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Podemos citar aqui casos como as parcerias com a Fundação Civita e o Instituto Ayrton Senna, como
polêmicos em vista da transferência de recursos, mas por outro lado, a visão da tecnologia no aspecto da
informática como panaceia para todos os males nos parece mais uma vez, apenas um “fast food” educativo a
desviar a fome perene de investimentos seguros e constantes em valorização docente.
da incorporação, é visível o choque gerado na administração dos recursos, quando o Estado
incorpora uma iniciativa antes levada a cabo por uma entidade da sociedade civil, além dos
desafios da continuidade, diante da prática comum na sucessão de governos de extinguir
programas adotados com sucesso, por comezinhas questões de rivalidade política com
antecessores ou sucessores. Dessa forma permanece entre a população vinculada ao programa
dantes exitoso a desconfiança de sua efetividade quando da transição de uma sustentação do
programa de uma Organização Não Governamental para o Estado2.
Uma vez que não constituem titulares de direitos prontos e acabados, sabemos que
coexistem, além dos espaços conhecidos, a possibilidade de ampliação e criação de novos
direitos, novos espaços e novos instrumentos, qual o papel da escola pública na educação para
esta participação? A questão então consiste no alcance e validade destes instrumentos em
relação ao conhecimento e compreensão das pessoas que atuam. Outro ponto, o alcance real
destes espaços enquanto esfera decisória. Tratando-se porém de ampliações às pretensões aqui
propostas, desejamos aqui lançar as provocações sobre quais os sentidos da educação para a
participação cidadã percebemos.
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Em Ipojuca, a Associação Beneficente de Camela, pequena localidade predominantemente canavieira em
Ipojuca, mantinha com suporte de uma ONG local, (sendo esta já suportada por uma ONG internacional) uma
creche para cerca de cinqüenta crianças. A entidade internacional decidiu encerrar seu auxílio ao Brasil e
beneficiar o continente africano, e na reunião sobre saídas possíveis, a associação apontou como caminho
almejado... a busca de outra ONG. A possível pressão a ser exercida por ela – e sugerida pela ONG local- que
era a incorporação da educação infantil pela prefeitura de Ipojuca, esbarrou na realidade: com a justificativa de
que o custeio do ensino de um a quatro anos não está entre as prioridades da Prefeitura de Ipojuca, a prefeitura
concordou em custear apenas a merenda da creche, oferecendo 0,19 centavos por criança/dia, em face dos 0,45
centavos oferecidos pela ONG, sem sequer discutir a remuneração de professoras. Dados colhidos em trabalho
voluntário, ocorrido em 2007 e publicizado em nossa tese citada ao fim nas referências.
pública e a política começa a se constituir numa esfera administrativa atribuída ao Estado. Aqui
vemos, entre outras razões, possivelmente, a justificativa de posturas como as capitaneadas
pelo movimento Escola Sem Partido3, quando a dissociação entre a educação e a participação
política não seria, na verdade, possível nem desejada. O espaço público, acrescenta Hannah
Arendt, transcende o ciclo vital das gerações, “perpetuando os feitos dos homens célebres,
constituindo-se na memória e no capital de um povo”. Mesmo a igualdade, necessária no
espaço público, constitui-se de uma igualdade de desiguais, que, a despeito de suas
particularidades e peculiaridades, atuam sob a necessidade de serem considerados iguais sob
certos aspectos e por motivos específicos (ARENDT, 1987, p.257). Não por acaso, a mesma
teórica reflete que a educação compreende a tarefa histórica de decidirmos se amamos nossas
crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las aos seus próprios
recursos e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender algo novo e
imprevisto para nós (ARENDT, 1972, p.247.).
Fortalecidos os movimentos e ONGS pelo período de oposição e pós Ditadura
Militar no Brasil, a ideia de sociedade civil terminou em alguns casos, a tornar-se sinônimo do
que se contrapunha ao Estado ditatorial. Nessa concepção, também ganhou corpo a ideia
discutível de que tudo que proviesse da “sociedade civil” seria positivo, em oposição ao
Estado. Nas prática a ideologia neoliberal parece que tomou posse de um perigoso
maniqueísmo que demoniza o estatal e desloca para um suposto terceiro setor que no fundo se
situaria para além do Estado e do mercado, acriticamente.
Naturalmente, desta forma, nem todo movimento nomeado social representa uma
aspiração coletiva ou fortalecimento dos direitos humanos. Há diversos movimentos cuja
principal característica é a presença de forças desagregadoras, à medida que implicam em geral
na destruição de pessoas, e não de atitudes, razão pela qual é inócua a noção de
fortalecimento para participação pública acrítica, que não contemple o respeito aos direitos
humanos como base para discussão. Mais que isso, a diferença primordial, acima de qualquer
outra, é o fato de que elas visam o não reconhecimento do outro. Relembrando Van
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O movimento “Escola Sem Partido” fala em “neutralidade” e “educação sem doutrinação”, propondo projetos
de lei com forte conteúdo contraditório, como, por exemplo, a associação entre pluralidade como resultado da
suposta neutralidade e “o Poder Público não se imiscuirá na orientação sexual dos alunos” para na mesma
sentença concluir que esta orientação deve obrigatoriamente ter “harmonia com a identidade sexual biológica”
do indivíduo. Mis concepções curiosas como a denúncia anônima, pode ser encontrada em
<http://escolasempartido.org/component/content/article/2-uncategorised/484-anteprojeto-de-lei-estadual-e-
minuta-de-justificativa> acesso em 27 de março de 2016.
Gunsteren, “as ações próprias dos cidadãos são somente aquelas que tendem a manter, e
possíveis de incrementar, o exercício da cidadania (VAN GUNSTEREN, 1987, p.26).
Na década de noventa, as Organizações Não-Governamentais (ONGS) passaram a
ter muito mais importância que os próprios movimentos sociais que inicialmente as inspiraram.
A despeito das críticas, indispensáveis, o valor relevante neste resgate de espaços de discussão,
atualmente impulsionado por estas organizações, o saldo ainda pode ser caracterizado em
sentido positivo. Eventuais ajustes no agir e pensar não devem ser apontadas como fatais. A
questão é que ONGs, “pedagogicamente”, assumiram inicialmente a tarefa da capacitação para
o espaço público, na recriação do sentimento da unidade em discutir demandas coletivas.
Uma das críticas significativas corresponde que ONGs, por vezes, acabam por
caracterizar um espaço essencialmente de pesquisa, o que em si não seria um problema se não
fincassem sua existência em cunho diverso. Parece-nos o caso onde as pesquisas tornam-se
substitutos para ação, ou na fala de Gohn, é grande o número de militantes/assessores de
movimentos, advindos de ONGS, que tem adentrado aos programas de pós-graduação da
academia. Completa a pesquisadora: “vários deles, após qualificados, tornam-se professores
universitários e voltam-se inteiramente para a academia, ficando o movimento apenas como
objeto de estudos e pesquisas. As ONGS permanecem como estágios laboratoriais de iniciação
participativa” (GOHN, 2003, p.17) Tal postura subverte a noção de formação educativa e
compartilhamento de saberes para vícios velhos conhecidos. Aliás, nesse sentido, filiamo-nos,
visto em testemunho pessoal que muitos/as até retornam. Na bem remunerada categoria de
consultores/as.
Para nós, a pedra angular deste item pode ser focada claramente na discussão do
falar com ao falar por. Vemos aqui, novamente, uma espiral perversa: é comum a opção pelo
falar por, calcada numa possível dificuldade de se identificar no espaço de opressão (e nesse
sentido a utilidade dos Holidays de ocasião4. E ao mesmo tempo não apenas essa ausência de
qualificação crítica pode decorrer em parte das lacunas nos espaços de educação formal como,
presentemente, o discurso do apartidarismo e “rejeição de ideologias” (sic) sobre sexualidade
apenas agudizam esses abismos de compreensão. Em resumo: se por um lado queixas sobre
falta de crítica, de interesse e percepção da importância da participação social, empoderamento
e fala pública cidadã são fatos, parece-nos bastante perigosa sua justificação para o surgimento
4
Personagem controverso, o estudante Holiday posiciona-se como jovem negro contra cotas e apoiador de
movimentos contraditórios. Para saber mais, recomendamos o artigo “Quem inventou Fernando Holiday?”
disponível em <http://www.blogdacidadania.com.br/2015/03/quem-inventou-fernando-holiday/> acessado em 22
de março de 2016.
de ídolos e heróis que falarão pelas “massas oprimidas”. Por outro lado, o fortalecimento de
ações democráticas na escola, o espaço para a reflexão, o debate e o indispensável lócus de
transição de espaço semipúblico no espaço escolar poucas vezes se assemelhou tanto ao
período ditatorial, com ameaças de prisão a docentes e violações ao debate sobre os direitos
humanos neste espaço. Aliás Arendt coloca uma provocação interessante: “se você se atém à
história das revoluções verá que nunca foram os próprios oprimidos e degradados que
mostraram o caminho, mas aqueles que não eram degradados e oprimidos e não podiam
suportar que os outros o fossem” (ARENDT, 2004, p.176). A linha, vemos, é muito tênue.
No processo, ainda encontram-se à margem movimentos sociais de pequeno porte,
e centenas de pequenas organizações, que ainda não possuem identidade institucional clara ou
visibilidade, mas que lutam em torno de questões específicas e locais, como agricultura,
associações de moradores/as, meio ambiente, cuja relevância é justamente de demonstrar a
capacidade autônoma da cidadania por pessoas comuns (CASTRO, 2004, p.75). A essas
pessoas, contudo, por vezes, não resta possibilidade de interação e participação em outras
esferas, que terminam por serem representadas repetidamente por organizações maiores, nem
sempre com “capilaridade social” marcante. Nas palavras de Leda Castro, “é como se essa
organização se mantivesse na superfície do tecido social, não chegando às bases, não
impregnando os indivíduos, seus valores, suas condutas. E não levando a um novo modo de
fazer política e de regular a ação do Estado” (CASTRO, 2004, p.75).
Não se trata, aqui, de meramente criticar o trabalho realizado pelo terceiro setor, até
porque, se as ONGs têm assumido o importante papel da capacitação da fala pública constitui-
se pelo fato que acreditam na necessidade da representação política ir além da mera democracia
representativa. A crítica presente está na proposta para que se abandonem ideias românticas no
sentido de que através dos espaços e dos representantes integrados às organizações não
governamentais e movimentos sociais essa pessoa exercerá plenamente sua cidadania.
Lamentavelmente, a velha pedra do falar por e falar com ainda não foi removida.
Os espaços se multiplicam infinitamente (até porque não se esgotam no Estado, e nos que este
cria), contudo a encenação desta democracia participativa onde a sociedade civil participa por
vezes a contragosto, ou eternamente no caráter deliberativo, constitui um dos problemas que
geram a manutenção de conselhos como mero cumprimento formal. Com estrutura mantida
pelo Estado e por vezes sofrendo o controle prático deste, também podem sofrer simples
asfixiamento quando o Estado se recusa ou ignora a participar de espaços determinantes para a
consecução de políticas públicas, se nega- ou protela- a implantá-los. O excesso de caráter
deliberativo dos espaços, em detrimento do decisório, a repetição dos membros dos conselhos,
como “participantes profissionais”, muitas vezes exatamente pela ausência de interesse gerada
desde sua negação de prática educativa indispensável na realidade escolar.
Jelin fala sobre a “democratização nas práticas da vida cotidiana”, a questão, talvez,
seja de que não haja, claramente, para muitas pessoas, os processos de aprendizado de práticas
referentes à condição de cidadania (JELIN 1994, p.41). Isto nos leva a questão do porque
destes processos serem “iniciados” na vida adulta, como se o debate político, a participação
social e a compreensão para o respeito aos direitos humanos fossem temáticas indiferentes à
infância e adolescência.
Infelizmente, somam-se aos ataques correntes à “partidarização” das escolas uma
constante negligência ao papel dos conselhos escolares como espaços de representatividade e
democracia nas escolas. Isto nos leva a observar que não se torna razoável repetir a postura da
outorga da fala pública, aguardando que, como mágica, estas crianças e adolescentes
sensibilizem-se à participação, e, nela, transformem-se nos futuros membros participantes e
qualificados de outros conselhos e espaços.
Não é surpresa que ainda há fortes hiatos no incentivo e crescimento dos espaços
democráticos nas escolas brasileiras. Num contexto de endeusamento de escolas “adotadas”
pela Polícia Militar (onde disciplina e ênfase conteudística se confundem com eficiência),
com o recrudescimento dos ataques à escola laica (as escolas públicas pernambucanas
correntemente vivem uma saturação de substituição de aulas por filmes de cunho evangélicos
como “lições de moral”, quando tanto mais precisávamos simplesmente de lições de
tolerância e, com sorte, algum consideração pelos direitos humanos6).
Poucas escolas contam com a criação de condições para a organização de estudantes,
ademais nem sempre é possível constatar que, quando existem, estas organizações são
ouvidas ou reconhecidas suficientemente, prejudicadas por uma postura de “recepção de
direitos” pré-determinados, sem pauta para a discussão de novas formas. Outros desafios
também se colocam (não é fácil, é verdade, pois é necessária uma sensibilização, dispêndio de
tempo, espaço) como proporcionar a participação de familiares, comunidade, estudantes, na
construção coletiva do projeto político-pedagógico da unidade escolar. Até em questões mais
comezinhas, nem sempre são democráticas as definições das regras disciplinares vividas (ou
pelo menos tentadas) na escola. Nesse patamar, também é importante observar que muitas
vezes, as regras não preveem a posição e participação da equipe da escola, como se
estivessem à parte no que compreendem direitos e deveres. Aliás, alguns conflitos na escola
se fixam no desrespeito à autoridade estabelecida, esquecendo-se, talvez, de que muitas
atitudes de discentes não representam tão somente uma violação à autoridade do docente, por
exemplo, mas a seus direitos, ao próprio docente enquanto pessoa.
Conforme mencionado, é fato que muitas destas proposições esbarram em
necessidades muito reais, para não dizer concretas, que passam até pela arquitetura do espaço
físico das escolas. Nesse sentido, o fomento de locais como a instalação de um grêmio, de um
espaço permanente para o conselho escolar, uma rádio escola, para o atendimento e reunião
da comunidade, familiares e equipe escolar ficam em segundo plano, mesmo que o esforço
tenha ganhos óbvios, com a apropriação positiva do espaço da escola por estudantes,
familiares e comunidade como um todo.
Sobre este aspecto, Antunes (2008, p.49) faz comentários que vêm bem ao encontro de
nossas observações:
Quando há Grêmio Estudantil, é sempre uma grande dificuldade conseguir um
lugarzinho na escola para esse colegiado se reunir e organizar seu trabalho e sua
atuação. Oferecem aos alunos (quando oferecem!) o vão embaixo das escadas, parte
do almoxarifado abandonado, um cantinho do pátio, etc. Da mesma forma, não há
sala para os pais e mães se reunir. Nas escolas, há espaço para o mato alto, para o
lixo, para o cimento, mas faltam jardins, hortas, pomares. Cobre-se quase todo o
chão da escola com uma “pele” de cimento, para que as crianças não sujem o
uniforme. Olhemos para as paredes. Estão repletas de pichações? O que elas
6
Pesquisa de campo em andamento pela autora deste artigo notou no ambiente de três escolas públicas diversas
no Estado a prática costumeiramente. “Deus não está morto” e “Desafiando Gigantes” são os títulos preferidos
por docentes que não hesitam em ignorar a laicidade brasileira. Aliás, diante de situações evidenciadas de
prejuízo à cultura negra por preconceitos religiosos, a exibição dos filmes pode ser a parte menos hostil deste
problema.
querem dizer? Ou, se não estão pichadas, se estão limpinhas, pintadas, sem um
único cartaz, sem painéis de comunicação, isso nos diz alguma coisa? Nas salas de
aula, como estão organizadas as carteiras? Sempre enfileiradas, um aluno atrás do
outro, olhando a nuca do colega. Por que organizamos o espaço dessa forma? Quem
determina que assim deve ser?
Vale observar também, a prática comum de manter relações com familiares apenas
em caso de problemas específicos com a criança ou jovem, solidificando a ideia de que
comparecer à escola seja sinônimo de problemas. Nesse sentido, falta um posicionamento de
crítica semelhante à “formação continuada” descontínua: são as reuniões descontinuadas, que
não atendem ao objetivo de construir laços com a comunidade de forma mais perene, de
forma a obter na comunidade pontos de apoio para a prática escolar, para os projetos a
desenvolver ou que estão em andamento. É comum falar-se em avaliação do corpo discente,
mais comum ainda discutir a necessidade de “alertar” a tempo, e não apenas nas ocasiões
finais, responsáveis para desempenhos sofríveis ou ausências de alunos e alunas, entretanto,
onde fico o espaço para que a escola avalie sua atuação em relação à comunidade, ao corpo
discente ou à própria equipe escolar?
se revela à maioria da população pelo funcionário público, pelo ser humano que
atende ao telefone e atende ao balcão, pelo cidadão que trabalha na secretaria da
escola, pelo profissional que atende ao pedido do pai que deseja o histórico escolar
do seu filho, pelo médico que realiza uma consulta em um posto de saúde, pelo
professor que realiza uma reunião de pais na escola, etc. (...) Dependendo da forma
como o funcionário atende à população, ele reforça o conceito de que tudo que vem
do Estado não é de boa qualidade e endossa o discurso daqueles que,
insistentemente, desqualificam essa categoria. A mídia e o mercado, em geral,
reforçam uma imagem do funcionário público como alguém preguiçoso,
incompetente, corrupto (cria dificuldades para realizar o trabalho para o qual foi
contratado para tentar ganhar um dinheiro extra), acomodado (resiste a mudanças),
antiético (aceita acordos ilícitos em benefício próprio), corporativista, etc.
Apresentam o servidor pela sua “frieza” (procura deixar claro ao cidadão que ele é
um estorvo e que o melhor é que desapareça), pelo “automatismo” (apresenta o
mesmo comportamento ou a mesma solução para todos os problemas, ou seja,
adota procedimentos padronizados e automatizados: “obrigado-tenha-um-bom-dia-
o-próximo.
Desta forma, a postura de descaso da escola pelos direitos humanos, pela tolerância e
respeito às diferenças simbolizam não apenas o já conhecido distanciamento da compreensão
dos direitos humanos, tão distanciados quanto de Genebra para uma escola em Afrânio- PE.
Certamente, reflexos destes sentimentos também podem se estabelecer na escola, onde a
sensação discente pode constituir a de menor valor, onde sua fala não é estimulada ou
encontra espaço. Na outra ponta, a equipe escolar sente os efeitos deste raciocínio perverso
dentro da própria administração do Estado, quando este não proporciona sua formação
continuada, reflexões sobre a prática, suporte docente, lhe desvaloriza remunerando de forma
vexatória, não oferecendo condições favoráveis de trabalho através da recorrente oferta de
equipamentos obsoletos (quando existem), espaços inadequados, além do famigerado clima
de insegurança para com pessoas e patrimônios. Infelizmente, frequentemente as duas pontas
desta equação não se fecham: enquanto sofrem a violação de seus direitos, muitos integrantes
da equipe escolar não enxergam o quanto reproduzem estas ações para com o corpo discente7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Ângela. Conselhos de Escola: formação para e pela participação. São Paulo:
Cortez, 2005.
_________. A Crise na Educação. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972.
CASTRO, Leda. Participação que Não Chega às Bases. Revista Democracia Viva, nº 23.
Rio de Janeiro: Ibase, 2004.
GOHN,Maria da Glória Gohn, Movimentos Sociais no Início do Século XXI. Antigos e
novos atores sociais. Petrópolis: Vozes. 2003.
JELIN, Elizabeth. Construir a Cidadania. Uma visão desde baixo. Revista Lua Nova, 1994.
OLIVEIRA, Luciano. Dez lições sobre Hannah Arendt. São Paulo: Vozes, 2011.
PONTES, Ana Carolina Amaral. Educação para Cidadania. Uma análise sobre o
aprendizado para a participação e democracia, numa leitura arendtiana. Tese de
Doutorado defendida em 2011. Centro de Educação,UFPE.