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Planejamento ambiental e ocupação do solo

urbano em Presidente Prudente (SP)

DOI: 10.1590/ 2175-3369.007.001.AO04 ISSN 2175-3369


Licenciado sob uma Licença Creative Commons
Environmental planning and occupation of urban land in Presidente Prudente,
Sao Paulo state, Brazil

Sibila Corral de Arêa Leão Honda, Marcela do Carmo Vieira, Mayara Pissutti Albano, Yeda Ruiz Maria

Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), Presidente Prudente, SP, Brasil

Resumo
O planejamento urbano ambiental é processo de extrema importância para os centros urbanos atualmente,
auxiliando na ocupação racional e no equilíbrio ambiental. Não deveria ser desvinculado das políticas de
desenvolvimento, pois está diretamente relacionado à qualidade de vida. Auxiliando nesse processo, o plano
diretor municipal, aprovado constitucionalmente em 1988, é instrumento fundamental para orientar a ação
dos agentes em prol do desenvolvimento urbano equilibrado. Apoiado nessa premissa, este artigo tem como
objetivo primeiro a contribuição dessa discussão, por meio da relação de uso e ocupação do solo urbano e a
produção da habitação de interesse social em cidades médias, considerando as questões ambientais, tendo
como estudo de caso a realidade da cidade de Presidente Prudente, município localizado no oeste do Estado
de São Paulo, no período entre 1997 e 1999. A metodologia utilizada foi baseada em pesquisa qualitativa,
com levantamentos de campo dos conjuntos habitacionais escolhidos, segundo aspectos arquitetônicos, ur-
banísticos e ambientais. Verifica-se uma realidade inadequada no município analisado, cujos projetos de
habitação social são inseridos na malha urbana desconsiderando normas, leis e diretrizes, em um processo
de políticas urbanas não coerentes com os propósitos socioambientais desejáveis.

Palavras-chave: Políticas públicas. Habitação de interesse social. Meio ambiente construído.

Abstract
Urban environmental planning processes are of utmost importance to urban centers currently, assisting
in rational occupation and environmental balance. They should not be separated from developmental
policies because they are directly related to quality of life. Aiding in this process, the municipal Master Plan,
constitutionally approved in 1988, is an essential instrument to guide the action of agents in favor of balanced
urban development. Based on this premise, the primary goal of this article is to contribute to this discussion
through the relations of use and occupation of urban land and the production of social housing in medium-
sized cities, considering environmental issues. It is based on the case study of the reality experienced by the

SCALH é Arquiteta e urbanista, doutora em Arquitetura e Urbanismo, e-mail: sibila@unoeste.br


MCV é Arquiteta e urbanista, mestre em Agronomia, e-mail: mvieira@unoeste.br
MPA é Arquiteta e urbanista, mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, e-mail: ma.albano@unoeste.br
YRM é Arquiteta e urbanista, mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, e-mail: yeda@unoeste.br

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municipality of Presidente Prudente, western of Sao Paulo state, between 1997 and 1999. The methodology
used was based on qualitative research, with field surveys of selected housing estates, according to
architectural, urban and environmental aspects. The municipality analyzed presents an inadequate reality,
with social housing projects inserted in the urban grid disregarding rules, laws and guidelines, in a process of
urban policies inconsistent with desirable environmental purposes.

Keywords: Public Policies. Social housing. Built environment.

Introdução na obtenção de informações sobre determinados


aspectos da realidade.
Este artigo busca colaborar na discussão sobre a O processo de urbanização no Brasil, principal-
produção de habitação de interesse social em cidades mente a partir da década de 1960, colocou inúmeros
médias, e seu processo e controle na ocupação do desafios às questões relativas às políticas públicas,
espaço urbano. Visa a analisar uma realidade urbana à gestão e à organização do território municipal. O
relacionando-a às diretrizes de planejamento urbano processo de urbanização brasileiro elevou ao mesmo
aprovadas na Constituição Federal Brasileira e no tempo a demanda por moradia, por empregos e por
Estatuto da Cidade, cujos instrumentos deveriam serviços públicos nas cidades.
ser incluídos no plano diretor municipal e aplicados Nos grandes centros urbanos, é bastante visível o
na gestão do território. Como estudo de caso foca-se quadro de miséria social com grande percentual da
em Presidente Prudente, cidade no interior do Estado população residindo em áreas ilegais, clandestinas,
de São Paulo, durante os anos de 1997 e 1999, em favelas e de risco. Essa realidade tem se propagado
empreendimentos financiados pela Companhia de também para cidades médias e pequenas. Frente ao
processo de crise urbana, o enfrentamento dos graves
Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do
problemas que atingem a população requer soluções
governo estadual paulista.
articuladas de planejamento e gestão urbanos.
A metodologia utilizada está baseada em pesquisa
Nesse contexto, a formulação de políticas públicas
qualitativa, com aprofundamento teórico sobre os
urbanas adequadas é fundamental, incluindo-se
aspectos tratados, levantamentos sobre o processo
as relativas ao uso e à ocupação do solo urbano, à
de evolução da malha urbana de Presidente Prudente,
habitação e à infraestrutura, visando a contribuir
aspectos legais voltados à habitação social e à análise
para a construção de ambientes urbanos equilibrados
ambiental, base documental, caracterização física,
e mais justos e menos degradantes do meio ambiente
social e ambiental dos empreendimentos estudados,
natural.
e levantamentos de campo.
A abordagem qualitativa visa a relacionar a
teoria e os dados, a teoria e a ação, por meio da Diretrizes legais de políticas urbanas
compreensão dos fenômenos a partir da descrição e
interpretação, bem como das experiências pessoais Principalmente a partir da Constituição Federal
dos pesquisadores (Teixeira, 2000). Assim a pesquisa de 1988 (Brasil, 1988), as temáticas da política
qualitativa utiliza-se do método dedutivo. urbana e da gestão das cidades no Brasil passaram
Os levantamentos físico-territoriais dos conjuntos a ocupar lugar de destaque em diversas esferas
habitacionais estudados e seus entornos natural e institucionais, políticas e sociais, com fortalecimento
construído também apoiaram a referida pesquisa, do município, que passou a ser um dos entes
tendo como objetivo verificar aspectos relativos federativos conjuntamente com os estados e a União,
ao uso e ocupação do solo, infraestrutura urbana e e cuja autonomia foi ampliada política, administrativa
utilização do ambiente construído e natural. Ressalta- e financeiramente.
se a observação como técnica de coleta de dados Nos artigos 182 e 183 da Constituição (Brasil,
que busca obter informações utilizando os sentidos 1988), foram definidas as diretrizes básicas

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para a política urbana brasileira, assim como a recursos naturais, para construção e manutenção da
obrigatoriedade de algumas cidades em aprovar qualidade de vida urbana.
um plano diretor. Em 2001, esses artigos foram
regulamentados por meio da instituição da Lei
Federal n. 10.257, conhecida como Estatuto da Planejamento e gestão urbanos
Cidade (Brasil, 2001). E, entre as políticas urbanas, a
habitacional passou a ser central e estratégica para o A Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988),
município, uma vez que um dos principais problemas em seu capítulo sobre política urbana, atribuiu ao
é a provisão de moradias adequadas à grande parcela município as funções de controle, de planejamento,
da população. de gestão e de desenvolvimento urbano. Verifica-se,
Assim, o papel do município como gestor tornou- assim, a relação entre planejamento e política urbana,
se primordial, devendo regular a atuação do mercado pois o planejamento pode ser identificado como um
imobiliário e o processo de ocupação do território processo político-administrativo de governo, que,
em consonância com a política de desenvolvimento apesar de dever estar embasado em conhecimentos
urbano e com as diretrizes que vão ao encontro teóricos, precisa estar definido como políticas e
dos propósitos da função social da cidade, além da diretrizes práticas (Ferrari, 1991).
preocupação com a qualidade de vida e conservação O processo de planejamento urbano tem como
dos aspectos ambientais locais, conforme o Estatuto propósito ordenar, articular e equipar o espaço, de
da Cidade (Brasil, 2001) em seu artigo 2°, apoiado maneira racional, direcionando a malha urbana,
na primeira Conferência das Nações Unidas sobre assim como suas áreas ou zonas, a determinados
Assentamentos Humanos (Habitat I), ocorrida em usos e funções. No entanto, a ideia de processo de
Vancouver em 1976. planejamento está baseada na compreensão de que
Durante a Conferência Habitat II, realizada
somente ocorre eficazmente se houver todas as
em Istambul em 1996, foi aprovado documento,
fases de desenvolvimento técnico: levantamentos e
denominado Agenda Habitat II, que apresenta
diretrizes, projeto, execução e reanálise (Philippi et al.,
princípios, compromissos e estratégias a serem
2004).
adotados pelo poder público e pela sociedade, com
Di Sarno (2004) informa que o planejamento é
vistas ao desenvolvimento sustentável na área
instrumento necessário à adequada ordenação do
urbana. E na Rio-92, foi elaborada a Declaração do
espaço urbano, sendo que o
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Agenda
21), em torno da discussão sobre sustentabilidade [...] planejamento urbanístico deve traduzir
do meio ambiente urbano, apresentando metas para metas para o setor público e privado, pre-
promoção da qualidade de vida e equidade social nas tendendo a transformação dos espaços, ou o
cidades (Antonucci et al., 2010). estímulo a certas atividades, ou a manuten-
No Brasil, ocorreu a formulação da Agenda 21 ção de determinadas áreas para que, vista
Brasileira, “instrumento de planejamento para no conjunto, a cidade se equilibre nas suas
a construção de sociedades sustentáveis, em múltiplas funções (Di Sarno, 2004, p. 55).
diferentes bases geográficas, que concilia métodos
de proteção ambiental, justiça social e eficiência Mas é importante a visão de que o planejamento
econômica” (Brasil, 1992a, p. 1). Isso significa que as é processo que também precisa ser planejado, pois o
políticas públicas que intervenham na área urbana planejamento é um sistema organizado de trabalho,
deveriam buscar a sustentabilidade na realidade implicando em alterações no sistema de organização
urbana, por meio de implementação de políticas de informações, reforço da capacidade administrativa
urbanas que não ignorem as questões ambientais e um amplo trabalho de formação, segundo um
(Medauar, 2004). esforço da administração municipal sobre si mesma
Dessa forma, demonstra-se a necessidade de (Dowbor, 1987).
integração das políticas públicas setoriais, inclusive E é importante destacar a relação entre
ambiental, visando a um conjunto de ações e planejamento e gestão, baseada no referencial
diretrizes voltadas ao adequado uso do solo e dos temporal, pois o planejamento é a preparação para

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a gestão futura, enquanto a gestão se refere ao Planejamento e desenvolvimento


presente. Segundo Souza (2002, p. 46, grifo do autor): urbano ambiental
[...] Planejamento e gestão não são termos
O equilíbrio ambiental está diretamente
intercambiáveis, por possuírem referenciais
relacionado à qualidade de vida, e, buscando tal
temporais distintos e, por tabela, por se referi-
equilíbrio, o planejamento urbano é necessário,
rem a diferentes tipos de atividades. Até mes-
com revisão de seus conceitos, com inclusão real da
mo intuitivamente, planejar sempre remete
questão ambiental, por meio do um planejamento
ao futuro [...], tentar simular os desdobramen-
considerado ambiental (Canepa, 2007).
tos de um processo, com o objetivo de melhor Para Almeida et al. (1999), o planejamento
precaver-se contra prováveis problemas ou, ambiental deve ser visto de forma ampla, como
inversamente, com o fito de melhor tirar par- processos de definições e decisões, aplicável a
tido de prováveis benefícios. De sua parte, vários tipos e níveis de atividade humana, por meio
gestão remete ao presente: gerir significa de ações contínuas voltadas a auxiliar a tomada de
administrar uma situação dentro dos marcos decisões para a resolução de objetivos específicos,
dos recursos presentemente disponíveis e ten- ou seja, “é a aplicação racional do conhecimento
do em vista as necessidades imediatas. do homem ao processo e tomada de decisões para
conseguir uma ótima utilização dos recursos, a fim
Essa conceituação baseia as discussões e análises
de obter o máximo de benefícios para a coletividade”
deste artigo. Importante destacar também que,
(Almeida et al., 1999, p. 12).
embora não sinônimos, o objetivo principal de
Albano (2013) informa que o planejamento
ambos está voltado ao desenvolvimento urbano, ambiental é o elemento básico para o desenvolvimento
que deve visar à melhoria da qualidade de vida econômico e social voltado à melhor utilização e
de sua população, conforme afirma a Constituição gestão de uma unidade territorial, cujas fases de
Federal de 1988 (Brasil, 1988), no artigo 225, para a inventário e de diagnóstico tornam-se caminho para
qual todos têm direito a uma boa qualidade de vida. a compreensão das potencialidades e das fragilidades
O Estatuto da Cidade (Brasil, 2001) reforça essa da área. Assim, o planejamento ambiental é a base
visão, como em seu artigo 1º, parágrafo único, que para o desenvolvimento sustentável, compreendido
estabelece como objetivo o bem-estar dos cidadãos como a maneira possível para a qualidade de vida da
e o equilíbrio ambiental, devendo constar no plano população, principalmente para os países periféricos
diretor municipal a realização da qualidade de vida e subdesenvolvidos, ou a única possibilidade de
da população afetada. sobrevivência para a humanidade (Assis, 2000 apud
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa Moreno, 2002).
que a qualidade de vida está intimamente ligada às Acselrad et al. (2001 apud Moreno, 2002, p. 86)
condições de alimentação, educação, renda, trabalho, afirmam que “a aplicação da noção de sustentabilidade
emprego, liberdade, saneamento, habitação, meio ao debate sobre o desenvolvimento das cidades
exprime um duplo movimento de ‘ambientalização’
ambiente, transporte, lazer, acesso à terra e à saúde.
das políticas urbanas e de introdução das questões
Dessa forma, há íntima relação com políticas urbanas.
urbanas no debate ambiental”. Para Canepa (2007),
E os indicadores de qualidade de vida de uma cidade
o conceito de desenvolvimento sustentável envolve
são influenciados pela política pública, sendo o Poder
várias dimensões, incluindo a ambiental, a social,
Público responsável pela gestão dos serviços a serem a econômica e a temporal dos processos urbanos,
considerados, ou seja, há relação entre a eficácia da podendo aparecer isoladamente ou de forma
gestão pública e a qualidade de vida dos habitantes dinâmica.
de uma cidade (Di Sarno, 2004). Ou seja, o conceito de desenvolvimento
Em relação à qualidade de vida, Dias (2005) sustentável propõe “uma harmonização entre o
afirma que há relacionamento direto com a proteção desenvolvimento socioeconômico com a conservação
do meio ambiente, e que para ocorrer o progresso do meio ambiente, com ênfase na preservação dos
social é necessária proteção ambiental. ecossistemas naturais e na diversidade genética, para

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a utilização racional dos recursos naturais” (Franco, terrenos” e visam à “separação entre direito de
2001, p. 26). propriedade e potencial construtivo dos terrenos”
Configura-se, dessa forma, um grande desafio para (Rolnik, 2001, p. 5).
o que poderia ser denominado planejamento urbano O Ministério das Cidades e o Conselho Federal
ambiental, que deveria conseguir atrelar o meio de Engenharia, Agricultura e Agronomia (Brasil,
ambiente aos processos intraurbanos por meio da 2004) identificam questões relevantes que deveriam
combinação entre planejamento e análise ambiental, ser consideradas na execução dos planos diretores
voltada ao uso racional dos recursos naturais e à municipais, como a dimensão econômica, na criação
melhora das condições de vida da população (Maria, de empregos, e a territorial, que deve ser aliada
2013; Albano, 2013). às propostas de planejamento e gestão urbanos,
Mas Dias (2005) alerta que não há como realizar aumentando o controle do espaço urbano, diminuindo
a proteção do meio ambiente, com qualidade de vida segregação socioespacial e a expansão desordenada
e sustentabilidade econômica e de recursos naturais, da malha urbana, e reabilitando áreas urbanas
se não ocorrerem adequadas transformações nos consolidadas. Nessa linha, e focando na subdivisão
ambientes urbanos, com prestação de serviços do território municipal para definição do seu uso e
públicos de forma duradoura, para toda sociedade, ocupação e da melhor qualidade de vida aos habitantes
de forma continuada. de uma cidade, de forma a mitigar os impactos e a
No entanto, segundo Oliveira Filho (1999 apud degradação no ambiente urbano, há o zoneamento
Dias, 2005), não há como definir um padrão de urbano ambiental (Canepa, 2007; Souza, 2002).
sustentabilidade com aplicação a todas as cidades; Assim, a figura do zoneamento ambiental
devendo, cada uma, estipular estratégias voltadas amplia o conceito de zoneamento, sem mudar sua
à busca da sustentabilidade, ou seja, cada cidade essência nem sua natureza, possibilitando maior
precisa encontrar suas próprias soluções para seus ênfase à proteção de áreas de significativo interesse
problemas urbanos. ambiental, controlando a ocupação de novas áreas
naturais, assim como objetivando a redução de
degradação do ambiente já urbanizado por meio de
Plano diretor municipal uso e ocupação compatíveis com as características
geomorfológicas, hídricas e climáticas do local (Silva,
O Estatuto da Cidade (Brasil, 2001) regulamentou 2003 apud Canepa, 2007).
os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de Importante destacar também que quando ocorre o
1988, sobre política urbana, e deveria apresentar o processo de urbanização sobre sistemas naturais, sem um
conceito de função social da cidade e da propriedade planejamento e uma gestão adequados, com mitigação
urbana e o que seria seu cumprimento. No entanto, dos danos, acontece fortemente a degradação ambiental,
delegou essa tarefa aos municípios, juntamente com reduzindo as possibilidades de implementação da
alguns instrumentos inovadores para intervenção no sustentabilidade das cidades. Assim sendo, a urbanização
território, com sua inclusão e aprovação nos planos sustentável é um dos maiores desafios da atualidade
diretores (Rolnik, 2001). (Carrera, 2005 apud Canepa, 2007).
Ou seja, a definição sobre a função social da Segundo a Agenda 21, definida na Rio-92, no
cidade e se a propriedade urbana cumpre função capítulo 7 (Brasil, 1992b), sobre assentamentos
social passaram a ser atribuições de cada município humanos, há várias áreas a serem priorizadas, das
por meio de seus planos diretores, além da tarefa quais podem-se ressaltar: a oferta adequada de
de definir e mapear as áreas urbanas onde as habitação a todos; a promoção do planejamento e da
propriedades deveriam ter uma função social real, gestão do uso do solo dos assentamentos humanos
por meio de uma ação coercitiva do Poder Público em bases sustentáveis, com seu aperfeiçoamento; e
(Saule, 1997, 2001). a promoção do planejamento e do gerenciamento
A matéria de política urbana, seus instrumentos de assentamentos humanos em áreas suscetíveis
e a função social da cidade deveriam ser discutidos a desastres. Isso resulta na necessidade de
e aprovados com seriedade nos planos diretores, implementação de políticas públicas visando ao
pois “procuram coibir a retenção especulativa de desenvolvimento urbano sustentável.

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Presidente Prudente, SP, e A maior parte dos conjuntos habitacionais, entre


habitação de interesse social os anos de 1976 e 1982, foram implantados na
região oeste da cidade, sendo que a maioria deles
Presidente Prudente, município de porte criada em loteamentos previamente aprovados e
médio, localizado no oeste do Estado de São Paulo, abertos na cidade. A partir de 1983, ocorreu uma
apresentou na sua formação política o coronelismo, mudança no percurso histórico de oferta de lotes e
alterado pelo populismo a partir da década de 1930, loteamentos, com poucos investimentos privados em
segundo Abreu (1996), que contribui para a ausência terra (Torrezan, 1992).
de um processo de planejamento e gestão urbanos A nova Constituição Federal foi sancionada
efetivos e coerentes. em 1988, com inclusão de capítulo específico
Associado a isso, a ausência de uma política sobre política urbana e exigência de plano diretor
habitacional municipal efetiva, o desinteresse público municipal. No ano seguinte, foi criada a Companhia
declarado na definição clara de áreas voltadas à de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU),
habitação social na estrutura urbana, a falta de vinculada à Secretaria de Habitação do Estado de
preocupação com os ambientes natural e construído, São Paulo. Na gestão municipal 1989-1992, nove
reproduzem e reforçam o modelo de expansão conjuntos foram aprovados (Honda, 2011).
urbana periférica e segregada ocorrido nas últimas Durante a gestão municipal de 1993-1996, houve
décadas (Honda, 2011). concessão de Direito Real de Uso de 4.013 lotes
Em 1968, o Centro de Pesquisas e Estudos urbanizados no município, sem participação do
Urbanísticos (CPEU), da Faculdade de Arquitetura e governo federal ou do estadual. A construção dos
Urbanismo da USP, elaborou o primeiro plano diretor imóveis foi realizada por meio de autoconstrução
para a cidade, o Plano Diretor de Desenvolvimento (Marisco, 2003). No último ano desse governo
Integrado (PDDI). Também nesse ano, o município municipal, foi aprovado o novo plano diretor para a
foi beneficiado com a construção do primeiro cidade, a Lei Municipal n. 29/1996.
conjunto habitacional, com financiamento do Banco A Política Nacional de Habitação (PNH) em vigor
Nacional de Habitação (BNH), o Parque Continental
durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso
(Silva, 2005). Esse conjunto, localizado na franja
(1995-2002) visava à descentralização da execução
urbana da cidade, apresentava 142 unidades de
dos programas habitacionais, com incentivo a ações
casas unifamiliares. Entretanto, o loteamento onde
dos governos municipais como agentes promotores
foi implantado esse empreendimento estava aberto
de habitação social.
desde 1962, conhecido como Jardim Bongiovani, em
Na gestão municipal de 1997-2000, cinco
área bastante isolada na região sul da cidade.
empreendimentos de habitação social foram
A expansão urbana durante as duas décadas
executados na cidade, sendo um particular –
seguintes (1970 e 1980) ocorreu sem precedentes,
Residencial Maré Mansa – e quatro da CDHU –
surgindo grandes vazios no traçado da cidade. A
malha urbana praticamente dobrou nesse período. Maracanã, Cecap II, Cobral e São João, foco desta
Marisco (2003) informa que, a partir da década discussão.
de 1970, começa a se configurar um processo de Em janeiro de 2008, foi aprovada a revisão do
urbanização altamente segregacionista na cidade. plano diretor (Presidente Prudente, 2008). Em
É possível verificar que muitos loteamentos 2009, assumiu novo governo municipal. Durante a
abertos, para além da malha urbana, somente década de 2000, foram executados quatro conjuntos
receberam moradores após serem utilizados habitacionais e um loteamento do Programa de
para construção de habitação social, como o Arrendamento Residencial (PAR), além de dois outros
Parque Continental (acima descrito) e o Conjunto conjuntos pela CDHU.
Bartholomeu Bueno de Miranda, segundo A expansão urbana de Presidente Prudente tem
empreendimento residencial para baixa renda na demonstrado o maior interesse nas áreas a sudoeste
cidade. Esse empreendimento, aprovado em 1978, para loteamentos e condomínios das elites, e a oeste
por meio da Cohab-Bauru e financiamento do e norte para as camadas de menor poder aquisitivo.
BNH, apresentava 1.017 casas, entregues em 1980, O processo de crescimento com manutenção de
localizado no setor oeste da cidade. grandes vazios urbanos tem permanecido (Figura 1).

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Política ambiental em Presidente Prudente deve suplementar a legislação federal e estadual


relacionada a questões ambientais, criando bases
Conforme a Constituição Federal de 1988 (Brasil, para o desenvolvimento local com qualidade
1988), é de competência municipal a proteção do ambiental; podendo ou devendo se apoiar no plano
meio ambiente e combate à poluição em qualquer diretor municipal e em Política Municipal do Meio
de suas formas (artigo 23). Dessa forma, o município Ambiente (PMMA), visando a regular e direcionar

Figura 1 - Planta urbana de Presidente Prudente – localização dos conjuntos habitacionais executados entre 1968 e 2009
Fonte: Honda (2011).

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as ações do Poder Público local e da sociedade civil de novos empreendimentos urbanos demonstram
(Albano, 2013). descaso com a ocupação do solo com bases ambientais.
Em relação ao município de Presidente Prudente, Sendo importante destacar que a caracterização
não há em seu quadro normativo uma Política geomorfológica é ferramenta fundamental nos
Municipal de Meio Ambiente ou um plano relativo estudos, diagnósticos e prognósticos, tanto para
ao meio ambiente. Toda normatização a esse respeito áreas rurais como urbanas, auxiliando na delimitação
encontra-se definida no plano diretor municipal e em de zonas residenciais, na demarcação de áreas de
leis complementares. O plano atual foi revisado em proteção ambiental, áreas de risco, entre outros
2007 e sancionado em 2008, apresentando capítulo aspectos (Nunes et al., 2006).
“Da Política Ambiental” nos artigos 35 e 36. Considerando aspectos geoambientais, o
Entre os objetivos elencados constam a município de Presidente Prudente é constituído,
preservação, a melhoria e a recuperação do meio de forma geral, por colinas amplas, suavemente
ambiente; o desenvolvimento de ações integradas onduladas, e em poucas áreas com topos suavizados e
à defesa do meio ambiente, com estabelecimento vertentes íngremes, associadas à estrutura geológica
de padrões de qualidade ambiental; a imposição constituída por rochas sedimentares da Formação
de recuperação e indenização dos danos causados Adamantina, de área de solos rasos e litólicos, ou seja,
a poluidor e depredador; a coleta seletiva de lixo com uma pequena quantidade de solo sobre o maciço
e resíduos sólidos urbanos; a compatibilização da rochoso deixando o lençol subterrâneo em contato
política ambiental com as políticas setoriais de uso praticamente direto com a superfície (Fushimi &
e ocupação do solo; a elaboração de zoneamento Nunes, 2011; Boin, 1999).
ambiental; a elaboração de plano de gestão de Maria (2013) afirma que essa definição dos
resíduos sólidos; a elaboração de plano de drenagem aspectos geoambientais relevantes possibilita a
urbana e combate à erosão. interpretação e o reconhecimento dos processos
Também há uma série de leis municipais de interação dos quadros físico e biológico, de
que regulamentam ações a respeito de questões suas potencialidades e limitações, revelando as
ambientais na tentativa de mitigar impactos ao possibilidades de uso racional dos recursos naturais
meio ambiente, mas de forma bastante pontual, da referida região; cuja inter-relação constitui
como leis que tratam de escapamentos de ônibus ferramenta básica para um adequado planejamento
de transporte coletivo, cadastro de entidades urbano ambiental.
ambientalistas, instalação de usina de reciclagem, E, em virtude de não ter havido os devidos cuidados
permissão de manutenção de praças por entidades com o solo, com relação aos desmatamentos advindos
públicas e privadas, criação de conselho do meio das ocupações urbanas regulares e irregulares
ambiente, criação de projeto de educação ambiental do Pontal do Paranapanema, acentuaram‑se os
junto à rede municipal de educação, criação de fundo problemas das erosões características do tipo de solo
do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, encontrado e ficam cada vez mais susceptíveis às
aprovação do programa Promar (Programa Municipal ações do crescimento desordenado sem a necessária
de Arborização Urbana), criação de plano de prática do planejamento urbano ambiental.
gerenciamento de resíduos sólidos e a aprovação
da obrigatoriedade de calçadas ecológicas na área
urbana municipal. Execução de habitação social em Presidente
Verifica-se, dessa forma, a carência de definições Prudente e preocupação socioambiental
legais mais abrangentes e mais significativas no
controle dos processos urbanos. O zoneamento Durante a gestão municipal de 1997 a 2000,
ambiental não é tema de preocupações e diretrizes foram executados em Presidente Prudente quatro
municipais, e não se verifica qualquer relação entre conjuntos habitacionais com recursos públicos, todos
uso e ocupação do solo rural ou urbano com questões financiados pela Companhia de Desenvolvimento
ambientais. Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de
Ou seja, a expansão territorial, o processo de São Paulo: São João, Cecap II, Maracanã e Cobral
abertura de novos loteamentos e a implantação (Figura 2).

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70 Honda, S. C. A. L., Vieira, M. C., Albano, M. P., & Maria, Y. R.

Figura 2 - Localização dos conjuntos habitacionais Cobral, Maracanã, Cecap II e São João
Fonte: Elaborada pelas autoras.

Todos os quatro empreendimentos são formados poluentes como na questão de conforto térmico,
por edifícios multifamiliares de quatro pavimentos criando um microclima ameno.
com unidades residenciais (térreo, primeiro, segundo A localização não gerou maior expansão territorial
e terceiro pavimentos), e seguintes ambientes urbana, cuja população foi beneficiada com transporte
internos: sala, cozinha, banheiro e dois dormitórios. e serviços públicos e infraestrutura urbana já
O número de unidades em cada empreendimento é: implantada. É exemplo positivo de empreendimento,
São João, Maracanã e Cobral com 304 cada, e Cecap II inclusive segundo preocupação de planejamento
com 256, com um total de 1.168 unidades. urbano ambiental; mesmo que esse não tenha sido
O conjunto São João foi implantado em grande o foco na decisão de disposição de área.
vazio urbano decorrente de processo de expansão O Cecap II foi executado na região oeste da malha
urbana gerada pela execução de habitação de urbana, em área delimitada de um lado (leste) por
interesse social no início da década de 1990, na loteamento urbano voltado à população de baixo
região sudoeste da malha. Encontra-se em cota poder aquisitivo, e do outro (oeste) pela abertura
elevada, distante de córregos e áreas de preservação da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek de
ambiental, cujo solo apresenta características mais Oliveira. A região encontrava-se consolidada quando
favoráveis à execução de fundação de edificações com da implantação do empreendimento social. Também
menores prejuízos ambientais. O local é beneficiado está em cota alta, distante de área mais frágil
pelos ventos predominantes, seja na dispersão de ambientalmente, com formação geomorfológica

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Planejamento ambiental e ocupação do solo urbano em Presidente Prudente (SP) 71

adequada à ocupação urbana. Devido à ocupação dos posicionado no final do percurso do vento após cortar
bairros adjacentes, o conjunto habitacional é bastante toda a cidade, resultando em poluição do ar devido ao
privilegiado quanto aos aspectos de ventilação e carregamento de partículas e maior intensidade de
insolação, assim como aos aspectos de transporte calor. Não pôde ser percebida qualquer preocupação
e serviços públicos, e infraestrutura urbana. Não há social, econômica ou ambiental na definição da
característica que desabone a definição da área. localização do citado conjunto habitacional.
O conjunto habitacional Maracanã foi implantado
no Jardim Maracanã, na área definida como de lazer
no projeto de aprovação do loteamento, cuja área Considerações finais
foi doada pela Prefeitura Municipal de Presidente
Prudente. Encontra-se na região oeste da malha A expansão territorial e a ocupação do solo urbano
urbana, próximo a bairros de interesse social e a em Presidente Prudente apresentam uma dinâmica
grandes vazios urbanos, junto a fundos de vale e marcada pela história econômica, política e social
córregos canalizados. da região, sem foco em planejamento urbano, ainda
A eliminação da área de lazer no loteamento menor preocupação ambiental, ou inclusão social.
não foi compensada por qualquer outra estrutura Constata-se que nos quatro empreendimentos
urbana, resultando em carência de espaços livres (ou analisados os aspectos positivos foram decorrência
espaços públicos abertos), de vital importância nos de causalidade, não havendo discussão e reflexão
meios urbanos, pois agregam qualidade ao ambiente sobre eles; assim como os aspectos negativos foram
construído, oferecendo condições ambientais e ignorados quando do projeto e de sua execução,
sanitárias e possibilidades de convívio e lazer. inclusive com descaso legal.
Assim como resultou em aumento significativo da Ao analisar as características de implantação dos
densidade populacional, ampliando ainda mais os referidos conjuntos habitacionais, considerando essa
problemas da falta daqueles espaços.
falta de critérios na escolha dos locais de implantação,
A formação geomorfológica local não é adequada
notam-se implicações sociais e ambientais por eles
ao uso verticalizado e adensado na estrutura urbana.
causadas, concluindo-se que o processo de expansão
O descaso legal é bastante significativo, ignorando-
urbana em Presidente Prudente reproduz localmente
se leis federais e estaduais, assim como as normas,
aspectos negativos dos modelos nacionais sobre
planos e diretrizes municipais. Verifica-se, neste caso,
o processo de produção das cidades brasileiras,
que o planejamento urbano não se configura como
colaborando no reforço da segregação urbana e da
preocupação do Poder Público local, e ainda menos
criação de vazios na malha urbana.
o planejamento urbano ambiental.
O planejamento urbano com uma preocupação
O Cobral é conjunto de habitação de interesse
ambiental deve ter como objetivo o uso adequado do
social executado na região norte da malha urbana.
Está próximo a outros empreendimentos de solo para o desenvolvimento local e a proteção dos
habitação social, como o Humberto Salvador, recursos naturais. Assim não deve ser desvinculado
loteamento entregue em concessão de uso pela das políticas urbanas, buscando-se a distribuição
Prefeitura Municipal em 1993, mas não faz divisa com igualitária dos benefícios sociais. Nota-se que a
nenhum bairro ou conjunto habitacional. O Cobral se ausência desse planejamento na cidade de Presidente
encontra no limite da malha, na franja urbana; em Prudente impede a concretização desses objetivos e
área de mobilidade urbana bastante reduzida, devido benefícios de modo igualitário.
à linha férrea e à carência de transposições. É área Nesse município, apesar de ter sido objeto de três
bastante segregada e carente de serviços públicos. planos diretores, entre 1968 e 2008, o processo de
O conjunto está próximo a uma área de expansão urbana vem ocorrendo na contramão dos
preservação permanente (APP), em área de cota propósitos dos instrumentos urbanísticos instituídos
baixa, com formação do solo bastante frágil. Em e aprovados na Constituição Federal de 1988 e
relação aos ventos predominantes, não apresenta no Estatuto da Cidade, pois, embora tais planos
aspectos positivos, encontrando-se implantado na contenham políticas específicas sobre as questões
face descendente da colina conexizada, além de estar habitacional e ambiental, na prática sua aplicação

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72 Honda, S. C. A. L., Vieira, M. C., Albano, M. P., & Maria, Y. R.

não fez surtir um efeito adequado como pôde ser futuro comum – uma necessidade, um desafio (2a ed.). Rio
observado na presente pesquisa. de Janeiro: Thex Ed.
Verifica-se a necessidade de novas diretrizes de
Antonucci, A., Alvim, A. T. B., Zioni, S., & Kato, V. C. (2010).
ação do Poder Público municipal, anteriores aos
UN-Habitat: das declarações aos compromissos. São Paulo:
processos de implantação de conjuntos habitacionais,
Romano Guerra.
tais como zoneamento ambiental, restrição de
ocupação de áreas não urbanizáveis devido à Boin, M. N. (1999). Relatório n. 1. São Paulo: Procuradoria
fragilidade ambiental, não aprovação de projetos Geral de Justiça.
de loteamento além da malha urbana e em área
Brasil (1988). Constituição da República Federativa do
ambientalmente inadequada.
Brasil de 1998. Brasília: Diário Oficial da União.
Ao refletir sobre os processos de expansão e de
adensamento urbano e sobre a habitação social em Brasil. Ministério do Meio Ambiente (1992a). Agenda
Presidente Prudente, observa-se que não ocorre uma 21 Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente.
preparação para a gestão futura. Além da segregação Recuperado em 04 de julho de 2011, de http://www.mma.
socioespacial reforçada pelo processo existente de gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/
expansão da malha urbana e da provisão de moradias agenda-21-brasileira.
de interesse social, também foram reforçados
Brasil. Ministério do Meio Ambiente (1992b). Agenda
problemas ambientais, pois não são definidas áreas
21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
ambientalmente frágeis a serem protegidas.
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). Rio de
Sua política habitacional, ora atrelada aos
Janeiro: Ministério do Meio Ambiente. Recuperado
propósitos do governo federal ou do estadual, ora aos
em 04 de julho de 2011, de http://www.mma.gov.
do municipal, vem sendo implementada dissociada
br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/
de uma política urbana inclusiva, voltada a um
agenda-21-global
desenvolvimento urbano equilibrado, assim como
sem preocupações com o meio ambiente natural e Brasil (2001, 11 de julho). Lei n. 10.257, de 10 de julho
construído. de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
A expansão e o desenvolvimento de uma Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e
cidade não podem contar com a “sorte”, por isso dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União.
o planejamento e o cumprimento das leis são
Brasil. Ministério das Cidades. Conselho Federal de
necessários e importantes para a consolidação
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Complementar n. 151, de 10 de janeiro de 2008. Dispõe Aprovado: Jul. 1, 2014

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