2005, presumia-se que toda a ilha costeira pertencia à União. Agora
não mais. A propriedade da União sobre determinada área localizada dentro de ilha
costeira sede de Município depende da existência de outro título para legitimá-la.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Terrenos de marinha são “todos aqueles que, banhados pelas águas do mar ou dos rios
e lagoas navegáveis (estes últimos, exclusivamente, se sofrerem a influência das
marés, porque senão serão terrenos reservados), vão até a distância de 33 metros para
a parte da terra contados da linha do preamar médio, medida em 1831”.
Os terrenos de marinha são bens da União (art. 20, VII, da CF/88). Isso se justifica por
se tratar de uma região estratégica em termos de defesa e de segurança nacional (é a
“porta de entrada” de navios mercantes ou de guerra).
José dos Santos Carvalho Filho explica que, em algumas regiões, a União permitiu que
particulares utilizassem, de forma privada, imóveis localizados em terrenos de
marinha. Como essas áreas pertencem à União, o uso por particulares é admitido pelo
regime da enfiteuse (aforamento), que funciona, em síntese, da seguinte forma:
Quando a EC 46/2005 foi editada surgiu um debate acerca de sua influência sobre os
terrenos de marinha.
Como vimos acima, os terrenos de marinha pertencem à União (art. 20, VII, da CF/88).
Mais uma vez recorremos à lição de Carvalho Filho: "A nova redação do art. 20, IV, tem
suscitado interpretações divergentes quanto à situação dos terrenos de marinha
situados nas ilhas costeiras. Uma delas reside em que o citado dispositivo teria excluído
tais áreas do patrimônio da União, sendo elas repassadas ao Município, o que geraria a
extinção das enfiteuses e ocupações legítimas de terrenos nelas situadas."
Essa tese foi acolhida pelo STF? Os terrenos de marinha situados em ilhas costeiras
que forem sede de Município deixaram de pertencer à União?
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
NÃO!! A EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20,
VII, da Constituição Federal, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados
em ilhas costeiras sede de Municípios. RE 636199/ES, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
Em outras palavras, algumas Constituições não previram as ilhas costeiras como sendo
bens da União. No entanto, já diziam que os terrenos de marinha pertenciam ao ente
federal. Assim, por exemplo, os terrenos de marinha e seus acrescidos situados na ilha
costeira em que está sediado o Município de Vitória (ES) continuam sendo bens
federais.
Questão 3)
Resposta:
Terras Devolutas são áreas que integrando o patrimônio das pessoas federativas, nao
são utilizadas para quaisquer finalidades públicas específicas, tendo natureza de bens
públicos dominicais.
A regra é que as terras devolutas pertencem ao Estado (art. 26, IV da CF), mas a CF
atribui à União “as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei (art. 20, II da CF).
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Tem que analisar bem o caso concreto e mostrar a divergência sobre o tema. Ex. Em
uma área urbana densamente povoada, se sobrar uma área pequena entre uma
propriedade registrada e outra, não há presunção de que seja bem público.
Diferentemente, em uma floresta, há tal presunção, visto que tais áreas jamais foram
registradas por particulares.
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Importante destacar que a utilização do bem público pode ser dividida em 3 categorias:
(i) Uso Comum: hipótese pela qual pode ser utilizado por todos os indivíduos,
sem qualquer distinção ou sem nenhuma exigência especifica. É o que
acontece com os bens de uso comum do povo. Ex: ruas, praias e praças.
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(iii) Uso Privativo: ocorre nas situações em que o Poder Público expressamente
consente/concorda com a utilização de um bem público de forma privativa,
por um particular. Ex.: permissão para instalação de banca de jornal em via
pública. Autorização para bar instalar mesa nas calçadas.
Se o bem é público, a princípio, não é possível seu uso privativo por particulares. Logo,
a utilização privativa dos bens públicos por particulares é situação excepcional, que
sempre exigirá uma titulação específica.
O Poder Público pode, em alguns casos, autorizar, permitir, conceder, ceder, o uso
privativo de determinado bem jurídico à pessoa física ou jurídica de direito privado.
Para que isso ocorra, é necessária a elaboração de um instrumento jurídico especifico.
Qualquer bem público, seja ele de uso comum, de uso especial ou dominical, é possível
à administração pública outorgar a particulares determinados o seu uso privativo. A
outorga sempre exigirá um instrumento formal, sujeito ao juízo de oportunidade e
conveniência da Administração Pública, podendo ser feita mediante remuneração pelo
particular ou não.
1. Autorização;
2. Permissão;
3. Concessão; e
4. Cessão de Uso.
1. Enfiteuse;
2. Locação; e
3. Comodato.
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Abaixo vejamos cada uma dessas modalidades de uso privativo de bem público:
Quais características devem ser observadas nas situações de uso privativo dos bens
públicos?
Feita essa introdução inicial, passemos ao estudo de cada uma dessas formas de uso
privativo do bem público por instrumento público:
Como regra geral, independe de licitação e pode ser revogado a qualquer momento
(discricionário e precário).
Exemplos:
Autorização de utilização de rua para festa;
Barraca na rua para venda de produtos;
Autorização para instalação de mesas na calçada.
50
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Alguns autores dizem que se trata de ato vinculado e não discricionário, uma vez que
a lei traz requisitos objetivos no art. 9º. Contudo, para a maioria, trata-se de ato
discricionário, em razão da própria redação do art. 9º (“é facultado”).
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Pode ser revogada a qualquer tempo, sem indenização (como regra), e a edição da
permissão não precisa de licitação.
Para a doutrina tradicional, apesar das características acima citadas serem idênticas
para ambos os institutos, prevalece a seguinte diferença:
(*) Rafael Oliveira entende que essa distinção não tem nenhuma relevância prática,
uma vez serem absolutamente similares ambos os institutos. Para o professor, a
autorização e a permissão seriam fungíveis. E, na prática, ambas teriam o mesmo
tratamento.
Qual a diferença entre (i) permissão de uso de bem público e (ii) permissão de
serviço público?
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
CORRENTE 2) Corrente minoritária defende que a revogação antes do prazo gera direito
à indenização pelos danos emergentes e pelos lucros cessantes (Celso Antônio Bandeira
de Melo).
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Vejamos, abaixo, cada uma dessas subespécies de concessão de uso de bem público:
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A concessão de uso especial para fins de moradia está prevista nosta na MP 2.220/2001.
Destacam-se entre os requisitos para a concessão de uso especial para fins de moradia:
Posse;
Por 5 anos no mínimo, até 22/12/2016;
De um bem imóvel público, situado em área urbana (com até 250 m2); e
Desde que o indivíduo não seja proprietário ou concessionário, a qualquer
título, de outro imóvel urbano ou rural.
A concessão de uso especial para fins de moradia tem como principais características:
Gratuita;
Não pode ser reconhecida ao mesmo concessionário mais de uma vez;
Proteção ao herdeiro – direito que passa via sucessão.
Art. 2 da MP 2.220/01: “Nos imóveis de que trata o art. 1o, com mais de duzentos
e cinquenta metros quadrados, ocupados até 22 de dezembro de 2016, por
população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
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sem oposição, cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor, a concessão de uso especial
para fins de moradia será conferida de forma coletiva, desde que os possuidores
não sejam proprietários ou concessionários, a qualquer título, de outro imóvel
urbano ou rural.
§ 1- O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,
acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2 - Na concessão de uso especial de que trata este artigo, será atribuída igual
fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do
terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os ocupantes,
estabelecendo frações ideais diferenciadas
§ 3 - A fração ideal atribuída a cada possuidor não poderá ser superior a duzentos
e cinqüenta metros quadrados.
Trata-se de concessão para gestão de bem público imóvel (floresta) que deve ser
devolvido ao Poder Público no fim do contrato.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Parte da doutrina utiliza a expressão cessão de uso de bem público como gênero, de
modo a englobar autorização, permissão e concessão [transferência, ainda que
temporária, do bem para um terceiro].
Outros tem uma visão intermediária, pela qual a expressão cessão diz respeito à cessão
de uso de bem público para outro órgão ou entidade administrativa, ou apenas para
pessoas de direito privado sem fins lucrativos. Posição prevalente.
E outros autores, de forma mais restrita, utilizam a expressão cessão de uso de bem
público apenas quando da transferência entre as entidades administrativas (da
Administração Direta ou Indireta). José Santos Carvalho Filho entende ser possível
também a cessão de uso para particulares sempre que evidenciado o interesse público.
A cessão de uso pode ser gratuita ou onerosa.
A questão da cessão aparece regulada na Lei 9636/1998, que, no art. 18, prevê a cessão
gratuita ou em condições especiais, de cessão de bens públicos federais para estados
e municípios e para entidades sem fins lucrativos de atividade educacional, etc.
Também prevê a cessão de uso de bem público entre entes privados – pessoas físicas
ou jurídicas, que atuem no interesse social. No art. 18, não se fala em ausência de
atividade lucrativa.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Concluído o estudo do uso privativo de bem público por instrumento de direito público,
passemos a analisar os instrumentos jurídicos de direito privado que permitem o uso
privativo do bem público.
A competência para legislar sobre Direito Civil é da União, mas todos os Entes podem
utilizá-los para transferir o uso privativo de seus bens a terceiros.
1. ENFITEUSE OU AFORAMENTO:
O instituto da enfiteuse está previsto no art. 2.038, §2º do CC, bem como no DL
9.760/46 e art. 49, §3º do ADCT.
A enfiteuse ou aforamento é forma por meio do qual o Ente Federado (senhorio direto
que mantém o domínio direto) transfere a outrem (enfiteuta ou foreiro) o uso do bem
público (domínio útil), mediante o pagamento do foro anual.
Após o CC/02, não se podem criar novas enfiteuses, mas se mantêm em vigor àqueles
que já existiam (art. 2038 do CC). É outra forma de utilização do bem público pelo
particular.
Em âmbito federal, o foro anual equivale a 0,6% sobre o valor do domínio pleno e o
inadimplemento por 3 anos consecutivos, ou 4 anos intercalados, importará na
caducidade da enfiteuse.
A locação é contrato de direito privado que tem por objetivo transferir a posse direta
do bem de propriedade do locador ao locatário, mediante o pagamento de
remuneração (aluguel).
O art. 1, p.u, a, 1 da Lei 8.245/91, a Lei de Locações não é aplicável aos contratos de
locação de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas
autarquias e fundações públicas que continuam reguladas pelo CC.
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Em relação aos bens públicos federais o contrato de locação está previsto nos arts. 64,
par. 1 e 86 a 98 do DL 9760/46 que estabelecem a possibilidade de locação dos imóveis
federais para residência de autoridades federais ou de outros servidores federais e,
eventualmente, para outros interessados.
CORRENTE 1) Corrente defendida por José dos Santos Carvalho Filho entende que os
bens públicos podem ser locados a terceiros na forma do CC e da legislação especial.
Atenção!!! Tais assertivas valem quando a Administração é locadora e não quando ela
é locatária, caso em que será aplicada a Lei de Locações.
A doutrina diverge sobre a sua viabilidade jurídica, existindo duas correntes sobre o
tema:
CORRENTE 1) Corrente defendida por José dos Santos Carvalho Filho entende que os
bens públicos podem ser objeto de comodato a terceiros na forma do CC.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
(i) CONTRATOS:
Em regra, a Administração Pública, para adquirir ou alienar bens, tem que fazer
licitação prévia, excetuados os casos de dispensa/inexigibilidade de licitação.
(ii) USUCAPIÃO:
A Administração pode adquirir propriedade por usucapião. Muitos autores criticam tal
forma de aquisição, sob o argumento de que fere a moralidade administrativa.
Diferentemente, o particular não pode usucapir bem público, pois uma de suas
características é a imprescritibilidade – não cabe prescrição aquisitiva de bem público.
PEGADINHA EM CONCURSO!!
Pode haver usucapião no bem público?
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Exemplo:
Enfiteuse – a Administração Pública é a proprietária do bem, enquanto o particular
enfiteuta tem o domínio útil do bem. Se o particular não utilizar o bem e outro passar
a utilizá-lo, esse terceiro poderá usucapir o direito real do enfiteuta. Pode haver,
portanto, uma usucapião no bem público, mas não uma usucapião do bem público (não
poderia haver usucapião do direito real de propriedade da Administração).
Os bens materialmente públicos são aqueles que cumprem alguma função social, que
tem alguma destinação pública, quais sejam os bens públicos de uso comum do povo e
os bens públicos de uso especial.
Os bens apenas formalmente públicos são aqueles que, embora registrados em nome
da Administração, não cumprem nenhuma função social, pois não tem nenhuma
destinação pública, ou seja, os bens dominicais. Essa tese defende que os bens apenas
formalmente públicos – dominicais – podem ser usucapidos.
(iii) COMPRA:
(iv) DESAPROPRIAÇÃO:
A Administração também pode adquirir bens por meio de desapropriação. Será visto
em aula posterior.
(v) DOAÇÃO:
(vi) ACESSÃO:
É o caso de herança jacente, quando em não havendo herdeiros, os bens passam para
a propriedade do Município ou do DF (arts. 1822 e 1844 do CC)
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
(viii) ARREMATAÇÃO:
Dá-se mediante praça ou leilão. Devemos analisar o grau de interesse público do bem.
Afinal, se há interesse público relevante, poderia a Administração desapropriar o bem.
(ix) ADJUDICAÇÃO:
A alienação de bens públicos é regida pelos arts. 17 a 19 da Lei 8.666. Lembrando que
o bem público afetado não pode ser alienado. A alienação deve ser precedida da
desafetação.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
(i) Prévia Desafetação: esse requisito por não possuir previsão específica,
poderá ser suprimido por meio de autorização legislativa. Atenção: os bens
dominicais por não possuírem uma destinação específica, não precisam ser
desafetados;
(ii) Demonstração de interesse público;
(iii) Prévia avaliação do bem;
(iv) Autorização legislativa: exigível no caso de alienação de bens imóveis
pertencentes as PJs de Direito Público (Adm. Direta, Autarquias e
Fundações), sendo que para os bens imóveis dos entes privados da Adm.
Indireta (entidades paraestatais) não há necessidade de lei autorizativa
para a alineção dos bens;
(v) Licitação: como regra a alienação deverá ser precedida de licitação, na
modalidade de concorrência (art. 17, I da Lei 8666).
(i) VENDA:
a) Desafetação;
b) Autorização legal;
c) Avaliação prévia – é sempre necessária, mesmo em se tratando de caso de
dispensa ou inexigibilidade de licitação. A Administração sempre terá que
instaurar um processo administrativo.
d) Licitação – em alguns casos, será dispensada.
(ii) DOAÇÃO:
A licitação é dispensável quando a doação for para outro ente da Federação (art. 17,
I, b da Lei 8666).
(iii) PERMUTA:
A permuta está prevista no art. 17, I, c da Lei 8666. Aqui também não se exige
licitação. É quando a Administração troca um de seus bens por outro.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Sendo a Administração devedora, pode ela, eventualmente, dar um bem seu para
satisfação do débito (art. 356 do CC).
(v) INVESTIDURA:
(vi) INCORPORAÇÃO:
(vii) RETROCESSÃO:
Casos Concretos:
Questão 1)
Certa associação pretende obter uma concessão de direito real de uso de bem
municipal para a construção de uma nova sede para o exercício de suas atividades.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Considerando que a mencionada associação, apesar de não ter fins lucrativos, não
desenvolve atividade de interesse social e não integra a Administração Pública,
esclareça se há necessidade de realização de licitação para operacionalizar a
concessão de direito real de uso almejada, à luz da orientação do C. STJ.
Resposta:
Associação sem fins lucrativos quer utilizar bem público e quer fazê-lo por meio de
concessão de direito real de uso. A discussão é se essa concessão precisa ser feita
precedida de licitação ou não.
A Lei 8666 ao tratar da concorrência destaca que ela é modalidade necessária quando
o contrato envolver valores mais elevados. Entretanto, a propria lei de licitações prevê
em seu art. 23, par. 3 da Lei 8666 que a concorrência poderá ser exigida em algumas
situações independentemente do valor, dentre elas, a hipótese de concessão de direito
real de uso.
A lei 8666 prevê ainda hipóteses de dispensa de licitação para a concessão de direito
real de uso de bens imóveis (art. 17, I, “f” “i” da Lei 8666). Destaca-se, porém, que o
caso concreto não se amolda a nenhuma dessas hipoteses de dispensa de licitação para
a concessão de direito real de uso.
O STJ entende ser exigível a licitação no caso em tela porque a hipótese nao se encaixa
em nenhuma hipótese de dispensa de licitação.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Questão 2)
Certo Município entendeu que uma grande praça situada em seu território seria o
local adequado para a promoção de programas habitacionais e assentamento de
pessoas que residiam em área de risco. Para tanto, após os trâmites cabíveis, na
forma da lei, promoveu a alienação de frações ideais do bem para os cidadãos que
cumpriram os requisitos objetivos determinados pela edilidade. Não obstante,
passados mais de 25 anos da mencionada venda, ainda não foram efetuados os
registros das transferências das aludidas frações ideais. K.H.W. foi um dos legítimos
agraciados com a alienação em comento, mas, logo em seguida, decidiu se mudar e
alienou a sua posse para F.L.M., que exerce tal direito de forma mansa e pacífica
há mais de 20 anos, razão pela qual ajuizou ação de usucapião da respectiva fração
ideal. Diante dessa situação hipotética, analise se é possível a alienação de uma
praça e enfrente se a pretensão de F.L.M merece acolhida.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Resposta:
De acordo com o art. 100 do CC a praça que é um bem de uso comum do povo, poderá
ser alienada se for desafetada, ou seja, se deixar de ser praça. Enquanto praça não
pode ser alienada.
O ordenamento juridico brasileiro veda usucapião de bem público (qq bem público,
inclusive, os dominiais, com base nos seguintes dispositivos: art. 102 do CC c/c art.
183, par. 3 e art. 191, par. únic da CF c/c Sumula 340 do STF.
Questão 3)
Resposta:
O gabarito trouxe que a forma adequada para exploração dos quiosques é a autorização
ou permissão, ficando a critério da municipalidade. A previsão da lei reforça a
competência do Município, mas não afasta a necessidade de licitação.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Relação Obrigacional.
Concessão tem natureza contratual;
Não tem natureza precária;
Ela se justifica quando houver necessidade de investimentos de grandes
vultos;
Precedida de Licitação SEMPRE.
Conferir a Lei 13.311 de 2016 que traz normas gerais para ocupação e utilização de
área pública urbana por equipamentos urbanos do tipo quiosque, trailer, feira e banca
de jornais.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
ESTATUTO DA CIDADE:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Segundo Hely Lopes, URBE consiste em todos os espaços definidos em lei em que o
homem exerce coletivamente qualquer de suas 4 funções essenciais na comunidade
que são:
(i) Habitação;
(ii) Trabalho;
(iii) Circulação; e
(iv) Recreação.
(ii) Normas Jurídicas: são regras que descrevem condutas, são as chamadas
regras perfeitas, mas não impõe qualquer sanção.
Sim, desde que seja um ato administrativo normativo que goze das mesmas
características de uma lei em sentido material, ou seja, desde que o ato administrativo
tenha as seguintes características: (i) abstração; (ii) generalidade e (iii)
territorialidade.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Nas limitações urbanísticas somente posso fazer aquilo que está em lei. Já nas
limitações no âmbito de natureza privada pode se fazer tudo aquilo que as partes
pactuarem.
BASE CONSTITUCIONAL:
Entre os arts. 21-25 e 30 da CF, há normas definidoras das competências dos entes
federativos. As competências podem ser legislativas ou administrativas/materiais.
A União fica responsável pela edição de normas gerais (no exercício dessa
competência, foi que a União editou o Estatuto da Cidade), e aos Estados cabem
suplementar a legislação federal.
Art. 24, I da CF: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;”
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Embora o art. 24 da CF não mencione os Municípios, devemos recorrer ao art. 30, que,
em seus incisos I e II, também autoriza os Municípios a suplementar a legislação federal
e estadual no que couber.
Esse dispositivo ressalta a ideia de que o Município deve observar as diretrizes fixadas
no Estatuto da Cidade. Dele podemos extrair os dois objetivos básicos do direito
urbanístico:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O art. 2º, I, do Estatuto da Cidade (Lei 10.257) também menciona alguns objetivos, tal
qual o direito às cidades sustentáveis. Esse direito parte da ideia de que é impossível
desvincular a política urbana do conceito de sadia qualidade de vida. A política urbana
tem como norte o princípio da dignidade da pessoa humana, e consequentemente, a
sadia qualidade de vida a ser promovida nas cidades. Sustentabilidade traduz uma
preocupação transgeracional. Ela busca o equilíbrio entre o desenvolvimento
econômico e a proteção de outros direitos fundamentais. O princípio do
desenvolvimento sustentável é o princípio delineador do direito ambiental.
Art. 2 da Lei 10.257: A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante
as seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra
urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao
transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e
futuras gerações
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações
representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
[vide art. 4 da Lei 10.257]
Por fim, destaca-se a Lei 6.766/79 que também está associada ao tema do Direito
Urbanismo.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
a) Regularização fundiária;
b) Ocupação urbana (estudo dos instrumentos urbanísticos);
c) Gestão democrática das cidades (art. 2º, II c/c arts. 43 a 45 do EC,
especialmente o art. 40, §4º) – reafirma a noção de consensualismo. É a
mitigação de uma postura imperativa e unilateral por parte do Poder
Público, buscando-se a conformação das vontades do Poder Público e do
particular.
Para a maioria dos institutos, o Estatuto da Cidade é uma norma intermediária, pois
não dá aplicabilidade imediata aos institutos, sendo necessária, muitas vezes, a edição
de lei municipal regulamentadora, notadamente os instrumentos de direito urbanístico
(direito de preempção, outorga onerosa do direito de construir etc.).
a) Instrumento preventivo:
b) Instrumentos sancionatórios:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
c) Instrumentos ordenadores/indutores/financiadores:
Não!!! Nos termos do art. 182, §1º, da CF, o plano diretor é obrigatório para cidade
com mais de 20 mil habitantes.
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O art. 182, §1º, da CF só teria estabelecido o mínimo, podendo a lei ampliar tal
exigência.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Qual a sanção aplicável se não for criado o plano diretor em um Município cuja sua
exigência seja obrigatória?
Dos arts. 49 a 52 do EC, a lei cuida de algumas sanções relacionadas ao Município que
descumpre tal condição. Poderá até mesmo configurar hipótese de improbidade
administrativa.
Para quem tem menos de 20 mil habitantes, a princípio, não cabe sanção pela ausência
de plano diretor, sendo sua edição uma faculdade, caso queira implementar os
instrumentos urbanísticos previstos na CF e no EC.
Art. 5 da Lei 10.257: “Lei municipal específica para área incluída no plano diretor
poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as
condições e os prazos para implementação da referida obrigação.
§ 1 - Considera-se subutilizado o imóvel:
I - cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em
legislação dele decorrente;
II - (VETADO)
§ 2 - O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o
cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de
registro de imóveis.
§ 3 - A notificação far-se-á:
I - por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao
proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha
poderes de gerência geral ou administração;
II - por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na
forma prevista pelo inciso I.
§ 4 - Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão
municipal competente;
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do
empreendimento.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Art. 6 da Lei 10257: “A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis,
posterior à data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento,
edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem interrupção de
quaisquer prazos.”
Art. 7 da Lei 10.257: “Em caso de descumprimento das condições e dos prazos
previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas
previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá à aplicação do
imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no
tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.
§ 1 - O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a
que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor
referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.
§ 2 - Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em
cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se
cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o.
§ 3 - É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação
progressiva de que trata este artigo.”
Art. 8 da Lei 10.257: “Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem
que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou
utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com
pagamento em títulos da dívida pública.
§ 1 - Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e
serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por
cento ao ano.
§ 2 - O valor real da indenização:
79
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
A Constituição do Estado do RJ, nos arts. 231, 236 e 359, se refere à gestão democrática
e à participação popular na elaboração de planos diretores.
Para o exercício de tal direito, deve existir uma lei municipal, que tenha por base o
plano diretor, delimitando as áreas em que tal direito incidirá, bem como fixando o
prazo de vigência deste direito, não superior a 5 anos, renovável a partir de 1 ano após
o decurso do prazo inicial de vigência (art. 25, §1º). O art. 26 do EC fixa as hipóteses
em que tal direito será cabível.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O plano diretor poderá, contudo, fixar áreas nas quais o direito de construir poderá
ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, desde que
respeitado o limite do coeficiente máximo, mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário ao Poder Público municipal. Essa contrapartida é a outorga onerosa do
direito de construir.
ATENÇÃO!!!
A outorga onerosa é ato discricionário do Poder Público municipal, que não
é obrigado a autorizar a construção acima do coeficiente básico.
Diferentemente, a licença para construir dentro do coeficiente básico é
direito subjetivo do administrado, sendo, portanto, ato vinculado.
O STF entende que essa contrapartida não tem natureza tributária.
Se a edificação for implementada além do coeficiente básico, sem que haja previsão
no plano diretor ou sem que haja o pagamento da contrapartida, há descumprimento
das normas edilícias municipais, pelo que o Poder Público municipal pode exigir a
adequação ao coeficiente de aproveitamento da área ou até mesmo a demolição da
construção. Não se aplica aqui a teoria do fato consumado, pois se entende que há
uma perpetuação da ilegalidade.
Casos Concretos:
Questão 1)
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Resposta:
Questão 2)
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Resposta:
Se o direito de preempação nao for observado, a compra e venda será nula de pleno
direito (art. 27, par. 5 do EC), consequentemente, o registro também será nulo, e o
Município poderá comprar o terreno pelo preço do carne de IPTU, ou o valor do
negócio, o que for menor, na forma do art. 27, par. 6 do Estatuto da Cidade.
Questão 3)
Resposta:
A outorga onerosa não tem natureza juridica de tributo, sendo apenas uma obrigação
de natureza pecuniária e retributiva pelo direito de construir, além do que é previsto
no coeficiente de aproveitamento pelo Plano Diretor. Logo, não cabe a alegação de
imunidade tributária pleiteada pela Igreja, uma vez que a outorga onerosa nao tem
natureza de tributo.
Também não cabe inscrição em dívida ativa, pela mesma razão (a outorga não tem
natureza de tributo).
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INTRODUÇÃO:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA:
Por essa razão, é considerada uma modalidade de intervenção branda (não implica
perda da propriedade) e permanente (≠ precário, pois não se submete a um prazo
determinado, via de regra, o que não significa que seja perpétua) na propriedade.
O particular tem a obrigação de aceitar que o Poder Público intervenha no uso e gozo
daquela propriedade.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Por incidir sobre imóvel específico, a servidão administrativa não se confunde com a
limitação administrativa, que, embora possa se restringir a determinada área, tem
caráter genérico.
O fato de a indenização não ser a regra na servidão, faz com que esta se diferencie
das modalidades ordinárias de desapropriação, que dependem de prévia e justa
indenização em dinheiro.
Sim!!! Se a servidão atinge o uso e a fruição do bem, ela atinge não apenas os direitos
do proprietário, mas também do legítimo possuidor. Se um possuidor tiver prejuízo
individualizado e concreto por conta da servidão, ele será indenizado. Portanto, ele
tem legitimidade para buscar indenização. Vide TJRJ, AC 0009259.49.2003.8.19.0021.
Assim, temos que além do proprietário, o possuidor do imóvel que sofrer a restrição
também poderá pedir indenização em razão da servidão, desde que comprove os
prejuízos sofridos.
Atenção!!!
Em regra, as modalidades de intervenção do Estado na propriedade não ensejam dano
moral, pois feitas em prol do interesse público.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
a) Fase Administrativa:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
CORRENTE 1) Parte da doutrina (José dos Santos Carvalho Filho) entende que a servidão
somente pode ser instituída por meio de acordo ou sentença judicial, sendo precedida
de decreto de utilidade púbica, NÃO sendo possível a instituição por meio de lei. Isso
porque se não há especificação do imóvel e da finalidade, a lei estaria criando
restrições a diversos imóveis, pelo que seria uma limitação administrativa e não uma
servidão.
Assim, para essa corrente a servidão deveria ser instituída por ato concreto,
individualizado. Assim, se uma servidão já for instituída por lei ou ato normativo, ela
já será conceituada e considerada limitação administrativa (seria justamente o que
diferencia a limitação administrativa [sempre por lei], da servidão administrativa).
CORRENTE 2) Corrente defendida por Maria Sylvia Di Pietro entende que pode sim a
servidão administrativa ser instituída por lei.
Para a prof. Maria Sylvia, a distinção entre as duas intervenções (limitação adm. e
servidão adm.) não seria a forma de instituição, mas sim, que, no caso da limitação
administrativa, a lei estabelece a restrição para atender a um interesse público geral,
genérico, uma vez que o interesse protegido é um direito difuso, coletivo, mais
abrangente. Já a servidão administrativa poderia ser instituída por lei, mas o interesse
público a ser protegido é um interesse público corporificado, a ser identificado, num
determinado bem.
A doutrina majoritária entende que pode ser tanto por lei quanto por ato
administrativo.
90
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
A servidão administrativa pode ser instituída pelo Poder Público ou por seus
delegatários. Nesse último caso, os delegatários dependem de autorização legal ou
negocial para promover os atos necessários à efetivação da servidão e serão
responsáveis pelas respectivas e eventuais indenizações.
Entes Federativos;
ANEEL: conforme art. 10 da Lei 9.074/95; e
DNIT: a Lei 10.233 confere competência declaratória para decretar a
desapropriação ao DNIT; portanto, a princípio, também teria competência
declaratória para instituir servidão.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
SIM!!! Dispõe o art. 2, par. 1, inc. II da Lei 11.107/2005, que o consórcio público
poderá, para fins de cumprir seus objetivos, conforme o contrato de consórcio de
direito público, promover desapropriações e instituir servidões nos termos de
declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo
Poder Público.
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Com base no art. 36 do DL 3365, alguns doutrinadores, como José dos Santos Carvalho
Filho, entendem que há duas espécies de ocupação temporária:
O art. 36 do DL 3365 estabelece que a ocupação temporária será indenizada por ação
própria.
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CORRENTE 3) Existe ainda corrente que defende que, em qualquer caso, a indenização
somente será devida se comprovado o dano pelo proprietário do bem ocupado, sob
pena de se admitir o pagamento de indenização sem ocorrência do efetivo prejuízo, o
que acarretaria enriquecimento sem causa do particular.
A ocupação temporária deve ser efetivada, em regra, por prazo determinado. Expirado
o prazo da ocupação cessa a intervenção.
Caso não haja prazo prefixado, a ocupação cessará com a execução da obra ou do
serviço que justificou a sua instituição.
REQUISIÇÃO:
Art. 5 da CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Fala-se em indenização se houver dano. Ex.: perseguição policial em que a polícia pega
o carro do particular para correr atrás do bandido. O uso da gasolina será indenizado.
Se o carro der perda total, haverá indenização pelo carro na sua totalidade. Logo,
temos uma intervenção drástica na propriedade.
A requisição administrativa também pode incidir sobre bens imóveis. Ex.: quando há
chuva forte que destrói casas, assim, Poder Público precisa de terreno para montar
tendas para as pessoas que perderam suas casas.
O art. 136, §1º, inc. II da CF/88 permite que isso ocorra no âmbito do Estado de Defesa
e o art. 139, inc. VI e VII d CF/88 permite que isso ocorra em havendo Estado de Sítio.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Juros compensatórios é o valor que se cobra durante o período que o Poder Público
limitou o de uso da propriedade pelo particular. Se a empresa foi emitida na posse e
usou a propriedade, cabe sim os juros compensatórios (que começam a contar a partir
da emissão na posse). A matéria encontra-se, inclusive, sumulada (Súmula 56 do STJ)
Juros de mora é uma penalidade moratória, só pode ser 1 % ao mês (tem uma limitação
legal). Também incidem a partir da data de emissão na posse. Ele não incide sobre o
valor total, mas sim sobre a diferença que foi apurada na perícia.
Questão 2)
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Resposta:
Questão 3)
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Certo Município se apossou do imóvel vizinho àquele em que foram realizadas obras
para a instalação de rede de esgoto, como meio de apoio à execução da construção,
certo que adentrou no terreno, que estava vazio, sem notificar os respectivos donos,
e ali permaneceu durante o tempo de realização da empreitada, que perdurou por
mais de 1 (um) ano. Frise-se que a utilização do bem sobre o qual efetivamente
foram instalados os dutos necessários para a instalação da rede de esgoto, se deu
na forma da lei. Analise quais as modalidades de intervenção do Estado estão
descritas na referida situação e esclareça se há direito de indenização, mesmo na
hipótese de não ter havido dano ou depreciação dos imóveis em questão.
Resposta:
[confirmar gabarito pois está diferente do que o prof falou em sala de aula]
100
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
PROPRIEDADE:
Propriedade é o direito de usar, fruir e dispor sobre coisa, como também de persegui-
la contra quem injustamente a detenha ou possua.
(ii) Aspecto Externo ou Jurídico: é composto por duas outras faculdades, quais
sejam: exclusão e sequela.
Na França costuma se dizer que a propriedade tem três caracteristicas e todas elas
possuem exceções:
101
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Aqui está a distinção que existe entre direito real e pessoal. Quando se fala
em usufruto (direito real), se transmite ao usufrutuário a titularidade. No
caso do locatário (direito pessoal), transmite-se o fato de ser mero
exercente das faculdades de uso e fruição.
Não confundir com propriedade restrita, que é aquilo que não é pleno, ou seja, ela
não tem todas as faculdades inerentes ao domínio por não ser plena.
A propriedade não é vista como um fim em si própria, mas ela é um meio para alcançar
o fim e esse fim chama-se BEM ESTAR SOCIAL. A propriedade deve ser utilizada como
mecanismo para o bem-estar social.
A propriedade pode ser vista sobre dois ângulos: (i) titularidade (próprio do direito
privado) e (ii) exercício (próprio do direito público) .
102
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
(ii) Ângulo do Exercício: direito relativo, e por ser relativo sofre restrições via
ponderação. Se entrar em colisão com outro principio, será objeto de
ponderação e essa ponderação poderá gerar restrições na propriedade.
A matéria é tratada nos arts. 186, caput da CF (propriedade rural) e ainda no art. 182,
par. 2 da CF (propriedade urbana).
Art. 186 da CF: A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Requisição Administrativa;
Ocupação Temporária;
Limitação Administrativa;
Parcelamento e Edificação Compulsória;
Tombamento;
Servidão Administrativa; e
Desapropriação.
103
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA:
A requisição está prevista no art. 5, XXV; art. 22, iii e art. 139, vii da CF. A
fundamentação legal esta prevista no DL 4812/42.
Exemplo:
Ameaça de guerra em que a Argentina invade a fronteira do Brasil. A União poderá
requisitar a utilização de uma fazenda provisoriamente para instalar o acampamento
militar do Brasil. Ao final da guerra, a União deverá indenizar o proprietário da fazenda
e devolver o imóvel objeto de requisição.
104
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Como visto acima pode-se requisitar até mesmo a propriedade pública (a União
requisitou 4 hospitais municipais em razão da situação calamitosa). É possível que haja
requisição de bem públicos sim. Nesse caso, a Lei 8080/90 (art. 15) permitiu
expressamente que a União faça a requisição de bem público municipal, desde que
observadas certas condições legais.
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA:
Na requisição o objeto é mais amplo (bem móvel, bem imóvel e serviço), há também
a situação de perigo.
Na ocupação temporária o objeto é mais restrito (somente bem imóvel) e aqui não não
há o perigo iminente.
Exemplo:
Município que ocupa terreno baldio para guardar maquinário a ser utilizado em obra
pública.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA:
Exemplo:
Gabarito de Prédio é limitação administrativa (lei municipal ou decreto). O Município
limita por exemplo prédios a 5 andares. Recuo de prédio também é limitação
administrativa.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Exemplo:
Terreno baldio na Av. Rio Branco. O Município impõe ao proprietário que primeiro se
parcele o bem e depois se edifique para cumprir a função social da propriedade. O
IPTU progressivo pressupõe que tenha havido uma medida urbanística (parcelamento
e edificação compusloria) e esta medida tenha sido inefetiva.
O Município tem que provar que tomou uma medida e que a medida não foi efetiva,
somente após isso o Municpio poderá cobrar o IPTU progressivo.
TOMBAMENTO:
O tombamento tem previsão legal no art. 23, iii; 24, vii e art. 216 da CF. Ademais a
matéria também encontra-se prevista no DL 25/37 e DL 3866/41.
Trata-se de intervenção estatal restritiva que tem por objetivo proteger o patrimônio
cultural brasileiro.
O tombamento não possui natureza real e incide sobre qualquer bem que tenha valor
histórico e cultural.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Todos os entes têm competência para promover o tombamento, na forma do art. 23,
III da CF.
CORRENTE 2) Corrente capitaneada por Jose dos Santos Carvalho Filho entende que há
competência legislativa dos Municípios em matéria de tombamento, pois o art. 24, VII
deve ser interpretado em consonância vom os arts. 23, III, art. 30, I, II e IX da CF. Os
Municípios, portanto, podem legislar sobre tombamento levando em consideração o
interesse local, ou, em caráter suplementar.
CORRENTE 1) José dos Santos Carvalho Filho entende que é impossível o tombamento
de bens públicos dos Entes maiores pelos Entes menores. O tombamento deve seguir a
lógica da supremacia do interesse nacional (bens federais) prevalece sobre o interesse
regional (bens estaduais) que, por sua vez, se sobrepoe ao interesse local (bens
municipais). Aplica-se, por analogia, o art. 2, par. 2 do DL 3365/41 que consagra a
hierarquia desses interesses na desapropriação.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
A proteção dos bens imateriais (ex: frevo, ofício das baianas de acarajé, modo
artesanal de fazer queijo minas) é realizada mediante o “Registro”, e não
propriamente pelo tombamento, conforme dispoe o Decreto 3551.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O rito processual irá variar de acordo com o tipo de tombamento (de ofício, voluntário
ou compulsório).
O tombamento produz efeitos tanto para o proprietário (ex: dever de proteger o bem,
dever de conservação da bem) quanto para o Poder Público (vigilância permanente do
bem tombado, necessidade de manutenção do bem quando o proprietário nao tem
condições) – arts. 11 a 21 do DL 25/37.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O prazo prescricional para a propositura dessa ação é de 5 anos na forma do art. 10,
par. unico do DL 3356/41.
JULGADO TOMBAMENTO
AgRg no AREsp Responsabilidade pela conservação do imóvel tombado
176140-BA A responsabilidade de reparar e conservar o imóvel tombado é
(2012) do proprietário, salvo quando demonstrado que ele não dispõe
de recurso para proceder à reparação.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA:
Servidão administrativa será constituída por meio de acordo (escritura pública) ou ação
judicial/sentença.
Súmula 479 do STF: As margens dos rios navegáveis são de domínio público,
insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.”
Para Hely Lopes Meirelles essa faixa de terra era mera área de trânsito. Portanto, em
caso de desapropriação caberia a indenização ao “dono”. Ele entende
minoritariamente que os terrenos reservados são criação de servidão administrativa
por lei (art 14 do Código de Águas). Trata-se de servidão administrativa instituída em
bem particular.
Já Celso Bandeira de Melo (corrente majoritária) entende que o terreno reservado não
é forma de criação legal de servidão administrativa. Esse bem é público, logo não
houve servidão, mas afetação tão somente (trânsito de agentes públicos).
O STF entendeu que os terrenos marginais são bens públicos, portanto, a Súmula 479
do STF está mantida.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
Questão 2)
Resposta:
Não cabe controle externo do mérito administrativo (Súmula 473 do STF). O STF,
contudo, entende que o mérito poderá ser controlado, excepcionalmente, desde que
esse controle ocorra de forma indireta, por meio do controle de proporcionalidade do
ato.
O juiz, no caso em tela, adentrou no mérito em si, o que não compete ao Judiciário
fazer.
O ato é nulo pois houve violação do art. 2 da CF, ou seja, houve violação da Princípio
das Separação dos Poderes.
REsp 1507783.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Questão 3)
Jamiro adquiriu certo imóvel situado nos limites de uma rodovia regularmente
construída por certo estado da federação, quando já existia sobre o imóvel restrição
à construção, decorrente da norma pertinente, que a caracterizava como area non
aedificandi. Por entender que a aludida restrição ao direito de construir causava
prejuízo concreto a sua propriedade, mesmo sendo anterior à respectiva compra,
Jamiro ajuizou ação de indenização em face do ente legitimado. Diante dessa
situação hipotética, analise se existe alguma modalidade de intervenção do Estado
na propriedade a incidir sobre o bem de Jamiro e enfrente se a indenização seria
cabível na espécie, em consonância com o entendimento do C. STJ.
Resposta:
Trata-se de limitação administrativa, uma vez que o enunciado relata area non
aedificandi, uma restrição permanente (de não-fazer) no imóvel. A indenização não
será paga porque sendo limitação administrativa não enseja indenização, também
porque esse ato é manifestamente proporcional, até porque a restrição é anterior à
compra do imóvel quando já existia a restrição.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
EMENTA: Desapropriação.
Fontes normativas.
Competências.
Bens expropriáveis.
Destinação dos bens desapropriados.
Fase declaratória.
DESAPROPRIAÇÃO:
FONTES NORMATIVAS:
Art. 5, xxiv; art. 182, par. 4, iii e art. 184 e 186 da CF;
Decreto Lei 3365/41;
Lei 4132/62;
Lei 8629/93; e
LC 76/93.
115
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116
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Art. 1.228 do CC: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa,
e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.
§ 4 - O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse
social e econômico relevante.
§ 5 - No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida
ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do
imóvel em nome dos possuidores.
COMPETÊNCIA EM MATÉRIA DE DESAPROPRIAÇÃO:
Há, contudo, duas exceções a essa regra geral, quais sejam: (1) DNIT
(estrada de rodagem) e (2) ANEEL (energia elétrica). Essas duas autarquias
possuem competência declaratória. A declaração, no entanto, não será
feita por meio de decreto, uma vez que esse ato administrativo é privativo
do chefe do executivo, mas sim por meio de PORTARIA ou RESOLUÇÃO para
declarar os bens expropriados.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Segundo o STF, não, por ofender a separação de poderes e ainda por violar
competência legislativa da União.
BENS EXPROPRIÁVEIS:
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Não!! Segundo a jurisprudência do STF as margens dos rios navegáveis não são passíveis
de expropriação.
Súmula 479 do STF: “As margens dos rios navegáveis são de domínio público,
insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.”
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
EM SUMA: a norma é que pode se expropriar qualquer bem, desde que se tenha valor
econômico aferível e desde que não tenha nenhum tipo de impossibilidade material ou
jurídica.
(i) Autorização Legislativa: o expropriante deve ser autorizado por sua Casa
Legislativa; e
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
CORRENTE 2) Segundo Hely Lopes e Maria Sylvia Di Pietro, é possível desapropriar bens
desvinculados do objeto institucional da entidade administrativa. Os bens afetados às
finalidades institucionais das entidades administrativas não podem ser desapropriados
por Entes “menores”, em razão da continuidade do serviço público e a hierarquia dso
interesses, salvo com a concordância do Chefe do Executivo respectivo da entidade
desapropriada.
CORRENTE 3) Corrente defendida pelo STF e STJ entende que não é possível a
desapropriação, em razão da maior hierarquia da pessoa federativa a que está
vinculada a entidade administrativa. A desapropriação somente será possível de forma
amigável, com a concordância do chefe do Executivo da entidade desapropriada.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Sempre que um bem tiver utilização para o próprio Poder Público, em seu próprio
benefício, dá-se o que a doutrina chama de INTEGRAÇÃO DEFINITIVA.
Prof. Celso Antonio Bandeira de Mello afirma, ainda, que é possível que o Poder Público
desaproprie um bem diretamente em favor de pessoa privada, desde que para ela
desempenhar alguma atividade considerada de interesse público.
FASE DECLARATÓRIA:
Essa fase pode ser administrativa (quando ocorre acordo entre expropriante
e expropriado – formaliza-se o consenso por meio de escritura pública) ou
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
SIM!!! O poder público pode alienar o bem que foi desapropriado, desde que
expressamente conste no decreto de interesse em desapropriação.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
Adm Pública Indireta: aqui pode se ter bem público ou particular. Se houver
respeito a hierarquia federativa e se houver a autorização legal, poderá ocorrer
a desapropriação.
A questão mais dificil é de bem que pertenca a Adm Pública Indireta não
respeitada a hierarquia federativa. Vejamos abaixo a posição da doutrina sobre
o tema:
CORRENTE 1) Sergio Ferraz entende que é possível, uma vez que a norma do
art. 1, par. 2 do DL fala em Adm. Pública Direta, ou seja, nao fala em Adm.
Pública Indireta, portanto, não se impõe essa condição, então, entende-se que
seria viável que isso acontecesse.
CORRENTE 2) Hely Lopes Meirelles entende que depende do bem, ou seja, será
possivel que isso aconteça se o bem nao for afetado ao serviço público. Bem
afetado, nao pode. Se o bem nao estiver afetado, então, pode.
124
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CORRENTE 3) Posição majoritária (Jose dos Santos Carvalho) entende que não
pode, porque a norma fala em Adm. Pública, logo, estaria incluido tanto a Adm
Pública direta como a indireta. A norma se aplica ao caso e se exige a
hierarquia federativa.
Questão 2)
Resposta:
Assim, se a licença for requerida pelo particular, a Administração Pública não poderá
negá-la se todos os requisitos para a licença tiverem sido preenchidos, pois trata-se de
ato vinculado. Mas o proprietário já deverá saber, de antemão, que o valor acrescido
não será indenizado.
125
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Questão 3)
Resposta:
126
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AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO:
O sujeito ativo na ação de desapropriação será a pessoa política que expediu o decreto
expropriatário ou, desde que haja autorização expressa na lei ou contrato, uma
entidade da Adm. Indireta ou uma Concessionária ou Permissionária de serviços
públicos.
O proprietário NUNCA atua como parte no polo ativo da ação de desapropriação. Ele
será sempre sujeito passivo no processo (réu).
Juiz em fase de estágio probatório que ainda nao adquiriu a vitaliciedade pode
julgar ação de desapropriação?
O art. 12 do DL estabelece que somente o juiz com vitaliciedade pode julgar a ação de
desapropriação. Contudo, atualmente entende-se que essa vedação é direcionada
apenas para a categoria de juízes togados que nao tinham aptidão para adquirir a
vitaliciedade (aqueles do art. 21 e 22 do ADCT).
127
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Além dos requisitos formais do CPC, a petição inicial deverá conter (art. 13 do DL
3665):
128
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Se o proprietário entender que houve alguma ilegalidade, ele poderá discutir o tema,
contudo, deverá fazê-lo em uma ação própria. Assim, qualquer outra matéria
juridicamente relevante poderá ser tratada por uma nova ação – a chamada ação
direta.
Por fim, destaca-se que a doutrina não tem admitido reconvenção no processo de
desapropriação.
Isso porque o art. 5, vviv da CF estabelece que a indenização será justa e não
necessariamente a indenização justa é aquela que foi oferecida pela Adm. Pública.
129
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Ademais, o art. 23 do DL menciona que se naõ houver concordância expressa por parte
do proprietário quanto ao preço há necessidade de prova pericial para se chegar ao
justo valor da indenização.
Porém, desde que haja a declaração de urgência e depósito prévio, é possível a imissão
provisória na posse, isto é, que o expropriante passe a ter a posse provisória do bem
antes da finalização da ação de desapropriação
Assim, verifica-se que a imissão provisória na posse é uma etapa facultativa na ação
de desapropriação que implica a transferência da posse provisoriamente para o
desapropriante.
(i) Alegar urgência (basta a alegação de urgência não sendo necessária a sua
comprovação – aqui não é possível ao Judiciário substituir o mérito
administrativo); e
Súmula 652 do STF: “Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Decreto-lei
3365/1941 (Lei da desapropriação por utilidade pública).”
130
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Qual o prazo para que a Adm Pública faça a imissão provisória na posse?
O Poder Público terá prazo de 120 da declaração expropriatória para realizar a imissão
na posse do bem.
Art. 15, § 2 do DL 3365/41: “A alegação de urgência, que não poderá ser renovada,
obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo
improrrogável de 120 (cento e vinte) dias.
§ 3 - Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão
provisória.”
131
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Quem fica responsável pelo pagamento do IPTU após a imissão provisória na posse?
Em decisão de 2017, o STJ entendeu que o ente desapropriante não responde por
tributos anteriores ao ato de aquisição originária. Vejamos:
Isto porque, enquanto o caput menciona o art. 685 do CPC/39, exigindo a oitiva prévia
do réu, o §1º menciona a desnecessidade de citação do réu para a imissão provisória.
Ocorre que o §1º se aplica somente às hipóteses ali descritas, ou seja, quando o
desapropriante já deposita em juízo o preço seguindo alguns parâmetros:
132
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O STF, divergindo do entendimento do STJ, entendeu que o art. 15, §1º, não ofende a
CF, sob o fundamento de que o pagamento será feito de forma prévia, e, ainda que
fosse feito ao final da ação de desapropriação, por meio da complementação do valor
com expedição de precatório, ele continua sendo prévio, pois ocorre antes da
transferência da propriedade.
Súmula 652 do STF: “Não contraria a Constituição o art. 15, §1º, do Decreto-Lei
3365/1941.”
133
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O art. 5º da LC 76/93 prevê o que deve acompanhar a petição inicial distribuída pelo
INCRA. O decreto presidencial declara o interesse social da reforma agrária e o INCRA
promove a execução da reforma agrária.
Por sua vez, o art. 6º da LC 76/93 estabelece que o juiz federal, ao despachar a petição
inicial, mandará imitir o autor na posse do imóvel. Não há espaço para se avaliar a
conveniência e a oportunidade da imissão. A lei prevê a imissão como etapa necessária
da ação de desapropriação.
PROVA PERICIAL:
Na prática quando o laudo está incompleto, o juiz manda fazer outro laudo.
134
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
vale. Se a perícia for anulada e se fizer uma nova perícia, será o valor da nova perícia
que passará a valer.
Destaca-se decisão recente do STF (RE 554632) que entendeu pela desnecessidade de
intervenção do MP nas ações envolvendo desapropriação indireta.
DIREITO DE EXTENSÃO:
Em que pese certa discussão na doutrina se o direito de extensão era admissivel ou não
pelo ordenamento jurídico pátrio, a jurisprudência consolidou o entendimento de que
o particular terá direito de compensação pelo remanescente do bem.
135
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TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE:
DESISTÊNCIA NA DESAPROPRIAÇÃO:
136
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
(ii) O bem deve ser devolvido nas mesmas condições em que ele foi retirado do
particular.
137
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(i) Poder Público deverá indenizar o proprietário por meio de ação autônoma
e indenizatória;
(ii) A sentença de extinção do processo de desapropriação condenará o Poder
Público ao pagamento das despesas processuais e honorários.
Ocorre que, em algumas situações excepcionais, o juiz se depara com uma hipótese de
evidente ilegalidade ou mesmo inconstitucionalidade. É o caso, por exemplo, de
utilidade pública ventilada pelo Poder Público que não é hipótese de utilidade pública,
ou, apesar de ser hipótese prevista em lei, fica evidenciado o desvio de finalidade. Em
tais hipóteses excepcionais, o Judiciário poderá interferir.
Exemplo:
Prefeito que pretende desapropriar casa de antigo prefeito que é seu inimigo para
construção de uma praça. A ação de desapropriação será extinta sem julgamento do
mérito por ilegalidade no decreto expropriatório.
Casos Concretos:
Questão 1)
138
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Resposta:
O juiz agiu de forma equivocada, uma vez que o DL 1075 somente se aplica aos casos
de desapropriação de imóveis URBANOS e RESIDENCIAIS. O caso em tela trata de um
imóvel comercial, nao se aplicando, portanto, o DL 1075.
139
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Questão 2)
Resposta:
Terra Devoluta é bem público e pode pertencer a União ou aos Estados. O art. 20, ii
enumera as terras devolutas da União e o art. 26 enumera as terras devolutas dos
Estados.
Por fim, destaca-se que o STJ entendeu que é possível debater a propriedade pública
dos imóveis na mesma ação de desapropriação. Em relação ao polo ativo é possível a
discussão quanto a propriedade do imóvel, o que não se permite é a discussão da
propriedade em relação ao polo passivo da ação.
140
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Questão 3)
141
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Resposta:
142
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
143
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
SENTENÇA:
INDENIZAÇÃO:
Na desapropriação por utilidade pública e por interesse social, a indenização deve ser
prévia, justa e em dinheiro.
144
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Quando a desapropriação for para fins de reforma agrária – imóvel rural que
não cumpre com sua função social - (art. 184 da CF): indenização não é prévia
e é paga com títulos de reforma agrária;
Quando a desapropriação for para fins urbanísticos (art. 182, par. 4, III da CF):
a indenização não será prévia e será feita em títulos da dívida pública;
O valor justo é o VALOR DE MERCADO do bem imóvel e a prova pericial é que vai aferir
o valor justo.
O valor afetivo do bem não é levado em consideração para fins de indenização em ação
de desapropriação. Assim, se a parte alegar que a casa é da família há mais de 100
anos, a jurisprudência entende que isso não pode ser levado em consideração, deve-
se analisar o valor de mercado do bem.
Em suma: a indenização deve ser integral, englobando não só o valor o preço do imóvel
no momento da perícia (avaliação), na forma do art. 26 do DL 3365, como também
eventuais danos emergentes, os lucros cessantes, as despesas processuais, os juros, a
correção monetária e o honorário advocatício.
Os Lucros cessantes funcionam como parcela que vem para recompor a frustração da
expectativa de lucro do proprietário do bem expropriado. Muitos autores entendem
que o montante referente aos lucros cessantes deve ser incluído na indenização.
145
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
JUROS COMPENSATÓRIOS:
Conforme visto acima o juiz pode autorizar que, antes de a ação de desapropriação
chegar ao fim, o Poder Público já assuma a posse do bem desapropriado. A isso se
chama de imissão provisória na posse.
Ocorre que, se o valor da indenização fixada na sentença for maior do que a quantia
oferecida pelo Poder Público, isso significa que o proprietário do bem estava certo ao
questionar esse valor e que ele foi “injustamente” retirado prematuramente da posse
de seu bem. Digo “injustamente” porque o valor oferecido era menor realmente do
que o preço devido. Assim, a legislação, como forma de compensar essa perda
antecipada do bem, prevê que o expropriante deverá pagar juros compensatórios ao
expropriado.
Na desapropriação indireta, o termo a quo é a ocupação efetiva do bem, uma vez que
não haverá uma etapa de imissão provisória na posse. Os juros compensatórios incidem
sobre todo o valor indenizado.
A EC 62, ao alterar o art. 100, §12, da CF, vedou a incidência de juros compensatórios
após a expedição do precatório ou RPV. Portanto, os juros compensatórios fluirão da
imissão provisória na posse até o dia em que o juiz determinar a expedição do
precatório. Entre a expedição do precatório e o pagamento não incidem juros
compensatórios.
146
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Em 1963: o STF, por criação jurisprudencial, entende que devem ser pagos
juros compensatórios e edita a Súmula 164 com a seguinte redação:
Súmula 618 do STF: “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros
compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.”
147
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Na mesma decisão foi suspensa a eficácia dos §§1º e 2º do art. 15-A, que tratam
das condicionantes para incidência de juros compensatórios (comprovação de
perda de renda e grau de utilização).
O STF julgou o mérito da ADI 2332/DF e resolveu alterar a decisão liminar que havia
tomado em 2001.
Com essa decisão estão superadas as Súmulas 618 do STF e 408 do STJ:
148
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
* considerando que haja modulação dos efeitos e que a decisão final na ADI 2332 não
tenha efeitos ex tunc.
A utilização do termo “até” para a fixação da taxa de juros a ser aplicada nos casos de
imissão provisória na posse cria insegurança jurídica e institui regime de
discricionariedade injustificado. Isso porque não faz sentido a taxa de juros ser variável
sem qualquer justificativa lógica. Isso viola a determinação do texto constitucional de
que o expropriado deverá receber justa indenização.
O Estado ajuizou ação de desapropriação contra João oferecendo R$ 100 mil pelo
imóvel. O art. 33, § 2º do DL autoriza que o proprietário, mesmo que discorde do valor,
levante (saque) 80% da quantia oferecida, o que foi feito por João. O juiz deferiu a
imissão provisória na posse. Ao final, após a perícia, o juiz fixou em R$ 300 mil o valor
da indenização a ser paga ao proprietário (valor real do imóvel). Pela
interpretação literal do art. 15-A, os 6% de juros compensatórios deveriam incidir
sobre a diferença entre o valor fixado na sentença (300) e o preço ofertado em juízo
(100). Assim, os juros compensatórios seriam 5% de 200 (6% de 300-100).
149
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O STF afirmou que deve ser dada uma interpretação conforme a esse dispositivo.
Assim, a taxa de juros (6%) deve incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença (300) e 80% do preço oferecido pelo Poder Público (em nosso exemplo, 80%
de 100 = 80). Assim, segundo o STF, os juros compensatórios seriam 6% de 220 (6% de
300-80).
Ao apreciar a medida liminar, em 2001, o STF havia considerado que esses dispositivos
seriam inconstitucionais. O argumento utilizado, na época, foi o de que os juros
compensatórios seriam devidos mesmo que o imóvel não gerasse renda. Isso porque o
proprietário estaria sendo indenizado por ter ficado sem seu bem.
Prevaleceu o voto do Min. Alexandre de Moraes, que afirmou que tais dispositivos não
violam o direito de propriedade nem vulneram o caráter justo da indenização. Isso
porque é correto dizer que os juros compensatórios destinam-se a compensar tão
somente a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário.
150
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Diante do decidido na ADI 2332, quais os requisitos para o pagamento dos juros
compensatórios?
O pagamento aos juros compensatórios pelo Poder Público fica condicionado aos
seguintes requisitos:
Por outro lado, o STF entendeu que o § 4º é INCONSTITUCIONAL. Isso porque ele exclui
indevidamente o direito aos juros compensatórios, violando a exigência constitucional
de justa indenização (art. 5º, XXIV) e o direito fundamental de propriedade (art. 5º,
151
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
XXII). Como já dito, tais ações devem receber o mesmo tratamento da desapropriação
no que tange aos juros.
SIM!!! Conforme orientação do STJ ainda que a indenização fixada seja igual ao valor
ofertado, incidem juros compensatórios sobre o montante indisposnível ao expropriado
(20%).
JUROS MORATÓRIOS:
Como seu fundamento é distinto dos juros compensatórios, os dois podem ser cobrados
cumulativamente.
152
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
A lei previu que os juros moratórios serão de até 6% ao ano (art. 15-B, DL 3365/41).
Celso Antonio defende que o art. 15-B não definiu o percentual de juros moratórios,
uma vez que estabeleceu DE ATÉ 6% ao ano. Se não definiu, incide a regra do art. 406
do CC: parcela da doutrina entende que os juros serão de 1% ao mês, na forma do art.
161, par. 1 do CTN; e para outra parte da doutrina, os juros devem ser calculados com
base na taxa Selic. Ocorre que a taxa Selic já embute no seu cálculo a correção
monetária, pelo que não poderá ser incluída novamente. Essa última opinião tem
prevalecido.
CORREÇÃO MONETÁRIA:
Deve ser incluída levando-se em conta a data da avaliação (laudo de avaliação). Não é
cabível a utilização da TR para recomposição monetária.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS:
153
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Por outro lado, o STF considerou que é inconstitucional a expressão “não podendo os
honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)”. Isso porque
limitar os honorários em um determinado valor fixo (que não seja um percentual) viola
o princípio da proporcionalidade e acaba refletindo no justo preço da indenização que
o expropriado deve receber (art. 5º, XXIV, da CF/88). Influencia no preço da
indenização porque se o advogado do expropriado não for remunerado corretamente
pelo ente expropriante, ele acabará exigindo essa diferença do seu cliente, reduzindo
o valor que o expropriado teria para receber.
Desse modo, com base na decisão do STF, o art. 27, § 1º deve ser lido agora assim: “A
sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido
condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre
meio e cinco por cento do valor da diferença.”
RESUMÃO!!!!
Em relação ao “caput” do art. 15-A do DL 3.365/41:
Reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros compensatórios no
patamar fixo de 6% ao ano para remuneração do proprietário pela imissão
provisória do ente público na posse de seu bem;
Declarou a inconstitucionalidade do vocábulo “até”;
Deu interpretação conforme a Constituição ao “caput” do art. 15-A, de
maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80% do preço
ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença;
Declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 15-A, que condiciona o
pagamento dos juros compensatórios à comprovação da “perda da renda
comprovadamente sofrida pelo proprietário”;
154
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
DIREITO DE TERCEIROS:
O artigo 26 do DL 3365/41 estabelece que no valor da indenização que será paga não
se incluirão direitos de terceiros contra o expropriado.
Não!! Eventual direito de terceiros terá que ser resolvido em ação própria, em ação
indenizatória, não cabe esse tipo de intervenção.
O locatário pode ter direito de indenização, só que essa indenização nao será apurada
na ação de desapropriação.
E se incidir sobre o bem desapropriado uma hipoteca? Como fica o direito do credor
hipotecário?
Em relação às benfeitorias, o juiz deve observar a Súmula 23 do STF, bem como o art.
26, §1º, do DL 3365/41. A declaração de utilidade pública não gera a transferência da
propriedade, mas um de seus efeitos é o de fixar o estado do bem.
155
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O proprietário pode até fazer obras após a declaração, mas, de acordo com a Súmula
23 do STF, as benfeitorias incluídas após a declaração não serão indenizadas:
Contudo, essa Súmula deve ser lida em conjunto com o art. 26, §1º, do DL 3365/41:
O art. 103, §2º, do DL 9760/46 prevê que a União poderá consolidar nas suas mãos o
domínio pleno do terreno de marinha concedido em regime de aforamento. Para tanto,
deverá pagar ao titular do domínio útil o valor do domínio pleno menos 17% do valor
do bem (corresponde ao valor do domínio direto). Logo, o titular do domínio útil tem
direito de receber em uma ação de desapropriação 83% do valor do domínio pleno.
O CC/16 previa que o resgate da enfiteuse nas mãos do enfiteuta poderia ocorrer caso
o enfiteuta pagasse ao senhorio 10 foros anuais e 1 laudêmio (2,5% do valor da
propriedade).
156
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
DESAPROPRIAÇÃO DE JAZIDAS:
Tratando-se de desapropriação por utilidade pública, não cabe indenização por jazidas
de minério existentes no subsolo do imóvel, salvo se a autorização de lavra já houver
sido concedida, já que o título de concessão de lavra é um bem suscetível de
apreciação econômica, não o sendo a lavra em si, que é um bem de domínio da União.
A jazida é de propriedade da União, cf. art. 20, IX, da CF, portanto, não é possível
falar em desapropriação de jazida.
Nesse caso, o STJ tem uma posição reiterada no sentido de que a cobertura vegetal só
pode ser indenizada de forma isolada em relação à terra nua na hipótese de poder ser
explorada economicamente. Se ela não puder ser explorada economicamente, ela não
será indenizada, diferentemente da terra nua (que será sempre indenizada).
157
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Contudo, em ação própria (que não seja a ação de desapropriação), o juiz pode analisar
o mérito quando houver desvio de finalidade (Prefeito que desapropria área do
inimigo). Verifica-se, pois, que essas questões não podem ser discutidas na ação de
desapropriação, mas em uma ação própria isso pode ser discutido. Juridicamente, seria
possivel também uma ação popular para anular uma desapropriação.
Os mesmos recursos que são cabíveis em uma ação normal. O art. 28 do DL estabelece
que da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação. A matéria do
reexame necessário está prevista no art. 28, par. 1 do DL 3365.
Casos Concretos:
Questão 1)
Resposta:
Os juros compensatorios incidem sobre 15 mil, ou seja a diferença entre o valor final
fixado na sentença e o valor levantado no depósito, observado o percentual de 12%,
até maio de 2018 e a partir de então o percentual de 6% (art. 15-A e ADI 2332)
158
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Questão 2)
Resposta:
Em relação aos juros moratórios, errou o juiz ao adotar a regra do art. 15-B do DL 3365
que se aplica às PJs de Direito Público (regime de precatório). No caso em tela, trata-
se de pessoa jurídica de direito privado (concessionárias de serviços públicos), logo, as
condenações de quantia certa a PJs de direito privado não estão sujeitas ao regime de
precatório previsto no art. 100 da CF. Aplica-se, portanto, no caso de pessoas juridicas
de direito privado a súmula 70 do STJ, em que o termo a quo dos juros moratórios
começa a correr desde o transito em julgado da sentença.
Questão 3)
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Resposta:
Em relação ao rito do pagamento errou juiz, uma vez que a execução será por
precatório, na forma do art. 15-B do DL 3365. REsp 1197306.
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DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA:
OBS: O professor mencionou que entende que a desapropriação indireta, o esbulho por
parte da Administração Pública, é caso de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Ele
mencionou que como desembargador, se pegasse um caso de desapropriação indireta,
mandaria oficiar o MP para verificar a hipótese de improbidade administrativa e entrar
com a ação cabível, se for o caso.
161
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Cabe reintegração de posse contra o Estado sim, mas desde que o Estado ainda não
tenha dado destinação pública ao bem. O que vai inviabilizar a reintegração é a
destinação pública.
Assim, a doutrina, de modo geral, entende que se a Adm. Pública já começou a obra,
já colocou os tapumes, isso já é suficiente para caracterizar a destinação pública pois
tem-se uma manifestação inequívoca, isso por si só já caracterizaria essa destinação
pública, o que impediria o particular de reivindicar o bem, na forma do art. 35 do DL
3365.
Guarda semelhança com a desapropriação Indireta, mas, enquanto esta atinge o direito
do proprietário, acarretando a perda direta do próprio domínio em virtude da ocupação
do bem pelo Estado, no apossamento administrativo a ação estatal investe mais
diretamente contra o indivíduo que tem a posse sobre determinado bem, geralmente
imóvel.
Por esse motivo, somente se consuma o apossamento quando o possuidor não teve
como evitar a turbação e o esbulho através dos mecanismos de proteção possessória,
como examinamos anteriormente.
162
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Aliás, o STJ já decidiu que o possuidor mesmo sem titularidade do domínio, tem
legitimidade ad causam para postular a indenização do seu patrimônio pelo
apossamento administrativo ilícito.
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Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Exemplo 1: Poder Público por meio de um ato lícito (criou área de reserva ambiental
na propriedade) que retirou o conteúdo econômico da propriedade.
164
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
DIREITO DE EXTENSÃO:
Ocorre quando o proprietário é citado para uma desapropriação parcial, e alega que o
remanescente da propriedade perderá seu conteúdo econômico, e que, portanto, faz
jus ao direito de extensão, ou seja, o particular pede para desapropriar tudo e ser
indenizado pelo todo, sob pena de ficar com uma parte remanescente da propriedade
sem conteúdo economico.
Parte da doutrina sustenta que o direito de extensão tem que ser alegado pelo
proprietário na contestação, sob pena de preclusão. O professor entende que não é
correta essa ideia de preclusão, podendo a parte alegar o direito de extensão
posteriomente a contestação.
TREDESTINAÇÃO:
A Tredestinção é o desvio de finalidade por parte do Poder Público que utiliza o bem
desapropriado para atender finalidade ilegítima. Atribui-se ao bem uma destinação
que não é pública.
Exemplo: O Poder Público desapropria o terreno para fazer uma escola; não constroi a
escola e acaba cedendo o terreno para um terceiro construir um bar lá.
Exemplo: O Poder Público desapropria o terreno para fazer uma escola; não constroi
a escola, mas constroi um hospital no lugar.
165
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Art. 519 do CC: “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou
não for utilizada em obras ou serviços públicos (tredestinação), caberá ao
expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa (retrocessão).”
TREDESTINAÇÃO ILÍCITA:
166
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
RETROCESSÃO:
CORRENTE 3) Direito Misto. O expropriado pode optar por exigir a devoluçao do bem
ou pleitear as perdas e danos.
167
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
CORRENTE 1) Há uma corrente que sustenta que a retrocessão gera para o expropriado
um vínculo pessoal, que ele somente poderia postular indenização por ter sido
preterido em relação ao direito de preferência. A parte tem que provar que sofreu um
prejuízo e que teria como arcar com a compra do imóvel.
168
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
A ADESTINAÇÃO ocorre quando o Poder Público não dá a destinação ao bem que previu
no ato expropriatório, ou seja, o Poder Público desapropria e não constroi nada no
terreno.
Tendo em vista que no DL 3365/41 não estabelece prazo para que a Administração dê
ao bem o destino mencionado no ato expropriatório surgiu discussão na doutrina sobre
o tema.
Em razão do acima exposto, alguns doutrinadores defendem que o prazo para a Adm.
Pública dar a destinação ao bem é, por anologia, o prazo de 5 anos (adotando-se o
prazo contra a Fazenda). O professor particularmente nao concorda com isso.
Casos Concretos:
Questão 1)
Olavo é proprietário de um bem que foi invadido pelo Município X, para a construção
de importante via pública na localidade, em fevereiro de 1990. Ocorre que, no
período em que aconteceu o apossamento pelo ente federativo em questão, Olavo
estava trabalhando fora do Brasil e só tomou conhecimento de tais fatos mais de 20
(vinte) anos após o ocorrido, em setembro de 2010. Inconformado, Olavo procurou
um advogado que verificou que o Município em questão, com vistas a regularizar o
ilícito cometido, fez editar um decreto expropriatório em 25 de julho de 1999, mas
não levou a efeito o respectivo pleito expropriatório, certo que somente em 14 de
maio de 2011 foi ajuizada a ação de desapropriação indireta, com vistas a obter a
indenização pela conduta do ente federativo. Diante dessa situação hipotética,
analise se está caracterizada a desapropriação indireta do bem de Olavo e enfrente
se a pretensão está fulminada pela prescrição, em consonância com a orientação do
C. STJ.
Resposta:
169
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
revogado. Consoante a regra de transição prevista no art. 2028 do CC, incide o prazo
de 10 anos do atual CC, contado a partir de sua entrada em vigor (11.1.2003)
Assim, tendo em vista que a ação foi proposta em 2011, antes do transcurso de 10 anos
da vigência do CC (11.1.2003), não restou configurada a prescrição no caso em tela.
Para o professor o cara que morava fora e não teve conhecimento disso não poderia
contar a prescrição.
Questão 2)
Resposta:
Não há como invocar o direito de extensão pois o caso em tela trata de dois imóveis
distintos. O direito de extensão só incide quando se tratar de desapropriação parcial
que envolve o mesmo imóvel. A presente questão deverá ser resolvida por
desapropriação indireta do segundo imóvel e não direito de extensão.
Questão 3)
170
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Resposta:
171
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Quando o inciso II exige prévia aprovação do Senado Federal, não há invasão do Senado
Federal na competência do Município, mas a proteção da competência da União em
tratar dos valores monetários (arts. 21, VII e 22, VII, da CF) e títulos da dívida pública
nada mais são do que uma espécie de valor monetário. Trata-se de desapropriação por
interesse social (finalidade mediata – política urbana).
172
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Trata-se, pois, de exceção a regra da CF que estabelece que a indenização terá que
ser feita em dinheiro.
O Município aqui desapropria não porque pretende usar o imóvel para um fim público,
mas sim porque o proprietário não deu ao imóvel uma destinação compatível com o
Plano Diretor.
Nos termos do art. 8 do EC, o Município terá prazo máximo de 5 anos para dar
destinação àquele imóvel compatível com o Plano Diretor.
ATENÇÃO!!!!
173
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Art. 184 da CF: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.”
DESAPROPRIAÇÃO-CONFISCO:
Art. 243 da CF: “As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º.”
174
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
O particular perderá o seu patrimônio, sem que haja qualquer compensação financeira,
até mesmo pelas benfeitorias realizadas. A finalidade dessa desapropriação, assim
como ocorre no art. 184 da CF, é o assentamento de colonos (finalidade mediata →
desapropriação por interesse coletivo).
ATENÇÃO!!!!
Estados da Federação não realizam desapropriações sancionatórias. A política
urbana é do Município. A política rural é da União. O combate ao cultivo das plantas
psicotrópicas é da União. Remanescem para o Estado somente aquelas
desapropriações comuns, ou seja, que servem a uma finalidade imediata.
Casos Concretos:
Questão 1)
175
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Resposta:
Quanto à impossibilidade de vistoriar imóvel que tenha sido invadido até dois anos da
ocupação, verifica-se que ocorreu a violação a direito liquido e certo invocado por
Perivaldo na medida em que o art. 2, par. 6 da Lei 8629 veda a vistoria de propriedade
que tenham sofrido esbulho motivado por conflito possessório nos dois anos seguintes
à ocupação. Entende-se que o proprietário fica impedido de exercer a função social da
sua propriedade rural quando o imóvel pe invadido.
Questão 2)
Resposta:
176
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
Resposta:
É a desapropriação confiscatória.
177
Emerj CPIII-A Direito Administrativo
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