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1.

Resumo
Este trabalho apresenta um estudo das metodologias aplicadas pela empresa pública VALEC
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A na precificação de um Terminal Ferroviário de
transbordo de grãos, localizado na cidade de Porto Franco, no estado do Maranhão, visando
sua concessão pública. São analisados os critérios técnicos utilizados para a determinação da
depreciação econômica das máquinas e equipamentos que compõem o Terminal, assim como
o processo de determinação dos valores de outorga fixa e variável, efetuado com a utilização
do Valor Presente Líquido (VPL) como critério de análise de viabilidade econômica.
Palavras chaves: Terminal Ferroviário. Concessão Pública. VPL.

2. Introdução
Neste capítulo apresentam-se os fatores motivadores para realização deste trabalho, assim
como os objetivos que se pretende alcançar ao fim do texto. A justificativa é baseada na
devida contextualização dos assuntos que integram esta peça técnica, apresentando o atual
momento de desenvolvimento tecnológico-científico destes tópicos. Foi destacado, ainda, o
escopo de cada capítulo que compõe este texto.
2.1. Justificativa
A matriz de transportes brasileira é composta pelos modais rodoviário, ferroviário, aquaviário
e aéreo, sendo que do total de toneladas úteis transportadas, apenas 20,7% é realizado por
meio de ferrovias (COLAVITE e KINOSHI, 2015). Dentro deste contexto, as novas ferrovias
recém construídas, assim como as em construção, são de extrema importância na ampliação
do modal ferroviário que é, para grandes distâncias, o meio de transporte de cargas com o
menor custo (LEITE et al, 2016).
Avaliando-se que a maior utilização do transporte de mercadorias com trens é vantajoso, faz-
se essencial que se dê relevância à implantação e exploração de terminais de carga e descarga
e terminais de transbordo multimodal. Uma matriz logística se beneficia da integração de
vários modais de transporte para garantir o abastecimento desde insumos para a indústria,
quanto para o consumidor final e são os terminais de transbordo que possibilitam esta
integração (RIBEIRO e FERREIRA, 2002).
Ainda há, em regime de concessão pública, vários terminais de carga e descarga. Em especial
na Ferrovia Norte-Sul, que teve seu tramo central concluído e concedido à RUMO S/A em
2020 (KAFRUNI, 2020), há terminais em término de período de concessão e, especialmente,
há um terminal de grãos localizado na cidade de Porto Franco, no estado do Maranhão, que

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foi reintegrado à posse da Valec em 2019, após não ter sua concessão pública prorrogada.
Este terminal foi objeto do Edital nº 005/2020, de 28 de setembro de 2020, da VALEC
Engenharia, Construção e Ferrovias S/A, suspenso posteriormente, em 11 de novembro de
2020 (VALEC, 2020).
É importante frisar que todos as máquinas e equipamentos constantes da operação do
Terminal são revertidos à posse da Valec com o fim da concessão anterior conforme era
estabelecido em Contrato.
O Edital tratava da concessão pública do terminal e teve a avaliação do valor de outorga,
conforme documentos anexos ao Edital 005/2020 da VALEC (2020), consolidada pelo valor
de depreciação dos equipamentos existentes no terminal e do critério econômico de Valor
Presente Líquido (VPL) de um fluxo de caixa teórico da operação futura do terminal, pelo
vencedor do certame, pelo período de 15 anos.
2.2. Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é avaliar os critérios utilizados para a elaboração do valor
de outorga presente no Edital nº 005/2020, tendo em vista sua verificar se houve
conformidade com as técnicas científicas consolidadas, aplicabilidade dos modelos para o
caso em questão e comparação com outros métodos de estudo de viabilidade técnica e
econômica para a concessão pública.
De forma secundária, busca-se levantar a questão de quais os melhores métodos de valoração
de ativos públicos, em especial de terminais de carga e descarga ferroviários, tendo em vista a
possível expansão destes negócios com a conclusão das Ferrovias de Integração Leste-Oeste
(FIOL) e Ferrovia de Integração Centro Oeste (FICO).
2.3 Organização do Trabalho
O trabalho se inicia com uma breve revisão bibliográfica dos conceitos necessários à sua
melhor compreensão, passando por conceitos de critérios de avaliação técnica de máquinas e
equipamentos para sua concessão pública, posteriormente avalia-se metodologias de análise
de viabilidade econômica mais comumente aplicadas.
No capítulo 3, demonstram-se os métodos apresentados no Memorial de Cálculo anexo ao
Edital 005/2020, da VALEC (2020), apresentando como sua elaboração e desenvolvimento
foram realizados. Tem-se, ainda, uma discussão acerca de sua aplicabilidade e possíveis
ganhos/prejuízos gerados pela forma como foram dimensionados.
Por fim apresentam-se as conclusões retiradas deste trabalho, avaliando o contexto geral de
elaboração do Edital 005/2020 e propondo possíveis melhorias ao trabalho realizado pela

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empresa estatal. Propõem-se, ainda, outros estudos e análises futuras de outras concessões
públicas similares para que se desenvolva um arcabouço técnico/teórico de metodologias de
precificação de ativos para concessão pública.
3. Revisão Bibliográfica
Faz-se, neste capítulo, uma revisão bibliográfica dos conceitos utilizados no desenvolvimento
do trabalho. São trabalhados os conceitos relativos à depreciação de equipamentos e máquinas
e os critérios de avaliação econômica para investimentos mais usuais.
3.1. Critérios de Avaliação Técnica
No caso em estudo foi utilizado como critério técnico para a viabilidade da aquisição do
Terminal de Grãos pelo mercado, através do critério de depreciação dos equipamentos
mecânicos, dando valor econômico ao maquinário e avaliando sua diminuição por vida útil.
Foram observados, também, quais equipamentos entrariam em fase obsolescência, dentro de
período de concessão (15 anos) e, portanto, seriam recursos não recuperáveis pela empresa
concedente.
3.1.1 Método da Depreciação Linear
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, definiu critérios para a depreciação
de equipamentos, em seu Manual de Custos de Infraestrutura de Transportes. O método linear
foi adotado para o cálculo da depreciação horária de equipamentos, conforme expressão a
seguir (DNIT, 2019):
Va−Vr
D h= (1)
n × HTA
onde:
Dh representa a depreciação horária (R$/h);
Va representa o valor de aquisição do equipamento (R$);
Vr representa o valor residual (R$);
n representa a vida útil (anos);
HTA representa o total de horas trabalhadas por ano.
O Manual determina ainda que sejam utilizados para o valor de aquisição dos equipamentos
valores cotados por fornecedores de cada estado da federação, respeitando-se grandes
revendedores e considerando o preço à vista.
O método de depreciação linear propõe que o equipamento diminui seu valor de mercado
linearmente ao seu período de utilização, entretanto é preciso se atentar que após o período de
vida útil, o equipamento pode ter apenas valor de sucata ou ainda possuir valor de mercado

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como equipamento usado.
3.1.2 Valor Residual de Equipamentos Obsoletos
Esteves (2013), define Valor Residual como o montante líquido que um proprietário espera
obter, com razoável segurança, após uma ativo ultrapassar sua vida útil, sendo tratados apenas
pelo seu valor de sucata. Estes valores são determinados por pesquisas de mercado e por
histórico de valor de revenda dos equipamentos.
O DNIT, em seu Manual de Custos de Infraestrutura de Transporte, trouxe uma tabela (Figura
1) em que exemplifica alguns equipamentos e seus valores residuais estimados.

Figura 1. Tabela com exemplos de valores residuais de equipamentos mecânicos

Fonte: DNIT, 2019

3.2 Critérios de Avaliação Econômica


Este item traz uma breve discussão acerca dos métodos de avaliação econômica de ativos
mais comuns e quais suas aplicações mais coerentes, conforme a bibliografia. São eles o
Payback, a Taxa Interna de Retorno (TIR), o Valor Presente Líquido (VPL) e para melhor
complementação do VPL, apresenta-se ainda o conceito de Custo Médio Ponderado de
Capital (em inglês, Weighted Average Cost of Capital - WACC).
3.2.1 Taxa Interna de Retorno (TIR)
A Taxa Interna de Retorno é uma taxa intrínseca do projeto, que independe da taxa de juros

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do mercado e, portanto, considera apenas os fatores internos de projeto, como seus custos e
despesas, além, do investimento proposto (FONSECA, 2003).
É um mecanismo que, quando comparado a uma taxa de atratividade pré-determinada,
concede uma boa estratégia de decisão de investir ou não. Deve-se sempre considerar a
relação entre a TIR e a taxa de atratividade definida, sendo que no caso da TIR, ela deve ser
maior que a Taxa de Atratividade para que um investimento seja viável. (HIRSHLEIFER,
1959).
3.2.2 Payback
Payback representa o tempo que um investimento se pagaria totalmente, ou tempo de
repagamento, ou seja, a quantidade de período que se leva para recuperar o investimento
(MOTTA et al, 2009 apud URTADO et al, 2009). Com isso, o método necessita que se
determine um período máximo para o retorno do investimento, após isso, segundo FONSECA
(2003) deve-se analisar o fluxo de recursos do projeto comparando ao volume de recursos
aplicados que se quer alcançar.
Os fluxos de caixa utilizados para o método de Payback devem ser diferentes dos que se
apliquem o Valor Presente Líquido, tendo em vista que o PayBack não considera uma taxa de
desconto, assim os custos de débito e equidade devem ser inseridos no fluxo de caixa
(ARDALAN, 2012).
3.2.3 Valor Presente Líquido (VPL)
O Valor Presente Líquido é um método que utiliza o somatório de todas as entradas em um
fluxo de caixa, positivas e negativas, tendo sido discutido pela primeira vez em
HIRSHLEIFER (1959). Leva ainda em consideração uma taxa de desconto de projeto ou uma
taxa de atratividade do mercado em sua definição.
Segundo FONSECA (2003), é o método que especialistas de finanças mais recomendam, e
isto se deve ao fato de que o VPL considera o valor do dinheiro no tempo, não é influenciado
por decisões de gestores ou rentabilidade da atividade e reflete toda a movimentação de caixa.
Podemos destacar quanto a taxa de atratividade do mercado que:

“A principal dificuldade da utilização deste método consiste na definição da taxa de


atratividade do mercado - custo de oportunidade do capital -, principalmente quando
o fluxo é muito longo.” (FONSECA, 2003)

Tendo em vista que a taxa de atratividade já está embutida no cálculo do VPL, uma tomada de
decisão fica mais fácil, uma vez que um VPL igual a 0 significa um investimento que se paga
durante o período avaliado. Assim, qualquer investimento com VPL maior que 0 é
considerado atrativo.

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3.2.3.1 Custo Médio Ponderado de Capital (WACC)
Como destacado por Fonseca (2003), a definição da taxa de atratividade é uma atividade
crucial na utilização do método de VPL, assim é necessário considerar várias taxas e suas
formações.
Um mecanismo bastante utilizado é o WACC, Custo Médio Ponderado de Capital (traduzido
pelo autor), ferramenta que busca equalizar os custos de equidade e custos de débito de uma
entidade ou empresa, calculados a partir de uma técnica financeira aceitável, utilizando uma
média ponderada (MIAN e VÉLEZ-PAREJA, 2008).
A ANTT, definiu que seu WACC Regulatório, conforme a Nota Técnica
2786/2019/SUREG/DIR, nos seguintes termos:

“O WACC regulatório calculado pela ANTT reproduz com maior confiabilidade o


custo de oportunidade do concessionário, quando da ocorrência de desequilíbrio
econômico-financeiro causado pela inclusão de novos investimentos no objeto do
contrato de concessão. Essa taxa leva em conta concomitantemente a conjuntura
econômica do momento, a estrutura de utilização das fontes de financiamento, a
estrutura de capital das concessões reguladas pela ANTT na busca de uma estrutura
de capital ótima no setor, tanto no cálculo do custo de capital próprio quanto no
custo de capital de terceiros respeitando os limites impostos pelas instituições
financeiras e um intervalo de confiabilidade entre 70% e 80%, alinhando-se à prática
de órgãos reguladores internacionais.” (ANTT, 2019)

O valor constante da Norma Técnica 2789/2019/SUREG/DIR, do WACC calculado é de


8,47%.

4. Estudo de Caso
O Edital nº 005/2020, da VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., que trata da
concessão pública de Terminal de Grãos, com equipamentos e maquinário, localizado na
cidade de Porto Franco/MA, incluía em seus anexos um Extrato da Precificação que detalhava
os critérios adotados pela empresa pública na determinação do valor de outorga do certame.
Este capítulo discute dois critérios adotados nesta precificação, o modelo de cálculo da
depreciação dos equipamentos durante o período de concessão estipulado (15 anos) e a
avaliação de valor de operação mínima do terminal utilizando o critério de VPL para a
viabilidade financeira do negócio.
4.1. Dos Critérios Adotados
4.1.1. Depreciação Linear e suas limitações
A VALEC, optou em utilizar no cálculo da depreciação dos equipamentos constantes do
Terminal objeto do Edital 0005/2020 segundo o modelo linear de depreciação. Este é o
modelo utilizado pelo DNIT em seu Manual de Custos de Infraestrutura de Transportes e

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preconiza, conforme descrito no item 2.1.1, que os equipamentos perdem seu valor de forma
diretamente proporcional ao seu tempo de uso. O Manual descreve ainda que após o período
de vida útil, deve-se considerar o valor residual (ou valor de sucata) do equipamento e sugere
valores para alguns equipamentos (DNIT, 2019).
Este método utiliza de uma formulação relativamente simples, mas pode refletir com
veracidade o valor de mercado de um bem durante seu uso, além de ser o mais utilizado pelas
empresas brasileiras, sendo na prática um limite superior do valor a ser lançado como
depreciado das máquinas (ASSAF NETO, 1980).
Ressalta-se que o Método Linear traz a informação da diminuição de valor do bem por seu
uso, mas vencido o prazo da vida útil do equipamento, o valor residual é baseado no valor de
mercado do bem no ano de sua obsolescência, assim deve haver reavaliação do valor do bem
quando do lançamento no balanço financeiro, mantendo assim um valor mais próximo ao
valor real do equipamento (DA SILVA, 2013).
É importante citar, ainda, que os valores utilizados como “Valor Novo Reposição” (entendido
como o valor da aquisição de um novo equipamento de igual fornecedor e características
técnicas) dos equipamentos foi baseado, conforme descrito no Anexo I do Edital “Extrato de
Precificação do Valor de Outorga” (Anexo I), em preços relativos a SET/2018. Estes valores
refletiriam com maior acurácia o preço dos equipamentos se levassem em consideração um
período mais próximo ao lançamento de Edital, que ocorreu em 28 de setembro de 2020.
4.1.2. Vantagens e Desvantagens do VPL
Para a Determinação Final do Valor de Outorga para o Edital nº 005/2020, a Valec apresenta
em seu memorial de cálculo (Anexo I) um fluxo de caixa teórico da operação do terminal por
um período de 15 anos. Incluindo no primeiro período do Fluxo (ano de 2019) um
investimento de R$ 4.750.000,00 (quatro milhões e setecentos e cinquenta mil reais), valor
que se refere a chamada Outorga Fixa do Edital e seria o valor pago pelo vencedor do
processo de concessão à VALEC.
Este fluxo de Caixa considera, ainda, um transbordo de 222.200 Toneladas úteis no Terminal
no ano de 2020 e um crescimento deste número pelo Produto Interno Bruto fixado nos 15
anos a 1% a.a. Considera ainda, que o Custo Operacional do Terminal é de 60% do
Faturamento Total Anual.
Além do pagamento de R$ 4.750.000,00 reais de outorga fixa, a empresa ganhadora do leilão
deverá pagar, no mínimo, um valor variável cobrado sobre o total transbordado no Terminal,
de R$ 1,31 por tonelada útil. Seguindo a estimativa do Fluxo de caixa, o valor final a ser pago

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à VALEC é de R$ 6.725.507,34.
A partir destas premissas é estabelecido o Fluxo de Caixa, pelos 15 anos de concessão, e
então, utilizando como Taxa de Atratividade o valor do WACC Regulatório do DNIT
(8,47%), é calculado o VPL. Assim, conforme resumido na Figura 2, o valor investido nos 15
anos é de R$ 6.725.507,34 e o VPL calculado é de R$ 12.785.098,22, sendo R$ 6.059.590,88
o lucro aferido pelo método, sendo bastante atrativo como investimento.
Figura 2. Quadro Resumo dos valores comparativos do Edital 005/2020

Fonte Própria

4.2. Das Melhorias Propostas


Primeiramente é necessário pontuar que os métodos utilizados no Edital 005/2020, da
VALEC, trazem uma metodologia de cálculo que considera a depreciação dos equipamentos,
crescimento de produção pelo PIB, um Fluxo de Caixa teórico da exploração do Terminal
pelo concessionário vencedor da licitação, sendo muito mais complexo que o usual para
concessão de Terminais pela empresa pública. Em vários certames anteriores, apenas o valor
pago para a desapropriação da área do Terminal era levado em conta, justificada pela tentativa
de fomento ao uso das ferrovias no Brasil.
Assim, é importante notar a mudança de mentalidade da empresa no que diz respeito à
concessão pública de seus ativos.
Ainda assim, destaca-se novamente que os valores de mercado utilizados para o cálculo da
depreciação dos bens estava defasado em 2 anos, já que o valor de referência utilizado é
colocado como de setembro de 2018 e o Edital foi publicado no Diário Oficial da União em
setembro de 2020. O ideal era que se utilizassem de valores mais próximos da data de
precificação do ativo, evitando discrepâncias causadas por inflação ou deflação de
equipamentos agrícolas.
Outro ponto relevante é o uso de PIB constante no crescimento da produção estimada do
Terminal. Há mecanismos de previsão que poderiam dar uma estimativa mais próxima do que
será observado nos próximos 15 anos. Obviamente que previsões estão sujeitas a riscos e
vimos claramente isto ocorrer em 2020 com a pandemia de COVID-19, ainda assim, há outros
mecanismos com maior acurácia e aplicação, por exemplo, o Modelo Autorregressivo

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Integrado de Médias Móveis (ARIMA); Modelo Vetorial Autorregressivo (VAR) e Modelo
de Espaço de Estado foram utilizados pela SEADE para previsão do PIB para 2018 e 2019
(MARGARIDO, 2018).

5. Considerações Finais
O Edital 005/2020 da VALEC se utilizou das técnicas de depreciação de equipamentos
conforme o Método Linear e uma avaliação econômica se utilizando do VPL de um Fluxo de
Caixa esperado para a operação do Terminal no período proposto de concessão pública. Foi
citado neste trabalho que estes critérios possuem fundamentação em Manuais e normas
elaborados pelos órgãos responsáveis pela regulamentação deste tipo de serviço (DNIT,
ANTT).
Dito isso, foi também demonstrado que existem margens para melhora na escolha destes
critérios e até em sua tomada de decisão como ferramentas de análise de viabilidade técnica e
econômica.
É imprescindível que a análise de preços e valores de outorga mínimos em situações de
concessão pública visem o maior ganho possível ao erário público, mantendo a devida
atratividade comercial para que haja interessados em sua aquisição, portanto a avaliação deve
seguir critérios técnicos consolidados pela comunidade científica e acadêmica, técnicas
devidamente testadas pelo mercado e, claro, todos os princípios que garantam sua legalidade.
O desenvolvimento do sistema ferroviário de cargas no Brasil possui enorme potencial por
vários fatores, mas destaca-se:
o fato ser o modal de menor custo para transportes em grandes distâncias (LEITE et al, 2016)
e o Brasil possuir um espaço territorial de grande monta;
o fato de não ter sido o tipo de transporte de cargas com investimento público prioritário nas
últimas décadas.
O investimento em ferrovias entre 2003 e 2015 foi responsável por um salto na participação
deste modal na matriz de transportes brasileira, chegando a 20,7% em 2015 (COLAVITE e
KINOSHI, 2015), entretanto o investimento total em infraestrutura rodoviária no mesmo
período é, aproximadamente, 63% maior que o investido em ferrovias (NETO, 2016).
Assim, é primordial que ocorram maiores estudos e avaliações de critérios para a precificação
de concessões públicas de ativos ferroviários para que se tornem mutuamente atrativos
comercialmente e interessantes financeiramente para o orçamento público.
Sugere-se, por exemplo, que se faça um estudo comparativo entre a metodologia utilizada

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pela VALEC no Edital 005/202 com os leilões de terminais aeroportuários de carga que foram
realizados recentemente pelo Governo Federal, possibilitando um paralelo entre os métodos e
uma melhor análise de aplicabilidade.
Por fim, pretende-se que este trabalho contribua com o fomento da discussão científica e
acadêmica no que concerne o desenvolvimento, implantação e expansão das ferrovias de
carga e seus terminais de transbordo no Brasil, assim como o benefício à sociedade brasileira
e ao desenvolvimento do país que o modal ferroviário pode ofertar.

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10
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VALEC ENGENHARIA, CONSTRUÇÕES E FERROVIAS. Edital de licitação nº 005/2020. [Concessão de uso


mediante condições especiais de Terminal Intermodal do Lote 05 do Pátio de Porto Franco/MA, destinado a
movimentação de graneis sólidos agrícolas, localizado entre os km ferroviários 197+886 e km 200+261 da
Ferrovia Norte-Sul]. Brasília, 28 set. 2020.

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ANEXO I – EXTRATO DA PRECIFICAÇÃO DO VALOR DE OUTORGA DO
EDITAL Nº 005/2020 DA VALEC ENGENHARIA, CONSTRUÇÕES E FERROVIAS
S.A.

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