No exercício de contemplação, o mais importante não é pensar, mas sentir; não é o discurso lógico, mas o “discurso afetivo”; não se trata de “saber” muitas coisas ou coisas novas no nível teórico, mas de aprofundar afetivamente, de “sentir e saborear internamente”, o mistério contemplado. 1. Oferecimento de mim mesmo Rogo às Três Pessoas Divinas a graça para que todas as minhas intenções, ações, operações e sentimentos se dirijam unicamente a seu serviço e louvor. 2. Preâmbulo ao mistério Quem ou o quê implora piedade em nosso tempo? Não é preciso olhar muito longe para encontrar a resposta. Os meios de comunicação estão cheios de notícias de sofrimento humano: guerras, pobreza, destruição do meio ambiente, violência na família...: são pragas que continuam açoitando a comunidade humana. Os seres animados e a matéria inanimada que compartilham a Terra conosco são vulneráveis a opressões similares e, devido à nossa atividade destrutiva, estão em perigo de extinção espécies que demoraram milhões de anos para evoluir. 3. Disposição de todo o meu ser para o mistério Leio Mt. 20,29-34 e acompanho Jesus no caminho para a periferia de Jericó. 4. O desejo de meu coração Peço alcançar um “conhecimento interno” de Jesus Cristo, que se fez criatura como todos nós pelo bem da comunidade universal de vida, para assim poder imitá-lo no seu respeito para com toda forma de vida e amá-lo na plenitude de sua comunhão com toda a criação. 5. Pontos de reflexão e consideração Primeiro ponto: contemplo o poder de cura que provém da compaixão de Jesus, um poder infinita- mente grande, que cura o mais pobre e o menor. Vejo e ouço os cegos que imploram a Jesus, vejo a Ele e ouço sua resposta; vejo a multidão que contempla Jesus quando Ele faz com que ambos os cegos recuperem a vista. Segundo ponto: considero que todo o universo está em relação, desde as galáxias até as partículas sub- atômicas; imagino as células dos cegos que respondem ao poder de cura de Jesus, e contemplo como este poder afeta toda a comunidade cósmica. Terceiro ponto: para ajudar-me nesta contemplação, leio e considero as afirmações seguintes: 1. Os seres humanos, os animais, as plantas, o ar e a água estão na indigência e gritam: “Senhor, Filho de Davi, tende piedade de nós!” . Quando percebo o contraste da reação de Jesus com a da multidão, me pergunto por quê quero silenciar ou ignorar o sofrimento de meus semelhantes e da natureza. 2. “A grandeza de uma nação e seu progresso moral se pode medir pelo trato que dá aos animais” (Gandhi). Com respeito a esta afirmação, devemos levar em conta o grande número de espécies ameaçadas (ao dizer “ameaçadas” incluímos espécies que são vulneráveis à extinção, correm risco ou grave perigo de extinção, ou estão já em processo de extinção). As ameaças provém da destruição ou do envenenamento de seu habitat. Todos eles imploram: “Senhor, Filho de Davi, tende piedade de nós!”. Se tenho olhos para ver e ouvidos para ouvir, posso ser um libertador e um trabalhador pela liberdade. Tenho a responsabilidade de cuidar e tratar como semelhantes aos diferentes animais e plantas com os quais entro em contato ou que aproveito como alimento. O quê me diriam se eu lhes perguntasse o que querem que eu faça por eles? Em parte, a resposta está em tratar a todos os membros da comunidade de vida da Terra com respeito e amizade. 6. Colóquio Peço a Maria que interceda junto a Jesus para que me ajude a ver quem ou o quê implora piedade e como posso eu responder. Faço a mesma petição à Trindade.