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AULA Distribuigao de Energia META: Estudar 0 comportamento da distribuigio de energia e familiarizar © aluno com o uso de ferramentas estatisticas para analisar proble mas de fisica. OBJETIVOS: ‘Ao fim da aula os alunos deverao ser capa de: © Obter os microestados de um sistema. © Identificar 0 tipo de ensemble que melhor descreve os ex- perimentos bem como entender como podemos aplicar este conceito em sistemas encontrados no nosso dia-dia. Fazer nso das ferramentas estatisticas para determinar as propriedades macroseépicas do sistema, tais como a tempe- ura de um siste PRE-REQUISITOS © Contetido da primeira aula: © Tenham cursado ou estejam cursando a disciplina Introdugao a Fisica Estatistica. ee 3.1 Introdugao Caros alunos, nesta, aula serao realizados experimentos para compreendermos um pouco mais as propriedades fisicas de siste- ras constituidos por muitas particulas tais como os gases, liqidos © sélidos. Quando falamos em muitas particulas estamos falando que estamos interesados em descrever 6 comportamento de sis temas com nimero de particulas da ordem de 6,02 x 1078, nestas condigdes talver seja impossivel escrever as equagdes de movimento bem como conhecer a posigio ¢ a velocidade de todas as partfeu- Jas em todo instante de tempo, mesmo conhecendo as forgas de interagao entre as particulas, Compreender as propriedacles macrose6picas como a tempera- tura ¢ a capacidade térmica destes sistemas baseados puramente nas leis de Newton parece ser uma tarefa nao muito fitel, quase im- possivel, mesmo para os mais potentes computadores disponiveis atualmente. Para descrever estes sistemas faremos uso da fisiea estatistica, através da teoria dos ensembles de Gibbs que permite conectar as caracteristicas microscopicas com as propriedades ma- croseépicas encontradas na matéria. Vale salientar que os resul- tados aqni encontrados também podem ser usados para descrever as propriedades de sistemas quimicos ¢ hiol6gieos encontrado na natureza, dentre outros. Prof, Petrucio Barrozo 3.2 Revisao Sabemos que a termodinamica consegue explicar muitas pro- priedades macroseépicas facilmente medidas em laborat6rio, como a temperatura, pressio ¢ a capacidade térmica, mesmo sem consi- derar explicitamente as propriedades microscopicas das particulas que compée o sistema. No entanto, sabemos também que as pro- priedades macroseopicas da matéria siio uma consequéncia direta da interacao de cada 4tomo do material com os demais 4tomos do meio onde esta inserido e com o ambiente a sua volta, desta forma as propriedades macrosedpicas do sistema siio fortemente afetadas pelas caracteristicas de seus constituintes, por isso 6 fundamental relacionar 0 comportamento macroscépico de um sistema com a sua estrutura interna (microscépica). A mecanica estatistica es tabelece uma ponte entre a ciéncia empfrica da termodinamica (mactoscépica) com as propriedades da estrutura da materia (mi- croseépicas), Considere um sistema, isolado composto por win grande niimero NN de particulas. Estas particulas podem ser encontradas em quale quer um dos varios estados de energia Ki, B2, Es, .... permitido para o sistema, Em geral, os estados de energia podem ser: Quantizados - como os estados vibracionais ¢ rotacionais das moléculas e os estados estacionarios dos elétrons em torno do nucleo. Continuo - como acontece com a energia cinética de translagao das moléculas de um gas ¢ 0 espectro de radiacéo beta na de integragio radioativa, AULA A forma como as particnlas ocupam os niveis de enengias varia, no tempo e depende da interagao das particulas entre sie destas com 0 meio a sua volta, Num determinado instante o namero de partieulas em cada um dos estados de energia pode ser descrito por, n; particulas com energia Kj, ng particulas com energia Eo, © assim por diante. Desta forma a energia total do sistema pode ser dada por: Vue, (3.28) © 0 mimero total de particulas por: N=yon (3.29) 7 A sequencia de nimeros (ni, n2,Ns,...) constitui uma partigao do sistema. Esta sequéncia define um microestado do sistema con- sistente com o macroestado determinado pelo mimero de particu- las, energia total, estrutura de todas as particulas e 0s pardmetros externos O problema chave da mecanica estatistica ¢ encontrar a parti- céo ou a lei de distribuicao mais provavel para um sistema isolado, conhecendo a sua composigo. Uma vez encontrada a partigio mais provavel o problema. segninte é encontrar nm método para deduzir, a partir dela, as propriedades macrosedpicas tais como a temperatura, energia média, calor especifico do sistema. Os en- sembles de Gibbs relaciona os microsestados do sistema com suas propriedades macroscépicas. Os ensembles sio definidos pela. fun- Prof, Petrucio Barrozo a0 de distribuigao que os caract s ensembles mais importantes na descrigao de sistemas fisicos slo: Microcandnico - Descreve o comportamento de sistemas fecha- dos ¢ isolados, isto 6, neste sistema a energia e 0 mimero de particulas siio mantidos constante. Canénico - Descreve o comportamento de sistemas fechados mas em contato com um reservatério de calor, Neste sistema o néimero de particnlas ¢ mantido fixo mas a energia pode vae iar entorno de um valor médio, Gra-Candnico - Descreve o comportamento de sistemas abertos e em contato com um reservatorio de calor. Neste sistema o nfimero de particulas ¢ a energia pode variar. Para doterminar a lei de distribuigao de um sistema, podemos tentar virias hip6teses plausiveis até obtermos uma lei de distri buigio que esteja de acordo com os dados experimentais Atnalmente sio usadas trés leis de distribuigao, ou leis estatis- ticas, para descrever os sistemas fisicos # Distribnicgao de Maxwell-Boltzmann (Classica) ‘* Distribuicdo de Fermi-Dirac (Quantica) * Distribuicdo de Bose-Einstein (Quantica) Considere um sistema composto por um grande nimero de par ticulas idénticas, ou seja, particulas com mesina estrutura e compo- i¢do como acontece com um gés composto por uma tinica espéc de moléeulas ou com os elétzons livres en um metal. Suponha que AULA es} Jas podem ocupar os estadlos de energia Fi, Ba, Fs, que ha ny,n2,n3,... particulas em cada estado conforme mostrado m e e e £ e e e Figura 3.1: Distribuicao de particulas entre os diversos estados de energia. A energia total U ¢ o nfimero total de particulas NV sao dadas pelas equagies 3.28 ¢ 3.29, respectivamente. Se o sistema estiver isolado U e N so constantes. A primeira tarefa da mecanica estatistica ¢ determinar a proba- bilidade P de ocorréncia de uma dada partigéo (n1, n2, n3, ... ). O segundo passo consiste em calcular a distribuigdo correspondente an microestado de equilihrio do sistema, on saja, determinar a par- tigdo mais provével para o sistema dado o ntimero de particulas N ea energia U. Em um gis ideal classico a distribuigio de energia ou velocidade das particulas podem ser descritas pela distribuigéio de Maxwell- Prof, Petrucio Barrozo Boll: ‘sta distribuigao ann, fio restringe o niimero de partic las que podem ocupar um determinado estado de energia como acontece na distribuigaio de Fermi-Dirac, Contudo alguns estados de energia podem ter uma maior probabilidade de estar oeupados que outros. Em geral, os niveis de energia podem ter diferentes probabilidades intrinsecas (gi) de sere ocupados. Quanto maior © gi, maior a probabilidade de o estado ser ocupado. No equilibrio, a probabilidade P ¢ maxima e os niimeros de ocu- pacio nj séo proporcionais as probabilidades intrinsecas gi. Sendo assim, quanto maior for 6g; mais provavel ¢ que uma particula esteja no estado Ej. As parti uulas em equilfbrio tendem a favorecer os estados de energia mais baixa, de forma que as particulas em estados com energia mais elevada tendem a passar para estadas com energia mais baixa, ou seja, quanto maior for dcnergia Ey, menos provivel 6 que a particula esteja nesse estado quando se aleanga o equilfbrio estatistico. Uma expressio que satisfaz esta exigéncia ¢ uma expo- nencial negativa na forma e~9*:, onde 8 = 1/kpT’ ¢ um parametro positivo que esta relacionado com a temperatnra, B plausivel ad- mitir que 0 niimero de ocnpagao da partigao mais provavel ou de equilibrio devera ser da forma: N = zane, (3.30) n onde Z 6 chamada de fungao de partigao e ¢ dada por: 2= Done, (331) AULA Prof, Petrucio Barrozo Distribuicdo de Bnergia 3.3. Procedimento Experimental Para realizar este experimento utilizaremos dados (no minimo 10) niio viciados, ou seja, a probabilidade intrinseca de cada uma das faces @ a mesma (g = 1). As informagées deste experimento também poderdo ser abtidos através do uso de software consulte seu professor. Experimentos * Os alunos deverdo se juntar em grupos de no méximo cinco alunos, * Cada aluno do grupo deveré efetuar 400 langamentos de um grupo de 10 dades (no easo de 5 alunos sera obtieles 2000 langamentos).. © Para cada um destes langamentos serao anotados 08 mimeros de ocorréncias de cada um dos valores da face que apareceu voltada para cima em cada um dos dados. Use como modelo a tabela a seguir. Considere que um dado com a face 1 para cima corresponde a ima. enorgia de 1, se a face for 2, a energia 6 2 6 assim por diante, Em cada langamento deveré ter my ocorréncias do niimero 1, my ocorréncias do mimero 2, etc. Cada lancamento corresponde a um microestado (m1, n2,ns,...), que nao é obrigatoriamente o mais, provavel ee Prof, Petrucio Barrozo AULA VALOR [ENERGIA Dado-1 Dado-2 Dado-3 Dado-4 Dado-5 Dado-6 Dado-7 Dado-s Dado-8 Dado-10 Figura 3.2: Modelo de tabela a ser preenchida com os resultados dos lancamentos Utilizando a equacao 3.28, calcule a energia total deste microes- tado e coloque também na tabela, Para cada um dos langamentos subsequentes faga o mesmo célculo para obter a energia total do sistema para cada dado microestado. ATIVIDADES 1. Diseuta com seus colegas sobre a validade da distribuigao de Maxwell-Boltzmann para descrever o experimento aqui proposto. eve melhor 03 resultados obtidos? 2. Qual ensemble dese Prof, Petrucio Barrozo Distribuicdo de Bnergia 3. Construa um histograma mostrando a distribuigao da energia total. © Qual 6 a energia mais provével (ou distribuigao de da- dos)? 4. Selecione aqueles langamentos cuja energia total ¢ igual a 20. Organize uma tabela indicando os niimeros de ocorréncias de cada face (microestados) ‘* Neste caso o ensemble usado para descrever os dados ¢ © mesmo? Explique sua resposta. ‘* Calcule o néimero médio de ocorréncia de cada uma das faces, ++ Uso a oquiagao 3.30 quo fornece uma rolagiio entra © nit mero médio de ocorréncia, de cada uma das faces com a energia de cada face faga um grafico apropriado que possibilite obter os valores muméricos de Z e de B. DICA: Faga uma linearizagio da equacio 3.30 ¢ use os coeficiente angular ¢ linear para caleular o que € s0- licitado. Note que N = 10. * Utilize o valor de 8 obtido no gréfico ¢ substitua na equagao 3.31. = 0 valor de % ¢ confirmado? 5. Repita o procedimento 2 para valores diferente de energia (Use pelo menos mais dois valores de Energia) ch Prof, Petrucio Barrozo 6. Obtenha o valor da entropia e da temperatura para as tres energias usadas. Como estes parimetros variam com a energia total? 8. Como voce interpreta esta variagio? 9. Elabore um relatério com os daclos obtidos neste experimento respondendo todas as perguntas encontradas nas atividades aqui propostas. OBS: Use as recomendacdes para confeccao do relatério dado na aula 2. RESUMO Na anla de hoje, vimos através de experimentos como obter os microestados de um sistema, aprendemos a determinar a fungao de partici e como encontrar 0 estado de energia mais provivel (cquilibrio). Destacamos a importaneia dos ensembles de Gibbs na descrig&o de sistemas fisicos e mostramos como obter as propri- edades macroscopicas do sistema atraves desta teoria. AULA Prof, Petrucio Barrozo Distrib a En PROXIMA AULA Na préxima aula iremas abordar nosso primeiro experimento sobre a fisica da matéria, condensada. Neste experimento veremos, do ponto de vista fenomenologico, o efeito da temperatura nas propriedades elétricas dos materiais. Mais precisamente, entende- remos melhor os mecanismos de condugao ¢ a teoria de bandas em sélidos. Reveja a primeira aula. Bons estudos AUTO-AVALIACAO 1. Eu sei o que é a partigio de um sistema? 2, Eu sei determinar a particao de um sistema? 3. Eu sei distinguir os diferentes ipos de ensembles? 4. Conhecendo o ensemble eu sei determinar as propriedades mactosebpicas do sistema? Prof, Petrucio Barrozo AULA LEITURA COMPLEMENTAR [1 ] SALINAS, Silvio R. A., Introducdo a Fisica Estatistica, * Edigao, Sao Paulo: Editora da USP, 2008. [2 ] REIF, F., Fundamentals of Statistical and Thermal Physics, USA:Waveland Press, Inc., 2009. 'yogo, Statistical Mechanies,New Yourk: Elsevier, 3. | KUBO, Ryogo, Statistical Mechanies,New Yourk: El 1978. [4 | Notas de aula, curso de laboratorio de fisica estatistica e da matéria condensada, DFI-UFS.

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