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APLICABILIDADE DO ESPECTROFOTÔMETRO NA INDÚSTRIA

FARMACÊUTICA

RESUMO

O presente trabalho tratará da aplicabilidade do método da espectrofotometria de


derivadas na dosagem dos fármacos produzidos em indústrias. Essa utilização
permite resultados importantes sem a necessidade de separar material previamente.
É um método-ferramenta útil em análises de fármacos em comprimidos, pastilhas,
cremes, etc.

Palavras-chave: Método, material, resultados, fármacos

ABSTRACT

The present work will deal with the applicability of the derivative spectrophotometry
method in the dosage of drugs produced in industries. Such use allows important
results without the need to separate material previously. It is a useful tool-method for
analyzing drugs in tablets, lozenges, creams, etc.

Key words: Method, material, results, drugs

1. INTRODUÇÃO

Segundo a RBCS, 2003, utilizando o método da espectrofotometria de


derivadas para dosar simultaneamente dois princípios ativos na fabricação de
fármacos permitirá aos estudiosos obterem ótimos resultados nos laboratórios. É
uma ferramenta útil devido às suas propriedades e características podendo associar
fármacos em comprimidos, pastilhas, cremes, dentre outros materiais separando-os
previamente.
A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) é uma técnica muito
explorada, principalmente pelos laboratórios de controle de qualidade das indústrias
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Emily do Carmo Andrade, 2Fernando Ribeiro Silva Andrade, 3 Flávia Lorena
Menezes, alunos do curso Técnico em Química da CETTPS-CAMAÇARI/BA. Maio,
2019.
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farmacêuticas, tendo em vista que nos compêndios oficiais, tais como a USP –
United States Pharmacopoeia, 2000, a maioria dos fármacos utiliza este método
para a separação e posterior doseamento. Entretanto, o método em questão é uma
alternativa menos dispendiosa e também eficiente, se comparada ao método da
CLAE. Muitos trabalhos recentes foram produzidos (Yesilada et al., 1991; Bonazzi et
al., 1996; Erk, Onur, 1997; Hassouna, 1997; Karali et al., 1998; Dinc, Onur, 1998;
Paschoal, Ferreira, 2000; Prado et al., 2001,) foram publicados, empregando o
método da espectrofotometria de derivadas, que se mostrou ser preciso, sensível,
seletivo, reprodutivo e de baixo custo.

2. ESPECTROFOTOMETRIA

A espectrofotometria pode ser definida como toda técnica analítica que usa a
luz para medir as concentrações das soluções, através da interação da luz com a
matéria. A palavra espectro, de origem grega foi empregada para nomear raios
luminosos em virtude de na antiguidade as pessoas sepultarem seus mortos em
covas rasas, e o simples fato de alguém desavisado pisar em cima, de uma dessas
sepulturas fazia com que o gás metano fosse expelido, visto que corpos em
decomposição liberam diversos gases, entre eles o metano, que apresenta uma
propriedade de auto inflamar-se apresentando um aspecto luminoso intenso.
Quando alguém era surpreendido por uma bola gasosa dessa ficava assustado e
dizia estar sendo assustado por um fantasma que em grego é espectro.
Um dos problemas da espectrofotometria nas regiões do ultravioleta – visível
(UV-vis) de misturas de componentes está relacionado com a sobreposição das
bandas (overlapping) de transição eletrônica ou de transferência de carga em um
mesmo solvente. A Figura 1 ilustra a sobreposição de dois fármacos associados na
forma farmacêutica de pastilha e estudada em solução hidroalcoólica por Paschoal e
Ferreira (2000). A diferenciação do espectro de ordem zero não aumenta as
informações do espectro original, mas ocorre supressão das bandas largas, realce
das bandas estreitas, a resolução de um “ombro” para uma banda, etc.,
obedecendo, ainda, a Lei de Beer-Lambert. Em um espectro de primeira ordem
(derivada primeira) ocorre a anulação no ponto referente ao comprimento de onda
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máximo (λmax) do espectro de ordem zero. É positivo onde a absorção aumenta e


negativo onde ela diminui. Assim, uma curva diferencial de ordem n se anula n
vezes, apresentando n + 1 bandas. Na sobreposição de espectros de derivadas dos
componentes de uma mistura, obtidos desse modo, pode-se individualizar melhor os
constituintes e até eliminar a interferência de um componente sobre o outro,
excipientes, 106 L. R. Paschoal, W. A. Ferreira, M. R. D. Prado, A. P. O. Vilela entre
outros. A Figura 2 mostra os espectros de primeira ordem dos compostos obtidos a
partir da Figura 1. Observa-se nas curvas da Figura 2 que, em certos λ, ocorre a
anulação do espectro de um componente enquanto há absorção do outro. Deste
modo, sobrepondo-se várias derivadas de concentrações crescentes de cada com
FIGURA 2 - Espectros de absorção de derivada primeira do cloreto de cetilpiridínio
16 mg L–1 (a) e da benzocaína 15 mg L–1 (b), obtidos em álcool/água (1:1).
FIGURA 1 - Espectros de absorção de ordem zero do cloreto de cetilpiridínio 16 mg
L–1 (a) e da benzocaína 15 mg L–1 (b), obtidos em álcool/água (1:1). ponente e,
obtendo-se os valores das amplitudes nos pontos de anulação (zero crossing), é
possível construir-se curvas de calibração, além de se eliminar eletronicamente os
erros sistemáticos provenientes de interferências (overlapping). Comercialmente,
espectrofotômetros que realizam varredura de espectro, apresentam no software de

FIGURA 1 - Espectros de absorção de ordem zero do cloreto de cetilpiridínio 16 mg


L–1 (a) e da benzocaína 15 mg L–1 (b), obtidos em álcool/água (1:1).
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FIGURA 2 - Espectros de absorção de derivada primeira do cloreto de cetilpiridínio


16 mg L–1 (a) e da benzocaína 15 mg L–1 (b), obtidos em álcool/água (1:1).

FIGURA 3 - (esquerda) Curva de calibração do cloreto de cetilpiridínio obtida em


220,7 nm (amplitude negativa). A = - 1,33.10 -4 + 1,22.10 -3. c (mg L-1), com r =
0,9999. (direita) Curva de calibração da benzocaína obtida em 231,4 nm (amplitude
negativa). A = 3,51.10 –5 + 3,37.10 -3. c (mg L-1), com r = 0,9999.
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FIGURA 4 -Espectros de aborção de ordem zero da lidocaína 30 mg L-1 (a) e


prilocaína 30 mg L-1 (b), obtidos em solução água/álcool 1:1 (v/v).
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FIGURA 5 - Espectros de absorção de primeira derivada de lidocaína 30 mg L –1


(a)e de prilocaína 30 mg L –1 (b), obtidos em álcool/água (1:1).

FIGURA 6 - Espectros de absorção de segunda derivada de lidocaína 30 mg L –1


(a) e de prilocaína 30 mg L –1 (b) , obtidos em álcool/água (1:1).
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FIGURA 7 - Espectros de primeira derivada do creme (a) e da simulação do creme


(b) de lidocaína 30 mg L-1 e prilocaína 30 mg L-1

FUNDAMENTO DA ESPECTROFOTOMETRIA

A luz de uma maneira geral é mais bem descrita como sendo uma radiação
eletromagnética em virtude de sua natureza dualística. Ou seja, ela existe e tem um
comportamento de campos elétricos e magnéticos oscilantes como a figura abaixo
representa:

Onde:
O comprimento de onda (λ) é
distância em metros, de um pico ao
outro da onda;
A frequência (v) é o grau de
oscilação das ondas, em função da
velocidade da luz no vácuo que é
representada pela constante c (c=2,
998x108m. s-1). De modo que:
λ.v=c
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ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO REPRESENTANDO OS COMPRIMENTOS DE


ONDA CORRESPONDENTE A CADA RADIAÇÃO

A técnica espectroscópica é baseada na no aumento de energia em função


do aumento da frequência da radiação incidida. Quando uma espécie química
absorve energia na forma de fótons, seus elétrons ficam excitados e ocorre uma
transição de um orbital de mais baixa energia para outro de maior energia. Um
exemplo disso são compostos químicos que apresentam duplas ligações C=C no
benzeno e C=O, a carbonila, por exemplo.

Benzeno
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As cetonas da ligação peptídica


O aumento de energia é representado pela condição de frequência de Bohr:
E = hv
Onde:
E é a energia que aumenta em função da frequência, e h é a constante de

Planck h=6,626x10-34J.s.

3. APLICAÇÕES

A Espectrofotometria de fase sólida por injeção em fluxo para a determinação


de zinco em preparações farmacêuticas. Piridoxal-4-fenil-3-tiossemicarbazona (PPT)
é proposto como um novo reagente sensível para a determinação
espectrofotométrica de zinco(II). PPT reage com zinco(II) no intervalo de pH entre
5,0 e 6,0, para formar um complexo colorido amarelo, o qual foi adequadamente
extraído em n-butanol. A absorbância do complexo Zn(II)-PPT foi é em diferentes
intervalos de tempo, a 430 nm, para averiguar a estabilidade do complexo.

O sistema obedece à lei de Beer até 6,0 µg mL -1 de zinco(II), com uma


excelente linearidade em termos do valor do coeficiente de correlação, de 0,999. A

absortividade molar e sensitividade de Sandell da espécie extraída é 1,6 X 10 4 L

mol-1 cm-1 e 4,085 X 10-3 µg cm-2, respectivamente, a 430 nm. O limite de

detecção do método é 0,04 µg mL -1. Para avaliar a precisão do método,


determinações são efetuadas em diferentes concentrações. O desvio padrão não
excede 3,1%.
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A composição do complexo de zinco(II) com PPT é análisada pelos métodos


de variação contínua de Job, da razão molar, método de Asmus e da razão da
inclinação. PPT tem sido empregado satisfatoriamente para a determinação de
zinco(II) isoladamente, ou na presença de outros íons, normalmente associados ao
zinco(II) em amostras farmacêuticas e biológicas. Vários materiais de referência
(NIST 1573, NBS 1572 e NIST SRM 8435) têm sido testados para a determinação
de zinco, com o propósito de avaliar a exatidão do presente método. Os resultados
do método proposto são concordantes com os obtidos por espectrometria de
absorção atômica com chama.
Reagentes: As matérias-primas cloreto de cetilpiridínio, benzocaína,
mebendazol e tiabendazol, foram adquiridas dos distribuidores Henrifarma, Synth,
Emellffar Comercial e do Brasil. Os insumos prilocaína e lidocaína, grau USP foram
fornecidos pela empresa Cristália – Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. Já as
amostras dos produtos acabados foram aquelas solicitadas aos fabricantes de
produtos comerciais acabados e conforme demonstrado abaixo: 1 - Pastilhas Cetil
Drops (Luper): cada pastilha contém: - cloreto de cetilpiridínio = 2,5 mg - benzocaína
= 2,0 mg 2 - Creme Medicaína 5 % (Cristália): - lidocaína = 25 mg - prilocaína = 25
mg 3 - Comprimidos Octelmin ( Schering-Plough): cada comprimido contém: -
mebendazol = 100 mg - tiabendazol = 166 mg Todos os demais reagentes e
solventes empregados foram de grau analítico, com pureza superior a 98% v/v. Toda
a água utilizada nas lavagens de vidraria, preparo das soluções e diluições foi
recém-destilada e desionizada. Triplicatas das amostras identificadas por fabricante
foram analisadas frente a padrões analíticos e através dos métodos de
espectroscopias nas regiões do ultravioleta e infravermelho, análise térmica
(TG/DTG), Karl Fischer, ponto de fusão, entre outros. Os fármacos foram utilizados
como adquiridos dos fabricantes, sem purificações prévias.
Soluções Padrão

Em todas as determinações usualmente preparam-se soluções padrão mais


concentradas (estoque) dos fármacos, no solvente determinado, em que ocorreu sua
máxima solubilidade. Exemplos: Solução estoque: - solução hidroalcóolica 1:1 a 100
mg . mL-1 de cloreto de cetilpiridínio ou de benzocaína; - solução 1:1 (ácido
clorídrido e água) 100 mg . mL-1 de mebendazol ou de tiabendazol; - solução
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hidroalcoólica 1:1 a 100 mg . mL-1 de lidocaína ou prilocaína. A seguir, são


preparadas soluções diluídas de concentrações variadas, a partir das soluções
estoque correspondentes, em determinada faixa de concentrações, que seguem a
Lei de Lambert-Beer, para obtenção dos espectros de ordem zero. As soluções das
amostras de produtos acabados são preparadas do mesmo modo e diluição, sendo,
também, obtidos seus espectros de ordem zero.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia proposta neste trabalho configura-se, assim, em alternativa


extremamente vantajosa e viável para a solução de problemas espectrais de
sobreposição de mais de um componente. A grande vantagem da utilização da
espectrofo-tometria de derivadas está relacionada com a possibilidade de se minimizar
os problemas com interferentes, sem complicados procedimentos de separação ou
extração prévios, bem como não necessitar de padrões ultrapuros exigidos na CLAE, além
da grande possibilidade da validação do método no doseamento simultâneo, aliada ao
baixo preço.
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REFERÊNCIAS

HARRIS, Daniel C.; Análise Química Quantitativa; tradução Carlos Alberto Riehl...[et
al.].5.ed. LTC Editora, Rio de Janeiro:1999. cp.19,20,21.

LENHINGER, Albert Lester; Princípios de Bioquímica.3.ed. Guanabara Koogan, Rio


de Janeiro:1992. cp.3.

WEST, Donald M.; Holler, F. James; Skoog, Douglas A. Jones, Loretta; Atkins,
Fundamentos de Química Analítica - Peter Princípios de Química - Questionando a
Vida Moderna e o Meio Ambiente - 3 ª Ed-Porto Alegre:Bookman, 2006.

LEONARDO S.G. Teixeira, Fábio R.P. Rocha, Mauro Korn,Boaventura F.


Reis,Sérgio L.C. Ferreira, Antonio C.S. Costa - Analytica Chimica Acta 383 (1999)

REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS. Brazilian Journal of


Pharmaceutical Sciences. vol. 39, n. 1, jan./mar., 2003

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