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MANUAL DE TECNICAS PARA A PREPARACAO DE COLECGES ZOOLOGICAS 10. ROTIFERA REIMAR SCHADEN SAO PAULO 1985, SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOLOGIA MANUAL DE TECNICAS PARA A PREPARACAO DE COLECOES ZOOLOGICAS Sio Paulo, SP 1985 10. ROTIFERA REIMAR SCHADEN 2. INTRODUGAO Os Rotiferos formam uum grupo de animais ainda muito pouco estudado pelos zo¢logos brasileiros, malgrado o grande interesse que apresentam nos mais variados aspectos de sua sistemética e bionomia. Deve-se isto, entre ou tros motivos, provavelmente ao dificil manuseio destes organismos microscé- Picos ¢ as técnicas, as yezes demoradas, para a sua preparacio. Para os que se iniciam neste téxon, recomenda-e um aprofundado estudo de sua anatomia © seu sistema em um dos conceituados trabalhos que versam sobte estes assuntos, por exemplo os de Remane, 1929/33, Hyman, 1951, Voigt, 1956/57, Beauchamp, 1955, Donner, 1955, © Koste, 1978, entre outros, Estes tépicos no serio abordados neste ‘capitulo, que ficaré restrito a indicacdes € recomendacdes sobre a metodologia do estudo dos Rotiferos, por vezes apli- céyeis também a tratamento dispensedo a outros invertebrados microscSpicos aquéticos (Protozodrios, Nemétodos, Tardigrados, Cladéceros, Copépodos, etc.) Como a grande maioria das espécies de Rotiferos € muito sensivel a qual quer influéncia externa, a minima alteracio das condices ambientais provoca uma imediata © yiolenta contragio do seu corpo. Fixados em tal condigio, & queles Rotiferos desprovidos de Idrica so praticamente indetermindveis, tor- nandose necessério 0 exame de material vivo. Por outro lado, os caracteres liteis para a determinacto das formas loricadas encontram-se em grande parte na carapaya, sendo melhor evidenciados quase sempre quando os animais esto contraidos. Assim, conforme o material a ser estudado ou as finalidades a que se propde um trabalho, 0 pesquisador terd que proceder 4 observaco vital ou ao exame de material fixado. Em qualquer caso, ¢ imprescindfyel o uso de uma lupa binocular © de um microsc6pio de grande aumento, provido de equipamento de contraste de fase. Os demais apetrechos ¢ instrumentos necessdrios a0 estudo dos Rotiferos serdo mencionados e descritos nos diversos t6picos do capitulo. 2 OCORRENCIA Os Rotiferos constituem um grupo taxonémico eminentemente limnico, hhavendo muito poucas espécies no mar ou na dgua salobra, assim como epi: z6icas ou parasiticas. Os mais diferentes ambientes aquéticos e semiaquaticos ‘sfio por eles habitados. Nos corpos ¢’4gua Iénticos, muitos so intégrantes importantes do pline- ton, do bentos, principalmente 0 errante, do perifiton e do periliton, como também do psimon. Em ambientes Iéticos, nfo ocorrem apenas nos remansos, mss mesmo em locas de correnteza mais répida, sobre as hidréita, por exem- plo. Quanto aos microlimnétopos, sto encontrados nfo somente em pogas tem- pordrias, mas também nos actimulos de égua pluvial, em ocos de pau, nas axi- las de folhas (tais como os formados em Bromclidcces), ¢ em olhos d’égua Programa, Nacional de Zoologia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Clentifico Teenologico, Brasfiia, DF. 10.10 dos pantanos, ete. Certas espécies sio habitantes regulares da agua que se tantém entre os folfolos de musgos e os talos de liquens, e do solo amid ‘HG, dentre os Rotiferos, alguns que sio ‘encontrados em condigdes ambi- entais extremas, como por exemplo sobre a superficie da neve e em aguas termais. Esta diversidade de habitats em que ocorrem os Rotiferos, ¢ a decorrente multiplicidade de variagdes morfoldgicas € adaptativas que apresentam, exigem um considerdvel ntimero de técnicas © métodos para a sua coleta, prepara go, cultura ¢ estudo. 3 COLETA, Para a coleta de Rotiferos peldgicos, deve-se dispor de uma rede de planc- ton, confeccionada com gaze de seda (para peneira de moinho) de malha no 25, ou, melhor ainda, com tecido de “nylon” ou outra fibra sintética, de ma- has stificientemente finas (cerca de 40 (im) . E uma rede cOnica, com a aber- tua maior (“boca”) sustentada por, uma argola,de metal, © com um fresco de coleta afixado 4 extremidade posterior (fig. 1). A rede pode variar de tamanho, obedecendo, de acordo com Schwoerbel, 1966, & proporcdo 1 : 4 entre o diametro da boca e 0 comprimento; usualmente a boca tem 10 a 30 cm de diametro, ¢ 0 comprimento da rede € de 40 cm a 1,2 m. Redes de porte maior sao puxadas por meio de um cordao trangado, de algodao encerado ou “nylon”, preso & argola da boca. Sio jogadas da margem ou de dentro de um barco, ¢ arrastadas lentamente. Redes menores podem ter, fem substituig2o a0 cordao, um cabo (vara ou haste) fixado & argola da boca; Se for muito comprido, este cabo poderd ser telescdpico, ou formado de diver- 0s pedagos atarraxados ou encaixados entre si. Com este dispositive poderao ser tomadas smostras de regides um pouco mais profundas de um lago. Streble & Krauter, 1975, recomendam gitar neste caso o cabo para fechar ‘a rede, antes de icéla. Lincoln & Sheals, 1979, apresentam uma rede ae plincton com um simples mas eficiente mecanismo de fechamento (fig. 2) + uum segundo cordio, além do de tracdo, passa por uma série de argolas presas circularmente ao redor da rede, aproximadamente a 1/3 da sua extensio; quando do igemento, um simples puxio neste segundo cordao feré com que a rede se feche. ‘O frasco de coleta da rede, de metal ou plistico, deve ter, de preferéncia. lum dispositive que permita uma répida retirada de seu contetdo, para maior comodidade de manuselo (iy. 3). Ha 1edes comerciais provides de fracco com torneirinha, extremamente préticas. Se uma tal rede néo estiver disponivel, deve-se dar preferéncia a uma com frasco destacdvel ou com fundo fechado com rolha ou tampa aterraxads; neste casos, € recomendavel que @ rolha ov tampa esteja presa a um barbante com a outra extremidade amarrada ao pro- prio frasco, mais acima, ou na argola da rede; evitam-se, assim, desagradaveis surpresas devidas @ perda de rolha ou tampa. Conforme as finalidades do estudo, a rede deve ser arrastada vertical ou horizontalmente. Para fins de estudos comparativos, € necessdrio que se use sempre redes com a mesma abertura de malha. Quando, em uma excursio, nio se dispoe de um niimero suficiente de redes, uma para cada corpo d’égua examinado, devese ter a precaucdo de layé-las muiio bem com 4gua, antes fe apés cada coleta, No laboratério, as redes devem ser lavadas imedictamente ‘apés a volta da excursio, com agua e detergente neutro, © penduradas livre mente, no escuro, para secagem. ‘Os Rotiferos que ocorrem na Agua do cinturdio de maeréfitas, entre os ‘vegetais, néo podem ser coletados diretamente com uma rede de pléncton sem Que ocorra mistura com formas do perifiton; um recipiente de tamanho apro- priado, de 3a 5 litres talvez, de boca larga, serve para retirar a 4gua superfi- ial desta zona, que entfio & coada através de uma pequena rede de plancton. Obtém-se, assim, suficiente quantidade de material para estudo. © transporte das amostras vivas para o laboratorio faz-se adequadamente ‘em frascos de pléstico (polietileno) de pelo menos 100 cm* de volume. Para evitarse a asfixia dos animais, estes frascos devem ser enchidos até no méxi- O 10.2 Fig.1 Fig. 1 — Redes de plancton, com colarinho de tecido ao tedor da argola da boca: a, com cabo fixo; b. com cordio; c. cabo telescépico. 10.50 Fig.2 Fig. 2— Rede de plancton com mecanismo de fechamento: a. durante 0 srrasto; b. ap6s fechamento pela tragio no segundo cordéo (baseado em Lincoln & Sheals). RANEY a b c d Fig.3 com torneirinha; b. com Fig. 3 — Frascos de coleta de redes de plancton: rolha; ¢, com tampa atarraxdvel; d. em baioncia. O 10.4 mo @ metade, mantendose-os em seguida em lugar fresco e sombreedo, tal- vez em uma caixa de isopor, na qual também se depositam algumas poucas pedres de gelo, O tretamento dispensado a amostras a serem fixadas seré visto no t6pico 8 (Fixagio e Conservacao). No laborat6rio, os frascos com as amostras devem ser mantidos abertos (cobertos apenas com um pano sobre a boca), em lugar bem ventilado e com luz difusa. “Calor ¢ luz solar dircta significam a morte dos animais” (Wulfert, 1969). Voigt, 1956/57 adverte sobre « acdo predatéria de Copépodos porven- tura existentes na amostra, e lembra que o diSxido de carbono, aplicado A mesma, anestesia estes antes do que os Rotiferos, de modo que os animais po- dem ser separados quando a agua for despejada em outro frasco, no momento oportuno. Em um fresco com uma amostra de égua, os Rotiferos acumulam-se sob a superficie devido ac decréscimo gradual de oxigénio, no lado voltado & luz mais intensa, de onde podem ser coletados facilmente por meio de uma pipete. Galliford, 1961/62, recomenda que as pipetas possuam um bulbo ao melo, para evitar que a agua com os espécimes seja sugada para dentro do baldo de borracha (fig. 4). Pode-se obier uma maior concentragao dos animais despejandose a amostra em um Erlenmeyer ou garrafa de gargalo estreito, enchendo-se-a até junto a boca, e escurecendo-se 0 seu bojo com um pano escuro; os Rotiferos entdo se desiocario para o gargelo iluminado, Uma outra maneira de se conseguir uma concentragio maior de Rotiferos contides em uma amostra do pelagial ¢ centrifugé-la brandamente; 6 preciso, porém, tomar muito euidado neste caso, pois uma centrifugagdo excessivamente forte esmigalhard os animais, Para a coleta das diminutas formas que passam pelas malhas mais finas de uma rede de plancton, Edmondson, 1959 indica o uso de filtros Millepore, que podem ser observados diretamente ou lavados com a piSpria égua de coleta, ‘Os machos devem ser procurados, de acordo com Voigt, 1956/57, por ccasiéo da maior freqiiéncia das fémeas ou da ocorréncia dos ovos de latén em amostras coletadas & noite ou de madrugada, Na coleta de formes bentOnicas da superficie de sedimentos lodosos, deve ser evitado 0 uso das conyencionais dragas de fundo, por exemplo a de Ekman, pois estes aparelhos, quando so abertos, revolvem em demasia a fina camada superficial do sedimento em que se encontram os Rotiferos, Mais indicados so tubos de vidro ou de plastico, com 30 a 60 cm de comprimento ¢ 6 a 7 mm de diimetro, a que estio adaptados balées de borracha, como os usados para clister (“pipeta gigante”), com os quais se coleta na superficie do sedimento (Koste, 1978; Streble & Krauter, 1973). Devido is condigdes limnoquimicas peculiares deste biétopo, estas amostras devem ser examinadas ou preparadas (fixadas) imediatamente apés a sua coleta, No exame de sedimentos sao enconirados, com freatiéncia, as loricas de espécies raras. Sobre restos vegetais semidecompostos (folhas, gravetos) acumulados no fundo de um lago ou Iagoa, dos microlimnotopos, ou mesmo de um corpo d'dgua corrente, sempre so encontradas formes sésseis. Este material deve ser levado 20 laboratério em frascos maiores (de 1/2 litro de volume, por exemplo), em dgua do proprio ambiente. A fauna de Rotiferos da arcia ou do lodo Gmido do litoral pode ser obtids através da retirada de Agua intersticial, que traz consigo os animais. Para tanto, basta comprimit uma colher, ou objeto semelhante, cobre o subs- trato, recolhendo-se em seguida a agua que venha a preenchéls. A fim de se ‘obter material de poredes mais profundas do higropsimon, cave-se um buraco a 0 Iengol freitico, © deixase passar a qua acumulada, juntamente com eventual detrito, por uma rede de plancton. Uma outra técnica consiste em se retirar uma coluna do substrato por meio de tubos, que, quando socada sobre uma base firme, desprenderd grande parte da dgua intersticial na superficie, € que poderé ser pipetada diretamente, Galliford, 1961/62, aplica a seguinte técnica para obter Rotiferos que vivem na areia do fundo de'um corpo d’égua: em um frasco é coletada a amostra 10.50 Fig.4 Fig. 4 — Pipetas: a, com bulbo; b. de Spemann. B 10.6 do substrato, ¢, em uma segunda garrefa, uma suficiente quantidade de égua do ambiente; n0 laboratério, esta dltima é muito bem filtrade, e acrescentada entdo & amostra, que € agitada vigorosamente durante alguns minutos; logo apés a deposicéo da areia, a égua sobrenadante é despejada em um outro frasco, € 0 seu contetido examinado. Para obtengio da rica fauna que existe sobre as macréfitas (perifiton), estas devem ser colhidas com auxilio de um gancho apropriedo (fig. 5), que as arrancaré do fundo, ou de uma faca, afixada talvez a uma vara curta, com @ qual se cortard os vegetais na profundidade desejads. Este material’ deve ser colocado, inteiro ou em pedacos maiores, em recipientes grandes, de boca larga, com suficiente gua do proprio ambiente, ¢ levado 20 laboratorio para exame direto. Podese também expremer os vegetais ou agité-los vigorosamente em agua do local de que foram retirados, ¢ passé-la por uma rede de plincion. Seo caminho até o laboratério néo for muito longo, pode-se transportar as hidréfitas isoladamente em sacos plisticos, com alguma umidade; porém, € necessério colocélas em Agua do local de coleta imediatamente apés a chegada. ‘As massas gelatinosas quo cobrem vegetais submeisos © a superficie infe- rior de folhas flutuantes, ou pedras ¢ madeira submersas, deyem ser raspadas cuidadosamente com uma espitula de madeira, ou retiradas com auxilio de um pincel mole. Os tapetes de algas verdes ¢ as barbas de lodo cinzento encon- trados nos tios sio levados ao laboratdrio tal qual sfio com suficiente quanti- dade de égua local. Amostras de musgos, Nquens, serapilheira ¢ solo podem ser colhidas e transportedas diretamente em sacos pldsticos, com um pouco de umidade. Deyem ser examinadas em tempo relativamente breve, de preferéncia; porém, se forem mantidas em ambiente fechsdo, com sua umidade natural e eventuais acréscimos de algumas gotas de dgue fervida, resistirao durante algum tempo (dias a poucas semanas), podendo ocorrer uma sucesso de espécies. Muitos dos Rotiferos af encontrados sobrevivem a periodos maiores de seca, em estado de anabiose. Assim, podem ser reavidos de musgo estocado e seco, embebendo-se © material bruto em dgua fervida ((gua “mole”), durante algumes horas, ¢ agitando-se- vigorosamente em seguida na mesma, Podese isolar Bdeldideos, esmigalhando © pencirando-se musgo seco, © retirando-se, com uma agulha ume- decida, os pequenos grumos avermelhados ou marromdourades que ai se en- contram; transferidos para uma gota de extrato aquoso de solo ou folhas sccas, 98 animais sairdo do estado de anabiose em que permaneciam (Janson, 1893 in Voigt, 1956/57). Recomenda-se a coleta de Bdeldideos de musgos apés perio- dos de seca, quando os animais apresentam maior intensidade reprodutiva (Don- ner, 1951 in Voigt 1956/57). Em sendo as diversas formas de ovos elementos importantes para a co racterizacio taxonémica de muitas espécies, a sus coleta e observagio, junte- mente com as dos prdprios espécimes, no devem ser descuidadas, Em qual quer situaciio em que aparecam, deve-se dedicar-Ihes especial atencio. Nao se deve jamais deixar de anotar, durante ou imediatamente apés qual- quer coleta, os dados de coleta e ambientais. 4. OBSERVACKO VITAL Sempre que possivel, deve-se dar preferencia ao estudo de espécimens vivos sobre o de fixados. Nao apenes a identificacdo taxondmica de Rotiferos ilorica- dos cxige a obscrvagiio vital, como também freqientemente o estudo de sua anatomia, pois os animais fixados estéo muitas vezes contrafdos de tal forma que ndo permitem chegar a conclusies suficientemente seguras sobre a ua real estrutura; “O leve tremor dos drgios internos permite delimité-los melhor, js so totalmente transparentes apenas em vida” (Donner, 1966), isso, a quase totalidade das manifestacdes vitais e da bionomia pratica. mente 36 pode ser observada em animais vivos, por exempla a lacomacio, 4 alimentacao, a construgdo de envoltérios e abrigos, os fenddmenos reprodutivos, etc, Por esses motivos, as amostras devem ser examinadas 0 mais depressa possivel apds a coleia, 10.70 Fig.5 Fig. 5 — Gancho para coleta de hidréfitas (baseado em Galliford) 0D 10.8 ie material vivo requer alguns cuidados especiais, em lade dos Rotiferos, principalmente os iloricados, as variagdes das condigdes ambientais. Geralmente: contraem-se fortemente quando colocados entre lamina e laminula, exigindo muita paciéncia do observador, principalmente para o exame de animais totalmente distendidos. Bdeldideos contrafdos sob a laminula podem ser levados a uma distencdo completa durante ‘curto tempo pela adigfo de uma pequena quantidade de hidréxido de potassio (Voigt, 1956/57). Para a observacio de espécimes vivos lupa ou 20 microscépio, & reco- mendavel_o uso de vidros de reldgio ou laminas escavadas. Para o exame mais pormenorizado, os animais devem set isolados em Ifiminas de microscopia co- mins, € cobertos com Iaminula. O isolamento pode ser feito simplesmente com ume convencional pipeta de ponta fina, ou uma pipeta de Spemann (fig. 4); esta dltima possui uma abertura lateral coberta por um tubo de borracha fina passado sobre © corpo da pipeta, de modo que, com leves pressGes digitais, pode-se sugar quantidades minimas de ggua com material de exame, transfe- rindo-se 0 animal para uma gota previamente depositada na limino. Freqiion temente ocotre que os animais permanecem aderidos & parede interna da pi- peta, sendo aconselhivel ento “lavé-la” diversas vezes com a prépria 4gua da gota. Excesso de dgua pode ser retirado por meio de tiras de papel de filtro; isto deve ocorrer concomitantemente & observacdo pelo instrumento éptico, para verificarse quando o animal esté levemente comprimido, o que dificulta ‘a sua locomogdo ¢ facilita 0 exame. As laminulas podem ser providas com pezinhos de cera ow plastilina, para evitar o esmagamenio dos animais, mas ‘hi 0 inconveniente de se imobilizar as laminulas até certo grau. Evita-se desde © infcio o esmagamento dos animais através do controle do tamanho da gota d’égua na limina: se esta for muito pequena, haveré também incluso de bolhas de ar, além do esmagamento dos animais, se muito grande, estes nadario ara o excesso de égua fora da laminula, Wulfert, 1969, Donner, 1966 ¢ Koste, 1978 aconselham 0 uso de laminas maiores (4x 8 cm), que permitem um des. Jocamento mais facil das lamfnulas. Em qualquer caso, deve-se proceder a um cuidadoso exame também do detrito depositado no fundo do frasco de coleta. ‘As espécies do perifiton podem ser observadss, @ lupa binocular, direta- mente sobre pedayos cortados do substrato vegetal, colocados em yidro de relégio. Inicialmente deve ser aycriguado © aspecto nounal © caravieriotivy dv eni- mal em movimento e em repouso, assim como a forma geral do corpo. Nos Monogononta, atentar para a eventual ocorréncia de uma coloracéo natural de todo o animal ou de alguma de suas partes, estrutura da coroa e de seus Grgios sensoriais, formagdo de auriculas, posicéo e forma de antenes dorsal ¢ lateral, ocorréncia de antena caudal, estrutura do pé, posigéo, forma € cor da mancha ocelar, ocorréncia de glandulas subcerebral e salivares, forma Go. Oreo retrocerebral, de elementos acessorios do méstax, de apéndices estomacais, etc. (Voigt, 1956/57). A observago da coroa ciliada € a mais dificil de ser conseguida, pois este tgio 6 © primeiro a se contrair ¢ 0 ultimo a se expandir, além de estar cons: tantemente em movimento; as vezes permanece expandida apenas por segundos. Oferta de alimento, leves batidas na preparagéo ow iluminagéo mais intense podem ajudar em alguns casos. No estudo do trato digestivo, podem ocorrer dificuldades na visualizacto de suas partes, principalmente nos Habrotrochidae, devidas & estrutura do estOmago, Nesta familia, segundo Donner, 1966, “um pequeno tubo posterior 80 méstax pode causar confusio, o tubo estomacal verdadeiro atinge a porgio terminal do tronco”, © autor recomenda alimentar os animais com granulos de carmim, que porém nem sempre sio cceitos. A fim de nfo confundir as pilulas alimentares dex Hahrotrachidae com as bolotas de substincia de reserva armazenadas na substincia viva, 0 mesmo procedimento com carmin pode auxi- lier; também a eventual cbservacdo de pilulas eliminadas ajuda a resolver a questo. Uma leve pressao sobre a laminula pode tomar-se necesséria. 10.90

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