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Obs: talvez seja boa ideia marcar o professor Walber Agra, advogado do requerente e

professor da FDR
1. A vacinação compulsória tem previsão legal expressa na Lei n. 13.979 de 6 de
Fevereiro de 2020, nos termos do Art. 3º, III, d.
2. A ADI 6586 operou uma interpretação conforme a Constituição do referido artigo
a. Interpretação conforme a Constituição é a técnica de controle de
constitucionalidade pela qual, dentre as diversas possibilidades de
interpretação de um dispositivo legal, fixa-se uma delas, afastando as demais,
por ser ela a mais adequada a eficácia da Constituição
3. Nesses termos, definiu-se que:
a. Não se pode interpretar “vacinação compulsória” como “vacinação forçada”,
de modo que a imunização ativa exige invariavelmente o consentimento do
indivíduo.
i. O fundamento dessa decisão são os direitos a intangibilidade do corpo,
consectário da dignidade humana, e a inviolabilidade do domícilio,
direito fundamental explicíto na atual ordem jurídico. Assim, a
imposição de vacina manu militari implicaria em grave violação a tais
direitos fundamentais, violando os ditames da proporcionalidade
b. Porém, podem ser aplicadas medidas coercitivas indiretas (o exemplo
constante do acórdão é a restrição de determinadas atividades e de frequentar
certos lugares), as quais devem estar previstas em lei ou ser decorrentes dela
decorrentes. Exige-se também:
i. que a vacinação seja baseada em evidências científicas e análises
estratégicas pertinentes
ii. a ampla divulgação da eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes
iii. o respeito a dignidade humana e aos direitos fundamentais das pessoas
iv. a distribuição gratuita e universal das vacinas
4. A própria lei estabelece algumas restrições às medidas compulsórias em geral,
destacando-se a previsão do Art. 3, § 1º
a. As medidas previstas neste artigo somente poderão ser determinadas com base
em evidências científicas e em análises sobre as informações estratégicas em
saúde e deverão ser limitadas no tempo e no espaço ao mínimo indispensável à
promoção e à preservação da saúde pública.
5. As ADIs (6587 e 6586) não impugnam todo o complexo normativo referente a
vacinação obrigatório, mas o cindem, versando apenas sobre a obrigatoriedade da
vacinação como medida profilática no contexto do enfrentamento ao coronavírus
a. AGU e PGR alegaram que se trata de complexo normativo incindível (pelo
que se não poderia conhecer a Ação, faltando interesse de agir), posição
rejeitada pelo STF
6. Frise-se também, que se operou uma análise técnico-jurídica da constitucionalidade
do dispositivo mencionado in supra, de modo que ele não implica per si na vacinação
obrigatória, mas apenas nos limites constitucionais dessa hipótese.
7. Desde 1975 a Lei 6.259 prevê expressamente a possibilidade de vacinação obrigatória
no contexto do Programa Nacional de Imunização (art. 3º)
8. Trata-se de medida aplicável por qualquer dos entes federativos dentro das suas
respectivas esferas de competência
9.

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