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Aperfeiçoamento em MÓDULO 1

Educação Formação de
Professores

Especial e Inclusiva
para Educação
Inclusiva

Para professores da Educação Básica Flávia Barbosa da


Silva Dutra

Diretoria de Extensão da Fundação Cecierj


Módulo 1 Formação de Professores para Educação Inclusiva

Figura 1: Matéria do blog Vencer sem Limites.


Fonte: https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/acessibilidade-e-inclusao-na-
bienal-internacional-do-livro-de-sao-paulo/

Formação do professor para a diversidade


Como mencionado na Apresentação de Nosso Curso e exposto no
tópico 1 – Da Educação Especial à Educação Inclusiva –, as matrículas
de alunos com deficiência têm aumentado nas escolas comuns, chaman-
do-nos a refletir sobre essa realidade. Com isso, urge que os profissio-
nais aprendam a trabalhar com a diversidade encontrada atualmente,
pois a atuação do profissional é de importância fundamental para o
atendimento e o desenvolvimento da pessoa com deficiência na socie-
dade, percebendo e valorizando sempre esse ambiente de diversidade
em que a educação está.
Segundo Redig, Mascaro e Dutra (2017), os alunos com deficiência
ou alguma necessidade educacional específica tinham tradicionalmente
seu processo de aprendizagem como responsabilidade da Educação Es-
pecial; entretanto, na perspectiva da inclusão, essa área de conhecimen-
to passa a ser suporte para condições específicas desses alunos e apoio
para o docente da turma comum.
Foi na década de 1990, com a chegada da inclusão de forma mais
efetiva em nossa sociedade e após a promulgação da Lei de Diretrizes

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Formação de Professores para Educação Inclusiva Módulo 1

e Bases da Educação – Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), que aconteceu


uma mobilização maior no que tange à inclusão dos alunos com algum
tipo de deficiência ou necessidade educacional especial, fortalecendo-se
até os dias atuais por meio de uma trajetória em construção.

Mas quem é o meu aluno? A importância


do olhar individualizado

Vamos observar a imagem a seguir e refletir um pouco. Quem é meu


aluno? O que estou fazendo em minha sala de aula para valorizar e res-
peitar a diversidade que existe nela?

Figura 1: Cuidado, escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas.


Fonte: HARPER, BABETTE et alii.

No paradigma da inclusão, a responsabilidade do ensino de conte-


údos escolares é dos docentes do ensino comum, apoiados em toda a
equipe escolar. O ponto inicial de qualquer trabalho é conhecer o aluno
que é único e possui características específicas que precisam ser levadas
em consideração no processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, mesmo
que o aluno tenha a mesma deficiência que outro aluno, o atendimento
pode ou deve ser diferenciado, de acordo com a demanda individual.

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Módulo 1 Formação de Professores para Educação Inclusiva

Um aluno que não ouve, por exemplo, pode ter aulas em Libras ou mes-
mo, utilizar leitura labial, dependendo das adaptações e comunicações
de seu domínio e com as quais tenha facilidade.
A questão destacada anteriormente é tão importante que também é
citada na Lei Brasileira de Inclusão (BRASIL, 2015), no Capítulo IV –
Do direito à educação, que reforça a formação docente em seu Artigo
28, além de aspectos como o projeto pedagógico, serviços e adaptações
necessárias – enfim, medidas individualizadas e coletivas que maximi-
zam o desenvolvimento acadêmico.
Como ressalta Góes (2010, p. 46), para trabalhar no princípio da in-
clusão a solução não é distribuir “os alunos especiais pelas classes co-
muns, deixando becos sem saída para o ensino diferenciado a que têm
direito”; há que se buscar formas para que as especificidades de apren-
dizagem sejam respeitadas. Sabemos que não é fácil transformar a es-
trutura e a organização da escola, porém precisamos buscar as ações
emergenciais para que a mudança aconteça, e o caminho efetivo para
essa transformação passa pelo modo como os docentes são formados
para atuar com as diferentes necessidades que a inclusão traz para o
interior de suas salas de aula.
Um dos caminhos para solucionar esse dilema é a formação para a
diversidade, que permite ao docente pensar de forma reflexiva e flexível
as ações pedagógicas e as metodologias utilizadas na sala de aula.
É como pontuam Redig, Mascaro e Dutra (2017) quanto à necessida-
de de encontrar maneiras diferenciadas para que qualquer barreira que
permeie o aprendizado do aluno seja eliminada. As autoras prosseguem
chamando a atenção para o fato de que o aluno, durante o dia letivo,
passa mais tempo com os professores do ensino comum, trazendo a
necessidade de estruturar no cotidiano escolar formas de colaboração
entre os docentes.
Diante disto, precisamos entender que a inclusão requer um traba-
lho articulado entre docentes da Educação Especial e aqueles que atuam
no ensino comum. Só dessa forma os objetivos serão alcançados, ou
seja, os alunos serão atendidos em suas necessidades e os professores do
ensino comum serão auxiliados na sua prática pedagógica; isso reforça
que esses alunos são integrantes da escola e não apenas de um professor.

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Formação de Professores para Educação Inclusiva Módulo 1

É interessante salientar que a troca entre os pares, na escola, é de


grande relevância, pois por meio de uma reflexão crítica sobre as prá-
ticas de sala de aula, compartilhamento de experiências bem-sucedidas
e trocas, os professores aprimoram o que realmente funciona e refor-
mulam atividades, buscando maior eficiência e aproveitamento da aula.
Essa é inclusive uma ação que precisa ser desenvolvida pelos professores
do Ensino Fundamental II e Médio, não apenas pelos docentes da Edu-
cação Infantil e do primeiro segmento do Fundamental, visto que uma
disciplina está interligada a outra e o trabalho colaborativo é primordial
para a construção de metodologias inclusivas (REDIG; MASCARO;
DUTRA, 2017).

Considerações finais

Enfim, podemos fazer muito para alavancar e vivenciar de fato os


princípios da inclusão em nossa prática laboral. A formação via leitu-
ras, cursos e trocas de experiências devem ser contínuas; o trabalho em
equipe é fundamental, a parceria com a família não pode ser esquecida;
o contato e o feedback direto com o aluno, principal envolvido no pro-
cesso, deve acontecer a todo momento para que o trabalho global e de
qualidade seja desenvolvido durante o ano letivo.
O processo da inclusão envolve tanto a parte acadêmica quanto a
socialização desse aluno na escola. Ambas são indispensáveis para que
o alunado com deficiência tenha seus direitos garantidos dentro des-
se grupo social, dando-lhe subsídios de desenvolvimento para além da
escola. O aluno com deficiência precisa se sentir e fazer parte da insti-
tuição de ensino, sentindo-se abraçado por uma equipe escolar que o
acolha com emoção, pois não existe educação sem emoção, não existe
aprendizagem significativa sem um olhar individualizado.

Para reflexão...

Observe o trabalho desenvolvido com o aluno Noah, no Colégio de


Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Experi-
ências bem-sucedidas são sempre inspiradoras!

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Fonte: O Globo, 27/08/2018.

Referências bibliográficas

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394.


Brasília, 1996.
______. Lei Brasileira de Inclusão, Lei nº 13.146. Brasília, 2015.
GÓES, M. C. R. As contribuições da abordagem histórico-cultural
para a pesquisa em Educação Especial. In: BAPTISTA, C. R.; CAIADO,
K. R. M.;
HARPER, Babette [et al.]. Cuidado, Escola! Desigualdade, domes-
ticação e algumas saídas. 22. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.
JESUS, D. M. (Orgs.). Educação Especial: diálogo e pluralidade. Por-
to Alegre: Mediação, 2010.

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Formação de Professores para Educação Inclusiva Módulo 1

REDIG, A. G.; MASCARO, C. A. A. C.; DUTRA, F. B. S. A formação


continuada do professor para a inclusão e o plano educacional individu-
alizado: uma estratégia formativa? Diálogos e Perspectivas em Educação
Especial, Edição Especial, v. 4, n. 1, p. 33-44, 2017.

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