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DE ODINRIGHT
Sobre a obra:
Sobre nós:
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ESBOÇOS
de
TEOLOGIA
Archibald Alexander Hodge, D. D.
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Título original:
F.J.C.S. - Lisboa
2001 :
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Linguagem atualizada:
Revisão:
Antonio Poccinelli
Cooperador:
José Serpa
Capa:
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Sérgio Menga
Impressão: " i
Imprensa da Fé •
índice
Prefácio
Teologia Cristã;
Sua Relação com Outros Ramos do Conhecimento Humano
Origem da Idéia de Deus e Prova da Sua Existência
Os Mananciais da Teologia
, A Inspiração das Escrituras
Comparação de Sistemas
Credos e Confissões
A INTELIGÊNCIA INFINITA DE DEUS
A Santíssima Trindade
98. Qual era a posição daqueles que procuravam dim
Os Decretos de Deus em Geral
Predestinação
A Criação do Mundo
Os Anjos
A Providência
A Constituição da Alma, a Vontade, a Liberdade, etc.
A Criação e o Estado Original do Homem
A Aliança das Obras
A Natureza do Pecado e o Pecado de Adão
O Pecado Original
Incapacidade
A Imputação do Pecado Original de Adão à sua Posteridade
A Aliança da Graça
A Pessoa de Cristo
O Ofício Medianeiro de Cristo
A Propiciação: sua Natureza, Necessidade, Perfeição e Extensão
A Intercessão de Cristo
O Reinado Medianeiro de Cristo
A Regeneração
A Fé
A União dos Crentes com Cristo
O Arrependimento e a Doutrina Católico-Romana das Penitências
A Justificação
A Santificação
A Perseverança dos Santos
A Morte e o Estado da Alma depois da Morte
A Ressurreição
O Segundo Advento e o Juízo Geral
O Céu e o Inferno
Os Sacramentos
O Batismo: Natureza, Propósito, Objetos, Modo, Eficácia e Necessidade
A palavra abençoar oubendizer é empregada nas Escr
índice de Autores e de Assuntos
índice
alguns em que talvez haja falta de ilustrações, casos que o leitor, sem dúvida,
notará.
Desde que saiu a sua primeira edição, o autor tem estado ocupado catorze anos
no trabalho prático de instrutor teológico. Tem adquirido mais conhecimentos e
também mais experiência como professor, e estes têm sido utilizados nesta nova
e aumentada edição, que chegou ao seu tamanho atual mediante os acréscimos
feitos durante alguns anos de ensino ministrado às diversas classes do Seminário
Teológico.
Esta edição contém quase cinqüenta por cento mais matérias que a primeira. As
discussões das doutrinas que dividem os diversos ramos da Igreja, têm sido
acrescentados extratos dos principais credos, confissões e clássicos
escritores teológicos das grandes Igrejas históricas. E o apêndice contém uma
tradução do Consensus Tigurinus de Calvino, e da Fórmula Consensus Helvética
de Heidegger e Turretino, duas confissões de muito grande interesse doutrinário
para o estudante da teologia reformada, mas pouco acessíveis.
A obra é outra vez oferecida à Igreja Cristã, não como um tratado completo
sobre teologia sistemática para uso dos proficientes, e sim como um simples
manual, adaptado às necessidades dos estudantes que tomam suas primeiras
lições nesta grande ciência, e à conveniência dos muitos trabalhadores
sérios que talvez desejem refrescar a sua memória por meio de uma revisão
sumária do terreno sobre o qual passaram nos primeiros anos de seus estudos
teológicos.
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1
Teologia Cristã;
Ia. Existiria um Deus? 2a. Teria Deus falado? 3a. Que disse Deus? 4a. Como é
que os homens, no tempo passado, entenderam a Palavra de Deus e realizaram
praticamente, nas suas pessoas e instituições, as intenções de Deus? 2
vimento durante todos os séculos passados e entre todos os povos, dos elementos
teóricos e práticos dessa revelação: (1) na fé e (2) na vida da Igreja.
Io. História universal, que é ramo essencial a todos os demais ramos da ciência
humana e, em particular, as histórias do Egito, da Babilônia, da Assíria, da
Grécia, de Roma e da Europa medieval e moderna, que são auxiliares
especialmente da ciência teológica. .<■.!.] vo;nta. .
8o. A estética, ou a ciência das leis do belo em todas as suas formas de música,
retórica, arquitetura, pintura, etc., os princípios e a história de todas as diversas
divisões da arte.
10°. A estatística, cujo fim é dar-nos elementos completos sobre o estado atual
da raça humana no mundo, a respeito de tudo o que se pode sujeitar a
comparações - quanto ao seu número e estado físico, intelectual, religioso, social
e político de civilização, comércio, literatura, ciências, artes, etc.; elementos dos
quais estão sendo desenvolvidos gradualmente as formas imaturas da ciência
social e da economia política.
o VÍ . > . , • .
Este ramo divide-se em dois títulos: (1) Existiria um Deus? (2) Teria Deus
falado? Ele inclui:
revelação sobrenatural. ;
Quando os fatos: (1) que existe um Deus, e que (2) Deus nos tem falado - forem
estabelecidos, será necessário ainda
responder à pergunta: o que nos tem dito Deus? Teologia exe-gética é o título
geral daquela divisão da ciência teológica que tem por fim a interpretação das
Escrituras como a Palavra de Deus, deixada por escrito em linguagem humana, e
que nos foi transmitida por canais humanos; e para conseguir esse fim, o assunto
de Interpretação procura recolher e organizar todo o conhecimento que para isso
é necessariamente introdutório. Isso inclui as respostas a duas perguntas: (1)
Quais os livros que formam o cânon, e quais as palavras exatas contidas
nos registros originais dos escritores desses diversos livros? (2) Qual o sentido
dessas palavras divinas, assim averiguadas ?
Io. A crítica superior /alta crítica/, ou o exame das provas que existem e de toda
espécie, em apoio da autenticidade de cada um dos livros do cânon sagrado.
2o. A crítica do texto/crítica textual, a qual, por uma comparação dos melhores
manuscritos e das versões antigas, pelas provas internas, e pela história crítica do
texto desde o seu primeiro surgimento até ao tempo presente, procura determinar
as ipsissima verba dos autógrafos originais dos escritores sagrados.
3o. A Filologia bíblica, que dá respostas às perguntas: por que foram usadas
diversas línguas nos escritos sagrados? Por que as línguas hebraica e grega?
Quais são as características especiais dos dialetos dessas línguas realmente
usados, e qual a sua relação para com as famílias de línguas a que elas
pertencem? Quais eram as características especiais dos
Ia. Tipologia, que compreende a determinação científica das leis dos símbolos e
tipos bíblicos e sua interpretação, especialmente os do ritual mosaico
relacionado com a Pessoa e a obra de Cristo.
3a. Teologia bíblica, que investiga a evolução gradual dos diversos elementos
das verdades reveladas, desde a sua primeira sugestão, através de cada fase
sucessiva, até à sua mais completa manifestação no texto sagrado; e exibe as
formas e conexões peculiares em que essas diversas verdades são
apresentadas pelos diversos escritores inspirados.
Como o dá a entender o seu nome, teologia sistemática tem por fim reunir tudo
quanto as Escrituras ensinam sobre o que devemos crer e fazer, e apresentar
todos os elementos desse ensino na forma de um sistema simétrico. A mente
humana procura sempre unidade, em todos os seus conhecimentos. A
No modo de arranjar os tópicos, a maior parte dos teólogos têm seguido o que o
Dr. Chalmers denomina - método sintético. Tomando como ponto de partida a
idéia e a natureza de Deus, reveladas nas Escrituras, consideram seus
propósitos eternos e seus atos temporais nas obras da criação, providência e
redenção, até a consumação final. O Dr. Chalmers prefere, porém, o que ele
chama - método analítico, e toma por ponto de partida os fatos da experiência e
da luz da natureza, e a condição atual e moralmente enferma do homem, e daí
vai
4o. Ética cristã: abrangendo os princípios, regras, motivos e auxílios dos deveres
humanos revelados na Bíblia, como são determinados (a) pelas relações naturais
que o homem tem como homem com os seus semelhantes, e (b) suas
relações sobrenaturais como homem remido.
Teologia prática é tanto uma arte como uma ciência. Como arte, tem por fim a
publicação eficaz do conteúdo da revelação entre todos os homens e a
perpetuação, extensão e edificação do reino terrestre de Deus. Como ciência, tem
como sua província as leis e os princípios revelados da arte acima definida. Por
isso, assim como a teologia sistemática baseia-se numa cabal exegese, ao mesmo
tempo científica e espiritual, assim também a teologia prática baseia-se nos
grandes princípios desenvolvidos pela teologia sistemática, enquanto que a
divisão de eclesiologia é terreno comum a essas duas divisões: é o produto de
uma delas e o fundamento da outra.
4a. A determinação das condições sob as quais uma pessoa pode fazer-se
membro da Igreja, e a relação para com Cristo envolvida no fato de ser membro
dela, juntamente com os privilégios e deveres, absolutos e relativos, das diversas
classes de membros. A relação das crianças batizadas com a Igreja e os deveres
relativos dos pais e da Igreja em relação a elas.
■ , púlpito.
e história. . .
(2) Arqueologia cristã, que trata dos costumes, culto e disciplina da Igreja
Primitiva, e da história do culto, artes, arquitetura, poesia, pintura, música, etc.,
cristãos.
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1
E evidente que, visto que a revelação sobrenatural que aprouve a Deus dar-nos
veio a nós em uma forma histórica, essa história, bem como a da Igreja Cristã, é
ligada inseparável
4
O ponto de vista adotado neste livro é o evangélico, e
Origem da Idéia de Deus e Prova da Sua Existência
1. Qual a distinção entre uma definição nominal e uma definição real? E qual a
verdadeira definição do termo “Deus”?
A derivação da palavra Deus (em português e latim) e Theos (em grego) tem sido
comumente atribuída ao sânscritoDrá -dar “luz”. Mas Curtis, Cremer e outros
derivam-na de Thes em thessesthai - “implorar”. Theos é “Aquele a quem se
faz oração”.
A palavra Deus é muitas vezes usada em sentido panteísta, para significar a base
impessoal, inconsciente de toda existência, e por muitos, para designar a causa
primária desconhecida e que se não pode conhecer, do mundo existente. E por
isso que tantos especuladores, que negam real ou virtualmente a existência do
Deus da cristandade, assim mesmo repudiam indignados o nome ateístas, por
admitirem a existência de uma substância que existe por si, ou de uma causa
primária a que dão o nome Deus, denegando-lhe, porém, a posse
das propriedades pessoais que, em geral, lhe são atribuídas pelos que fazem uso
desse termo.
E evidente que Deus pode ser definido só até onde nos é conhecido, e a condição
da possibilidade de O conhecermos é o fato de que fomos criados à Sua imagem.
E preciso que toda definição de Deus pressuponha o fato de que, em
algum sentido essencial, Ele e Suas criaturas inteligentes são seres do mesmo
gênero. Deus é definido, pois, dizendo-se o Seu gênero e Suas diferenças
específicas. Quanto ao Seu gênero, é um Espírito inteligente e pessoal. Quanto a
Suas diferenças específicas, aquilo que O constitui Deus, Ele é infinito, eterno e
imutável, em Sua existência, sabedoria, poder, santidade, e todas as perfeições
em harmonia com o Seu Ser. .
Por outro lado, é certo que todos os homens, debaixo de todas as condições
conhecidas, e por isso, debaixo de todas as condições verdadeiramente naturais,
reconhecem espontaneamente uma existência divina que lhes é revelada, mais
ou menos claramente, na constituição e na experiência conhecidas de seus
próprios espíritos e na natureza externa. Por conseguinte, a concepção teísta não
é mais devido à autoridade, como muitas vezes se diz absurdamente, do que é
devido à crença, formada debaixo das mesmas condições de educação,
na realidade subjetiva do espírito humano, ou na realidade objetiva da matéria. A
existência do Deus automanifesto é reconhecida espontânea e universalmente, o
quê é uma prova evidente de serem claras e presentes, em toda parte, as
provas da Sua existência, e serem convincentes para todos os
homens desenvolvidos normalmente.
2o. Porque Deus não Se nos manifesta imediata, e sim, mediatamente por meio
de Suas obras. E, no ato pelo qual a alma reconhece a Sua presença e ação, há
sempre, pelo menos implicitamente, uma inferência, uma dedução.
3o. Porque a verdadeira idéia de Deus é muito complexa, e chega-se a ela por
meio de um processo complexo, o qual, quer seja espontâneo quer não, envolve
diversos elementos que se pode analisar e descrever.
Por outro lado, é certo que Deus Se manifesta nas operações de nossas almas e
na natureza exterior de um modo análogo àquele pelo qual se nos manifestam as
almas invisíveis de nossos semelhantes, e reconhecemos a existência dEle com a
mesma certeza com que reconhecemos a dessas almas. A existência dessas
reconhecemos: (a) porque somos genericamente semelhantes aos outros, e (b)
porque seus atributos se manifestam em suas palavras e atos. E a existência de
Deus reconhecemos: (a) porque fomos criados à Sua imagem, e este fato
reconhecemos espontaneamente, (b) pela revelação que
Io. Esses argumentos são de valor como análises e verificações científicas dos
processos mentais envolvidos implicitamente no reconhecimento espontâneo
das automanifestações de Deus.
4o. Os diversos argumentos são convergentes antes que consecutivos. Nem todos
estabelecem os mesmos elementos da concepção teísta, mas cada um deles
estabelece independentemente seu elemento separado e assim é útil,
contribuindo: (a) como prova confirmativa de que Deus existe, e (b) como prova
complementar quanto ao que Ele é.
bem que causalidade não pressupõe desígnio, nem desígnio bondade; desígnio
pressupõe causalidade, e bondade, tanto causalidade como desígnio. As provas
de inteligência são também provas de poder; e as provas de bondade o são
também de inteligência e poder. Os princípios da razão que nos obrigam a pensar
em Deus, na Suprema Inteligência Moral como um ser auto-existente, eterno,
infinito e imutável, suplementam as provas derivadas de outras fontes, e tornam
conseqüente e completa a doutrina do teísmo” - Theism, Prof. Flint, págs. 73, 74.
4o. As provas fornecidas pelos fenômenos das Sagradas Escrituras e pela história
sobrenatural nela registrada.
Tem-se alegado que o juízo causai conduz apenas a uma série eterna e regressiva
de causas e efeitos. Isso, porém, é um absurdo. *
(1) 0 juízo não é que tudo teve uma causa, e sim, que tudo o que principia a
existir e toda a mudança naquilo que já existe, foi causado. Para aquilo, porém,
que é eterno e imutável, esse juízo não pede causa.
(2) Uma série eterna de causas e efeitos é absurda, porque seria simplesmente
uma série de mudanças, que é precisamente aquilo que pede uma causa, e tanto
mais imperativamente quanto mais longa é a série. Uma causa real, porém, uma
causa que satisfaça absolutamente ao juízo causai, não pode ser nem uma
mudança nem uma série de mudanças, e sim alguma coisa não causada, eterna e
imutável.
2o. Quanto à premissa menor: o fato de ser o universo, em seu todo e em todas as
suas partes, um sistema de mudanças, é ensinado por todos os princípios e lições
da ciência moderna. Todas as descobertas nos campos da geologia e da
astronomia, e todas as especulações, como sejam - a hipótese nebulosa e a da
evolução - têm esse princípio na sua própria essência.
Mas John Stuart Mill, no seuEssay on Theism, págs. 142 e 143, diz: “Há na
natureza um elemento permanente, como também um elemento variável; as
mudanças são sempre os efeitos de mudanças anteriores; as existenciais
permanentes porém, até onde as conhecemos, de modo algum são efeitos... Há
em todos os objetos outro elemento que é também permanente, a saber, a
substância ou substâncias específicas e elementares de que eles consistem, e suas
propriedades são inerentes. Não se sabe quando essas começam a existir.
Dentro do tempo a que remontam, os conhecimentos humanos não tiveram
princípio, e por conseguinte, tampouco causa; embora eles sejam as causas ou
concausas de tudo quanto sucede”. Sempre que na explicação de um fenômeno
físico se remonta à sua causa, acha-se que esta consta de uma certa
quantidade de força combinada com certas colocações... A força em si
é essencialmente uma e sempre a mesma, e dela existe na natureza uma
quantidade fixa que, se a teoria da conservação das forças é verdadeira, nunca
aumenta nem diminui. Eis, pois, nas mudanças da natureza material um
elemento permanente, que parece ter todas as características daquele mesmo que
estamos procurando. E a isso pois que, segundo parece, devemos atribuir o
caráter de Causa Primária, se há coisa que mereça essa distinção - Essay on
Theism, págs. 144, 145.
Teleologia (telos - fim, e logos - discurso) é a ciência das causas finais, ou dos
propósitos ou desígnios, como estes se acham exibidos na natureza, na adaptação
das partes aos
inteiros, dos meios aos fins e dos órgãos aos seus usos. É chamado também
argumento baseado no Desígnio; afinal é baseado no reconhecimento das
operações de uma causa inteligente na natureza. Pode ser apresentado sob duas
formas, baseadas respectivamente nas manifestações mais gerais e
mais especiais dessa inteligência.
Conclusão - Logo, a Primeira Causa do universo não pode deixar de ser uma
mente e uma vontade inteligentes que tinham em vista esses fins.
Se estes argumentos são válidos, provam que Deus é uma Pessoa eterna e auto-
existente. Trata-se de um absurdo o postulado de uma inteligência inconsciente
ou de uma inteligência que produza efeitos sem que opere vontade alguma. Estas
frases não representam nenhuma idéia possível; e inteligência e vontade, quando
se acham juntas, constituem personalidade.
8. Quais são algumas das objeções feitas contra a inferência deísta tirada do
argumento de desígnio especial, e quais são as respostas?
Ia. Hume (.Dialogues on Natural Religion, Pt. 7, etc.) afirma que a nossa
convicção de que adaptação é prova de desígnio, é devida à experiência e não
pode passar além dela: e a de que o nosso juízo dos organismos naturais
implicam desígnio na sua causa é uma inferência tirada da analogia das
invenções engenhosas do homem e dos seus efeitos. Diz mais, que essa analogia
é falsa - (1) Porque já temos conhecimento prévio do inventor humano como
agente inteligente, enquanto que do autor da natureza não temos nenhum
conhecimento prévio, e é esse mesmo autor que a inferência deísta procura
verificar. (2) Todos os processos da natureza são diversos daqueles por meio dos
quais os homens executam as suas obras; e a formação do mundo e a instituição
dos processos da natureza são efeitos peculiares, inteiramente dissemelhantes
daqueles que temos experiência.
RESPONDEMOS: (1)0 argumento peca por ter como base
dizem com toda a razão os cientistas, lançar muita luz para além de si, sobre a
constituição daquele todo a que pertenceu, mas do qual não temos outro
conhecimento. (2) Confessamos que essa crítica, se bem que falhe quanto ao
argumento tirado do desígnio, tem força quanto ao modo pelo qual este
argumento tem, às vezes, sido aplicado. Os antigos teólogos naturais, muitas
vezes em grau um tanto exaltado, abstraíram organismos individuais do grande
todo dinâmico do qual são tanto produtos como partes. O Dr. Flint (Theism, pág.
159) distingue bem os fins intrínsecos, extrínsecos e supremos de
qualquer ajustamento especial. Assim, o fim intrínseco desse ajustamento
especial chamado olho, é a visão. Seus fins extrínsecos são os fins úteis para os
quais esse órgão serve para o animal que o possui, e os fins úteis para os quais o
animal serve para tudo o que está com ele, em relação imediata ou remota.
Seu fim supremo é o fim do próprio universo. “Quando afirmamos, pois, que há
causas finais no sentido de fins intrínsecos em quaisquer coisas, afirmamos só
que as coisas são unidades sistemáticas, cujas partes se acham relacionadas
definitivamente umas com outras, e coordenadas para produzirem um resultado
comum; e quando afirmamos que há em quaisquer coisas, causas finais, no
sentido de fins extrínsecos, afirmamos somente que as coisas não são sistemas
isolados e independentes, e sim, sistemas definitivamente relacionados com
outros sistemas, e ajustados de modo que são partes componentes de sistemas
superiores e meios para produzir resultados mais compreensíveis do que elas
mesmas” -Theism, pág. 163
E verdade que um homem não pode discernir o supremo fim de uma parte,
enquanto não discerne o supremo fim do todo, e que não pode discernir todos os
fins extrínsecos de qualquer sistema especial, enquanto não conhece todas as
suas relações para com todos os demais sistemas especiais. Apesar disso, porém,
assim como um homem, que não sabe nada das relações que tem uma certa
planta ou um animal para com a
3a. Certa classe de cientistas tem afirmado, nestes últimos tempos, que o
testemunho dado da existência de Deus, pela ordem e adaptação manifestadas
nos processos da natureza, fica muito enfraquecido, senão invalidado
absolutamente pela probabilidade de ser verdadeira a hipótese alternativa
da evolução. Há muitas teorias da evolução, mas o termo, no sentido geral,
significa o juízo de que o estado do universo como um todo e em todas as suas
partes, em qualquer momento tem sua causa no estado em que se achava o
universo, no momento anterior; que as mudanças notadas foram produzidas pela
agência de forças inerentes na natureza, e que se pode notar a operação dessas
forças, de momento para momento, sem solução de continuidade causai, durante
todo o tempo passado.
Quanto àsegunda classe, que admite que uma inteligência divina ideou e
inaugurou o universo no princípio absoluto, mas nega que qualquer agente
semelhante esteja imanente no universo dirigindo seus processos, cabe-nos dizer:
(1) Que o ponto que estamos procurando estabelecer agora é a auto-exis-tência
de uma Primeira Causa inteligente, e não o modo da Sua relação para com o
universo. Este último ponto será elucidado em diversos capítulos subseqüentes.
(2) E muito filosófico e mais de acordo com a verdadeira interpretação
do princípio científico de continuidade, o conceber-se a Primeira Causa como
imanente no universo, e como concorrendo orgânicamente com todas as causas
secundárias e não inteligentes em todos os processos que são indícios de poder
ou inteligência. Isso é reconhecido por todos os cientistas, e caracteriza a grande
maioria deles, que são deístas ortodoxos ou que referem todos os fenômenos do
universo físico à ação dinâmica da vontade divina. (3) São incontestáveis as
provas que a consciência moral do homem, a história e a revelação fornecem, em
favor da imanência e operação eficaz de Deus, em todas as Suas obras.
Io. Toda teoria semelhante, quando proposta para explicar o universo atual, deve
fornecer uma explicação provável de todas as classes de fatos. Mas é notório que
todas as teorias da evolução puramente natural, deixam inteiramente de
explicar os fatos seguintes: (1) A origem da vida. Não poderia existir
na suposta neblina luminosa, e não poderia ser gerada por aquilo que não tem
vida. A decisão madura da ciência de hoje (1878) é a que já se acha expressa no
axioma antigo omne vi-vum ex vivo. (2) A origem da sensação. (3) Também a
da inteligência e da vontade. (4) Também a da consciência. (5)
O estabelecimento de tipos distintos, logicamente correlatados e persistentes, em
gêneros e espécies, mantidos pela lei da hibridade. (6) A origem do homem. O
Prof. Virchow, de Berlim, no seu recente discurso perante a Sociedade Alemã de
Naturalistas e Médicos, em Munich, diz: “Saibam que me ocupo
atualmente com especialidade no estudo de Antropologia; mas sinto-me
obrigado a declarar que cada passo que temos dado para diante na província de
antropologia pré-histórica tem-nos realmente afastado mais de qualquer prova de
semelhante conexão (isto é, de ser o homem descendente de qualquer
tipo inferior)”.
2o. Mas mesmo se fosse possível provar como fato a evolução contínua, isso de
modo algum afetaria as provas que nos fornecem a ordem inteligente e as
adaptações notadas no universo. Estabeleceria somente um método ou sistema
de meios, porém em grau algum alteraria a natureza dos efeitos ou os atributos
da causa real, descoberta por meio desses efeitos. (1) Seria preciso ainda explicar
a origem das leis da abiogênese, de reprodução, de diferenciação e reprodução
sexuais, de hereditariedade, de variação das leis que, de átomos e
energia mecânica, possam desenvolver sensação, razão, consciência e vontade.
(2) Leis nunca são causas, mas sempre modos complicados de ação; o resultado
da coação de inúmeros agentes inconscientes. Em vez de serem explicações, são
elas mesmas efeitos muito complexos dos quais a razão exige uma causa
intelectual. (3) Todas as leis físicas são o resultado das propriedades originais da
matéria, operando sob a condição mútua de certos ajustamentos complicados.
Alterados os ajustamentos, alteram-se as leis. As que executam a evolução ou
antes aquelas em que é analisado o processo da evolução, é
natureza e que, por isso, esta foi dirigida inteligentemente: (a) ou por uma
inteligência imanente nos seus elementos, ou em seu todo organizado; (b) ou
pelo ajustamento original do seu maquinismo, ou por um Criador inteligente.
todos os impulsos. Segue-se que a alma humana foi criada, e seu Criador não
pode deixar de ter atributos superiores aos da sua obra. -* - 0 ’> ; ;
Essas objeções baseiam-se nestes pontos: Io. A inva-riabilidade mecânica das leis
naturais, e sua inexorável falta
Estas dificuldades que de todos provam mais ou menos a fé, são, na maior parte
dos casos, os motivos reais do ateísmo cético. John Stewart Mill, em seufjfjqy on
Nature (Three Essays on Religion) assevera que é característico da
“Natureza” infligir, sem piedade, sofrimentos e a morte; e que, se a causa da
natureza é uma vontade pessoal, deve ser um monstro de crueldade e injustiça.
Em seuEssay on Theism, Pt.2, argumenta como se fosse uma imoralidade
abominável afirmar que o autor da natureza, assim como nós a conhecemos, é
onisciente e onipotente, e ao mesmo tempo, absolutamente justo e benévolo; que
o único meio de absolvê-10 da acusação de ser cruel e injusto é negar que seja
ilimitado o Seu conhecimento ou o Seu poder, ou mesmo ambos. A conclusão
que tira das provas que cita, ele apresenta assim: “Um ser cujo poder é grande
mas limitado, e limitado de um modo que nem podemos conjecturar; cuja
inteligência é grande e talvez ilimitada, mas talvez mais limitada ainda do que é
o seu poder; que deseja a felicidade de Suas criaturas e a isso presta alguma
atenção, porém, ao mesmo tempo, parece ter outros motivos para Suas ações, e
motivos que têm para ele mais peso; e a cujo respeito é difícil crer que tenha
criado o universo só para esse fim.” Na sua Autobiography, ch.2, falando de seu
pai James Mill, ele diz: “Ouvi-o dizer que foi a leitura da Analogy por Butler que
produziu nele uma reviravolta sobre esse ponto. E essa obra, sobre a qual
continuava sempre a falar com muito respeito, o conservou, por um
tempo considerável, crente na autoridade divina do cristianismo, provando-lhe
que fossem quais fossem as dificuldades que se opunham à aceitação do Velho e
do Novo Testamentos como
livros que procederam de um ser perfeitamente sábio e bom, ou que estes livros
registram os atos de tal ser, as mesmas dificuldades ou maiores ainda se opõem à
crença de que um ser de semelhante caráter seja o Criador do universo.
Ele considerava os argumentos de Butler como concludentes contra os únicos
oponentes aos quais são dirigidos. Os que admitem a existência do Criador e
Governador onipotente, e também perfeitamente justo e benévolo de um mundo
como este, pouco podem alegar contra o cristianismo que não se possa alegar,
com pelo menos igual força, contra eles. Por conseguinte, não encontrando lugar
de descanso no deísmo, ficou em estado de perplexidade até que afinal, e sem
dúvida depois de muitas lutas, cedeu à convicção de que sobre a origem das
coisas, absolutamente nada se pode saber”.
RESPONDEMOS: Io. E certo que Deus não criou o universo com o único fim,
nem mesmo com o fim principal de promover a felicidade de Suas criaturas. A
nossa razão, a observação e as Escrituras Sagradas concorrem em revelar como
fins muito mais exaltados e mais dignos da ação divina, a manifestação da Sua
própria glória e a promoção da mais exaltada excelência de Suas criaturas
inteligentes, por meio da educação e da disciplina. E é evidente que a operação
de inexoráveis leis gerais, a miséria e os sofrimentos incidentais desta vida
podem ser os meios mais eficazes para promover esses fins.
Temos visto que a nossa razão só se pode contentar com uma causa que não teve
causa. Essa causa não pode deixar de ser eterna, autoexistente e imutável.
Temos, em nossas mentes, as idéias e intuiçÕes da infinidade e perfeição, como
também as da eternidade, autoexistência e imutabilidade. “Estas, a não ; ser que
sejam inteiramente ilusórias - suposição que não se pode conceber - devem ser
atribuíveis a algum ser. A única j questão é então: de que Ser? Deve ser dAquele
quejápro- * vamos ser a Primeira Causa de tudo, a fonte de todo o
poder, sabedoria e bondade manifestados no universo. Não podem ser atribuídos
ao universo, porque já se mostrou que este não é senão um efeito, e efeito de
uma inteligência, uma Pessoa.
Isso não pode ser de nós mesmos, nem de coisa alguma ao alcance de nossos
sentidos porque nós, e tudo o que os nossos sentidos podem alcançar, somos
finitos, contingentes e imperfeitos. Só o Autor do universo, o Pai do nosso
espírito, Aquele de quem vem toda a boa dádiva e todo o dom perfeito, pode ser
não criado, não condicionado, infinito e perfeito. Isso completa a idéia de Deus,
até onde pode alcançar a razão natural, ou esta a pode formar; e dá também
consistência à idéia. As conclusões dos argumentos aposteriori não
satisfazem nem a inteligência nem Q coração, enquanto não são ligadas
à intuição da razão sobre a infinitude e por esta suplementadas.
A concepção de um Deus que não seja infinito, um Deus que não seja ilimitado
em todas as Suas perfeições - é uma concepção autocontraditória que a
inteligência recusa-se a aceitar” - Dr. Flint, Theism, pág. 291.
3o. O Dr. Samuel Clarke publicou em 1705 sua Demon-stration ofthe Being and
Attributes of God. Seu argumento é que o tempo e o espaço são infinitos e
existem necessariamente. Contudo não são substâncias. Logo, existe
necessariamente uma substância eterna e infinita da qual são propriedades.
chegar-se à conclusão de que: (a) Deus não existe, ou (b) que as faculdades do
homem são incapazes de averiguar ou verificar a Sua existência (e. g., Herbert
Spencer, First Principies, pt. 1). (2) Cético, como no caso de só duvidar-se da
Sua existência e de negar-se o caráter conclusivo das provas
geralmente apresentadas a favor dessa existência. (3) Virtual, como no caso (a)
de se manterem princípios essencialmente incompatíveis com a existência de
Deus, ou com a possibilidade de adquirirmos algum conhecimento a esse
respeito, e. g., materialistas, positivistas, idealistas absolutos; (b) de se negarem
alguns dos atributos essenciais da natureza divina, como fazem os panteístas, e J.
S. Mill em seus Essays on Religion; (c) de se adotarem explicações do universo
que excluem (i) a agência de um Criador e Governador inteligente, (ii) ou o
governo moral de Deus e a liberdade moral do homem, como e. g., as teorias de
Darwin e Spencer, e os necessitarianos, em geral. Veja Ulrici, God and nature e
Review of Strauss; Strauss, em Old and New; Buchanan, Modem Atheism;
Tulloch, Theisrn; Flint, Theism. ,,
O deísmo (de deus), se bem que etimologicamente seja o mesmo que teísmo (de
theos), tem sido distinguido desde meados do século 16 eéo nome dado ao
sistema que admite a existência de um Criador pessoal, mas nega Sua
presença diretora no mundo, Seu imediato governo moral e toda a
Na seguinte passagem de Lewes, pode-se ver quais são algumas das formas do
idealismo moderno, entre os alemães: “Vejo uma árvore. Os psicologistas
comuns me dizem que neste fato da vista acham-se implicadas três coisas, a
saber: uma árvore, uma imagem dessa árvore, e uma mente que apreende essa
imagem. Fichte me diz que sou eu só que existo. A árvore e sua imagem são uma
coisa, e esta é uma modificação da minha mente. Isto é idealismo subjetivo.
Schelling me diz que tanto a árvore como o meu ego (o eu) são existenciais,
igualmente reais ou ideais; mas não são nada menos do que
precedeu e produziu ordem e organização, mas são estas que, desenvolvidas por
leis inerentes na matéria, produzem inteligência. Os darwinianos alemães
chamam esse sistema o desenvolvimento mecânico causai do universo. Diz
Huxley que a vida, e por conseguinte a organização, é o resultado da “mecânica
molecular do protoplasma”.
2o. A teoria é parcial e sem provas. Como questão de fato, temos conhecimento
mais direto e claro da alma e de suas intuições, faculdades e poderes, do que o
homem científico tem da matéria. Que é que ele sabe da natureza real do
átomo, da energia, força, gravidade, etc.?
3o. A explicação da matéria por meio do espírito, da força e da ordem por meio
da inteligência e da vontade, é racional. Mas a explicação dos fenômenos da
inteligência, da vontade e da consciência como modificações da matéria ou
força, é absurda. A razão pode contentar-se com a primeira, mas não pode
contentar-se com a outra. Da alma humana sabe-se que é uma causa absoluta, da
matéria sabe-se que não o é - que é só veículo da energia, e que está num
processo de dispersão. Da inteligência, sabe-se que é a causa da ordem e da
organização; a respeito destas, porém, não podemos imaginar como poderiam ser
as causas da inteligência.
O panteísmo mais antigo, mais persistente e mais espalhado de que temos notícia
na história do mundo, é o da índia. Como religião, tem modelado o caráter, os
costumes e a mitologia do povo, durante 4.000 anos. Como filosofia,
tem aparecido sob três formas principais: a Sanckhya, a Nyaya e a Vedanta.
Modos panteístas de pensar formavam, em escala maior ou menor, a base de
todas as formas da filosofia grega, e especialmente a da escola neoplatônica de
Plotino (205-270), Porfírio (233-305), e Jâmblico (f 333). Tornou a aparecer,
no ensino de João Scotus Erigena (nasceu em 800) e no dos neo-platônicos da
Renaissance, e. g., Giordano Bruno (f 1600). O panteísmo moderno começou
com Benedito Spinoza (16321677), e terminou com os discípulos de Schelling e
Hegel.
Além do panteísmo puro, tem havido uma variedade infinita de formas impuras
de panteísmo virtual. Isso é verdadeiro quanto a todos os sistemas que afirmam a
imper-
2a. Há cristãos que sustentam o extremo contrário, de não existir realmente uma
ciência de teologia natural, e que devemos as nossas primeiras informações
válidas quanto à existência de Deus a uma revelação sobrenatural. Isso é
refutado - (1) Pelo testemunho das Escrituras, Rom. 1:20-24, e 2:14,15, etc. (2)
Pelo testemunho da experiência, e.g., o conhecimento de Deus adquirido por
alguns dos filósofos pagãos, embora fosse imperfeito. (3) A validade da
inferência deísta deduzida dos fenômenos da consciência e do mundo exterior
foi vindicada no Cap. 2. (4) E evidente, de per si, que algum conhecimento do
ser de Deus já se pressupõe logicamente pelo reconhecimento de uma certa
revelação sobrenatural advinda dEle.
Ele tomava a religião como uma espécie de sentimento, e | sustentava que ela se
baseia em nossa consciência constitucional 1 de Deus, a qual consiste, segundo
ele, do lado intelectual numa \ intuição de Deus, e do lado emocional, num
sentimento de i dependência absoluta. O cristianismo consiste naquela forma
■ específica dessa consciência religiosa constitucional que foi j gerada no peito
de seus discípulos pelo Deus homem, Jesus j Cristo. E assim como a consciência
humana, em geral, é gerada j em cada indivíduo pelas suas relações sociais,
assim, a cons- j ciência cristã, em geral, é gerada em comunhão com aquela
j sociedade (a Igreja) que Cristo fundou e da qual Ele é o centro j da vida. E
assim como as instituições comuns dos homens : são aquilo para o que se apela
em último recurso, em todas as questões dos conhecimentos naturais, assim
também a comum consciência cristã da Igreja é aquilo para o que devemos
apelar em todas as questões da fé cristã, a qual, na sua totalidade, e não as
Escrituras, é a regra de fé.
OBJEÇÕES: (1) Esta doutrina não condiz com a natureza do cristianismo que,
como sistema remediador, baseia-se em certos fatos históricos, os quais, é
necessário que saibamos para que se tornem eficazes, e dos quais podemos ter
conhecimento certo só por meio de uma revelação sobrenatural. Nenhuma forma
de intuição no-los pode ensinar. (2) Não condiz com a convicção uniforme dos
cristãos: de que o cristianismo é um _ sistema de fatos e princípios revelados
divinamente. (3) Não ; nos dá nenhum critério da verdade. Se essa doutrina
fosse verdadeira, todas as diversas doutrinas dos diversos partidos da Igreja
seriam, necessária e tão-somente, outras tantas 1 variações conciliáveis da
mesma verdade fundamental. (4) Não condiz com o que ensinam as Escrituras
Sagradas, que ela é a Palavra de Deus; nem com o que ensina explícitamente,
quanto à sua natureza - que ela é uma revelação, comunicando verdades
objetivas; e quanto à necessidade para a salvação das verdades assim
comunicadas.
OBJEÇÕES: (1) Esta doutrina contradiz as Escrituras, (a) Elas nunca prometem
uma iluminação que leve os homens além do próprio ensino delas, e os torne
independentes desse ensino, (b) Ensinam que a revelação objetiva dada nelas
é absolutamente necessária à salvação (Rom: 11:11-18). (2) E refutada pela
experiência que (a) testifica que a “a luz interior” não dá nenhum critério por
meio do qual se possa determinar a verdade de qualquer doutrina; (b) testifica
que essa “luz interior” nunca levou nenhum indivíduo ou comunidade ao
conhecimento da verdade salvadora, independentemente da revelação objetiva; e
(c) testifica que essa “luz” produziu sempre uma depreciação irreverente das
Escrituras, e no transcurso do tempo, desordem e confusão.
3a. A teoria de uma Igreja inspirada, isto é, inspirada nas pessoas, ou ao menos
no ensino oficial de seus pastores e mestres principais. Esta teoria é refutada no
Cap. 5.
4. Qual o sentido exato em que o termo “razão” é empregado por aqueles que
a contrastam com a fé como a fonte do conhecimento religioso?
5. Que é Racionalismo?
com sua teoria Legendária, para explicar a origem das Escrituras do Novo
Testamento, negando, ao mesmo tempo, sua base histórica de fatos.
Ia. Bases apriori. Estas descansam em idéias falsas sobre a existência e natureza
de Deus e de Sua relação com o mundo. Por isso o positivista, que limita os
conhecimentos do homem a fenômenos e suas leis de coexistência e seqüência; o
deísta, que nega a imanência de Deus nas Suas obras, e nega também ou torna
remota ou obscura a Sua relação conosco como Governador moral e Pai
espiritual: o panteísta, que nega a personalidade de Deus; e o naturalista
científico, que vê na natureza somente a operação de leis físicas que são
invariáveis e automáticas: todos negam igualmente a possibilidade
e credibilidade de um milagre, resolvem a inspiração em gênio, e de um ou de
outro modo, explicam as Sagradas Escrituras de forma que não lhes fica base
histórica de fatos. Esta classe de questões já foi discutida acima, no Cap. 2.
2a. Bases históricas e críticas. Estas descansam todas nos defeitos que se alega
acharem-se nas provas históricas da
Io. Apriori. A razão, por causa do estado atual do homem, que é estado de
ignorância, degradação moral e culpa, não tem as qualidades necessárias para
torná-la competente para adquirir, de per si, nem (1) certeza, nem (2)
conhecimento suficiente para o governo prático do homem, quanto à existência
de Deus, Seu caráter, Sua relação conosco, ou Seus propósitos a nosso respeito.
2o. A experiência universal: a razão, de per si, nunca conseguiu resolver esses
problemas, e sempre, quando os homens confiavam nela de um modo indevido,
levou-os, apesar de uma revelação desprezada, para o ceticismo e a confusão.
3o. Como questão de tato, tem-nos sido dado um documento infalível de uma
revelação sobrenatural, o qual, quando interpretado com o auxílio iluminador do
Espírito Santo, nos ensina conhecimentos que são necessários à salvação, e que a
“razão” de modo algum podia ter antecipado.
Io. Uma revelação sobrenatural é necessária para o homem, no seu estado atual.
2o. Uma revelação sobrenatural é possível tanto a parte Dei quanto a parte
hominis.
5o. É também um fato histórico que o cânon atual do Velho e Novo Testamentos
só consta dos documentos autênticos e genuínos que atualmente existem dessa
revelação e contém todos esses documentos.
Ia. A própria razão ensina: (1) que, como questão de fato, a natureza moral do
homem está em desordem, e (2) que suas relações para com Deus acham-se
perturbadas pela culpa e aberração.
A razão pode descobrir o fato de existir o pecado, mas nenhuma sugestão faz,
quanto ao modo de remediá-lo. Podemos determinar a priori que Deus está
resolvido a punir o pecado, porque isso, sendo matéria de justiça, descansa
na Sua natureza inalterável e necessária; mas nada podemos determinar assim
quanto à Sua disposição de prover, ou permitir que se ofereça, um remédio,
porque isso, sendo matéria da Sua graça, depende da Sua vontade.
3a. A razão nunca, no caso de nenhuma comunidade histórica, conseguiu dar aos
homens certeza; satisfazer às suas necessidades e regular a sua vida. ■ -
4a. O racionalismo é forte só para atacar e destruir. Nunca mostrou-se muito apto
para construir. Não há dois racionalistas proeminentes que concordem quanto ao
que sejam os resultados positivos e certos do ensino da razão. ]
mais ativo e normal pela associação com novos aspectos de nossas relações
espirituais; pela maior parte, porém, ela narra fatos objetivos e concretos, explica
a aplicação de princípios intuitivos às nossas verdadeiras relações e condições
históricas; e faz-nos saber os propósitos, exigências e promessas de Deus.
3o. Até novas idéias simples podem ser despertadas na mente humana, por meio
de uma iluminação interior, sobrenatural e espiritual, operando nas mentes
daqueles que são os objetos da experiência religiosa. A obra do Espírito Santo,
acompanhando a palavra escrita, completa a revelação. Um cristão
experimentado, sob o ensino do Espírito Santo aplicando a Palavra de Deus, tem
um conhecimento tão claro e certo da matéria compreendida na sua experiência
como é o que tem da matéria que percebe por meio de seus sentidos corporais.
Como mostramos no Cap. 2, a teologia natural nos ensina que existe um Deus
pessoal que é infinito, eterno, sábio, e absolutamente justo, reto e benévolo.
Ensina-nos, também, que o homem criado à imagem divina é corrupto
moralmente e condenado judicialmente. Revela-nos que o homem precisa da
ajuda de Deus, que ele a anela e espera, e que por isso não está incapacitado para
ela, como o estão os anjos maus. Por conseguinte, todas as perfeições de Deus e
todas as misérias dos homens autorizam a esperança racional de que, em
algum tempo e de algum modo, Deus, na Sua graça, esteja disposto a intervir de
um modo sobrenatural a favor do homem e a revelar Seu caráter e Seus
propósitos mais plenamente para direção do homem.
12. Como se pode provar que o cânon aceito do Velho e do Novo Testamentos
consta só dos livros autênticos e genuínos da revelação cristã e contém todos
esses livros?
Esta é a antiga distinção entre aquilo que é contrário à razão e aquilo que está
acima dela. E evidente que o maior absurdo que podemos cometer é alegarmos,
como objeção a uma revelação acreditada por toda espécie de provas, que
a nossa razão não pode compreender o que essa revelação ensina, ou que ela
contém elementos que parecem inconciliáveis com outras verdades. Porque: (1)
Essa objeção pressupõe que a razão humana é a mais exaltada forma de
inteligência, o que é um absurdo. (2) Não há outro ramo em que os homens
limitem a sua fé por sua capacidade de compreender. Pergunto: o
que compreendem ou entendem os cientistas quanto à natureza original dos
átomos, da inércia, da gravidade, da energia ou força, e da vida ? No entanto,
crêem em tudo isso, e não há
4o. O crente devoto, porém, que tem a certeza de ser a Bíblia a própria Palavra
de Deus, nunca pode permitir que a sua filosofia, derivada de fontes humanas,
domine a sua interpretação da Bíblia, mas procurará com espírito dócil e com o
auxílio do Espírito Santo, fazer sua filosofia harmonizar-se perfeitamente com
aquilo que é contido implicitamente na Palavra de Deus. Há de procurar, sem
falta, ter uma filosofia que seja serva genuína e natural daquilo que está
revelado nessa Palavra.
Todo o pensar humano e toda a vida humana são um. Se, pois, Deus fala com
qualquer finalidade, Sua palavra deve ser suprema; e até onde diz respeito a
qualquer ramo das opiniões e ações dos homens, deve ser aceita nesse ramo
como autoridade indiscutível e como a Lei suprema.
PRESSUPOSIÇÕES NECESSÁRIAS
2a. Que, em Sua relação com o universo, Ele é ao mesmo tempo imanente e
transcendente. Que está acima de tudo, e sobre tudo age livremente, de fora. Que
está dentro de tudo e age através de toda parte do interior, no exercício de todas
as Suas perfeições, e segundo as leis e modos de ação que tem estabelecido para
as Suas criaturas, sustentando-as e governando-as em todas as Suas ações.
3a. Que o governo moral de Deus sobre os homens e sobre todas as criaturas
inteligentes, governo que Ele exerce por meio da verdade e de outros motivos
dirigidos à razão delas e à vontade delas, recompensa-as e castiga-as segundo os
seus caracteres e as suas ações morais, e educa-as benevolamente para o seu
destino exaltado, em Sua comunhão e em Seu serviço.
e relação originais e está agora perdida numa condição que envolve corrupção e
culpa, e é incapaz de salvar-se dela sem intervenção sobrenatural. ; ion v'
escritos, em seu todo e em todas as suas partes, são a Palavra de Deus para nós -
uma revelação de autoridade, que Deus nos fez, aprovada por Ele e enviada a
nós como uma regra de fé e prática. Os escritos originais da qual eram
absolutamente infalíveis, quando interpretados no sentido em que os
autores empregavam as palavras que escreveram com autoridade divina absoluta.
Uma influência divina, plena e suficiente para conseguir o seu fim. O fim
conseguido, neste caso, é a perfeita infalibilidade das Escrituras em todas as suas
partes, como documento autêntico quanto aos fatos narrados e
doutrinas ensinadas; e infalível tanto a respeito dos pensamentos expostos como
das expressões empregadas na sua exposição. De modo que, não obstante virem
a nós por meio do espírito, coração, imaginação, consciência e vontade de
homens, são ainda assim, no sentido mais restrito do termo, a Palavra
de Deus. • • ■. °
4. Que quer dizer a expressão “inspiração verbal”, e como se pode provar que
as palavras da Bíblia foram inspiradas?
Quer dizer que, fosse qual fosse a influência divina que assistia aos sagrados
escritores naquilo que escreveram, estendeu-se à expressão de seus pensamentos
em palavras, como também aos pensamentos. Sendo o efeito disso que,
nos escritos originais, a linguagem exprime com certeza infalível os
pensamentos que Deus queria manifestar, de modo que as palavras, bem como os
pensamentos, são a revelação que Deus nos fez. Que essa influência estendia-se
às palavras, torna-se evidente-
Io. Pelo próprio desígnio que a inspiração tinha em vista, que não era tornar
infalivelmente acertadas as opiniões dos homens inspirados (havia diferenças de
opinião entre Paulo e Pedro, Gál. 2:11, e às vezes os profetas não sabiam o
sentido
daquilo que escreviam), e sim, fazer com que nos documentos fosse consignada
infalivelmente a verdade. Todavia um documento consta de palavras. ,i
3o. As Escrituras afirmam a sua inspiração verbal. 1 Cor. 2:13; 1 Tess. 2:13. -v.
os próprios escritos que Deus queria que produzissem, e que possuem assim os
atributos de infalibilidade e autoridade, como supra definidos.
A inspiração é uma influência especial do Espírito Santo, que foi peculiar aos
profetas e apóstolos e lhes assistia só no exercício de suas funções como mestres
divinamente acreditados. A maioria deles foi inspirada e também
iluminada espiritualmente. Alguns, como Balaão, não sendo regenerados foram
inspirados, porém estavam sem iluminação espiritual.
Mat. 10:19; Luc. 12:12; João 14:26; 15:26; 16:13; Mat. 28:19,20; João
13:20. , ... .
10 .De que modos diversos os apóstolos reivindicaram para si, aposse do
Espírito?
Disseram:
2o. Falaram como os profetas de Deus - 1 Cor. 4:1; 9:17; 2 Cor. 5:19; 1 Tess. 4:8.
3o. Falaram com autoridade plena - 1 Cor. 2:13; 1 Tess. 2:13; 1 João 4:6; Gál.
1:8,9; 2 Cor. 13:2,3,4. Colocam seus escritos na mesma categoria das Escrituras
do Velho Testa-mentja: 2 Ped. 3:16; 1 Tess. 5:27; Col. 4:16; Apoc. 2:7-Dr. I
Iodge. ,
tempo heróica.
2o. Pela santidade da doutrina que ensinaram e pela virtude espiritual dessa
doutrina, atestada por seus efeitos sobre comunidades e indivíduos.
3o. Pelos milagres que realizaram - Heb. 2:4; Atos 14:3; Mar. 16:20.
4o. Todos estes testemunhos nos vêm, não só comprovados pelos escritos dos
próprios apóstolos, mas também pelo
Io. Moisés diz-nos que escreveu, pelo menos, parte do Pentateuco por ordem
divina: Deut. 31:19-22; 34:10; Núm.
14. Quais as fórmulas que introduzem no Novo Testamento muitas das citações
tiradas do Velho Testamento; e como provam essas formas de expressão a
inspiração das antigas Escrituras?
“O Espírito Santo diz”, Heb. 3:7; “Significando com isto o Espírito Santo” Heb.
9:8; “Diz o Senhor”, Atos 2:17 e Is.
44:2; “Diz a lei” 1 Cor. 9:9,10 e Deut. 25:4; “Diz a Escritura”, Rom. 4:3; Gál.
4:30; “Está escrito” Luc. 18:31; 21:22; João 2:17; 20:31; Rom. 4:17; “Disseste
pelo Espírito Santo por boca de Davi”, Atos 4:25 e Sal 2:1,2; “Deus determina...
um certo dia... dizendo por David”, Heb. 4:7 e Sal. 9:7, 8 ; “Davi lhe chama em
espírito, dizendo”: Mat. 22:43 e Sal. 110:1.
Assim, pois, as Escrituras do Velho Testamento são o que Deus disse, o que
falou por boca de Davi, etc. e são citadas como bases autorizadas para
argumentação conclusiva; por isso não podem deixar de ser inspiradas.
1:21.
16. Qual é o argumento sobre este ponto, tirado da maneira pela qual Cristo e
Seus apóstolos, nos seus argumentos, muitas vezes citam o Velho Testamento
como autoridade suprema?
Cristo cita, constantemente, o Velho Testamento. Mat. 21:13; 22:43. Declara que
não pode falhar, João 7:23; 10:35; que a lei toda éobrigatória, Mat. 5:18; e que
era necessário que se cumprisse tudo o que a Seu respeito se acha escrito
em “Moisés”, os profetas e os Salmos”, Luc. 24:44. Os apóstolos costumam citar
o Velho Testamento do mesmo modo. “Para que se cumprisse o que se achava
escrito” é, para eles, uma fórmula característica: Mat. 1:22; 2:15; 17:23; 26:54;
João 12:38; 15:25, etc. Todos apelam para as palavras das Escrituras como
autoridade suprema. Isso, de certo modo, prova a infalibilidade das Escrituras.
17. Que provas temos nos fenômenos das Escrituras sobre a natureza e extensão
das causas humanas que cooperaram para produzi-las?
Toda parte das Escrituras igualmente contém provas de uma origem humana. Os
escritores de todos os livros eram homens, e o processo de composição que lhes
deu origem era, caracteristicamente, processo humano. As
características pessoais do modo de pensar e sentir dos escritores
operaram espontaneamente na sua atividade literária e imprimiram caráter
distinto em seus escritos, de um modo em tudo semelhante ao efeito que o
caráter de quaisquer outros escritores produz nas suas obras. Escreveram
impelidos por impulsos humanos, em ocasiões especiais e com fins
determinados. Cada um deles enxerga o seu assunto do seu ponto individual
de vista. Recolhe o seu material de todas as fontes que lhe são acessíveis - da
experiência e observação pessoais, de antigos documentos e de testemunho
contemporâneo. Arranja seu material com referência ao fim especial que tem em
vista; e de princípios e fatos tira inferências segundo o seu próprio modo, mais
ou menos lógico, de pensar. Suas emoções e imaginações exercitam-se
espontaneamente e manifestam-se como co-fator nas suas composições. As
limitações de seu conhecimento pessoal e de seu estado mental em geral, e
os defeitos de seus hábitos de pensar e de seu estilo são tão óbvios em seus
escritos como o são outras quaisquer de suas características pessoais. Usam a
linguagem e os modismos próprios da sua nação e classe social. Adotam os usos
loquendi correntes entre o seu povo, sem tomar a responsabilidade das
idéias filosóficas que lhes deram origem.
isso seus escritos estão repletos de metáforas e símbolos. E, se bem que podemos
confiar sempre na veracidade de suas afirmações, contanto que as limitemos,
segundo a intenção dos autores, àquilo que tinham em vista como seu fim,
eles nunca visavam essa exatidão na enumeração, ou em narrações cronológicas
ou circunstanciais, que caracteriza as estatísticas das modernas nações
ocidentais. Assim como todos os homens puramente literatos, em todos os
séculos, eles descrevem a ordem e os fatos da natureza segundo parecem, e não
de conformidade científica com suas leis ou causas abstratas.
Muitos pensadores superficiais têm dito que alguns dos fatos que acabamos de
mencionar não condizem com o fato alegado de serem os escritores sagrados
dirigidos divinamente. Mas, se refletirmos, parecer-nos-á evidente que, se Deus
quiser revelar-Se a nós, não irá fazê-lo senão sob todas as limitações dos modos
humanos de pensar e falar. E se Ele inspira homens para comunicar Sua
revelação mediante escritos, é necessário servir-Se dos homens de um modo que
condiga com a natureza destes, como agentes racionais e espontâneos. E é
evidente que todas as distinções entre os diversos graus de perfeição
do conhecimento dos homens, e na elegância do dialeto e estilo humanos, nada
são quando olhados à luz das relações comuns do homem para com Deus. E
evidente que Deus podia revelar-Se tão bem por meio de um camponês como de
um filósofo; e muito melhor, se por Sua graça e meios providenciais ajustou,
previamente, as características pessoais do camponês para os fins especiais que
tinha em vista.
18. Que provas temos, nos fenômenos das Escrituras, quanto à natureza e
extensão da influência divina exercida na sua produção?
Ia. Em toda parte das Escrituras acham-se provas morais e espirituais da sua
origem divina, sendo, porém, naturalmente mais conspícuas em algumas partes
que em outras. Encontram-se reveladas nelas verdades transcendentais, uma
moralidade perfeita, uma revelação das perfeições absolutas da Deidade,
19. Qual a objeção feita a esta doutrina, baseada na maneira livre por que as
Escrituras do Velho Testamento são citadas no Novo, e qual a resposta a essa
objeção?
Objeta-se que o texto sagrado contém numerosas asserções e narrações que não
estão de acordo com outras contidas em outras partes das Escrituras, ou com
fatos bem averiguados da história ou da ciência. -
4a. Esta, porém, é uma tarefa que é muito difícil e até quase impossível de se
desempenhar. Porque, para sustentarem sua posição contra as muitas
probalidades que há contra ela, será necessário que os que afirmam a existência
de discrepâncias nas Escrituras, provem, em cada caso alegado, cada um dos
seguintes pontos: (1) Que a discrepância alegada existia no registro original das
Escrituras inspiradas. (2) Que a interpretação dada ao texto pelo objetor é a única
admissível, e que é aquilo mesmo que o escritor queria dizer. A dificuldade disso
se tornará evidente quando se considerar que são de uma obscuridade inerente
antigas narrações, não cronológicas e fragmentárias, com um fundo quase
impenetrável às nossas pesquisas e escritas, em circunstâncias que não
conhecemos. Este estado de coisas, que tantas vezes embaraça o intérprete e
impede o apologista de provar a perfeita harmonia das narrações, impede, com
igual força, todos os esforços engenhosos dos críticos racionalistas de provar
a existência de “discrepâncias”. Mas tudo isso eles devem fazer,
5a. Finalmente, é suficiente que chamemos a atenção para o fato de que nenhum
caso de “discrepância”, no sentido acima definido desta palavra, tem sido
provado de tal modo que fosse reconhecido pela comunidade de letrados crentes.
Existem, nas Escrituras, muitas passagens difíceis de serem interpretadas, e
outras que parecem irreconciliáveis umas com as outras, mas não se tem provado
nenhuma “discrepância”. A medida que os homens progridem no conhecimento,
desaparecem algumas dificuldades e surgem outras. E é provável, no mais alto
grau, que se tivéssemos conhecimento perfeito de tudo, não
encontraríamos dificuldade alguma nas Sagradas Escrituras.
usada entre os homens; o que dizia era opinião dos judeus, não a sua própria. Em
Romanos 6:19 significa: “de um modo adaptado à compreensão humana”; e em
Gálatas 3:15, significa: “sirvo-me de uma ilustração tirada das coisas humanas”,
etc.
“Aqueles que estão unidos em matrimônio mando, não eu, senão o Senhor”;
“Aos mais digo eu, não o Senhor” - 1 Cor. 7:10,12. Aqui o apóstolo refere-se
àquilo que “o Senhor”, isto é, “Cristo” ensinou quando estava na terra, e
distingue entre aquilo que Cristo ensinou e o que o apóstolo ensina. E como
Paulo, nesta passagem, põe suas palavras em igualdade de autoridade com as de
Cristo, este fato mostra que Paulo reivindicava para si uma inspiração que
tornava sua palavra igual à de Cristo, em infalibilidade e autoridade.
“Julgo que também eu tenho o espírito de Deus” - 1 Cor. 7:40. “Julgo que tenho”
é, segundo o uso da língua grega, só um modo regional de dizer: eu tenho. Sobre
o uso deste verbo no grego, confira-se Gálatas 2:6 e 1 Coríntios 12:22. Paulo não
tinha nenhuma dúvida de ser instrumento do Espírito Santo - Hodge, Com. on
First Corinthians.
Ia. Essas distinções nascem da falta anterior de não se distinguir entre revelação
(que é fenômeno apresentado freqüentemente) e a inspiração (fenômeno
apresentado constantemente nas Escrituras); uma fornece o material no caso dos
escritores não poderem obtê-lo de outro modo; outra dirige os escritores a todo
instante, (1) em garantir a verdade infalível de tudo quanto escreveram (2) na
escolha e distribuição do seu material.
Ia. Afirma-se que certos livros foram inspirados plenariamente, enquanto que
outros foram escritos só com o natural auxílio providencial e gracioso de Deus.
S.T. Coleridge admitia a inspiração plenária da lei e dos profetas, dos quais não
podia passar um só i ou um til sem que fosse cumprido; mas negava isso a
respeito dos demais livros do cânon.
3a. Outros admitem que a inspiração dos escritores dirigia os seus pensamentos,
mas negam que se estendia à sua expressão em palavras.
Num desses sentidos, ou em todos, diversos homens têm mantido e afirmam que
as Escrituras são só “parcialmente” inspiradas. Por conseguinte, todos negam
que “são a palavra de Deus”, como é afirmado pelas próprias Escrituras e
por todas as Igrejas históricas. Admitem só que elas “contêm a palavra de
Deus”. -
EXPOSIÇÕES AUTORIZADAS
A Confissão Belga. Art. 3. “Confessamos que esta Palavra de Deus não foi
enviada nem entregue pela vontade do homem, e sim, que os homens santos
de Deus é que falaram, inspirados pelo Espírito Santo, como diz o apóstolos
Pedro (2 Ped. 1:21). E que depois Deus, levado a isso pelo cuidado especial
que tem por nós e nossa salvação, mandou Seus servos, os profetas e
apóstolos, escreverem a Sua palavra revelada, e Ele mesmo escreveu, com
Seu próprio dedo, as duas tábuas da lei. Por isso chamamos santos,
e Escrituras divinas, a todos esses escritos.”
A Regra de Fé e Prática
AS ESCRITURAS DO VELHO E NOVO
1. O que se quer dizer quando se afirma que as Escrituras são a única regra
infalível de fé e prática?
Tudo quanto Deus ensina ou ordena é de autoridade soberana. Tudo quanto nos
comunica o conhecimento infalível daquilo que Ele ensina e ordena, é uma regra
infalível. As Escrituras do Velho e Novo Testamentos são os únicos meios pelos
quais Deus, durante a dispensação atual, comunica-nos o conhecimento da Sua
vontade quanto àquilo que devemos crer a Seu respeito, e diz-nos quais os
deveres que Ele de nós exige.
2. O que a igreja romana declara ser a regra infalível de fé e prática?
designada divinamente para ser a depositária e o juiz, tanto das Escrituras como
da tradição -Decretos do Concilio de Trento, Sess. 4, e Teologia de Deus, Tom.
2, N°. 80 e 81. 'tf’ '
Io. Seus argumentos a favor das tradições são: (1) As Escrituras autorizam-nas: 2
Tess. 2:14(15); 3:6. (2) Os antigos “ss. padres” afirmavam a autoridade da
tradição e em grande parte baseavam nela a sua fé. (3) O ensino oral de Cristo e
Seus apóstolos, quando determinado claramente e conhecido, é intrinsecamente
de igual autoridade à dos seus escritos. As próprias Escrituras nos têm sido
transmitidas pelo testemunho da tradição, e o rio não pode subir mais alto do que
a sua origem. (4) A necessidade: (a) As Escrituras são de sentido obscuro, e
precisam da tradição como seu intérprete, (b) As Escrituras são incompletas
como regra de fé e prática devido haver muitas doutrinas e instituições,
reconhecidas universalmente, baseadas na tradição como suplemento às
Escrituras. (5) A analogia. Todos os Estados reconhecem tanto as leis
não escritas como leis escritas, a lei comum e a lei baseada em estatutos.
3o. Defendem as tradições que têm por verdadeiras - (1) Com base no
testemunho histórico, e as deduzem dos apóstolos como sua origem. (2)
Baseando-se na autoridade da igreja,
expressa pelo consenso católico.
4o. Sua prática não está em conformidade com seus princípios. Os romanistas
não aceitam muitas das tradições
mais antigas e mais bem atestadas; e muitas das suas pretensas tradições são
invenções recentes e desconhecidas pelos seus predecessores.
5o. Muitas de suas tradições, como aquelas que dizem respeito ao sacerdócio, ao
sacrifício da missa, etc., estão flagrantemente em oposição direta ao ensino das
Escrituras. Não obstante, essa igreja pretensamente infalível afirma a
infalibilidade das Escrituras! Uma casa dividida contra si mesma não
subsistirá. . ... .. . . . ,
Não quer dizer que, nas Escrituras, se acham todas as revelações feitas por Deus
em qualquer tempo ao homem, e sim que o seu conteúdo é a única revelação que
Ele nos faz
são completas? . . . .
As Escrituras professam conduzir-nos a Deus; por conseguinte, devem ensinar-
nos tudo o que é necessário para esse fim. Se, para esse fim, houvesse
necessidade de qualquer regra suplementar, como a tradição, isto seria referido
nelas. “Se não fossem completas a este respeito, seriam mentirosas”. Mas,
conquanto os sagrados escritores remetam constantemente aos escritos dos
outros, nenhum deles, nem uma só vez, fala da necessidade nem na existência de
outra regra - João 20: 31; 2Tim. 3:15-17.
-. j 7 i 'j . ‘ ., . Vi
11. Como se pode provar a perspicuidade das Escrituras pelo fato de serem
uma lei e uma mensagem?
1:1; e 4:2; Gál. 1:2; Ef. 1:1; Fil. 1:1; Col. 1:2; Tia. 1: l;2Ped. 1:1; 1 João 2:12,14;
Judas, vers.l; Apoc. 1:3,4; 2:7. As únicas exceções são as Epístolas dirigidas a
Timóteo e Tito.
3o. A experiência universal. Temos provas tão claras do poder das Escrituras de
darem luz, como temos a respeito do sol. Os argumentos contra isso são um
insulto à compreensão de todos os leitores da Bíblia no mundo.
14. Qual foi a terceira qualidade mencionada como necessária para constituir
as Escrituras em regra suficiente de fé e prática?
15. Que é que se entende quando se diz que as Escrituras são o juiz e também
a regra, em questões de fé?
“Uma regra é uma norma segundo a qual se deve julgar; um juiz é quem expõe e
aplica essa regra à decisão dos casos particulares”. A doutrina protestante é :
2o. (1) Negativamente: que não há corporação alguma de homens que sejam
qualificados ou estejam autorizados a interpretar as Escrituras, ou a aplicar os
seus princípios à decisão das questões particulares, no sentido de serem suas
decisões obrigatórias para outros cristãos. (2) Positivamente: que as
Escrituras são a única voz infalível na Igreja, e devera ser interpretadas à sua
própria luz e com o auxílio gracioso do Espírito Santo, prometido a todos os
cristãos (1 João 2:20,27) pelos indivíduos, cada um de per si, com a ajuda, mas
não sob a autoridade dos outros cristãos, seus irmãos. Os credos e confissões,
quanto à sua forma, são obrigatórios somente para os que os professam
voluntariamente; quanto à sua matéria, são obrigatórios somente até onde
afirmam aquilo que a Bíblia ensina, e porque a Bíblia ensina assim.
Dessa autoridade se acham revestidos o papa, quando faz ou diz qualquer coisa
no seu caráter oficial; e os bispos, como corporação, quando se acham reunidos
em concilio ecumênico, ou quando dão assentimento geral a um decreto do papa
ou de um concilio -Decretos do Concilio de Trento, seção 4; Teologia de Deus,
N°. 80, 81, 84,93,94,95,96. Bellarmine, Lib.3, De Eccl., cap.14, e Lib. 2, De
Concil., cap. 2.
2o. A comissão dada à igreja (romana) como mestra do mundo - Mat. 28:19, 20;
Luc. 10:16, etc.
3o. A igreja é declarada ser “coluna e firmamento da verdade”, e que “as portas
do inferno não prevalecerão contra ela”-lTim. 3:15; Mat. 16:18.
4o. A igreja (romana) é dada o poder de ligar e desligar, e a ordem de que aquele
que não a ouvir seja tido por “um gentio ou um publicano” - Mat. 16:19; 18:15-
18.
18. Quais os argumentos que demonstram não terem fundamento algum essas
pretensões da igreja romana?
Io. Uma pretensão, revestindo homens mortais de um poder de tanto peso, pode
ser estabelecida só pelas provas mais claras e decisivas; e a falta de se
apresentarem tais provas converte a pretensão em traição contra Deus e contra a
raça humana.
torná-la infalível. O mais que prometeu foi que o verdadeiro povo de Deus nunca
desapareceria inteiramente da terra; nem seria jamais abandonado, mesmo se
apostatasse das coisas essenciais da fé.
5o. Os apóstolos inspirados não tiveram sucessores. (1) No Novo Testamento não
há prova alguma de que os tivessem. (2) Proveu-se para a perpetuação regular
dos ofícios de presbítero e diácono (1 Tim. 3: 1-13), mas nada absolutamente se
fez para a perpetuação do apostolado. (3) Nos escritos dos primeiros séculos
nada se encontra que diga respeito à existência de apóstolos na Igreja. Tinham
deixado de existir tanto o nome
como o ofício. (4) Nenhum daqueles que se dizem sucessores dos apóstolos têm
feito ver “os sinais do apostolado” - 2 Cor. 12:12; 1 Cor. 9:1; Gál. 1:1,12; Atos
1:21,22.
7o. Não pode haver infalibilidade onde não há consistência própria. Mas, como
questão de fato, a igreja papal não tem sido consistente consigo no seu ensino.
(1) Tem ensinado doutrinas diversas, em diversas partes e séculos. (2) Afirma
a infalibilidade das Escrituras e, ao mesmo tempo, ensina doutrinas evidente e
radicalmente irreconciliáveis com o sentido claro das mesmas Escrituras, como
por exemplo, as doutrinas sobre o sacerdócio, a missa, as penitências, as
boas obras, o culto prestado a Maria e às imagens. Por isso é que a igreja romana
esconde as Escrituras do povo.
Io. As Escrituras são perspícuas: veja acima as perguntas 11-13. -> ,_4 •
5o. A religião é essencialmente uma coisa pessoal. E necessário que todo cristão
conheça e creia na verdade, explicitamente para si, sobre o fundamento direto de
suas próprias provas morais e espirituais, e não simplesmente sobre o
fundamento da autoridade de outros. A não ser assim, a fé não poderia ser o que
é, um ato moral; nem poderia “purificar o coração”. A fé deriva seu poder
santificador da verdade que ela apreende imediatamente em função das provas
experimentais que essa verdade, quando aceita, dá de si mesma -João 17:17,19;
Tia. 1:18; 1 Ped. 1:22.
20. Qual a objeção apresentada contra esta doutrina, pelos romanistas, sobre o
fundamento de ser a igreja (católica) a nossa única autoridade para crermos
que as Escrituras são a Palavra de Deus?
Sua objeção é que, desde que recebemos as Escrituras como a Palavra de Deus
só por confiarmos no testemunho autorizado da igreja romana, nossa fé nas
Escrituras não é senão outra forma de fé nessa igreja. E sendo a autoridade da
igreja o fundamento da autoridade das Escrituras, a igreja deve, naturalmente,
ser superior às Escrituras.
Io. Não temos a pretensão de dizer que seja infalível o juízo particular dos
protestantes, mas só que, quando com espírito humilde e crente julgam as coisas
divinas à luz das Escrituras, chegam a ter um conhecimento competente das
j verdades essenciais.
3o. A diversidade que realmente existe entre eles tem sua j origem na falta de
aplicarem, com fidelidade, os princípios ] protestantes pelos quais contendemos.
Os homens não tomam
4o. A igreja católica romana, na sua exposição autorizada feita pelo Concilio de
Trento, provou ser juiz muito indefinido. Suas decisões doutrinárias precisam de
um intérprete infalível, infinitamente mais do que precisam dele as Escrituras.
Acaso existe um Deus? Teria Ele Se revelado? Teria Ele estabelecido uma
Igreja? Seria essa Igreja mestra infalível? Seria verdade que o juízo particular é
guia cego? Qual de todas as pretendidas igrejas seria a verdadeira? E evidente
que todas estas questões têm de ser decididas pelo juízo particular do inquiridor
antes de lhe ser possível entregar, racional ou irracionalmente, o seu juízo
particular à direção da igreja que se blazona de ser infalível e não admite o
direito de juízo particular. Assim os romanistas se vêem obrigados a apelar
para as Escrituras para provar que elas não podem ser entendidas, e dirigem seus
argumentos ao juízo particular dos homens para provar que o juízo particular é
incompetente para nos dirigir com acerto. Seus argumentos baseiam-se, pois,
naquilo a respeito do qual querem provar, por meio de seus argumentos, que não
tem base! _ . .
23. Como se pode provar que o povo é muito mais competente para descobrir
o que seja aquilo que a Bíblia ensina do que o é para decidir, segundo os sinais
em que insistem os romanistas, qual seja a igreja verdadeira?
As Escrituras, por certo, com seu poder espiritual dando testemunho delas, não
exigem tanto do juízo particular.
O Cardeal Manning, no seu livro Vatican Council, diz que nesta definição há seis
pontos a serem notados:
“4o. O ato a que é ligado esse auxílio divino, que é o de definir doutrinas que
digam respeito à fé e costumes.
“6o. O valor dogmático das decisões ex-cathedra, a saber, que são em si mesmas
irreformáveis por serem, em si mesmas, infalível e não porque a igreja, ou uma
parte ou um membro dela, lhes dê o seu assentimento”.
1. Qual foi, em geral, o estado das opiniões teológicas nos primeiros três
séculos ?
2. Por que meios tem a Igreja feito progresso na clara discriminação da verdade
divina? E quais os séculos, e quais os ramos da Igreja em que as grandes
doutrinas da Trindade, da Pessoa de Cristo, do pecado e da graça, da redenção
e sua aplicação, foram definidas?
3. Quais são os três grandes sistemas de teologia que têm sempre subsistido na
Igreja?
Abrangendo a revelação dada nas Escrituras - um sistema completo de verdades
- cada seção separada não pode deixar de sustentar muitas relações óbvias,
algumas lógicas outras não, com todas as outras seções, como as diversas partes
de um grande todo. O desenvolvimento imperfeito e a concepção defeituosa ou
exagerada de uma doutrina qualquer introduzirão, inevitavelmente, a confusão e
o erro no sistema inteiro. Por exemplo: opiniões pelagianas sobre o estado
natural do homem tendem sempre a dar em resultado opiniões socinianas sobre a
Pessoa e a obra de Cristo. E opiniões semipelagianas sobre o pecado e a graça
são atraídas irresistivelmente e, por sua vez, atraem opiniões arminianas sobre os
atributos divinos, a natureza da expiação e a obra do Espírito.
Agostinho foi bispo de Hipona, África setentrional, de 395 a 430. Pelágio, cujo
sobrenome foi Morgan, era um monge britânico. Foi ajudado nas suas
controvérsias por seus discípulos Celestio e Juliano, de Eclano, Itália.
As posições mantidas por Pelágio foram condenadas geralmente pelos
representantes da Igreja inteira desde aquele tempo até agora, e todas as
denominações (com exceção dos socinianos professos) as têm reputado como
heresias fatais. Foram condenadas pelos dois concílios reunidos em Cartago, em
407 e 416; pelo Concilio de Milevo, na Numídia, em 416; pelos papas Inocêncio
e Zósimo, e pelo concilio ecumênico de Efeso, em 431. Este repúdio apressado e
universal do pelagianismo prova que, embora fossem muito imperfeitas as idéias
dos primeiros pais sobre essa classe de questões, o sistema
ensinado por Agostinho devia ser, quanto às coisas essenciais, o mesmo que a fé
da Igreja, em sua substância, desde o princípio da era cristã.
“Agostinianismo - Se, porém, o homem, no seu estado atual, quer e faz o bem, é
só devido à obra da graça divina. Esta é uma obra interna, secreta e maravilhosa,
operada por Deus no homem. E uma obra que precede e também acompanha.
Pela graça precedente o homem alcança a fé, e mediante esta chega a ver o que é
bom e recebe o poder de querer o bem. Para fazer
qualquer boa obra, precisa da graça cooperante. Como o homem não pode fazer
nada sem a graça, assim também nada pode fazer contra ela. E irresistível. E
como o homem não tem, por natureza, merecimento algum, Deus, dando a Sua
graça a qualquer homem, não o faz em atenção à disposição moral desse homem,
mas opera segundo a Sua própria livre vontade.
“Pelagianismo - Ainda que seja verdade que o homem, por sua livre vontade
que é um dom de Deus, tem capacidade para querer e fazer o bem, sem o auxílio
especial de Deus, contudo para que o possa fazer mais facilmente, Deus revelou
a lei, deu-lhe o ensino e exemplo de Cristo para o ajudar, e concedeu-lhe até
mesmo as operações sobrenaturais da graça. Esta, no seu sentido mais limitado
(influência graciosa) é concedida só àqueles que, empregando fielmente suas
próprias forças, merecem que o seja. Mas o homem pode resistir-lhe.
A ordem dos jesuítas, fundada em 1541 d.C. por Inácio de Loyola, tem-se
identificado sempre com a teologia semi-pelagiana. Luiz Molina, jesuíta
espanhol, 1588 d.C., in-
2o. Quanto à antropologia, suas opiniões são idênticas às dos mais estrênuos
proponentes da teologia reformada, como, por exemplo, a imputação antecedente
e imediata do primeiro pecado de Adão; a total depravação moral de todos os
seus descendentes, por natureza e desde o nascimento; e sua incapacidade
absoluta de, por suas próprias forças, fazerem, como devem fazer, coisa alguma
das que pertencem à sua relação com Deus.
Todo o mundo protestante, desde os tempos da Reforma até agora, tem estado
dividido em duas grandes famílias de Igreja, classificadas respectivamente como
LUTERANAS, OU as que tomaram o seu caráter de Lutero e Melanchthon;
e REFORMADAS, ou as que receberam a impressão característica de Calvino. A
família LUTERANA de igrejas compreende todos aqueles protestantes da
Alemanha, Hungria, e das províncias bálticas da Rússia, que aderem à Confissão
de Augsburgo, juntamente com as igrejas nacionais da Dinamarca, Noruega e
Suécia, e a grande denominação desse nome na América do Norte. O número de
seus adeptos é estimado em vinte cinco milhões2 de luteranos autênticos,
enquanto que a Igreja Evangélica da Prússia, formada por uma união política dos
adeptos das duas confissões, abrange, provavelmente, mais onze milhões e meio.
Seus livros simbólicos são a Confissão de Augsburgo e sua Apologia, os artigos
de Esmalcalda, os Catecismos, grande e pequeno, de Lutero e, recebida pelo
partido estrito deles, a Fórmula Concordiae. As igrejas calvinistas ou reformadas
abrangem, segundo o uso restrito do termo, todas as igrejas protestantes que
derivam sua teologia, de Genebra; e entre elas, por causa de óbvias
condições modificadoras, as igrejas episcopais da Inglaterra, Irlanda e América
do Norte formam uma subdivisão separada; e os metodistas wesleyanos, que são
comumente classificados com os reformados por terem—se desenvolvido
historicamente daquele ramo, acham-se afastados mais ainda do que a Igreja da
Inglaterra, do tipo normal da classe geral. Num sentido geral, porém, esta classe
compreende todas aquelas igrejas da Alemanha que aceitam o Catecismo de
Heidelberg; as igrejas protestantes da Suiça, França, Holanda; as igrejas
nacionais da Inglaterra e Escócia; as independentes e batistas da Inglaterra e
América do Norte; e os diversos ramos da Igreja Presbiteriana da Inglaterra,
Irlanda e América. Compreendem cerca de oito milhões de reformados alemães;
dois milhões da Igreja Reformada da Hungria; doze milhões e meio
de episcopais; seis milhões de presbiterianos; três e meio milhões de metodistas;
quatro e meio milhões de batistas, e um milhão e meio de independentes - ao
todo, cerca de trinta e oito milhões.
Cerinto, que viveu durante a última parte do primeiro século e a primeira parte
do segundo, sustentava que Jesus foi mero homem, nascido de Maria e José, e
que o Cristo ou Logos desceu sobre Ele, na forma de uma pomba, no Seu
batismo, e que foi, então, elevado à dignidade de Filho de Deus,
operou milagres, etc. O Logos deixou o homem Jesus na crucificação dEle.
Negou, também, a ressurreição de Jesus.
teológica que desde aquele tempo tem sido chamado por seu nome. Suas
opiniões difundiram-se rapidamente e foram, ao mesmo tempo, combatidas
pelos principais homens da Igreja. Cerca de um ano após a morte de Armínio,
seus discípulos constituíram-se em partido organizado e, nessa forma,
apresentaram aos Estados da Holanda e Friesland ocidental uma representação
(remonstrance), pedindo que se lhes permitisse conservar seus lugares na Igreja
sem que fossem sujeitos, pelos tribunais eclesiásticos, a exames incômodos
sobre sua ortodoxia. Pelo fato de ser a apresentação dessa remonstrance o seu
primeiro ato combinado como um partido, ficaram, depois, sendo conhecidos na
história como xemonstrantes. >- j ^
Pouco depois disso, os remonstrantes, com o fim de definir bem a sua posição,
apresentaram às autoridades cinco artigos em que exprimiam sua fé quanto à
predestinação e a graça. Essa foi a origem dos célebres “Cinco Pontos” na
controvérsia entre o calvinismo e o arminianismo. Em breve, porém,
a controvérsia estendeu-se a mais pontos; e os arminianos, por se conservarem
lógicos, viram-se obrigados a ensinar doutrinas radicalmente errôneas quanto à
natureza do pecado, ao pecado original, à imputação, à natureza da propiciação,
e à justificação pela fé. Alguns de seus autores levaram o espírito racionalista
inerente no seu sistema até aos seus resultados legítimos, num pelagianismo
quase irrestrito, e alguns foram até suspeitos de socianismo.
Não se tendo conseguido, por outros meios, impor silêncio aos inovadores, os
Estados Gerais reuniram em Dort, Holanda, um Sínodo geral, cujas sessões
ocorreram em 1618 e 1619. Constava de pastores, presbíteros regentes e
professores leológicos das igrejas da Holanda, e de deputados das igrejas da
Inglaterra, Escócia, Hesse, Bremen, Palatinado e Suíça -não se achando presente
ninguém da França, por tê-lo proibido o seu rei. Os delegados estrangeiros
presentes eram dezenove presbiterianos das igrejas reformadas do continente,
um da Escócia e quatro episcopais da Igreja da Inglaterra, entre eles,
(1) Não existe em Deus nenhum princípio de justiça vindicativa: nada que o
impeça de aceitar os pecadores só sob a base do seu arrependimento.
ANTROPOLOGIA —
Io. O homem foi criado sem caráter moral positivo. “A imagem de Deus” à qual,
diz a Bíblia, o homem foi criado, não inclui a santidade.
2o. Adão, comendo o fruto proibido, cometeu pecado e incorreu, assim, na ira de
Deus, mas, não obstante isso, retinha ainda a mesma natureza moral e as
tendências com as quais fora criado, e transmitiu-as integralmente à sua
posteridade.
4o. O homem pode, agora, cumprir todas as suas obrigações por natureza, e fazê-
lo tão bem quanto Adão antes de pecar. As circunstâncias nas quais se forma o
caráter do homem, agora são menos favoráveis do que no caso de Adão, e por
isso o homem é fraco. Mas Deus é infinitamente misericordioso, e a obrigação é
graduada pela capacidade. O homem foi criado mortal, por natureza, e teria
morrido mesmo que não tivesse pecado.
SOTERIOLOGIA
Io. Cristo não desempenhou, sobre a terra, o ofício de sacerdote; fê-lo no céu,
mas em sentido muito indefinido.
2o. O ofício principal de Cristo foi profético. Ele ensinou uma lei nova. Deu o
exemplo de uma vida santa. Ensinou sobre a personalidade de Deus. E ilustrou a
doutrina de uma vida futura por Sua própria ressurreição.
ESCATOLOGIA
2o. “Porque fica evidente, pelas autoridades citadas, que eles (os primeiros
socinianos) igualmente com outros mantinham, constantemente, que haveria
uma ressurreição tanto dos justos como dos injustos, e que os injustos
seriam condenados a um castigo eterno, mas que os justos seriam admitidos à
vida eterna.” B. Wissowatio.
OS ATRIBUTOS DIVINOS
Io. Admitem que a justiça vindicativa é um atributo divino; mantêm, porém, que
é cedível, que é opcional mais
do que essencial, que pertence antes à política administrativa, e que não é tanto
um princípio necessário.
2o. Admitem que Deus tem presciência de todos os eventos sem nenhuma
exceção. Inventaram a distinção expressa pelo termo Scientia Media para
explicar a presciência certa de eventos futuros cuja ocorrência, porém, não fica
determinada nem por Deus, nem por qualquer outra causa antecedente.
3o. Negam que a preordenação de Deus se estenda às volições dos agentes livres,
e mantêm que a eleição dos homens não é absoluta, e sim condicionada à fé e
obediência previstas. ANTROPOLOGIA
Io. Um caráter moral não pode ser criado, mas é determinado só por decisão
prévia de quem o possui.
5o. Negam que o homem tenha capacidade moral para principiar uma vida santa
ou continuar nela, por sua própria força e sem auxílio divino - mas afirmam que
todos têm o poder de cooperar com a graça comum, ou de resistir-lhe. Somente o
que distingue o santo do pecador é o seu próprio uso ou abuso da graça. .
7o. Mantêm que qualquer santo pode cair da graça - em qualquer período da sua
vida terrestre.
SOTERIOLOGIA
Io. Admitem que Cristo fez um sacrifício vicário de Si como substituto dos
pecadores mas, ao mesmo tempo, negam que tenha sofrido a pena literal da lei
ou uma pena plenamente
equivalente a ela, e mantêm que os Seus sofrimentos foram por graça aceitos
como substitutos dessa pena.
4o. Que, em resultado da satisfação feita por Cristo, Deus pode agora, de perfeita
conformidade com Seu caráter e com os interesses de Seu governo geral,
oferecer a salvação sob condições mais fáceis. Por conseguinte, o evangelho é
uma nova lei, exigindo fé e obediência evangélica em vez da obediência perfeita
exigida originalmente.
5o. Por conseguinte, a obra de Cristo não salva realmente a ninguém - só torna
possível a salvação de todos - tirou os obstáculos legais que exigiam - não
adquire fé para ninguém mas torna possível a salvação, sob a condição da fé.
CRISTOLOGIA • • 1
Io. Deus criou o homem por um ato imediato da Sua onipotência, e num estado
em que não havia defeito físico, intelectual ou moral, e com caráter moral
formado positivamente.
2o. A culpa do pecado público de Adão, Deus, por um ato judicial, põe à conta
imediata de cada um de seus descendentes, desde o momento em que começam a
existir, e antes de qualquer de seus atos.
4o. Segue-se disso que principiam a ser agentes morais privados daquela retidão
original que pertencia à natureza
humana como a mesma foi criada em Adão, e já com uma tendência prévia para
o pecado; e essa tendência que neles está é da natureza do pecado, e merece
castigo.
5o. A natureza do homem, ainda depois da Queda, conserva suas faculdades
constitucionais de razão, consciência e livre vontade, e por isso o homem
continua a ser agente moral e responsável; mas, não obstante, está morto
espiritualmente, e totalmente avesso ao que é bom espiritualmente, e
é absolutamente incapaz para mudar seu coração ou cumprir, de um modo
adequado, qualquer dos deveres que nascem da sua relação com Deus.
SOTERIOLOGIA '
2o. Cristo fez-Se Mediador em virtude de um pacto eterno feito entre o Pai e o
Filho, segundo o qual tornou-Se o substituto legal de Seu povo eleito, e como tal
cumpriu, por meio da Sua obediência e sofrimentos, todas as obrigações que
para esses eleitos nasceram das Suas relações federais para com a lei -pagando
vicariamente mediante Seus sofrimentos a sua dívida penal - cumprindo
vicariamente, por Sua obediência, todas as condições pactuadas das quais
dependia sua felicidade eterna - cumprindo, assim, tudo o que a lei exigia,
satisfazendo à justiça de Deus e adquirindo a salvação eterna daqueles por quem
morreu.
3o. Por isso adquiriu, por Sua morte, as influências salvadoras do Espírito Santo
para todos aqueles por quem morreu. E o Espírito Santo aplica, infalivelmente, a
redenção adquirida por Cristo a todos os que intencionava salvar, no tempo exato
e sob aquelas mesmas condições que foram predeterminadas no pacto eterno da
graça - e isso faz pelo exercício imediato e intrinsecamente eficaz de Seu
poder, operando diretamente neles, e nas operações da sua natureza
6o. Apesar do fato que entregue a si próprio todo crente cairia imediatamente, e
embora a maioria dos crentes sofra desvios temporais, todavia, por meio da
operação da Sua graça no coração, de conformidade com as provisões do
pacto eterno da graça e com o propósito de Cristo em morrer, Deus impede
infalivelmente que até o crente mais fraco apostate inteiramente ou pereça
eternamente.
Sobre este assunto inteiro consulte-se a notável obra histórica e crítica por Dr.
Philip Schaff - The Creeds of Christendom. No primeiro volume, o autor nos dá
a história da origem e da ocasião em que foi composto cada credo ou confissão,
e uma apreciação crítica do seu conteúdo e valor. No segundo e no terceiro
volumes, nos é dado o texto de todos os credos principais, em dois idiomas.
Têm sido achados úteis, em todas as épocas da Igreja, para os seguintes fins: 1.
Para assinalar, conservar, e disseminar as aquisições feitas no conhecimento das
verdades cristãs por qualquer ramo da Igreja, em qualquer grande crise de
seu desenvolvimento. 2. Para discriminar a verdade das glosas de mestres falsos;
e para defini-la acuradamente na sua inteireza e em suas proporções definidas. 3.
Para servir como meios na grande obra de instrução popular.. 1
E como segue:
céu; e está sentado à mão direita de Deus Pai todo-pode-roso; donde há de vir
para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na santa Igreja
católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do
corpo e na vida eterna. Amém”.
(1) A forma original em que foi composto e decretado pelo concilio ecumênico
de Nicéia, 325 d.C., é a seguinte:
“E no Espírito Santo.
“Mas, os que dizem: “Houve tempo em que não era”; “Não era antes de ser feito
e: “Foi feito do nada”; ou: “E de substância, ou essência diversa”; ou: “O Filho
de Deus foi criado”; ou “é mutável” ou “alterável” - são condenados pela santa
igreja católica e apostólica”.
que negaram a deidade do Espírito Santo. É certo que essas mudanças foram
feitas mais ou menos naquela época; e as diversas “cláusulas” acrescentadas já
existiam anteriormente em formulários propostos por teólogos individuais. No
entanto, não existem provas de que essas mudanças foram feitas pelo Concilio
de Constantinopla. Foram, porém, reconhecidas pelo Concilio de Calcedônia, em
431.
E nesta segunda forma que o Credo Niceno é utilizado agora na Igreja Grega.
(3) A terceira, ou forma latina deste credo, na qual é utilizado nas igrejas
romana, episcopal e luterna, difere da segunda forma supramencionada só nos
seguintes pontos:
vir com glória para julgar os vivos e os mortos; cujo reino não terá fim. E creio
no Espírito Santo, o Senhor e Doador da vida, que procede do Pai e do Filho
(esta frase “Filioque” foi acrescentada ao credo de Constantinopla pelo concilio
da Igreja Ocidental reunido em Toledo, em 589), o qual, junto com o Pai e o
Filho, é adorado e glorificado, o qual falou pelos profetas. E creio numa
só Igreja Católica e Apostólica; confesso um só batismo para a remissão dos
pecados; e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo futuro. Amém”.
■.
3o. O CREDO ATANASIANO, também chamado Quicunque vult (Quem quer que),
por serem estas as suas primeiras palavras, é vulgarmente atribuído ao grande
Atanásio, bispo de Alexandria, de cerca de 328 a 373, e chefe do
partido ortodoxo da Igreja, oposto ao arquiherege Ário. Os ilustrados teólogos
modernos, porém, dão-lhe unanimemente origem menos antiga, e dizem que
veio provavelmente do Norte da África, e da escola de Agostinho. Bigham
refere-o a Virgílius Tapsensis, do fim do século quinto. Schaff diz que, na
sua forma completa, não aparece antes do século oitavo.
Este credo é aceito nas igrejas romana, grega e inglesa. Apresenta uma
exposição muito bem expressa da fé típica de todos os cristãos, fazendo-se
objeção só às “cláusulas condenatórias”, que realmente nunca deveriam fazer
parte de uma composição humana, especialmente de uma que faz distinções tão
sutis num assunto tão profundo.
E como segue:
“1. Quem quer que queira ser salvo, é-lhe necessário, primeiro que tudo, que
receba a fé católica.1 2. A qual é preciso que cada um guarde perfeita e
inviolada, ou terá com certeza que perecer para sempre 3. A fé católica, porém, é
esta: que adoremos um só Deus em trindade, e trindade em unidade. 4. Não
confundindo as Pessoas, nem
40. Esta é a fé católica, e se o homem não a crer fiel e firmemente, não poderá
ser salvo.
A principal parte da “Definição de Fé” em que concordou esse concilio foi como
segue:
“Nós, pois, seguindo aos santos Pais, todos unanimemente, ensinamos aos
homens a confessar, um só e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo; o
mesmo perfeito em deidade, e perfeito, também, em
humanidade; verdadeiramente Deus, e também, verdadeiramente homem, de
uma alma racional e corpo; consubstanciai com o Pai segundo a deidade, e
consubstanciai conosco
E como segue:
“Eu, E, creio e professo com fé firme todas e cada uma das coisas contidas no
símbolo de fé usado na santa igreja católica romana; a saber, creio num só Deus
Pai, todo--poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e
invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do
Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus
de verdadeiro Deus, gerado, não feito, consubstanciai com o Pai, por quem
foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de nós os homens e pela nossa
salvação desceu do céu, encarnou por obra do Espírito Santo, e nasceu
da Virgem Maria, e se fez homem; foi crucificado por amor de nós sob o poder
de Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado, e ao terceiro dia ressuscitou segundo
as Escrituras, e subiu ao céu, está sentado à mão direita do Pai, e tornará a vir
com glória para julgar os vivos e os mortos; cujo reino não terá fim; e no
Espírito Santo, o Senhor e Doador da vida, que procede do Pai e do Filho, o
qual, junto com o Pai e o Filho, é adorado e glorificado, o qual falou pelos santos
profetas; e numa só igreja santa, católica e apostólica. Confesso um só batismo
para a remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida eterna
no mundo futuro. Amém.
veneração. Afirmo também que o poder das indulgências foi deixado por Cristo
na igreja, e que o uso delas é sumamente saudável ao povo cristão. Reconheço a
santa igreja católica e apostólica, mãe e mestra de todas as igrejas; e prometo e
juro verdadeira obediência ao bispo romano, o sucessor de S. Pedro, príncipe dos
apóstolos e vigário de Jesus Cristo. Professo também, e recebo indubitavelmente
todas as demais coisas estatuídas, definidas e declaradas pelos santos cânones e
concílios ecumênicos, e especialmente pelo santo Concilio de Trento (e
estatuídas, definidas e declaradas pelo Concilio Ecumênico Vaticano,
especialmente as que dizem respeito à primazia e à infalibilidade do pontífice
romano.2
4.° O Santo Concilio Ecumênico Vaticano foi convocado por Pio IX; reuniu-se
na Basílica do Vaticano em 8 de dezembro de 1869, e continuou suas sessões até
ao dia 20 de outubro de 1870, depois do qual foi suspenso indefinidamente.
Adere aos credos antigos e às decisões doutrinais dos sete primeiros concílios
ecumênicos, e possui alguns catecismos e confissões modernos. Os mais
importantes deles são:
Além dos grandes credos gerais que aceitam em comum todos os cristãos, seus
símbolos de fé são:
3o. Os Catecismos Maior e Menor de Lutero, 1529 d.C., “o primeiro para uso
dos pregadores e professores, e o outro para guia dos jovens.” - ■-
l.° A mais antiga confissão daquele ramo do protestantismo, que não estava
satisfeito com a tendência e com o símbolo luterano, é aConfessio Tetratpohtna -
porque os teólogos de quatro cidades do sul da Alemanha, Estrasburgo, Cons-
tuncc, Memingen e Lindau, prepararam-na e a apresentaram
L
I rinta e nove pelo arcebispo Parker e outros bispos, e ratificados pelas duas
Casas de Convocação e publicados por autoridade do Rei, em 1563. Constituem
o Símbolo normal de doutrina tia Igrejas Protestantes Episcopais da Inglaterra,
da Irlanda, da Escócia, das Colônias e dos Estados Unidos da América do Norte.
Tem sido discutida, e sem motivo algum, a questão sobre se estes artigos são ou
não calvinistas; pois o décimo sétimo Artigo, Da Predestinação e Eleição, é
decisivo e é como segue: “A predestinação à vida é o eterno propósito
da Deidade, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) Deus tem
decretado, por Seu conselho oculto a nós, livrar da maldição e condenação os
que elegeu em Cristo, dentre os homens, e conduzi-los por Cristo à salvação
eterna. Por isso, os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus
são chamados, segundo o propósito divino, por Seu Espírito, atuando no
devido tempo: pela graça obedecem ao chamamento; são justificados livremente;
são feitos filhos de Deus por adoção; são formados à imagem de Seu unigênito
Filho, Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras e, afinal, chegam, pela
misericórdia de Deus, à felicidade eterna.
(4) Os Cânones do Sínodo de Dort. Este célebre sínodo foi convocado para
reunir-se em Dort, Holanda, por autoridade dos Estados Gerais, com o fim de
pôr têrmo às controvérsias suscitadas pelos discípulos de Armínio. Suas sessões
tiveram continuidade de 13 de novembro de 1618 a 9 de maio de 1619. Constava
de pastores, presbíteros regentes e professores teológicos das igrejas da Holanda,
e deputados das igrejas da Inglaterra, da Escócia, de Hesse, de Bremen, da Suíça
e do Palatinado. Os cânones desse sínodo foram aceitos por todas as igrejas
reformadas como uma exibição exata, verdadeira e eminentemente revestida de
autoridade do sistema calvinista de teologia. Constituem, juntos com o
Catecismo de Heidel-berg, a confissão doutrinária da Igreja Reformada da
Holanda, e de sua filha, a Igreja Reformada (holandesa) da América.
3a. Há ainda mais algumas confissões reformadas que, embora não sejam
símbolos normais de doutrina de grandes denominações de cristãos, são,
contudo, de muito interesse
Os Atributos de Deus
1. Quais os três métodos de determinar os atributos que pertencem ao Ser
divino?
2o. O método de inferir suas características pelas obras dele que vemos ao redor
de nós, e da nossa experiência pelo modo como nos trata.
3o. O ensino didático das Escrituras, a elucidação que nela nos é dada do Seu
caráter, na Sua revelação sobrenatural e dispensações cheias de graça, e
sobretudo na revelação pessoal de Deus em Seu filho Jesus Cristo.
2. Até onde podemos ter a certeza que a realidade objetiva corresponde com
as nossas concepções subjetivas da natureza divina?
2a. A segunda posição extrema que devemos evitar é o de supor que o nosso
conhecimento de Deus é ilusório, que nossas concepções das perfeições de Deus
não correspondem, em grau algum, à realidade objetiva. “Sir” William Hamilton,
o Sr. Mansel e outros, depois de provarem que somos obrigados a pensar em
Deus como “causa primária”, como “infinito” e “absoluto”, procedem a dar
definições destes termos abstratos, ilos quais tiram, então, a conclusão necessária
de que esses iermos envolvem contradições mútuas que a razão humana nao
pode tolerar. Em seguida, tiram a conclusão de que as nossas concepções de
Deus não podem corresponder à real existência objetiva do Ser divino. “O
pensarmos que Deus seja aquilo que pensamos que é, é blasfêmia.” A última e
mais r x i rema consagração da verdadeira religião não pode ser outra ' oisa que
um altar “ao Deus desconhecido e a quem não nos é possível conhecer” (“Sir”
William Hamilton,Discussions, pág.
Io. No bom sentido, no qual, desde que o homem foi criado à imagem de Deus
como um espírito racional e livre, é bíblico, racional, e está de acordo com a
verdade objetiva, que pensemos em Deus como possuindo, em perfeição
absoluta quanto à espécie, e em perfeição absoluta quanto ao grau, e sem
nenhuma limitação, todos os atributos essenciais que pertencem aos nossos
espíritos. Quando dizemos que Deus sabe, quer e sente, que Ele é justo,
verdadeiro e misericordioso, o sentido dessas afirmações é que Lhe atribuímos
atributos da
mesma espécie que os atributos que têm esses nomes e que pertencem aos
homens, mas, em Deus, em perfeição absoluta e sem limites.
As passagens a que se faz referência são aquelas em que se fala no rosto ou face
de Deus, como em Ex. 33:11 e 20; em Seus olhos, 2 Crôn. 16:9; em Suas
narinas, 2 Sam. 22:9; em Seus braços ou pés, Is. 52:10; Sal.18:9. E as passagens
que falam dEle arrepender-Se, entristecer-Se e estar cansado, como Gên,
6:6, 7;Jer. 15:6; Sal. 95:10; em enfurecer-Se, como Deut. 29:20, etc. Estas
expressões devem entender-se como metáforas. Representam só analogicamente
a verdade a respeito de Deus, e como nos parece, de nosso ponto de vista. Que
Deus não pode ser material demonstraremos adiante, na pergunta 20.
Quando o texto diz que Ele Se arrepende, Se entristece, que é zeloso, que está
irado, etc., só quer dizer que Se comporta para com os homens como um homem
se comportaria quando agitado por essas paixões. Essas metáforas encontram-
se, principalmente, no Velho Testamento, e ali, nas passagens muito retóricas dos
livros poéticos e proféticos.
5. Quais as provas de que não só são necessárias, mas também são válidas, as
concepções antropomórficas de Deus, tomada essa palavra no seu bom sentido?
teologia e toda a religião é que Deus fez o homem alma viva, à Sua própria
imagem. A não ser assim, o homem não poderia compreender mais das obras de
Deus do que da Sua natureza, e todas as relações de pensamentos e sentimentos
entre eles seriam impossíveis. Que o homem tem o direito de pensar em Deus
como a fonte original e totalmente perfeita das qualidades morais e racionais que
nEle se acham, provam os seguintes fatos:
Io. E determinado assim pelas leis necessárias da nossa natureza. (1) E matéria
da nossa consciência íntima. Se cremos em Deus, é-nosforçoso crer nEle como
espírito pessoal, racional e reto. (2) Mesmo nas adulterações aviltantes da
mitologia pagã as concepções que se fazem de Deus são
universalmente semelhantes a essa. - : • - ‘
A definição que Hamilton e Mansel dão de infinito é: “aquilo que está livre de
toda limitação possível; aquilo que é tamanho que não se pode conceber um
maior, e que, por conseguinte, não pode receber atributos adicionais, ou
um modo de existência adicional que não possuísse já, desde toda a eternidade”;
e sua definição do absoluto é: “aquilo que existe de per si, não tendo nenhuma
relação necessária para com outros seres”. Baseados nestas definições,
argumentam (1) que aquilo que é infinito e absoluto deve incluir em si a soma
total de todas as coisas, o bem e o mal, o atual e o possível; porque, se estivesse
excluído dele alguma coisa real ou possível, não seria mais infinito e absoluto e
sim, finito e relativo; (2) que não pode ser objeto de conhecimentos, porque
aquilo que é conhecido fica, por isso mesmo, limitado, porque fica definido; e é
também estabelecida assim uma relação entre o conhecido e a pessoa que o
conhece; (3) que não pode ser pessoa, porque a consciência pessoal implica
limitação e mudança; (4) que não pode conhecer outras coisas, porque o
conhecer implica relação, como já foi dito - Discussions por Hamilton, Art.
1; Limits ofReligious Thought, por Mansel, Lectures 1, 2 e 3.
Todos estes devaneios lógicos nascem do fato de tomarem esses filósofos, como
ponto de partida, a premissa falsa de um abstrato “infinito” e “absoluto” e
substituindo isso pela Pessoa verdadeiramente infinita e absoluta revelada nas
Escrituras e na consciência humana como a causa primária de todas as coisas, o
Governador moral e Redentor dos homens.
“Infinito” quer dizer o que não tem limites. Quando dizemos que Deus é infinito
no Seu Ser, conhecimento, ou poder, queremos dizer que Sua essência e as
propriedades ativas desta não têm limitações que envolvam imperfeições
de qualquer espécie que seja. Ele transcende todas as limitações do tempo e do
espaço, e conhece todas as coisas de um modo absolutamente perfeito. Pode
fazer tudo quanto quer por intermédio de meios ou sem eles, e com facilidade e
sucesso perfeitos. Quando os homens dizem que Deus é infinito na Sua justiça,
bondade ou verdade, isso significa que na Sua natureza inexaurível e imutável
possui esses atributos em perfeição absoluta.
“Absoluto”, quando aplicado a Deus, quer dizer que Ele é uma Pessoa eterna e
auto-existente, que existia antes de todos os demais seres, e que é a causa
inteligente e voluntária de tudo quanto mais existiu, existe agora, ou em qualquer
tempo há de existir em todo o universo, etc., e que por isso Ele não mantém
relação necessária com nada que existia fora dEle. Tudo quanto existe está
condicionado a Deus, assim como o círculo está condicionado a seu centro; mas
Deus, seja quanto à Sua existência, seja quanto a qualquer dos modos dela, não
está condicionado a nenhuma das Suas criaturas, nem à criação como um todo.
Deus é o que é porque é, e Ele quer aquilo que quer porque “assim é do seu
agrado”. Tudo o que mais existe é o que é porque Deus queria que fosse o que é.
Toda relação que Ele sustém para com aquilo que está fora dEle foi por
Ele tomada voluntariamente.
Revelam Deus - Io. Por meio de Seus nomes. 2o. Por meio das obras que Lhe são
atribuídas. 3o. Por meio de Seus atributos. 4o. Por meio do culto que elas
requerem que Lhe seja prestado. 5o. Pela manifestação de Deus em Cristo.
A Moisés Deus deu a conhecer Seu nome peculiar - EU SOU O QUE SOU -
Ex. 3:14, da mesma raiz que Jeová, e com a mesma significação fundamental.
2o. EL, poder, força, traduzindo Deus, e aplicado tanto a deuses falsos como ao
Deus verdadeiro - Is. 44:10.
3o. ELOIM e ELO AH, sendo os dois o mesmo nome, o último sendo a forma
singular, e o primeiro, a forma plural. E derivado àzAlah, temer, reverenciar. Na
sua forma singular é usado só nos livros poéticos e nos menos antigos. Na sua
forma plural é usado, às vezes, no sentido plural de deuses; mais
comumente, porém, como nmpluralis excellentice, aplicado a Deus. E
aplicado também a deuses falsos, mas de preferência, a Jeová como o grande
objeto de adoração.
8o. Muitos outros epítetos são aplicados a Deus, em sentido metafórico, para
expor a relação que sustenta para conosco e os ofícios que Ele desempenha,e.g.
Rei, Legislador, Juiz. Is. 33:17; Sal. 24:8; Sal. 50:6; Rocha, Fortaleza, Redentor:
2 Sam. 22:2,3; Sal. 62:2; Pastor, Agricultor: Sal. 23:1; João 15:1; Pai: Mat. 6:9;
João 20:17, etc. -v ..<
como à Sua eternidade eimensidade-Jó 11:7-9; 26:14; Sal. 139:5,6; Is. 40:28. Os
elementos morais da Sua natureza gloriosa são a norma ou o tipo original de
nossas faculdades morais; e assim é que nos é possível compreender os
supremos princípios de verdade e justiça sobre os quais Ele opera. A verdade, a
justiça e a bondade são naturalmente os mesmos atributos, quer em Deus, quer
nos anjos, quer no homem. Ao mesmo tempo, aquilo que Deus faz, de
conformidade com esses princípios, é, muitas vezes, uma prova para a nossa fé,
e dá ocasião para O adorarmos maravilhados - Rom. 11:33-36; Is. 55:8,9.
10. Que quer dizer o termo SIMPLICIDADE, quando aplicado a Deus pelos
teólogos ?
são relacionadas com a essência divina como as propriedades das coisas criadas
são relacionadas com as coisas dotadas com elas. Outros levam tão longe a idéia
de simplicidade que negam ; haver distinção alguma nos próprios atributos
divinos, e supõem que a única diferença entre eles está no modo pelo qual se
manifestam externamente, e nos efeitos produzidos. Ilustram sua idéia pelos
diversos efeitos que o mesmo raio de luz do sol produz em diversos objetos.
Para evitar estes dois extremos, os teólogos costumam dizer que os atributos
divinos diferem uns dos outros e da essência divina, Io. nãorealiter, ou assim
como uma coisa difere de outra, ou de qualquer modo que implique composição
em Deus. Nem, 2o. meramentenominaliter, como se não houvesse em Deus coisa
alguma que corresponda realmente a nossas concepções de Suas perfeições.
Mas, 3o. diz-se que diferem virtualiter, de modo que há nEle base ou motivo
adequado para todas as representações feitas nas Escrituras a respeito das
perfeições divinas, e para as concepções que por isso nós temos delas -
Turretino,Institutio Theologicce, Locus 3; Quaes. 5 e 7; e Dr. C. Hodge,
Lectures.
quanto ao modo da Sua existência ou da Sua ação, por coisa alguma que haja
fora dEle próprio. Isso inclui a imutabilidade. 'tr . > : .,-1: J .
A UNIDADE DE DEUS - -
2o. Embora haja tripla distinção pessoal na unidade da Deidade, essas três
Pessoas são numericamente uma só substância ou essência, e constituem um só
Deus indivisível.
Io. Parece haver na razão uma necessidade de concebermos a Deus como um só.
Aquilo que é infinito e absoluto não pode deixar de ser um só, indivisível em
essência. Se Deus não é um só, segue-se que há mais de um Deus.
Com passagens como as seguintes: Deut. 6:4; 1 Reis 8:60; Is. 44:6; Mar.
11:29,32; 1 Cor. 8:4; Ef. 4:6.
-
15. Que argumento se tira da harmonia da criação a favor da unidade divina?
A criação inteira entre os dois extremos, até onde chega a observação telescópica
e microscópica, é manifestamente um só sistema indivisível. Já provamos,
porém (Cap. 2), a existência de Deus, pelos fenômenos do universo; e
argumentamos agora, partindo do mesmo princípio, que, se um efeito é prova
da operação prévia de uma causa, e se evidências de intenção e desígnio provam
a existência de quem tencionava, então a singeleza e a unidade de um plano e
sua operação nesse desígnio e na sua execução provam também que quem teve o
desígnio foi UM SÓ.
16. Sobre este ponto, que argumento se tira da existência necessária de Deus?
Diz-se que a existência de Deus é necessária porque desde toda a eternidade tem
sua causa em si mesma. É a mesma em todo o tempo e no espaço inteiro. E um
absurdo pensar em Deus como não existindo em qualquer tempo e em
qualquer parte do espaço, enquanto que, com respeito a todas as
demais existências, elas dependem pura e simplesmente da vontade de Deus, e
por isso são contingentes. No entanto, a necessidade que é uniforme em todos os
tempos e em qualquer parte do espaço é evidentemente uma só e indivisível, e só
pode ser a base da existência de um só Deus.
17. Que argumento se tira da perfeição infinita para provar que só pode haver
um Deus?
Deus é infinito em Seu Ser e em todas as Suas perfeições. Mas o que é infinito,
por incluir tudo, exclui tudo o mais da mesma espécie. Se houvesse dois seres
infinitos, cada um deles incluiria necessariamente o outro, e seria por este
incluído, e
A ESPIRITUALIDADE DE DEUS
19. Que é que se afirma, e também que é que se nega na proposição segundo a
qual Deus é Espírito?
Io. Negativamente, que Ele não possui partes nem paixões corporais; que não Se
compõe de elementos materiais; que não está sujeito a nenhuma das condições
que limitam a existência material; e que, por conseguinte, não pode
ser apreendido por nenhum de nossos sentidos corporais.
20. Positivamente, que Ele é um ser racional que distingue com precisão
infinita entre o verdadeiro e o falso; que é um ser moral, que distingue entre o
bom e o mau; que é agente
livre, cujas ações são determinadas só por Sua própria vontade; e, enfim, que
todas as propriedades essenciais de nossos espíritos podem também realmente
ser asseveradas a respeito dEle, e em grau infinito.
o fato de que Deus é infinito em Sua relação com o espaço, isto é, que a inteira
essência indivisível de Deus está sempre presente concomitantemente em toda
parte do espaço inteiro e imenso.
23. Quais os diversos modos da presença divina, e como se pode provar que
Deus está presente em toda parte quanto à Sua essência?
Io. Pelas Escrituras (1 Reis 8:27; Sal. 139:7-10; Is. 66:1; Atos 17:27,28). 2°. Pela
razão. (1) E conseqüência necessária da Sua infinidade. (2) Pelo fato de que o
Seu conhecimento é Sua essência conhecendo, e Suas ações são Sua essência
agindo. Contudo, o Seu conhecimento e o Seu poder estendem-se a todas as
coisas.
25. Como expor as diversas relações que os corpos (que são espíritos criados)
e Deus têm com o espaço?
muito que a inteligência humana possa afirmar ditatorialmente que é uma idéia
tão verdadeira quanto sublime” -McCosh,Intuitions ofthe Mind, pág. 212.
29. Quando dizemos que Deus é eterno, que é que afirmamos, e que é que
negamos?
Afirmamos, Io. que, quanto à Sua existência, nunca teve princípio e nunca terá
fim; 2o. que, quanto ao modo da Sua existência, Seus pensamentos, emoções,
propósitos e atos, eles são invariáveis, unos e inseparáveis, sempre os mesmos; e
3o. Que Ele é imutável.
Negamos, Io. Que Deus teve princípio ou que terá fim; 2o. que há variação nos
Seus estados ou modos de ser; e 3o. que a Sua essência, os Seus atributos e os
Seus propósitos em qualquer tempo mudarão. - ‘
30 .Em que sentido é que se fala nos atos de Deus como passados, presentes e
futuros?
No tocante a Deus, os Seus atos nunca são passsados, presentes ou futuros, senão
somente quanto aos objetos e aos efeitos produzidos na criatura. O propósito
eficiente, compreendendo o objeto, o tempo e todas as circunstâncias, estava-
Lhe presente sempre e sem mudança; o evento, porém, sucedendo no tempo, é
assim passado, presente ou futuro para nós.
31. Em que sentido é que os eventos são futuros ou passados para Deus?
Sendo infinito o conhecimento de Deus, segue-se, Io. que todos os eventos estão
sempre igualmente presentes ao Seu conhecimento, e desde toda a eternidade
para toda a eternidade; mas, 2o. esses eventos Lhe são conhecidos como
realmente sucedem, e.g., em Sua natureza e em Suas relações e
sucessões verdadeiras. É, pois, real e verdadeira esta distinção - o conhecimento
que Deus tem dos eventos é sem princípio, fim ou sucessão; não obstante, Ele os
conhece assim como são em si, sucedendo-se no tempo como passados,
presentes ou futuros, em sua relação entre si.
■ A IMUTABILIDADE DE DEUS
32. Que é que se entende por imutabilidade de Deus?
33. Como se prova pelas Escrituras e pela razão que Deus é imutável?
2o. Pela razão: (1) Deus é auto-existente. Como não é causado por nada e é a
causa de tudo, não pode ser mudado por nada, porém muda tudo. (2) E o Ser
absoluto. Nem a Sua existência, nem o modo dela, nem a Sua vontade,
são determinados por nenhuma relação necessária que eles sustenham com coisa
alguma fora dEle. Assim como Ele precedeu tudo e causou tudo, assim também
a Sua vontade soberana determinou livremente as relações que Ele permite que
essas coisas tenham com Ele. (3) E infinito em duração, e por isso não pode
sofrer variação ou mudança. (4) E infinito em todas as Suas perfeições, em
conhecimento, sabedoria, retidão, benevolência, vontade, poder, e por isso não
pode mudar, porque ao infinito nada se pode acrescentar e dele nada se pode
tirar. Qualquer mudança O tornaria ou menos do que infinito antes, ou menos do
que infinito depois.
2o. Quanto à encarnação. O Filho divino assumiu, numa união pessoal conSigo,
uma natureza humana criada. Sua essência incriada não sofreu mudança alguma.
Sua Pessoa eterna não mudou, mas só entrou numa nova relação. A mudança
efetuada por esse evento estupendo ocorreu somente na natureza criada do
homem Jesus Cristo. '
1
Não se refere à fé da igreja católica romana. . . rom1..-!
2
Acrescentado pela “Sagrada Congregação do Concilio”, 2 de janeiro de 1887.
3
Isto parece um tanto equívoco. Os teólogos luteranos, assim como os das demais denominações protestantes, dizem que a base
fundamental (the ultimate basic) de sua teologia é a Bíblia, e não a Confissão de Augsburgo.
4
1
VejaHerzog’s Real- Encyclopedia, Bomberger’s Translation. Artigo,Helvetic ('onfessions.
5
5
Aparecerá traduzida no apêndice.
6
Neologismo usado por Odayr Olivetti para fins exclusivamente técnico--teológicos.
7
Deus dura para sempre e está presente em toda parte, e, existindo sempre e em todo lugar, constitui a
duração e o espaço. Em latim no original. Nota de Odayr Olivetti.
A INTELIGÊNCIA INFINITA DE DEUS
(4) É perfeito e essencial, não relativo, isto é, Ele conhece todas as coisas
diretamente, em suas essências ocultas, enquanto nós as conhecemos só por suas
propriedades e em suas relações com os nossos sentidos.
Io. Deus mesmo, em Seu próprio ser infinito. E evidente que este, transcendendo
a soma de todos os demais objetos, é o único objeto adequado de um
conhecimento realmente infinito.
existido, quer não existam e nunca venham a existir, vistos à luz da Sua própria
razão infinita.
3o. Todas as coisas reais que já existiram, existem agora, ou virão a existir, Ele
compreende num só ato eterno e simul-tânaeo de conhecimento, como
atualidades sempre presentes a Ele, e conhecidos como tais à luz de Seu próprio
propósito soberano e eterno.
Para nós os homens os eventos contingentes o são por dois motivos: Io. Suas
causas imediatas podem ser para nós indeterminadas, como no caso do
lançamento de dados; 2o. Suas causas imediatas podem consistir na volição de
um agente livre. Mas, para Deus, os eventos da primeira destas duas classes
Io. Porque as Escrituras o afirmam -1 Sam. 23:11,12; Atos 2:23; 15:18; Is.
46:9,10. • ’ ^
3o. Deus é infinito em todas as Suas perfeições; por isso o Seu conhecimento
deve ser (1) perfeito, e pode compreender todas as coisas futuras como também
passadas; (2) independente das criaturas. Ele conhece todas as coisas em si
mesmas à Sua própria luz, e de maneira nenhuma depende da vontade
de qualquer criatura tornar o conhecimento de Deus mais certo ou mais
completo.
Io. Que Deus preconhece com certeza todos os eventos futuros, e que o homem é
livre, são dois fatos estabelecidos inabalavelmente sobre provas independentes.
E necessário, pois, que os aceitemos como verdades, tanto um como o
outro, quer nos seja possível conciliá-los, quer não.
.43. Por quem foi introduzida essa distinção, e com que fim?
Pelo jesuíta Luiz Molina, que nasceu em 1535 e faleceu em 1601, e foi professor
de teologia na Universidade de Évora, Portugal, em sua obra intituladaLifcm
arbitrii cum gratice donis, divinaprescientia, prcedes tinatione et reprobatione
concordia 1 Foi excogitada com o fim de explicar como Deus podia pre-
conhecer com certeza o que as Suas criaturas livres fariam na ausência de
qualquer preordenação soberana da parte dEle, determinando as suas ações;
fazendo assim a preordenação divina dos homens para a felicidade ou para a
infelicidade depender da presciência divina da fé e da obediência dos homens, e
negando que a presciência de Deus dependa da Sua preordenação soberana.
1 Sam. 23:9-12; Mat. 11:22,23. (2) Que essa distinção é obviamente necessária
para tornar o modo da presciência de Deus conciliável com a liberdade do
homem.
3o. Se Deus preconhece com certeza qualquer evento futuro, então é com certeza
futuro, e Ele o preconheceu como futuro com certeza, ou porque já era certo
anteriormente, ou porque a Sua presciência o tornou certo. Se a Sua
presciência o tornou certo, então a presciência envolve a preordenação. Se já era
certo anteriormente, então gostaríamos de saber o que foi que o podia tornar
certo, se não foi o decreto de Deus determinando uma de três coisas. (1) Será
que Deus mesmo causaria o evento imediatamente? (2) Será que o causaria
por meio de alguma segunda causa necessária? (3) Será que algum agente livre o
causaria livremente? Só temos a escolha entre a preordenação de Deus e uma
fatalidade cega.
atos de Suas criaturas fora dEle. Isso é, ao mesmo tempo, absurdo e ímpio,
porque Deus é infinito, eterno e absoluto.
5o. As Escrituras ensinam que Deus não só preconhece, mas também preordena
os atos livres dos homens. Is. 10:5-15; Atos 2:23; 4:27,28.
ordinata de Deus? . , ,
Quanto à nossa eficiência causai, estamos cônscios: Io. De que é muito limitada.
Temos poder direto só sobre o curso de nossos pensamentos e a contração de uns
poucos músculos. 2o. De que dependemos do uso de meios para produzirmos
os efeitos desejados. 3o. De que dependemos de circunstâncias exteriores que
nos limitam sempre e sempre nos impõem restrições.
O poder inerente na vontade divina, porém, pode produzir quaisquer efeitos que
Ele deseje imediatamente, e quando condescende em empregar meios, dá-lhes
livremente a eficácia que nesse caso demonstram possuir. Todas as
circunstâncias exteriores, sejam quais forem, são criação dEle, e dependem da
Sua vontade, e por isso não podem limitá-10 de nenhum modo. Deus não é
limitado de nenhum modo que seja no exercício do Seu poder. Ele não pode
cometer pecado, nem produzir contradições, porque o Seu poder é a eficiência
causai de uma essência infinitamente racional e reta. Por isso o Seu poder só é
limitado por Suas próprias perfeições.
Objeta-se que, se o nosso poder fosse igual aos nossos desígnios, e se cada
voliçâo tivesse como resultado imediato a obra desejada, não estaríamos
cônscios de nenhuma diferença entre o poder e a vontade. Admitimos que é um
defeito no homem quando seu poder não está comensurado à sua vontade, e que
este nunca é o caso com Deus. Por outro lado, porém, quando um homem está
cônscio de possuir forças que podia empregar, mas não quer empregar, está
cônscio de que isto é uma excelência, e de que a sua natureza está mais perfeita
por possuir essa reserva de forças, do que estaria se não a possuísse. Dizer-se,
pois, que o poder não se estende além da Sua vontade de exercê-lo, que não há
em Deus nada que não exerça, é o mesmo que dizer que Ele não é maior do que
a Sua criação. Os atos de um grande homem nos impressionam, principalmente
quando olhados como os indícios de forças muito maiores que ele guarda, em
reserva. Assim é com Deus também.
Io. As Escrituras o afirmam-Jer. 32:17; Mat. 19:26; Luc. 1:37; Apoc. 19:6.
2o. Esta verdade está envolvida na própria idéia de Deus, como um Ser infinito.
3o. Embora tenhamos visto apenas parte dos Seus caminhos (Jó 26:14), a nossa
experiência estendendo-se, cada vez mais, nos está revelando, constantemente,
provas novas e mais estupendas do Seu poder, que indicam sempre uma
reserva inexaurível.
A VONTADE DE DEUS
sábia, poderosa e reta de Deus exercendo o Seu querer. Em nossa concepção dela
é aquele atributo da Deidade ao qual referimos os Seus propósitos e decretos,
como seu princípio.
52. Em que sentido se diz que a vontade de Deus é livre, e em que sentido se
diz que é necessária?
Nisso não há nada que seja inconciliável. Aquilo que Ele quer como nosso dever
pode ser bem diverso daquilo que Ele quer como Seu propósito. Aquilo que Ele
permite pode estar bem longe de ser aprovado por Ele, e pode muito bem
ser pecado se o fizermos.
54. Que se entende pela distinção entre a vontade secreta e a vontade revelada
de Deus?
diversa do que dizer que a fé que Paulo tinha foi a condição do propósito eterno
de Deus de salvá-lo; porque o mesmo propósito determinou tanto a fé, a
condição, como a salvação, a sua conseqüência. Veja algo mais no Cap. 10,
sobre os decretos.
58. Em que sentido se pode dizer que a vontade de Deus é a regra de retidão?
Por outro lado, porém, a vontade revelada de Deus é para nós a regra absoluta e
principal da retidão, tanto quando nos manda fazer o que em si mesmo é
indiferente, e assim o torna reto, como quando nos manda fazer o que em si
mesmo e essencialmente é reto, porque é reto.
:■■ ' M: O
A JUSTIÇA ABSOLUTA DE DEUS ^
A verdade é que a própria retidão eterna e essencial de Deus determina que Ele
imutavelmente castigue todo pecado com uma pena proporcional.
Io. Porque estão envolvidos na consciência do seu próprio demérito que tem todo
pecador despertado - “...fiz o que a teus olhos parece mal, para que sejas
justificado quando falares, e puro quando julgares” (Sal. 51: 4.) No seu grau
superior, este sentimento vem a ser o remorso, e este só pode ser apaziguado por
uma expiação. Por isso é que muitos assassinos não tiveram paz enquanto não se
entregaram às autoridades, sentindo então alívio imediato. E milhões de almas
têm achado paz na aplicação do sangue de Cristo a suas consciências
perturbadas.
3o. Esse princípio é testemunhado por todos os ritos sacrificiais comuns a todas
as religiões antigas, pelas penitências que, numa ou noutra forma, são quase
universais ainda nos tempos modernos, por todas as leis penais, e
pelos sinônimos das palavras culpa, castigo, justiça, etc., comuns a todos os
idiomas.
pelo bem da sociedade será um crime, um grave erro, a não ser que essa
execução seja justificada pelo demérito do homem. Nesse caso seu demérito será
visto por toda a sociedade como o motivo real da sua execução.
2o. As Escrituras declaram que não é possível afrouxar a lei, que é necessário
que se cumpra - João 7:23; 10:35; Luc. 24:44; Mat. 5:25,26.
3o. As Escrituras declaram que Cristo veio cumprir a lei, e não afrouxá-la - Mat.
5:17,18; Rom. 3:31; 10;4.
65. Como se pode provar a mesma verdade pelo amor que Deus tem à
santidade e pelo ódio que tem ao pecado?
Nas Escrituras o amor que Deus tem à santidade e o ódio que tem ao pecado são
representados como essenciais e intrínsecos nEle. Ele ama a santidade por amor
dela própria, e odeia o pecado e tem a determinação de castigá-lo por causa do
seu próprio demérito intrínseco. Ele odeia o pecado nos maus todos os dias - Sal.
5:6; 7:11. “A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo...” - Deut.
32:35. Ele retribui a cada um segundo as suas obras - Is. 59:18; 2 Tess. 1:6: “Se
de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam”
- Rom. 1:32: “...conhecendo a justiça de Deus que são dignos de morte os que
tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também consentem aos que
as fazem”- Deut. 7:5,6; 21:22.
66. Como se pode provar esta verdade pelo que as Escrituras ensinam a
respeito da natureza e da necessidade da propiciação de (insto?
Quanto à sua natureza as Escrituras ensinam que Cristo sofreu a pena do pecado
vicariamente como substituto do seu povo eleito, e que assim expiou a sua culpa,
reconciliou-o a Deus e remiu as suas almas dando-Se a Si mesmo como
“A teoria de que a correção é o fim principal do castigo não resiste a exame. (1)
O estado não é instituição benévola (humane). (2) Essa teoria não faz distinção
entre os crimes. Se um assassino parecesse reformado ao fim de uma semana,
ter-se-iam conseguido os fins da sua detenção e ele deveria ser solto; enquanto
que outro ofensor muito menos culpado poderia bem ter que permanecer preso
durante meses e anos antes que se manifestasse nele a inoculação de bons
princípios. (3) Qual a espécie de correção que se deverá desejar conseguir? Seria
uma correção que dê segurança à sociedade da não repetição do crime? Nesse
caso é a sociedade, e não o
dos seus súditos; não castiga segundo uma escala exata de merecimentos,
porque, sem uma revelação divina, não pode saber quais são os merecimentos
dos indivíduos, nem o que é a culpa relativa que os diversos atos provocam
nas diferentes pessoas.” 3
Mas isso pressupõe que Deus está limitado por alguma coisa fora de Si; que não
podia ter assegurado para as Suas criaturas maior felicidade do que a de que
realmente gozam. Pressupõe também que Deus considera a felicidade como
bem superior à excelência moral.
benevolente? -
70. Como se pode provar que Deus é bondoso e está sempre pronto a perdoar
o pecado?
Nem a razão nem a consciência podem ensinar-nos que Deus quer perdoar o
pecado. E evidentemente dever dos homens perdoar-se mutuamente as ofensas
que recebem, mas o perdão do pecado como pecado não é da nossa alçada.
Parece claro que não pode haver princípio moral que obrigue qualquer
governador soberano a perdoar o pecado como transgressão da lei. Tudo quanto
a razão e a consciência nos asseguram a esse respeito é que não pode haver
perdão do pecado sem uma propiciação. A afeição bondosa que levasse um
governador a preparar uma propiciação seria, de sua natureza essencial,
perfeitamente livre e soberana, e só poderia ser conhecida à medida que fosse
bondosamente revelada. Por isso o evangelho é boas novas, confirmadas por
sinais e maravilhas - Êx. 34:6,7; Ef. 1:7-9.
Ia. Alguns argumentam que a ação livre é essencial a um sistema moral, e que a
independência absoluta da vontade é essencial à ação livre; que, como objeto do
poder, dirigir a vontade de agentes livres não é superior a operar contradições; e
que por isso Deus, embora onipotente, não poderia impedir que o pecado
entrasse num sistema moral, sem que violasse a natureza desse sistema.
2a. Outros argumentam que Deus, em sua sabedoria infinita, permitiu que o
pecado entrasse por ser isso um meio necessário para promover a maior soma
possível de felicidade no universo como um todo.
Io. Que a primeira tem por base uma falsa idéia das
2o. Quanto à segunda teoria acima, devemos estar sempre lembrados de que a
glória de Deus, e não o bem supremo do universo, é o fim supremo de Deus na
criação e na providência.
3o. A permissão do pecado, em sua relação tanto com a religião como com a
bondade de Deus, é um mistério inson-dável, e todas as tentativas de solvê-lo só
servem para misturar palavras com discursos de ignorantes (Jó 38:2). E um
dos privilégios da nossa fé, porém, sabermos que, embora a nossa filosofia não o
possa compreender, é uma permissão muito sábia, reta e misericordiosa; e que
redundará na glória de Deus e no bem dos Seus escolhidos.
A verdade de Deus, no seu sentido mais lato, é uma perfeição que qualifica todos
os seus atributos morais e intelectuais. Seu conhecimento é infinitamente
verdadeiro em relação aos seus objetos, e Sua sabedoria não está sob a influência
nem de preconceitos nem da paixão. Sua justiça e Sua bondade, em todas as suas
operações, estão em harmonia com a norma perfeita da Sua natureza. Em todas
as manifestações que Deus faz das Suas perfeições a Suas criaturas, Ele sempre
age de conformidade com a Sua verdadeira natureza, é sempre perfeitamente
conseqüente. Em seu sentido mais especial, esse atributo de verdade qualifica
todas as relações que Deus tem com Suas criaturas racionais. E verdadeiro, fiel,
tanto para conosco quanto para conSigo; e assim está posto um fundamento
seguro para toda a fé e todo o conhecimento. E o fundamento, a base, de toda a
confiança que temos, Io. em nossos sentidos; 2o. em nossa
inteligência (•intellect) e em nossa consciência; 3o. em qualquer
revelação sobrenatural devidamente autenticada.
As duas formas em que essa perfeição se manifesta em relação a nós são: Ia. a
verdade inteira que Ele mantém em todas as Suas comunicações; 2a. sua perfeita
sinceridade ao fazer todas as Suas promessas e Sua fidelidade em cumpri-las.
74. Como se pode conciliar a verdade de Deus com o aparente
Veja acima (Perg. 53), a distinção entre a vontade pre-ceptiva de Deus e a Sua
vontade decretatória. Seus convites e exortações Ele dirige de boa fé a todos os
homens: Io. porque é dever de todo homem arrepender-se e crer, e a
vontade preceptiva de Deus é que todos o façam; 2o. porque não há coisa alguma
que impeça o pecador de o fazer, senão a sua própria falta de vontade; 3o. em
todos os casos em que alguém cumprir a condição, Deus cumprirá também a Sua
promessa; 4o. Deus nunca prometeu habilitar todos a crerem; 5o. esses convites e
exortações não são dirigidos aos réprobos como tais, e sim a todos os pecadores
como tais, com o fim declarado de salvar desse modo os eleitos. ..
2o. Estas foram por Ele criadas do nada, e são agora mantidas em existência por
Seu poder, para a Sua própria
3o. Os benefícios infinitos que Ele nos concede, e a nossa dependência dEle,
bem como a nossa bem-aventurança nEle, são motivos para que nós não só
reconheçamos essa verdade gloriosa, como também nos regozijemos nela. O
Senhor reina; regozije-se a terra!
Mas Deus, considerado em sentido concreto como soberano infinito, não está
limitado por coisa alguma fora dEle próprio. “Todos os moradores da terra são
por ele reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o exército
do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe
dizer: que fazes?” (Dan. 4:35).
A palavra santidade, aplicada a Deus nas Escrituras, representa, Io. pureza moral
- Lev. 11:44; Sal. 145:17; 2o. majestade transcendentemente augusta e venerável
- Is. 6.3; Sal. 22:3; Apoc. 4:8.
1
Harmonia do livre-arbítrio com o dom da graça, a presciência divina, a predestinação e a reprovação. Em
latim no original. Nota de Odayr Olivetti.
2
Veja Charles Hodge, Systematic Theology, Cap. 5, § 9s.,pág. 405. Notado tradutor.
3
Esta citação é apresentada de forma resumida.
A Santíssima Trindade
ji. .•
2o. Em sentido literal, significando natureza essencial -Heb. 1:3. Veja Com.
onHeb., de Sampson.
para atuarem uns sobre os outros, isto é, para interagirem, como, e.g., para o Pai
enviar o Filho, e para o Pai e o Filho enviarem o Espírito Santo, e para o uso dos
pronomes pessoais Eu, Tu, Ele, na revelação que qualquer das Pessoas faz de Si
e das outras.
8. Que outros termos têm sido empregados pelos teólogos como equivalentes
de Pessoa, nesta conexão?
10. O partido ortodoxo, que mantinha a opinião, agora sustentada por todas as
igrejas cristãs, de que o Senhor Jesus, quanto à Sua natureza divina, é da mesma
substância, idêntica, ao do Pai. Esses insistiram em que se Lhe aplicasse o termo
específico “homoousios”, composto de (homos) - o mesmo, e (ousia) -
substância, para ensinar a grande verdade de que as três Pessoas da Deidade são
um só Deus, por serem
3o. O partido médio, chamado semiarianos, que mantinham que o Filho não é
criatura, mas negavam que fosse Deus no mesmo sentido em que é o Pai,
afirmavam que o Pai é o único Deus absoluto e auto-existente; e que, ao
mesmo tempo e desde toda a eternidade, fez proceder de Si, da Sua própria livre
vontade, uma Pessoa divina, com a mesma natureza e as mesmas propriedades
que Ele mesmo possui. Negavam, pois, que o Filho fosse da mesma substância
(homoousios) com o Pai, mas admitiam que é de uma essência realmente
semelhante e derivada do Pai (“homoiousios”, de semelhante, e
“ousia”, substância) um só, genericamente, mas não numericamente.
de que ocasiona (1) o uso dos pronomes pessoais Eu, Tu, Ele, (2) uma
concorrência em conselho e um amor mútuo, e (3) uma ordem distinta de
operação.
5a. Sendo essas Pessoas divinas um só Deus, todos os atributos divinos são
comuns a cada uma dElas no mesmo sentido; não obstante isso, porém, revela-
se-nos nas Escrituras que existe entre Elas uma certa ordem de subsistência
e operação. (1) Dcsubsistência, de modo que o Pai nem é gerado, nem procede,
enquanto o Filho é eternamente gerado pelo Pai, e o Espírito procede
eternamente do Pai e do Filho; (2) De operação, de modo que a primeira Pessoa
envia a segunda, e opera por meio dEla, e a primeira e a segunda enviam
a terceira e operam por meio dEla.
Por isso é que se diz sempre que o Pai é a primeira Pessoa, o Filho a segunda e o
Espírito Santo a terceira.
6a. Apesar do fato de que todos os atributos divinos são igualmente comuns às
três Pessoas, e que todas as operações divinas realizadas ad extra, tais como a
criação, a providência e a redenção, são atribuídas ao único ser divino - ao Deus
único, considerado em sentido absoluto - e também em separado ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo, contudo, as Escrituras atribuem algumas operações divinas
realizadas ad intra
2a. Que Jesus de Nazaré, quanto à Sua natureza divina, era verdadeiramente
Deus e, ao mesmo tempo, Pessoa distinta do
Pai.
5a. Restará reunir tudo o que as Escrituras ensinam a \ respeito das relações
necessárias e eternas que estas três Pessoas 1 divinas mantêm umas com as
outras entre si. Essas relações ! podem ser assim distribuídas: (1) A relação que a
segunda \ Pessoa mantém com a primeira, ou a geração eterna do Filho; :
1. DEUS É UM SÓ E HÁ UM SÓ DEUS
de Cristo? \ - r
A doutrina ortodoxa a respeito da Pessoa de Cristo é que Ele existia desde toda a
eternidade como o Filho coigual ao Pai, constituído da mesma essência infinita e
autoexistente que caracteriza o Pai e o Espírito Santo.
12. Até onde esperavam os judeus do tempo de Cristo que o Messias viesse
como Pessoa divina?
É certo que, quando Cristo apareceu, a grande multidão do povo judaico já não
conservava mais a expectação escritu-rística de um Salvador divino, e desejava
que só viesse um príncipe temporal, que fosse, num sentido proeminente,
o predileto do céu. Diz-se, porém, que em alguns dos escritos rabínicos acham-
se espalhados alguns indícios de que alguns dos judeus mais ilustrados e
espirituais mantinham-se ainda fiéis à fé antiga.
Io. Pelas passagens que afirmam que Ele foi o Criador do mundo - João 1:3; Col.
1:15-18.
2o. Pelas passagens que declaram expressamente que Ele estava com o Pai antes
de haver mundo; que era rico e possuía glória-João 1:1,15,30; 6:62; 8:58; 2 Cor.
8:9.
3o. Pelas passagens que declaram que “veio ao mundo”, “desceu do céu”-João
3:13,31; 13:3; 16:28; 1 Cor. 15:47.
14. Como se pode provar que o SENHOR (Jeová; Yavé), que Se manifestou como
o Deus dos judeus (o Deus da Aliança) sob a antiga economia, era a segunda
Pessoa da Trindade, que Se encarnou em Jesus de Nazaré?
Este fato não é afirmado expressamente nas Escrituras, mas pode ser
comprovado pela comparação de muitas passagens. Veja:
2o. Mas ninguém jamais viu a Deus Pai (João 1:18; 6:46); nem podia essa Pessoa
ser um anjo, ou outro enviado semelhante; todavia Deus o Filho foi visto (1 João
1:1,2) e enviado (João 5:36). .
Modernamente descobriu-se que o nome “Jeová” é resultado da leitura do nome por excelência de Deus (o tetragrama inefável,
impronunciável) com os sinais vocálicos doutra palavra. Os judeus, por respeito, não pronunciavam o Nome; em seu lugar liam Adonai
(Senhor) ou Elohim (Deus). E os massoretas, especialistas judeus que criaram o fabuloso sistema de sinais vocálicos e outros sinais,
porque o hebraico escrito só constava de consoantes, seguiram aquela tradição e ao Nome juntaram os sinais vocálicos de Adonai ou
de Elohim. Assim é que “Jeová” é nome inexistente no hebraico. Numa tentativa de aproximação, tem sido comum o emprego de Yavé
ou Iavé. Na seqüência, manteremos a forma “Jeová”, utilizada na edição original desta obra. Nota de Odayr Olivetti.
3o. Jeová, que era ao mesmo tempo o anjo ou o enviado da economia antiga, foi
também exposto pelos profetas como o Salvador de Israel e o Autor da nova
dispensação. Em Zac. 2:11,12 vemos que um Jeová é enviado de outro. Veja
Miq. 5:2. Em Mal. 3:1 declara-se que “o SENHOR”, “o Anjo da aliança”, virá
ao Seu próprio templo; e isto é aplicado a Jesus em Mar. 1:2. Comparem Sal.
97:7 com Heb. 1:6 e Is. 6:1-5 com João 12:41.
O referido salmo declara que Ele é o Filho de Deus e que como tal Lhe será dado
o domínio do mundo inteiro e dos seus habitantes. E exorta a todos a se
submeterem a Ele e a confiar nEle, sob pena de incorrerem em Sua ira. Em
Atos 13:33, Paulo declara que este salmo refere-se a Cristo.
Os judeus antigos entenderam que este salmo foi dirigido ao Messias, e este fato
é estabelecido em Heb. 1:8,9, Nele, portanto, Jesus é chamado Deus, e Seu trono
um trono eterno.
18. Que provas temos no Salmo 110? ■ -.
Que este salmo se refere ao Messias fica provado por Cristo (Mat. 22:43,44), e
pelo autor da Epístola aos Hebreus (Heb. 5:6; 7:17). Nele o Messias é chamado
Senhor (Adonai) de Davi, e é convidado a assentar-Se à mão direita de Jeová, até
que todos os Seus inimigos se tenham tornado escabelo de Seus pés.
E evidente que esta passagem se refere ao Messias, o que é confirmado por Mat.
4:14-16. Declara explicitamente que o menino nascido é também “Deus forte,
Pai do futuro século (Figueiredo; literalmente, Pai da eternidade, ou Pai
eterno), Príncipe da paz”.
É óbvio que esta passagem se refere ao Messias, o que é confirmado por Mar.
1:2.
22. Que provas temos na maneira pela qual os escritores do Novo Testamento
aplicam a Cristo as Escrituras do Velho Testamento?
23. Qual o caráter geral do testemunho dado a respeito deste ponto pelo Novo
Teestamento?
João 1:1; 20:28; Atos 20:28; Rom. 9:5; 2 Tess. 1:12; 1 Tim.
2:23. .
27. Provas de que o Novo Testamento ensina que se deve prestar culto
supremo a Cristo:
Mat. 28:19; João 5:22,23; 14:1; Atos 7:59,60; 1 Cor. 1:2; 2 Cor. 13:14; Fil.
2:9,10; Heb. 1:6; Apoc. 1:5,6; 5:11,14; 7:10.
28. Provas de que o Filho, sendo Deus como é, éPessoa distinta do Pai.
Este fato é ensinado tão claramente nas Escrituras, e se acha implícito tão
universalmente, que o sistema sabeliano, que o nega, nunca conseguiu muita
aceitação.
Cristo foi enviado pelo Pai, veio dEle, voltou para Ele, recebeu mandamentos
dEle, fez a Sua vontade, ama-O, é dEle amado, dirigiu-Se a Ele em oração,
empregou os pronomes Tu e Ele quando falava a Ele ou a respeito dEle. Isso
também os títulos relativos, Pai e Filho, implicam necessariamente. Veja o Novo
Testamento todo.
A deidade do Espírito Santo é revelada tão claramente nas Escrituras que poucos
se têm atrevido a pô-la em questão. As antigas controvérsias dos ortodoxos com
os arianos, antes e depois do concilio niceno, 325 d.C., a respeito da deidade
do Filho, ocuparam de tal modo os ânimos dos dois partidos que se prestou
pouca atenção naquele tempo às questões relacionadas com o Espírito Santo.
Diz-se, porém, que Ario ensinava que, assim como o Filho é a primeira e a maior
criatura do Pai, assim também o Espírito Santo é a primeira e a maior criatura do
Filho. Veja Neander, Church Hist., vol. 1, págs. 416-420.
das à referência simples que o credo antigo fazia ao Espírito Santo. Veja o Credo
do Concilio de Constantinopla, Cap.7.
30. Por quem o Espírito Santo foi considerado só como uma energia de Deus?
32. Como se pode provar Sua personalidade pelos ofícios que as Escrituras
dizem que Ele desempenha ?
Espírito Santo em aplicar a salvação que foi a obra realizada pelo Filho e com a
qual Ele visava alcançar-nos. Ele inspirou os profetas e os apóstolos; ensina e
santifica a Igreja; escolhe os oficiais da Igreja, preparando-os pela comunicação
de dons especiais segundo a Sua boa vontade. É o advogado, e todo cristão é Seu
cliente. Traz-nos todas as graças do Cristo assunto ao céu e as torna eficazes em
nossas pessoas em cada momento da nossa vida. E óbvio que a Sua distinção
pessoal acha-se envolvida na própria natureza dessas funções que
Ele desempenha - Luc. 12:12; Atos 5:32; 15:28; 16:6; 28:25; Rom. 15:16; 1 Cor.
2:13; Heb. 2:4; 3:7; 2 Ped. 1:21. ■ -
34. Como se pode provar Sua personalidade pelo que se diz do pecado contra
o Espírito Santo?
EmMat. 12:31,32; Mar. 3:28,29; eLuc. 12:10, esse pecado é chamado “blasfêmia
contra o Espírito Santo”. Ora, blasfêmia é pecado cometido contra uma pessoa, e
nessas passagens distingue-se essa blasfêmia do mesmo pecado cometido contra
as outras Pessoas da Trindade.
36. Como se prova que os nomes de Deus são aplicados ao Espírito Santo?
Comparando-se, por exemplo, Êx. 17:7 e Sal. 95:7 com Heb. 3:7-11. Veja Atos
5:3,4.
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39. Como fica estabelecida a Sua deidade suprema pelo que as Escrituras
dizem da Sua ação na obra de redenção?
Dizem as Escrituras que Ele é o agente imediato da regeneração: João 3:6; Tito
3:5; e da ressurreição de nossos corpos: Rom. 8:11. Sua ação na geração da
natureza humana de Cristo, na ressurreição dEle e na inspiração das
Escrituras foram manifestações do Seu poder divino em preparar a redenção que
agora Ele aplica.
40. Como conciliar com Sua deidade expressões como “ele não
falará de si mesmo”? • ■ •
NUMA SÓ DEIDADE Í « :
Limito-me a dizer:
Io. Que a cláusula em disputa é como se segue: “no céu: o Pai, a Palavra, e o
Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra”.
3o. A doutrina ensinada nessa passagem é tão bíblica, e é tão íntima a conexão
gramatical e lógica da cláusula com o contexto, que, para edificação, e no estado
atual do nosso conhecimento, devemos retê-la, mas não devemos citá-la
para estabelecer doutrina.
4o. A rejeição dessa passagem de modo algum diminui a força irresistível das
provas fornecidas pelas Escrituras a favor da doutrina ortodoxa sobre a Trindade.
46. Que passagens do Velho Testamento implicam existir mais de uma Pessoa
na Deidade?
Note-se o uso do plural nas passagens seguintes: Gên. 1:26; 3:22; 11:7; Is. 6:8.
Confira-se a tripla repetição do nome de Jeová em Núm. 6:24-26 com a bênção
apostólica em 2 Cor. 13:13. Note-se também em Is. 6:3 a tripla repetição
da atribuição de santidade.
47. Que passagens do Velho Testamento falam do Filho como Pessoa distinta
do Pai e, ao mesmo tempo, como Deus?
Nas profecias fala-se do Filho sempre como uma Pessoa distinta do Pai e, ao
mesmo tempo, Ele é chamado “Deus Forte”, etc. - Is. 9:6; Jer. 23:6.
48. Que passagens do Velho Testamento falam do Espírito Santo como Pessoa
distinta do Pai e, ao mesmo tempo, como Deus?
Io. Alguns socinianos dizem que o nome Filho de Deus é aplicado a Cristo
somente como um título oficial, do mesmo modo como é aplicado no plural a
reis e magistrados.
2o. Outros socinianos dizem que Cristo foi chamado Filho de Deus somente
porque Deus O fez nascer de modo sobrenatural, e não por geração natural. Em
apoio disso eles citam Lucas 1:35.
1:35, de que Jesus foi chamado Filho de Deus somente por causa do Seu
nascimento miraculoso? * ' '
“Filho de Deus” é aplicado tantas vezes a Cristo, Ele deveria ser chamado “Filho
do Espírito”, pois foi o Espírito Santo que desceu sobre a virgem. Mas nunca é
chamado assim, nem há indício algum nas Escrituras de tal relação.
2o. Mesmo que esse tenha sido um dos motivos pelos quais Cristo é chamado
Filho de Deus, não se segue que não haja outros e mais poderosos motivos
revelados nas Escrituras para se Lhe dar esse nome. Provaremos abaixo que há.
3°. E provável que o verdadeiro motivo pelo qual o anjo disse à virgem o que
consta dessa passagem era fazer-lhe saber que, em conseqüência da geração
sobrenatural de seu filho, o menino que havia de nascer dela seria chamado o
“Filho de Deus”. Não seria um menino comum: o que havia de nascer deveria
ser considerado como relacionado de um modo peculiar com Deus, até que se
fizesse a completa revelação da Sua filiação eterna como Pessoa divina.
53. Quais os motivos alegados pelos arianos para a aplicação desse título a
Cristo?
Os arianos dizem que é chamado assim porque Deus O criou mais à Sua
semelhança do que à de qualquer outra criatura, e antes de qualquer outra
criatura.
2 ■■ ' ÍS í j" j R > L í.i Hi. ‘ - ’
54. Qual o motivo alegado por alguns trinitarianos, que quanto a este ponto
afastam-se da fé ortodoxa, para a aplicação desse título a Cristo, e em que
passagens se apoiam?
Eles afirmam que o título “Filho de Deus” não pertence a Cristo como o Logos, a
eterna segunda Pessoa da Trindade, e sim como o Theantropos (o Deus-homem).
Objetam contra a doutrina ortodoxa da filiação eterna de Cristo, alegando:
2o. Que a expressão “Filho de Deus” Lhe é aplicada em muitas passagens como
um sinônimo de “Cristo” e de outros títulos oficiais, pertencendo a Seu ofício
mediatorial e não às
Suas relações eternas dentro da Deidade. Suas referências bíblicas são Mat.
16:16; João 1:49, etc.
3o. Que no Sal. 2:7 é declarado expressamente que Cristo foi constituído “Filho
de Deus” no tempo, contrariamente à sua coexistência como tal desde a
eternidade com o Pai por necessidade da Sua natureza.
4o. Tiram o mesmo argumento de Rom. 1:4.
55. Demonstre que não tem fundamento a objeção feita contra a doutrina
ortodoxa pela representação da segunda Pessoa como inferior à primeira.
2o. O Pai gera ao Filho por um eterno e necessário ato constitucional (não
voluntário). Assim, o Filho de modo algum depende do Pai ou Lhe é inferior, e é
isso que distingue esta doutrina do ensino da Igreja dos semi-arianos. Veja
abaixo, perg. 97. .... • . . . . , , .
como o Cristo, isto é,como o Mediador, mas que, sendo o Filho eterno de Deus, é
o Cristo, o Rei de Israel, etc.
' -i */
57.Prove que nem o Salmo 2 nem Romanos 1:4ensinam que Cristo foi feito filho
de Deus.
Quanto ao Salmo 2:7, o Dr. Alexander (veja Com. on Psalms), afirma que
significa simplesmente: “Tu és meu Filho, sou hoje, agora, sempre, eternamente
Teu Pai. Mesmo que relacionemos “hoje” com o princípio da relação filial,
a primeira cláusula do versículo, por sua forma de reminiscência ou de narração,
lança isso para um passado indeterminado. “O Senhor me disse”, mas quando?
Se entendermos que o disse desde a eternidade, deverá ver-se que a forma da
expressão seria perfeitamente análoga às outras formas figuradas por cujo meio
as Escrituras representam verdades realmente inefáveis na linguagem humana”.
É muito evidente que Cristo chama-Se a Si mesmo Filho de Deus e que foi
reconhecido como tal por Seus discípulos
antes da ressurreição, e por isso esta O podia revelar ou manifestar como sendo o
Filho de Deus, mas não O podia constituir em Filho de Deus.
58. Demonstre que Atos 13:32,33 não prova que Jesus foi feito Filho de Deus.
Dessa passagem tira-se o argumento segundo o qual Jesus, por Sua ressurreição,
foi constituído em Filho de Deus como o primeiro passo na Sua exaltação
oficial. Isso não pode ser:
2o. Porque a palavra anastesis, tendo suscitado (tendo dado surgimento), não
ressuscitado (a Jesus), refere-se à suscitação de Jesus no Seu nascimento, e não à
Sua ressurreição dentre os mortos. Quando a palavra é empregada para designar
a ressurreição de Jesus, é quase sempre acompanhada da frase dentre os mortos,
como no versículo 34. O versículo 32 declara que foi cumprida a promessa a que
se faz referência no versículo 23. Veja Alexander, Com. onActs.
59. Qual a resposta ortodoxa à pergunta: por que Cristo é chamado “Filho de
Deus”?
A doutrina ortodoxa é que Cristo é chamado “Filho de Deus” nas Escrituras para
indicar a Sua eterna e necessária relação pessoal como a segunda Pessoa da
Deidade com a primeira Pessoa, que é chamada Pai para indicar a
relação recíproca.
Credo Niceno: “Filho de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os séculos;
Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus; gerado, não
feito, sendo de uma só substância com o Pai”. ;
Os teólogos que insistem nessa definição crêem que a idéia de derivação está
necessariamente implicada na de geração; que ela é indicada pelos termos
recíprocos Pai e Filho, e por todas as representações dadas nas Escrituras quanto
à relação e ordem das Pessoas da Deidade, sendo sempre o termo Pai empregado
para representar a Deidade absolutamente considerada; e julgam que essa teoria
é necessária para manter a unidade essencial das três Pessoas. Os teólogos
antigos chamavam por isso ao Pai pegetheotetos, “fonte da Deidade”, aitia
huion, “princípio” ou “causa” do Filho, e ao Filho e ao Espírito Santo
chamavamaitiatoi, “causados” (os que dependem de outrem como seu princípio
ou sua causa). . ; -
Io. Que a inteira essência divina, sem divisão ou mudança, e por isso todos os
atributos divinos, lhes era comunicada.
2o. Que essa comunicação era operada por um ato eterno e necessário do Pai, e
não da Sua livre vontade. Em todos os antigos credos essa identidade quanto à
essência, e subordinação quanto ao modo de subsistência e comunicação,
é expressa do modo indicado acima: “Deus de Deus; Luz de Luz”; “do Pai”;
“verdadeiro Deus de verdadeiro Deus”; “gerado, não feito”; “da mesma
substância com o Pai”.
A Palavra, ou o Verbo, com Deus, e que é Deus - João 1:1; A imagem do Deus
invisível - 2 Cor. 4:4; Col. 1:15; A imagem, ou impressão, do Seu ser ou
substância - Heb. 1:3; A forma de Deus - Fil. 2:6; O resplendor da Sua glória -
Heb. 1:3.
3o. Por Sua geração mundanal entendiam Seu nascimento sobrenatural em carne
- Luc. 1:35.
67. Que distinção alguns dos chamados Pais faziam entre “o logos endiathetos”
(ratio insita, a razão) e o “logosprophorikos”, (ratio prolata, a razão produzida
ou expressa)?
68. Se Deus é “ens a se ipso”, auto-existente, como pode o Filho ser Deus, se
Ele é Theos ek Theou, Deus de Deus?
É evidente que nestas duas passagens o termo Filho é empregado para designar a
natureza divina da segunda Pessoa da Trindade em Sua relação à primeira. O
Filho, como Filho, ‘ conhece o Pai e é conhecido do Pai, como Pai. É infinito
em conhecimento, e por isso conhece o Pai. É infinito em Seu Ser, ' e por isso
não pode ser conhecido por ninguém, senão pelo i Pai.
71 .Exponha o argumento de João 1:1-14.
Nesta passagem o Verbo eterno, que era Deus, descobriu-Se como tal a Seus
discípulos pela manifestação da Sua própria glória divina, “glória como do
(Filho) unigênito do Pai”. Por conseguinte, era o Filho “unigênito” como Deus, e
não como o Mediador nem como homem.
72. Exponha o argumento que se extrai da aplicação feita nas Escrituras dos
termos monogenes (unigênito) e idios (próprio) à filiação de Cristo.
Embora muitas criaturas de Deus sejam chamadas Seus filhos, a frase “Filho de
Deus”, no singular, e quando limitada pelos termos “próprio” e “unigênito”, é
aplicada unicamente a Cristo.
Este é chamado “Filho unigênito de Deus” - João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9.
Em João 5:18 Cristo chama Deus “Seu próprio Pai” (assim no grego). Em
Romanos 8:32 é chamado “Seu próprio Filho”, isto é, o próprio Filho de Deus.
O uso destes termos qualificativos mostra que Cristo é chamado Filho de Deus
num sentido diverso daquele em que outros são chamados assim. Por
conseguinte, é chamado assim como Deus, e não como homem, nem como título
oficial.
empregados para designar duas Pessoas iguais e divinas. Como Filho, Cristo faz
tudo o que faz o Pai, e é objeto de igual honra.
Dizer que o Filho foi enviado ou manifestado implica que já era Filho antes de
ser enviado ou manifestado como tal.
O argumento é duplo: Io. Diz-se que o Filho de Deus foi feito carne; por
conseguinte, preexistia como Filho. 2o. Por Sua ressurreição foi manifestado
com poder que Ele é o Filho de Deus quanto à Sua natureza divina. E evidente
que as frases, segundo a carne, e segundo o espírito de santificação, são
antitéticas, indicando a primeira a Sua natureza humana, e a segunda a Sua
natureza divina.
79. Como se pode conciliar com esta doutrina as passagens que parecem
inferir que o Filho é inferior e sujeito ao Pai?
A alegação é que tais passagens provam que Jesus, como Filho, é inferior e
sujeito ao Pai. '
Respondemos que em João 3:13 se diz que “o Filho do homem” desceu do céu, e
está no céu. Mas, por certo, Jesus, como Filho do homem, não era onipresente.
Em Atos 20:28 se diz que Deus adquiriu a Igreja pelo Seu próprio sangue; mas,
por certo, Cristo, como Deus, não derramou Seu sangue. A explicação é que é de
uso comum nas Escrituras dar à Pessoa única do Deus-homem um título que Lhe
pertence como possuidor de uma natureza, enquanto que aquilo que se afirma a
respeito dEIe só é verdade com respeito à outra natureza. E assim que nas
passagens a que se refere a pergunta acima, Jesus é chamado “Filho de Deus”
porque é o Verbo eterno, enquanto, ao mesmo tempo, nelas parece inferir
que Ele é inferior ao Pai, porque é também homem e Mediador.
80. Qual a etimologia da palavra Espírito, e qual o uso dos seus equivalentes
no hebraico e no grego?
sentido primário é vento, ar em movimento, Gên. 8:1; daí, 2o. sopro, respiração,
Gên. 6:17; Jó 17:1; 3o. alma animal, princípio vital nos homens e nos animais, 1
Sam. 30:12; 4o. alma racional do homem, Gên. 41:8, e daí,
metaforicamente, disposição, índole, Num. 5:14; 5o. Espírito de Jeová, Gên. 1:2;
Sal. 51:11. = >
A palavra grega equivalente, pneuma, também tem o mesmo uso. Vem de pneô,
respirar, soprar. Significa, Io. hálito, Apoc. 11:11; 2o. ar em movimento, vento,
João 3:8; 3o. o princípio vital, Mat. 27:50; 4o. a alma racional, falando-se (1) das
almas de homens falecidos, Heb. 12:23; (2) dos demônios, Mat. 10:1; (3) dos
anjos, Heb. 1:14; (4) do Espírito de Deus, falando-se de Deus: (a) absolutamente,
como um atributo da Sua essência, João 4:24; e (b) como a designação pessoal
da terceira Pessoa da Trindade, que é chamada Espírito de Deus, ou do Senhor, e
Espírito Santo, e o Espírito de Cristo, ou de Jesus, ou do Filho de Deus, Atos
16:6,7; Rom. 8:9; 2 Cor. 3:17; Gál. 4:6; Fil. 1:19; 1 Ped. 1:11.
Esta frase exprime Sua deidade, Sua relação com a Deidade como Deus, 1 Cor.
2:11; Sua íntima relação pessoal com o Pai como Seu espírito consubstacial
procedendo dEle, João 15:26; e o fato de que Ele é o Espírito divino, que,
procedendo do Pai, opera sobre as criaturas, Sal. 104:30; 1 Ped. 4:14.
Veja Rom. 8:9; Gál. 4:6; Fil. 1:19; 1 Ped. 1:11. Sendo
Esta frase manifesta também a relação oficial que o Espírito, em Suas operações
na obra da redenção, mantém com o Deus-homem, no fato de receber do que é
dEle e no-lo anunciar, João 16:14.
85. Que é que se entende pela frase teológica “Processão do Espírito Santo”?
“Io. Quanto à Sua origem; o Filho provém só do Pai, mas o Espírito procede do
Pai e do Filho ao mesmo tempo.
“2o. Quanto ao modo. O Filho provém por geração, que não só efetua
personalidade, mas também semelhança, em virtude da qual o Filho é chamado
imagem do Pai, e em conseqüência da qual recebe a propriedade de comunicar
a mesma essência à outra Pessoa; mas o Espírito, por “spiração” (espiração 1),
que só efetua personalidade, e em conseqüência da qual a Pessoa que procede
não recebe a propriedade de comunicar a outra Pessoa a mesma essência.
inteligência divina e da vontade divina. Dizem que o Filho é gerado per modum
intellectus, e que por isso é chamado Verbo de Deus. O Espírito, per modum
voluntatis, e que por isso é chamado Amor.” 2
que é evidente - (1) Que não envolve nenhuma distinção de tempo, porque todos,
o Pai, o Filho e o Espírito Santo, são igualmente eternos. (2) Não depende de
nenhuma ação voluntária, porque isto tornaria a segunda Pessoa dependente da
primeira, e a terceira da primeira e da segunda, sendo certo que todas são “iguais
em poder e glória”. (3) É uma relação tal que a segunda Pessoa é eternamente o
Filho unigênito da primeira Pessoa, e a terceira é eternamente o Espírito
da primeira e da Segunda Pessoas.
88. Qual a diferença entre as igrejas grega e latina quanto a esta doutrina? -3j<
jCr
89. Como se pode provar, até onde nos é revelado, que o Espírito Santo tem
com o Filho exatamente a mesma relação que tem com o Pai?
93. Que é que se exprime pelo uso dos termos primeira, segunda e terceira, em
referência às Pessoas da Trindade?
Estes termos são aplicados às Pessoas da Trindade, porque- Io. As Escrituras dão
sempre Seus nomes nesta ordem. 2o. As designações pessoais de Pai, Filho e
Espírito do Pai e do Filho, indicam esta ordem de subsistência pessoal. 3o.
Seus respectivos modos de operação estão sempre nesta ordem. O Pai envia o
Filho e opera por meio dEle; e o Pai e o Filho enviam o Espírito e operam por
meio dEle. As Escrituras nunca, nem direta nem indiretamente, indicam
ordem diferente.
Quanto à relação externa da Deidade com a criatura, parece que o Pai nos é
revelado só como o vemos no Filho, que é o Logos eterno ou o Verbo divino, a
imagem expressa da Pessoa do Pai. “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho
unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” - João 1:18. E o Pai e
o Filho operam diretamente sobre a criatura somente mediante o Espírito.
“O Pai é toda a plenitude da Deidade invisível, sem forma, a quem ninguém viu
nem pode ver.”
nenhuma mudança nem na essência divina, nem na relação pessoal do Filho com
o Pai e com o Espírito Santo.
OPINIÕES HERÉTICAS
96. Quais são os três grandes pontos que, juntos, constituem o mistério da
Trindade como Ela nos é revelada nas Escrituras, e cuja inconciliabilidade
aparente ocasiona a grande objeção contra esta doutrina na mente dos hereges
de todas as classes?
Por conseguinte, todas as heresias sobre este ponto tiveram origem numa ou
noutra de três tendências distintas, ou na tentativa de desembaraçar a doutrina de
suas inconciliabili-dades aparentes negando ou abatendo um ou outro de
seus elementos constitutivos. Assim, Io. Uma tendência é cortar o nó da
dificuldade negando a deidade do Senhor Jesus Cristo e a personalidade do
Espírito Santo, tornando assim Deus o Pai na única Pessoa divina e possuidor
exclusivo da única substância divina. 2o. Uma segunda tendência herética é a
de negar a unidade divina e manter a existência de três Deuses, distintos tanto
em essência como em Pessoa. 3o. A terceira
tendência herética é a de levar tão longe a unidade divina que o Pai e o Filho e o
Espírito Santo tornam-Se uma essência idêntica, só se admitindo que são três
diversos nomes, aspectos ou funções da única Pessoa divina.
97. Quais as diversas opiniões mantidas por aqueles que negam a deidade de
Cristo e a deidade ou a personalidade do Espírito Santo?
Ia. A dos antroponianos,5 que afirmam que Cristo era mero homem. Na Igreja
Primitiva eram conhecidos pelos nomes de ebionitas e alogi - negadores do
Logos, enquanto que na Igreja moderna são conhecidos pelo nome de
socinianos. Veja a exposição da história e doutrina dos socinianos acima, Cap.
6, Perg. 11-13. Entre os que afirmam que Jesus era mero homem há diferença de
opinião quanto à Sua concepção, se foi sobrenatural ou não, sobre a questão de
Seus dons sobrenaturais como profeta, e sobre o grau de honra e obediência que
Lhe devemos. Alguns admitem que Ele teve uma comissão sobrenatural e
divina, e qualificações divinas e sobrenaturais superiores às de qualquer outro
profeta. Outros negam inteiramente o elemento sobrenatural, e O têm em conta
de mero homem dotado de um gênio moral e religioso
muito superior. ' •” " ' 5 '■
Toda esta classe sustenta que Deus é uma só Pessoa, como é uma só essência, e a
maior parte toma a expressão Espírito Santo somente como a designação da
energia divina manifestada nas coisas humanas. Alguns dos racionalistas
alemães, que na maior parte concordam com os socinianos, afirmam que a
expressão Espírito Santo assinala a única Pessoa divina operando no mundo da
natureza - criação e providência. Outros sustentam que assinala Deus na Igreja.
5a. A doutrina dos semiarianos. Este partido foi chamado assim por ocupar um
terreno intermédio entre os arianos e os ortodoxos. Sustentavam que o Deus
absoluto e auto-existente é uma só Pessoa, porém que o Filho é pessoa divina, de
uma essência gloriosa e semelhante mas não idêntica à do Pai, e
que foi gerado desde a eternidade pelo Pai no livre exercício da Sua vontade e do
Seu poder, e, por isso, é subordinado ao Pai e dEle dependente. Esta foi a idéia
disseminada primeiro por Orígenes e defendida com muita eloqüência no
Concilio Niceno por Eusébio, bispo de Cesaréia, e por Eusébio, bispo da
Nicomédia.
Sobre isso ver Augustus Hopkins Strong, Systematic Theology, Three Volumes in One,
The Judson Press, 12a. ed., julho de 1949, pág. 342, notas, principalmente a
nota sobre “Edwards, Essay on the Trinity”. Nota de Odayr Olivetti.
Apud H. Bettenson, in Documentos da Igreja Cristã, ASTE, S. Paulo, 1967, pág. 56,
a “cláusula filioque” já fora utilizada no Concilio de Toledo realizado em
477, tornou-se cada vez mais popular no Ocidente, e foi inserida em diversas
versões do credo. Nota de Odayr Olivetti.
99. Qual era a posição daqueles que foram tão longe em sua defesa da
unidade divina, em oposição aos triteístas, que levaram à idéia de que o Pai, e o
Filho e o Espírito Santo são uma só Pessoa como também uma só essência?
Não se pode afirmar que as sutilezas das especulações teológicas sobre este
ponto sejam essenciais à fé, e sim que é essencial à salvação que se creia nas três
Pessoas em um só Deus, nos termos em que são reveladas nas
Escrituras. Considerações: Ia. O único Deus verdadeiro é Aquele que Se nos tem
revelado nas Escrituras; e a própria finalidade do evangelho é levar-nos a
conhecer esse Deus precisamente no aspecto em que Se nos revelou. Qualquer
outra concepção que fizermos de Deus apresentará ao nosso espírito e à
nossa consciência um deus falso. Neste sentido não pode haver
3a. No rito de iniciação na Igreja Cristã somos batizados no nome de cada uma
das três Pessoas da Trindade - Mat. 28:19.
5 a. Como fato histórico, não se pode negar que sempre que em qualquer igreja
foi abandonada ou obscurecida a doutrina da Trindade, sofreram as mesmas
conseqüências todas as demais doutrinas características do evangelho.
Os Decretos de Deus em Geral
Veja Conf de Fé, Cap. 3; Cat. Maior, pág. 12, e Breve Cat., pág. 7.
2o. Ações extrínsecas e transitórias, isto é, ações livres que, procedendo de Deus
e terminando na criatura, dão-se
Todas essas dificuldades têm sua origem nas relações inteiramente inescrutáveis
do eterno com o temporal, do infinito com o finito, da soberania absoluta de
Deus com a livre agência do homem, e do fato indubitável da origem do pecado
com a santidade, a bondade, a sabedoria e o poder de Deus. Não são peculiares a
nenhum sistema de teologia, e se encontram em qualquer sistema que reconheça
a existência e o governo moral de Deus e a ação livre do homem.
Causaram muita perplexidade aos filósofos pagãos da antigüidade, e os deístas
dos tempos modernos, juntamente com os socinianos, com os pelagianos e com
os arminianos, acham-nas tão insolúveis como os calvinistas. ......
Presciência é o ato da inteligência infinita de Deus, pelo qual Ele conhece desde
toda a eternidade, e sem mudança, a futurição certa de todos os eventos, de
qualquer espécie que fossem, e que em qualquer tempo houvessem de acontecer.
Preordenação é um ato da vontade infinitamente inteligente, pré-conhecedora,
reta e benévola de Deus,determinando, desde toda a eternidade, a futurição certa
de todos os eventos, de qualquer espécie que fossem, e que em qualquer
tempo houvessem de acontecer. A presciência reconhece a futurição certa dos
eventos, e a preordenação os torna com certeza futuros.
7. Podemos expor, sob diversos títulos, a doutrina calvinista sobre este ponto.
ao mesmo tempo, estes últimos eventos o decreto torna tão certamente futuros
como qualquer dos outros. ■
4o. Deus decretou os fins como também os meios, as causas como também os
efeitos, as condições e os instrumentos como também os eventos que deles
dependem.
certas relações, esse agente agiria livremente de certo modo, mesmo assim, com
essa previsão certa, criou esse mesmo agente livre e o colocou precisamente
nessas relações, é evidente que Deus, agindo assim, predeterminaria a futurição
certa do ato previsto. É impossível que Deus, na realização de Sua obra, seja em
qualquer tempo obrigado a escolher entre dois males, porque o sistema inteiro, e
cada finalidade, cada causa particular, e cada condição, foram previstos
claramente e, por escolha deliberada, admitidos por Ele mesmo.. .
9. Que razões temos para ver os decretos de Deus como uma só intenção todo-
compreensiva?
10. Porque, como mostraremos abaixo, são um ato eterno, e ceternitas est una,
individua et tota simul. 1
2o. Porque todo evento que realmente acontece no sistema das coisas acha-se
entrelaçado com todos os demais eventos num envolvimento interminável.
Nenhum evento é isolado. A cor de uma flor e o ninho de um pássaro acham-se
relacionados com o inteiro universo material. Mesmo em nossa ignorância,
podemos ver como um fenômeno químico está em relação com uma miríade de
outros fenômenos, classificados sob os títulos de mecânica, eletricidade, luz e
vida.
3o. Deus decreta os eventos como realmente sucedem, isto é, eventos produzidos
por causas e dependentes de certas condições. O decreto que determina o evento
não pode deixar fora a causa ou a condição da qual depende o evento. Mas
a causa de um evento é o efeito de outro, e cada evento que sucede no universo é
mais ou menos imediata ou remotamente a condição de todos os demais, de
modo que um propósito eterno da parte de Deus é forçosamente um ato todo-
abrangente.
pode nunca haver motivo para que Ele revogasse ou revogue um decreto Seu ou
modificasse ou modifique esse propósito infinitamente sábio e reto que, pela
perfeição da Sua natureza, formou desde a eternidade.
mostrar.
2o. Afirmam o mesmo a respeito dos eventos fortuitos -Prov. 16:33; Mat.
10:29,30.
3o. Também a respeito das ações livres dos homens - Ef. 2:10,11; Fil.
2:13. - —.....™ — -
4o. Mesmo a respeito das más ações dos homens. “A este (Cristo) que vos foi
entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o
crucificastes e matastes pelas mãos dos injustos” - Atos 2:23. “Porque
verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não
só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para
fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente
determinado que se havia de fazer” -Atos 4:27,28. Veja também Atos 13;29; 1
Ped. 2:8; Jud. vers. 4; Apoc. 17:17. Quanto à história de José, compare Gên.
37:28 com Gên. 45:7,8 e 50:20. “Não fostes vós que me enviastes para cá, senão
Deus.” “Vós bem intenstastes mal contra mim, porém Deus o tomou em bem.”
Veja também Sal. 17:13,14; Is. 10:5-15; etc.
Decreto absoluto é o decreto que, embora possa incluir condições, não depende
delas, isto é, torna certamente futuro o evento decretado, seja qual for, quer seja
uma necessidade mecânica, quer seja um ato voluntário, e todas as suas causas
e condições, seja qual for a sua natureza, e das quais o evento depende.
Decreto condicional é o que decreta que um evento suceda sob a condição de ser
possível suceder outro evento, mas não certo (não decretado).
Os socinianos negavam que pudessem ser previstas as ações livres dos homens
por serem intrinsecamente incertas, e por isso afirmavam que Deus não as pôde
prever. Sustentavam que Deus decretou absolutamente criar a raça humana, e
que, depois da queda de Adão, decretou salvar todos os pecadores que
se arrependessem e cressem, mas que nada decretou a respeito
Os arminianos, admitindo que Deus prevê com certeza os atos de agentes livres,
como também todos os demais eventos, sustentam que Deus decretou
absolutamente criar o homem, e, prevendo que ele cairia, decretou
absolutamente preparar uma salvação para todos e salvar realmente todos os que
se arrependem e crêem, e que decretou condicionalmente a salvação de homens
individuais, sob a condição, prevista mas não decretada, da sua fé e obediência.
Io. Já mostramos acima (Pergs. 3-7) que o decreto divino é eterno e totalmente
abrangente. Uma condição implica possibilidade de mudança. Ora, sendo um só
sistema o universo
5o. O decreto de Deus inclui os meios e as condições - 2 Tess. 2:13; 1 Ped. 1:2;
Ef. 1:4. . .
20. Até onde são eficazes os decretos de Deus, e até onde são permissivos?
evento? '
Io. Pela natureza do próprio decreto, que é soberano e imutável (veja acima).
2o. Pela natureza essencial de Deus em Sua relação com Sua criação, como
soberano infinitamente sábio e poderoso.
O fatalismo ensina que todos os eventos são determinados com certeza por uma
lei universal de causação necessária, operando cegamente e, por meio de uma
força simples e não inteligente, efetuando seus fins, irresistível e
irrespectivamente da livre vontade dos agentes livres envolvidos. Não deixa
lugar para fins ou propósitos finais, nem para motivos e escolha, meios ou
condições, mas é simplesmente uma evolução necessária.
23. Qual a objeção que, contra esta doutrina dos decretos incondicionais, se faz
do fato admitido de serem livres os homens?
OBJEÇÃO - Presciência implica na certeza do evento. O decreto de Deus implica em que Deus o determinou como certo. Todavia o
fato de determiná-lo como certo implica, da parte de Deus, nalguma ação ou agência eficaz para produzir
2o. Temos o fato distintamente revelado que Deus decretou os atos livres de
homens, e que, ao mesmo tempo, os homens não eram menos responsáveis, nem
menos livres nos atos que praticaram - Atos 2:23; 3:18; 4;27,28; Gên. 50:20; etc.
Nunca poderemos compreender como é que o Deus infinito opera sobre o
espírito finito do homem, mas nem por isso é menor o nosso dever de o crer.
24. Em que sentido é que alguns ensinam que Deus é o autor do pecado?
Io. Pela natureza do pecado, o qual, quanto à sua essência, é anomia, falta de
conformidade com a lei, e desobediência ao Legislador.
3o. Pela natureza do homem, que é agente responsável e livre, e origina os seus
próprios atos. As Escrituras atribuem sempre à graça divina as ações moralmente
boas, e ao mau coração as ações pecaminosas dos homens.
26. Como se pode demonstrar que a doutrina dos decretos incondicionais não
representa Deus como o autor do pecado?
Segue-se daí, pois, que, sendo o uso de meios ordenados por Deus, e
instintivamente natural para o homem, tendo muitas coisas sido o efeito dos
meios empregados, e sendo evidente que muitas no futuro dependem deles, Deus
não tornou certa nenhuma dessas coisas que dependem do uso de meios da parte
dos homens. .
- j t:.”
29. Como se pode demonstrar que a doutrina dos decretos não dâ fundamento
racional para desencorajar alguém no uso de meios?
Esta dificuldade (exposta acima, Perg. 27) tem sua raiz no costume de isolar uma
parte do decreto eterno de Deus do todo (Perg. 7), e no de confundir a doutrina
cristã dos decretos com a doutrina pagã do destino cego (Perg. 22). Mas,
quando Deus decretou um evento, decretou-o futuro com certeza, não como
isolado de outros eventos, ou como independente de meios ou agentes, e sim
como dependente de meios e de agentes empregando livremente esses meios. O
mesmo decreto que torna certo o evento, determina também o modo pelo
qual tenha que ser efetuado, e compreende tanto os meios como os fins. Esse ato
eterno e totalmente abrangente compreende a existência toda durante o tempo
todo, e o espaço inteiro como um só sistema, e, ao mesmo tempo, cuida do todo
em todas a suas partes e de todas as partes em todas as suas relações umas com
as outras e com o todo. Um evento, pois, pode ser certo com respeito ao decreto
e à presciência de Deus e, ao mesmo
30. Que distinção sempre devemos fazer entre as objeções contra a prova de
uma doutrina e as objeções contra uma doutrina comprovada?
É evidente que são legítimas as objeções razoáveis, quer bíblicas quer outras,
que se possa fazer contra as provas em que se baseia qualquer doutrina; e sempre
se deve dar o devido peso a essas objeções contra as provas alegadas a favor
da doutrina. Entretanto, uma vez provado que uma doutrina é ensinada nas
Escrituras, é igualmente evidente que todas as objeções feitas contra essa
doutrina não terão peso algum, enquanto não tiverem força bastante para provar
que as Escrituras Sagradas não são a Palavra de Deus. Não chegando a fazer
isso, as objeções feitas contra uma doutrina biblica-mente comprovada, se não
afetarem as provas em que ela se fundamenta (e a maioria das objeções feitas
contra a doutrina calvinista dos decretos são dessa natureza), só servirão
para ilustrar a verdade óbvia segundo a qual o intelecto finito do homem não
pode compreender plenamente as coisas parcialmente reveladas e parcialmente
escondidas na Palavra de Deus.
2o. Como abrangendo somente aqueles propósitos de Deus que dizem respeito
especialmente às Suas criaturas morais.
3o. Como denominativo do conselho de Deus que diz respeito somente aos
homens decaídos, incluindo a eleição soberana de alguns e a justíssima
reprovação dos demais.
4o. As vezes o seu uso é tão restrito que é aplicada somente à eleição eterna do
povo de Deus para a vida eterna.
O terceiro sentido dado acima é o uso mais apropriado. Veja Atos 4:27,28.
divina de indivíduos para a vida eterna, e a respeito da qual se nos diz em outras
passagens que não é “segundo as nossas obras, mas segundo o Seu próprio
propósito e graça”, “segundo o beneplácito de sua vontade” - 2 Tim. 1:9; Rom.
9:11; Ef. 1:5.
Eclogé encontra-se sete vezes no Novo Testamento. Uma vez significa eleição
para o ofício apostólico-Atos 9:15. Uma vez o termo se refere aos que foram
escolhidos para a vida eterna - Rom. 11:7. Em todos os demais casos significa o
propósito ou ato de Deus escolhendo o Seu próprio povo para a salvação -Rom.
9:11; 11:5,28; 1 Tess. 1:4; 2 Ped. 1:10.
Das seguintes:
O decreto eterno, como um todo e em todas as suas partes, é, sem dúvida, o ato
concorrente de todas as três Pessoas da Trindade em Sua perfeita unidade de
conselho e vontade.
Esta teoria, advogada por Stanley Faber, pelo arcebispo Whately, e por outros,
envolve a afirmação de que Deus predetermina a relação dos homens com a
Igreja visível e com os meios de graça. Por seu nascimento, e pela
providência subseqüente, faz o quinhão de alguns cair nas circunstâncias as mais
favoráveis, e o de outros, nas menos favoráveis.
No entanto, visto que admitem que Deus prevê desde a eternidade com certeza
absoluta quais as pessoas que haveriam de arrepender-se, crer e perseverar na fé
e na obediência até o fim, segue-se que a sua doutrina é equivalente ao
seguinte: prevendo Deus que certas e determinadas pessoas haveriam de
arrepender-se, crer e perseverar na fé e na obediência até o fim, Ele predestinou
desde a eternidade essas pessoas para a vida e para a salvação, per causa da sua
fé e perseverança assim previstas. -■
É evidente que a doutrina calvinista dos decretos inclui a eleição absoluta tanto
de comunidades e nações como de indivíduos para o uso dos meios de graça e
para os privilégios exteriores da Igreja. E evidente também que todos
os arminianos têm que admitir até esse ponto, bem como os calvinistas, o
princípio da eleição absoluta, e por isso essa admissão só não discrimina entre os
dois grandes sistemas opostos. A única questão realmente em disputa entre
os calvinistas e os arminianos, quanto à eleição, é esta: qual o motivo da
predestinação eterna de certos e determinados indivíduos para a vida eterna? São
a fé e o arrependimento previstos dos próprios indivíduos, ou é a boa vontade
soberana de Deus? É forçoso que todo cristão tome lugar de um ou do outro lado
desta questão. Se disser que o motivo é a sua fé prevista, será arminiano, sejam
quais forem as doutrinas que sustentar além dessa; se disser que o motivo da sua
eleição foi
Esta divisão entre si, e esta concordância das suas posições com os calvinistas,
alternando com divergências, são uma ilustração muito sugestiva da dificuldade
extrema com que os defensores dos princípios arminianos têm que lutar em
suas tentativas de acomodar as palavras das Escrituras à sua doutrina.
10. Quais os três pontos envolvidos na doutrina calvinista sobre este assunto?
12. Como se pode provar pelas Escrituras que os eleitos são indivíduos, e que a
finalidade da sua eleição é a vida eterna ?
Io. As Escrituras falam deles sempre como indivíduos, e da eleição deles falam
sempre como tendo por fim a graça ou a glória - Atos 13:48; Ef. 1:4; 2 Tess.
2:13. 2o. As Escrituras distinguem explicitamente entre os eleitos e a massa em
geral da Igreja visível, e, por conseguinte, sua eleição não podia ser limitada aos
privilégios exteriores da Igreja - Rom. 9:7. 3o. Dizem as Escrituras que os nomes
dos eleitos estão escritos “nos céus” e “no livro da vida” - Heb. 12:23; Fil. 4:3.
4o. Também é dito explicitamente que as bênçãos que essa eleição torna seguras
são dadas pela graça de Deus, são salvadoras, são os elementos resultantes da
salvação e dela inseparáveis, e não pertencem a nações, e sim a indivíduos, e.g.,
“a adoção de filhos”, “para serem conformes à imagem de seu Filho”, etc. -Rom.
3:29; 8:15,29; 9:15,16; Ef. 1:5; 1 Tess. 5:9; 2 Tess. 2:13.
13. Como se pode mostrar que essa eleição não se fundamenta em obras, quer
previstas quer não?
Isto segue-se - Io. Da doutrina geral dos decretos, estabelecida no capítulo
anterior. Se os decretos de Deus referem-se a todos os eventos, de qualquer
espécie que sejam, e os determinam, segue-se que não restam mais eventos
que pudessem constituir a condição dos decretos ou de qualquer elemento neles
presente, e segue-se também que Deus decretou a fé e o arrependimento dos
eleitos como também a salvação da qual são a condição.
2o. As Escrituras declaram explicitamente que os decretos não têm por condição
obras de nenhuma espécie - Rom. 9:4-7;2Tim. 1:9; Rom. 9:11.
Citando textos como os seguintes: Ef. 1:5-11; 2 Tim. 1:9; João 15:16,19; Mat.
11:25,26; Rom. 9:10-18.
E auto-evidente que as mesmas ações não podem ser ao mesmo tempo motivos
da eleição e frutos dela resultantes. Ensinando, pois, a Bíblia que “a fé”, “o
arrependimento” e “a obediência evangélica” são frutos, não podem ser os
motivos. As Escrituras ensinam essa verdade em Ef. 1:4: “Elegeu-nos nele
mesmo antes do estabelecimento do mundo, pelo amor que nos teve, para sermos
santos e imaculados diante de seus olhos” * - 2 Tess. 2:13; 1 Ped. 1:2; Ef. 2:10.
'Esta é a versão de Figueiredo; mas não é fiel, nem segundo o grego, nem
mesmo segundo a Vulgata. A tradução fiel do grego e da Vulgata é: “Elegeu-nos
nele mesmo antes do estabelecimento do mundo, para que > >
O ensino das Escrituras sobre estes pontos achar-se-á exposto e estabelecido nos
capítulos 19 e 20. Ora, se os homens nascem com uma natureza cuja tendência
universal é para o pecado, e se são sempre, enquanto não regenerados
pelo Espírito de Deus, total e inalienavelmente avessos a e incapazes de tudo o
que é bom, segue-se que a natureza humana não regenerada não é capaz, nem de
tender para a fé e o arrependimento como condições da eleição, nem de
aperfeiçoar estes dons. Se, pois, a eleição tem por condições a fé e o
arrependimento, é necessário que o homem os produza ou ajude a produzi-los
em si. Contudo, se a natureza humana não pode nem produzi-los nem ajudar a
produzi-los, segue-se, ou que ninguém pode ser eleito, ou que a fé e o
arrependimento não podem ser as condições da eleição.
18. Como expor o mesmo argumento pelo que as Escrituras ensinam sobre a
natureza e a necessidade que o homem tem da regeneração?
Só pode ser falsa aquela forma de doutrina que não pode ser incorporada lógica e
conseqüentemente na experiência pessoal e no culto divino. E só pode ser
verdadeira aquela forma de doutrina que todos os cristãos, de todas as opiniões
teóricas, se acham sempre impelidos a exprimir na sua comunhão com Deus.
Ora, todos os salmos, hinos e orações, quer escritos quer espontâneos, de todos
os cristãos evangélicos, incorporam os princípios e respiram o espírito do
calvinismo. Todos em suas orações pedem a Deus que faça os homens
arrepender-se e crer, chegar-se ao Salvador e aceitá-10. Mas, se Deus dá a todos
os homens graça comum e suficiente, e se a razão pela qual um homem
arrepende-se e outro não, é que um faz bom uso dessa graça e outro não, e se a
única diferença está nos homens, segue-se que devemos pedir aos homens que se
convertam a si mesmos, isto é, que se façam diferençar a si mesmos. Mas todos
21. Como se pode mostrar, pela natureza das objeções feitas contra a doutrina
de Paulo, e pelas respostas que lhes deu, que a posição sustentada por esse
apóstolo, a respeito da eleição, é a mesma que a nossa?
Ele argumenta: Io. que as antigas promessas de Deus não diziam respeito aos
descendentes naturais de Abraão, como tais, e sim à sua posteridade espiritual;
2o. que Deus é soberano absoluto na distribuição dos Seus favores.
Mas contra esta doutrina da soberania divina o apóstolo expõe duas objeções, e
dá-lhes resposta.
Ia. Deus seria injusto se, só da Sua boa vontade, manifestasse a Sua misericórdia
a alguns e rejeitasse outros (versículo 14). Esta mesma objeção é feita hoje
contra a nossa doutrina. “Ela representa o Deus santíssimo como pior do que o
diabo, mais falso, mais cruel e mais injusto.” - Methodist Doctrinal Tracts, págs.
170,171. A isso Paulo responde mediante dois argumentos: (1) Deus reclama
para Si esse direito: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” - Rom.
9:15,16. (2) Deus, em Sua providência, exerce esse direito, como no caso de
Faraó (versículos 17,18).
apelar para a razão humana, e sim, afirma simplesmente (1) a soberania de Deus
como Criador, e a dependência do homem como criatura, e (2) o fato de estarem
todos os homens expostos com toda a justiça à ira, por serem pecadores
(versículos 2024). Veja a análise de Rom. 9:6-24 no Commentary on
Romans, por Hodge.
A doutrina é, Io. negativa, porque consiste em passar por : alto essa parte e em
deixar de elegê-la para a vida eterna; e 2o. positiva, porque os homens
envolvidos são condenados à ; miséria eterna.
incondicionalmente os que Lhe apraz. Ele tem que preordenar os que não crêem
como também os que crêem, embora estes eventos sejam resultantes de causas
bem diversas.
Pela citação de textos como os seguintes: Rom. 9:18,21; 1 Ped. 2:8; Jud. vers. 4;
Apoc. 13:8. Notem estas palavras do Senhor Jesus Cristo: “Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos,
e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve” - Mat.
11:15,26; “Vós não credes porque não sois das minhas ovelhas”-João
10:26. ' ' ■■■ ■ ■
25. Como demonstrar que contra a doutrina de Paulo se fez a mesma objeção
que se faz contra a nossa?
Citando Romanos 9:19. “De que se queixa ele ainda?” Se Ele não deu
capacidade para obedecer, como pode mandar? Veja também Methodist
Doctrinal Tracts, pág. 171. ■
O apóstolo responde mostrando, Io. que Deus não tem obrigação alguma de
manifestar misericórdia para com todos, e nem mesmo para com alguns -
versículos 20,21; e, 2°., que “os vasos da ira” foram condenados por seus
próprios pecados, a fim de manifestar-se neles a justa ira de Deus, enquanto
que “os vasos de misericórdia” foram escolhidos, não por haver neles qualquer
coisa que fosse boa, e sim unicamente para manifestar-se neles a Sua graça
gloriosa - versículos 22,23.
26. Como se demonstra a identidade da doutrina de Paulo com a nossa pelas
ilustrações de que ele se serve no capítulo nove da Epístola aos Romanos?
“Não tem o oleiro poder (exousia) sobre o barro, para da mesma massa fazer um
vaso para honra e outro para desonra? - versículo 21. Aqui a força inteira da
ilustração está no fato de não haver nenhuma diferença na massa, no barro; a
massa toda é barro, e a única causa da diferença dos vasos é a vontade do
oleiro. No caso de Jacó e Esaú (9-13), o ponto ilustrado é que um dos filhos era
tão bom como o outro, que não havia neles diferença alguma, e que a diferença
posterior entre eles era devida ao “decreto de Deus segundo a eleição” -
“Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que
o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras,
mas por aquele que chama... - versículo 11, ARC.
Este é, sem dúvida, um ato judicial no qual Deus, em justo castigo dos pecados
dos homens maus, não eleitos para a vida, retira deles todas as influências da Sua
graça, e os deixa entregues às tendências desenfreadas de seus corações e
às influências não contrariadas do mundo e do diabo.
28. Qual a objeção feita contra a doutrina calvinista sob o fundamento de que
é incompatível com a justiça?
Há os que afirmam que se Deus, por um decreto soberano e absoluto, passa por
alto alguns homens e não lhes concede a graça necessária para habilitá-los a
arrepender-se e a crer em Cristo, seria injusto da parte de Deus torná-los
responsáveis e puni-los por sua falta de fé. . ,
que todos os descendentes de Adão nascem com uma natureza tão depravada que
são moralmente incapazes de amar a Deus, e se dispõem naturalmente para o
mal. Sustentam, porém, que os homens a princípio não são responsáveis por sua
condição moral, porque nascem nessa condição anterior a toda ação pessoal. Por
isso afirmam que o homem não pode ser punido pelo pecado original, nem
poderia homem algum ser responsabilizado por qualquer ato de desobediência
que fosse resultado inevitável dessa depravação original, se Deus não houvesse
por Cristo provido um remédio, dando a todos os homens capacidade, recebida
pela graça, para fazer tudo quanto deles exige como condição da sua salvação.
Essa redenção e essa capacidade recebida pela graça para crerem e obedecerem,
Deus deve a todos os homens, e são necessárias para que eles se tornem
responsáveis e puníveis por seus pecados, visto que só assim os homens, no que
se refere a esses atos de crer, arrepender-se e obedecer, ficam habilitados
para escolher o contrário. •. • . ,
não são responsáveis por nada? Não seria uma impertinência falar, no caso delas,
em “redenção” e em “graça”?
- -i i !<'•
Graça é favor livre, não merecido, isto é, concedido a quem não o merece. Se a
redenção é algo que todos os homens merecem receber, ou se é uma
compensação necessária para que sejam responsáveis, então o dom de Cristo não
pode ser uma manifestação suprema do livre favor e amor de Deus. Pode ser
somente uma manifestação da Sua retidão.
Mas as Escrituras declaram que o dom de Cristo é uma manifestação sem igual
do livre amor de Deus, e que a salvação nos vem da graça de Deus - Lam. 3:22;
João 3:16; Rom. 3:24; 11:5,6; 1 Cor. 4:7; 15:10; Ef. 1:5,6; 2:4-10, etc. E todo
cristão verdadeiro reconhece como elemento inseparável da sua experiência que
a salvação é toda da graça de Deus. Esta é também a explicação das doxologias
do céu - 1 Cor. 6:19,20; 1 Ped. 1:18,19; Apoc. 5:8-14. - ,
33. Como expor e refutar a objeção de que a nossa doutrina é incompatível com
a retidão de Deus como GOVERNADOR IMPARCIAL?
Muitas vezes os arminianos dizem que a razão nos ensina a esperar que o
Criador e Governador onipotente de todos os homens seja imparcial no modo
por que trata os indivíduos -que conceda a todos as mesmas vantagens essenciais
e as mesmas condições de salvação. Dizem também que esta justa pressuposição
da razão se acha confirmada nas Escrituras, as quais declaram que “Deus não faz
acepção (ou exceção, como em 2 Crôn.l9:7 Figueiredo, presumivelmente em
edição antiga) de pessoas”-Atos 10:34; 1 Ped. 1:17. Na primeira
destas passsagens o apóstolo fala simplesmente da aplicação do evangelho aos
gentios bem como aos judeus; e na segunda afirma-se que Deus, no Seu
julgamento das obras humanas, é absolutamente imparcial. Na eleição, porém, a
questão versa sobre a graça, e não sobre o juízo feito a respeito de obras, e
as Escrituras em parte alguma dizem que Deus é imparcial na comunicação da
Sua graça. < .
mas também dos meios essenciais à salvação. Uma criança nasce para a saúde,
para honras e riquezas, para a posse de um coração e de uma consciência
suscetíveis, e para todos os melhores meios de graça, como sua herança segura e
certa. Muitas outras nascem para moléstias, para a vergonha, a pobreza, a posse
de um coração duro e de uma consciência obtusa, e para as trevas absolutas do
paganismo e da ignorância a respeito de Cristo. Se Deus não pode ser parcial
para com indivíduos, por que é que o pode ser para com nações, e como se pode
explicar o Seu proceder para com as nações pagãs e para com as crianças
das classes criminosas de países nominalmente cristãos?
Eis os seus termos: “O qual deseja (quer) que todos os homens sejam salvos, e
cheguem ao pleno conhecimento
da verdade”. ■ . .
A palavra querer tem dois sentidos - (a) desejar, (b)propor-se, ter a intenção de,
determinar-se a. Em contextos como o da passagem acima é evidente que o
sentido não pode ser que Deus tem a intenção de salvar ou que Ele Se
determinou a salvar a todos, porque (a) nem todos são salvos, e nenhuma das
intenções ou propósitos de Deus pode falhar (b) porque a afirmação é que
Eltquer que todos “venham ao conhecimento da verdade” no mesmo sentido em
que “quer que todos sejam salvos” - e, apesar disso, deixa que a imensa maioria
dos homens nasça, viva e morra nas trevas do paganismo, independentemente da
Sua participação ativa no caso deles.
35. Como provar que a nossa doutrina não influi no ânimo dos pecadores,
tirando-lhes o incentivo para fazerem uso de meios?
Objeta-se que, se Deus determinou desde toda a eternidade que um homem seja
convertido e seja salvo e que outro seja deixado a perecer em seus pecados, não
há mais lugar para o uso de meios. Assim é que João Wesley, na obra
Methodist Doctrinal Tracts, representa falsamente a doutrina de
Toplady, dizendo: “Há, suponhamos, vinte homens, dos quais dez foram
preordenados para que sejam salvos, façam o que fizerem, e os outros dez foram
preordenados para serem condenados, façam o que fizerem”. Isso é, porém,
uma caricatura da doutrina, tão absurda quanto perversa.
CONSIDEREMOS: '
36. Até onde podemos estar convencidos de que somos eleitos, e em que se
baseia essa convicção?
E-nos possível alcançar nesta vida uma convicção inabalável e certa da nossa
eleição, porque aos que Deus predestina a estes também chama; e aos que
chama, a estes também justifica; e sabemos que aos que justifica, a estes também
santifica. Assim, pois, os frutos do Espírito comprovam a santificação, esta
comprova a vocação eficaz, e esta comprova a eleição. Veja 2 Ped. 1:5-10 e 1
João 2:3.
Além dessas provas fornecidas por nosso estado de graça e por nossos atos,
temos ainda o Espírito de adoção, que dá testemunho com o nosso espírito e nos
sela - Rom. 8:16,17; Ef. 4:30. - - .......
Em confirmação disso temos o exemplo de Paulo (2 Tim. 1:12) e o de muitos
cristãos.
38. Como se pode demonstrar que esta doutrina é compatível com a oferta
geral do evangelho?
pessoa, seja eleita ou não, será salva se aceitar essas ofertas. Os não eleitos Deus
simplesmente deixa fazer aquilo que seus próprios corações lhes determina que
façam.
A reprovação deixa os não eleitos nos seus pecados, e assim resulta no aumento
do pecado durante toda a eternidade. Como, pois, pode Deus, de um modo
compatível com a Sua santidade, formar um propósito cujo efeito e intenção é
deixar esses não eleitos no pecado e, assim, deixar que o seu pecado
aumente inevitavelmente?
com este sistema baseado na graça de Deus, e sim, faz parte integrante dele.
Fazem parte deste sistema os princípios igualmente certos da liberdade e da
responsabilidade moral dos homens, e as ofertas livres do evangelho feitas a
todos.
2o. Que a nossa única regra de dever é a que se compõe dos mandamentos, das
ameaças e das promessas de Deus expressos claramente nas Escrituras, e não o
decreto da eleição, o qual Ele nunca revela, exceto nos seus elementos
conseqüentes de vocação eficaz, fé e vida santa.
Quando é sustentada nesses termos, a doutrina da predestinação... ,
2o. Imprime em nós com mais força a verdade essencial de que a salvação é
inteiramente obra da graça de Deus, e que ninguém pode queixar-se se for
passado por alto, nem jactar-se se for salvo.
40. No caso do crente que tem o testemunho em si, esta doutrina o torna mais
humilde e, ao mesmo tempo, aumenta a sua confiança, chegando à esperança
certa e segura.
Desde que cremos que o decreto de Deus é uma só intenção eterna, não pode
haver ordem de sucessão nos Seus propósitos, nem (a) no tempo, como se um
propósito realmente precedesse a outro, nem (b) na deliberação distinta, ou
opção, da parte de Deus. O todo é um só propósito. Mas, determinando
a existência do sistema inteiro, Deus compreendeu naturalmente todas as partes
do sistema, determinadas por Ele em suas diversas sucessões e relações. E como
um homem que por um
só ato da sua inteligência reconhece uma máquina complicada que lhe é familiar,
e no mesmo ato distingue acuradamente suas diversas partes e compreende a sua
unidade, as suas relações no sistema, e a intenção do todo. Por isso, a
questão quanto à ordem dos decretos não é questão quanto à ordem dos atos de
Deus ao decretar, e sim, é questão quanto à verdadeira relação que sustentam
entre si as diversas partes do sistema decretado. Isto é, que relação estabeleceu o
único propósito eterno de Deus entre criação, predestinação e redenção? Que
ensinam as Escrituras a respeito do propósito de Deus no sentido de dar Seu
Filho, e a respeito do fim e motivo da eleição? Do motivo e fim da eleição já
tratamos por extenso acima. Do desígnio que Deus tinha em vista ao darmos
Cristo, trataremos na divisão 4 do capítulo 25.
42.Qual é a teoria arminiana quanto à ordem dos decretos que se referem à raça
humana?
Io. O decreto de criar o homem. 2o. Sendo o homem falível, por ser um agente
moral e ter a sua vontade essencialmente contingente, e sendo por isso
impossível prevenir ou impedir o seu pecado, Deus, prevendo que o homem
cairia com certeza na condenação e na corrupção do pecado, decretou
preparar uma salvação gratuita para todos os homens, mediante Cristo, e
preparar meios suficientes para aplicar eficazmente essa salvação à situação de
todos. 3o. Decretou absolutamente que fossem salvos todos os que cressem em
Cristo, e que fossem reprovados por seus pecados todos os que não cressem.
4o. Prevendo que certos indivíduos haveriam de arrepender-se e crer, e que
outros haveriam de continuar impenitentes até ao fim, Deus elegeu desde toda a
eternidade para a vida eterna aqueles cuja fé previa, sob a condição da sua fé, e
reprovou aqueles que previa que continuariam impenitentes, sob a condição
dessa impenitência. .
diversas provisões do decreto divino nas suas relações lógicas, que supõe que o
supremo fim que Deus Se propôs na salvação de uns e na condenação de outros,
foi a Sua própria glória, e que, como meio para alcançar esse fim, decretou criar
o homem e permitir que caísse. Segundo esta teoria, o objeto da eleição e da
reprovação é só o homem capaz de ser criado e de cair, e não o homem criado e
decaído. A ordem dos decretos seria então esta: Io. Dentre todos os homens
possíveis Deus primeiro
46. Como expor os diversos pontos de acordo e de diferença entre essas diversas
teorias?
Não há dúvida de que esta é a teoria mais lógica de todas. E postulada sobre o
princípio de que aquilo que se faz por último tencionava-se fazer desde o
princípio, e isso, sem dúvida nenhuma, é verdade em todas as esferas
compreendidas na experiência humana. Argumenta-se, pois, que, se o
resultado final da questão toda é a glorificação de Deus na salvação dos eleitos e
na perdição dos não eleitos, este resultado deve ter sido o propósito deliberado
de Deus desde o princípio. Mas a causa em apreço é demasiado elevada para que
se lhe apliquem a priori as regras ordinárias do juízo humano, muito menos para
que se insista nelas; a seu respeito só podemos saber aquilo que nos é
positivamente revelado.
Ia. O homem capaz de ser criado é uma nonentidade,1 coisa que não existe. Não
poderia ser amado nem eleito, a não ser que fosse considerado como já criado.
2a. A linguagem inteira das Escrituras em relação a este assunto implica em que
“os eleitos” o foram como objetos do amor eterno, não do número de homens
criáveis, capazes de ser criados, e sim do número inteiro de homens
pecadores realmente existentes-João 15:19; Rom. 11:5,7.
por um ato soberano, não por causa dos pecados deles? e sim para a Sua própria
glória. Isto parece incompatível com a retidão divina e também com o ensino das
Escrituras. Os nao eleitos foram preordenados por Deus para a desonr# e ira por
causa de seus pecados e para louvor de Sua gloriosa justiça. Conf. de Fé, Cap.
3, Seções 3-7; Cat. Maior, Perg. 13;BreVe Cat., Perg. 20.
48. Como se pode demonstrar que a exegese correta de Efésios 3:9,10 não dá
apoio à teoria supralapsariana?
Ensinam que Deus elegeu Seu povo para a vida eterna por amor de Cristo, e
citam em apoio Efésios 1:4: “Como também nos elegeu nele (em Cristo) antes
da fundação do mundo”.4 E evidente que esta teoria pode ser explicada, ou
de acordo com a teoria arminiana dos decretos, ou com a francesa (de Saumur),
teorias acima expostas; isto é, que os eleitos foram escolhidos em Cristo e por
amor dEle, ou que o foram porque Deus, tendo provido por Cristo salvação para
todos, queria, elegendo certos indivíduos, que pelo menos no caso destes a morte
de Cristo Se tornasse eficaz para a salvação deles.
“Por outro lado a “predestinação”, isto é, a eleição eterna operada por Deus, diz
respeito tão-somente a Seus . filhos bons e escolhidos, e é a causa da sua
salvação. Porque lhes consegue a salvação e os dispõe para as coisas que Lhe
pertencem. A nossa salvação é baseada de tal modo sobre essa predestinação que
as portas do inferno nunca a poderão subverter. Essa predestinação operada por
Deus não se deve procurar no conselho secreto de Deus, e sim na Sua Palavra,
onde se acha revelada. A Palavra de Deus conduz-nos a Cristo; este é aquele
livro da vida em que se acham inscritos e eleitos todos os que alcançam a
salvação eterna - porque assim está escrito: “elegeu-nos em Cristo
§9. Esta mesma eleição não é feita em conseqüência de qualquer fé, obediência
de fé, santidade ou qualquer outra boa qualidade ou disposição previstas, como
causa ou condição antecedente no homem que haveria de ser eleito, e sim para a
fé e para a obediência da fé, e a santidade. E, verdadeiramente, a eleição é a
fonte de todo benefício salvador; e dela emanam como seu fruto e efeito a fé,
a santidade e outros dons salutares, e, afinal, a própria vida eterna. § 15. Além
disso, as Escrituras Sagradas ilustram e nos recomendam esta graça livre e eterna
da nossa eleição, mais especialmente porque testificam também que nem todos
os homens são escolhidos, mas que alguns não são, ou Deus os passou por alto
na Sua eleição eterna, aos quais Deus, verdadeiramente, da Sua boa
vontade muito livre, justa, irrepreensível e imutável, decretou viverem na
miséria comum à qual, por sua própria culpa, se haviam lançado, e não
conceder-lhes viva fé nem a graça da conversão”.
de Deus por meio de emanação, explicada por eles como “um desenvolvimento
necessário e gradual ad extra do germe de existência que estava em Deus”,
assim como os raios de luz procedem do sol, etc. A maioria dos gnósticos
sustentava, juntamente com esta teoria de emanação, a doutrina do dualismo, isto
é, da auto-existência coordenada de dois princípios independentes, Deus e a
matéria. De Deus procederam por emanações sucessivas os ALons, o Demiurgo,
o Criador do mundo, o Jeová do Velho Testamento, e finalmente Cristo.
O universo material veio de matéria auto-existente, organizada pelo Demiurgo.
Todas as almas emanaram do mundo da luz, mas ficaram enredadas na matéria, e
daí é que vem a contenda histórica entre o bem e o mal, à qual Jesus Cristo veio
extinguir dando às almas o poder de livrar-se afinal dos laços da matéria.
panteístas? •
3o. Esse ato criativo foi um ato de vontade livre e auto-determinada. Não foi um
ato necessário e constitucional análogo aos atos imanentes e eternos da geração
do Filho e da processão do Espírito Santo.
4o. Não foi necessário esse ato para completar a excelência e a felicidade
divinas, as quais são eternas, completas e inseparáveis da essência divina. Mas
foi executado no exercício de uma discrição absoluta e por motivos
infinitamente sábios - Dr. Charles Hodge.
Restritamente, 1°. talhar, cortar. 2o. Formar, fazer, produzir (quer do nada, quer
de material já existente - Gên. 1:1,21,27;
2:3,4; Is. 43:1,7; 45:7,18; Sal. 51:12; Jer. 31:22; Amós 4:13. Niphal, Io. Ser
criado- Gên. 2:4; 5:2. 2o.Nascer - Sal. 102:18; Ez. 21:35. Piei, Io. Talhar,
derrubar, e.g., uma floresta - Jos. 17:15,18. 2o. Derrubar (com espada), matar -
Ez. 23:47. 3o. Formar, esculpir, demarcar - Ez. 21:24 - Gesenius,
Lexicon (presumivelmente uma edição antiga).
8. Expor prova direta da veracidade desta doutrina que temos nas Escrituras.
Io. Sendo a idéia mesma inteiramente nova e alheia a todos os modos anteriores
de pensar, só podia ser comunicada nas Escrituras por meio de termos antigos,
empregados anteriormente em sentido diverso, mas servindo-se deles de tal
modo que sugerissem um sentido novo. A palavra “bará”, porém, é a melhor das
que possui a língua hebraica para exprimir a idéia de fazer absolutamente.
2o. Essa nova idéia é sugerida inevitavelmente pelo modo em que a palavra é
utilizada pela primeira vez por Moisés na narração que faz, logo no princípio, da
gênese do céu e da terra. Como introdução geral da história da formação do
mundo e seus habitantes vem a declaração de que “No princípio - no princípio
absoluto - Deus fez o céu e a terra”. Não há aí o menor indício de qualquer
material que já existisse. No princípio Deus fez o céu e a terra; depois disso
existiu o caos, porque se diz então que “a terra era vã *e vazia”, e o Espírito de
Deus pairava sobre o abismo.
3o. Essa mesma verdade é também sugerida inevitavelmente nas diversas formas
de expressão empregadas nas Escrituras para designar a ação de Deus em Sua
obra de originar o mundo. Em caso algum se acha o menor indício de alusão
a qualquer material preexistente ou a quaisquer condições
10. Em todas as passagens que ensinam que Deus é o Soberano absoluto e que
as criaturas dependem dEltabsolutamente, sendo que “nele vivemos, e nos
movemos, e existimos” - Atos 17:28; Nee. 9:6; Rom. 9:36; 1 Cor. 8:6; Col. 1:16;
Apoc. 4:11.
2o. Em todas as passagens que ensinam que o cosmos, isto é, que “todas as
coisas” tiveram princípio - Sal. 90:2; João 17:5,24.
2o. O testemunho da consciência torna manifesto: (1) Que as nossas almas são
entidades individuais e distintas, e não partes ou partículas de Deus; (2) que não
são eternas. Segue-se, pois, que foram criadas. E uma vez que se admita a
criação ex nihilo dos espíritos dos homens, não haverá mais dificuldade especial
quanto à criação absoluta da matéria.
3o. Embora nos seja inconcebível a criação absoluta de alguma coisa do nada,
não o é mais do que o é a relação da presciência infinita de Deus, ou da Sua
preordenação, ou do Seu governo providencial, com a liberdade da ação dos
homens, e nem o é mais do que inconcebíveis são muitas outras verdades que
todos se vêem obrigados a crer.
5o. Depois que o filósofo materialista analisou a matéria até aos seus átomos
finais e determinou as suas propriedades primárias e essenciais, achou neles
provas tão fortes de uma causa antecedente e poderosa, e de uma inteligência
com desígnios sábios, como as encontra nas organizações mais complexas da
natureza; pois que outra coisa seriam as propriedades fundamentais da matéria
senão os constituintes elementares das leis universais da natureza, e as condições
finais de todos os fenômenos? Se intenção ou desígnio, descoberto na
constituição do universo concluído, prova a existência de um Formador divino,
então com igual razão a mesma intenção ou desígnio, descoberto na constituição
elementar da matéria prova a existência de um Criador divino.
11. Como se pode expor e refutar a objeção contra esta doutrina, baseada no
axioma: “Ex nihilo nihil fit”?
3o. Tendo Deus criado o universo material, disse que era muito bom - Gên. 1:31.
6o. A obra realizada por Cristo para salvar Seu povo dos seus pecados não
contempla a renúncia da parte material da nossa natureza, mas os nossos corpos,
que são agora “membros de Cristo” e “templos do Espírito Santo”, serão
transformados na ressurreição à semelhança do Seu corpo glorioso. E,
contudo, nada poderia ser mais absurdo do que a idéia de que o soma
13. Como se pode provar que nas Escrituras a obra da criação é atribuída a
Deus absolutamente, isto é, a cada uma das três Pessoas da Trindade
coordenadamente, e não a qualquer delas como Sua função pessoal e especial?
Io. ADeidadeabsolutamente- Gên. 1:1,26. 2o. AoPai-1 Cor. 8:6. 3o. Ao Filho -
João 1:3; Col. 1:16,17. 4o. Ao Espírito Santo - Gên. 1:2; Jó 26:13; Sal. 104:30
(Sempre coordenadamente).
14. Como se pode provar que nenhuma criatura pode criar absolutamente?
Io. Pela natureza da obra. E patente que uma criação absoluta ex nihilo é obra
que só pode efetuar quem disponha de poder infinito. E obra inconcebível para
nós, porque é obra de um poder infinito, e esse poder só pode pertencer
àquele Ser que, pela mesma razão, é incompreensível.
3o. Se fosse admitido que uma criatura pode criar (em termos absolutos), então
as obras da criação não serviriam para levar-nos ao conhecimento infalível de
que o nosso Criador é o Deus eterno e auto-existente.
15. Por que é importante que saibamos, se nos for possível alcançar este
conhecimento, qual foi o fim principal que Deus teve em vista na criação?
E por si mesmo evidente que nós nunca poderemos chegar a uma generalização
tão sublime como essa por nenhum processo de indução daquilo que sabemos ou
podemos saber das obras de Deus. E-nos necessário, pois, extrair todas as
nossas conclusões a esse respeito, em primeiro lugar, ao menos, daquilo que
sabemos dos atributos de Deus e do ensino explícito da Sua Palavra.
17. Qual a opinião de Leibnitz a respeito do fim que Deus teve em vista na
criação, e por quem mais foi adotada?
Essa teoria foi adotada por grande número de teólogos da Nova Inglaterra,
juntamente com a teoria, também aceita por muitos, que considera a virtude
como consistindo de benevolência desinteressada.
3a. As Escrituras (veja a pergunta seguinte) em parte alguma, nem direta nem
indiretamente, ensinam que alguma coisa na criatura é o fim principal de Deus,
nem propõem elas em parte alguma qualquer bem público ou pessoal da
criatura como o fim principal que deve ter em vista a criatura mesma.
Io. Tendo Deus formado o propósito de criar antes de existir criatura alguma, é
evidente que o motivo para criar teve necessariamente sua origem e objeto no
Criador preexistente, e não na criatura não existente. O Criador não pode
estar subordinado à criatura finita e dependente, nem pode depender dela. 1
20. Sendo Deus mesmo infinitamente mais digno do que a soma de todas as
criaturas, segue-se que a manifestação da Sua própria excelência é um fim
infinitamente mais digno e mais exaltado do que o seria a felicidade das
criaturas; seria realmente o fim mais exaltado e mais digno que nos é
possível imaginar.
3o. Nada pode exaltar tanto a criatura e tornar-se fonte da sua felicidade como o
fato de que Deus fez dela um meio de promover a Sua glória como Criador
infinito, e testemunha da Sua glória; e por isso propor Deus essa glória como “o
fim principal” da criação é o penhor mais seguro do progresso da
5o. Elas ensinam que esse é também o fim principal de Deus nos seus decretos -
Ef. 1:5,6,12.
6o. Elas também ensinam sobre Seu governo e Sua direção providenciais de Suas
criaturas, por Sua graça - Rom. 9:17,22,23; Ef. 3:10.
7o. As Escrituras impõem como dever a toda criatura moral que adotem esse
mesmo fim como o seu fim pessoal em todas as coisas - 1 Cor. 10:31; 1 Ped.
4:11.
Se lembrarmos quando, onde e para que fim essa narração bíblica foi escrita e a
compararmos com todas as demais cosmogonias antigas, ficaremos convencidos
de que essa concordância maravilhosa com os últimos resultados dos estudos da
ciência moderna é uma contribuição muito importante para as provas da sua
origem divina. Vê-se com certeza que, mesmo quando se lê essa narração à luz
da mais severa crítica moderna, ela é suficiente para o fim que o seu Autor
divino teve em vista, a saber, que servisse como introdução geral da história da
redenção, a qual, embora tivesse suas raízes na criação, foi em seguida levada
avante como um sistema de revelações e influências sobrenaturais.
21. Como expor os diversos princípios que sempre devemos ter em mente
quando consideramos questões que envolvem um conflito aparente entre a
ciência e a revelação? '
Io. Tanto as obras como a Palavra de Deus são revelações Suas. Por conseguinte,
as duas são igualmente verdadeiras,
4o. Sendo a ciência tão-somente uma interpretação humana das obras de Deus, é
sempre imperfeita e comete muitos erros. Os intérpretes da Bíblia são humanos
também, e por isso podem cometer erros, e nunca devem afirmar que as
suas interpretações são realmente as idéias que Deus quis revelar.
5o. Todas as ciências, em sua condição imatura, têm sido consideradas como
opostas à Palavra de Deus. No entanto, ao passo que se tornaram mais
amadurecidas, achou-se que estavam em perfeita harmonia com essa Palavra. As
vezes é a ciência que se emenda e se torna assim combinada com as idéias dos
teólogos; outras vezes são as opiniões dos teólogos que se emendam e se tornam
assim combinadas com a ciência aperfeiçoada e demonstrada, como, e.g., foi o
caso do sistema astronômico de Copérnico, sistema primeiro odiado pela
igreja, mas depois aceito universalmente por ela, e com gratidão.
7o. Há, pois, duas tendências opostas que são igualmente prejudiciais à causa da
religião, e que mostram a fraqueza da fé que caracteriza muitos dos seus amigos
professos. A primeira é a fraqueza de se aceitar imediatamente como verdade
líquida e certa qualquer conclusão hostil à Palavra de Deus, se for anunciada por
especuladores científicos; a constante confissão que assim se faz de que a luz da
revelação é inferior à luz da natureza, e a certeza das conclusões da exegese
bíblica e da teologia cristã inferior à dos resultados dos trabalhos da ciência
moderna; os constantes esforços para acomodar as
interpretações das Escrituras, como um nariz de cera, a cada [ fase nova que
tomam as interpetações correntes da natureza. ; A segunda tendência é a de ir ao
extremo oposto, de nutrir preconceitos e suspeitas contra todas as conclusões
averiguadas da ciência, com temor de serem, provavelmente, ofensas contra a
dignidade da revelação, e de atacar com impaciência . mesmo aquelas fases
passageiras da ciência imperfeita que por ; enquanto parecem inconciliáveis com
as nossas opiniões. Estando em pé sobre a rocha da verdade divina, os
cristãos nada têm que temer e podem bem esperar o resultado. A fé perfeita, bem
como o amor perfeito, lança fora o temor. Todas as coisas são nossas, quer sejam
naturais, quer sobre- I naturais, quer sejam ciência, quer revelação. Veja Isaac
Taylor, Restoration o/ite/ie/XRestauração da Fé), págs. 9,10.
Os Anjos
“Mensageiros comuns, Jó 1:14; Luc. 7:24; 9:52; profetas, Is. 42; 19; Mal. 3:1;
sacerdotes, Mal. 2:7; ministros do Novo Testamento, Apoc. 1:20; também
agentes impessoais, como a coluna de nuvem, Ex 14.19; a pestilência, 2 Sam.
24:16,17; os ventos, Sal. 104:4; pragas, chamadas “anjos maus” (Figueiredo),
Sal. 78:49; o espinho na carne de Paulo, chamado “anjo de satanás”, 2 Cor.l2:7.”
Também a segunda Pessoa da Trindade, chamada “o anjo da sua face”, “o anjo
do concerto”, Is 63.9; Mal. 3:1. Mas a palavra é aplicada principalmente a seres
celestes, Mat. 25:31 - Veja Kitto,Bib. Encyc.
2. Quais os designativos bíblicos dos anjos, e até onde expressam eles sua
natureza e seus ofícios?
Os anjos bons (quanto aos maus veja Perg. 15), em referência à sua natureza,
dignidade e poder, são chamados, nas Escrituras, “espíritos”, Heb. 1:14; “tronos,
dominações, principados, potestades, poderes”, Ef. 1:21; Col. 1:16; “filhos de
Deus”, Jó 1:6; Luc. 20:36; “anjos seus, magníficos em poder”, “os anjos do seu
poder”, Sal. 103:20; 2 Tess. 1:7; “santos anjos”, “anjos eleitos”, Luc. 9:26; 1
Tim. 5:21; e com referência aos ofícios que desempenham em relação a Deus e
aos homens, são chamados “anjos”, ou mensageiros, e “ministradores”,
Heb. 1:13,14. s
Que significa tudo isso, senão o fato maravilhoso, revelado mais claramente na
história da redenção, de que a natureza humana haverá de ser exaltada à
habitação da Deidade? Em Cristo ela já foi assunta, por assim dizer, ao próprio
seio de Deus; e por ser honrada tanto assim em Cristo, haverá de, nos seus
membros, alcançar uma glória maior do que a dos anjos - Fairbairn, Typology,
Part. 2, Ch. 1, Sec. 3. „
Muitos supõem que o arcanjo é o Filho de Deus. Outros acham que pertence à
classe mais elevada das criaturas, por ser chamado “um dos primeiros príncipes”
em Daniel 10:13, e porque nunca lhe são atribuídos atributos divinos.
dos anjos? .. -
2o. A respeito do seu poder as Escrituras ensinam que é muito grande, tanto
quando exercitado no mundo material como no espiritual. São chamados anjos
do poder de Jesus em 2 Tessalonicenses 1:7, e no Salmo 103:20, “magníficos
em poder”; veja também 2 Reis 19:35. Não têm, porém, o poder de criar, e assim
como os homens, só podem exercer o seu poder conectivamente com as leis
gerais da natureza, no sentido absoluto dessa palavra.
Io. Vêem a face de Deus no céu, adoram as perfeições divinas, estudam todas as
revelações que Deus faz de Si nas obras da providência e da redenção, e são
perfeitamente felizes na Sua presença e no Seu serviço - Mat. 18:10; Apoc. 5:11;
1 Ped. 1:12.*
Alguns supõem, por conseguinte, que os anjos têm corpos semelhantes aos
atuais corpos “naturais” ou animais dos homens - 1 Cor. 15:44, compostos de
carne, ossos e sangue, com cabeça e feições, pés e mãos, e que, quando um
anjo aparecia a qualquer pessoa, não havia mudança nele, e sim
ele simplesmente entrava na esfera da percepção dos sentidos dessa pessoa,
apresentando-se-lhe assim como habitualmente é.
Isso, porém, é inconciliável com os fatos narrados nas Escrituras. Segundo esta,
os anjos “apareceram” às vezes exatamente como homens comuns, outras vezes,
porém, de modos bem diversos - Núm. 22:31; Atos 12:7-10, passando através de
muros de pedra, aparecendo e desaparecendo à vontade, etc. Além disso, um dos
três homens que apareceram a Abraão em Manre, cujos pés ele lavou e que
comeram o que lhes havia preparado, era Jeová, a segunda Pessoa da Trindade,
que não tinha corpo antes de o tomar séculos depois no ventre da virgem Maria.
Se, pois, o corpo humano de uma dessas pessoas não era corpo real, não somos
autorizados a concluir, dos fatos ali registrados, que os das outras o eram - Gên.
18:4-33.
A aparência corporal dos anjos deve, pois, ter sido alguma coisa nova que
assumiram, ou então alguma coisa preexistente e permanente, mas bastante
modificada com o fim de torná-los capazes de manifestar-se em forma humana
aos homens.
10. Qual a doutrina e a prática romanas quanto ao culto prestado aos anjos?
etc., isto é, veneraram suplicantemente, a reis. Se, pois, reis, por cujo ministério
Deus governa o mundo, são tratados com tanta honra, não daremos aos espíritos
angélicos uma honra tanto maior em proporção quanto esses seres felizes
excedem aos reis em dignidade; (a esses espíritos angélicos) os quais aprouve a
Deus constituir Seus ministros; de cujo ministério Se serve não só no governo da
Igreja, mas também no do resto do universo; por cuja assistência, ainda que não
os vejamos, somos libertos diariamente dos maiores perigos da alma e do corpo?
Acrescentai a isso o amor com que nos amam, e que os leva, segundo nos dizem
as Escrituras - Dan. 2:13,* a oferecer suas orações pelos países sobre os quais a
Providência os colocou, e sem dúvida também por aqueles cujos guardas
são, porque apresentam diante do trono de Deus as nossas orações e lágrimas -
Jó 3:25; 12:12; Apoc. 8:3. Por isso nosso Senhor nos ensinou no evangelho a não
escandalizar os pequeninos, porque nos céus os seus anjos incessantemente
estão vendo a face de seu Pai, que está nos céus - Mat. 18:10.
“Sua intercessão devemos, pois, invocar, porque vêem sempre a Deus, e recebem
dEle com muito boa vontade a defesa da nossa salvação. Desta sua invocação as
Sagradas Escrituras dão testemunho”-Gên. 48:15,16.
“Foi opinião predileta dos santos Pais, que cada indivíduo está sob a guarda de
um anjo particular, que lhe é designado como protetor. Costumavam falar
também em dois anjos -um bom e o outro mau - que eles supunham que
acompanhavam a cada indivíduo, incitando-o o bom anjo a tudo quanto é bom e
desviando dele o mal; e incitando-o o mau anjo ao mal e desviando dele o bem
(Hermas 11:6). Os judeus,
com exceção dos saduceus, criam nisso, e os muçulmanos crêem nisso ainda. Os
antigos pagãos criam nessa idéia sob uma forma modificada - pois os gregos
tinham seus demônios tutelares (bons ou maus) e os romanos seus gênios. Na
Bíblia, porém, não há nada que apóie essa idéia. As passagens que
costumam citar a seu favor (Sal. 34:7; Mat. 18:10) é certo que não significam
nada disso. A primeira simplesmente ensina que Deus Se serve do ministério dos
anjos para livrar Seu povo de aflições e perigos; e a segunda, que os filhos dos
crentes, enquanto crianças, ou os mais pequenos entre os discípulos de Cristo,
dos quais os ministros da Igreja poderiam estar inclinados a descuidar-se, são
tidos em tão alta estima em outra parte que nem os anjos julgam abaixo da sua
dignidade ministrar-lhes” - Kitto,.Bz7>. Encyclop. .
12. Quais os nomes dados a satanás, e o que significam?
13. Como se pode provar que satanás é um ser pessoal, e não mera
personificação do mal?
Outros espíritos maus são chamados “seus anjos”, Mat. 25:41; e ele é chamado
“príncipe dos demônios”, Mat. 9:34, e príncipe das trevas e dos espíritos de
malícia espalhados por esses ares, Ef. 6:12. Isso mostra que ele é o principal
espírito do mal, o chefe.
Sua relação com o mundo é indicada pela história da Queda, 2 Cor. 11:3; Apoc.
12:9, e por expressões como “deus deste século” (mundo), 2 Cor. 4:4, e
“príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da
desobediência”, Ef. 2:2; é-nos dito que os homens maus são filhos dele, 1
João 3:10; ele cega os entendimentos dos que não crêem e conduz os cativos à
sua vontade, 2 Tim. 2:26; também aflige, inquieta, persegue e tenta o verdadeiro
povo de Deus até onde lhe é permitido para o bem final desse mesmo povo -
Luc. 22:31; 2 Cor. 12:7; 1 Tess. 2:18.
16. Que poder ou influência sobre os corpos e as almas dos homens lhes é
atribuído?
Assim como todos os seres finitos, satanás só pode estar num lugar a qualquer
tempo; mas, sendo-lhe atribuído tudo o que fazem os seus agentes, parece
praticamente ubíquo.
Com relação às almas dos homens, satanás e seus anjos não têm poder nenhum
para mudar o coração ou coagir a vontade; sua influência é simplesmente moral,
e exercida mediante seduções enganosas, sugestão, embaimento e persuasão. As
frases descritivas da sua operação, empregadas nas Escrituras, são como as que
se seguem - “poder, e sinais e prodígios de mentira”, “o engano da injustiça”, 2
Tess. 2:9,10; “se transfigura em anjo de luz”, 2 Cor. 11:14. Quando
pode enganar, emprega “ciladas”, Ef. 6:11; “laço”, 1 Tim. 3:7; “profundezas”,
Apoc. 2:24; “cegou os entendimentos”, 2 Cor. 4:4; mantém presos à sua vontade
os que não se desprendem dos seus laços, 2 Tim. 2:26; e assim “engana todo o
mnndo”, Apoc. 12:9. Quando não pode persuadir, lança mão de
“dardos inflamados”, Ef. 6:16, e de bofetadas, 2 Cor, 12:7.
Procuram dar outro sentido às palavras de Cristo e Seus apóstolos, dizendo que,
não tendo sido parte do desígnio deles ensinar aos homens a verdadeira ciência
da natureza e das moléstias, adotaram nesses aspectos a linguagem comum
dos seus contemporâneos, e chamaram as moléstias por seus nomes populares,
sem quererem, porém, dar assim o seu apoio à teoria comum quanto à natureza
da causa produtora dessas moléstias.
Ia. Como mostramos acima, essa opinião é inconciliável com a relação essencial
da criatura (como um efeito) com o Criador (como uma causa). Deus é o único
ens a seipso. A única e exclusiva causa da existência da criatura é a vontade de
Deus. Enquanto Ele quiser, essa causa (visando a esse efeito) existirá. Deixando
Ele de exercer a Sua vontade (com vistas a um efeito particular), a causa não
existiria mais e, em conseqüência, o efeito deixaria também de existir.
2a. Essa opinião é antropomórfica até a um grau indigno de Deus. Envolve a
omissão anti-intelectual de apreender a diferença essencial que existe entre a
relação de Deus com a criação e a do homem com a obra de Suas mãos. O
homem mantém-se necessariamente exterior à sua obra, e mesmo quando se
acha presente, pode dirigir a sua atenção a um só ponto em qualquer tempo.
Deus, porém, é onipresente, e não somente quanto à Sua essência, senão também
quanto ao Seu conhecimento, Sua sabedoria, Seu amor, Sua retidão e Seu poder
infinitos, e com cada átomo da criação e em cada momento da duração do
tempo. A criatura está sempre interpenetrada como também abrangida no
pensamento e na vontade divinas, e é sempre o que é e está como está,
unicamente por causa de Deus.
3a. E óbvio que essa opinião afasta Deus para tão longe da criação que se torna
irreligiosa em seus efeitos práticos. E,
segundo o testemunho da história, esta tem sido sempre a influência exercida por
ela.
o estado ou ação de qualquer coisa criada num momento não tem nenhuma
relação causai com o seu estado ou ação em outro ; momento, mas a causa única,
perpétua e imediata de tudo quanto existe é Deus mesmo.
imagens das coisas que vemos num espelho, enquanto conservamos os olhos
fixos nelas, parecem sempre as mesmas, e parecem conservar uma identidade
perfeita e contínua. Mas é sabido que não é assim. Os filósofos sabem muito
bem que essas imagens são renovadas constantemente pela impressão e reflexão
de novos raios de luz; de modo que a imagem produzida por raios anteriores está
sempre desaparecendo e uma nova imagem é produzida por novos raios a cada
instante, tanto no espelho como nos olhos... A imagem que existe neste momento
não foi derivada daquela que existiu no momento anterior... a existência passada
da imagem não tem influência alguma para mantê-la nem por um instante...
Assim é com os corpos como com essas imagens... sua existência atual não
é, falando em termos restritos, efeito da sua existência passada, e sim
inteiramente, a cada instante, efeito de uma nova agência ou operação de causa
poderosa da sua existência”.
Io. Se Deus está continuamente criando de novo cada criatura em cada momento
em seus estados e ações sucessivos, e se o estado ou ato de uma criatura num
momento não tem relação causai com o seu estado ou ato no momento
posterior, é evidente que Deus é o único Agente real no universo, e causa única e
imediata de tudo quanto sucede. É evidente que isso envolve logicamente o
panteísmo, e, como fato histórico, conduz à sua adoção.
3a. As propriedades ou forças ativas têm eficácia real, e j não só aparente, como
causas secundárias, na produção dos \ efeitos que lhes são próprios; e os
fenômenos, tanto da ] consciência íntima como do mundo exterior, são
produzidos j realmente pela operação de causas secundárias, assim como ; no-lo
dizem as nossas intuições inatas e necessárias. i
4a. Mas essas substâncias criadas não são autoexistentes, : isto é, o motivo da sua
existência continuada está em Deus, e j não nas substâncias. \
> i
6a. Assim como são inescrutáveis todos os demais modos 1 pelos quais o infinito
atua sobre o finito, assim o é também a j natureza exata da ação divina que se
manifesta na manutenção : de todas as coisas em existência e em ação. .
Ia. O fato estupendo de que Deus é infinito em Seu Ser, em Sua relação com o
tempo e o espaço, e em Seu poder e sabedoria, torna evidente que Lhe é possível
exercer providência universal, e que devemos atribuir à capacidade
muito limitada de nossa compreensão todas as dificuldades e contradições
aparentes que para nós parecem achar-se envolvidas em semelhante providência.
2a. A sabedoria infinita de Deus certifica que Ele tinha em vista certa finalidade
quando criou o mundo, e que não deixará de empregar os melhores meios para
alcançar esse fim em todas as suas partes.
3a. Sua bondade infinita torna certo que Ele não deixará Suas criaturas sensíveis
e inteligentes entregues aos laços de um destino mecânico e cego; nem que as
Suas criaturas religiosas sejam isoladas dEle, sendo que a sua vida mais elevada
consiste na comunhão com Ele.
4a. Sua retidão infinita garante que Ele continuará a governar, recompensar e
punir as criaturas que Ele fez sujeitas a obrigações morais.
benéficos. E, assim como o espírito que tem o desígnio não pertence a nenhum
dos elementos, é evidente que tampouco pertence à reunião de todos eles. Só
pode pertencer a um Deus pessoal, presente, totalmente sábio e todo-poderoso,
que dirige e governa todas as coisas pelo exercício presente do seu
poder inteligente nas criaturas e por intermédio delas. ;
Jó 9:5,6; 21:7-9; 37:6; Sal. 104:14; 135:5-7; 147:8-18; 148:7,8; Atos 14:17.
17. Como se prova pelas Escrituras que a providência divina se estende aos
quefazeres gerais dos homens?
1 Crôn. 16:31; Jó 12:23; Sal. 10:12-15; 47:7; 116:7; Prov. 21:1; Dan. 2:21;
4:25. •
18. Como se mostra pelas Escrituras que as circunstâncias dos indivíduos são
dirigidas por Deus?
1 Sam. 2:6; Sal. 18:30; Prov. 16:9; Is, 45:5; Luc. 1:53; Tia. 4:13-15.
19. Como se prova que os eventos por nós considerados fortuitos estão sob a
direção de Deus?
Io. Chamamos fortuito o evento cujas causas próximas, quer por serem muito
complexas, quer por serem muito sutis, escapam à nossa observação. Todos os
eventos dessa natureza, porém, como, e.g., a queda de uma folha, acham-se
ligados ao sistema geral - tanto por seus antecedentes como por
suas conseqüências.
20. As Escrituras afirmam o fato - Ex. 21:13; Jó 5:6; Sal. 75:6,7; Prov. 16:33.
20. Que distinção se tem feito entre providência geral e providência particular, e
qual é a doutrina verdadeira?
A maioria dos homens admite que Deus exerce uma providência geral diretora
sobre os quefazeres humanos, dirigindo o seu curso geral e determinando os
grandes e importantes eventos, mas considera supersticiosa e derrogatória da
sublime dignidade e grandeza de Deus a concepção segundo a qual Ele Se
importa com todos os pormenores triviais. E muitos outros, cujas idéias sobre
este ponto não são muito claras, nutrem esse mesmo sentimento, julgando
praticamente do mesmo modo todos os eventos em sua relação à providência
divina.
uma especial não podem ser dois diversos modos de operação divina. A mesma
administração providencial é necessariamente ao mesmo tempo geral e especial,
porque se estende igualmente e sem exceção a todos os eventos e a todas
as criaturas do universo. Uma providência geral é especial porque consegue
resultados gerais pela direção de todos os eventos, grandes e pequenos, que
contribuem para esses resultados; e uma providência especial é geral porque
dirige especialmente iodos os seres e todas as ações individuais em todo o
universo. Iodos os eventos acham-se de tal modo relacionados uns com os outros
como um sistema encadeado de causas, efeitos e condições, que uma
providência geral que não seja ao mesmo icmpo especial não é mais concebível
do que o é um todo que uao tenha partes ou uma corrente que não tenha elos.
Io. As ações livres dos homens são causas potentes com influência sobre o
sistema geral das coisas exatamente do mesmo modo como se dá com todas as
outras classes de causas, c, por conseguinte, segundo o princípio indicado na
resposta à pergunta anterior, devem estar sujeitas a Deus, ou, de outro modo, ser-
Lhe-á impossível qualquer forma de providência.
2°. As Escrituras afirmam esta verdade - Ex. 12:36; 1 Sam. 24:9-15; Sal.
33:14,15; Prov. 16:1; 19:21; 20:24; 21:1; Jer. 10:23; bil. 2:13.
Devemos estar lembrados, porém, de que, embora uma causa material possa ser
analisada e decomposta na interação mútua de dois ou mais corpos, a alma
humana age espontaneamente, isto é, gera ação. E também de que a alma,
em todos os seus atos voluntários, é determinada por seus próprios desejos e
disposições predominantes.
Quando, pois, as Escrituras atribuem a Deus todas as boas ações dos homens,
isso não quer dizer, Io. que Ele as cause, nem, 2o. que Ele determine o homem a
praticá-las independentemente da livre vontade do mesmo homem; e sim
que Deus opera de tal modo sobre o homem, de dentro e espiritualmente, e por
fora, por meio de influências morais, que produz a disposição livre e boa. Ele
opera primeiro em nós o querer, e então também o fazer a Sua boa vontade.
As Escrituras ensinam:
Io. Que as ações más dos homens estão sob a direção eficaz de Deus no sentido
de que elas só são praticadas com a Sua permissão e segundo o Seu propósito -
Gên. 37:28; 45:5; 50:20. Confira 1 Sam. 6:6; Êx. 7:13; 14:17; Is. 46:4;
Atos 2:23; 3:18; 4:27,28; 2Tess. 2:11.
2o. Susta e dirige eficazmente o pecado - Gên. 50:20; Sal. 76:10; Is. 10:15.
4o. Deus nem causa nem aprova o pecado. Tão-somente o permite, o dirige, o
restringe, o limita, o governa. O homem, agente livre, é a única causa
responsável e culpada dos seus próprios pecados.
Io. Quanto ao começo do pecado. (1) Deus o permite livremente. Mas essa
permissão nem é moral, isto é, embora o permita, não o aprova nunca; nem
meramente negativa, isto é, Ele não concorda simplesmente com o resultado,
mas determina positivamente que, para certos fins sábios e santos, seja permitido
aos maus homens que ajam segundo suas naturezas más - Sal. 81:12; Atos
4:27,28. (2) Abandona os que pecam, ou tirando-lhes a graça de que abusaram,
ou não lhes dando mais. Esse abandono pode ser (a) parcial, para provar
o coração do homem - 2 Crôn. 32:31, ou (b) corretivo, ou (c) penal - Jer. 7:29;
Rom. 1:24-26. (3) Deus ordena as circunstâncias providenciais de modo que a
maldade inerente aos homens se manifeste como Ele determinou permitir que
o faça - Atos 2:23; 3:18. (4) Deus entrega os homens a satanás, (a) como
tentador - 2 Tess. 2:9-11, ou (b) como atormentador - 1 Cor. 5:5.
2o. Quanto ao progresso do pecado, Deus limita a sua intensidade, a sua duração
e a sua influência sobre outros. Isso Ele efetua tanto por influências internas
sobre o coração, como pela direção das circunstâncias externas - Sal. 76:10.
25. Em que três classes gerais se pode dividir todas as teorias quanto ao
governo providencial de Deus?
Esta teoria supõe que, quando Deus criou o universo, dotou todos os diversos
elementos materiais e espirituais de suas propriedades e forças respectivas, que
depois as reuniu em certas combinações e proporções, e assim os tornou
sujeitos a certas leis gerais. O mundo é assim uma máquina cujas diversas peças
o Criador calculou de tal modo qúe ela efetua agora de per si todos os propósitos
que o Criador teve em vista. Tendo-lhe dado corda, Deus deixou o mundo
entregue a si próprio. Deus é a Causa primária no sentido de ser a primeira de
uma série interminável de causas que se afastam cada vez mais da sua origem.
Alguns filósofos limitam este mecanismo rijo ao mundo físico e consideram a
vontade livre dos homens como um fator absolutamente indeterminado
compreendido no mecanismo geral do mundo. Mas a maioria dos que
adotam esta teoria mecânica nega a liberdade do homem e o considera como um
dos elementos cósmicos não essencialmente diferente dos demais.
Portanto, todas as intervenções providenciais e todos os milagres seriam
impossíveis. Supor que há necessidade de semelhantes intervenções seria supor
que houve algum defeito radical na obra criadora de Deus - que era incapaz de
precalcu-lar todas as combinações necessárias, ou então, que era incapaz de
produzir uma máquina que trabalhasse por si mesma. Diz o professor Baden
Powel: “E derrogante ao poder e à sabedoria infinitos a suposição de que a
ordem de coisas foi estabelecida tão imperfeitamente que se torna necessário de
vez em quando interrompê-la e violá-la”. E Theodore Parker diz: “Os
homens servem-se de expedientes precários; mas o Infinito não lança mão de
artifícios e subterfúgios: não há caprichos em Deus, e,
27. Como se pode demonstrar que esta teoria éfalaz? 'r-?: »>'
Io. Está em oposição ao ensino claro da Palavra de Deus, exposto nas respostas
às perguntas 15-21. 2o. É essencialmente irreligiosa e materialista. Deixa de
reconhecer que a educação e a disciplina de agentes inteligentes e livres é o
grande fim ao qual está adaptado o universo como um sistema de meios. Separa
de Deus as almas dos homens, torna irrisória a oração, impossível a revelação, a
responsabilidade moral em preconceito, e a religião em ilusão. 3o. Baseia-se
numa idéia antropomórfica de Deus, antropomórfica e nimiamente mesquinha.
Concebe o universo simplesmente como um sistema mecânico de causas e como
se tivesse com Deus a mesma relação que uma máquina humana tem com o
seu fabricante, que está necessariamente fora da sua obra. Deixa inteiramente -
(1) De apreender a imanência do Criador na criação como espírito onipresente e
sempre ativo e diretor, como agente pessoal, que faz leis operando segundo leis
com o fim de efetuar propósitos por Ele escolhidos; (2) De apreender a
verdadeira natureza do universo em relação aos seus fins supremos como
sistema moral estabelecido com a intenção de instruir e desenvolver agentes
morais, livres e pessoais, criados à imagem de Deus.
Parece necessário, porém, que em conexão com um sistema geral de meios e leis
haja ocasionalmente exercícios diretos de poder, não só “no princípio, para criar
causas
28. Que classes de filósofos têm real ou virtualmente negado a eficácia das
causas secundárias?
quanto sabemos que ocorre na alma humana é uma série de exercícios ligada a
um fio obscuro de consciência. Deus é a causa real, criando em cada momento
cada um desses exercícios em suas sucessões, tanto os maus como os bons, do
mesmo modo como um músico produz num instrumento de sopro as notas
sucessivas, à Sua vontade.
E evidente que esta teoria admite que Deus conserva as essências e as forças
ativas de todas as coisas, mas, por omissão, nega virtualmente todo real governo
providencial. Segundo ela, Deus criou e conserva todas as coisas, e estas, por
sua vez, operam espontaneamente e sem Sua direção eficaz, conforme a sua
natureza e as suas tendências.
Esta frase exprime um ato de Deus em que Ele coopera com a criatura no ato
dela, como concausa, na produção do ato como entidade. Nesta teoria, e na
oposição ao “CONCURSUS geral e indiferente” acima explicado, concordaram
os discípulos de Tomaz de Aquino na igreja romana e todos os teólogos
luteranos e reformados. Ainda restava, porém, como ponto difícil e
de divergência, a questão a respeito de quem é o fator determinante nessa
causalidade dual. Seria Deus quem determina a criatura em todos os casos a agir,
e a agir do modo como age e não de outro modo, ou seria a criatura que se
determina a si mesma?
Quanto à liberdade do homem, diziam - Io. Que é um mistério. 2o. Que os dois
fatos, (a) de que a ação humana é livre, e (b) de que Deus dirige eficazmente
essa ação, são claramente revelados nas Escrituras, e por isso não podem deixar
de ser conciliáveis, quer isso nos seja possível quer não. 3o. Alegavam qut
omodus operandi desseconcursus divino varia segundo a natureza da criatura em
que atua, e que está sempre em perfeita conformidade com a natureza dessa
criatura e com
os seus modos de ação. “Desde que, pois, a Providência não concorre com a
vontade humana, nem por via de coação, obrigando uma vontade que não o
queira, nem por via de determinação física, como se fosse coisa brutal e cega,
sem juízo algum, e sim racionalmente, dirigindo a vontade de uma maneira
congruente com ela, para que se possa determinar a si mesma, segue-se que,
achando-se a causa próxima da ação de cada homem no juízo da sua própria
inteligência e na escolha espontânea da sua própria vontade, a Providência
não constrange a liberdade de ninguém, mas antes a sustém” -Turretino, L. 6,
perg. 6.
“Moveri voluntarie est moveri ex se, i.e., a princípio intrínseco. “Sed illud
principium intrinsecum potest esse ab alio principio extrinseco. Etsic moveri
exse non repugnatsi, quod move-tur ex alio. Illud quod movetur ab alio dicitur
cogi, si moveatur contra inclinationem propriam; sed si moveatur ab alio quod
sibi datpropriam inclinationem, non dicitur cogi. Sic igitur Deus movendo
voluntatem non cogit ipsam, quira dat ei ejus propriam inclinationem” - Tomaz,
vol. 1, págs. 105,4, citado por Dr. Charles Hodge.
34. Até onde as Escrituras nos oferecem algum ensino acerca da natureza do
governo providencial de Deus?
Nada absolutamente explicam quanto à maneira pela qual Deus exercita a Sua
agência, mas afirmam explicitamente, e em toda parte postulam, o fato de que
Ele governa todas as Suas criaturas e todas as ações delas, e também expõem
muitas das características desse governo.
Afirmam que:
7o. As Escrituras ensinam que é impossível que a maneira pela qual Deus
executa o Seu governo providencial não seja conciliável com as Suas próprias
perfeições, porque Deus “não pode negar-se a si mesmo” - 2 Tim. 2:13.
8o. E também congruente com a natureza de toda criatura sujeita a esse governo,
porque todos os agentes livres continuam livres e igualmente responsáveis.
9o. As Escrituras ensinam também que, no caso das boas ações dos homens,
Deus dá a graça e o motivo, e coopera nos atos desde o princípio até ao fim - Fil.
2:13. E, no caso das más ações dos homens, permite-as simplesmente, restringe-
as, e domina sobre elas para a Sua própria glória e o bem supremo da criação.
A origem e a permissão do mal moral são um mistério que não sabemos explicar.
2o. Que nas suas relações atuais com o mal moral, como corretivo e punitivo, a
existência do mal físico é justificada tanto pela razão quanto pela consciência
como perfeitamente digna de um Deus sábio, reto e misericordioso.
Io. Cada agente moral neste mundo recebe mais bens e menos males do que
merece.
mais igualmente neste mundo do que a princípio parece num exame superficial.
3o. Como regra geral, a virtude é recompensada e o vício é punido mesmo neste
mundo.
dunameis, obras de poder sobre-humano; e (3) semeia, sinais, João 2:18; Mat.
12:38. Essa última designação exprime o seu verdadeiro fim, que é o de serem
“sinais”, impossíveis de imitar ou falsificar, de que alguém foi comissionado e
autenticado por Deus para ser mestre religioso e ensinar sua doutrina.
O milagre é (1) um evento-que sucede no mundo físico e que pode ser notado e
discriminado com certeza pelos sentidos corporais de testemunhas humanas (2)
de caráter tal que não possa ser referido racionalmente a nenhuma causa que não
seja a volição imediata de Deus, (3) essa volição acompanhando um mestre
religioso com o fim de autenticar a sua comissão divina e a veracidade do seu
ensino.
que o efetuam. A vontade humana não viola nenhuma lei quando opera, e não
aniquila nenhuma força; simplesmente combina em condições especiais diversas
forças naturais, e interpõe na soma das concausas uma concausa nova - a
volição humana.
Quando Eliseu “cortou um pau, e o lançou ali, e fez nadar o ferro” - 2 Reis 6:6,
não foram mudados os pesos específicos nem do ferro nem da água, nem foi
suspensa a lei da gravitação. O milagre consistiu unicamente na interposição, por
uma volição divina, de uma nova força transitória, igual à diferença dos pesos
específicos da água e do ferro, e agindo no sentido oposto ao da gravitação. Isso
é exatamente análogo à ação da vontade humana sobre objetos físicos - com esta
exceção - a vontade do homem atua sobre objetos exteriores só indiretamente,
mediante o mecanismo de seu corpo, e diretamente só sobre os seus músculos
voluntários; enquanto que a vontade de Deus opera diretamente sobre todos os
elementos do mundo que Ele criou. E poder-se-ia mostrar que aquilo que é
realmente verdade neste milagre simples, também o é nos mais complexos,
como,e.g\, a ressurreição de Lázaro, se tivéssemos conhecimento suficiente da
química e da fisiologia da vida humana.
John Stuart Mill (Essay on Theism, Parte 4) diz: “Pode-se dizer que “o poder da
volição sobre os fenômenos é também uma lei, e uma das leis da natureza de que
os homens adquiriram primeiro o conhecimento e de que primeiro se
serviram... Só não é uma exceção à lei a interferência da vontade humana no
curso da natureza quando incluímos entre as leis a relação de motivos para a
volição; e, segundo a mesma regra, a interferência da vontade divina não seria
tampouco uma exceção, porque não podemos deixar de supor que a Deidade, em
todos os Seus atos, é determinada por motivos”. A analogia alegada é boa; mas o
que ela prova é só o que tenho sustentado desde o princípio - que se poderia
provar a interferência divina no curso da natureza se tivéssemos a seu favor a
mesma espécie
de provas que temos a favor das interferências humanas”.
É um fato que o universo físico inteiro forma um só sistema, e que, como se acha
ajustado atualmente, está num estado de equilíbrio tão delicado que a adição ou a
subtração de um só átomo em qualquer parte perturbaria esse equilíbrio no
sistema inteiro. Uma perturbação, por um minuto que fosse, ab extra - a entrada
de um agente não pertencente ao sistema das coisas, seria destrutiva para o todo.
E evidente que esta objeção teria peso, se o universo material fosse um todo
exclusivo por si só, e se não estivesse em relação constitucional com Deus.
Todavia, se Deus e a criação juntos formam um todo - um completo universo
de coisas - então a objeção é absurda. A soma das atividades de Deus é o
necessário complemento da soma das atividades de todas as Suas criaturas, e só
assim é que o equilíbrio é mantido.
Também é evidente que a vontade de Deus não está fora da soma das coisas que
constituem o universo mais do que o está a vontade do homem. E o homem está
constantemente modificando a natureza em extensas áreas, e cada momento está
fazendo a sua vontade atuar ab extra, como nova concausa, sob as leis físicas do
universo, dando-lhes novas direções e novas condições.
Esse argumento teria força se o desígnio dos milagres fosse o de remediar dessa
maneira qualquer defeito que porventura se houvesse descoberto no universo
físico. Contudo, com isso nenhum cristão jamais sonhou.
Segue-se que a suprema essência de toda lei é o propósito eterno de Deus. Não
ocorreu nenhuma intervenção miraculosa em conseqüência de um pensamento
posterior. Um só ato eterno de volição absolutamente inteligente abrangeu o
sistema inteiro de seres e eventos em todo o espaço e em toda a
duração, instituindo ao mesmo tempo todos os fins, meios e métodos, os
necessários e os livres, os físicos e os morais, os atos das criaturas em obediência
à lei e as intervenções do Criador impondo a lei.
Io. Milagre, segundo a definição acima, é “um evento que sucede no mundo
físico, capaz de ser notado e discriminado com certeza pelos sentidos corporais”.
Os milagres bíblicos, particularmente os mais importantes deles, preenchem
essa condição, pois foram realizados (1) à clara luz do dia, (2) em ocasiões
diferentes, (3) em circunstâncias muito diversas, (4) na presença de muitas
testemunhas e (5) sujeitos ao exame de diversos sentidos - a vista, o ouvido, o
tato - corroborando-se mutuamente. .
3o. E necessário, em terceiro lugar, que o milagre seja “de caráter tal que não
possa ser referido racionalmente a nenhuma causa que não seja a volição
imediata de Deus”.
Aqui se tem objetado que nunca podemos ter a certeza de que um evento é
realmente um milagre, mesmo que o seja, porque - (1) Nenhum ser humano
conhece todas as leis da natureza, nem sabe onde está exatamente a linha de
separação entre o natural e o sobrenatural. Aquilo que é novo e inexplicável é
relativamente sobrenatural, isto é, é incapaz de ser por nós reduzido às categorias
da natureza. (2) Os maus espíritos muitas vezes realizaram obras sobrenaturais -
e, por conseguinte, é-nos impossível determinar se em qualquer caso dado a
causa do evento é ou não uma volição direta de Deus.
RESPONDEMOS: Io. Quanto ao que diz respeito aos espíritos maus, o reino de
satanás é fácil de reconhecer por seu caráter. Nunca se deve reconhecer como
milagre um evento isolado. O homem, sua doutrina e sua relação com o
sistema de revelações e intervenções miraculosas do passado, serão em todos os
casos suficientes para se poder discriminar um verdadeiro de um falso. 2o.
Quanto ao que diz respeito à questão de determinar com certeza quais os efeitos
que transcendem as forças da natureza, temos a dizer - (1) Que há certas
classes de efeitos a cujo respeito é impossível que alguém duvide,e.g., a
ressurreição de Lázaro e a multiplicação de pães e peixes; podemos estar em
dúvida quanto aos limites exatos do sobrenatural - mas não se pode errar quanto
àquilo que tanto excede os limites do natural. (2) Esses efeitos foram
produzidos há dois mil anos, em época não científica e por indivíduos sem
instrução. (3) Foram produzidos repetidas vezes,por simples palavras, sem
emprego de outros meios, e em diversas condições físicas. (4) As obras eram
divinas em seu caráter, e as ocasiões eram
dignas delas; nos mestres religiosos e nas suas doutrinas viam-se provas
espirituais corroborativas dos milagres que realizaram, e estes ocupam lugar
apropriado no sistema inteiro da revelação de Deus.
A Constituição da Alma, a Vontade, a Liberdade, etc.
É óbvio que, para que se entenda bem a natureza do pecado, original e atual, da
influência da graça divina e da mudança operada na alma regenerada, é
necessário que se tenha algum conhecimento das faculdades constitucionais da
alma, e especialmente daquelas questões psicológicas e metafísicas que são
inseparáveis das discussões teológicas.
2. Que princípio geral é necessário ter sempre em mente quando se trata das
diversas faculdades da alma humana?
2o. As emocionais. Esta classe abrange todos os sentimentos que de algum modo
acompanham o exercício das outras faculdades. ■
3o. A vontade.
4. Que é a vontade?
6. Que é a consciência?
Os juízos morais dos homens, assim como todos os nossos juízos intuitivos, são
dignos de confiança somente quando
11. Como se demonstra que os atos do intelecto podem ter caráter moral?
necessário que ele seja um agente livre, moral e racional (veja a resposta à
pergunta antecedente). Veja: Io. E necessário que esteja de posse real da sua
razão, para distinguir a verdade da mentira. 2o. Que tenha em operação um senso
moral para distinguir o bem do mal. 3o. Que sua vontade, em suas volições ou
atos executivos, tenha capacidade real de autodecisão, isto é, seja determinada
por seus próprios afetos e desejos espontâneos. Faltando qualquer destes
requisitos, o homem está louco e não é nem livre nem responsável.
2o. Quanto à sua infalibilidade. No ato pelo qual a consciência julga estados ou
atos morais acha-se envolvida a ação conjunta do entendimento e do sentido
moral. O entendimento é sempre falível, especialmente quando afetos e desejos
depravados influem em sua ação. Assim, de fato, a consciência está
constantemente dando decisões errôneas, devido a um mau juízo dos fatos e
relações do caso, e esse juízo errôneo pode ser causado por uma propensão
egoística, sensual ou maligna. Daí existirem consciências enganadoras,
como também consciências latentes. Apesar disso, porém, o sentimento de que
há uma distinção entre o bem e o mal é uma lei eterna para o próprio ser moral, é
indestrutível mesmo nos corações mais depravados, e assim como não pode
ser destruído tampouco pode ser mudado. Quando despertado para agir, e não
sendo enganado quanto ao verdadeiro estado do caso em foco, sua linguagem é
sempre a mesma. Veja McCosh, Divine Government, Livro 3, Cap.2, Sec. 6, e
Dr. A. Alexander, Moral Science, Caps. 4 e 5.
Este ponto é de grande importância, porque é aqui que muita filosofia falsa
perverte muitas vezes a verdade, e porque esta é a única teoria, quanto ao bem
moral, que está em conformidade com a doutrina bíblica de recompensas
e castigos, e sobretudo com a da propiciação realizada por Cristo.
Vicioso, porém, é o caráter em que esses estados e atos da vontade não estão em
harmonia com a lei divina.
Devemos estar lembrados de que o fato de que alguém tem uma consciência que
aprova o bem e condena o mal, e de que ele experimenta emoções mais ou
menos vivas e penosas ou agradáveis quando condena ou aprova, não torna o
caráter
Respondemos explicando:
Io. Que, sendo espírito, origina ação. A matéria age só na medida em que se atua
sobre ela. O homem age por sua própria força ativa.
2o. Que, embora seja possível obrigar um homem, pelo medo, a determinar-se a
fazer e também a fazer efetivamente muitas coisas que não se determinaria a
fazer nem faria de fato se não fosse o medo, contudo, nunca poderá ser forçado
a determinar-se no sentido em que ele mesmo não queira determinar-se, à vista
de todas as circunstâncias do caso Qte never can be made to will what he does
not himself desire to will -literalmente: ele nunca poderá ser levado a querer o
que ele próprio não deseja querer).
3o. Que ele é dotado de uma razão para distinguir entre o verdadeiro e o falso; e
de uma consciência, órgão de uma lei moral inata, para distinguir entre o bem e o
mal, para que os seus desejos não somente sejam racionais, mas também retos.
H, contudo, os seus desejos não são necessariamente nem racionais nem retos,
porém se formam sob a luz da razão e da consciência, ou de conformidade com
elas ou contrários a elas, segundo as disposições permanentes e habituais do
homem, isto é, segundo o seu caráter.
18. Como se pode mostrar que este atributo da natureza humana é
inalienável?
Segue-se que as volições são livres por sua própria essência, quer o agente
determinando ou o ato determinado seja de bom senso quer não o seja, quer seja
bom quer mau.
A liberdade consiste em poder um agente determinar-se como lhe apraz, por ser
a volição determinada somente pelo caráter do agente determinante. A
capacidade consiste em poder um agente mudar seu próprio estado subjetivo,
fazer-se preferir aquilo que não prefere, e agir num dado caso em oposição aos
desejos e preferências coexistentes do coração e do próprio agente.
da Queda como o era antes dela, porque se determina como apraz ao seu mau
coração. Entretanto perdeu toda a capacidade de obedecer à lei de Deus, porque
o seu mau coração não está sujeito a essa lei, nem pode o homem mudá-lo.
Turretino, L. 10, Qutes. 1- “Achando-se na alma só três coisas junto com sua
essência, a saber, faculdades, hábitos e atos, a vontade (arbitrium) é comumente
considerada como um ato da mente; mas aqui não significa propriamente nem
um ato nem um hábito que se possa separar do homem individual e que o
determina também no sentido de uma de pelo menos duas coisas contrárias;
porém significa uma faculdade, todavia não uma faculdade vegetativa ou sensual
e comum a nós e aos irracionais, na qual não haveria lugar nem para a virtude
nem para o vício, e sim uma faculdade racional, cuja posse certamente não nos
torna nem bons nem maus, mas por meio de cujos estados e ações somos
capazes de nos tornar ou bons ou maus.”
Io. Um motivo para agir pode ser alguma coisa que se acha fora da alma, como
sejam o valor do dinheiro, os desejos de um amigo, a sensatez ou a insensatez, a
bondade ou a malvadez de um ato considerado em si mesmo, ou os apetites ou
impulsos do corpo. Neste sentido é evidente que os homens nem sempre agem
segundo o mesmo ou o melhor motivo. Aquilo que atrai uma pessoa pode repelir
outra, ou a pessoa pode repelir a força atrativa de um motivo externo pela
força superior de alguma consideração tirada de dentro da própria alma. Assim,
pois, é verdadeiro o dito: “É o homem que faz o motivo, não o motivo que faz o
homem”.
exterior; ou seja, motivo no primeiro sentido. E evidente que este motivo interno
influi necessariamente na volição, e igualmente evidente é o fato de que isso de
modo algum torna o homem menos livre em sua autodeterminação, porque
o motivo interno é nada mais que o homem mesmo desejando ou recusando,
segundo a sua própria disposição ou o seu caráter.
23. Não seria possível que haja ao mesmo tempo na mente diversos desejos ou
motivos internos contrários? E, quando é este o caso, como fica determinada a
vontade?
incerteza quanto ao seu ato, e sim no fato de que a sua alma inteira, como agente
indivisível, inteligente, sensitivo e moral, determina seus próprios atos como lhe
apraz.
Io. Deus, Cristo e os santos na glória são todos eminentemente livres nas suas
santas volições e ações e, contudo, nada pode haver de mais certo do que o fato
de que eles, durante toda a eternidade, determinar-se-ão segundo a retidão.
2o. O homem é agente livre, contudo é certo que, desde o nascimento de uma
criança, se continuar a viver, pecará.
3o. Deus, desde a eternidade, previu como certas todas as ações livres, e as
preordenou, ou tornou-as certas. Nas profecias predisse muitas delas como
certas. E na regeneração Seu povo torna-se “feitura sua, criados em Cristo Jesus
para as boas obras, as quais Deus preparou (proetoimasen, preparou com
antecedência, preordenou) para que andássemos nelas”.
A verdadeira teoria da certeza moral, porém, é que a alma é uma unidade; que a
vontade não se determina a si mesma, mas é o homem que, quando determina,
determina-se a si mesmo; e que sua volição é determinada com certeza
pelo estado interno, racional, moral e emocional, tomado como um todo, em que
o homem está no momento em que se determina.
Io. Que o caráter do agente determina com certeza o caráter de suas ações livres,
e que a certeza de um ato não é incompatível com a liberdade do agente que o
pratica. Veja acima, Perg. 12.
27. Por que o homem é responsável por suas ações externas, por suas volições e
por seus afetos e desejos? Como se prova que ele é responsável por seus afetos?
O homem é responsável por suas ações externas por serem determinadas por sua
vontade; é responsável por suas volições por serem determinadas pelos
princípios, sentimentos e desejos do próprio homem; e é responsável por seus
princípios, sentimentos e desejos por causa da sua natureza de bons ou maus,
e porque são dele e constituem o seu caráter.
As Escrituras ensinam e é o juízo universal dos homens que “o homem bom tira”
ou produz “ boas coisas do seu bom tesouro” e que “o homem mau do mau
tesouro tira coisas más”. Um ato deriva o seu caráter moral do estado do coração
do qual provém, e o homem é responsável pelo estado do seu coração, seja esse
estado inato, ou formado pela graça regene-radora, ou adquirido.
Io. Por causa da natureza obrigatória daquilo que é moralmente bom e por causa
do desmerecimento do pecado.
2o. Porque os afetos e desejos do coração do homem são ele mesmo amando ou
recusando aquilo que é bom. É opinião de todos que um homem profano ou
malévolo merece desaprovação, seja qual for a causa que o leva a ser assim.
Diz ele: “A esta máxima segundo a qual somos responsáveis por nossas más
volições, disposições ou natureza, seja qual for o modo pelo qual as obtivemos,
contanto que as possuamos realmente, nós (os merodistas) opomos esta
outra máxima segundo a qual,para que um agente seja responsável por qualquer
ato ou estado, é necessário que tenha poder de praticar o ato contrário ou de
produzir o estado contrário. Noutras palavras, o poder é a base da
responsabilidade”. A única limitação que ele admite é o caso de uma
incapacidade produzida voluntariamente pelo próprio agente. Esta, acrescenta
ele, é uma máxima fundamental segundo a qual se deve decidir todos os
pontos em discussão entre o arminianismo e o calvinismo.
29. Como se pode mostrar que essa teoria arminiana leva a conseqüências
incompatíveis com o evangelho, e que a teoria calvinista é verdadeira?
O Dr. Whedon admite que Adão, depois da sua queda, perdeu toda a capacidade
de obedecer à lei de Deus, e que era responsável por essa incapacidade e por
todas as suas conseqüências, porque, tendo sido criado com plena
capacidade, perdeu-a por seu próprio ato livre. Admite também que cada filho de
Adão nasce com uma natureza corrompida e destituída de capacidade de
obedecer à lei de Deus. Nega, porém, que uma criança seja responsável ou
punível por essa incapacidade ou por qualquer ação pecaminosa que dela resulte,
porque veio sobre ela, sem culpa da sua parte, pelo pecado de Adão. A
Io. Que a salvação alcançada para nós por Cristo não foi obra da graça livre, e
sim uma compensação tardia e incompleta concedida aos homens pelos males
imerecidos que em conseqüência do pecado de Adão vieram sobre eles
ao nascerem.
3o. Não sendo responsáveis pela culpa original, e por isso não puníveis, os que
morrem na infância vão para o céu em virtude do seu direito natural. ;
Sustentamos, pelo contrário, que todo homem, a não ser que seja um louco, é
responsável pelos seus afetos, desejos e disposições morais, seja qual for a sua
origem; e que este é um fato final da consciência, confirmado pelas Escrituras e
pelo juízo universal dos homens. Um ato deriva seu caráter moral do estado do
coração de onde origina, mas o estado do coração não adquire do ato o seu
caráter moral; pois a qualidade moral do estado do coração lhe é inerente, e
responsabilidade moral
Assim é -
2o. Porque os afetos e desejos morais de um homem nada mais são do que o
homem mesmo amando ou aborrecendo a bondade. E opinião de todos os
homens que um indivíduo profano ou malévolo merece reprovação, sejam quais
forem as causas que o levam a ser assim. E o caráter e não a origem
da disposição moral do coração que é a questão verdadeira. Cristo disse: “O
homem bom do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau do mau
tesouro do seu coração tira o mal” - Luc. 6:45.
1. Como provar que a raça humana teve origem num ato direto , de criação da
parte de Deus? !
2:7.
2a. Esse fato acha-se implícito no abismo imensurável que separa o homem no
seu ínfimo estado brutal da ordem mais . próxima da criação inferior, indicando
uma superioridade 1 maravilhosa quanto às qualidades em que o homem e os
ani- i mais irracionais são comparáveis, e uma diferença absoluta de espécie
quanto à natureza intelectual, moral e religiosa do homem e à sua capacidade
para um progresso irrestrito. Mesmo o Prof. Huxley, que sustenta
temerariamente uma posição extrema a respeito das relações anatômicas do
homem para '■ com os animais inferiores, admite que quando se toma
em consideração a natureza superior do homem, existe entre ele e os irracionais
mais próximos “um abismo enorme, uma divergência imensurável e
praticamente infinita” - Primeval Man, de autoria do Duque de Argyle. :
3a. Está implícito no fato revelado nas Escrituras e realizado ; na história que o
homem estava destinado a exercer domínio i universal sobre todas as outras
criaturas e sobre o sistema da natureza. Não podia, pois, ser um mero produto da
natureza, um de uma série de entes coordenados.
3o. As pesquisas modernas têm trazido à luz uma soma imensa e sempre
crescente de provas de que a raça humana existia na terra muitos séculos antes
da data fixada para a criação do homem mesmo na cronologia deduzida do texto
da Septuaginta. As classes principais em que se pode dividir essas provas são as
seguintes:
raça humana e, por isso, devemos concluir que muitos séculos e também grandes
mudanças foram necessários para produzir tão grandes variações permanentes
nos descendentes de um só casal. O duque de Argyle diz muito bem:
“Exatamente na mesma proporção em que avaliamos a nossa fé na unidade
da raça humana, devemos estar prontos a aceitar quaisquer provas da sua
antigüidade. Quanto mais antiga se provar que a raça humana é, tanto mais
possível e provável será que ela descende de um só casal” - Primeval Man, pág.
128.
(2) A filologia, ciência que estuda em grande amplitude as línguas, prova que
em tempos muito remotos deviam ter vivido juntas e ter falado a mesma língua
as nações que agora falam línguas análogas, e que as nações e suas línguas
se dividiram no transcurso dos séculos em diversos ramos. Para se
desenvolverem, porém, tantos e tão diversos dialetos devem ter sido necessários
muitos e muitos séculos.
(3) A geologia, ciência que, entre outras coisas, estuda a origem, a formação e
as transformações sucessivas do globo terrestre, tem descoberto restos de corpos
humanos e de obras de arte humana em depósitos de aluvião e cascalho,
enterrados fundo, e em cavernas e covas, junto com os restos de animais de
espécies desde há muito extintas, o que prova suficiente' mente que, depois da
criação do homem, grupos inteiros de grandes quadrúpedes foram extintos; e
também que o clima da zona temperada do norte passou por uma
transformação revolucionária, e que a geografia física de todos os
países examinados a este respeito sofreu mudanças radicais depois de criado o
homem.
Ele afirma, por conseguinte, que a raça humana é um gênero, e que foi criado
originariamente em diversas variedades específicas. A mesma teoria é sustentada
com muita habilidade numa obra recente que tem atraído a atenção na
Inglaterra; tem por título - The Genesis ofthe Earth and of Man.
4o. O mesmo fato é indicado geralmente pela história e pela ciência chamada
filologia comparativa.
6o. E fato admitido universalmente pelos naturalistas que a união entre animais
de espécies diversas nem sempre é fértil, e que o produto de tal união raríssimas
vezes pôde propagar-se - talvez nunca! Entre os homens, porém, por maior
que seja a diferença nas variedades a que os pais pertencem, isso em nada influi
no número de seus filhos, e estes, por sua vez, podem propagar-se
indefinidamente.
Io. Na narrativa da criação - Gên. 2:7.0 corpo foi formado da terra e, então, Deus
insuflou no homem um sopro de vida, e assim ele se tornou alma vivente.
3o. Em toda a linguagem usual das Escrituras são postulados esses dois
elementos, e não são mencionados outros.
5. Como se pode expor a teoria daqueles que dizem que a nossa natureza
compreende três elementos distintos, e sua suposta base bíblica?
O uso que os apóstolos fizeram desses três termos prova somente que
empregaram palavras no seu sentido comum e popular para exprimir idéias
divinas. A palavra pneuma designa a alma, acentuando sua qualidade racional. A
palavra psychê designa a mesma alma, acentuando sua qualidade como o
princípio vital e animador do corpo. As duas são empregadas juntas para
designar em linguagem popular o homem por inteiro. . 1
Não pode ser doutrina do Novo Testamento qut pneuma e psychê sejam duas
coisas distintas, porque são trocadas habitualmente uma pela outra, sendo muitas
vezes empregadas indistintamente. Assim, a palavra psychê, como
também pneuma, é empregada para designar a alma como sede das faculdades
intelectuais e superiores - Mat. 10:28; 16:26; 1 Ped. 1:22. E assim também a
palavra pneuma é empregada, como igualmente a palavra psychê, para designar
a alma como o princípio animador do corpo - Tia. 2:26. Pessoas falecidas
são chamadas indistintamente psychai, Atos 2:27,31; Apoc. 6:9; 20:4;
tpneumata, Luc. 24:37,39; Heb. 12:23.
A imagem de Deus dizia respeito - Io. A espécie da sua natureza; 0 homem foi
criado semelhante a Deus um espírito livre, racional e pessoal. 2o. Foi criado
semelhante a Deus
Essa justiça original era natural no sentido (1) de que era a perfeição original da
natureza do homem como havia saído das mãos do Criador. Pertencia
originariamente a essa natureza, e (2) é sempre essencial à sua perfeição quanto
à qualidade. (3)
Teria sido propagada sempre se o homem não tivesse caído, do mesmo modo
como agora a depravação inata é propagada, por descendência natural. Por outro
lado, porém, não era natural no mesmo sentido em que a razão, a consciência e a
agência livre são elementos especiais criados para constituir alguém em homem
real. Como qualidade, é essencial à perfeição da natureza humana, mas como
elemento, não é essencial à realidade dessa natureza.
9. Como se prova que Adão foi criado santo no sentido explicado acima?
10. Como criatura moral, o homem foi criado à imagem de Deus - Gên. 1:27.
2o. Deus declarou que todas as Suas obras, o homem inclusive, eram muito boas
- Gên. 1:31. A bondade de uma obra humana consiste essencialmente em sua
adaptação ao fim proposto por quem a fez. A “bondade” de um agente moral não
pode consistir em outra coisa que não seja a conformidade da sua vontade à lei
moral. Indiferença moral em um agente moral já é da natureza do pecado.
3o. As Escrituras declaram que o homem foi criado santo - Ecl. 7:29.
Criação e Estado Original de Sua mãe foi chamado “o Santo” - Luc. 1:35.
Os pelagianos afirmam - Io. Que o homem pode com razão ser tido como
responsável só por suas volições não influenciadas; e 2o. Que se segue que é um
absurdo dizer que o homem tem um caráter moral anterior a qualquer ação moral
da sua parte; porque só é moral aquela disposição que se formou como costume
por meio da prévia ação da sua livre vontade não influenciada por nada; quer
dizer, é necessário que o homem escolha o seu caráter, ou não pode ser tido
como responsável por ele. ■ - r
Eles sustentam, pois, que quando o homem foi criado, sua vontade não somente
era livre, mas, além disso, seu estado era de equilíbrio moral, estando igualmente
disposta para a virtude e para o vício.
Os pelagianos afirmam: Io. Que Adão foi criado agente moral, porém sem
caráter positivamente moral; que era primeiro indiferente tanto para o bem como
para o mal e que Deus o deixara livre para formar seu caráter segundo
escolhesse, e sem que fosse influenciado por nada. 2o. Que agora todos os
homens nascem, quanto a todas as particularidades essenciais, no mesmo estado
moral em que Adão foi criado. 3o. Que o homem é mortal por natureza, e que a
mortalidade da raça humana não é conseqüência do pecado.
Admite que uma inclinação “criada” pode ser boa ou má, e, por isso, amável ou
odiosa, entretanto nega que no primeiro destes casos o agente possa ser com
razão recompensado ou no segundo castigado, por sua disposição, o caráter da
qual ele não determinou para si por prévias volições não influenciadas. Se Adão
tivesse formado para si um caráter santo, seria bom e digno de prêmio; e, tendo
formado para si um caráter mau, tornou-se mau e mereceu castigo. Mas os seus
descendentes são gerados com natureza corrompida sem culpa sua, e por isso são
maus e corruptos, porém não merecem castigo por causa disso.
12. Por que é que julgamos os homens responsáveis moralmente por disposições
inatas e concriadas?
Io. As crianças nascem com disposições e tendências morais muito diversas. Não
obstante, é juízo espontâneo e universal dos homens que os que são por natureza
malévolos, cruéis e falsos não somente merecem que sejam detestados por todos,
mas também que devem ser tidos como moralmente responsáveis por suas
disposições e ações.
3o. O presidente Edwards, em sua obra On the Will, Parte 4, § 1, diz: “A essência
da virtude ou do vício das disposições do coração e dos atos da vontade não está
na sua causa, e sim na sua naturezaE até João Wesley, arminiano como era,
disse, segundo citação feita por Ricardo Watson: “A santidade não consiste no
bom uso que fizermos de nossas faculdades, e sim no bom estado dessas
faculdades, na boa disposição da nossa alma. Levem isto com vocês, e não dirão
mais que Deus não podia criar o homem com justiça e verdadeira
santidade”...“Que é santidade? Não seria essencialmente o amor? E não
poderia Deus derramar esse amor em qualquer alma sem a concordância dessa
alma anterior ao seu conhecimento ou ao seu consentimento? E se Ele o fizer,
porventura o amor mudará de natureza? Deixará de ser santidade? Esse
argumento jamais poderá ser sustentado”.
vontade (ou o coração, veja Mat. 7:17-20 e 12:33) que torna o ato bom ou mau,
não o ato que torna esse estado bom ou mau. Os motivos pelos quais o homem
faz uma coisa podem ser muito bons, e, apesar disso, por ignorância ou loucura,
pode estar em grande erro quanto à natureza dessa coisa; contudo, se todas as
disposições e desejos que prevalecem no coração em qualquer caso dado forem
bons, a volição necessariamente será moralmente boa; se forem maus, a volição
será necessariamente má; se forem indiferentes, a volição será
forçosamente indiferente também. Isso mostra o absurdo das posições
acima indicadas. Se, como dizem os pelagianos, Adão foi criado com uma
vontade igualmente disposta para o bem e para o mal, seu primeiro ato não podia
ter caráter moral de nenhuma qualidade. E, não obstante, dizem que o primeiro
ato de Adão, que não tinha caráter moral, determinou o caráter moral do próprio
homem, e o de todos os seus atos e do seu destino para todo o tempo futuro. Se
isso fosse verdade, teria sido injusto da parte de Deus, porque envolve a
imposição de uma pena terrível por um ato que em si não foi nem bom nem
mau. Como teoria é absurda, visto que faz evoluir toda moralidade daquilo que é
moralmente indiferente.
Ricardo Watson, vol. 2, pág. 16, diz muito bem: “Em Adão aquela retidão da
qual emanaram boa escolha e bons atos, ou foi criada com ele, ou emanou de
suas próprias volições. Se se afirmar a última hipótese, seguir-se-á que Adão
determinou-se para o bem antes de ter um princípio de retidão - o que é absurdo;
se se afirmar a primeira hipótese, ficará estabelecido que ele foi criado em estado
de retidão, com aptidões e disposições para o bem”.
Essa teoria é toda construída sobre certas noções formadas apriori, e é contrária
à experiência universal. Se Adão foi criado sem caráter positivamente moral, e
se as crianças nascem assim
também, então as condições de uma agência livre, nesses supostos casos, devem
ser diversas das de uma agência livre, no caso de todos os homens e mulheres
adultos, cuja consciência é a única fonte de onde podemos recolher os
fatos necessários para deduzirmos deles alguns conhecimentos corretos a
respeito deste ponto. Todos os que têm pensado ou escrito sobre esta questão
estavam cônscios de que só pode existir liberdade sob as condições de um
caráter moral já formado. Mesmo que a teoria pelagiana fosse verdadeira,
nunca poderíamos ter certeza disso, porque nunca estivemos cientemente em tal
estado de indiferentismo. Nada mais é que uma hipótese imaginada para que os
interessados pudessem sair de uma dificuldade - dificuldade que é resultado do
fato de que o nosso poder de pensar é limitado. Veja Sir William Hamilton,
Discussions, pág. 587 etc.
Neander, Hist. Christ. Dogmas, pág. 180, afirma que esse foi o germe da
subseqüente doutrina medieval e romana sobre o estado original do homem.
Belarmino, De Gratia et Lih. Arbítrio, 1, cap. 6, diz: “Por estes testemunhos dos
Pais, somos obrigados a concluir que a imagem e semelhança não são iguais em
todos os aspectos, e sim que a imagem diz respeito à natureza, e a semelhança
às virtudes (perfeições morais); de onde se segue que Adão, por seu pecado,
perdeu a imagem mas não a semelhança de Deus”.
Veja abaixo, no fim deste capítulo, as doutrinas das diversas igrejas sobre este
ponto.
Io. Deus dotou o homem, em sua criação, dzdona naturalia, isto é, de todos os
poderes e faculdades naturais e constitutivos do corpo e da alma sem pecado, em
estado de inocência perfeita.
2o. Deus ajustou devidamente esses poderes uns aos outros, pondo os inferiores
na devida subordinação aos superiores. É a esta harmonia dos poderes que se
chamavajwmria - retidão natural.
3o. Havia, porém, pela própria natureza das coisas, nos apetites e paixões
inferiores, uma tendência natural para rebelar-se contra a autoridade dos poderes
superiores da razão e da consciência. Essa tendência em si não é pecado; torna-
se pecado somente quando a vontade consente nela, e ela se manifesta em algum
ato. Isso é concupiscência: não é pecado, mas é suprimento e ocasião para o
pecado.
4o. Para impedir a desordem que seria o resultado dessa tendência natural de se
rebelarem os elementos inferiores da constituição humana contra os superiores,
Deus concedeu ao homem o dom adicional, isto é os dona supernaturalia, ou
dons extraconstitutivos. Consistem na retidão ou justiça original, que era um
dom extraordinário, acrescentado à constituição do homem, por meio do qual ele
podia conservar na devida sujeição e ordem os seus poderes naturais
devidamente ajustados. Alguns dos teólogos romanos sustentam que esses dons
sobrenaturais foram concedidos ao homem imediatamente, em sua criação, no
mesmo momento em que lhe foram dados os seus poderes naturais. A opinião
geral, porém, e mais
coerente com essa doutrina, é que lhe foram concedidos depois, como
recompensa pelo bom uso dos seus poderes naturais. Veja Mohler, Symbolism,
págs. 117,118.
18. Como essa doutrina influi na teoria dos católicos romanos quanto ao pecado
original e ao caráter moral dessa concupiscência que permanece nos
regenerados?
Eles afirmam que o homem, por sua queda, perdeu somente os dons
acrescentados de “retidão original” (dona supernaturalia), enquanto que a
própria natureza humana em si, os dona naturalia, compreendendo todas as suas
faculdades constitutivas de razão, consciência, vontade livre (em que
eles incluem a “capacidade moral”) permanecem intactos. Assim, pois, o efeito
produzido pela Queda sobre a natureza moral do homem foi tão-somente
negativo. Os Reformadores o definiram como “falta da justiça original e
corrupção da natureza inteira”.
homem, criou-a à Sua imagem e semelhança: dotou-a com vontade livre, e de tal
modo ajustou todos os seus apetites e atividades que estivessem sempre sujeitos
ao domínio da razão. Acrescentou então o dom admirável de justiça original; e
depois deu-lhe o domínio sobre todos os demais animais”. Também Parte 2,
Cap.2, Perg. 42, e Parte 4, Cap.12, Perg. 3.
Sua vontade não era neutra, igualmente indiferente para o bem e o mal, mas
antes de Deus haver-lhes imposto a lei, tinham uma retidão natural, de modo que
não podiam nem desejar nem agir desordenadamente. Porque onde não há lei, aí
o uso mais livre da vontade não traz culpa -2: 24,10. Não sofre dúvida que, se o
primeiro homem não houvesse pecado, não teria morrido, porque a morte e
a pena do pecado. Mas daí não se pode inferir corretamente a imortalidade
(natural) do homem... Contudo, Deus teria conservado esta mortalidade em
imunidade perpétua da morte real, se o homem não tivesse pecado .
nem havia ainda sido sujeito a nenhuma ocasião para pecar; ao menos não é
possível afirmar que era certamente justo, porque não consta que por qualquer
motivo se houvesse abstido de pecar. No entanto, há quem diga que a justiça
original do primeiro homem consistia nisso, que possuía uma razão dominando
sobre seu apetite e seus sentidos e cobrindo-os, e que não havia divergência
entre eles. Mas isso dizem sem razão, porque o pecado cometido por Adão torna
evidente que seu apetite e seus sentidos dominaram sobre sua razão, e nem antes
disso havia perfeito acordo entre eles”.
Cathecismo Racov., Perg. 18: “Desde o princípio o homem foi criado mortal,
isto é, de modo que não só podia, em harmonia com sua natureza, morrer, como
também não podia fazer outra coisa senão morrer, se fosse deixado à sua
natureza, embora fosse possível que, em virtude de uma bênção divina especial,
fosse conservado sempre em vida”.
A Aliança das Obras
I > Juais os diversos sentidos em que a palavra aliança ou pacto im i ohi frio r
emprepada nas Escrituras?
•> 11,12
Nas frases teológicas “aliança das obras” e “aliança da giaça”, esse termo é
empregado no terceiro sentido acima mencionado, ou seja, no sentido de uma
promessa dependente de condições.
1°. Partes contratantes. 2o. Condições. Estas, numa aliança leita entre iguais
(pessoas/entidades) impõem-se e se obrigam mutuamente, mas numa
constituição soberana, imposta pelo (Iriador sobre a criatura, será melhor dizer
que essas “condições” são (1) promessas da parte do Criador, cujo
cumprimento depende de (2) condições que devem ser cumpridas pela criatura.
E (3) uma pena que será infligida se as condições não forem cumpridas.
3. Como se pode mostrar que a constituição sob a qual Adão foi posto por
Deus na sua criação pode com razão ser chamada aliança?
4o. A “pena”, para o caso de não se cumprirem as condições. “No dia em que
dela comeres, certamente morrerás” - Gên. 2:16,17.
Conf De Fé, Cap. 4 § 2; Cap. 7: § § 1 e 2; Cap. 19: § 1 .Cat. Maior, Perg. 20;
Breve Cat., Perg. 12.
Io. Apesar de ser uma constituição soberana imposta por Deus, não há motivo
algum para supor que Adão não se sujeitou a ela voluntariamente. Ele era uma
criatura santa, e o arranjo era muitíssimo vantajoso para ele.
2o. Chamamo-lo concerto ou aliança porque estas palavras são próprias para
exprimir uma promessa condicional feita a um agente livre.
I" liap sido chamada aliança da natureza, porque exprime M i 'llkj,'*: • que ■'
liomcm, no seu estado natural em que acabava <J« »gi * i iadn c d>. çQdi Dao
tinha caído, sustentava para com o y M.I.JHI i i iMvrrn.ulor do umverso. Foi
ajustado ao homem
' I' ui iiiln i liiiiuada aliança legal ou judicial porque a iu»i "iMiulis nu" ci a a i
onlonnidade perfeita à lei da absoluta I" i ii iuu» moral.
3" Tem sido chamada aliança das obras, porque suas i.’mi;i iicias estendiam-se
somente àquilo que o próprio homem fosse e fizesse.
4". K tem sido chamada aliança de vida, porque a promessa anexa a obediência
era a vida.
lira lambem, essencialmente, uma aliança fundada na graça, porque, embora seja
dever de toda criatura, como tal, servir ao Criador até onde lhe é possível, não
pode ser dever do Criador conceder à criatura, como alguma coisa devida, a i
omunhão conSigo, ou a exaltação à infalibilidade no seu poder moral, ou a
felicidade eterna e inalienável.
7. Quais eram as partes dessa aliança, e como se pode provar que Adão era
nela o representante de toda a sua descendência natural?
Io. Pelo paralelo traçado nas Escrituras entre Adão em sua relação para com os
seus descendentes, e Cristo em Sua relação
2o. Pelo fato de que a pena denunciada contra Adão, se desobedecesse, tem se
tornado efetiva no caso de cada um dos seus descendentes - Gên. 2:17; 3:17,18.
3o. Pela declaração bíblica de que o pecado, a morte e todo o mal penal vieram
sobre o mundo em conseqüência do pecado de Adão - Rom. 5:12; 1 Cor. 15:22.
Veja o Cap. 21, sobre “A Imputação do Pecado de Adão”.
8. Qual foi a promessa anexa à aliança?
2o. Esta verdade é ensinada claramente noutras passagens das Escrituras - Lev.
18:5; Nee. 9:29; Mat. 19:16,17; Gál. 3:12; Rom. 10:5.
Essa vida não era simplesmente a continuação da existência que Deus lhe dera
como agente moral falível, e sim um dom adicional de excelência moral infalível
e de felicidade inalienável, sob a condição de obediência durante um período de
provação.
2o. Porque o homem, assim como havia sido criado, era sujeito a pecar, e nesse
estado não podia haver felicidade permanente e segura, nem excelência muito
elevada.
4o. Porque os anjos que não abandonaram a sua habitação (Jud., vers. 6), foram
premiados com vida dessa natureza.
6°. Porque a vida que nos é oferecida no “Segundo Adão” c dessa natureza.
A prova da raça humana foi feita na pessoa de Adão no Jardim do Eden. Teve
como resultado a Queda, e, tornando-se dai por diante impossíveis as condições
da aliança, estando o homem incurso em sua pena, é impossível outra prova.
Os homens são agora por natureza filhos da ira.
10. Qual foi a condição dessa aliança? E por que foi escolhida como prova a
árvore da ciência do bem e do mal?
A obediência exigida pela lei como regra do dever é naturalmente perpétua. Mas
a exigência de obediência, feita pela lei como condição da aliança das obras, fora
limitada ao período da provação. A palavra “perpétua”, naConf. de Fé, Cap. 19,
§ 1, e Cat. Maior, Perg. 20, foi admitida sem dúvida por inadvertência.
No mesmo instante em que foi violada a lei, começou a operar a sua pena; mas,
em virtude da intervenção da dispensação da graça, o efeito pleno da sentença
fica suspenso durante a presente vida. Logo que o homem caiu, retirou-se dele o
Espírito de Deus, e ele tornou-se morto espiritualmente, mortal fisicamente, e
sujeito à sentença de condenação à morte eterna. .
Io. Pela natureza do homem como ser espiritual. “E a vida eterna é esta: que te
conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”
(João 17:3).* No
mesmo instante em que a alma separa-se de Deus, morre, torna-se sujeita à Sua
ira e maldição, e a pessoa inteira - corpo e alma - fica envolvida numa série sem
fim de más condições.
2o. As Escrituras declaram que o salário do pecado é a morte - Rom. 6:23; Ez.
18:4.
A natureza dessa morte é determinada - (1) Pela narração dos efeitos produzidos
em nossos primeiros pais,e.g., vergonha por se reconhecerem nus, medo,
alheação de Deus, incredulidade, e, depois de algum tempo, a dissolução do
corpo, etc. (2) Pela percepção experimental dos seus efeitos nos
seus descendentes, e.g., corrupção da natureza, mortalidade do corpo, as misérias
da vida, segunda morte.
Io. A palavra morte é empregada nas Escrituras, não para exprimir cessação da
existência, e sim uma certa condição má de existência - Apoc. 3:1; Ef. 2:1-5;
5.14; 1 Tim. 5:6; Rom. 6:13; 11:15; João 5:24; 6:47.
2o. Mais adiante, Capítulos 37 e 40, será demonstrado que as Escrituras não
admitem, nem a noção do sono da alma durante o intervalo entre a morte e o
Juízo Final, nem a da aniquilação dos maus depois do Juízo.
13. Que quer dizer o selo de uma aliança, e qual foi o selo da aliança das
obras?
O selo de uma aliança é um sinal exterior e visível, instituído por Deus como
penhor da Sua fidelidade, e das bênçãos prometidas na aliança.
14. Segundo Witsius, em sua grande obra sobre as alianças, quais foram os
selos ou sacramentos da aliança das obras?
No Vol. 1, Cap. 6, Witsius enumera quatro - Io. O Paraíso.
2o. A árvore da vida. 3o. A árvore da ciência do bem e do mal. 4o. O Sábado, ou
o dia de descanso.
15. Em que sentido se acha revogada a aliança das obras, e em que sentido está
ainda em pé?
Tendo sido quebrada esta aliança por Adão, nem um só de todos os seus
descendentes naturais pode jamais cumprir suas condições; e, tendo Cristo
cumprido todas as suas condições a favor do Seu povo, a salvação é oferecida
agora sob a condição da fé. Neste sentido a aliança das obras foi revogada sob o
evangelho, porque Cristo cumpriu as suas condições.
Não obstante isso, sendo baseado nos princípios imutáveis da justiça, essa
aliança é ainda obrigatória sobre todos os que não se recolheram ao refúgio que
nos é oferecido em Cristo. Ainda hoje é verdade que “o que observar estes
preceitos, achará neles vida”, e “a alma que pecar, essa morrerá”. Neste sentido
essa lei ainda está em pé, e condena os homens por causa dos seus pecados; e, ao
mesmo tempo, em conseqüência da sua incapacidade absoluta de cumprir os
seus preceitos, opera como pedagogo (aio ou preceptor) para conduzi-los
a Cristo. Porque Cristo, tendo cumprido tanto a condição em que Adão falhou,
como também tendo sofrido a pena em que Adão incorreu, tornou-Se o fim dessa
aliança para justificar a todo aquele que crê e que nEle é tido e tratado como
se houvesse guardado a aliança e merecido a recompensa nela prometida.
A Natureza do Pecado e o Pecado de Adão
2a. Os juízos intuitivos dos homens. As provas da validade destes juízos são (a) a
auto-evidência; (b) a universalidade; e
(c) a necessidade. Esses juízos intuitivos dos homens não julgam imediata e
diretamente partindo de noções abstratas ou de proposições gerais, e sim de
casos concretos e individuais. E o entendimento que, de muitas
convicções intuitivas e individuais, tira máximas gerais e as generaliza, e essas
máximas gerais serão verdadeiras ou falsas segundo tiver sido bem ou mal feito
esse processo de generalização. A soma imensa de confusão e erro que existe a
respeito da natureza do pecado e do que se deve considerar como pecado é
devida a uma viciosa generalização de princípios gerais deduzidos de intuições
individuais, e à aplicação indiscriminada das máximas deduzidas assim a casos
que se acham fora dos limites a que se estendem as intuições. As máximas de
que todo pecado consiste em ação voluntária, e de que a nossa capacidade é
a medida da nossa responsabilidade, são máximas desse gênero e exemplos
desse abuso. É tão absurdo querer que o entendimento decida de uma questão
que pertence ao domínio do sentido moral, como o seria querer que o olfato
decidisse de uma questão de sons. Veja McCosh, Intuitions of the Mind
2o. Não deve abranger mais nada. Se a definição não estiver de conformidade
com estas duas regras, será falsa.
Conf. de Fé, cap. 6, § 6; Cat. Maior, Perg. 24; Breve Cat., Perg. 14 - “Pecado é
qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão
dessa lei”.
Ia. O pecado é toda e qualquer falta de conformidade com a lei moral de Deus,
quer seja de excesso quer de deficiência, quer de comissão quer de omissão;
2a. E qualquer falta de conformidade que haja nos estados e costumes morais,
como também nas ações da alma humana, com a lei de Deus.
Io. Um fato geral, e.g., o fato geral de que todos os corpos se atraem mutuamente
na razão inversa dos quadrados das distâncias.
2o. Uma ordem estabelecida da seqüência em que certos eventos sucedem, como,
e.g., as estações do ano, e qualquer ordem estabelecida da natureza.
3o. O modo de operação de uma forma específica, como a lei da indução elétrica,
etc.
4o. Uma ordem espontânea de desenvolvimento, como a lei interna e auto-
operativa do crescimento dos animais e plantas dos seus germes ou sementes.
Io. Sempre que pecamos, a consciência nos condena por não nos conformarmos a
um padrão que reconhecemos intuitivamente como sendo obrigatório para nós. A
consciência implica (a) responsabilidade moral, e, por isso, sujeição a
um Governador moral, e (b) um padrão ao qual nos devemos conformar. A
própria consciência, como órgão da lei de Deus, contém a lei escrita no coração.
2o. Está implícito na linguagem empregada pelo Espírito Santo nas Escrituras
para exprimir a idéia de pecado:set,setim, de sâtâh, “afastar-se do caminho”,
hâtâ, hamartano, “errar o alvo”,parabasis (Gál. 3:19), “um desviar-se, uma
transgressão”.
6. Como se prova que qualquer falta de conformidade com a lei moral de Deus
é pecado?
Como se mostrou acima, isso está implícito nas operações da consciência. Esta
dá testemunho da lei que nos é imposta por uma autoridade exterior em relação a
nós - a autoridade suprema de Deus. Na falta de qualquer revelação
sobrenatural, ela tem levado todas as nações gentílicas a reconhecerem
a autoridade de Deus ou de deuses exercendo governo, a crerem em
recompensas e castigos administrados por Deus, e a praticarem certos ritos
expiatórios.
7. Como se pode mostrar que essa Lei (qualquer falta de conformidade com a
qual épecado) exige perfeição moral absoluta?
respeito de cada parte como do todo. Por conseguinte, qualquer grau de falta de
plena conformidade com o bem moral no mais alto grau é da natureza do
pecado, “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto,
tornou-se culpado de todos” - Tia. 2:10. E verdadeira a antiga máxima: omne
minus bonum habet rationem mali.
8. Como se prova que qualquer falta de conformidade com essa Lei, nos estados
e hábitos permanentes da alma, como também nos seus atos, épecado?
Io. Isso fica provado pelo juízo comum de todos os homens. Todos julgam que o
estado moral do coração determina o caráter moral das ações, e que o caráter
moral destas torna manifesto o estado do coração, e que o homem cujos atos
são habitualmente profanos, malévolos ou impuros, é ele mesmo quem, no
estado permanente do seu coração, é profano, malévolo ou impuro.
Como e por que foi permitida a existência do pecado na criação realizada por um
Deus ao mesmo tempo eterno, auto-existente e infinito em Sua sabedoria, poder,
santidade e bondade?
Todas as soluções propostas para este enigma, e que ainda em nossos dia têm
seus defensores, são resumidas do modo seguinte pelo professor Haven, de
Chicago:
“Ou Deus não podia impedir que entrasse o pecado (a) em sistema algum, ou (b)
num sistema que envolvesse agência livre.
“Ou Deus, por algum motivo, não quis impedir a entrada do pecado, ou (a) por
ser sua existência desejável em si mesma; ou (b) embora não sendo desejável em
si é o meio necessário para produzir a maior soma de bem; ou (c) embora
não propenda para o bem, pode ser dominado de modo que concorra para
produzir a maior soma de bem; ou (d) porque, em termos gerais, a sua permissão
será um mal menor do que o seu impedimento absoluto”.
É evidente (a) que Deus permitiu que entrasse o pecado, e (b) que por isso está
bem feito. Mas como pode estar bem feito, é e sempre será um mistério que
exige submissão da nossa parte e que desafia a que lhe achemos solução
satisfatória.
Eles sustentavam que o pecado tem sua razão de ser em algum princípio auto-
existente e eterno, independente de Deus - ou na matéria ou em algum demônio
auto-existente. Mas esta doutrina é incompatível, (a) com a independência,
Portanto, o pecado é privação porque tem sua origem na ausência das qualidades
morais que devem achar-se presentes nos estados e ações de um agente moral,
livre e responsável.
e que está sempre com obrigações morais, um defeito moral não pode senão
tornar-se imediatamente em vício positivo. Não amar a Deus é odiá-10. Não
estar conformado em tudo à Sua vontade é rebelar-se contra Ele e violar a Sua
lei em todos os pontos. Veja Edwards, Original Sin (O Pecado Original), Parte 3,
sec. 2.
2o. Que os estados da alma só podem ser comandados até onde forem o efeito
direto de prévias volições.
4o. Que o homem não tem obrigação alguma de fazer aquilo que não tem
capacidade plena para fazer.
5o. Que, portanto, não há coisa semelhante àquilo que se chama depravação
inata.
6o. Que, sendo necessário que uma volição seja determinada só e unicamente
pela vontade para que tenha caráter moral ou possa ser aprovada ou condenada,
segue-se que o pecado está fora do domínio absoluto de Deus.
O PECADO DE ADÃO
pecado? • !
Latim fomes - lenha, combustível. Nota de Odayr Olivetti. '■
Como pôde o pecado originar-se num ser criado com uma disposição
positivamente santa?
Que Adão foi criado com uma vontade santa mas falível, a qual decaiu, são fatos
estabelecidos pelo testemunho divino. Temos a obrigação de crer neles, apesar
de não podermos explicá-los racionalmente. E nos é impossível explicá-los -
Io. Que não é lógico deduzir da vontade independente de Deus alguma conclusão
a respeito da vontade dependente de uma criatura.
2o. Que a infalibilidade dos santos e dos anjos não lhes é inerente, e sim é uma
graça confirmadora acrescentada por Deus. Não está mais em estado de
provação (ou de prova) como estava Adão - a vontade dele era livre, porém não
estava confirmada. ■ .
3o. A vontade depravada do homem caído não pode originar afetos e volições
santos, porque é necessário que se ache presente um princípio positivamente
santo que os constitua santos. Mas, por outro lado, no caso de Adão, já
se achavam nele, na sua vontade santa, muitos princípios moralmente
indiferentes, em si mesmos nem bons nem maus, e somente se tornando maus
quando, na falta de sua boa direção da parte da razão e da consciência,
incitassem à indulgência de algum modo proibido por Deus, <?.£., incitassem o
homem, Adão, a admirar e desejar comer do fruto proibido, ou a adquirir ciência
(conhecimento) de um modo proibido. O pecado começou no momento em que,
levado pelas palavras persuasivas de satanás, Adão demorou-se em pensar
nesses dois motivos, apesar da proibição feita por Deus, e permitiu assim que
eles prevalecessem em sua alma ao ponto de neutralizar temporariamente tanto a
sua reverência pela autoridade de Deus como o receio de sua ameaça.
4o. Adão, conquanto dotado de uma disposição santa, estava sem a experiência
de tentações.
17. Qual foi, segundo se pode inferir da narrativa da Queda, a natureza exata
do primeiro pecado de Adão?
pelo fruto atraente. 2o. Desejo natural de adquirir ciência (ou conhecimento). 3o.
O poder persuasivo de satanás sobre Eva, junto com a conhecida influência de
uma inteligência e de uma vontade superiores. 4o. O poder persuasivo de satanás
e de Eva juntos sobre Adão. Seu terrível pecado, infere-se, consistiu
essencialmente - Io. Na incredulidade: trataram virtualmente a Palavra de Deus
como mentira. 2o. Na desobediência, cometida deliberadamente; arvoraram em
lei a sua vontade, em vez da vontade de Deus.
Io. Que Deus criou Adão santo, com todas as faculdades morais necessárias para
fazer dele um agente responsável.
2o. Que com todo o direito deixou de conceder-lhe, durante o tempo da sua
provação, qualquer dom sobrenatural necessário para torná-lo infalível.
3o. Nem causou nem aprovou o seu pecado. 4o. Decretou soberanamente
permitir que pecasse, determinando, pois, que pecasse, como pecou.
Io. Na relação natural que Adão mantinha para com Deus como súdito sob o Seu
governo moral, seu pecado não podia deixar de produzir imediatamente o efeito
de (1) desagradar a Deus e aliená-10, e (2) de depravar sua própria alma.
20. Em virtude da relação estabelecida entre Deus e Adão pela aliança das
obras, Adão incorreu na pena sentenciada nessa aliança, isto é, a morte, a qual
compreendeu (1) mortalidade do corpo, (2) corrupção da alma, e (3) sentença de
morte eterna.
imediato do primeiro pecado de Adão, não se quer dizer que ele se tornou tão
mau quanto lhe foi possível, nem tão corrompido como o é o melhor dos seus
descendentes não regenerados; mas o sentido é-
Io. Que a sua apostasia de Deus foi completa. Deus exige obediência perfeita, e
Adão foi rebelde.
2o. Que Deus retirou dele o Seu favor e a Sua comunhão com ele, as únicas
condições que lhe permitiam ter vida espiritual.
3o. Que um cisma se introduziu em sua própria alma. Sua consciência passou a
acusá-lo, e nunca mais poderia calar-se, sem que houvesse uma expiação. O
resultado disso foi que ele passou a ter medo de Deus, desconfiança, cometer
pre-
■ — •• A • S • • S ,
5o. Não ficou na natureza do homem nenhum princípio recuperativo; iria de mal
a pior, se Deus não interviesse.
São elas -
3a. Que, em conseqüência, nasce sem a justiça original e com uma tendência
inerente que infalivelmente leva todos e cada um dos seus dependentes a
pecarem, desde o seu nascimento.
(Peccatum Habituale)
Veja Conf. de Fé, Gap.6; Cat. Maior, Perg. 25,26;Breve Cat., Perg. 18.
Io. Que essa corrupção seja em qualquer sentido física e que seja inerente à
essência da alma ou a qualquer das suas faculdades naturais, como tais.
Io. Que o pecado original é puramente moral, sendo a tendência inata da vontade
para o mal.
4o. Contudo, do fato de não abranger esta depravação inata uma disposição
positiva para o mal, não se segue que não tenha sido infundida na alma uma
qualidade má positiva. Porque, da natureza essencialmente ativa (dinâmica) da
alma, e da natureza essencial da virtude, como aquilo que obriga à vontade,
segue-se evidentemente que é impossível que a alma seja indiferente
moralmente; e assim essa depravação que, como diz o Presidente Edwards*,
“vem de uma causa defectiva e privativa”, toma imediatamente uma forma
positiva. Não amar a Deus é rebelião contra Ele, e não obedecer à virtude
é calcá-la aos pés. O amor por nós mesmos em breve nos leva a temer, e depois a
odiar o vingador da justiça - Edwards, Original Sin (O Pecado Original), Parte 4,
sec. 2.
E juízo universal dos homens que existem na alma, além da sua essência e de
suas faculdades naturais, certos hábitos, inatos ou adquiridos, que qualificam (ou
condicionam) a ação dessas faculdades e constituem o caráter do homem.
Esses hábitos, ou disposições inerentes, que determinam os afetos e desejos da
vontade, governam as ações do homem e, quando bons, são aprovados e, quando
maus, são reprovados por todos. Um hábito moral inato da alma, e.g, o pecado
original, não é uma corrupção física como também qualquer hábito
adquirido (seja hábito intelectual, seja moral) não é uma mudança física.
Io. Pela própria natureza do pecado, o qual tem necessariamente sua sede no
estado moral do princípio voluntário. Uma moléstia, ou qualquer forma de
desordem física, não é voluntária e, por conseguinte, não pode ser elemento
de responsabilidade moral. E, além disso, obrigação da vontade regular a
natureza inferior e sensório-sensual, e o pecado deve sua origem à falta desses
afetos morais que seriam supremos se ainda continuassem a reinar na vontade.
2o. Pelo fato de não terem nenhum elemento sensório-sensual os pecados mais
graves, e.g., o orgulho, a ira, a malevolência, e a AVERSÃO A DEUS.
5. Como se pode provar que esse hábito ou disposição inata da alma, que leva
os homens a cometerem maus atos, é em si mesmo pecado?
Io. Esse hábito inato da alma é um estado da vontade, e é um princípio final que
os estados, bem como os atos da vontade, em relação à lei da consciência, são
morais, isto é, ou bons ou maus. Veja acima, Cap.15, Perg. 9 e 10.
3o. Essa disposição inerente para cometer atos pecaminosos é chamada “pecado”
nas Escrituras - Rom. 6:12,14,17; 7:5-17. É chamada “carne” “carnal” em
oposição a “espírito” ou “espiritual”, Gál. 5:17,24; também “concupiscência”,
Tia. 1:14,15; “o nosso homem velho” e “corpo do pecado”, Rom. 6:6; também
“ignorância”, “cegueira do coração” e “separados da vida de Deus”, Ef. 4:18,19.
6. Como se pode mostrar que o pecado original não consiste somente na falta
da retidão original?
2o. Como matéria de fato, a depravação inata manifesta seu caráter positivo
pelos pecados positivos, tais como o orgulho, a malevolência, etc. que dela
provêm mesmo nas crianças de idade muito tenra.
3o. As Escrituras lhe atribuem caráter positivo quando lhe aplicam termos como
“carne”, “concupiscência”, “homem velho”, “lei nos meus membros”, “corpo do
pecado”, “o pecado tomando ocasião”, “me enganou”, e “obrou toda a
concupiscência” - Romanos, capítulo 7.
4o. O corpo também se tornará corrompido. (1) Seus apetites naturais, na falta de
direção e governo apropriados, se tornarão desordenados. (2) Seus poderes
ativos serão empregados como “instrumentos de iniqüidade”.
Io. Que o homem depravado não tem consciência. A bondade de um agente não
consiste em ter consciência, e sim em estarem suas disposições e afetos em
conformidade com a lei da qual a consciência é o órgão. Mesmo os demônios e
as almas perdidas sabem o que é bom e mau, e sentem essas emoções
vindicativas das quais a consciência está armada.
Nem, 2o. que os homens não regenerados, possuindo uma consciência natural,
não admirem muitas vezes o caráter virtuoso e as boas ações dos outros.
Nem, 3o. que sejam incapazes de ações ou afetos interessados em suas diversas
relações com os outros seres humanos.
Nem, 4o. que qualquer homem seja tão depravado quanto é possível que se torne,
nem que todos tenham uma disposição propensa para todas as formas de pecado.
Mas, ENTENDE-SE-
J das disposições da vontade com a lei de Deus, e que a própria alma da virtude
consiste em ser a alma leal a Deus, segue-se que todo homem, por natureza, está,
em sua disposição geral, separado de Deus e que, por conseguinte, todos os seus
atos, quer sejam moralmente indiferentes, quer sejam conformados a princípios
subordinados do bem, são viciados pelo estado de rebelião contra Deus em que
se acha o agente.
3o. Que esse estado tende a resultar em mais corrupção, em progressão sem fim,
em todas as partes da nossa natureza, e que esta deterioração seria
incalculavelmente mais rápida do que é, se Deus não a restringisse por meio do
Seu Espírito.
4o. Não resta mais nenhum elemento recuperativo na alma. O homem só pode
tornar-se cada vez mais e para sempre pior, se não experimentar uma recriação
miraculosa.
Deus criou o homem à Sua imagem e declarou que, como agente moral, era
muito bom. Ameaçou-o com a morte no dia em que comesse do fruto proibido, e
esta ameaça cumpriu-se literalmente só no sentido da morte espiritual. A vida
espiritual do homem depende de estar ele em comunhão com Deus; mas Deus,
em Sua ira, baniu-o da Sua presença. Em conseqüência disso, é declarado que o
estado espiritual do homem agora é a “morte”, a mesma pena que fora
sentenciada - Ef. 2:1; 1 João 3:14.
21?
12. Como fica estabelecida a verdade desta doutrina pelo fato da existência
geral do pecado?
;io mesmo tempo santo e falível, e que tal criatura, entregue a si mesma,pode
pecar; mas, quanto à sua posteridade, a questão c: qual é a causa uniforme e
universal por que todos, sem exceção, pecam logo que se tornam agentes
morais? No caso de Adão, a questão é: como ele pôde pecar? No de seus
descem dentes: por que é que todos com certeza pecam desde crianças?
3o. Outros ainda procuram explicar os fatos referindo-os à ordem natural que se
segue no desenvolvimento de nossas faculdades, e.g., as faculdades animais,
depois as intelectuais, e por último as morais; e assim as inferiores, antecipando-
se as superiores, pervertem-nas.
16. Como se pode provar esta doutrina pelo que as Escrituras dizem a respeito
da regeneração?
As Escrituras declaram -
Io. Que a regeneração é uma mudança radical de caráter moral, operada pelo
Espírito Santo no exercício de poder sobrenatural. E chamada “nova criação”; os
regenerados são chamados “feitura de Deus, criados para as boas obras”, etc. -
Ez. 36:26; Ef. 1:19; 2:5,10; 4:24; 1 Ped. 1:23; Tia. 1:18.
2o. Diz-se que é absoluta e universalmente necessária -João 3:3; 2 Cor 5:17.
Io. Quanto à sua natureza, que o desígnio do sacrifício de Cristo e seu efeito é
livrar todo o Seu povo, por meio de uma propiciação, tanto do poder como da
culpa do pecado - Ef. 5:25-27; Tito 2:14; Heb. 9:12-14; 13:12.
2o. Quanto à sua necessidade, que era absolutamente necessária para todos - não
somente para os adultos, mas também para as crianças que nunca cometeram
pecado efetivo - Atos 4:12; Rom. 3:25,26; Gál. 2:24; 3:21,22; Mat. 19:14; Apoc.
1:5; 5:9.
O batismo, como foi com a circuncisão, é um rito externo que significa as graças
internas da regeneração e da purificação de natureza espiritual - Mar. 1:4; João
3:5; Tito 3:5; Deut. 10:16; Rom. 2:28,29. Ambos esses ritos deviam ser
aplicados às crianças. Todavia a aplicação do rito externo seria inútil e profano
se as crianças não precisassem e não fossem capazes daquilo que o rito significa.
Essa conclusão seria inevitável se, Io. O pecado fosse elemento essencial da
nossa natureza, ou se, 2o. Fosse inerente a
Mas sabemos, Io. que o pecado teve origem no livre ato do homem, criado santo,
porém ao mesmo tempo falível; 2o. que a corrupção inteira da nossa natureza
veio do pecado; e, 3o. que, em conseqüência do pecado e com toda justiça,
Deus tirou de nós as influências conservadoras do Seu Espírito Santo e deixou os
homens entregues às conseqüências naturais e penais do seu pecado. Veja
Calvino, Instit., Lib. 2, Cap. 1, sec. 6 e 11.
20. Como se pode conciliar esta doutrina com a liberdade do homem e sua
responsabilidade por seus atos?
Io. A nossa consciência afirma que o homem é sempre responsável por seus atos
livres, e que seu ato é sempre livre quando ele se determina como, tudo
considerado, lhe apraz.
2o. Por via de abandono judicial. Por causa do pecado, Deus retira o Seu
Espírito, e a conseqüência disso é mais pecado - Rom. 1:24-28. .
Veja Mat. 12:31,32; Mar. 3:29,30; Heb. 6:4,6; 10:26,27; 1 João 5:16.
2o. As crianças nascem no mesmo estado moral em que Adão foi criado.
2o. Reconheciam que o homem herda de Adão uma condição mórbida da sua
natureza.
3o. Essa condição, porém, não é pecado, mas é a causa certa de pecados.
4o. Essa condição envolve as faculdades morais da alma a tal ponto que ninguém
pode, sem auxílio divino, cumprir as exigências nem da Lei nem do evangelho.
O homem possui, porém, o poder de começar a viver bem, e então Deus,
vendo os seus esforços, e sabendo que sem a Sua graça esses esforços serão
infrutíferos, dá-lhe, por Sua graça, o auxílio de que ele necessita.
também a continuar e levar a efeito essa obra; mas que, ao mesmo tempo, todos
os homens realmente têm a mesma graça comum operando neles, a qual, porém,
nada efetua enquanto o homem não coopera voluntariamente com ela, quando
então essa graça comum se torna eficaz em virtude dessa cooperação.
Io. Que o pecado original não é voluntário e por isso não é verdadeiramente
pecado.
3o. As crianças estão sem pecado, porque possuem só uma natureza física e
propagada.
28. Que distinção os católicos romanos fazem entre pecados mortais e pecados
veniais?
Dizem eles que mortais são os pecados que separam de Deus a alma e fazem
perder a graça batismal; e que veniais são os que só impedem o acesso da alma a
Deus. Veja abaixo, Belarmino, nas “Exposições autorizadas das diversas
igrejas”.
As objeções são - Ia. E uma distinção que as Escrituras nunca fazem. 2a. Se não
fosse o sacrifício de Cristo, todo pecado seria mortal - Tia. 2:10; Gál. 3:10.
Ib. pág. 645 - “Mas, ainda que esse pecado original infeccione e corrompa a
natureza inteira do homem, como uma espécie de veneno ou lepra espiritual
(como diz o Dr. Lutero), de modo que em nossa natureza corrompida não é
possível apresentar separadamente aos olhos esses dois, a natureza em separado
e o pecado original em separado; contudo, essa natureza corrompida, ou
substância do homem corrompido, o corpo e a alma, ou o próprio homem como
criado por Deus, no qual habita o pecado original, não é um e o mesmo que esse
“Conf. Gallica”, Art. 11: “Cremos que este vício (originis) é verdadeiramente
pecado, que torna a todo e qualquer homem, sem exceção mesmo das crianças
escondidas ainda no ventre de suas mães, réus diante de Deus, da morte eterna”.
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Incapacidade
São -
Io. O tipopelagiano - (a) Caráter moral só pode ser predicado de volições. (b) A
capacidade é sempre a medida da responsabilidade, (c) Por conseguinte, todo
homem possui sempre pleno poder de fazer tudo quanto é de seu dever fazer,
influência divina de que o homem precisa e que é compatível com o seu caráter
como agente autodeterminado é uma influência externa, providencial e
educativa.
exatamente a mesma doutrina que os antjgos; mas julgam que é mais judicioso
fazer uma distinção no uso dos dois termos. Entendem, pois, pelo termo
“liberdade” a propriedade inalienável de qualquer agente moral e livre, seja bom
ou mau, de exercer volições segundo lhe apraz; isto é, segundo as disposições e
tendências predominantes da sua alma. Por “capacidade”, porém, entendem o
poder de uma alma humana depravada, e indisposta por natureza para qualquer
bem espiritual, de mudar suas disposições e tendências predominantes por meio
de qualquer volição, por mais que procure mudá-las assim, ou de obedecer aos
preceitos da lei na ausência de quaisquer disposições santas. Os afetos
permanentes da alma governam as volições; mas estas não podem mudar
os afetos. E quando dizemos que ninguém depois da Queda tem capacidade para
prestar a obediência espiritual que a lei exige, o sentido é (a) que as radicais
disposições morais de todos opõem-se por natureza a essa obediência, e (b) que
o homem é absolutamente incapaz de mudá-las, ou (c) de exercer
volições contrárias a elas.
4. Como se pode expor a doutrina ortodoxa tanto negativa como positivamente?
2o. Nem, que o homem não tenha o poder de sentir e fazer muitas coisas que são
boas e dignas de amor, benévolas e justas,
nas suas relações com os seus semelhantes. Muitas vezes isso é admitido nas
confissões protestantes e nas obras clássicas dos seus teólogos, onde se concede
que o homem, mesmo depois da Queda, ainda tem capacidade para a humana
justitia, o bem civil, etc.
Io. Que, depois da Queda, a incapacidade do homem diz respeito às coisas que
envolvem as nossas relações, como seres espirituais, para com Deus - a
apreensão e amor da excelência espiritual e uma vida em conformidade com ela.
Nas confissões de fé essas coisas são chamadas “coisas de Deus”, “coisas
do Espírito”, “coisas que dizem respeito à salvação”.
2o. E natural no sentido de não ser acidental ou adventícia, e sim inata, e que
pertence à nossa natureza decaída como ela se propaga por lei natural de pais a
filhos.
natureza do homem como foi criado. Ele foi criado com plena capacidade de
fazer tudo quanto lhe era exigido, e a posse dessa capacidade é sempre
necessária para a perfeição moral da sua natureza. Pode ser um homem real sem
ela, contudo não homem perfeito. A capacidade concedida ao homem pela
graça de Deus na regeneração não é um dote extranatural, mas consiste numa
parcial restauração da sua natureza à sua condição de integridade original. .
4o. Não é natural ainda noutro sentido - porque não é de modo algum resultado
de qualquer deficiência da natureza humana, como existe agora, nas faculdades
morais e racionais da alma. '
Essa distinção foi primeiro apresentada explicitamente nesta forma por João
Cameron, que nasceu em Glasgow, Escócia, em 1580, foi professor na escola
teológica de Saumur, França, em 1618, e faleceu em 1625.
O Presidente (Jonathan) Edwards (da futura Universidade de Princeton), em sua
grande obra intitulada On the Wül (Sobre a Vontade), Parte 1, C. 4, adotou os
mesmos termos, afirmando que, depois da Queda, os homens têm capacidade
natural para fazer tudo o que deles é exigido, mas que não têm capacidade moral
para fazê-lo. Por capacidadenaíwra/ ele entendia que todo homem natural está de
posse, como condição necessária para
Não há por que questionar a validade e a importância dessa exposição feita pelo
Presidente Edwards e do modo com ele faz essa distinção; e o mesmo princípio é
reconhecido acima, na exposição da doutrina ortodoxa, nas respostas às
perguntas 4 e 5. Apesar disso, porém, temos sérias objeções contra a fraseologia
empregada, e pelos seguintes motivos: ■
Io. Essa fraseologia não é autorizada pela analogia das Escrituras. Estas nunca
dizem que o homem tem uma espécie de capacidade e que não tem a outra.
Ensinam coerentemente em toda parte que o homem não pode fazer o que é
exigido dele; e nunca ensinam que o possa fazer em algum sentido.
3o. E essencialmente ambígua, e assim tem sido empregada muitas vezes para
exprimir, e outras para encobrir, erros semipelagianos. O seu emprego tende
naturalmente a fazer errar e a confundir o pecador convicto de seus pecados;
pois afirma que ele pode (fazer o que lhe é exigido), em certo sentido, enquanto
a verdade é que ele só possui alguns dos requisitos essenciais da capacidade.
Dizer que um pássaro morto tem capacidade muscular para voar e que só lhe
falta a capacidade vital é brincar com palavras. A verdade do caso é que o
pecador é absolutamente incapaz por causa de uma deficiência moral. E certo
que essa incapacidade é pura e simplesmente moral. Mas não é verdade, e é
enganador, dizer ao pecador que ele tem capacidade natural, quando o fato é que
ele é incapaz de fazer o que deve fazer. A obra realizada pelo Espírito Santo
na regeneração não é uma persuasão moral, e sim uma nova criação moral.
4o. “Natural” não é a antítese própria de “moral”; porque
uma coisa pode ser ao mesmo tempo natural e moral. A incapacidade do homem,
como demonstramos acima, é com certeza inteiramente moral, porém é ao
mesmo tempo, e num sentido importante, natural, isto é, pertence à sua natureza
no seu estado atual e assim é transmitida dos pais aos filhos.
Com o exame de passagens como as seguintes: Jer. 13:23; João 6:44,65; 15:5;
Rom. 9:16; 1 Cor. 2:14.
o amor, a fé, a paz, a alegria etc., são “fruto do Espírito” - Gál. 5:22,23. “Deus é
o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,* segundo a sua boa vontade”
- Fil. 2:13.
Quanto à sua necessidade, ensinam que esta mudança radical dos estados e
propensões predominantes da própria vontade é, no caso de todo filho de Adão,
sem nenhuma exceção, absolutamente necessária para a salvação.
E claro, pois, que, antes dessa mudança operada nele pelo poder divino, o
homem só pode estar absolutamente impotente espiritualmente, e que toda
capacidade que em qualquer tempo possa ter, mesmo para cooperar com a graça
que o salva, só pode ser conseqüência dessa mudança.
Io. Pela experiência de todo pecador convicto de seu pecado. Toda convicção
verdadeira do pecado abrange estes dois elementos: (a) Uma completa convicção
de responsabilidade e culpa, que faz o pecador justificar a Deus e prostrar-se
ele mesmo diante de Deus em confissão , na completa renúncia da confiança em
si, e na maior auto-humilhação. (b) Uma
3o. Pela experiência universal da família humana. Concluímos que todo homem
está absolutamente sem nenhuma capacidade espiritual porque nunca, desde que
o mundo existe, se descobriu caso algum de um único homem que exercesse essa
capacidade.
11. Como se pode expor e refutar a objeção feita contra a nossa doutrina, e
baseada na alegação de que “a capacidade é a medida da responsabilidade”?
E uma verdade auto-evidente - uma que ninguém nega que uma incapacidade
que consiste (a) na ausência das faculdades absolutamente necessárias para o
cumprimento de um dever, ou (b) na ausência de qualquer ocasião para o
seu emprego, é totalmente incompatível com responsabilidade moral no caso. Se
um homem não tiver olhos, ou, se os tiver
mas estiver irremediavelmente sem luz, não pode ser moralmente obrigado a ver.
Assim também um homem sem intelecto, ou sem consciência natural, ou sem
qualquer das outras faculdades constitutivas e essenciais para agência moral, não
pode ser responsável por não agir como agente moral.
Lei, tornando de nenhum efeito tanto os seus preceitos como a sua penalidade;
pois o pecador, rebaixando-se mais e mais, rebaixaria consigo também a Lei. O
princípio acima tiraria a lei das mãos de Deus e a colocaria nas do pecador,
que determinaria sempre a extensão das exigências da Lei segundo a extensão da
sua própria apostasia. .
12. Como se pode provar que os homens são responsáveis por seus afetos?
Io. As Escrituras todas dão testemunho do fato de que Deus exige que os homens
tenham bons afetos, e que Ele julga e trata os homens segundo os seus afetos.
Cristo declara (Mat. 22:37-40) que toda a lei moral se resume nos dois
mandamentos de amarmos a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós
mesmos. “Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas.” Mas o
“amor” é um afeto, e não uma volição, e nem está ele sob o governo imediato
das volições.
14. Como se pode mostrar que o uso racional de meios não é incompatível
com a incapacidade dos homens?
15. Como se pode mostrar que o legítimo efeito prático desta doutrina não é o
de levar o pecador a procrastinar a obra da sua salvação?
Essa doutrina tende, obviamente e com razão, a extinguir as falsas esperanças de
todo pecador e a paralisar as suas tentativas de salvar-se empregando suas
próprias forças e confiando nos seus próprios recursos. Mas, tanto a razão
como a experiência nos asseguram que o efeito natural e real dessa grande
verdade é - Io. Tornar humilde a alma e fazê-la desesperar-se de si. 2o. Fazê-la
sentir que a sua única esperança
Formula Concordice, pág. 579: “Cremos, pois, que tanto como a um cadáver
falta o poder de revivificar-se e restaurar-se à vida corpórea, igualmente faltam a
quem, por causa do pecado, está morto espiritualmente, todas e cada uma das
faculdades de restaurar-se à vida espiritual.” .
Ibidem, pág. 656 - Cremos que o intelecto, o coração e a vontade do homem não
regenerado são inteiramente incapazes, nas coisas espirituais e divinas, e por
seu próprio vigor natural, de entender, crer, abraçar, pensar, determinar-se,
aperfeiçoar, fazer, operar ou cooperar em coisa alguma.” <
Conf. Helvética Posterior: “No homem não renovado não há vontade livre para
o bem, nem força para o fazer... Ninguém nega que a respeito de coisas
exteriores tanto os não regenerados como os regenerados tenham do mesmo
modo a vontade livre; porque o homem tem esta constituição em comum com os
outros animais, que algumas coisas ele se determina a fazer e outras determina-
se a não fazer... A respeito deste ponto, condenamos os maniqueus, que negam
que o mal tenha sua origem no exercício da livre vontade (livre-arbítrio) de um
homem bom. Condenamos também os pelagianos, que dizem que até os homens
maus possuem livre vontade suficiente para fazer o bem que Deus nos
manda fazer.”
Formula Consensus Helvetica, Cass. 22: “Sustentamos, pois, que falam com
pouca exatidão e não sem perigo os que chamam a esta incapacidade de crer
incapacidade moral, e que não a consideram natural, acrescentando que o
homem, seja qual for a condição em que seja colocado, pode crer, contanto que
queira, e que a fé realmente é de algum modo produto do próprio homem;
enquanto o apóstolo muito distintamente afirma que é dom de Deus (Ef. 2:8).”
da ira, indispostos para qualquer bem salvador, propensos para o mal, estão
mortos nos pecados e são escravos do pecado, e sem a graça do Espírito Santo
regenerador nem querem nem podem voltar para Deus, corrigir sua natureza
depravada, nem dispor-se para a sua correção.”
Conf de Fé (de Westminster), Cap.9, § 3: “O homem, por sua queda e por seu
estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade para qualquer
bem espiritual que acompanhe a salvação; de maneira que o homem natural, por
ser inteiramente avesso a esse bem, e por estar morto no pecado, não pode, por
seu próprio poder, converter-se nem preparar-se para a sua conversão.”
1
Estado ou condição de réu, de acusado. Nota de Odayr Olivetti.
A Imputação do Pecado Original de Adão à sua Posteridade
Io. Todos os homens, sem nenhuma exceção, começam a pecar logo que exercem
agência moral.
2o. Todos nascem com uma natureza cuja tendência antecedente e preponderante
é pecar.
4o. Portanto, os homens são, por natureza, totalmente avessos a todo bem
espiritual, e incapazes de por si sós mudar essa má tendência inerente à sua
natureza e de escolher o bem em preferência ao mal.
5o. Por conseguinte são, por natureza, filhos da ira e seu caráter é formado e seu
mau destino determinado antes de qualquer ação pessoal sua.
O fato de que, antes de nos ser possível qualquer ação pessoal, começamos a
existir com uma natureza que com justiça nos expõe à condenação e
infalivelmente nos predispõe para o pecado, é um mistério assombroso, um mal
indizível e, contudo, um fato certo e universal. Nenhuma teoria possível quanto à
sua origem pode agravar o mistério ou sua significação terrível. Não dizemos
que na doutrina de sermos responsáveis pelo pecado original de Adão não haja
dificuldades muito graves. Dizemos, porém, (a) que ela é ensinada nas
Escrituras, e (b) que ela é mais satisfatória à nossa razão e aos
nossos sentimentos morais do que qualquer outra explicação dada em qualquer
tempo.
Nem é menos evidente que o pleno conhecimento desses fatos é de muito maior
importância doutrinária e prática do que o pode ser qualquer explicação da sua
origem ou causa. Nossas opiniões a respeito desses fatos determinarão
imediata e necessariamente a nossa relação com Deus, o caráter inteiro da nossa
experiência religiosa, e também as nossas idéias sobre a natureza do pecado e da
graça, a necessidade e natureza da redenção, da regeneração e da santificação; e
qualquer explicação destes últimos fatos só servirá para esclarecer e expandir as
nossas idéias quanto à conformidade que existe entre as perfeições de Deus e o
modo como Ele trata a raça humana; e também quanto às relações em que estão
umas com as outras as diversas partes do plano divino.
e concordado nesses fatos, enquanto que, a respeito da nossa conexão com Adão
tem sempre havido opiniões muito vagas e contrárias umas às outras - Theo. of
the Ref, “Essay” 7:1, de autoria do Diretor Cunningham.
Io. Deus não pode ser o autor do pecado. 2o. Não devemos crer que Deus pode
criar uma criatura de novo com natureza pecadora. 3o. A perfeição de justiça e
retidão, não mera soberania, é a grande distinção de todo o Seu
procedimento para conosco. O erro de que a volição de Deus
determina distinções morais foi por motivos opostos mantido
pelos supralapsários Twisse, Gomar, etc., e por arminianos tais como Grotius,
querendo mostrar, uns que Deus podia condenar a quem quisesse, mesmo sem
que houvesse culpa real, e outros que Ele podia salvar a quem quisesse, mesmo
sem que houvesse uma propiciação real. A verdade fundamental,
porém, admitida agora por todos os cristãos, é que as imutáveis perfeições
morais de Deus é que constituem a norma absoluta do que é justo, e que elas
determinam a Sua vontade em todos os Seus atos e se manifestam em todas as
Suas obras. 4o. E uma noção pagã, adotada pelos racionalistas naturalistas, a
idéia de que “a ordem da natureza”, ou “a natureza das coisas”, ou “a lei
natural”, é um agente real independente de Deus, limitando a Sua liberdade ou
operando com Ele como cooperador na produção de efeitos. A “natureza” nada
mais é que uma criatura e um instrumento de Deus. E Ele quem faz o que
ela gera. 5o. Não podemos crer que Deus infligiria um mal físico ou moral a uma
criatura que não estivesse incursa com justiça na pena da perda de seus direitos
naturais. 6o. A justiça exige que todo agente moral passe por uma prova
equitativa, cujas condições sejam tais que lhe dêem ao menos tanto ensejo
de sair-se bem quanto o perigo de sair-se mal.
4. Como poderíamos expor as duas questões distintas que daí se derivam e que,
embora muitas vezes confundidas, precisamos conservar separadas?
Ia. Como é que se origina uma natureza má, inata, em cada ser humano no
começo da sua existência, e de modo que o Criador do homem não é a causa do
pecado? Se essa corrupção da natureza originou-se em Adão, como nos é
transmitida?
2a Por que, e sob que fundamento de justiça, inflige Deus esse mal terrível, a raiz
e o motivo de todos os demais males, logo no começo da nossa existência
pessoal? Qual a prova equi-tativa pela qual foi permitido às crianças passarem?
Quando e por que perderam elas seus direitos como criaturas que acabaram de
ser criadas? - -
É auto-evidente que estas questões são distintas e que devem ser tratadas como
tais. Para a primeira talvez se possa achar resposta em base fisiológica. A
segunda, porém, diz respeito ao governo moral de Deus e à justiça de
Suas dispensações. A indevida desatenção a essa distinção, e porque nem sempre
foi conservada proeminente, resultaram em muita confusão na história da
teologia de todas as épocas e escolas.
Ia. A teoria dos maniqueus, originariamente adotada por Manes (240 d.C.) mas
procedente do dualismo de Zoroastro, da eterna auto-existência de dois
princípios, um deles bom, identificado com o Deus absoluto, e o outro mau,
identificado com a matéria, ou com o princípio do qual a matéria é uma das
manifestações. Os nossos espíritos têm sua origem primária em Deus, e o pecado
é o resultado necessário de se acharem
eles enredados com a matéria. É óbvio que este sistema destrói o caráter moral
do pecado, e sofreu zelosa oposição de todos os antigos “Pais” da Igreja Cristã.
4a. Outros atribuem essa corrupção culpável da nossa natureza, inerente a toda
alma humana desde o nascimento, a uma apostasia efetiva de cada alma,
cometida antes do nascimento, ou num estado de preexistência individual,
como ensinam Orígenes e, modernamente, o Dr. Edward Beecher em sua obra
intitulada The Conflict of the Ages (O Conflito das Eras); ou como
transcendental e fora do tempo, como ensina Júlio Müller no livro de sua autoria,
The Chnstian Doctnne of Sin (A Doutrina Cristã do Pecado), vol. 2, pág. 157.
Esta é, evidentemente, uma pura especulação não apoiada nem por fatos da
consciência nem da observação; tem contra si o testemunho das Escrituras, Rom.
5:12 e Gên. capítulo 3, e nunca foi aceita pela Igreja.
E óbvio que esta é uma questão de importância muito menor do que a da questão
moral que ainda fica por discutir, quanto às bases de direito e de justiça que Deus
tem para trazer esse mal direta ou indiretamente sobre todos os homens no
seu nascimento. Por isso, nem as Escrituras explicam este ponto explicitamente,
nem dá a seu respeito uma explicação uniforme a maior parte dos teólogos. ■
Io. A teoria comum dos traducionistas não é “que a alma é gerada de outra alma,
nem o corpo de outro corpo, e sim que o homem inteiro é gerado de outro
homem inteiro” - D. Pareus (Heidelberg, 1548-1622), sobre Romanos 5:12.
Segundo essa teoria, é evidente que a corrupta natureza moral de
nossos primeiros pais seria transmitida inevitavelmente a todos os seus
descendentes por geração natural.
3o. Os que sustentam que Deus cria cada alma separadamente, sustentam em
geral também que ele, como justa pena pelo pecado de Adão, priva as almas das
influências do Espírito Santo das quais depende toda a vida espiritual na criatura,
e que, em consideração à justiça de Cristo, restitui aos eleitos, no ato da sua
regeneração, essa influência vivificadora. O Dr.
T. Ridgely (Londres, 1667-1734) diz (em sua obra teológica), vol. l,págs.
413,414: “Deus cria os homens sem dons celestiais e sem luz sobrenatural; e,
com justiça, porque Adão perdeu esses dons para si e para a sua posteridade”.
Io. Eles todos admitem que todos os homens herdam de Adão uma natureza
corrompida que os predispõe para o pecado, mas negam que essa condição inata
seja em si mesma pecado propriamente dito, ou que envolva culpa ou
demérito digno de castigo.
2o. Afirmam que está em harmonia com a justiça de Deus permitir que este
grande mal viesse sobre todos os homens ao nascerem, somente à vista do fato
de que Ele se havia determinado a introduzir uma compensação adequada na
redenção em Cristo, destinada imparcialmente a todos os homens, e
as influências suficientes da Sua graça, que todos os homens
Se os que adotam essa teoria, embora reconhecendo que essa divina constituição
soberana é infinitamente justa e reta, querem simplesmente confessar que não
têm conhecimento claro de Seus motivos e razões, respondemos tão-somente
que, enquanto simpatizamos em parte com ela, não podemos, no entanto, recusar
a luz parcial que as Escrituras projetam sobre o problema, e que patentearemos
abaixo. Mas se o desígnio
desses teólogos é afirmar (1) que essa constituição não é justa, ou (2) que é só a
vontade divina que a torna justa, e que o fato de ser soberana é o fundamento
sobre o qual podemos declarar que é reta, protestamos contra a teoria como uma
heresia grave.
E certo que, embora tenha havido diferença de opinião e falta de clareza nas
exposições sobre as bases da nossa responsabilidade justa pelo pecado original
de Adão, a Igreja toda tem sempre sustentado que a perda da justiça original e a
nossa depravação moral e inata são a justa e reta, não soberana, conseqüência
penal do ato de apostasia de Adão. Esta é a DOUTRINA, a qual não só está de
acordo com as Escrituras, mas também presta honra aos atributos morais de
Deus e à eqüidade do Seu governo moral, e está de conformidade com a
ortodoxia histórica. Na explicação desta doutrina tem havido diferença de
opinião entre os ortodoxos. E um simples fato que Deus, como Juiz justo,
condenou a raça inteira por causa do pecado de Adão, e ser condenado por Deus,
a fonte de vida, envolve a morte moral e espiritual, e com justiça é seguido por
ela.
10. Onde, nas Escrituras, é afirmado o fato de que Deus condenou a raça
inteira por causa da apostasia de Adão?
11. Como se pode mostrar que a Igreja inteira está de acordo quanto a esta
doutrina?
Lutero (sobre Gênesis 1, pág. 98, cap. 5) afirma que a imagem de Adão segundo
a qual foi gerado Sete “incluiu o pecado original e a pena da morte eterna
infligida por causa do pecado de Adão”.
Melanchthon (Explicatio Symboli Niceni, Corp. Refor., 23: 403 e 583) diz:
“Adão e Eva trouxeram sobre seus descendentes culpa e depravação”.
Formula Concordiae, págs. 639 e 643 - “Especialmente desde que, pela sedução
de satanás, mediante a Queda, pelo justo juízo de Deus no castigo dos homens,
perdeu-se a justiça eoncriada ou original... e corrompeu-se a natureza humana”.
Apol. Aug. Conf., pág. 58: “No livro de Gênesis está descrita a pena imposta pelo
pecado original. Porque aí a natureza humana ficou sujeita não só à morte e aos
males corporais, senão também ao domínio do diabo... Defeito e
concupiscência são tanto males penais como pecados”.
Quenstedt (falecido em 1688), Quaes. Theo. Did. Pol. 1, pág. 994: “Não foi
simplesmente da vontade ou da soberania absoluta de Deus, e sim da maior
justiça e eqüidade que o pecado, que cometeu Adão, como a raiz e a origem de
toda a raça humana, nos fosse imputado e propagado em nós de modo que nos
constituísse culpados”.
Tanto a Segunda Confissão Helvética, Cap. 8, como a Gálica, Art. 9, dizem que
Adão, “por sua própria culpa, tornou-se sujeito ao pecado, e tal como ele depois
da Queda, tais são também todos os por ele propagados, sujeitos ao pecado,
à morte e a diversas calamidades”.
corrupção, que é o castigo desse pecado, e que caiu sobre Adão e toda a sua
posteridade. 3. Pecados próprios”.
Sínodo de Dort (1618) - Tal como foi o homem depois da Queda, tais os filhos
que gerou... pela propagação de uma natureza viciada, segundo o justo juízo de
Deus”.
Amésio, Medulla Theolog, Lib., prim., cap. 17: “2. Esta propagação do pecado
consta de duas partes, dtimputação e de comunicação real. 3. Pela imputação
esse ato único de
' Turretino, apud Hodge,System. Theol., 2, p. 211: “Recaiu sobre nós a pena
do pecado de Adão, tanto de privação como de punição positiva. Primeiro
é a falta e privação da justiça original; depois a morte, não só temporal
mas (ambém eterna, e para todo o gênero humano pecaminoso, que imita
os pecados”. Em latim no original. Acréscimo e tradução de Odayr Olivetti.
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6. Por conseguinte, essa privação nos vem de Adão como demérito até onde é
castigo, e como causa eficiente real até onde se acha ligada a ela a natureza do
pecado”.
Formula Consensus Helvetica (1675), Cânone 10: “Parece, porém, que de modo
algum a corrupção hereditária poderia cair, como morte espiritual, sobre toda a
raça humana pelo justo juízo de Deus, se não fosse precedida por algum
pecado dessa raça trazendo sobre ela a pena dessa morte. Porque Deus, o Juiz
supremamente justo de toda a terra, só castiga os culpados.”
O Presidente Witherspoon, Works (Obras), vol. 4, pág. 97: “Parece claro que o
estado de corrupção e maldade em que os homens se acham agora é, segundo as
declarações das Escrituras, efeito e castigo do pecado original de Adão”.
Veja também a verdade desta doutrina afirmada pelo Dr. Thomas Chalmers,
Institutes ofTheology, Parte 1, Cap. 6; pelo Dr. William Cunningham, Theology
of the Reformation, Ensaio
págs. 479, 559, 561, etc.; e um artigo de alta erudição escrito pelo Prof. George P
Fisher, de New Haven, no “New Eng-lander” de julho de 1868.
12. Por que se deu a esta doutrina o nome técnico de imputação do ato de
apostasia de Adão? Qual o significado destes termos?
Mas quando se pergunta por que é que Deus, direta ou indiretamente, nos
introduz no mundo corrompidos assim, a Igreja inteira responde, como
mostramos acima: porque Deus nos castiga assim pela apostasia de Adão.
2o. Essa doutrina é uma negação da doutrina universal da Igreja de que o pecado
de Adão foi imposto com justiça aos seus descendentes como sobre ele mesmo, e
que neles é punido por depravação como o foi nele. Aquela imputação, fosse
qual fosse o seu motivo, foi evidente e puramente imediata e antecedente.
3o. É evidente que o pecado de Adão não pode ser imputado mediata e
imediatamente ao mesmo tempo e para o mesmo efeito. Seria quase um absurdo
supor que os homens são punidos judicialmente tendo a corrupção inerente
como castigo justo do pecado de Adão, e que, ao mesmo tempo, tê-los como
culpados desse pecado porque sofrem aquele castigo. E por isso que tantos
defensores da doutrina da Igreja quanto à imputação imediata negam que em
algum sentido a imputação possa ser mediata.
4o. Mas a pena do pecado de Adão foi a “morte”; isto é, todos os males penais,
tanto os temporais como os eternos. Os defensores mais estrênuos da imputação
imediata, para explicarem a inflição do pecado inato e inerente, admitem
que todos os demais elementos da pena imposta a Adão vieram sobre nós por
causa de nossos próprios pecados inerentes e realmente cometidos - Veja
Turretino, L. 9, Quaes. 9, § 14, e Princeton Essays (Ensaios de Princeton).
m necessariamente sua origem na escolha livre da pessoa " interessada, para que
lhe possa ser imposta a responsabilidade que a culpa traz consigo. Mas todos
reconhecem que a É corrupção inerente é culpa. Alguns explicam isso
tacitamente pelo princípio de Edwards, segundo o qual “a essência das ,
disposições virtuosas ou viciosas do coração não está na sua causa e sim na sua
natureza”. Outros, porém, sustentam que a culpa inerente ao pecado inato se
deve ao fato de estar ligado este pecado como um efeito com a apostasia de
Adão. Se, pois, se perguntar: por que é que a raça está sob maldição, e por
que Deus permite que principiemos a nossa atividade moral numa condição
depravada? - todos os ortodoxos responderão explícita ou virtualmente: “É por
causa da justíssima imputação imediata do pecado original de Adão”.
segunda, pode-se dizer que a pena positiva é imputada mediatamente, porque lhe
ficamos expostos só depois de nascermos e nos acharmos corrompidos”.
14. Que prova desta doutrina nos dá a analogia que em Romanos 5:12-21 Paulo
assevera existir entre a nossa condenação em Adão e a justificação em Cristo?
“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os
homens para justificação de vida.”
Io. Agostinho entendeu a raça como essencialmente uma só unidade. Até onde se
considera Adão como uma pessoa, seu pecado foi só dele; mas até onde a raça
inteira estava nele em sua forma de existência essencial, não distribuída e
não individualizada, o seu ato de apostasia foi a apostasia da raça inteira e, sendo
culpada e também depravada a natureza comum, esta é com justiça distribuída
nesta condição e sob a condenação a cada indivíduo. A raça inteira coexistia e
era coativa em Adão, não pessoal ou individualmente, e sim virtual ou
potencialmente. Veja o que dizem o Dr. Philip Schaff, no Comentário de Lange
sobre Romanos, págs. 191-196, e o Dr. Jorge P Fisher, em New Englander, julho
de 1860. Este é um modo de pensar que ao menos pressupõe a verdade
do realismo; e a linguagem empregada neste sentido tornou-se tradicional na
Igreja e tem sido empregada num sentido geral por muitos que estavam longe de
serem realistas em filosofia, quando tratavam da nossa relação com Adão. Até
entre teólogos que rejeitaram explicitamente o realismo e o
substituíram definitivamente por outra explicação dos fatos, têm
sido conservadas formas de expressão que tiveram origem nesse realismo. A raça
inteira tem sido considerada como uma só unidade orgânica, e tem-se dito que
estivemos em Adão como os ramos estão numa árvore, etc. Explicações como
esta e outras têm continuado até aos tempos ulteriores, e têm sido mescladas com
outras essencialmente diversas, como, por exemplo, a da representação, etc.
Esta, por pouco satisfatória que seja como explicação da nossa culpa, é muito
ortodoxa,
não só pelo número e pela autoridade dos escritores que a adotaram, mas
também porque nela se acha incluído, no mais alto grau concebível, o motivo da
imputação imediata. O ato de apostasia de Adão nos é imputada como foi a
Adão “porque fomos co-agentes culpados com ele nesse ato” - Essays (Ensaios),
de Shedd.
2o. A teoria federal pressupõe a relação natural. Adão era, diante de Deus no
Paraíso, um agente moral, livre, responsável, falível, com um corpo animal e
uma natureza geradora, procriadora. Se não interviesse um milagre, levaria seus
filhos consigo em seus destinos. Tomando-se em consideração somente a lei, o
seu estado dependia, e não podia deixar de depender sempre, da sua livre
vontade (do seu livre-arbítrio). Por isso Deus, como o Curador benévolo e justo
de todas as criaturas morais, por Sua graça constituiu Adão como cabeça e
representante federal da raça como um todo e lhe prometeu, para ele e para
todos, a vida eterna, ou seja, a santidade e a felicidade confirmadas, sob a
condição de obediência temporária em condições favoráveis, e o ameaçou, para
ele e para todos, com a pena de morte, ou seja, a condenação e o desamparo, se
desobedecesse. Este foi um ato de graça em favor de Adão, porque substituiu
uma provação eterna por uma temporária. E foi também um ato de graça em
nosso favor, pelas razões mencionadas abaixo.
Ia. Que a idéia de uma aliança com Adão, seus descendentes inclusive, havia
sido concebida claramente e proposta
enfaticamente muito tempo antes dessa ocorrência. Isso fora feito por Catherino
diante do Concilio de Trento (Hist. Cone. de Trento, de autoria do padre Paul,
págs. 175,177), e entre os protestantes por homens como Hypério (f 1567),
Oleviano (cerca de 1563) e Rafael Eglin (Hist. Prot., Theol., de Dorner, vol. 2,
págs. 31-45).
16. Que se pode aduzir com justiça em apoio do modo agostimano de explicar a
nossa unidade moral com Adão?
Io. Que, se pudermos provar que nós fomos “co-agentes culpados com Adão no
seu pecado”, teremos apresentado o melhor motivo possível, e o mais
satisfatório, para nos ser imputada com justiça e imediatamente a culpa desse
pecado.
2o. A analogia, até onde ela se estende, de todo o proceder providencial geral e
especial de Deus com os homens. As alianças feitas por Deus com Noé, Abraão
e Davi incluem os filhos junto com os pais e se apoiam nas relações naturais
de gerador e gerados. A constituição da congregação judaica, e também a da
Igreja Cristã, determinam que os direitos das crianças sejam predeterminados
pelo estado de seus pais. Este, é certo, é determinado por uma aliança baseada na
graça; mas, ao mesmo tempo, essa aliança pressupõe a mais fundamental e geral
relação natural de geração e educação. Toda condição e todo caráter humano,
independentemente de qualquer intervenção sobrenatural, são determinados por
condições históricas. Hugh Miller - Testimony ofthe Rocks (O Testemunho das
Rochas), falando como cientista cristão, diz: “E um fato amplo e palpável, como
o é a economia da natureza, que... progenitores decaídos, quando separados
completamente da
17. Que argumentos se pode apresentar com justiça contra a suficiência dessa
explicação do motivo da imputação imediata da culpa do pecado original de
Adão?
Io. Note-se (1) que a congregação judaica, a quem foi dado o segundo
mandamento - Ex. 20:5, e os filhos de Noé, Abraão e Davi, como também a
Igreja Cristã, foram incluídos em alianças especiais baseadas na graça; (2) que,
nos casos em que Deus visita nos filhos a iniqüidade dos pais, na
providência natural e sem nenhuma consideração por quaisquer
obrigações especiais baseadas em aliança, Deus age com discrição realmente
justa, embora soberana, tratando com rebeldes que já estavam sob uma prévia
condenação justa.
2o. Quando se refere ao fato de que Adão foi nosso cabeça natural, e diz que nós
estivemos nele como “raiz” e “os galhos de uma árvore”, a noção não é
satisfatória, (1) porque é muito indefinida; (2) porque é uma explicação material
e mecânica e, por isso, deixa inteiramente de explicar a responsabilidade moral,
que é essencialmente espiritual e pessoal; (3) além disso, essa noção baseia-se,
ao menos veladamente, na falácia de que as leis do desenvolvimento natural
constituem os limites necessários da operação divina, ou como agentes
independentes de Deus, ou como co-causas com Ele. A verdade, porém, é que a
constituição da natureza é criatura de Deus e Seu instrumento. (4) Essa teoria
não dá nenhuma explicação, nem por meio de algum princípio nem por alguma
analogia, porque somente o primeiro pecado (o original) de Adão nos é
imputado e porque não nos é imputado nenhum dos pecados subseqüentes de
todos os nossos antepassados.
3o. A idéia de uma coexistência e cooperação não pessoal (veja Essays e Histor.
Christ. Doc./Ensaios e História das Doutrinas Cristãs - por Dr. W. G. T. Shedd, e
o comentário de Romanos em Lange’s Commentary, págs. 192-194, por
Dr. Philip Schaff) como a única base de uma justa responsabilidade moral não
tem apoio algum no testemunho da consciência, que é a nossa única cidadela de
defesa contra o materialismo, o naturalismo e o panteísmo. A única concei-
tuação do pecado que a consciência íntima nos dá é de que é o estado ou o ato de
um agente pessoal livre. Mesmo que fosse uma cooperação moral de natureza
impessoal, virtual, potencial, transcenderia a nossa consciência e a nossa
inteligência, e, sendo ela mesma ininteligível, não poderia lançar luz sobre os
fatos misteriosos para cuja explicação e justificação ela é invocada.
(2) O Dr. Shedd explica que a substância espiritual genérica que pecou foi
depois, pela agência de Adão, distribuída e desenvolvida numa série de
indivíduos. Todavia, pode porventura um espírito ser dividido, e as suas partes
podem ser distribuídas, tornando-se cada parte um agente ativo da
mesma forma como foi o todo de onde essa parte foi separada? Não será isso
confundir os atributos de espírito e matéria, e explicar o pecado como material?
E não é o pecado eminentemente espiritual e pessoal?
Ia. A teoria de que Adão foi nosso cabeça federal pressupõe o fato de que ele foi
nosso cabeça natural e nesse fato se apóia. Ele era nosso cabeça natural antes de
ser nosso cabeça federal. Sem dúvida ele foi feito nosso representante federal
porque era nosso progenitor natural e estava em circunstâncias tais que os seus
atos não podiam deixar de afetar os nossos destinos, e porque a nossa natureza
estava sendo provada (típica, senão essencíalmente) nele. Portanto, tudo quanto
de virtude que segundo esta explicação se pode supor que contém o fato de Adão
ser nosso cabeça natural, tudo isso a teoria federal retém.
2a. Como já mostramos, a aliança foi um ato da graça suprema de Deus para com
Adão mesmo. E o foi mais ainda para com os seus descendentes. Todas as
criaturas morais de Deus são introduzidas na existência em estado de
integridade moral que é real, mas instável. E evidente que, quanto aos homens e
aos anjos, isso é verdadeiro e também equitativo. É necessário, pois, que passem
por uma provação limitada ou ilimitada. Adão estava na condição mais vantajosa
possível de passar incólume por essa provação limitada pela graça
divina. Parece, porém, que os seus descendentes não poderiam passar por uma
provação justa, a não ser na pessoa de Adão. “Só eram possíveis três planos: (1)
Deus poderia ter deixado a raça inteira em sua relação natural para com Ele. (2)
Cada indivíduo poderia ser sujeito a uma prova individual, sob uma aliança de
obras proposta pela graça divina. (3) A raça como um todo poderia ser
representada por algum termo limitado na pessoa de seu cabeça natural. O
primeiro plano teria com certeza tido como resultado o pecado universal. O
segundo é o que os
pelagianos supõem que foi adotado. O terceiro é, sem comparação, o plano mais
vantajoso para os homens.” -Syllabus (Sumário) do Dr. Robert L. Dabney. A
provação separada das almas nascentes das crianças não era de certo preferível.
3a. Deus, decerto, como matéria de fato, sujeitou Adão a uma prova especial e
temporariamente limitada, e fez-lhe uma promessa de “Vida” e o ameaçou de
“Morte”. E esta mesma pena, da qual ele foi ameaçado, em seu sentido geral e
em seus termos especiais (Gên. 2:17; 3:16-19) tem sido infligida a toda a sua
posteridade.
4a. Esta teoria é confirmada também pela analogia que as Sagradas Escrituras
afirmam existir entre a imputação a nós do pecado original de Adão e a
imputação a Cristo dos nossos pecados e da Sua justiça a nós. Isso mostra que a
raça é uma unidade com Adão e que os eleitos são uma unidade com Cristo. Esta
analogia é por certo mais completa segundo a teoria federativa da união íntima
entre Adão e a raça do que segundo qualquer teoria que não faça caso dessa
união. Tanto a aliança da graça, que incluiu os eleitos, como a aliança das obras,
que incluiu a raça, vieram da graça divina. Cristo, pelo amor que nos teve,
tornou-se voluntariamente o Cabeça do Seu povo; Adão, pela obediência que
devia a Deus, e por interesse e dever, não se recusou a tornar-se o cabeça federal
da raça humana. Deus, por Sua graça, escolheu os eleitos pelo amor que lhes
tem, e também por Sua graça incluiu os descendentes de Adão em sua
representação, como ato de beneficência para com eles.
Não será verdade que o que restar de misterioso nesta doutrina perde-se nesse
abismo aberto pelo fato da permissão para que entrasse o pecado, diante do qual
todas as diversas escolas de teístas deste lado do véu se vêm obrigados a
prostrar-se em silêncio?
A Aliança da Graça
A ALIANÇA DA GRAÇA
É evidente -
Io. Que, sendo Deus uma inteligência infinita, eterna e imutável, deve, desde o
princípio, ter formado um plano totalmente abrangente e imutável, de tudo
quanto iria fazer no tempo, plano no qual deviam achar-se incluídas Suas
obras de Criação, Providência e Redenção.
2o. Um plano formado pelas três Pessoas, e que, nas suas diversas partes
recíprocas, devia ser distribuído entre Elas e por Elas ser executado, como
Aquele que enviou e Aquele que foi enviado, como Dirigente e Mediador, como
Executor e Aplicador, deve necessariamente possuir todos os atributos essenciais
de uma aliança eterna entre essas Pessoas.
3o. Desde que Deus, em todos os diversos ramos do Seu governo moral, trata o
homem como um ser moral, inteligente, voluntário e responsável, segue-se que a
execução do plano da
redenção deve ser ética e não mágica em seu caráter geral, deve proceder pela
revelação de verdades e pelas influências de motivos, e o plano deve ser
apropriado voluntariamente por aqueles que lhe estão sujeitos, como uma graça
oferecida a eles, e lhe devem obedecer como a um dever imposto, sob pena
de reprovação. Daí se segue que a sua aplicação deve possuir todos os atributos
essenciais de uma aliança feita no tempo entre Deus e Seu povo.
1. Qual o uso da palavra berith nas Escrituras hebraicas?
Io. Uma ordem natural estabelecida divinamente. A aliança de Deus com o dia,
com a noite, etc. Veja Jer. 33:20.
2o. A aliança de um homem com outro. Jônatas com Davi - 1 Sam. 18:3 e
capítulo 20. Davi e Abner - 2 Sam. 3:13.
3o. A aliança que Deus fez com Noé quanto à sua família, Gên. 6:18,19, quanto à
raça humana, Gên. 9:9. Tomou-se o arco-íris como um sinal dessa aliança - Gên.
9:13.
4o. A “Aliança da Graça” feita com Abraão, Gên. 17:2-7, que Paulo chama “a
promessa”, Gál. 3:17. Como sinal desta aliança foi estabelecida a circuncisão -
Gên. 17:11; cf. Atos 7:8. '
5o. A mesma aliança, feita geralmente, com Abraão, Isaque e Jacó - Ex. 2:24,
etc.
Assim, a disposição feita por Deus com a igreja antiga por meio de Moisés, a
diatheke antiga, contrastada no Novo Testamento com a nova - Gál. 4:24; Heb.
8:8, foi realmente uma aliança, tanto civil como religiosa, feita entre Jeová
(Iavé) e os israelitas; ao mesmo tempo, tanto no seu elemento legal, que, “por
causa das transgressões foi posto, até que viesse a semente, a quem havia sido
feita a promessa”, como também no seu elemento simbólico e típico ensinando
verdades a respeito de Cristo, era, em sentido mais exaltado, uma dispensação ou
um modo de administrar a aliança da graça. Assim também a dispensação
evangélica atual introduzida por Cristo, que toma a forma de uma aliança entre
Ele e Seu povo, incluindo muitas promessas pela graça, dependendo de
3. Quais são as três opiniões sustentadas pelos calvinistas, a respeito das partes
componentes da aliança da graça ?
Ia. A primeira opinião diz respeito à aliança da graça como feita por Deus com
pecadores eleitos, prometendo Deus salvar os pecadores como tais sob a
condição da fé, e prometendo eles, quando convertidos, crer e obedecer.
Segundo esta
opinião, Cristo não é uma das partes da aliança, e é, sim, o seu Mediador a favor
dos Seus eleitos, e seu Fiador; isto é, Ele garante que todas as condições exigidas
dos eleitos serão cumpridas por eles mediante a graça divina.
2a. Conforme a segunda opinião, houve duas alianças, das quais a primeira,
chamada aliança da redenção, foi feita desde toda a eternidade entre o Pai e o
Filho como partes. Nela o Filho prometeu obedecer e sofrer, e o Pai prometeu
dar-lhe um povo e conceder a este, no Filho, todas as bênçãos espirituais e a vida
eterna. A segunda, chamada aliança da graça, é feita por Deus com os eleitos
como partes, sendo Cristo o Mediador e o Fiador a favor do Seu povo.
3a. Falando as Escrituras em dois Adãos, dos quais um representa a raça inteira
na economia da natureza, e o outro o corpo inteiro dos eleitos numa economia
baseada na graça, parece mais simples considerar como o fundamento de todo
o proceder de Deus em relação aos homens, somente as duas alianças
contrastadas, das obras e da graça. A primeira destas, feita por Deus no jardim
do Éden com Adão como cabeça e representante federal de toda a sua
posteridade. Das promessas, condições, penas e resultados dessa aliança já falei
sob título anterior (veja o Capítulo 17). A segunda, ou seja, a aliança da graça,
feita nos conselhos da eternidade entre o Pai e o Filho como partes contratantes.
Segundo esta opinião, o Filho entrou nesta aliança na qualidade de segundo
Adão, representou todo o Seu povo como seu Mediador e Fiador, assumiu o seu
lugar e tomou sobre Si todas as obrigações que eles tinham debaixo da aliança
das obras, violada, e tomou sobre Si o aplicar-lhes todos os benefícios
alcançados por esta eterna aliança da graça e fazer com que eles cumprissem
todos os deveres envolvidos nesta mesma aliança. Assim, pois, sob um aspecto,
esta aliança pode ser considerada como se fosse feita pela cabeça para a salvação
dos membros, e, sob outro, como se fosse feito com os membros em sua cabeça
e seu abonador. Porque aquilo que é uma graça vinda de Deus é para nós um
dever, como ora
Agostinho: “Da quod jubes, etjubes quod vise daí resulta esta complexa idéia da
aliança.
Aos olhos de Deus, todo homem do mundo está como que contemplado numa ou
noutra destas grandes alianças, ou das obras ou da graça. Devemos estar
lembrados, porém, de que nas diferentes dispensações, ou modos de administrar
a eterna aliança da graça, Cristo contratou com Seu povo diversas alianças
especiais, como provisões administrativas para levar a efeito os compromissos e
para aplicar-lhe os benefícios de Sua própria aliança com o Pai. Houve assim a
aliança feita por Jeová (Iavé) (a segunda Pessoa, veja acima, Cap. 9, Perg.
14) com Noé, o segundo cabeça natural da raça humana, Gên. 9:11,15; a aliança
feita com Abraão, o crente típico, tendo o sinal e selo visível da circuncisão, e
sendo fundada assim a Igreja visível como um agregado de famílias. Esta
aliança continua até o dia de hoje a ser a carta constitucional da Igreja visível, e
as ordenanças do Batismo e da Ceia do Senhor, que agora lhe são anexos,
significam e selam para os crentes os benefícios da aliança da graça, a saber, a
vida eterna, o arrependimento, a obediência etc., da parte de Deus, como coisas
prometidas; da nossa parte, porém, como coisas que são do nosso dever, isto é,
até onde devem ser feitas por nós -compare Gên. 17:9-13 com Gál. 3:15-17. A
aliança nacional feita com os judeus, que constituíam então a Igreja visível, Êx.
34:27; a aliança feita com Davi, tipo de Cristo como Rei mediatário, 2 Sam.
7:15,16; 2 Crôn. 7:18. As ofertas universais do evangelho durante a dispensação
atual são também apresentadas sob a forma de uma aliança. A salvação é
oferecida a todos sob a condição da fé, mas a fé é dom de Deus, adquirido por
Cristo para os eleitos e a esses prometido e por eles exercido quando lhes é dado.
Todo crente, quando chega ao conhecimento de Deus, faz aliança com Ele e a
renova em todos os atos de fé e oração. Mas todas e cada uma destas
alianças especiais são provisões para a administração da eterna aliança da graça,
e o seu único desígnio é comunicar os benefícios que
2o. Que Cristo representou os Seus eleitos nessa aliança está necessariamente
implícito na doutrina da soberana eleição pessoal para a graça e a salvação. A
respeito de Suas ovelhas, diz Cristo: “Eram teus, e tu mos deste”, e “Tenho
guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu” - João 17:6,12.
5o. Cristo se refere constantemente a uma comissão prévia que recebera de Seu
Pai-João 10:18; Luc. 22:29. -
6o. Cristo pede a recompensa, tendo Ele cumprido essa comissão-João 17:4.
7o. Cristo assevera constantemente que Seu povo e a glória esperada Lhe são
dados por Seu Pai como recompensa - João 17:6,9,24; Fil. 2:6-11.
2o. As condições às quais o Pai se impôs foram, (1) toda a preparação necessária,
Heb. 10:5; Is. 42:1-7; (2) apoio à Sua obra, Luc. 22:43; (3) uma recompensa
gloriosa, primeiro consistindo na Sua Pessoa teantrópica, “o nome que esta
acima de todo nome”, Fil. 2:6-11 (ARA), e o domínio universal entregue a Ele
como o Mediador, João 5:22; Sal. 110:1; e a entrega em Suas mãos da
administração de todas as provisões da aliança da graça a favor do Seu povo,
Mar. 28; 18; João 1:12; 7:39; 17:2; Atos 2:33; e, em segundo lugar, a salvação de
todos aqueles pelos quais fez a aliança, incluindo as provisões para
a regeneração, a justificação, a perseverança e a glória - Tito 1:2; Jer. 31:33;
32:40; Is. 35:10; 53:10,11 (Dick,Lect. on Theol., vol. 1, págs. 506-509).
3o. As condições a serem cumpridas pelo Filho foram, (1) que encarnasse,
nascesse de mulher, nascesse debaixo da lei, Gál. 4:4,5; (2) que assumisse e
cumprisse perfeitamente, por Seus eleitos, todas as condições violadas e todas as
penas impostas pela aliança das obras e nas quais eles incorreram, Mat. 5:17,18;
o que Ele devia fazer, primeiro, prestando uma obediência perfeita aos preceitos
da Lei, Sal. 40:8; Is. 42:21; João 9:4,5; 8:29; Mat. 18:17•, t,em segundo lugar,
sofrendo toda a penalidade em que Seu povo incorreu por seus pecados -Is. cap.
53; 2 Cor. 5:21; Gál. 3:13; Ef. 5:2.
3o. Como Mediador, Ele administra a aliança e dispensa todas as Suas bênçãos.
4o. Em tudo isso Cristo não foi um mero internúncio mediatário, expressão
aplicável a Moisés - Gál. 3:19, mas foi Mediador (1) plenipotenciário - Mat.
28:18, e (2) Sumo Sacerdote, realmente efetuando reconciliação por sacrifício -
Rom. 3:25.
6o. Como Mediador Cristo obriga-Se também a dar a Seu povo a fé, o
arrependimento e todas as graças, e garante por eles que da sua parte exercerão a
fé, arrepender-se-ão e cumprirão todos os seus deveres.
8. Que método geral caracteriza o modo pelo qual Cristo administra a Sua
aliança sob todas as dispensações?
Os benefícios adquiridos pela aliança estão postos nas mãos de Cristo para serem
concedidos a Seu povo como dádivas gratuitas e soberanas. Da parte de Cristo
são dádivas, da nossa
parte, porém, para com Ele, muitos deles são deveres. Assim, na administração
da aliança da graça, muitas dessas bênçãos adquiridas, e que devem tornar-se
efetivas por atos nossos, como, por exemplo, a fé, etc., Ele exige de nós como
deveres, e promete outros benefícios como uma recompensa que tem
por condição a nossa obediência. Pode-se dizer, pois, que Ele recompensa a
graça com graça, e faz da graça uma condição da graça. Promete a fé a Seus
eleitos e então opera neles a fé, e em seguida dá-lhes em recompensa à sua fé a
paz de consciência, a alegria no Espírito Santo, a vida eterna, etc.
Os arminianos sustentam:
10. Quanto às partes da aliança da graça, que Deus a oferece a todos, e que
firma contrato realmente com todos os crentes.
2o. Quanto às suas promessas, que estas incluem todos os benefícios temporais e
eternos da redenção realizada por Cristo.
3o. Quanto às suas condições, que Deus agora aceita, por Sua graça, a fé e a
obediência evangélica como justiça, em vez de aceitar como tal somente essa
perfeita obediência legal que Ele exigiu do homem sob a aliança das obras, a
obra meritória de Cristo tendo tornado compatível com os princípios da
justiça divina que Ele faça isso. Eles ensinam que todos >s homens recebem
graça suficiente para torná-los capazes de cumprirem tais condições, se
quiserem.
A fé é uma condição«ne qua non da salvação; isto é, nenhum adulto pode ser
salvo se não crer, e todo homem que crê será salvo. Ela é, porém, uma dádiva
que vem de Deus, e é a primeira parte ou o primeiro passo da salvação. Vista do
lado divino, ela é o princípio e o índice da obra salvadora de Deus em nós. Vista
do lado humano, ela é um dever da nossa parte e é um ato nosso. Como ato
nosso, ela é, portanto, o meio que
11. Quais são as promessas que Cristo, como o Administrador da aliança, faz
a todos os que crêem?
A promessa feita por Deus a Abraão de que seria o seu Deus e o da sua
posteridade depois dele (Gên. 17:7) abrange todas as demais. Todas as coisas,
tanto físicas como morais, na providência e na graça, para o tempo e para a
eternidade, contribuirão, segundo as promessas, para o nosso bem. “Tudo é
vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus” - 1 Cor. 3:22,23.
12. Como se pode provar que Cristo era o Mediador dos homens tanto antes
como depois do Seu advento em carne?
Io. Como Mediador Ele é tanto Sacerdote como Sacrifício, e como tal temos a
afirmação de que Ele é o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”,
e de que Ele é a vítima “para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo da primeira aliança, os chamados recebam a
herança eterna” - Apoc. 13:8; Rom. 3:24; Heb. 9:15.
4o. Em Atos 10:43 lemos: “A este dão testemunho todos os profetas, de que
todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome”. Veja
também Is. cap. 53, todo o capítulo, e 42:6.
6o. Cristo é o Jeová (Iavé) da antiga dispensação. Veja acima, Cap. 9, Perg. 14.
16. Como foi ela administrada desde os dias de Abraão até aos de Moisés?
Io. A promessa feita durante o período anterior (Gên. 3:15) foi revelada na forma
de uma aliança mais definida, revelando que o Salvador prometido deveria vir da
linhagem de Abraão e Isaque, e foi exposto mais plenamente o fato de que o
mundo inteiro estava interessado na salvação que ele haveria de receber Gên.
17:7; 22:18. Este foi o evangelho anunciado primeiro - Gál. 3:8.
3o. A Igreja, ou seja, a congregação de crentes, que existira desde o princípio nos
seus membros individuais, foi então formada numa congregação geral como um
agregado de famílias, pela instituição da circuncisão, como um símbolo visível
dos benefícios da aliança da graça, e como um sinal de que se pertence à Igreja.
17. Qual é a verdadeira natureza da aliança feita por Deus com os israelitas
por meio de Moisés?
Io. Como um pacto nacional e político, pelo qual os israelitas, num sentido
político, tornaram-se o povo de Deus, reconheceram-se sob o Seu governo
teocrático, e tornando-se Ele, neste sentido peculiar, o seu Deus. Sob um aspecto,
o
Io. Antes da vinda de Cristo, a verdade era ensinada por meio de símbolos que
eram ao mesmo tempo tipos da propiciação real pelo pecado que se deveria fazer
depois. Agora a verdade é revelada na clara história evangélica.
3o. Estava embaraçada com tantas cerimônias que era uma dispensação
comparativamente carnal. A dispensação atual é espiritual.
A palavra traduzida porShüo (Figueiredo) Siló (Almeida), “aquele que deve ser
enviado”, significa paz e é aplicada ao Messias - Cf. Miq. 5:2,5 com Mat. 2:6.
Além disso, é só o Messias que foi “a expectação das gentes”, ou a quem
serão congregadas as gentes ou nações. Veja Is. 55:5; 60:3; Ag. 2:7. Além disso,
os judeus sempre entenderam a passagem como se referindo ao Messias.
Até ao nascimento de Jesus Cristo, Judá retinha o cetro e tinha legislador, ou,
como diz Figueiredo, General; mas na destruição de Jerusalém, setenta anos
depois, Judá perdeu todo o poder político. Se, pois, o Messias não tivesse vindo
antes dessa catástrofe, a profecia seria falsa. .
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Io. Porque era costume judaico dividir assim o tempo; 2o. Porque é o uso comum
nos livros proféticos. Veja Ez. 4:6; Apoc. 12:6; 13:5; e 3o. Porque a interpretação
literal das palavras, como setenta semanas, é impraticável.
A profecia é que em sete semanas de anos, ou em quarenta e nove anos depois de
findo o cativeiro, a cidade seria reedifi-cada; que em sessenta e duas semanas de
anos, ou quatrocentos e trinta e quatro anos depois de reedificada a cidade,
apareceria o Messias; que Ele, durante o período de uma semana de
anos, confirmaria a aliança, e que, no meio da semana, seria cortado.
Há alguma dúvida quanto à data exata da qual se deve começar calcular; mas a
maior diferença não é mais de dez anos, e a data mais provável faz a profecia
coincidir exatamente com a história de Cristo. '
Quanto à data, foi predito que Ele viria antes que se tirasse o cetro de Judá (Gên.
49:10), no fim de quatrocentos e noventa anos depois de sair o edito mandando
reedificar Jerusalém e enquanto existia ainda o segundo templo-Ag. 2:9; Mal.
3:1.
Ele deveria ser Rei e Conquistador de um império universal (Sal. 2:6 e 45; Is.
9:6,7), e, ao mesmo tempo, ser “objeto de
desprezo e o último dos homens, um varão de dores”, e ser “cortado da terra dos
viventes” - Is. cap. 53 (Figueiredo). Deveria ser uma luz para os gentios e sob a
Sua administração deveria mudar-se a condição moral do mundo inteiro -
Is. 42:6; 49:6; 60:1-7. Sua morte deveria ser expiatória - Is. 53:5,9,12. Ele
deveria entrar na cidade montado num jumentinho - Zac. 9:9, e ser vendido por
trinta moedas de prata. - Zac. 11:12,13. Suas vestes deveriam ser repartidas
por sorteio. - Sal. 22:19. Deveriam dar-lhe vinagre a beber - Sal. 49:22. As
próprias palavras que deveria pronunciar na cruz foram preditas - Sal. 22:2. Foi
predito também que Ele seria traspassado, Zac. 12:10, e que a Sua morte e a Sua
sepultura seriam com os ímpios e com os ricos - Is. 53:9.
VejaEvidences ofChristianity (Evidências do Cristianismo), do Dr. Alexander.
6. Que obra peculiar o Messias deveria realizar e que foi realizada por Cristo
?
2o. E também verdadeiro homem, sendo a sua natureza humana derivada por
geração (comum) do tronco de Adão.
3o. Estas duas naturezas continuam unidas em Sua Pessoa, mas sempre sendo
verdadeira divindade e verdadeira humanidade, sem mistura nem mudança
quanto à essência, de modo
que Cristo possui ao mesmo tempo, na unidade da Sua Pessoa, dois espíritos,
com todos os seus atributos essenciais, a consciência, a mente, os sentimentos e
a vontade humanos, e a consciência, a mente, os sentimentos e a vontade
divinos. (“Gemina substancia, gemina mens, gemina sapientia robur et virtus ”
4o. Não obstante isso, eles, unidos assim, constituem uma só Pessoa, e a esta
única Pessoa pertencem os atributos das duas naturezas.
5o. Esta Personalidade não é personalidade nova constituída pela união das duas
naturezas no ventre da virgem, mas é a Pessoa eterna e imutável do logos, a qual
no tempo assumiu uma nascente natureza humana e sempre depois abrange
a natureza humana com a divina na Personalidade que pertence eternamente à
divina.
E chamado homem - 1 Tim. 2:5. Seu título mais comum é “o Filho do homem”,
Mat. 13:37; também posteridade ou descendência (semente) da mulher, Gên.
3:15, de Abraão, Atos 3:25; Filho de Davi, e fruto dos seus lombos, Luc. 1:32;
Atos 2:30; feito de mulher, Gál. 4:4. Ele tinha um corpo, comia, bebia, dormia,
crescia em estatura (idade), Luc. 2:52, e durante uma vida de trinta e três anos
era reconhecido por todos como um verdadeiro homem. Morreu em agonia na
cruz, foi sepultado, e provou a Sua identidade por meio de sinais físicos
- Luc. 24:36-44. Tinha uma alma racional, dado que Ele crescia em sabedoria.
Tinha os sentimentos comuns da nossa natureza, visto que Ele “moveu-se muito
em espírito”, perturbou-Se e chorou - João 11:33,35. Ele amava Marta, Maria,
Lázaro e o
Por outro lado, há passagens nas quais são atribuídos a Cristo atributos e ações
divinos, enquanto que a Sua Pessoa é designada por um título humano-João
3:13; 6:62; Rom. 9:5; Apoc. 5:12.
10. Que princípio geral se deve seguir na explicação das passagens em que se
atribuem a Cristo os atributos de uma das naturezas mas que pertencem à
outra?
“Pessoa”, nesta conexão, tem sido definida como “uma substância individual
que, nem é parte de alguma outra coisa, nem é sustentada por ela”, ou como
“uma subsistência individual e inteligente,per se subsistens” (auto-subsistente).
A natureza humana de Cristo nunca foi “per se subsistens”, mas, tendo
começado a ser como um gérmen gerado numa união pessoal com a eterna
Segunda Pessoa da Deidade, pode, l portanto, ser desde o princípio, “in altero
sustentatur” (ser j sustentado por outrem). j
12. Que efeitos esta união pessoal produziu na natureza divina ' de Cristo?
por esta união. A inteira essência divina e imutável continuou a subsistir como o
eterno Verbo pessoal, abrangendo então uma perfeita natureza humana na
unidade da Sua Pessoa e como o órgão da Sua vontade. Contudo, em
conseqüência desta união, foi alterada a relação da natureza divina com a criação
toda, porque Cristo tornou-se, assim, Emanuel, “Deus conosco”, “Deus que se
manifestou em carne”.
13. Que efeitos esta união pessoal produziu na natureza humana de Cristo?
O efeito produzido por essa união na natureza humana de Cristo foi, portanto -
2o. Uma exaltação sem igual à dignidade e glória, sobre todo nome que se
nomeia, e uma comunhão de honra e glória com a Deidade, em virtude da Sua
união com ela numa Pessoa divina.
3o. Como se dá com a união de alma e corpo no homem, a alma, embora privada
absolutamente de extensão em si mesma, nem por isso deixa de estar presente ao
mesmo tempo, desde a cabeça até às plantas dos pés, em virtude da sua
união com o corpo - isto é, está virtualmente, se não essencialmente, presente na
percepção e na volição ativas - assim também a natureza humana de Cristo, em
virtude da sua união pessoal com o Verbo eterno, está (a) presente virtualmente
(apesar de localmente no céu) com Seu povo até às partes mais remotas da terra
ao mesmo tempo, simpatizando (isto é, em empatia real) com cada membro do
Seu povo como alguém que também
foi tentado; (b) praticamente inexaurível, apesar de tudo quanto se Lhe pede no
exercício constante das funções mediatárias que envolvem ambas as naturezas.
14. Até onde está incluída a natureza humana de Cristo no culto que Lhe é
devido?
15. Qual a analogia apresentada na união de duas naturezas nas pessoas dos
homens ?
das naturezas, sendo que aquilo que se afirma é próprio da outra. ' -: ' 1
4o. O espírito é a pessoa. Quando ele deixa o corpo, este é sepultado como
cadáver, enquanto que o espírito vai para o Juízo. Na ressurreição, o espírito
reassumirá o corpo correspondente à sua pessoa.
Junto com o processo, e nele, pelo qual eles mantêm sua opinião peculiar sobre a
presença da própria substância do corpo e do sangue de Cristo em, com e sob o
pão e o vinho na Eucaristia, Lutero e os que o seguiram introduziram e
elaboraram a doutrina de que, em conseqüência da união hipostática das
naturezas humana e divina na Pessoa única de Cristo, cada uma das duas
naturezas participa dos atributos essenciais da outra.
IIBUOTECA
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531
Io. Esta doutrina e todos os seus elementos são ensinados nas Escrituras com
suma clareza e proeminência.
18. Quais os credos em que esta doutrina tem sido mais acuradamente
definida? Epor quais concílios?
Estas especulações tiveram todas uma origem gnóstica. Daí veio a convicção de
que a matéria é má em si mesma, e que inúmeros aons, ou grandes emanações
espirituais de Deus, que é o Absoluto, medeiam entre Este e o mundo.
Ospnêumata vêm de Deus, mas a matéria existe por si mesma e as almas animais
vêm de um ser menor do que Deus. Por isso os docetce (docetistas; dedokéo,
supor, pensar, parecer) sustentavam que a natureza humana (corpo e alma) de
Cristo era um mero fantasma ou aparência, sem nenhuma existência real
e substancial; que não passava de uma visão ou fantasma através do qual o
Logos quis manifestar-se aos homens por algum tempo.
22. Em que consiste a heresia apolinariana?
Essa tendência foi mais conspícua nos escritos de Teodoro de Mopsuéstia, chefe
da escola antioquiana, e, em razão da sua influência, ela tornou-se a
característica geral dessa escola. A teologia da Igreja Oriental dos séculos quarto
e quinto estava dividida entre as duas grandes escolas rivais de Alexandria e de
Antioquia. “Na escola de Alexandria predominava um modo intuitivo de pensar,
inclinando-se para o misticismo; na de Antioquia predominava uma inclinação
lógica e reflexiva da inteligência” - Neander,//£sí., Tradução de Torrey, vol. 2,
pág. 352.
2. “Mas o Logos é Deus; tem vida em Si assim como a tem o Pai; a Sua
volição quanto a receber a vida .do Pai é a fonte da Sua vida; Sua consciência de
Si é Seu próprio ato. Daqui se segue que Ele pode suspender Sua consciência
de Si.”
2o. Não é compatível com o fato de que Cristo, quando na terra, era Deus real e
absoluto.
3o. Tampouco é compatível com o fato de que a humanidade de Cristo foi uma
humanidade real, gerada da semente de Abraão.
EXPOSIÇÕES AUTORIZADAS
Disse Lutero: “Onde quer que colocardes Deus, aí é necessário que coloqueis a
humanidade (de Cristo); não podem ser separados nem desunidos; é uma só
Pessoa, e a humanidade está unida mais intimamente a Deus do que a nossa pele
está unida à nossa carne, sim, mais intimamente do que o corpo à alma”. .
natureza divina em Cristo tenha sofrido, nem que Cristo, segundo a Sua natureza
humana, tenha até agora estado no mundo e assim em toda parte.”
2. Por que foi necessário que o Mediador possuísse uma natureza divina,
como também uma natureza humana?
f
Io. E evidente que era necessário que o Mediador fosse Deus; (1) Para que fosse
independente e não uma simples criatura de uma das partes, pois, de outro modo,
não poderia fazer eficazmente a paz. (2) Para que revelasse Deus e a salvação
que dEle vem aos homens, porque “ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e
aquele a quem o Filho o quiser revelar” -Mat. 11:27; João 1:18. (3) Para que,
estando, quanto à Sua
2o. Era evidentemente necessário que fosse homem. (1) Para que representasse
verdadeiramente os homens como o segundo Adão. (2) Para que fosse feito
debaixo da lei, a fim de tornar possíveis a Sua obediência, os seus sofrimentos e
as Suas tentações - Gál. 4:4,5; Luc. 4:1-13. (3) “Foi conveniente que ele se
fizesse em tudo semelhante a seus irmãos, para vir a ser um pontífice*
compassivo e fiel no seu ministério...” (Figueiredo) - Heb. 2:17,18; 4:15,16. (4)
Para que, em Sua humanidade glorificada, fosse o cabeça da Igreja glorificada, e
exemplo e modelo ao qual os que pertencem ao Seu povo foram predestinados
“para serem conformes à imagem de seu Filho; a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos” - Rom. 8:29. . . :
Também tem sido sustentada a opinião oposta, a saber, que Cristo foi Mediador
somente em Sua natureza divina.
A doutrina bíblica é que Cristo foi Mediador como o Deus--homem, nas duas
naturezas.
sumo sacerdote
5. Como se pode provar que Cristo era Mediador e que agia como tal tanto em
Sua natureza divina como na humana?
Io. Pelo fato de que o desempenho de cada uma das três grandes funções do
ofício medianeiro - a profética, a sacerdotal e a real - envolvem os atributos de
ambas as naturezas, com foi provado plenamente sob a Pergunta 2.
2o. Pelo fato de se atribuírem na Bíblia todos os atos de Cristo como Mediador a
uma só Pessoa, considerada como abrangendo as duas naturezas. A Pessoa é
muitas vezes designada por um termo derivado de uma das naturezas, enquanto a
ação medianeira atribuída a essa Pessoa é feita evidentemente em virtude da
outra natureza abrangida na Pessoa. Veja Atos 20:28; 1 Cor. 2:8; Heb. 9:14.
3o. O fato de que o Mediador o é desde a fundação do mundo (veja Cap. 22,
Perg. 11), mostra evidentemente que não o era só em Sua natureza humana; e o
fato de que o Verbo eterno encarnou-Se a fim de Se preparar adequadamente
para a Sua obra medianeira (Heb. 2:17,18), mostra com igual clareza que não era
Mediador somente em Sua natureza divina.
Eles não atribuem, nem aos santos nem aos anjos, a obra de propiciação
propriamente dita. Contudo, afirmam que os merecimentos dos santos são o
motivo e a medida da eficácia da sua intercessão, da mesma forma como se dá
no caso de Cristo. ■■■■...■ u.
2o. Porque oferecem o sacrifício da missa e fazem nela, segundo dizem, uma
verdadeira propiciação pelos pecados veniais do povo, tendo o grande sacrifício
de Cristo feito propiciação pelo pecado original e lançado o fundamento para a
virtude propiciatória que pertence à missa. >■ ■ =
2o. Porque, segundo as Escrituras, Cristo desempenhou por nós todas as funções
necessárias, tanto de propiciação como de intercessão, 1 João 2:1, na terra e no
céu - Heb. 9:12, 24; 7:25.
5o. Não há lugar para nenhum outro mediador entre o indivíduo e Cristo - (1)
porque Ele é nosso “irmão” e “sacerdote compassivo”, que convida todos a
chegar-se a Ele imediatamente, (diretamente), Mat. 11:28; (2) porque a obra de
atrair os homens trazendo-os a Cristo pertence ao Espírito Santo-João 6:44;
16:14.
10. A de gerar e dar preenchimento à Sua natureza humana. Luc. 1:35; 2:40;
João 3:34; Sal. 45:8.
2o. Cristo cumpriu no Espírito todas as Suas funções medianeiras com o Seu
ensino profético, Seu sacrifício sacerdotal e Suas administrações reais. O
Espírito desceu sobre Ele no Seu batismo, Luc. 3:22; levou-o para o deserto para
ser tentado, Mat. 4:1; “pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia”,
Luc. 4:14; “pelo Espírito eterno (Jesus) se ofereceu a si mesmo imaculado a
Deus” - Heb. 9:14.
3o. Cristo, como Mediador, e como parte das condições da aliança da graça, é
revestido da dispensação do Espírito como “o Espírito da verdade”, “o
Santificador”, e “o Consolador” -João 15:26; 16:7; 7:39; Atos 2:33.
4o. Nas ministrações do Espírito por Cristo, como Mediador, opera por Ele e
dirige para Ele, ensinando, vivificando, santificando, conservando e operando
todas as graças em Seu povo. Assim como Cristo, quando no mundo,
conduzia, somente Ele, ao Pai, assim o Espírito Santo agora conduz, somente
Ele, a Cristo - João 15:26; 16:13, 14; Atos 5:32; 1 Cor. 12:3.
5o. Enquanto se diz que Cristo, como Mediador, é nosso “advogado” para com o
Pai - 1 João 2:4, também se diz que o Espírito Santo é nosso “advogado”,
traduzido “Consolador”, sobre a terra, para ficar conosco para sempre, mostrar-
nos as coisas de Cristo, e ter controvérsia com o mundo - João 14:16, 26; 15:26;
16:7-9.
6o. Enquanto se diz que Cristo é nosso Mediador para interceder por nós no céu,
Heb. 7:25; Rom. 8:34, também se diz que o Espírito Santo, formando dentro de
nós pensamentos e desejos segundo a vontade de Deus, intercede por nós,
orando por nós com gemidos inexprimíveis - Rom. 8:26, 27.
7o. A soma de tudo é que temos acesso ao Pai, mediante o Filho, pelo Espírito -
Ef. 2:18. ■ .
Io. Porque estas três funções são todas igualmente necessárias, e juntas exaurem
toda a obra medianeira.
2o. Porque a Bíblia atribui todas essas funções a Cristo. A profética, Deut.
18:15,18; conferir Atos 3:22; 7:37; Heb. 1;2; a sacerdotal, Sal. 110:4, e toda a
Epístola aos Hebreus; a real, Atos 5:31; 1 Tim. 6:15; Apoc.17:14.
Devemos lembrar-nos sempre de que esses realmente não são três ofícios, e sim
três funções do ofício único e indivisível de Mediador. Estas funções são
facílimas de distinguir no abstrato, mas no seu exercício elas se qualificam
mutuamente em todos os atos. Assim, quando Cristo ensina, é
essencialmente Mestre real e sacerdotal; quando reina, é Rei sacerdotal
e profético, e quando expia ou intercede é Sacerdote profético e real.
Foi Eusébio, 261-340 d.C., quem primeiro agrupou estes três ofícios como
pertencendo a Cristo (Livro 1, cap. 3) - “De modo que todos estes têm referência
ao verdadeiro Cristo, o Verbo divino e celeste, o único Sumo Sacerdote de
todos os homens, o único Rei de toda a criação, e do Pai o único
Seu sentido geral é de alguém que fala por outrem com autoridade como
intérprete. Assim Moisés foi profeta para seu irmão Arão - Êx. 7:1.
Profeta de Deus é quem está qualificado e autorizado a falar por Deus aos
homens. O ato de predizer eventos futuros é apenas incidental. .
(1) no mundo com os Seus discípulos e (2) como a luz da nova Jerusalém no
meio do trono - Apoc. 21:23.
2o. Medíatamente, (1) por Seu Espírito, (a) por inspiração, (b) por iluminação
espiritual. (2) Pelos oficiais da Sua Igreja, (a) os inspirados, como apóstolos e
profetas, e (b) os dotados naturalmente, como o ministério estabelecido - Ef.
4:11.
3o. Tanto externamente, como por Sua palavra e por Suas obras dirigidas ao
entendimento, como também...
13. Como se pode provar que Ele agiu como tal antes da Sua encarnação?
Io. Por Seu título divino de Logos, “Verbo”, como o eterno Revelador por
natureza e também por ofício.
2o. Já foi provado (Cap.23, Perg. 11, e Cap. 9, Perg. 14) que Ele é o Jeová (Iavé)
da economia do Velho Testamento. É chamado Conselheiro - Is. 9:6. Anjo do
testamento (aliança) -
Io. Seja tomado dentre os homens para representá-los -Heb. 5:1,2; Êx.
27:9,12,21,29.
2o. Seja escolhido por Deus como Sua eleição e Sua propriedade especiais -
Núm. 16:5; Heb. 5:4.
3o. Seja santo, moralmente puro e consagrado ao Senhor -Lev. 21:6; Sal. 106:17;
Êx 39:30,31. -
15. Como se pode provar pelo Velho Testamento que Cristo foi
verdadeiramente Sacerdote?
Io. É declarado expressamente. Comparar Sal. 110:4 com Heb. 5:6; 6:20; Zac.
6:13.
16. Como se pode provar pelo Novo Testamento que em Cristo se achavam
todos os requisitos de um sacerdote?
Io. Cristo foi tomado dentre os homens para representá-los diante de Deus - Heb.
2:16; 4:15.
Io. Ele mediou no sentido geral da palavra - João 14:6; 1 Tim. 2:5; Heb. 8:6;
12:24.
2o. Ofereceu uma propiciação-Ef. 5:2; Heb. 9:26; 10:12; 1 João 2:2.
2:1.
Que esta obra intercessória realizada por Cristo foi real e não metafórica torna-se
evidente pelo fato de que ela substituiu o serviço do templo, que era tão-somente
um tipo dela. Um tipo e sombra pressupõe necessariamente uma substância
literal -Heb. 9:10-12; 10:1; Col. 2:17.
18. Na realização de Sua obra sacerdotal, que pane Cristo executou na tena e
que parte executa no céu?
O Ofício Medianeiro de Cristo vive sempre para interceder por nós - Heb.
7:24,25; 9:12,24.
20. No valor infinito do Seu sacrifício. Os sacrifícios dos outros sacerdotes não
podiam tirar os pecados, Heb. 10:4, e era preciso repeti-los continuadamente -
Heb. 10:1-3. O sacrifício de Cristo foi perfeitamente eficaz, e foi oferecido
uma só vez, sem necessidade de repetição - Heb. 10:10-14. Assim, pois, os deles
eram apenas uma sombra do de Cristo - Heb. 10:1.
3o. Na maneira da Sua consagração. Eles sem juramento; Ele com juramento -
Heb. 7:20,22.
4o. Eles, sendo muitos, sucederam-se por geração. Ele permanece para sempre -
Heb. 7:24.
5o. O sacerdócio de Cristo está ligado a “um tabernáculo maior e mais perfeito”,
do qual a terra é o átrio e o céu o verdadeiro santuário - Heb. 9:11-24.
6o. Cristo faz intercessão estando sobre um trono - Rom. 8:34; Heb. 8:1,2.
7o. Enquanto alguns dos servos de Deus do Velho Testamento foram ao mesmo
tempo profetas e reis, como Davi, ou Profeta e Sacerdote, como Esdras, somente
Cristo foi ao mesmo tempo, e com perfeição divina, profeta, sacerdote e Rei.
Deste modo as Suas divinas perfeições proféticas e reais qualificaram e
realçaram a virtude transcendental de todos os Seus atos sacerdotais - Zac. 6:13.
Foram duas, pois, as verdades prefiguradas a respeito de Cristo neste tipo: (1)
um sacerdócio eterno; (2) a união das funções reais e sacerdotais numa só
pessoa. - Fairbairn, Typology, Vol. 2, Parte 3, Cap. 3.
abrir-nos caminho para Cristo, porque as Escrituras nos ensinam que é somente
por Cristo que podemos chegar ao Pai, João 14:6, e com igual ênfase nos
ensinam que nos é necessário chegar direta e imediatamente a Cristo - Mat.
11:28; João 5:40; 7.37; Apoc. 3:20; 22:17.
Apesar de não poder existir na Igreja Cristã uma classe de sacerdotes que
intervenham entre seus irmãos e Cristo, contudo, em conseqüência da união,
tanto federal como vital, que existe entre cada cristão e Cristo, a qual envolve
comunhão com Ele em todas as Suas graças humanas e em todas as Suas funções
medianeiras, todo crente tem parte no sacerdócio do Seu Cabeça num sentido tal
que tem acesso imediato a Deus por Cristo, até ao mais santo lugar - Heb. 10:19-
22; e que, sendo santificado e qualificado espiritualmente, pode oferecer ali,
como “sacerdote santo”, “sacerdote real”, sacrifícios espirituais, não expiatórios,
e sim a oblação de louvor, súplicas e ações de graças, por Jesus Cristo, e pode
fazer intercessão por seus amigos vivos - Heb. 13:15; 1 Tim. 2:1,2; 1 Ped. 2:5,9.
Pelo mesmo motivo eles são também profetas e reis em comunhão com Cristo -
1 João 2:20; João 16:13; Apoc. 1:6; 5:10. ........
EXPOSIÇÕES AUTORIZADAS
A doutrina PROTESTANTE...
O Catecismo Racoviano ensina que Cristo é tanto Sacerdote como Profeta e Rei.
Mas ocupa cento e oitenta páginas (Seção 5) com a discussão do Seu ofício
profético, e só onze páginas (Seção 6) com a discussão do Seu ofício
sacerdotal, e nove (Seção 7) com a discussão do Seu ofício real. Sua morte e a
maneira pela qual ela contribui para a nossa salvação são discutidas (Seção 5 do
cap. 8) sob o título de Seu ofício profético, enquanto que a Sua obra sacerdotal,
discutida muito vagamente, é representada como constando principalmente da
Sua apresentação de Si no céu como nosso Advogado, sendo eficaz para
com Deus a Sua intercessão em decorrência de Suas virtudes e de Seus
sofrimentos como mártir.
A Propiciação: sua Natureza, Necessidade, Perfeição e Extensão
A NATUREZA DA PROPICIAÇÃO
Io. A palavra agora empregada para designar a natureza precisa da obra realizada
por Cristo oferecendo-Se na cruz é “propiciação”.
lei. A natureza e o grau dos sofrimentos podem com justiça ser mudados com a
mudança da pessoa que os padece, porém o caráter deles como pena permanece,
ou o substituto incorre em falta.
Fé, cap.8, § 1, e o Catecismo Maior, Perg. 59.) (2) Nos tempos modernos alguns
defensores calvinistas de uma propiciação indefinida distinguem assim entre os
dois termos: dizem que a propiciação, ou a impetração sacrificial da salvação, foi
feita indefinidamente a favor de todos os homens; mas que a redenção,
entendendo-se por este termo a aplicação que Deus tencionava fazer da salvação,
como também a sua impetração, é limitada aos eleitos (Dr. W. B. Weeks, em
Atonement, por Park, pág. 579). (3) Nas Escrituras propiciação
(kippurim) significa a expiação da culpa por meio de umapcena viçaria, a fim de
propiciar a Deus. Mas o uso bíblico da palavra redenção é menos definido e mais
compreensivo. Significa livramento de perda ou de ruína pelo pagamento de um
resgate, que o nosso substituto (Cristo) fez por nós. Por isso ela pode
significar ou, (a) o ato de um só substituto pagando esse resgate, e
então significa o mesmo que propiciação - Gál. 3:13; ou, (b) pode significar o
nosso conseqüente livramento especial do nosso estado de perdidos, como a
“morte” ou o “diabo” - Col. 2:15; Os. 13:14; ou, (c) o nosso completo
revestimento da plena salvação assim alcançada - Ef. 1:14; 4:30; Rom. 8:23; etc.
2o. Aprouve a Deus, por Sua graça, pôr o homem, quando da sua criação, sob
uma aliança especial, na qual, sob a condição de obediência perfeita, para a qual
estabeleceu uma prova especial, em condições favoráveis e por um período
limitado, Ele prometeu dotar a raça humana de “vida eterna”, com
o estabelecimento, inclusive, de um caráter indefectível e santo, e de uma
herança celeste para sempre, sendo a alternativa a pena de “morte” imediata.
Esta é a relação “federal” com a lei, da qual a raça inteira, representada por
Adão, caiu originalmente, e na qual os eleitos, representados por Cristo,
são subseqüentemente habilitados a conservar-se firmes.
3o. Pela queda de Adão todos os homens se encontram numa relação “penal” à
Lei, da qual os eleitos estão isentos, devido ao fato que Cristo a assumiu
voluntariamente a favor deles.
Em sua reação natural contra a doutrina papal de uma justiça de obras, Lutero e
Melanchthon no princípio usaram algumas expressões menos pensadas que
parecem sugerir essa heresia. Todavia, todo o seu sistema teológico, o espírito
de sua vida eo grosso dos seus escritos estão afastados dela o mais que é
possível. Quando o verdadeiro antinomismo foi conseqüentemente ensinado por
João Agrícola (f 1566), Lutero se opôs a ele vigorosamente, refutou-o com êxito
e o obrigou a retirar-se. Alguns hipercalvinistas ingleses do século 17,e.g., o Dr.
Crisp, reitor de Brinkworth (f 1642), foram acusados dessa heresia, porém eles
negaram as inferências que outros tiraram da sua doutrina. Muitas vezes o
calvinista tem sido acusado pelos arminianos de antinomismo (maliciosa ou
ignorantemente) como uma inferência necessária. Como tendência,
ele naturalmente assalta o coração humano, quando o entusiasmo religioso não é
moderado pelo conhecimento bíblico e pela verdadeira santificação, e a essa
tendência estão em perigo de sucumbir os fanáticos ignorantes e todas as classes
de perfeccionistas.
Cristo, conquanto fosse homem, foi uma pessoa divina. Como tal, Ele
voluntariamente submeteu-Se à condição de “nascido sob a lei”, e toda a Sua
obediência terrestre à lei em condições humanas foi tão vicária como o foram os
Seus sofrimentos. Sua obediência “ativa” abrange Sua vida inteira e Sua morte,
consideradas como uma obediência vicária. Sua obediência “passiva” abrange
Sua vida inteira e especialmente a Sua morte sacrificial, considerada como um
padecimento vicário.
Adão representava a raça sob a aliança original das obras, feita segundo a graça
de Deus. Ele caiu, perdendo o direito à vida eterna, cuja condição era obediência
perfeita, e incorreu na pena de morte, que era a pena imposta à
desobediência. Cristo, o segundo Adão, assumiu por Seus eleitos a aliança que
Adão tinha abandonado. Cristo (a) sofreu a pena - “a alma que pecar, essa
morrerá”, (b) adquiriu o prêmio - “aquele que fizer estas coisas viverá por elas”.
Toda a Sua obediência sofredora e vicária, como também os Seus sofrimentos
obedientes são uma só justiça. Como obediência “passiva”, a justiça de Cristo
“satisfaz” a exigência penal da Lei. Como obediência “ativa”, ela adquiriu para
nós a vida eterna, desde a regeneração até à glorificação. A imputação a nós
dessa justiça é nossa justificação.
exato; mas foi uma verdadeira satisfação penal, sendo um substituto a pessoa
que a sofreu. (3) Não foi um mero exemplo de castigo. (4) Não foi uma simples
exibição de amor ou de consagração heróica.
2o. Positivamente: (1) Seu MOTIVO foi o amor inefável que Deus tem para
com os eleitos - João 10:16; Gál.2:20. (2) Quanto à sua NATUREZA, (a) Cristo
é Pessoa divina, mas tomou sobre Si as responsabilidades legais de Seu povo nas
condições de um ser humano, (b) Ele obedeceu e sofreu como seu
Substituto. Sua obediência e Seus sofrimentos foram vicários. (c) A culpa, ou a
justa responsabilidade legal de nossos pecados, foi-Lhe imputada, isto é, foi
imposta a Ele e punida nEle. (d) Ele não passou pelos mesmos sofrimentos, nem
quanto à qualidade, nem quanto ao grau ou duração, que teriam sido infligidos
a nós pecadores, porém passou precisamente pelos sofrimentos exigidos pela
justiça divina de Sua Pessoa sofrendo em nosso lugar, (e) Seus sofrimentos
foram os de uma Pessoa divina sofrendo numa natureza humana. (3) Quanto aos
seus EFEITOS, (a) Foi o efeito, e não a causa do amor de Deus. Satisfez
Sua justiça e tornou o exercício do Seu amor compatível com Sua justiça, (b)
Expiou a culpa do pecado e reconciliou Deus conosco como Governador justo,
(c) Alcançou a salvação daqueles por quem Ele morreu, adquirindo para eles o
dom do Espírito Santo, os meios de graça e a aplicação e consumação da
salvação, (d) Não livraipsofacto, como seria no caso de uma satisfação
pecuniária, mas, como uma satisfação penal e vicária, os seus benefícios são
aplicados às pessoas nos tempos e sob as precondições prescritos pela aliança
feita entre o Pai e o Filho. Sua aplicação é assunto de direito da parte de Cristo,
entretanto de graça, no que diz respeito a nós. (e) Sendo ela uma execução de
justiça perfeita e castigo vicário, é exemplo muito eficaz e real de castigo para o
universo moral, (f) Sendo ela um exercício de amor imenso, produz
legitimamente a mais profunda impressão moral, amolecendo o coração,
subjugando a rebelião e dissipando os receios dos pecadores convictos.
E evidente que Deus pune o pecado (1) por causa do demérito intrínseco dele,
que é oposto à retidão essencial e imutável da natureza divina; ou, (2) por causa
do mal que o pecado faz às criaturas de Deus, sendo Ele levado a fazer isso por
um princípio de sábia benevolência que O leva a restringir o pecado, fornecendo
motivos dissuasivos; ou, (3) de Sua pura soberania.
A vontade de Deus é determinada livremente por Sua natureza. Sua lei, incluindo
preceitos e castigos, é a expressão e revelação, tanto da Sua natureza quanto da
Sua verdade. Até onde a Lei representa a Sua natureza e o Seu propósito,
não pode deixar de ser imutável. Até onde é uma revelação desse propósito, sua
imutabilidade é garantida pela verdade inviolável de Deus. . :
Io. Ele declarou que a Sua Lei é imutável, Luc. 16:17, isto é, a Lei revelada, em
todos os seus elementos; se a lei
2o. É declarado que Cristo veio cumprir, e não suspender ou rebaixar, a Lei -
Mat. 5:17,18; Rom.3:31; 10.4
3o. É afirmado que Deus há de punir o pecado - Gên. 2:17; Ez. 18:4; Rom.3:26.
8. Como se pode mostrar que as Escrituras ensinam que Cristo sofreu como
nosso Substituto no sentido definido desse termo?
Io. A preposição hypér, com o caso genitivo, significa “em vez de”, “em lugar
de”, João 11:50; 2 Cor. 5:20; Fm., vers. 13; e esta construção é empregada para
expor a relação em que está para conosco a obra realizada por Cristo - 2 Cor.
5:14,21; Gál. 3:13; 1 Ped. 3:18
3o. O mesmo fica provado pelo que as Escrituras ensinam quanto ao fato de que
os nossos pecados são postos sobre Cristo. Veja abaixo, Perg. 9.
4o. Também fica provado pelo que elas ensinam quanto à natureza dos sacrifícios
e quanto à natureza sacrificial da obra realizada por Cristo. Veja abaixo, Pergs.
10 e 11.
9. Como igualmente se pode mostrar que Cristo morreu como nosso
Substituto, com respeito às passagens que falam em termos de “fez cair sobre
ele a iniqüidade” ou de “levou sobre si o pecado” (cf., e.g., Is. 53: 6 e 12)?
como “transgressão da lei”, 1 João 3:4 (ARA); ou (2) como qualidade moral
inerente ao agente (macula), Rom. 6:11-13; ou (3) com respeito à sua obrigação
legal de sofrer punição (reato). E só neste último sentido que se fala em termos
de o pecado “cair sobre” ou de “ser levado por outrem”.
2o. (1) A palavra hebraica sâbal tem o sentido exato de levar, carregar, não de
tirar ou remover, Lam. 5:7. E aplicada a Cristo levando (sobre Si) os nossos
pecados - Is. 53:11. (2) Também a palavranâsâ, construída com o vocábulo
“pecado”, tem o sentido de ser “penalmente responsável” por ele - Núm. 30:15;
Lev. 5:17,18; 16:22. (3) A Septuaginta traduz essas palavras às vezes por háiro,
levar, carregar, e às vezes por féro e anaféro, que nesta conexão sempre tem o
sentido de levar sobre si, com o fim de tirar, remover - Robinson, Lex. Cf.
Mat. 8:17 com Is. 53:4.
10. Como se pode mostrar que os sacrifícios judaicos (as vítimas oferecidas em
sacrifício) eram sofredores vicários das penas a que estavam expostos os que os
ofereciam, e que, no sentido literal, eram tipos do sacrifício de Cristo?
Io. Por suaocasião - Lev. 4:1 a 6:13. Sempre, nesses casos, a relação era com
algum pecado, alguma transgressão moral ou cerimonial.
2o. Pelas qualificações das vítimas. Era preciso que fossem da melhor classe de
animais associados estreitamente aos homens,e.g., ovelhas, touros, novilhos,
cabras, bodes, pombas; os espécimes escolhidos tinham que ser os melhores do
seu gênero quanto à idade, ao sexo e à condição física - Lev. 22:20-27; Êx.
22:30; 29:1.
3o. Pelo próprio ritual do sacrifício. Esse abrangia (1) A imposição das mãos,
com confissão do pecado - Lev. 1:4; 3:2; 4:4; 16:21; 2 Crôn. 29:23. Este ato
exprime sempre nas Escrituras uma transferência da pessoa que impõe as mãos
para a pessoa ou animal ou coisa que recebe essa imposição, e.g., de autoridade
oficial, Deut. 34:9; Atos 6.6; ou de virtude curadora, Mat. 9:18; Atos 9:12,17; ou
do pecado, Lev.l6:7-22. O rabi Arão Ben Chajim diz: “Onde não há confissão do
pecado, não há imposição das mãos” - Outram,De Sacrificiis, Div. 1., Ch. 15, §§
8, 10, 11. Por isso a vítima, embora perfeita em si, sempre foi
chamadahattâhth,pecado, Lev. 4;3, thâsâm, culpa, Lev. 5:6.
(2) A imolação da vítima. Era oferecida pelo pecador e “aceita em lugar dele
para fazer expiação por ele”, Lev., cap. 4, e depois imolada, “porque é pelo
sangue que se faz expiação pela alma - Lev. 17:11. (3) A aspersão do sangue, no
caso de sacrifícios comuns, sobre os chifres do altar, mas no dia da propiciação
o sangue da vítima oferecida pelos pecados de todo o povo era levado para
dentro do véu e aspergido sobre o propiciatorio, Lev. 4:5 etc., significando isto
sua aplicação para cobrir os pecados e sua aceitação da parte de Deus.
4o. Por seu efeito, que era sempre o perdão. “E lhe sera perdoado” era a
promessa constante - Lev. 4:20-31; 6:30, etc. É expresso sempre pela palavra
hebraicakâfar, cobrir o pecado, e pela palavra grega iláskesthai, expiar ou
propiciar. Veja Lev., caps. 4 e 5; Heb. 2:17. A tampa da arca santa chamava-
se kapporeth, ilásterion,propiciatorio, ou sede de expiação.
5o. Esta é a exposição que todos os judeus instruídos fazem destes ritos em todos
os tempos subseqüentes. Veja Outram, De Sac., Div. 1., Caps. 20-22.
2o. Cristo assevera que a Lei, como igualmente os profetas, fala dEle e da Sua
obra - João 1:45; 5:39; Luc. 24:27.
3o. Declara-se que “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” - 1 Cor. 5:7;
Luc. 24:44. Cf. Êx. 12:46 e Núm. 9:12.
4o. Declara-se que Ele foi “oferecido” por Seu povo, que Seu “sangue” foi um
sacrifício pelo pecado, etc. - João 1:29; Heb. 9:26,28; 10:12,14; 1 Ped. 1:19; Ef.
5:2; 2 Cor 5:21.
5o. Declara-se em toda parte que, para chegar-se por Ele a Deus, Cristo fez
precisamente aquilo que os antigos sacrifícios faziam em esfera inferior - Gál.
3:13; Mat. 20:28; 1 João 2:2; 4:10; Rom. 3:24,25; 5:9,10; Ef. 1:7; 2:13; Col.
1:14-20.
O SACERDÓCIO
11. Exponha o argumento derivado do fato de que Cristo fez satisfação por
Seu povo como seu Sumo Sacerdote.
1. O sacerdote era -
nomes de todas as tribos. Impunha as mãos sobre o bode de propiciação (ou “da
expiação”) que levava o pecado, e confessava os pecados de todo o povo - Lev.
16:15,21.
2o. Tinha o direito de se apresentar a Deus, e todo o povo só tinha acesso a Deus
por meio dos sacerdotes, especialmente do sumo sacerdote. Núm. 16:5.
Io. Tanto no Velho como no Novo Testamento se diz expressamente que Ele é
Sacerdote - Sal. 110:4; Zac. 6:13; Heb. 5:6.
2o. Ele possui todas as qualificações necessárias para esse ofício. (1) Foi
escolhido dentre os homens para representá-los. Comparar Heb. 5:1 com 2:14-18
e 4:15. (2) Foi escolhido por Deus - Heb. 5:4-6. (3) Foi santo - Heb. 7:26. (4)
Tinha o direito de aproximar-Se de Deus-Heb. 1:3; 9:11-14.
3o. Ele exerceu todas as funções de um sacerdote. Dan. 9:24-26; Ef. 5:2; Heb.
9:26; 10:12; 1 João 2:1.
Io. No que estes efeitos dizem respeito a Deus, declara-se que constituem
propiciação e reconciliação. (1) Hiláskesthai significa propiciar uma deidade
ofendida por meio de um sacrifício expiatório-Heb. 2:17; 1 João 2:2; 4:10; Rom.
3:25.
(2) A palavra hebraica káfar significa, quanto ao pecado, uma coberta, e quanto a
Deus, propiciação. E traduzida muito bem
2o. No que estes efeitos dizem respeito ao pecado, declara-se que constituem
umaexpiação, oupropiciação -Heb. 2:17; 1 João 2:2; 4.10; Lev. 16:6-16.
3o. No que dizem respeito ao pecador, declara-se que constituem redenção, isto
é,livramento medianteresgate - 1 Cor. 7:23; Apoc. 5:9; Gál. 3:13; 1 Ped. 1:18,19;
ITim. 2:5; Sal. 51:11; 62:12.
Nas mesmas frases declara-se que a obra realizada por Cristo é (1) uma oblação
expiatória, (2) o preço de um resgate, e (3) uma satisfação dada à Lei. Portanto,
somos “remidos (ou resgatados) pelo sangue precioso de Cristo como de um
cordeiro imaculado e sem contaminação alguma”. Cristo “deu sua vida
em redenção por muitos”. Ele “nos remiu da maldição da lei, feito ele mesmo
maldição por nós”. “Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus fez
pecado (isto é, sacrifício pelo pecado) por nós, para que nós fôssemos feitos
justiça de Deus nele” (Figueiredo). Assim, pois, não se diz que Cristo foi feito
um sacrifício, resgate e objeto da maldição da Lei, e sim que Ele é esse gênero
especial de sacrifício que é um resgate - que a Sua obra de redenção é de tal
natureza que é efetuada pelo fato dEle levar a maldição da lei em nosso lugar, e
que Ele nos resgata oferecendo-Se como sacrifício cruento a Deus.
13. Em que sentido e por quais motivos foi necessária a satisfação prestada por
Cristo? E como é que a verdadeira resposta a essa pergunta confirma a doutrina
ortodoxa quanto à Sua natureza?
Desde que a salvação dos homens é objeto da graça soberana, não poderia haver
necessidade de que Deus
Io. Os defensores da teoria sociniana ou da influência moral dizem que ela foi
necessária só contingente ou relativamente, como o melhor meio imaginável de
comprovar o amor de Deus e vencer a oposição dos pecadores.
(2) Deus declarou que a Sua dádiva de Jesus Cristo é a medida do Seu grande
amor ao Seu povo. Sendo assim, é evidente que não havia outra alternativa,
porque de outro modo o Seu amor não teria sido o motivo do sacrifício - Rom.
5:8; João 3:16; 4:9.
(3) Paulo afirma que foi necessária como justificação da justiça de Deus em
relação aos pecados passados - Rom. 3:25,26.
É claro que, se era absoluta a necessidade de satisfação, deveria ter seu motivo
na natureza de Deus. Sendo assim, não poderia ser outra coisa senão, em sua
essência, uma satisfação dada à justiça ou retidão essencial dessa natureza. Mas
uma satisfação à justiça ofendida é sofrimento penal.
14. Como se pode provar que a satisfação dada por Cristo inclui tanto a Sua
obediência “ativa” como a “passiva”?
Isso é provado -
Io. Pelas Escrituras, que declaram que Ele não somente sofreu a pena, mas
também, por Seus merecimentos, adquiriu para nós “a vida eterna”, “a adoção de
filhos” e uma “herança eterna” - Gál. 3:13,14; 4:4,5; Ef. 1:3-13; 5:25-27; Rom.
8:15-17.
2o. Pela declaração expressa de que Ele nos salva tanto por Sua obediência como
por Seus sofrimentos - Rom. 5:18,19.
Io. Por Duns Scotus (f 1308), que referiu a necessidade de propiciação à vontade
e não à natureza, afirmando que cada oblação criada tem o valor que a Deus
apraz dar-lhe”. Aprouve a Deus, em Sua graça, aceitar os sofrimentos da
natureza humana de Cristo como suficientes, segundo o princípio de accepti
latio, “tomar, segundo a vontade e voluntariamente, nada por alguma coisa, ou
uma parte por tudo”.
2o. Grotio (f 1645), em sua grande obra De Satisfactione, etc., afirmou que, por
ser a lei um produto da vontade divina, Deus tinha a prerrogativa inalienável de
relaxá-la (relaxatio), e que por Sua graça relaxou-a, aceitando nos sofrimentos
de Cristo alguma coisa diversa e menor do que aquilo que a lei exigia, um aliud
pro quo, e não um quid pro quo.
3o. Limborch e Curceloea (f 1712 e f 1659) -Apol. Theol., 3:21,6, elnst. Rei.
Christi, vol. 5, cap.19: § 5 - sustentaram que Cristo não sofreu a pena da Lei,
mas nos salva como um sacrifício que não foi o pagamento de uma dívida e,
sim, uma condição que Deus em Sua graçajulgou suficiente, perdoando, então,
por Sua grafa, a pena.
4o. As igrejas romana, luterana e reformada sempre têm sustentado que a
satisfação dada por Cristo foi a de uma Pessoa divina e, por isso, foi (1)
supererrogatória, não devida a Ele próprio e podendo ser creditada a outros; (2)
de valor infinito. Desde os tempos de Tomás de Aquino, a igreja católica
romana tem sustentado que é de valor super abundante e, por
conseguinte, satisfaz às exigências da lei no estrito rigor da justiça.
Io. As igrejas reformadas concordam todas em sua oposição aos romanistas e aos
arminianos, defensores de uma propiciação indefinida, sustentando que a
satisfação dada por Cristo é perfeita no sentido de não só tornar possível a
salvação daqueles a favor de quem foi oferecida, mas também de tornar
certas, pelos merecimentos de Cristo, a aplicação dessa satisfação a
3o. Os arminianos sustentam que a satisfação dada por Cristo torna possível a
salvação de todos os homens e adquiriu para eles graça suficiente, mas que o seu
pleno efeito depende da livre escolha que eles fizerem.
A verdade da doutrina reformada fica provada (1), pelo fato de que as Escrituras
referem o livramento da condenação unicamente à morte de Cristo, e que
representam como disciplinares todos os sofrimentos dos crentes - Rom. 8:1-
34; Heb. 12:5-11. (2) Elas declaram que o sangue de Cristo “nos purifica de todo
pecado” e que “estamos perfeitos nele” que, por “um único sacrifício” nos
aperfeiçoa - Col. 2:10; Heb. 10:12-14; 1 João 1:7. (3) A única condição imposta
para a nossa salvação é que tenhamos confiança na obra realizada por Cristo, e
esta mesma confiança (fé) nos é dada como um resultado dos merecimentos de
Cristo - Ef. 2:7-10. (4) Provamos acima (Perg. 14) que a satisfação dada por
Cristo, e como merecimento dela, adquiriu real e perfeita salvação sob certas
condições. Veja abaixo, Perg. 21.
16. Como se pode expor e responder às objeções que têm sido feitas contra a
verdade da doutrina ortodoxa?
RESPONDEMOS - (1) Que nós perdoamos o mal que se nos faz e nada temos a
fazer com a punição dos pecados, enquanto Deus pune o pecado e não pode
sofrer males. (2) Provamos acima (Cap.8, Pergs. 53-58), que não se pode
resolver toda virtude em benevolência, que a justiça é atributo essencial de Deus
e que o pecado é desmerecimento intrínseco.
3o. Outra objeção é que Cristo não sofreu a pena da lei, porque nela foram
incluídos essencialmente (a) o remorso, (b) a morte eterna.
Ele sofreu exatamente esse gênero, grau e duração de dor que a sabedoria divina,
interpretando a justiça divina, exigiu de uma Pessoa divina sofrendo
vicariamente a pena dos pecados humanos; pela mesma razão, o sofrimento
temporário de uma só Pessoa divina é um pleno equivalente legal
5o. Outra objeção dos arminianos e de outros é que a doutrina segundo a qual
Cristo satisfez por nós às exigências preceptivas da lei por Sua obediência ativa,
e também sofreu as suas penas, conduz ao antinomismo.
6o. Socino e todos os demais oponentes da doutrina ortodoxa objetam ainda que,
quando a justiça exige satisfação penal, essa exigência é essencialmente pessoal.
O que a justiça ofendida exige é especificamente a punição da pessoa que pecou.
Como, então, podem os sofrimentos infligidos a uma pessoa que substitui
arbitrariamente, pela vontade divina, o criminoso, satisfazer às exigências da
natureza divina? Como podem os sofrimentos de um homem inocente substituir,
aos olhos da justiça, os do homem culpado?
O DESÍGNIO DA PROPICIAÇÃO
Negativamente -
Io. Não há duas opiniões entre os cristãos quanto à suficiência dessa satisfação a
fim de adquirir a salvação para todos os homens, seja grande quanto for o seu
número. E absolutamente ilimitada.
3o. Nem quanto àoferta que no evangelho Deus faz a “todo o que quer”. É
aplicável a todos e será aplicada infalivelmente a todos os crentes.
Cap. 8, § 8. “A TODOS aqueles para quem Cristo adquiriu a salvação, ele com
certeza e eficazmente aplica e
O propósito com que Cristo morreu foi efetuar aquilo que realmente efetua no
resultado. Io. Incidentalmente, tirar todos os obstáculos legais do caminho de
todos os homens e tornar objetivamente possível a salvação de todos os que
ouvem o evangelho, de modo que cada um tem o direito de apropriar-se dela à
vontade; impetrar bênçãos temporais para todos e os meios de graça para todos
os que deles são supridos na providência divina. Todavia, 2Especificamente, Seu
propósito foi impetrar a efetiva salvação do Seu povo, em todos os seus meios,
condições e partes, e torná-la infalivelmente certa. Segundo a maneira dos
escolásticos agostinianos, Calvino diz sobre João 2:2: “Cristo morreu
suficientemente por todos, mas eficientemente só pelos eleitos”. Assim também
o arcebispo Usher, números 22 e 23 das Cartas publicadas por seu
capelão, Ricardo Parr, D.D. .
Diziam que Cristo não morreu por todos, mas que é morto, isto é, é aproveitável,
por todos. “Deus deu o dom de Cristo a todos os homens”, diziam eles. Eles
distinguiam entre o Seu “amor que dá”, que é universal, e o Seu “amor que
elege”, que é especial (Marrow of Mod. Divinity). O Dr. John Brown
disse perante o Sínodo da UnitedSecession Church (Igreja Dissidente Unida), em
1845: “No sentido dos universalistas, que dizem que Cristo morreu para adquirir
a salvação, eu sustento que Ele morreu só pelos eleitos. No sentido dos
arminianos, que dizem que Cristo morreu para alcançar condições mais fáceis de
salvação, e graça comum para habilitar os homens a cumprirem essas condições,
mantenho que Ele não morreu por ninguém. No sentido da maioria dos
calvinistas, que dizem que Cristo morreu para tirar os obstáculos legais do
caminho da salvação humana, dando satisfação perfeita pelo pecado, eu sustento
que Ele morreu por todos os homens” - Rev. A. Robertson, History of Atonement
Controversy in Secess. Church (História da Controvérsia sobre a Éxpiação na
Igreja Dissidente).
21. Como expor as provas bíblicas em que se apóia a doutrina calvinista quanto
ao “Propósito da Propiciação”?
Io. Comprova-a o fato de que só esta doutrina condiz com a doutrina bíblica de
que Deus, soberanamente e desde a eternidade, elegeu certas pessoas para a vida
eterna e todos os meios necessários para produzirem este resultado. E claro
que dar satisfação especialmente pelos eleitos é um meio racional para levar a
efeito o decreto de eleição. Por outro lado, porém, a eleição de alguns para a fé e
o arrependimento não é provisão racional para levar a efeito o propósito de remir
todos os homens. R. Watson (Institutes, vol. 2, pág. 411) declara que a teoria
de Baxter, etc. “é a teoria mais inconseqüente a que tem ensejado os esforços
feitos no sentido de modificar o calvinismo”. Claro está que, se Deus tinha o
propósito de que fossem com certeza salvos os eleitos, e os outros deixados a
sofrer as justas conseqüências de seus pecados, Cristo não poderia ter o
propósito de que todos os homens indiferentemente gozassem dos benefícios da
Sua morte.
2o. Seu propósito manifesta a própria natureza da propiciação, como acima foi
provado. (1) Cristo expiou os nossos pecados como nosso Substituto no sentido
restrito. Ora, um substituto representa pessoas definidas, e seu serviço, quando
aceito, realmente livra de suas obrigações as pessoas a favor de quem o serviço
foi prestado. (2) Cristo, sendo o nosso Substituto debaixo da “aliança das obras”,
satisfez real e perfeitamente todas as exigências da aliança. Neste caso,
as próprias condições da aliança estipulam que as pessoas a favor das quais essas
condições foram cumpridas gozem a recompensa merecida pelo Substituto. Não
é a possibilidade
3o. As Escrituras declaram em toda parte que o desígnio e o efeito legal da obra
de Cristo não foram para que se tornasse possível a salvação do pecador, e sim
salvá-lo efetivamente; reconciliá-lo com Deus, e não somente torná-lo
reconciliável
- Mat. 18:11; Rom. 5:10; 2 Cor. 5:21; Gál. 1:4; 3:13; Ef. 1:7; 2:16.
4o. As Escrituras ensinam em toda parte que Cristo, por Sua obediência e morte,
adquiriu a fé, o arrependimento e as influências do Espírito Santo. Segue-se que
deve ter adquirido estes dons para aqueles por quem Ele obedeceu e sofreu, e
por conseguinte, não podem ser as condições de que depende o gozo dos
benefícios da Sua morte. “Deus... nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo.” O Espírito Santo “abundantemente
Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador” - Tito 3:5,6; Gál.
3:13,14; Fil. 1:29; Tito 2:14; Ef. 5:25,27; 1 Cor. 1:30.
5o. Cristo morreu em conformidade com os termos de uma aliança eterna entre
Ele e o Pai. Isso é certo - (1) Porque três Pessoas eternas e inteligentes só podem
ter tido um plano mútuo compreendendo todas as Suas obras, prescrevendo
a cada uma delas a Sua parte nele. (2) As Escrituras referem-se muitas vezes a
essa aliança - Sal. 89:4,5; Is. 42:6,7; 53:10,12.
- Luc. 22:29; João 6:38; 10:18. (4) Cristo reivindica o prêmio ou recompensa
estipulada-João 17:4-9. (5) Cristo fala sobre os que Lhe haviam sido dados pelo
Pai - João 10:25-29; João 17:11 etc. Portanto, Jesus Cristo morreu
especificamente por aqueles que o Pai Lhe dera.
6o. Declara-se sempre que aquilo que motivou esse sacrifício de Si mesmo é a
mais exaltada forma d & amor pessoal -João 15:13; Rom. 5:8; 8:32; Gál. 2:20;
Ef. 3:18,19; 1 João 3:16; 4:9,10. .
22. Se Cristo morreu unicamente por Seu povo,em que é que se apóia a oferta
geral do evangelho?
“O Senhor Jesus, para alcançar a salvação do Seu povo, e com este fim
especificamente em vista, cumpriu as condições da lei ou da aliança sob a qual o
Seu povo e todos os homens estavam colocados. Essas condições eram - (1)
Perfeita obediência; (2) Satisfação dada à justiça divina. A justiça de Cristo
consta, pois, da Sua obediência e morte. Essa justiça é precisamente aquilo que a
lei exige de todo pecador para a sua justificação perante Deus. Está, pois, em sua
natureza, adaptada a todos os pecadores que estavam debaixo dessa lei.
Sua natureza não ficou mudada pelo fato de que foi adquirida só para uma parte
de tais pecadores, nem pelo que lhes foi alcançada em virtude de uma aliança
entre o Pai e o Filho. O que é necessário para a salvação de um só homem é
necessário para a salvação de outro e de todos. E também de valor infinito, por
ser a justiça do Filho eterno de Deus, e por isso suficiente para todos” - Hodge,
Essays, págs. 181 e 182.
3o. Porque é do propósito de Deus salvar a todos os que crêem em Cristo. Assim,
a propiciação torna objetivamente possível a salvação de todo aquele a quem for
oferecida. O desígnio da morte de Cristo foi adquirir a salvação do Seu
povo; mas é incidental que essa obra inclua também a oferta livre, e feita de boa
fé, da salvação a todos os homens, sob a condição de terem fé em Cristo.
Ninguém se perde por falta de uma propiciação, nem porque haja outro
obstáculo que lho impeça, a não ser sua própria vontade libérrima e má.
23. Como se pode conciliar a condenação dos homens por
24. Como se deve explicar as passagens que falam em Cristo levar ou tirar os
pecados do MUNDO e em morrer por TODOS?
São passagens como Heb. 2:9; 1 Cor. 15:22; 1 João 2:2; 1 Tim. 2:6; João 1:29;
3:16,17; 6:51. Os termos “mundo” e “todos” inquestionavelmente são
empregados com graus muito diversos de latitude nas Escrituras. Em muitas
passagens essa latitude é evidentemente limitada pelo contexto,e.g., 1 Cor.
15:22; Rom. 5:18; 8:32; João 12:32; Ef. 1:10; Col. 1:20; 2 Cor. 5:14,15. Noutras
passagens a palavra “mundo” é empregada em oposição à nação judaica, povo
de privilégios exclusivos - Rom. 11:12,15; 1 João 2:2. E evidente que afirmações
quanto ao desígnio da morte de Cristo, envolvendo semelhantes termos gerais, é
preciso limitar pelas afirmações mais definidas acima referidas. As vezes é
empregada esta forma geral de afirmação para realçar o fato de que, sendo Cristo
uma só vítima, fez expiação por tantos mediante um só sacrifício. Compare
Mat. 20:28 com 1 Tim. 2:6 e Heb. 9:28. E conquanto Cristo não tenha morrido
com a intenção de salvar todos, mesmo assim sofreu a pena dessa lei, debaixo da
qual todos se achavam, e agora oferece a todos a justiça assim adquirida.
MANTIDAS NA IGREJA
26. Como se pode expor o caráter geral da soteriologia dos chamados santos
pais?
2o. Junto com estes sentimentos houve, em combinação com eles, durante todos
os primeiros séculos até ao tempo de Anselmo, uma teoria acentuada
especialmente por Orígenes (185-254) e Irineu (c. 120-200), segundo a qual
Cristo foi oferecido por Deus como preço do resgate do Seu povo, resgate pago a
satanás, a cujo poder estavam sujeitos por ele os haver
27. Como se pode expor, em termos gerais, as quatro teorias sob uma ou outra
das quais se pode agrupar todas as opiniões mantidas em qualquer tempo sobre
a natureza da reconciliação efetuada por Cristo?
1a. A MÍSTICA. Esta teoria, embora tenha assumido diversas formas, pode ser
exposta, em termos gerais, assim: a reconciliação efetuada por Cristo foi operada
pela união misteriosa de Deus e o homem realizada na Sua encarnação, e não
por Sua morte sacrificial. Esta é a teoria defendida por alguns dos santos “Pais”
que adotaram a filosofia de Platão, pelos discípulos de Scotus Erígena durante a
Idade Média, por Osiander e Schwenkfeld no tempo da Reforma, e pela escola
de Schleiermacher, entre os teólogos alemães modernos.
geral bem-estar final dos súditos do Seu governo moral. (2) A lei é um produto
da vontade divina e por isso Deus pode relaxá-la. (3) As prerrogativas soberanas
de Deus incluem o direito de perdoar. (4) Mas a retidão governamental acima
explicada, tendo em vista que um perdão indiscriminado haveria de estimular o
pecado, determina a Deus que faça o perdão dos pecados depender de um
exemplo imponente de sofrimento numa vítima relacionada com os homens e
com Ele, de modo que manifeste eficazmente a Sua determinação de que
ninguém pode entregar-se com impunidade ao pecado. Por isso - (a)
Os sofrimentos de Cristo não constituíram punição, e sim um exemplo de uma
determinação de punir o pecado no futuro, (b) Cristo não sofreu com o propósito
de satisfazer a justiça divina, e sim o de dar a todo o universo moral um
motivo poderoso para evitar o pecado. A teoria governamental foi elaborada
primeiro por Hugo Grotio (f 1645) em sua grande obra intituladaDefensio Fidei
Catholicae de Satisfactione Christi (Defesa da Fé Católica acerca da Satisfação
de Cristo), na qual abandonou a fé cuja defesa tinha assumido. Essa teoria
nunca foi incorporada no credo de nenhuma igreja histórica, mas tem sido
sustentada por diversas escolas de teólogos, como,e.g., os sobrenaturalistas do
século passado na Alemanha (Staudlin, Flatt, Storr e outros) e, na América, por
Jonathan Edwards Jr., Smalley, Maxey, Dwight, Emmons e Park.
Orígenes, Homil. ad Lev., 1, falando sobre Cristo, diz: “Impôs as mãos sobre
cabeça do novilho, isto é, deitou os pecados dos homens sobre a Sua própria
cabeça, porque Ele é a Cabeça do corpo, a Igreja”.
Ele tomou sobre Si a nossa natureza sem a nossa corrupção (culpa). Ele Se fez
sacrifício por nós e expôs pelos pecadores o Seu próprio corpo, vítima sem
pecado e capaz, tanto de morrer em virtude da Sua humanidade, como de
purificar
por Seus atos e sofrimentos, em Sua vida e em Sua morte, por amor de nós
prestou a Seu Pai que está no céu) remite os nossos pecados, reputa-nos como
bons e justos e nos dá a salvação eterna”.
« .• .."Í; *.!1
ru^iip ^1'ií
Isto por aquilo (um pelo outro). Em latim no original. Nota de Odayr
Olivetti.
Io. por um só sacrifício pelo pecado aperfeiçoou para sempre aqueles pelos quais
o sacrifício foi oferecido.
3o. Sua Pessoa e obra como Mediador continuarão a ser, durante toda a
eternidade, o motivo pelo qual somos aceitos, e o meio da nossa comunhão com
o Pai.
Exerceu no mundo essa função do Seu sacerdócio, Luc. 23:34; João 17:20; Heb.
5:7; exerce-a,porém,principalmente no Seu estado de exaltação, no céu.
2o. Ele age como Advogado junto ao Pai e, apoiando-Se na Sua própria obra
perfeita e nos termos da aliança da graça, exige como Seu direito, mas como
uma graça infinitamente
3o. Tendo comunhão de natureza com Seu povo e experiência pessoal das
mesmas tribulações e tentações que as que os afligem agora, Ele tem empatia
com eles, vela por eles e socorre-os em todas as suas diversas circunstâncias, e
adapta as Suas incessantes intercessões ao curso inteiro da Sua experiência - 1
Ped. 2:5; Ef. 1:6; Apoc. 8:3; Heb. 4:14-16.
Não pelo mundo, e sim por Seu povo, de todos os rebanhos e de todos os tempos
- João 10:16; 17:9,20.
Cristo é Sacerdote real - Zac. 6:13. Do mesmo trono Ele, como Rei, dispensa
Seu Espírito a todos os objetos do Seu cuidado, enquanto, como Sacerdote,
intercede por eles. O Espírito realiza Sua obra por Ele, tomando unicamente de
Suas coisas. Ambos agem de mútuo acordo, Cristo como quem dirige, o Espírito
como Seu agente. Cristo intercede por nós estando fora de nós, como o nosso
Advogado no céu, segundo os termos da aliança eterna. O Espírito Santo, como
o nosso
)
O Reinado Medianeiro de Cristo
Sua soberania como Deus é essencial à Sua natureza; não foi derivada e é
absoluta, eterna e imutável.
Sua soberania como Rei medianeiro é derivada, foi-Lhe dada pelo Pai como
prêmio por Sua obediência e por Seus sofrimentos; é especial e diz respeito à
salvação do Seu povo e à administração das provisões da aliança da graça; e ela
não pertence à Sua natureza divina como tal, e sim à Sua Pessoa como Deus-
homem, ocupando o ofício de Mediador.
Seu reino é assunto muito proeminente nas Escrituras -Dan. 2:44; Mat. 13:1-58;
20:20-29; Luc. 13:23-30; 17:20, 21; Rom. 14:17; 1 Ped. 3:22; Ef. 1:10,21,22.
Tem sido distinguido como - (1) Seu reino d<z poder, que abrange o universo
inteiro em Sua administração providencial
e judicial. Seu fim é a sujeição dos Seus inimigos,(Heb. 10:12,13; 1 Cor. 15:25),
a vindicação da justiça divina (João 5\22-21; 9:39) e o aperfeiçoamento da Sua
Igreja. (2) Seu reino dtgraça, que é espiritual tanto a respeito de Seus súditos,
como de Suas leis, modos de administração e meios empregados. (3) Seu reino
dtglória, que é a consumação da Sua administração providencial e pela graça, e
há de permanecer para sempre.
trono literal de Davi, e de Jerusalém, como sua capital, constituirá Seu reino.
2o. A verdade, como é sustentada por todos os ramos da Igreja histórica, é que,
conquanto Jesus tenha sido virtualmente Rei medianeiro, como também Profeta
e Sacerdote desde a queda de Adão, contudo, a ocasião em que tomou posse
pública e formal do Seu trono e inaugurou Seu reino espiritual foi quando subiu
ao céu e assentou-Se à destra de Seu Pai. A prova disso é que as predições do
Velho Testamento sobre o Seu reino (Sal. 2:6; Jer. 23:5; Is. 9:6; Dan. 2:44) são
aplicadas no Novo Testamento ao primeiro advento. João Batista declarou que
o reino dos céus estava próximo. Cristo declarou que é “chegado a vós o reino de
Deus” e o assemelhou ao campo em que cresciam juntos o trigo e a cizânia, etc. -
Mat. 12:28; Atos 2:29-36.
quando se fala nas “chaves do reino” que dão acesso a essa comunidade ou
excluem dela. Neste último sentido a frase “reino de Deus” ou “dos céus” é um
sinônimo da palavra “igreja”.
A palavra basileía (reino), nesta conexão, acha-se cento e trinta e sete vezes no
Novo Testamento, sendo cento e dez vezes nos quatro Evangelhos, e cinqüenta e
três só no Evangelho Segundo Mateus, que é o Evangelho mais
intimamente relacionado com o Velho Testamento, e somente vinte vezes nas
Epístolas, enquanto o vocábulo ekklesía (igreja), quando se refere à Igreja de
Cristo, encontra-se só uma vez nos Evangelhos e oitenta e oito nas Epístolas e no
Apocalipse.
Io. É providencial. Ele exerce o Seu governo providencial sobre o universo com
o fim de alcançar assim o sustento, a defesa, o enriquecimento e a glorificação
do Seu povo.
2o. Consegue este fim pela dispensação de Seu Espírito chamando eficazmente,
santificando, consolando, preservando, ressuscitando e glorificando o Seu povo -
João 15:26; Atos 2:33-36.
3o. Consegue-o também prescrevendo a forma, a ordem e as funções de Sua
Igreja, os oficiais que devem exercer essas funções, e as leis que eles devem
administrar - Mat. 28:18,19,20; Ef. 4:8,11. ■«- .r-A:
Sob essa administração esse reino apresenta dois aspectos - Io. como militante,
Ef. 6:11,16; 2o. como glorificado -Apoc. 3:21. De conformidade com isso, Cristo
apresenta-Se como desempenhando, na administração dos quefazeres do
4o. Os cidadãos do Seu reino são homens espirituais - Fil. 3:20; Ef. 2:19.
6o. Suas leis são espirituais - 1 Cor. 5:4-11; 2 Cor. 10:4; Ef. 1:3-8; 2 Tim. 4:2;
Tito 2:15.
8. Qual a extensão dos poderes de que Cristo tem investido Sua Igreja visível?
evangelho do reino a toda a criatura humana - Is. 8:20; Deut. 4:2; Mat. 28:18-20;
Heb. 13:17; 1 Ped. 2:4.
■ -...'O' ; •
Essa doutrina, cujo nome deriva de Erasto, médico que residia em Heidelberg,
no século 16, é precisamente o contrário da doutrina romana, e considera a Igreja
somente como uma fase do Estado. O Estado, instituído divinamente com o
fim de cuidar de todas as necessidades, quer temporais quer espirituais, dos
homens, está, pois, encarregado do dever de cuidar da disseminação da doutrina
pura e da administração devida dos sacramentos e da disciplina. E, portanto,
dever do Estado sustentar a Igreja, nomear seus oficiais, definir suas leis e velar
sobre a sua administração.
12. Qual é a doutrina comum das igrejas reformadas sobre
Que a Igreja e o Estado são ambos instituições divinas, tendo fins diversos e, em
todos os aspectos, independentes uma da outra. Os membros e os oficiais da
Igreja são, como homens, membros do Estado e têm o dever de serem bons
cidadãos; e os membros e os oficiais do Estado, se são cristãos, são membros da
Igreja e, como tais, sujeitos às suas leis. Mas, nem os oficiais nem as leis de
qualquer das duas instituições têm qualquer autoridade dentro da esfera da outra.
É uma instituição divina e tem por fim servir de meio para conseguir a salvação
dos homens. Com este fim ela foi instituída especialmente -
2o. Para torná-los obedientes à verdade e exercer suas graças pela profissão
pública de fé em Cristo, pela comunhão com seus irmãos e pela administração
das ordenanças e da disciplina.
Segue-se, pois -
2o. Que todos os oficiais civis deveriam fazer da glória de Deus o seu fim e
tomar como seu guia a vontade revelada de Deus.
3o. Que, posto que não se devesse fazer distinção entre as diversas denominações
cristãs, e se devesse conceder a todos os seres humanos perfeita liberdade de
consciência e de culto, contudo, o magistrado civil deveria procurar promover
a piedade bem como a ordem civil (Conf. de Fé, cap.23, § 2). Não deveriam
fazer isso tomando sobre si funções eclesiásticas, nem procurando patrocinar ou
dirigir a Igreja, e sim, por meio do seu exemplo pessoal, dando proteção
imparcial às propriedades das igrejas, facilitando os seus trabalhos, fazendo e
tornando eficazes leis concebidas no verdadeiro espírito do evangelho, e
especialmente mantendo invioláveis o domingo e o casamento cristãos, e
fornecendo ensino cristão nas escolas públicas.
16. Qual a relação que nos Estados Unidos da América a lei civil mantém com
as constituições, a disciplina e as propriedades das diversas igrejas?
A. FATOS DA HISTÓRIA -
2o. Na maior parte das colônias americanas, no princípio o Estado tomou sobre si
a direção absoluta dos negócios eclesiásticos e concedeu os direitos de cidadão
somente aos
Io. A Constituição dos Estados Unidos declara que “Nunca será exigida uma
prova religiosa como qualificação para qualquer ofício ou emprego público sob a
chancela dos Estados Unidos, e o Congresso não fará lei alguma a respeito
do estabelecimento de religião ou proibindo seu livre exercício”. As
constituições dos diversos estados contêm declarações no mesmo sentido.
2o. Num sentido geral, o cristianismo é, como fato histórico, elemento essencial
da lei comum da Inglaterra, bem como da dos Estados Unidos (com exceção de
alguns estados, como os de Luisiana, Texas, Novo México, e
Califórnia), incorporado em nossos costumes, princípios, precedentes, etc.*
3o. O cristianismo é reconhecido pela lei civil como a religião histórica e atual de
imensa maioria dos cidadãos dos Estados Unidos. A fé cristã e as instituições
pelas quais se manifesta devem, portanto, ser respeitadas e protegidas pela lei
civil.
4o. A lei civil reconhece, pois, a Igreja, e também que ela tem um caráter
histórico e que é um elemento importante da sociedade. Reconhece e protege seu
direito de existir e de gozar da posse de seus privilégios e poderes legítimos.
Assim a lei civil reconhece e protege (1) a autonomia da Igreja quanto a (a) seu
modo geral de governo e (b) sua disciplina das pessoas; (2) os direitos de cada
igreja, como organização, sobre seus bens.
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos, quanto ào caso que envolveu a Igreja
da Rua Walnut, Louisville, Kentucky, 1872, decidiu -
6o. A lei civil reconhece o direito da Igreja de disciplinar seus membros. Mesmo
a declaração pública, feita de conformidade com as regras de ordem (governo)
de uma igreja da qual um membro tenha sido excomungado (excluído) por ter
cometido uma ofensa tida como infame pela lei, é justificada, e perante a lei tal
publicação não é injúria.
igreja, e a minoria, por menor que seja, será mantida na posse deles. E, em todos
os casos semelhantes, os tribunais se conformarão, em suas decisões, às dos
tribunais eclesiásticos superiores como finais. Veja Lectures by Wm. Strong,
LL.D., Juiz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 1875.
culto, e que, por isso, era só a sessão que podia nomear o organista. Os tribunais
civis mantêm com muita firmeza os direitos e privilégios do culto religioso e das
igrejas, e exigem fidelidade aos compromissos aceitos.
Io. A Igreja deve obediência ao Estado no exercício da sua autoridade legal sobre
as propriedades públicas da Igreja.
2o. Está com a obrigação de usar todos os meios legais ao seu alcance para levar
o evangelho a todos os membros do Estado. Além disso ela não tem dever algum
para com o Estado.
19. Em que sentido Cristo vai restituir Seu reino ao Pai, e em que sentido há
de permanecer para sempre a Sua soberania medianeira?
Parece-nos que a suma do que nos está revelado sobre estes pontos é que, depois
da plena glorificação do Seu povo e da destruição dos Seus inimigos, Cristo
abdicará da Sua autoridade medianeira sobre o universo, que Ele administrou
como Deus-homem, para que a Deidade absoluta seja imediatamente tudo em
tudo para a criatura (para que Deus seja tudo em todos) - 1 Cor. 15:24-28. Mas a
Sua soberania medianeira sobre o Seu próprio povo, inclusive os ofícios de
profeta, sacerdote e rei, há de permanecer para sempre. Isto é certo -
Io. Porque Ele é sacerdote para sempre, e do Seu reino não haverá fim - Sal.
110:4; Dan. 7:14; Luc. 1:33.
20. A união pessoal entre as Suas naturezas divina e humana há de permanecer
para sempre.
4o. As Escrituras nos dizem que Ele, como “um Cordeiro que foi morto”, está no
céu e no trono; que Ele será sempre o templo e a luz da cidade; que apascentará
sempre o Seu povo
Perg. 27.
21. Em que sentido Cristo foi sujeito à lei, e como isso foi um ato de
humilhação?
O Pai declarou muitas vezes que Cristo, em Sua própria Pessoa, absolutamente
considerada, era Seu “Filho ama o , do qual disse: “em quem me comprazo”,
Mateus 3:17; 2 Ped. 1:17; e Ele sempre fez o que era do agrado de Deus Pai -
Joao 8:29. Contudo, no exercício do Seu ofício de Mediador, e tinha tomado o
nosso lugar e tinha assumido a culpa de nossos
pecados. Portanto, a ira de Deus, que Cristo levou sobre Si, foi o desagrado
infinito de Deus causado pelos nossos pecados, e esse desagrado concretizou-se
vicariamente na Pessoa de Cristo, porque sobre Ele foi posta a iniqüidade de
todos nós - Mat. 26:42,54; Luc. 24:44-46; João 19:30.
A frase katábasis eis ádon, descensus ad inferos, foi uma das últimas a serem
incorporadas no antigo Credo. Supõe-se que foi derivada de Sal. 16:10; Atos
2:27; 1 Ped. 4:18-20. Veja:
2o. Os luteranos sustentam que a morte de Cristo foi o último passo da Sua
humilhação e que a Sua descida ao Hades foi o primeiro da Sua exaltação,
porque foi revelar e consumar Sua vitória sobre satanás e sobre os poderes das
trevas, e pronunciar Sua sentença de condenação.
3o. A Igreja da Inglaterra (Anglicana) afirma em seu 3o. artigo: “Assim como
Cristo morreu por nós e foi sepultado, assim também devemos crer que Ele
desceu ao inferno”. No primeiro livro de Eduardo VI acha-se a seguinte
exposição, mais completa: “O corpo de Cristo ficou no sepulcro até à
Sua ressurreição, mas Seu espírito partiu dEle e esteve com os espíritos que
estavam no cárcere, ou no inferno, e pregou aos mesmos, como testifica a
passagem de Pedro”. O bispo Pearson, em suaExposition of the Creed, ensina
que Cristo realmente foi ao lugar dos condenados para consumar a expiação dos
pecados humanos e destruir o poder do inferno sobre os Seus remidos.
A interpretação comum dos protestantes é que Cristo foi morto fisicamente, mas
vivificado, ou restaurado à vida, pelo Espírito, Espírito pelo qual, inspirando a
Noé como pregador da justiça, Cristo, muitos séculos antes, tinha descido do céu
e pregado aos homens daquela geração. Estes, em seus pecados e em sua
incredulidade, eram os “espíritos em prisão”. Somente oito pessoas creram e
foram salvas; por isso os cristãos professos e os pregadores do evangelho não
devem ficar desanimados face à incredulidade dos homens atualmente.
Outra interpretação, sugerida pelo arcebispo Leighton numa nota, como sua
última opinião, e explicada largamente pelo falecido Dr. Brown, de Edimburgo,
é que Cristo, morrendo fisicamente como sacrifício vicário, é vivificado
no espírito, isto é, vivificado espiritualmente, manifestado como Salvador
perfeito num grau muito superior ao que foi possível antes; morrendo como um
grão de trigo, Ele começou a produzir muito fruto; e vivificado assim, Ele agora,
por meio da inspiração do Espírito, prega aos “espíritos em prisão”, isto é, aos
prisioneiros do pecado e de satanás, do mesmo modo
como tinha feito anteriormente, posto que com menor poder, por meio de Noé e
de todos os profetas, quando os espíritos eram desobedientes; sob o ministério de
Noé foram salvas só oito almas; porém depois de vivificado Cristo no espírito,
isto é, depois de manifestado como o Salvador perfeito, multidões têm crido.
26. Como era possível que o Filho coigual a Deus fosse exaltado?
Pessoa, como Deus homem, podia ser exaltada em diversos aspectos. Veja:
2o. Como Mediador, Ele ocupou oficialmente uma posição inferior à do Pai, pois
condescendeu em ocupar o lugar dos pecadores. Tinha sido humilhado mais do
que podemos conceber e, como prêmio da Sua auto-humilhação voluntária, o Pai
O exaltou muitíssimo - Fil. 2:8,9; Heb. 12:2; Apoc. 5:6.
3o. Sua alma humana e Seu corpo foram exaltados em grau para nós
inconcebível - Mat. 17:2; Apoc. 1:12-16; 20:11.
Io. O Velho Testamento a predisse. Compare Sal: 16.10 com Atos 2:24-31. Todas
as demais predições a respeito do Messias foram cumpridas em Cristo, o que
confirma o cumprimento desta também.
2o. Cristo mesmo a predisse e, por conseguinte, sendo Ele o profeta verdadeiro,
Sua predição cumpriu-se em Sua ressurreição - Mat. 20:19; João 10:18.
5o. O testemunho independente de Paulo. Este, como quem nasceu fora do tempo
devido, viu seu Senhor ressuscitado e recebeu dEle, pessoalmente, Sua revelação
e Sua comissão -1 Cor. 15:8; Gál. 1:12; Atos 9:3-8.
6o. Foi visto por mais de quinhentos irmãos juntos, e Paulo apela para eles - 1
Cor. 15:6.
8o. Os milagres operados pelos apóstolos foram os selos postos por Deus no
testemunho dado por eles de que Ele ressuscitou a Cristo - Heb. 2:4.
A conciliação dessas duas proposições é feita pelo princípio de que todos os atos
do poder divino, concretizando-se em objetos externos à Deidade, podem ser
atribuídos a qualquer das Pessoas divinas, ou, em termos absolutos, à Deidade -
João 5:17-19.
2o. Por Sua ressurreição ficou provado que Ele é o Filho de Deus, Rom. 1:4,
porque (1) Ele ressurgiu por Seu próprio poder, e (2) Sua ressurreição autenticou
tudo quanto Ele dissera a respeito de Si mesmo. .
4o. Se Cristo ressurgiu, temos um advogado junto ao Pai -Rom. 8:34; Heb.
9:11,12,24. ,
5o. Se Cristo ressurgiu, temos certeza da vida eterna; se Ele vive, nós também
viveremos - João 14:19; 1 Ped. 1:3-5.
6o. Em conseqüência da união entre Cristo e Seus membros, que é tanto federal
como espiritual, a Sua ressurreição é penhor certo e seguro da nossa, (1) porque,
assim como morremos em Adão, seremos vivificados em Cristo, 1
Cor. 15:21,22; e (2) em razão do Seu Espírito, que mora em nós -Rom. 8:11; 1
Cor. 6:15; ITess. 4:14.
também de anjos celebrando Sua vitória sobre o pecado, e Sua exaltação ao Seu
trono de Mediador - Luc. 24:50,51; Mar. 16:19; Atos 1:9-11; Ef. 4:8; Col. 2:13-
15; Sal. 24:8-11; 78:19.
31. Quais as diversas opiniões quanto à natureza da ascensão de Cristo?
Aqueles que, como os luteranos, crêem que o corpo de Cristo está onipresente
para a Sua Igreja sustentam, como é natural, que em Sua ascensão Ele não
mudou de local e sim retirou-Se do anterior trato sensorial que Ele mantinha
com Seus discípulos.
O certo é, porém, que Sua alma e Seu corpo passaram realmente da terra para a
morada dos bem-aventurados, e que a Sua Pessoa inteira, como Deus-homem,
foi gloriosamente exaltada. Ele subiu como Mediador, triunfando sobre os
Seus inimigos e concedendo dons aos Seus amigos, - Ef 4:8-12; para completar
Sua obra medianeira - João 14:2,3; como o Precursor do Seu povo, Heb. 6:20; e
para encher o universo com as manifestações da Sua glória e do Seu poder - Ef.
4:20.
Veja Sal. 110:1; Mar. 16:19; Rom. 8:34; Ef. 1:20,22; Col.
1. Qual é o uso geral, no Novo Testamento, das palavras kaléin (chamar), klêsis
(vocação, chamamento) e kletós (chamado)?
A palavra kaléin é empregada nos sentidos, Io. de chamar com a voz, João 10:3;
Mar. 1:20; 2o. de chamar para fora, intimar com autoridade, Atos 4:18. 24:2; 3o.
de convidar, Mat. 22:3; 9:13; 1 Tim. 6:12. Muitos são chamados, mas poucos
são escolhidos. 4o. Da vocação eficaz do Espírito - Rom. 8:28-30; 1 Ped. 2:9;
5:10. 5o. Da designação para um ofício-Heb. 5:4. 6o. No sentido de dar-se um
nome, Mat. 1:21.
3o. Dos chamados eficazmente - Rom. 1:7; 8:28; 1 Cor. 1:2,24; Jud., vers. 1;
Apoc. 17:14.
3o. Uma declaração dos motivos que devem influir no espírito do pecador, como
sejam o temor, a esperança, o remorso ou a gratidão.
4o. Uma promessa de que serão aceitos todos os que se conformarem com as
condições - Dr. Hodge.
4. Segundo qual princípio essa vocação é dirigida aos não eleitos bem como
aos eleitos?
Iica provado -
22:17.
4o. Pelo juízo terrível pronunciado sobre os que o rejeitam -João 3:19; 16:9.
E dirigida de igual modo aos não eleitos como aos eleitos porque é de igual
modo seu dever e do seu interesse aceitar o evangelho; porque as provisões de
salvação são de igual modo adaptadas ao seu caso, e são abundantemente
suficientes para iodos; porque Deus quer que nos benefícios do
evangelho tenham parte todos os que o aceitarem.
2o. Pelas passagens que ensinam que a influência do Espírito é necessária para a
aceitação da verdade - Ef. 1:17.
3o. Pelas passagens que atribuem a Deus tudo quanto de bom há no homem - Fil.
2:13; Ef. 2:8; 2 Tim. 2:25, e.g., a fé e o arrependimento.
4o. As Escrituras distinguem entre os dois chamamentos: dos que recebem um,
dizem elas: “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”; dos que recebem o
outro, dizem: “aos que chamou a estes também justificou”. Daqueles Deus
diz: “Porque eu vos chamei e vós não quisestes ouvir” - Prov. 1:24 (Figueiredo).
Dos outros Ele diz: “Todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim” -
João 6:45.
Os pelagianos negam que haja pecado original e sustentam que os termos bom e
mau só podem ser aplicados aos atos executivos da vontade. Afirmam, pois -
Io. Que como o homem tem perfeita liberdade da vontade, pode a qualquer
tempo tanto deixar o pecado como continuar na prática dele.
2o. Que a única mudança interna efetuada pelo Espírito Santo no coração dos
que são convertidos é devida aos fatos de ser Ele o Autor das Escrituras e delas
apresentarem estas verdades e motivos morais que, por sua própria
natureza, exercem influência moral sobre a alma. Eles negam inteiramente a
existência da “graça” no sentido bíblico.
10. Que todos os homens estão por natureza mortos espiritualmente e que são
totalmente incapazes tanto de começar a voltar-se para Deus como de cooperar
com a Sua graça para isso antes da sua regeneração.
2o. Que a operação que o Espírito Santo por Sua graça realiza na alma humana é
a única e exclusiva causa eficiente que vivifica a alma morta. Por isso -
3o. O fundamento em que descansa a salvação dos que crêem é a eleição eterna
que por Sua graça Deus realizou para a salvação. Eles se recusam, porém, a dar o
passo que se segue logicamente, que é o de reconhecer que a razão pela qual
os que não crêem não são vivificados é que Deus, com igual soberania, não lhes
dá a graça regeneradora. Eles insistem em atribuir isso unicamente à resistência
criminosa contra a graça, que todos recebem nos graus iniciais - Hase,
Formula Concordice, págs. 579-583, 662-666 e 817-821.
11. Qual a doutrina comum das igrejas reformadas sobre a vocação interna?
12. Qual a diversidade de opiniões que sobre este ponto existem entre os
romanistas?
13. Que é que se entende por “graça comum”, e como se pode provar que o
Espírito Santo realmente opera nas almas daqueles cujo coração não é
renovado?
Que Deus realmente opera desse modo sobre o coração dos não regenerados fica
provado - Io. Pelas Escrituras, Gên. 6:3; Atos 7:51; Heb. 10:29; 2o. Pela
experiência e pela observação universais.
Io. Quanto a seus objetos. Todos os homens, em maior ou menor escala, são
objetos da graça comum; somente os eleitos são objetos da graça eficaz - Rom.
8:30; 11:7; 2 Tess. 2:13.
2o. Quanto à sua natureza. A graça comum é ,somente mediata, agindo por meio
da verdade, e é somente moral, aumentando a influência moral que a verdade
exerce naturalmente, e estimulando somente as faculdades morais da alma, tanto
as racionais como as morais. No entanto, a graça eficaz é imediata e
sobrenatural, porque é operada diretamente na alma pela energia imediata do
Espírito Santo, e porque ela implanta uma nova vida espiritual e a capacidade de
exercer de um novo modo as faculdades naturais.
15. Como se pode provar que a graça eficaz é limitada aos eleitos?
2o. Há textos que mostram que a vocação eficaz é baseada no decreto da eleição
- 2 Tess. 2:13,14; 2 Tim. 1:9,10.
3o. Há também os que mostram que a santificação, a justificação e todos os
benefícios temporais e eternos da união com Cristo são efeitos da vocação eficaz
- 1 Cor. 1:2; Ef. 2:5; Rom. 8:30.
16. Como se pode provar que a graça é concedida por amor de Cristo?
Io. Todas as bênçãos espirituais são concedidas por amor de Cristo - Ef. 1:3; Tito
3:5,6.
17. Que é que se entende quando se declara que esta influência divina é
imediata e sobrenatural?
Entende-se, 1°., que nega, (1) que ela é nada mais que a influência moral da
verdade; (2) que é unicamente a influência moral do Espírito, aumentando a
influência moral da verdade apresentada objetivamente; (3) que estimula
meramente as faculdades naturais da alma. Entende-se, 2°., que afirma, (1) que o
Espírito Santo opera imediatamente na alma a partir do íntimo; (2) que o Espírito
Santo, exercendo o Seu poder regenerador, implanta uma nova natureza moral,
ou um novo princípio de ação.
18. Quais os argumentos que provam que, além da influência exercida por
meio da verdade, o Espírito exerce na alma uma influência imediata?
3o. Essa operação interna no coração é atribuída a Deus -Fil. 2:13; 2 Tess. 1:11;
Heb. 13:21.
19. Quais os diversos motivos alegados para dar-se a esta graça o nome de
“graça eficaz”?
4o. A doutrina ortodoxa é que a eficácia desta graça é inerente à sua própria
natureza, por ser o exercício do poder onipotente de Deus na execução do Seu
propósito eterno e imutável.
2o. Pelas descrições da obra da graça. Os homens são por natureza “cegos”,
“mortos”, “escravos”, etc. A mudança efetuada é uma “nova criação”, etc.
3o. Pelas promessas de Deus, que são seguras. Os meios que Ele utiliza para
vindicar a Sua fidelidade não podem deixar de ser eficazes - Ez. 11:19; 36:26;
João 6:45. >v. .? ..
4o. Pela conexão que, segundo as Escrituras, existe entre a vocação e a eleição.
Os chamados são os eleitos; os eleitos são os chamados. Como os decretos são
certos, a vocação não pode deixar de ser eficaz. Veja acima, Perg. 15.
22. Como se pode provar que esta influência é congruente com a nossa
natureza?
por Belarmino (veja acima, Perg. 19), dizemos que a graça eficaz é “congruente
com a natureza humana como tal, no sentido de que o Espírito de Deus, posto
que exerça na alma uma influência imediata e regeneradora, opera contudo
em perfeita harmonia com a integridade daquelas leis da nossa natureza livre,
racional e moral, que Ele mesmo constituiu. Mesmo na obra miraculosa do novo
nascimento Ele opera em nossa razão e em nossa vontade de perfeito acordo
com a constituição de cada uma delas. Isto é certo:
Io. O mesmo Deus cria e regenera; Seu objetivo não é destruir, e sim restaurar
Sua própria obra.
2o. As Escrituras e a nossa própria experiência ensinam que os atos da alma que
se seguem imediatamente depois da implantação da graça são eminentemente
livres e racionais. O fato é que nunca antes a alma havia operado normalmente -
Sal. 110:3; 2 Cor. 3:17; Fil. 2:13. 3o. Esta influência divina acha-se descrita por
termos como “atrair”, “ensinar”, “iluminar”-João 6:44,45; Ef. 1:18.
23. Que nos ensinam as Escrituras quanto à conexão entre esta influência e a
verdade?
24. Que motivos podem ser apresentados para a crença em que o Espírito não
regenera os adultos por quem a verdade não é conhecida?
Os arminianos sustentam que Deus tem o propósito de salvar a todos e que por
isso chama a todos do mesmo modo, dando a todos graça suficiente, se quiserem
aproveitá-la.
2o. Essa doutrina é incompatível com o propósito divino de eleição. Veja acima,
Cap.ll.
3o. Segundo o sistema arminiano, depende da livre vontade do homem (do livre-
arbítrio) o tornar a graça suficiente da parte de Deus, comum a todos, em graça
eficiente no seu caso. Mas as Escrituras ensinam que a salvação é totalmente de
graça e um dom de Deus - Ef. 2:8; 2 Tim. 2:25; Rom. 9:15,16.
4: “(São rejeitados aqueles) que ensinam que o homem não regenerado não
está estrita e totalmente morto nos
pecados, nem vazio de toda a força quanto ao que é bom espiritualmente; mas
que pode ter fome e sede de justiça e oferecer o sacrifício de um espírito
quebrantado e contrito que seja aceito por Deus”. Art.12: “(A regeneração)
é claramente sobrenatural, uma operação muito poderosa e ao mesmo tempo
muito suave, maravilhosa, secreta e inefável, não inferior a uma criação, nem
menor do que uma vivificação dos mortos; de modo que todos aqueles em cujo
coração Deus opera desta maneira maravilhosa, são com certeza regenerados
infalível e eficazmente, e manifestam fé. E então a vontade, sendo renovada,
não só tem operado Deus sobre ela e é por Ele movida, mas sendo movida assim
por Ele, ela mesma se move. Por isso também se diz com razão que é o próprio
homem que, por meio desta graça recebida, crê e se arrepende”.
Apol. Conf. Remonstr., pág. 162, b: “A graça é chamada eficaz por causa do
resultado, o que, porém se pode tomar em sentido duplo: primeiro, do modo que
se julga que a graça não tem, de per si, poder algum para produzir consentimento
na vontade, mas que toda a sua eficácia pode depender da vontade humana; ou
em segundo lugar, do modo que se julga que a graça tem, de per si,
poder suficiente para produzir consentimento na vontade, porém, por ser parcial
este poder, não pode manifestar-se em atos sem a cooperação da livre vontade
humana, e por isso ela, para produzir efeitos, depende da livre vontade (do livre-
arbítrio). Os remonstrantes desejam que se tome o segundo como o seu modo de
entender”.
1
Na derivação grega da palavra temos a preposição syn (com) e o >>
< <substantivo érgon (ação, trabalho). Daí, o sinergista, seguidor do sinergismo, acredita na ação conjunta da graça divina e a
capacidade humana. Nos contextos científicos emprega-se a palavra sinergia-, nos religiosos ou doutrinários, sinergismo. Nota de
Odayr Olivetti.
2
É perfeitamente válida a preocupação do autor. Apenas tomo a liberdade de opinar que a graça eficaz é irresistível somente no sentido
de que não há criatura que possa frustrar sua eficácia. Nota de Odayr Olivetti.
A Regeneração
Io. “Criar” de novo-Ef. 4:24. 2o. “Gerar”-Tia. 1:18. 3o. “Dar vida” - João 5:21;
Ef. 2:5. 4o. “Chamar das trevas para uma maravilhosa luz” - 1 Ped. 2:9. A
respeito dos regenerados dizem as Escrituras: Io. Que são “ressuscitados dos
mortos” -Rom. 6:13. 2o. Que são “novas criaturas” - 2 Cor. 5:17. 3o. Que
“nasceram de novo” - João 3:3,7. 4o. Que são “feitura de Deus” - Ef. 2:10.
Os católicos romanos -
culpa dos nossos pecados e nos livra do poder inerente ao pecado original e
também da sua mácula - Cone. de Trento, Sessão 6, cap.7.
como o seu bem supremo sob a convicção da sua inteligência e impelido por um
motivo natural, mas não pecaminoso, de amor próprio, que se deve distinguir do
egoísmo, sendo este a essência do pecado. Veja Christian Spectator, dezembro
de 1829, págs. 693, 694, etc.
Io. Que na alma, além de suas diversas faculdades, existem também hábitos ou
disposições, alguns dos quais são inatos e outros adquiridos, e que dão o
fundamento ou a base para a alma exercer suas faculdades de um modo
particular. Assim julgamos ser permanentemente má a disposição moral de
um homem quando o vemos agir habitualmente de um modo pecaminoso, e
permanentemente boa quando o vemos agir habitualmente de um modo
moralmente bom.
4o. Na nova criação Deus torna a criar santa a disposição dominante do coração
do homem regenerado.
9. Como se pode mostrar que esta idéia sobre a regeneração não a representa
como envolvendo alguma mudança na essência da alma?
Essa é a acusação feita contra a doutrina ortodoxa por todos os que negam que
haja na alma outra coisa além de suas faculdades constitutivas e seus exercícios.
Argumentam, pois, que, se for mudada qualquer coisa além dos meros
exercícios da alma, sua constituição fundamental será mudada fisicamente. Em
oposição a isso, nós argumentamos que temos precisamente as mesmas provas
de que existe na vontade uma permanente disposição moral, ou uma disposição
inerente a ela, como a razão pela qual um homem bom segue habitualmente o
bem, e o homem mau o mal. Argumentamos que temos as mesmas provas de que
existe a própria alma invisível, ou qualquer das suas faculdades, como a razão
pela qual um homem faz qualquer coisa, ou pela qual as suas ações são,e.g., um
pensamento, uma emoção ou uma volição. E-nos impossível conceber a escolha
produzida em nós pelo Espírito Santo, de mais de três modos diversos:
“Primeiro, por sua operação direta em produzir a escolha, caso em que esta
não seria ato nosso. Em segundo lugar, apresentando aos nossos princípios
constitutivos e naturais de amor próprio motivos tais que eles nos levam a fazer a
escolha, caso em que não haveria moralidade no ato. Ou, em terceiro lugar,
produzindo em nós um tal gosto pelo caráter divino que a alma se regozija tão
“Se o nosso Criador não somente nos dotou de susceti- á bilidade geral para
amar, mas também da disposição específica " para amar nossos filhos, somente
Ele nos pode dar discernimento e suscetibilidade para a percepção da beleza
natural, e pode dar-nos também gosto pela beleza moral. E se este gosto, por
causa do pecado, está viciado e pervertido, Ele o pode restaurar por Seu Espírito
na regeneração” - Hodge,ffoajys.
2o. O Espírito Santo, pelo exercício do Seu poder criador, muda a disposição
dominante do coração de uma maneira inexplicável e mediante uma influência
que a pessoa é incapaz de apreender.
12. Como se pode provar que existe o que se chama comumente regeneração?
Io. Pelas passagens das Escrituras que declaram que é necessária tal mudança-
João 3:3; 2 Cor. 5:17; Gál. 6:15.
2o. Pelas passagens que descrevem a mudança - Ef. 2:5; 4:24; Tia. 1:18; 1 Ped.
1:23.
3o. Pelo fato de que ela é necessária tanto para os homens caracterizados pela
maior moralidade como para os que levam vida dissoluta- 1 Cor. 15:10; Gál.
1:13-16.
4o. Pelo fato de que esta mudança interna não é uma simples reforma externa,
como fica provado pelo fato de que é atribuída
5o. Pela comparação entre o estado do homem na graça e seu estado como é por
natureza - Rom. 6:13; 8:6-10; Ef. 5:8.
6o. Pela experiência de todos os cristãos e pelo testemunho de sua vida.
Esta iluminação é chamada sobrenatural - Io. Porque, tendo-se perdido, pode ser
restaurada unicamente pelo poder imediato de Deus. 2o. Em contradistinção do
estado defeituoso da atual natureza depravada do homem. Ela não comunica,
porém, novas verdades ao espírito, nem diminui de modo algum o dever do
cristão de estudar a Palavra de Deus
Sendo a alma uma unidade, uma mudança em suas radicais disposições morais
muda necessária e simultaneamente o exercício de todas as suas faculdades, em
relação aos objetos morais e espirituais. A alma não pode amar aquilo
cuja beleza não percebe, nem pode ver beleza naquilo que nada tem de análogo à
sua natureza. O primeiro objeto, pois, produzido na ordem da natureza pela
regeneração, ou por uma mudança radical da disposição moral, é que se abram
os olhos do nosso entendimento para verem a excelência da verdade divina; o
segundo efeito é que amemos a excelência assim percebida. Isto é o que o
Presidente Edwards (Religions Affec-tions) chama “o sentido do coração”.
16. Qual a natureza dessa convicção de pecado quemuitas vezes ocorre antes
da regeneração ou sem ela, e como se pode distinguir essa falsa convicção
daquela que é verdadeira ?
Por outro lado, a convicção de pecado que é peculiar aos regenerados distingue-
se por ser acompanhada do sentimento da beleza positiva da santidade e de um
desejo ardente de não somente ver-se livre das angústias do remorso, mas
principalmente da corrupção e do domínio do pecado.
17. Qual a natureza desses novos afetos que são a conseqüência da renovação
do coração, e como se distinguem dos exercícios dos homens não renovados?
nos seus objetos por serem santos. Por outro lado, os afetos dos homens não
regenerados, por mais puros e até religiosos que sejam, são apenas naturais em
sua origem e terminam unicamente em objetos naturais. Tais homens podem ser
gratos a Deus pelos benefícios dEle recebidos, mas nunca O amam simplesmente
pelas perfeições da Sua natureza.
A moralidade, ao contrário, tem sua origem nos afetos meramente naturais; sua
única mira é a conformidade dos atos externos com a letra da lei, enquanto que o
eu, em alguma forma de justiça própria, reputação, fama ou felicidade, é o fim
determinador.
20. E provada pela natureza do homem como pecador -Rom. 7:18; 8:7-9; 1
Cor. 2:14; Ef. 2:1.
3o. Pela natureza do céu - Is. 35:8; 52:1; Mat. 5:8; 13:41; I leb. 12:14; Apoc.
21:27. A restauração da santidade é o grande íim que o plano inteiro da salvação
tem em vista - Ef. 1:4; 5:5,26,27.
- DECLARAÇÕES AUTORIZADAS
Finalmente, a única causa formal é a justiça de Deus; não aquela com a qual
Ele é justo, mas aquela com a qual nos faz justos; por ela, sendo-nos
concedida pelo Senhor, a nossa alma fica espiritualmente renovada, e não
somente somos reputados justos, porém verdadeiramente se nos dá este
nome, e o somos”.
A
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A Fé
Io. Para significar o estado do espírito que é induzido pela persuasão - Rom.
14:22.
2o. Muitas vezes significa boa fé, fidelidade, sinceridade -Rom. 3:3; Tito 2:10.
4o. Fé para com Deus ou em Deus-Heb. 6:1; 1 Tess. 1:8; 1 Ped. 1:21; Marcos
11:22. Fé em Cristo, Atos 24:24; Gál. 3:26; e no Seu sangue, Rom. 3:22,25; Gál.
2:16,20.
Io. Assentir à verdade, ser persuadido dela - Luc. 1:20; João 3:12.
A alma una e indivisível sabe, conhece e ama, deseja e decide, e estes diversos
atos da alma reúnem-se sobre o mesmo objeto. A alma não pode amar, nem
desejar, nem escolher ^ aquilo que não conhece, nem pode ela conhecer um
objeto como bom ou verdadeiro sem que haja alguma afeição da vontade para
com ele. O assentimento dado a uma verdade especulativa pode ser
simplesmente um ato da inteligência; i mas a crença numa verdade moral, num
testemunho, em promessas, é necessariamente um ato complexo, abrangendo a
vontade bem como a inteligência. A inteligência apreende a verdade a crer, e
avalia a validade das provas; mas a disposição para crer no testemunho, ou nas
provas morais, tem sua base na vontade. A real confiança numa promessa é um
ato da vontade, e não somente um juízo da inteligência sobre a fé que a promessa
merece. Há uma relação exata entre o juízo moral e os afetos, e a vontade, como
a sede dos afetos morais, determina os juízos morais. Por isso, assim como o
homem é responsável por sua vontade, também o é por sua fé.
faz parte. Conhecemos a doutrina da Trindade quando as suas diversas partes nos
são expostas; porém não há criatura que a possa compreender.
2o. Pelo uso nas Escrituras do termo conhecimento como sinônimo de fé-João
10:38; 1 João 2:3.
3o. Pelo que as Escrituras ensinam quanto às fontes da fé. Esta vem pela
instrução - Rom. 10:14-17.
Posto que o conhecimento seja essencial à fé, pode-se distinguir dela - Io. A fé
abrange em si também um ato da vontade assentindo, além do ato da inteligência
apreendendo. 2o. O conhecimento derivado de uma fonte natural distingue-se do
que é derivado de uma fone divina. 3o. Como atual apreensão imperfeita das
coisas divinas, apreensão que é fé, esta difere do conhecimento perfeito das
coisas divinas que teremos no céu - 1 Cor. 13:12. s
Io. A ninguém jamais se ordena que creia naquilo que não lhe foi revelado, ou
pela luz da natureza, ou pela Palavra inspirada.
12. Quais as duas espécies de provas pelas quais sabemos que Deus revelou
certas verdades como objetos de fé?
13. Como se pode mostrar que a autoridade da Igreja não é base para a fé?
Veja acima, Cap. 5, Perg. 13. :
dora?
17. Como se pode provar pelas Escrituras e pela experiência que a iluminação
espiritual é a base da fé salvadora?
2o. Por natureza os homens são cegos espiritualmente, e o seu coração é “um
coração mau e infiel” - 2 Cor. 3:14; 4:4; Heb. 3:12.
4o. Os homens crêem porque são ensinados por Deus -João 6:44,45.
5o. Todo cristão tem consciência do que crê porque vê que a verdade crida é
verdadeira, bela, poderosa e satisfatória.
6o. Provam-no os efeitos da fé. “Diz-se que vivemos por fé, que somos
santificados pela fé, que vencemos pela fé e que somos salvos pela fé. Um
consentimento cego à autoridade, ou uma convicção racional, não
produzem semelhantes efeitos; se os efeitos são espirituais, segue-se
Alguns teólogos ortodoxos têm sustentado que a confiança deve antes ser
considerada como uma imediata e invariável conseqüência da fé salvadora, em
vez de um elemento dessa própria fé.
A fé religiosa, sendo resultado da iluminação espiritual, respeita a Palavra total e
completa de Deus e Seu testemunho, e, como tal, é um estado complexo do
espírito, variando com a natureza da parte especial das verdades reveladas que
é contemplada em qualquer ato especial. Muitas das proposições das Escrituras
não são objetos de confiança, e então a fé que as aceita é somente um
assentimento complacente e reverente dado a elas como verdadeiras e boas. Mas
o ato específico de fé que nos une a Cristo e é o começo, a raiz e o órgão de toda
a nossa vida espiritual, culmina na Pessoa e na obra de Cristo como Mediador,
como nos são apresentadas nas ofertas e nas promessas do evangelho. Isso por
certo inclui em sua própria essência a confiança, e a esta fé se chama, por via
de proeminência, “fé salvadora”, porque é a fé que salva, e porque é só por ela,
como seu princípio, que são possíveis outros quaisquer exercícios mais gerais da
fé salvadora.
19. Como se pode provar pela linguagem das Escrituras que a fe salvadora
inclui em si a confiança?
20. Como se pode provar a mesma verdade pelas expressões empregadas nas
Escrituras equivalentes à frase “crer em Cristo”?
“Receber a Cristo” - João 1:12; Col. 2:6. “Olhar para Ele” Is. 45:22; comparar
Núm. 21:9 com João 3:14,15. “Pôr nosso refúgio nEle” - Heb. 6:18. “Vir a Ele” -
João 6:35; Mat. 11:28. “Confiar-Lhe (o depósito) para o guardar” - 2 Tim. 1:12.
Todas essas expressões não só comunicam mas também elucidam o ato da fé
salvadora, e todas envolvem confiança como elemento essencial; porque não
podemos “receber”, “ir a Cristo”, “olhar para Ele” senão em função do caráter de
uma propiciação realizada por Cristo como advogado e libertador, em que Ele Se
nos oferece.
21. Como se pode provar a mesma verdade pelos efeitos que as Escrituras
atribuem àfé?
22. Como se pode mostrar que estas idéias a respeito da fé não confundem
aféea esperança?
Ia. Para manterem a sua doutrina de que a fé, só, não é salvadora, os católicos
distinguem entre uma fé perfeita, ou formada, e uma fé não formada.
Reconhecem que a fé é coisa distinta do amor, mas sustentam que o amor é
essencial para tornar a fé meritória e eficaz como o meio da nossa
salvação. Fides informis é um simples assentimento, explícito ou implícito, dado
ao ensino da igreja. Precede necessariamente à “justificação” como sua
condição. Fides formata é fruto da primeira justificação e é a condição daquelas
boas obras que merecerem maior graça.
A doutrina protestante, de que o amor é fruto da fé, fica estabelecida pelo que as
Escrituras declaram a respeito da fé, no sentido de que ela “santifica”, “obra pelo
amor” e “vence o mundo” - Gál. 5:6; Atos 26:18; 1 João 5:4. Isso é efetuado
do seguinte modo - pela fé somos unidos a Cristo, Ef. 3:17, e assim somos feitos
participante do Seu Espírito, 1 João 3:24, um dos frutos do Espírito é o amor,
Gál. 5:22, e o amor leva à obediência -Rom, 13:10.
todos precisariam apreender mais ou menos claramente para que pudessem ser
salvos, ou é uma doutrina que, quando conhecida, acha-se tão evidentemente
envolvida com aquelas essenciais à salvação, que não se pode rejeitar aquela se
se crê realmente nessas.
2o. A Bíblia diz que somos salvos pela fé em Cristo - João 3:16,36; Atos 10:43;
16:31.
29. De que maneira a doutrina católica sobre este ponto é oposta à doutrina
protestante? -
É verdade, porém, que, sendo a obra substitutiva que Cristo realizou como
Sacerdote o fundamento meritório da nossa salvação, por isso o Seu caráter
sacerdotal é o mais proeminente, tanto nas Escrituras como na experiência do
povo de Deus.
31. Até onde a paz de consciência e a paz com Deus são conseqüências
necessárias da fé?
A paz com Deus é a reconciliação com Ele. Paz de consciência quer dizer, ou a
consciência dessa reconciliação, ou o apaziguamento da nossa consciência, que
nos condena. Em todo caso, a fé nos dá paz com Deus porque nos une a Cristo,
Rom. 5:1; e à medida que a fé em Cristo for clara e constante, ígualmente o
serão a nossa consciência da reconciliação com Deus e a satisfação do nosso
sentido moral de que a justiça foi cumprida e que estamos perdoados. Ao
mesmo tempo, assim como a fé pode ser obscurecida pelo pecado, assim
também o verdadeiro crente pode cair no desagrado de
seu Pai e perder a convicção de que está perdoado, como também perder a sua
satisfação moral na perfeição da propiciação.
32. Quais seriam as três classes de opinião nutridas a respeito da relação entre
fé e certeza ?
2o. Há quem tenha sustentado que a certeza da salvação é inatingível nesta vida.
Os católicos, sustentando que a fé cristã é principalmente o assentimento
implícito ao ensino de uma sociedade infalível e visível chamada igreja, e a
conformidade obediente com esse ensino, negaram estrenuamente que
os indivíduos particulares tenham qualquer autoridade bíblica para nutrirem uma
persuasão segura de que são objetos especiais do favor divino. Costumavam
asseverar que nem é “obrigatório”, nem “possível”, nem “desejável”, que
alguém nutra tal convicção sem alguma revelação especial e sobrenatural. Veja
Belarmino, etc., abaixo citados.
3o. A verdadeira doutrina é que “posto que esta convicção infalível não pertença
de tal modo à essência da fé que não seja possível que um crente verdadeiro
tenha que esperar muito tempo e lutar com muitas dificuldades antes de possuí-
la, contudo, sendo habilitado pelo Espírito a conhecer as coisas dadas
gratuitamente por Deus, ele pode alcançá-la, sem nenhuma revelação
extraordinária, no uso devido dos meios ordinários. E, pois, dever de todos agir
diligentemente para tornarem certa a sua vocação e eleição”. Todos concordam
em que a verdadeira fé não pode admitir nenhuma dúvida quanto ao seu objeto.
O que se crê, crê-se com certeza. Mas o objeto da fé salvadora é Cristo e Sua
obra como Mediador garantida a nós nas promessas do evangelho, sob a
condição da fé. A verdadeira fé, pois, inclui essencialmente a convicção segura
de - Io. Que Cristo nos pode salvar. 2o. Que Ele é fiel e nos há de salvar, se
crermos. Queremos dizer que isso é da essência da fé, não que todo crente
verdadeiro esteja sempre em tal estado de espírito que exclua toda dúvida quanto
ao poder ou ao amor de Cristo; porque a iluminação espiritual de que depende a
fé é muitas vezes imperfeita em grau e variável em seu exercício. | Contudo, toda
dúvida semelhante é do pecado, e é alheia à natureza da fé. No entanto, a
condição se crermos, da qual depende toda convicção segura da nossa salvação,
não é matéria de revelação, e sim de experiência, não de fé, e sim de consciência
íntima. 1
33. Como se pode provar que a certeza da nossa salvação pessoal não é
essencial àfé salvadora?
3o. Pelas exortações dirigidas aos que já eram crentes, no sentido de que
alcançassem a convicção segura como um grau de fé superior ao que já
gozavam.
34. Como se pode provar que é possível alcançar nesta vida uma convicção
segura?
Io. E assegurado por afirmações divinas - Rom. 8:16; 2 Ped. 1:10; 1 João 2:3;
3:14; 5:13.
2o. As Escrituras dão exemplos que mostram que essa convicção segura foi
alcançada - 2 Tim. 1:12; 4:7,8.
sua salvação?
36. Como se pode mostrar que uma fé viva conduz necessariamente a boas
obras? ;
2o. Pelo testemunho das Escrituras - Rom. 15:18; Gál. 5:6; Tia. 2:18; 1 João 5:4.
EXPOSIÇÕES AUTORIZADAS
(sic)
DOUTRINA CATÓLICO-ROMANA
Belarmino, Justif., 1:4- (Os católicos romanos) ensinam que fé histórica, tanto de
milagres como de promessa, é uma e a mesma coisa, e que esta coisa não é
propriamente um conhecimento ou convicção segura, e sim um assentimento
certo e muito firme, fiado na autoridade suprema da verdade... Objeto da fé
justificadora, que os hereges limitam ao objeto único de misericórdia
especial (pessoal), os católicos romanos desejam estender tão largamente como
se estende o mundo; e, mais ainda, eles contendem que a promessa de
misericórdia especial não pertence tanto à fé como à presunção. Diferem, pois,
(dos protestantes) quanto à faculdade do espírito que seja a sede da fé. Porque
eles (os protestantes),’ colocando a fé na vontade, definem-na como convicção
segura (fiducia (ou confiança)), e assim confundem-na com a esperança, porque
a confiança (ou convicção segura) nada mais é do que uma esperança forte,
como ensina o piedoso Tomás. Os católicos romanos ensinam que a fé tem sua
sede na inteligência. Finalmente, eles diferem quanto ao ato da inteligência (em
que consiste a fé). É verdade que eles (os protestantes) definem a fé como uma
forma de conhecimento; nós (católicos romanos, a definimos como uma forma)
de assentimento. Porque assentimos a Deus, ainda que Ele proponha coisas em
que crer, as quais não compreendemos. Cap. 7 - Naquele que crê há duas
coisas, apreensão e um juízo ou assentimento. Além disso, apreensão não é
propriamente chamada conhecimento. Porque pode acontecer que um católico
romano pouco
evangelho, que não só a outros, senão a mim também, o perdão dos pecados, a
justiça e a vida eterna foram dados gratuitamente pela misericórdia de Deus,
unicamente por causa dos merecimentos de Jesus Cristo”.
Apol. da Conf. de Augsburgo, Perg. 68: “Mas a fé que justifica não é meramente
o conhecimento da história; é sim assentimento à promessa de Deus em que, por
amor de Cristo, são oferecidas gratuitamente a remissão dos pecados e a
justificação... Esta fé especial, pois, pela qual cada um crê que os seus pecados
lhe foram perdoados por amor de Cristo, e que Deus é reconciliado e
tornado propício por Cristo (é a fé que) alcança a remissão dos pecados e (que)
justifica”.
Turretino, Livro 15, Quaes. 10: “A diversidade (de expressões) que se encontra
entre os ortodoxos proveio da diversidade de sentidos em que se empregou a
palavra fiducia (confiança), que pode ser tomada em três sentidos:
A Adão. A nossa união com ele inclui, Io. sua capitania federal sob a aliança das
obras - Rom. 5:12-19. 2o. Sua capitania natural, como, por força da geração
comum, a origem da nossa natureza e da sua corrupção moral - Gên. 5:3; 1 Cor.
15:49.
Mas, tendo sido morta por Cristo a lei que se baseava na aliança das obras, pela
qual nos achávamos em união com Adão, agora “morremos para aquilo em que
estávamos retidos”, e estamos livres para ser “de outro marido”, a saber, Cristo -
Rom. 7:1-6.
É uma união singela, inefável e muito íntima, apresentando à nossa vista dois
aspectos e dando lugar a duas diversas classes de conseqüências.
Io. O primeiro aspecto desta união é seu caráter federal e representativo, em que
Cristo, como o segundo Adão - 1 Cor. 15:22, assume na aliança da graça as
obrigações violadas da aliança das obras que o primeiro Adão deixou de
cumprir, e cumpre-as a favor de todas as Suas “ovelhas”, a favor de todos “os
que o Pai lhe deu”. As conseqüências que provêm da nossa união com Cristo sob
este aspecto são tais como a imputação a Ele dos nossos pecados, e a nós da Sua
justiça, e todos os benefícios forenses de justificação, adoção etc. Veja os
capítulos 33 e 34.
2o. O segundo aspecto desta união é seu caráter espiritual e vital, cuja natureza e
cujas conseqüências havemos de discutir neste capítulo.
4. Por quais analogias, tiradas das relações terrenas, esta união dos crentes
em Cristo é ilustrada nas Escrituras?
Como, Io. os alicerces de um edifício e o próprio edifício - 1 Ped. 2:4-6. 2o. Uma
videira e seus ramos - João 15:5. 3o. A cabeça e os membros do corpo - Ef.
4:15,16. 4o. Marido e mulher - Ef. 5:31,32; Apoc. 19:7-9. 5o. Adão e
seus descendentes, tanto em sua relação federal como natural -Rom. 5:12-19; 2
Cor. 15:22,49.
Por um lado, esta união não envolve nenhuma confusão misteriosa da Pessoa de
Cristo com as pessoas do Seu povo; e, por outro, não é uma simples associação
de pessoas semelhante à que existe nas sociedades humanas. Mas é uma união
que, Io. determina ter o nosso estado ou posição legal a mesma base que tem o
seu; 2o. vivifica e sustém, pela influência do Seu Espírito morando em nós, a
nossa vida espiritual, da fonte da vida de Cristo, e transforma os nossos corpos e
as nossas almas para terem semelhança com a Sua humanidade glorificada.
E, pois -
Io. Uma união espiritual. Sua fonte ativa e seu vínculo são o Espírito de Cristo, a
Cabeça, que mora e opera nos membros - 1 Cor. 6:17; 12:13; 1 João 3:24; 4:13.
2o. Uma união viva, isto é, a nossa vida espiritual é mantida e determinada em
sua natureza pela vida de Cristo por meio da morada em nós do Seu Espírito -
João 14:19; Gál. 2:20. .
3o. Abrange a nossa pessoa inteira, o nosso corpo mediante o nosso espírito - 1
Cor. 6:15,19.
4o. E união legal ou federal, de modo que todas as obrigações legais ou federais
estão sobre Cristo, e nós recebemos
1 Tess. 4:14,17. .
6o. E uma união entre o crente e a Pessoa do Deus--homem em Seu ofício como
Mediador. Seu órgão imediato é o Espírito Santo, que mora em nós, e por Ele
somos unidos à Deidade inteira e temos comunhão com Ela, porque Ele é
o Espírito do Pai bem como do Filho - João 17:21,23.
de Deus, e na aliança do Pai com o Filho - Ef. 1:4; João 17:2,6. Contudo, os
eleitos, quanto a seu caráter pessoal e às suas
relações atuais, antes da sua vocação eficaz pelo Espírito, nasceram e foram “por
natureza filhos da ira, como os outros lambém”, e “estranhos aos concertos da
promessa” - Ef. 2:3,12. No tempo determinado por Deus esta união é
estabelecida mutuamente com cada um dos Seus escolhidos. - Io. Pelo início das
operações eficazes e permanentes do Espírito Santo dentro deles (dá-lhes vida
juntamente com Cristo); no ato do novo nascimento, abrindo-lhes os olhos e
renovando-lhes a vontade; e lançando assim em sua natureza o fundamento para
o exercício da fé salvadora. 2o. A fé salvadora é o segundo vínculo pelo qual é
estabelecida esta união mútua, por cujas operações contínuas é sustentada a sua
comunhão com Cristo e são desenvolvidas as suas ditosas conseqüências - Ef.
3:17. Assim “chegamo-nos a ele”, “recebemo-lo”, “comemos a sua carne
e bebemos o seu sangue”, etc.
graça”, João 1:16. Isto é verdade (1) com respeito à nossa alma, Rom. 8:9; Fil.
2:5; 1 João 3:2; (2) com respeito ao nosso corpo, fazendo com que seja agora
templo do Espírito Santo, 1 Cor. 6:17,19; e que a Sua ressurreição seja a causa
da nossa ressurreição e o Seu corpo glorioso o tipo do nosso corpo. - Rom. 6:5; 1
Cor. 15:47,49; Fil. 3:21. E assim os crentes se tornam frutíferos em Cristo, tanto
em seu corpo como em seu espírito, que são dEle-João 15:5; 2 Cor. 12:9; 1 João
1:6.
3a. O resultado disso é sua comunhão com Cristo em sua experiência e em seus
trabalhos, sofrimentos, tentações e morte - Gál. 6:17; Fil. 3:10; Heb. 12:3; 1 Ped.
4:18; desse modo tornando até mesmo a nossa vida terrena sagrada e gloriosa.
4a. Conduz também à comunhão justa de Cristo com eles em tudo quanto
possuam - Prov. 19:17; Rom. 14:8; 1 Cor. 6:19,20.
Veja a Conf. de Fé, Cap. 26. Estando todos os crentes unidos a uma só Cabeça,
segue-se naturalmente que por Cristo, a Cabeça, acham-se relacionados
mutuamente uns com os outros na mesma comunidade de espírito, vida, estado
e privilégios espirituais.
órgãos têm parte na mesma vida geral e, ao mesmo tempo, cada um tem uma
adaptação individual e especial, diversa dos outros e, conseqüentemente, um
dever diverso: “Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos” - 1
Cor. 12:4-21; Ef. 4:11-13.
2o. Têm comunhão uns com os outros em seus dons e graças complementares,
contribuindo cada um com a sua beleza especial para a beleza do todo - Ef.
4:15,16.
3o. Esses deveres recíprocos dizem respeito ao corpo e aos interesses temporais
dos irmãos, bem como aos interesses de sua alma -Gál. 2:10; 1 João 3:16-18.
2:9.
7o. Essa comunhão existe sem interrupção entre os crentes na terra e no céu. É
uma só, de “toda a família nos céus e na terra”-Ef. 3:15.
8o. Na glória a comunhão dos santos será perfeita, quando haverá “um rebanho e
um pastor”, e todos os santos serão um, como o Pai e o Filho são um - João
10:16; 17:22.
O Arrependimento e a Doutrina Católico-Romana das Penitências
Veja Conf.de Fé, Cap. 15;Caí. Maior, Perg. 76-.Breve Cat., Perg. 87.
Io. Isso é evidente pela própria natureza do arrependimento. Este inclui: (1) um
sentimento da odiosidade do pecado; (2) um sentimento da beleza da santidade;
(3) a apreensão da misericórdia de Deus em Cristo. Pressupõe, portanto, a fé,
que é dom de Deus - Gál. 5:22; Ef. 2:8.
Io. A consciência despertada ecoa a lei de Deus e não pode ser apaziguada por
nenhuma propiciação que seja menor do que a que a própria justiça divina exige,
e enquanto isso não for efetuado, com sua aplicação feita com fé em Cristo, ou
o indiferentismo fará adormecer a alma, ou o remorso haverá de atormentá-la.
4o. Isso fica provado pelo ensino e pelos exemplos apresentados na Palavra de
Deus - Sal. 51:1; 130:4.
2o. em vivificação, um viver para Deus. Isso corresponde à nossa doutrina sobre
a santificação. Os luteranos fazem o arrependimento consistir, Io. em contrição,
ou pesar pelo pecado; e 2o. em fé no evangelho, ou absolvição. - Conf. de
, Augsb., Art. 12. Essa, posto que seja empregada uma fraseologia peculiar, é a
doutrina verdadeira.
11. Qual a doutrina católico-romana da penitência?
Cristo; isso, contudo, assim sucede, nesta justificação do ímpio, enquanto pelo
mérito dessa mesma sacratíssima paixão o Espírito Santo derrama a caridade de
Deus no coração daqueles que são justificados, sendo ela inerente à paixão” -
Cone. de Trento, Ses. 6, cap. 7. Isso é efetuado pelo batismo, e a cada passo dado
pressupõe a satisfação e os méritos de Cristo. Sua satisfação faz propiciação por
todos os pecados cometidos antes do batismo e pelo castigo eterno de todos os
pecados dos batizados. Os méritos dEle alcançam graça preveniente,
a regeneração batismal, e são a base posta para os crentes merecerem, por sua
obediência graciosa e seus sofrimentos temporais, o perdão dos pecados, a
permanência, a restauração e o aumento da graça, bem como as recompensas do
céu.
3o. Não significa, nem sela, nem comunica os benefícios de Cristo e da nova
aliança. Veja abaixo, Cap.41, Pergs. 2-5.
Io. Não é autorizada pelas Escrituras. Elas nos mandam “confessar-nos uns aos
outros” - Tia. 5:16.
4o. Os resultados práticos desse sistema sempre têm sido maus, e essa invasão
grosseira de todos os direitos sagrados da personalidade é coisa que só pode
causar revolta a toda alma culta e honesta.
15. Qual a natureza da absolvição que os sacerdotes católicos dizem que têm o
poder de conceder?
16. Quais os argumentos contra aposse de tal poder de absolver, por parte do
ministério cristão?
Io. O ministério cristão não é sacerdócio. Veja acima, Cap. 24, Perg. 21.
3o. A concessão do poder das chaves, seja ele qual for, não foi feita ao ministério
como tal; porque em Mat. 18:1-18 Cristo não Se dirigiu ao corpo dos discípulos
(note especialmente Mat. 18:15-22), e os ministros da Igreja Primitiva
nunca reivindicaram para si, nem exerceram tal poder.
4o. O poder de perdão absoluto é incomunicável em si, e de fato nunca foi dado;
as palavras em questão não podem ser entendidas nesse sentido, e não foram
entendidas assim. A prática dos apóstolos prova que eles as entenderam
como comunicando simplesmente o poder de declararem as condições sob as
quais Deus perdoaria o pecado, e, de conformidade com essa declaração,
admitirem os homens à Igreja de Cristo ou excluí-los dela.
5o. Só esse princípio falso já torna Cristo sem nenhum efeito, e perverte o
evangelho inteiro - “Bib. Rep.”, janeiro de 1845.
2a. E uma desonra à única satisfação perfeita dada por nosso Sumo Sacerdote
uma vez por todas - Heb. 10:10-14.
3a. A distinção feita entre castigos temporais e eternos dos pecados é destituída
de autoridade. A pena do pecado é a ira judicial de Deus - e enquanto esta durar,
não haverá paz; e quando for propiciada, não haverá mais condenação (Rom.
8:1). Os sofrimentos temporais dos que crêem em Cristo são correções, não
punições nem satisfações.
4a. As pretensas “satisfações”, ou nos são impostas por mandamento (do padre),
ou não. Se são, constituem simplesmente deveres, e o cumprimento delas não
pode ser uma “satisfação” pela violação de outro dever. Se nos são impostas por
mandamento, são uma forma de culto voluntário que Deus odeia - Col. 2:20-23.
Io. Apóia-se nos mesmos princípios nos quais se baseia a PENITÊNCIA. (1) Na
distinção entre as penas temporais e as eternas exigidas em satisfação pelos
pecados. (2) No merecimento superabundante adquirido pelo Chefe da Igreja e
por Seus membros (Cristo, a “virgem” e os santos), e pertencendo-lhes,
constituindo um tesouro de merecimentos que está à disposição discricionária da
autoridade competente a bem de qualquer crente pendente que não esteja em
pecado mortal. (3) No poder dispensador da igreja (católica romana), em virtude
do qual um oficial eclesiástico com competente jurisdição tem autoridade para
dispensar, fazendo as vezes de Deus e da igreja, quaisquer ou todas as
satisfações temporais devidas pelo penitente, quer na terra, quer no purgatório,
e não cumpridas ainda por ele pessoalmente.
20. Estas indulgências devem ser concedidas por “motivos razoáveis”, isto é,
“é necessário que o motivo seja piedoso, não uma obra meramente temporal, ou
vã, não respeitando a glória de Deus, e sim toda e qualquer obra que tenda para a
honra de Deus e para o serviço da igreja”. A eficácia das indulgências “não
depende da importância da obra ordenada, e sim do
Capítulo 32
tesouro infinito dos méritos de Cristo e dos santos”. Os “motivos” são dinheiro
dado para fins piedosos, orações especiais, peregrinações a certos lugares santos,
etc.
3o. As indulgências são de diversas classes. (1 )Gerais, para toda a igreja,
concedidas unicamente pelo próprio papa a todos os fiéis em todo o mundo; ou
particulares, concedidas pela competente autoridade a certas pessoas. (2) Podem
serplenárias, concedendo remissão de todos os castigos temporais neste mundo e
no purgatório; ou parciais, remitindo somente parte das penas devidas. (3)
Podem ser temporárias, para um número especificado de dias ou meses. (4)
Perpétuas, sem nenhuma limitação de tempo. (5) Locais, legadas a certas igrejas
ou a outros lugares. (6)Reais, ligadas a certos objetos portáteis, tais como
rosários, medalhas, etc. (J)Pessoais, concedidas a certas pessoas ou
comunidades. Veja Enciclopédia, por McClintock e Strong, e abaixo, Cone. de
Trento, etc.
EXPOSIÇÕES AUTORIZADAS
Cone. de Trento, Sess. 14, Cap. 1: “Então instituiu o Senhor principalmente este
sacramento da penitência quando, depois que ressuscitou dos mortos, bafejou a
Seus discípulos, dizendo: “Recebei o Espírito Santo: aqueles cujos pecados
perdoardes, lhes serão perdoados, e os que retiverdes, serão retidos”. Com esta
ação tão insigne e palavras tão claras, o consenso de todos os padres
entendeu sempre que fora comunicado aos apóstolos e seus legítimos sucessores
o poder de perdoar e reter os pecados, de reconciliar os fiéis que caíssem depois
do batismo”.
Tb. Cap. 3: “Ensina ainda o santo sínodo, (1) que a FORMA do sacramento da
penitência, em que principalmente consiste a sua eficácia, se acha nestas
palavras: “EU TE ABSOLVO, etc...”. Mas (2) os atos do próprio penitente, a
saber, a contrição, a confissão e a satisfação, são como que a SUBSTÂNCIA
deste sacramento; os quais atos de penitência, visto que são, por instituição de
Deus,
Ib. Cap. 4: “A contrição, que tem o primeiro lugar entre os mencionados atos do
penitente, é uma tristeza da alma, e aversão pelo pecado cometido, com o
propósito de não tornar a pecar”.
Ib. Cap. 5: “Os penitentes devem relatar na confissão todos os pecados mortais
que, depois de diligente exame, tiverem na consciência, ainda que sejam os mais
ocultos, e cometidos somente contra os dois últimos preceitos do Decálogo...
Quanto aos veniais, pelos quais não somos excluídos da graça de Deus, em que
freqüentemente caímos, posto que seja conveniente e útil, e de nenhum modo
presunçoso, confessá-los, contudo, pode-se calar a respeito deles sem culpa, e
podem ser expiados com outros remédios... Quanto aos demais pecados
(mortais) que não ocorrem a quem faz esta diligente consideração, se entendem
geralmente que são incluídos na mesma confissão: pelos quais dizemos
fielmente com o profeta: “purifica-me, Senhor, de meus ocultos delitos”.
Id. Cap. 6: “(O concilio) declara também que os sacerdotes, ainda que estejam
em pecado mortal, pela virtude do Espírito Santo, dada na ordem, exercitam
como ministros de Cristo a função de perdoar os pecados... Ainda que a
absolvição do sacerdote seja a dispensação de um benefício alheio, contudo, não
é só um mero ministério de anunciar o evangelho, ou de declarar que estão
perdoados os pecados; mas uma semelhança de ato judicial, no qual ele, à
maneira de juiz, pronuncia sentença... Nem a fé sem a penitência causaria
remissão alguma dos pecados; nem deixaria de ser negligentíssimo na matéria da
sua salvação aquele que, sabendo que o sacerdote o tenha absolvido por
zombaria, deixasse de buscar com todo o cuidado outro que agisse seriamente”.
entre todas as partes da penitência, foi sempre e em todo o tempo por nossos pais
recomendada ao povo cristão...”. Cap. 9: “Não só podemos satisfazer a Deus Pai
por Cristo Jesus, com as penas que de livre vontade aceitamos em vingança do
pecado, ou impostas por arbítrio do sacerdote à medida do delito, mas também
(o que é maior prova de amor) com castigos temporais, que Deus nos dá,
sofridos por nós com paciência”.
Sessão 6, Cone. 29: “Se alguém disser que aquele que caiu depois do batismo
não pode se levantar com a graça de Deus, ou que na verdade o pode, mas que
com a fé somente recupera a justiça que perdera, sem o sacramento da
penitência... seja anátema. Cân. 30. - Se alguém disser que, depois de recebida a
graça da justificação, a qualquer pecador penitente é perdoada a culpa, e a
punição eterna é apagada de tal modo que não lhe fica resquício algum de pena
temporal a ser paga ou neste mundo ou no purgatório, antes que possa entrar no
reino do céu, seja anátema”.
INDULGÊNCIAS - Cone. de Trento, Sess. 25, “De Indulgentiis”.
O papa Leão X, Bulla “De Indulgentiis” (1518) - “Para que ninguém no futuro
possa alegar ignorância da doutrina da igreja católica romana a respeito das
indulgências e sua eficácia... o pontífice romano, vigário de Cristo sobre a terra,
pode, por motivos razoáveis, em virtude do poder das chaves, da
superabundância dos méritos (expressamente chamados tesouro) de Cristo e dos
santos, conceder indulgências aos fiéis, quer nesta vida, quer no purgatório; e
que os que têm verdadeiramente alcançado essas indulgências, (são) aliviados
tanto do castigo temporal devido por seus pecados reais à justiça divina, quanto é
equivalente à indulgência concedida e alcançada”.
A Justificação
4:1.
Io. Pessoalmente conformada à Lei quanto ao caráter moral - Luc. 7:29; Rom.
3:4.
4o. Se o termo em apreço não tivesse esse sentido, não haveria diferença entre a
justificação e a santificação -Turretino, Loc. 16, Quaes. 1.
Por conseguinte, significa, Io. santidade de caráter, Mat. 5:6; Rom. 6:13; 2o.
aquela perfeita conformidade de pessoa e vida à Lei, que foi a base original para
a justificação, sob a aliança das obras, Rom. 10:3,5; Fil. 3:9; Tito 3:5; 3o.
a obediência e os sofrimentos vicários de Cristo, o nosso
Substituto, alcançando assim para nós uma justiça que, sendo-nos imputada,
torna-a nossa, ou faz dela a base da nossa justificação, Rom. 4:6; 10:4; 1 Cor.
1:30, e é por nós recebida e aceita mediante a fé, Rom. 3:22; 4:11; 10:5-10;
Gál. 2:21; Heb. 11:7.
a Seu Filho na aliança da graça, e como Soberano leva a efeito essa aliança
quando, por imputação, faz da justiça de Cristo a justiça do Seu povo eleito. A
justificação, porém, é um ato judicial de Deus pelo qual Ele declara que, em
virtude dessa imputação soberana, a lei foi perfeitamente cumprida a
nosso respeito. Isso envolve, Io. perdão; 2o. restauração ao favor divino, como
pessoas a cujo respeito serão cumpridas todas as promessas que têm como
condição a obediência aos mandamentos da Lei. E um ato estritamente legal,
posto que Deus nele admita e ponha em nossa conta uma justiça vicária,
porque esta justiça vicária é exatamente aquilo que, em todos os aspectos, a Lei
exige e pelo qual ela é cumprida. Veja abaixo, Perg. 28.
Paulo repetidamente assevera isso (Gál. 2:16), e declara que não somos
justificados por nossa própria justiça, provinda da obediência da Lei - Fil. 3:9.
Também o mesmo apóstolo prova essa verdade mediante diversos argumentos -
Io. A Lei exige obediência perfeita. Por isso todas as obras não perfeitas levam à
condenação, e nenhum ato de obediência praticado numa ocasião pode expiar a
culpa por um ato de desobediência praticado noutra-Gál. 3:10,21; 5:3.
2o. Se fôssemos justificados pelas obras, Cristo teria morrido em vão - Gál. 2:21;
5:4.
3o. Se fosse pelas obras, não seria pela graça - Rom. 11:6; Ef. 2:8,9.
4o. Se fosse pelas obras daria ocasião para blasonar - Rom. 3:27; 4:2.
5o. Paulo cita o Velho Testamento para provar que todos os homens são
pecadores, Rom. 3:9,10, e que, por isso, não podem ser justificados pelas obras -
Sal. 143:2; Rom. 3:20. Cita Hab. 2:4 para provar que “o justo vive da (pela) fé”;
e cita também o exemplo de Abraão - Gál. 3:6.
10. Como se pode mostrar que nenhuma classe de obras, quer cerimoniais quer
morais ou espirituais, pode justificar?
Io. Quando as Escrituras negam que a justificação possa vir das obras, o termo
“obras” é sempre empregado no sentido geral de obediência à inteira vontade de
Deus revelada, seja qual for a maneira pela qual foi revelada. Obras praticadas
em obediência a qualquer lei, como base para a justificação, nunca são
contrastadas com obras praticadas em obediência a outra lei, mas sim com a
graça - Rom. 11:6; 4:4. Deus exige perfeita obediência à Sua vontade inteira,
como revelada a qualquer homem. Todavia, sendo todos os homens pecadores,
a justificação pelas obras da Lei é igualmente impossível para todos - Rom.
2:14,15; 3:9,10.
2o. O crente é justificado sem as obras da Lei, Rom. 3:28; e Deus justifica os
ímpios, por amor de Cristo - Rom. 4:5.
boas obras, essas se nos tornam possíveis somente em virtude da nova relação
para com Deus em que a justificação nos introduz - Ef. 2:8-10; Rom., capítulos 6
e 7.
sim da relação em que as boas obras estão para com a fé verdadeira como seus
frutos e como sua evidência ou comprovação. A base meritória da justificação é
a justiça de Cristo -Rom. 10:4; 1 Cor. 1:30. A fé é o requisito essencial e o
meio instrumental para que se possa receber essa justiça - Ef. 2:8. Tiago, na
citada passagem, simplesmente declara e argumenta sobre a verdade de que a fé,
que é assim a causa instrumental da justificação, nunca é uma fé morta, porém é
sempre uma fé viva e um princípio que produz frutos. Paulo muitas vezes ensina
a mesma verdade: “a fé opera por caridade”, Gál. 5:6; “O cumprimento da lei é o
amor”, Rom. 13:10.
13. Como se pode provar que a obediência ativa de Cristo aos preceitos da Lei
se acha incluída na justiça pela qual somos justificados?
Io. A condição da aliança das obras era a obediência perfeita. Tendo falhado essa
aliança na pessoa de Adão, foi necessário que o segundo Adão cumprisse essa
condição, porque na aliança da graça Cristo assumiu todas as obrigações não
cumpridas que o Seu povo tinha sob a aliança das obras. Ele, por Seus
sofrimentos, tirou a pena, mas somente Sua obediência ativa cumpriu a
condição.
3o. Cristo veio cumprir a Lei toda-Is. 42:21; Rom. 3:31; 1 Cor. 1:30.
14. Como se pode mostrar que a obediência de Cristo foi espontânea (e não
forçada)?
Embora Cristo tenha sido feito sujeito à Lei nascendo de uma mulher e tenha
prestado obediência a essa Lei nos exercícios da Sua assumida natureza humana,
todavia Ele não devia essa obediência por si, entretanto prestou-a
livremente, para que os Seus méritos pudessem ser imputados a Seu
povo, porque as exigências de qualquer lei não terminam em naturezas, e sim em
pessoas; e Ele sempre foi e é Pessoa divina. Assim como Ele sofreu, o Justo
pelos injustos, assim também obedeceu, o Autor da Lei em lugar daquele que
está sujeito à Lei. . !
mesmo tempo judicial e soberano, no qual (1) Ele faz com que sejam realmente
de Cristo a culpa e as responsabilidades legais dos nossos pecados, e pune a
Cristo por causa deles. “Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas
nossas iniqüidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” - Is. 53:5,11. “Cristo nos
- Gál. 3:13. “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus” - 2 Cor. 5:21; João 1:29. (2) Ele torna
nossa a justiça de Cristo (isto é, torna nosso o direito legal à recompensa pela
aliança da graça, cuja condição foi a justiça), e então nos trata como pessoas que
fazem legalmente jus a esses direitos. “Assim também Davi declara bem-
aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras”- Rom. 4:6.
“Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” - Rom. 10:4; 1
Cor. 1:30; 2 Cor. 5:21; Fil. 3:9.
“Mérito” é aquilo que merece recompensa por causa das promessas feitas numa
aliança. O merecimento da recompensa nos é imputado em função de Cristo, o
de ser digno de louvor Lhe pertence para sempre.
Da mesma maneira como Cristo não se torna pecador pela imputação a Ele dos
nossos pecados, também não nos tornamos santos pela imputação a nós da Sua
justiça. A transferência é unicamente da nossa culpa para Ele e do Seu mérito
para nós. Ele com justiça sofreu o castigo devido aos nossos pecados, e nós com
justiça recebemos a recompensa devida à Sua justiça
- 1 João 1:9. Para a explicação de “imputação”, veja acima, Cap. 21, Perg. 12,
e Cap. 25, Perg. 9.
Procede sobre o fundamento da união federal, espiritual e vital que subsiste entre
Cristo e Seu povo. Esta união, por
sua vez, está baseada no eterno decreto de eleição, comum a todas as Pessoas da
Deidade, e em Sua eterna aliança da graça feita entre o Pai como Deus Absoluto,
e o Filho como Mediador. Assim é que o fundamento supremo da
imputação consiste na natureza eterna e na vontade imperativa de Deus, a fonte
de toda a lei e de tudo o que é bom.
Veja Rom. 5:12-21. Compare Rom. 4:6 e 3:21 com Rom. 5:19.
Esta doutrina é ensinada também nas passagens que afirmam que Cristo cumpriu
a lei, Rom. 3:31; 10:4; e pelas que asseveram que somos justificados pela justiça
de Cristo, 1 Cor. 6:11; Rom. 8:1, etc.
Além disso, esta doutrina fica em pé ou cai com todo o sistema de doutrinas por
nós apresentado a respeito do sacerdócio de Cristo, da justiça de Deus, das
alianças das obras e da graça, e da natureza da propiciação; aos quais
assuntos, sob seus respectivos títulos, remetemos o leitor.
A justiça de Cristo Io. satisfaz à pena da Lei, e 2o. cumpre as condições positivas
impostas na aliança das obras, isto é, obediência aos preceitos da Lei. A
imputação dessa justiça alcança, pois, para o crente, Io. a remissão da pena, o
perdão
dos pecados; e 2o. o reconhecimento e tratamento dele como pessoa a cujo
respeito foram cumpridas todas as condições da aliança das obras e que tem
direito legal a todas as suas promessas e vantagens. Veja abaixo, Perg. 28.
O Dr. Pusey fez reviver uma antiga doutrina segundo a qual se perdoam no
batismo todos os pecados passados,
original e reais ou fatuais; mas o seu sistema não faz provisão para o perdão dos
pecados cometidos depois.
Os arminianos ensinam que, posto que a fé não tenha merecimento próprio, por
ser dom de Deus, contudo, sendo um princípio vivo, incluindo obediência
evangélica, ela, por amor dos merecimentos de Cristo, nos é imputada pela
graça de Deus, como justiça, isto é; é aceita como justiça e, por isso, somos
declarados justos - Limborch, Theol. Christ.,6A,22 e 6:4,26.
Io. Pela própria natureza da fé. (1) Ela não é de nós, mas é dom de Deus - Ef.
2:8; Fil. 1:29. (2) É um dos frutos do Espírito e, por isso, não pode ser o motivo
meritório para recebermos bênçãos espirituais - Gál. 5:22. (3) E um ato da alma
e, por isso, é uma obra; porém, posto que sejamos justificados mediante a fé, não
o somos por obras. - Rom. 4:2-5; 11:6. (4) A fé justificadora culmina em Cristo
ou sobre Ele, em Seu sangue, em Seu sacrifício e nas promessas de Deus; em sua
própria essência, pois, envolve confiança e, negando que tenha valor justificador
em si, só afirma o merecimento unicamente daquilo (ou daquele) em quem
confia - Rom. 3:25,26; 9:20,22; Gál. 3:26; Ef. 1:12,13; 1 João 5:10. (5) A
Lei exige necessariamente uma justiça perfeita, mas a fé, mesmo quando
combinada com a obediência evangélica que ela produz, não é uma justiça
perfeita.
3o. A fé é distinguida da justiça que ela apreende - Rom. 1:17; Fil. 3:8-11.
Turretino, Loc. 16, Quaes. 7.
Prova-se isso- .
Io. Pelas declarações terminantes das Escrituras - Rom. 3:22,25; Gál. 2:16; Fil.
3:9.
2o. Pelas declarações de que somos salvos pela fé nEle -Atos 10:43; 16:31; João
3:16,34.
3o. Por aquelas expressões figuradas que ilustram o ato de fé salvadora como
“olhando para Cristo” etc. - Is. 45:22; João 1:12; 6:35,37; Mat. 11:28.
4o. Incredulidade é recusar aceitar a justiça que Deus proveu, isto é, Cristo -
Rom. 10:3,4.
Io. Paz com Deus, por estar perfeitamente satisfeita a Sua justiça pela justiça de
Cristo - Rom. 5:1; 2 Cor. 5:19; Col. 1:21; Ef. 2:14. Em testemunho de que Ele
nos dá Seu Espírito - Rom. 8:15,16; Heb. 10:15,17. Derrama Seu amor em
nossos corações, Rom. 5:5, e estabelece comunhão habitual entre nós e Ele - 1
João 1:3.
nossa relação com Deus e com a Lei fica mudada; e o resultado é que recebemos
o dom do Espírito Santo, a adoção, a santificação, a perseverança, a garantia de
que todas as coisas contribuem para o nosso bem, livramento na morte,
a ressurreição do corpo e a glorificação final.
RESPOSTAS A OBJEÇÕES
2a. Que essa doutrina é ímpia porque declara que o pecador é justo e que é
possuidor da própria justiça de Cristo.
RESPONDEMOS: Não é ímpia porque - (1) Esta justiça foi planejada livremente com a intenção de que fosse nossa, e nos é dada
livremente. (2) Não se trata da justiça pessoal e subjetiva de Cristo, a qual é incomunicável, mas o que nos é imputado é o Seu
cumprimento vicário da aliança de vida, sob a qual nascemos. (3) O mérito de louvor é retido por Cristo; só nos é dado o mérito de
recompensa. (4) A dádiva da justiça nos é feita gratuitamente, para que o louvor da graça gloriosa reflua unicamente a Cristo.
3a. Que a justificação gratuita, pela fé, leva à licenciosidade.
PAULO RESPONDE: Romanos 6:2-7 -
(1) proposição: onde o pecado foi abundante, a graça foi muito mais abundante
- Romanos 5:20.
(2) proposição: concluiremos, pois, que devemos continuar no pecado para que
a graça seja abundante? De modo nenhum - Romanos 6:1, 2.
(3) proposição: a união federal do crente com Cristo, a qual assegura a nossa
justificação, é o fundamento inseparável daquela união espiritual e vital com Ele
que assegura a nossa santificação.
2o. Que há uma diferença evidente entre uma relação federal com a Lei como
condição da salvação e uma relação natural com ela como regra de vida. Com a
Lei como condição, Cristo a cumpriu como nosso Representante federal; porém,
como regra de vida, ela é obrigatória para o crente e para todas as criaturas
morais para sempre.
2o. Como já provamos no capítulo 25, Cristo, no rigor estrito da justiça, satisfez
vicariamente por nós às exigências da Lei. Sua satisfação é a base requerida para
a nossa justificação. Mas perdão é remissão da pena sem satisfação.
29. Acaso Calvino não teria empregado muitas vezes uma linguagem que indica
que a justificação e o perdão são a mesma coisa?
Empregou. No entanto, na interpretação da sua linguagem devemos estar
lembrados -
Se, porém, um homem quiser justificar-se pela fé, quando excluído da justiça de
obras, ele pela fé lança mão da justiça de Cristo e, dela revestido, não aparece
diante de Deus como pecador, e sim como justo. Assim, pois, nós interpretamos
a justificação simplesmente como a aceitação pela qual Deus nos recebe em Seu
favor, e dizemos que esta justificação consiste no perdão dos pecados e na
imputação da justiça de Cristo.
Calvino, Com., 1 Cor. 1:30 - “Cristo nos é feito justiça, e por estas palavras ele
(o apóstolo) entendeu que somos aceitos por Deus em Seu nome (de Cristo),
porque Ele expiou os nossos pecados, e Sua obediência nos é imputada como
justiça. Porque, consistindo a justiça da fé na remissão dos pecados e na
aceitação gratuita, nós obtemos as duas coisas por Cristo”.
Io. Daquela teoria segue-se que a justificação é um ato soberano e não judicial de
Deus. Cristo não satisfez à Lei, mas somente alcançou que fosse compatível com
o governo de Deus
que Ele pusesse de lado a Lei no caso dos crentes. É mero perdão, um ato de
clemência executiva.
2o. Devido Cristo não ter morrido como um substituto, segue-se que Sua justiça
não é imputada; é a ocasião, mas não a base da justificação.
30. Devido Cristo não ter morrido como um substituto, não há união
estritamente federal entre Ele e Seu povo, e a fé não pode ser o meio da
salvação, unindo-nos a Cristo, mas é tão-somente a condição arbitrária sob a
qual se nos concede a justificação, ou é o meio de recomendar-nos a Deus.
4o. Sendo a justificação mero perdão, só põe de lado a condenação, e assim torna
possível a salvação. Contudo, nada faz para conseguir a posição futura do crente
e suas relações com Deus, sob a aliança da salvação.
Limborch, Apol. Theol., 3, 22, 5. 2o. Que essa satisfação não foi estritamente a
substituição dos eleitos por Cristo, mas antes, que Ele sofreu a ira de Deus a
favor de todos os homens, a fim de fazer com que fosse compatível com a
justiça, para que Deus pudesse oferecer a salvação a todos os homens sob
a condição da fé.
Consideram, pois, a justificação como um ato soberano e não judicial - Io. Em
aceitar Deus os sofrimentos de Cristo como suficientes para habilitá-10, sem
quebra das Suas perfeições, a oferecer aos homens a salvação sob condições
da nova aliança de graça, isto é, a condição da fé. 2o. Em imputar ao crente a sua
fé como justiça, por amor de Cristo.
Esta fé, segundo eles - Io. Inclui obediência evangélica, isto é, o inteiro princípio
de religião no coração e na vida. 2o. Eles a consideram mais como a base
admitida pela graça, do que como simplesmente o meio de justificação, sendo a
fé imputada como justiça, pela qual Cristo morreu - Limborch, Theol. Christ.,
6:4, 22 e 6: 4, 26.
Ia. Ela deixa de tornar claro como é que a satisfação dada por Cristo tornou
compatível com a justiça divina que os homens sejam salvos sob a condição da
fé. Se Cristo não obedeceu nem sofreu estritamente como o Substituto de
Seu povo, é difícil entender como, quanto ao que lhes diz respeito, a justiça de
Deus poderia ser aplacada; e se se disser que Ele realmente cumpriu assim em
seu lugar as exigências da justiça, isto será admitir a teoria ortodoxa, acima
exposta.
2a. Ela deixa de tornar clara a relação da fé com a justificação - (1) Porque a fé
em Cristo, incluindo a confiança, necessariamente implica que os méritos de
Cristo, nos quais se deposita finalmente a confiança, constituem o
fundamento da justificação. (2) A fé deve ser ou o fundamento ou simplesmente
o meio da justificação. Se é o meio, a justiça de
Eles a confundem com a santificação. Para eles, é, Io. perdão dos pecados, 2o. a
remoção do pecado inerente, por amor de Cristo, e 3o. a infusão positiva da
graça.
A respeito desta justificação ensinam que a causa final é a glória de Deus e a
vida eterna. A causa eficiente é o poder do Espírito Santo. A causa meritória é a
obra realizada por Cristo. A causa instrumental é o batismo. A causa formal é a
influência da graça, pela qual nós não só nos tornamos justos no sentido forense,
mas também inerentemente -Cone. de Trento, Sess. 6, Cap. 7.
Veja:
3o. Tendo sido justificado assim e tendo sido feito amigo de Deus, o cristão vai
adiante, de virtude em virtude, e é renovado dia a dia mediante a observância dos
mandamentos de Deus e da igreja (católica), cooperando a fé com as boas obras,
tornadas possíveis então em virtude da prévia justificação, e merecendo elas
realmente, e recebendo como sua justa recompensa, aumento de graça e
justificação cada vez mais perfeita. A primeira justificação do pecador foi por
amor de Cristo, sem nenhuma cooperação de seu próprio merecimento, mas com
o consentimento da sua vontade. A sua segunda justificação, ou a justificação
continuada e aumentando sempre, é por amor de Cristo, por meio e à proporção
do seu próprio merecimento, e este merece aumento de graça e aceitação
à medida (a) da sua santidade pessoal, e (b) da sua obediência às
2o. Quanto à sua base meritória. Eles, como nós, dizem que são os méritos de
Cristo. Mas nós dizemos que esses méritos se tornam nossos por imputação, por
meio da fé; e eles dizem que se tornam nossos pela santificação.
5o. Dizem também que a podemos perder cometendo algum pecado mortal, e
que ela pode ser recobrada e aumentada mediante o sacramento da penitência, e
que será aperfeiçoada no purgatório. Veja acima, Cap. 32, sobre
“O Arrependimento e a Penitência”.
3o. Essa teoria, dizendo que a nossa graça inerente, operada pelo Espírito Santo,
por amor de Cristo, é a base, o motivo, de sermos aceitos por Deus, subverte o
evangelho todo. E da própria essência do evangelho que a base da nossa
aceitação por parte do Pai seja a obra medianeira do Filho, sendo que Ele, e não
a nossa graça inerente, é o fim da Lei para a justiça em nosso favor.
4o. A teoria romanista do merecimento das obras praticadas por nós, mediante a
graça divina, depois do batismo, não condiz com aquilo que as Escrituras e a
própria igreja católica romana ensinam a respeito do pecado e da culpa originais,
e a respeito da gratuidade essencial da salvação operada por Cristo. O próprio
Tomás de Aquino diz (Summa, Quaes. 114, Art. 5): “Se a graça for tomada no
sentido de um dom gratuito, todo o merecimento será excluído pela
graça”. Logo, cai por terra todo o sistema papal de justificação.
EXPOSIÇÕES AUTORIZADAS
Cone. de Trento, Sess. 6, Cap. 8 - “Diz-se que somos justificados pela fé porque a
fé é o princípio da salvação dos homens, e o fundamento e a raiz de toda a
justificação”.
Ib., Can. 23. - “Se alguém disser que o homem, uma vez justificado, não pode
pecar mais, nem perder a graça; e por isso aquele que cai e peca nunca fora
verdadeiramente justificado; ou se, ao contrário, disser que o homem
pode durante toda a vida evitar todos os pecados, ainda os veniais, salvo por
especial privilégio, como da bem-aventurada virgem Maria entende a
igreja: seja anátema”. Can. 24: “Se alguém disser que a justiça recebida não
se conserva, nem também aumenta para com Deus pelas boas obras; mas
que as boas obras somente são frutos e sinais da justificação que se
alcançou: seja anátema”. Can. 29:
não pode levantar-se com a graça de Deus; ou que na verdade pode, mas que
com a fé somente recupera a justiça que perdera, sem o sacramento da
penitência... seja anátema”. Can. 30: “Se alguém disser que, depois de recebida a
graça da justificação, a qualquer pecador penitente é perdoada a culpa, e a
punição eterna é apagada, de tal modo que não lhe fica nenhum resquício de
pena temporal a ser paga, ou neste século ou no futuro, no purgatório, antes de
poder entrar no reino do céu: seja anátema”. Can. 32: “Se alguém disser que as
boas obras do homem justificado de tal modo são dons de Deus que não são
também bons merecimentos do mesmo justificado; ou que este, com as boas
obras que pratica, pela graça de Deus e pelos méritos de Jesus Cristo, de
Quem ele é um membro vivo, não merece verdadeiramente aumento de graça, a
vida eterna e, se morrer em graça, a consecução da mesma vida eterna e aumento
de glória: seja anátema”.
Cat. de Heidelberg, Perg. 60: “Todavia, posso agora aceitar todos esses
benefícios com verdadeira ousadia de espírito; sem nenhum merecimento meu,
somente da graça de Deus, a perfeita satisfação, justiça e santidade de Cristo me
são imputadas e dadas como se eu mesmo nunca houvesse pecado ou me
houvesse manchado; sim, como se eu mesmo tivesse prestado essa perfeita
obediência que Cristo prestou por mim”.
2o. No plural, aos anjos, (1) porque são as criaturas favorecidas de Deus, (2)
porque, como inteligências santas, são semelhantes a Ele- Jó 1:6; 38:7.
3o. Aos magistrados entre os homens, porque possuem autoridade delegada por
Deus, e a esse respeito se Lhe assemelham - Sal. 82:1,6.
Essa adoção, e o estado de filhos que é sua conseqüência, é dupla, (1) geral e
externa, Êx. 42:2; Rom. 9:4; (2) especial, espiritual e imortal - Gál. 4:4,5; Ef.
1:4-6.
2. Que é a adoção que os crentes têm em Cristo, e qual a relação que a idéia
representada por essa palavra nas Escrituras tem com as idéias representadas
pelos termos justificação, regeneração e santificação?
Turretino faz da adoção uma parte integrante da justificação. Diz ele que na
execução da aliança da graça, Deus
A nós, porém, nos parece que as palavras “adoção” e “estado de filhos”, como
empregadas nas Escrituras, exprimem mais do que uma mudança de relação, e
que uma concepção mais adequada delas é a de que elas exprimem uma idéia
complexa, incluindo a mudança da natureza junto com a da relação e mostrando-
nos o que é a nova criatura em suas novas relações.
3o. A solução acha-se no fato de que Cristo impetrou que a Sua salvação e todos
os seus meios, condições e passos, fossem aplicados aos “Seus”, e que isso se
fez em conseqüência de
uma aliança em que Ele entrou com o Pai e na qual se providenciou que a
redenção fosse aplicada a pessoas específicas em certos tempos e debaixo de
certas condições. A relação em que, desde o seu nascimento, uma pessoa eleita
está com Adão, o pecado e a condenação, é exatamente a mesma em que
estão todos os demais homens. Mas a sua relação com a satisfação e com os
méritos de Cristo, como também com as graças que tudo isso outorga, é análoga
à de um herdeiro com a herança que lhe é legada num testamento. Enquanto o
herdeiro é menor, o testamento dá-lhe de jure o direito em princípio à herança.
Para prepará-lo para ela, o próprio testamento faz provisão para a sua educação,
a expensas da herança; determina quais os pagamentos em prestações que os
executores do testamento lhe devem fazer; determina em certo sentido a
sua condição atual como herdeiro em perspectiva; e determina quando e sob que
condições se lhe pode entregar a posse absoluta da propriedade. Ele possui
certos direitos e goza de certos benefícios desde o princípio; mas tem os direitos
e os poderes absolutos de proprietário somente quando chega à idade própria e
cumpre as condições prescritas no testamento. E assim também que os méritos
de Cristo são imputados ao herdeiro eleito desde o seu nascimento, até onde eles
constituem a base para o tratamento que pela graça lhe é dado como preparação
para a sua plena posse.
Io. Natureza derivada de Deus - João 1:13; Tia. 1:18; 1 João 5:18.
2o. O renascer à imagem de Deus, à Sua semelhança -Rom. 8:29; 2 Cor. 3:18;
Col. 3:10; 2 Ped. 1:4.
3o. O fato de trazer o Seu nome - 1 João 3:1; Apoc. 2:17; 3:12.
4o. O serem objetos do Seu amor peculiar - João 17:23; Rom. 5:5-8; Tito 3:4; 1
João 4:7-11.
5o. A habitação em nós do Espírito de Seu Filho (Gál. 4:5,6), que forma em nós
um espírito filial, ou um espírito que convém aos filhos de Deus, obediente, 1
Ped. 1:14; 2 João 6; livre do sentimento de culpa, do cativeiro da Lei, do medo
da morte, Rom. 8:15,21; 2 Cor. 3:17; Gál. 5:1; Heb. 2:15; 1 João 5:14; e elevado
por uma confiança santa a uma dignidade real, Heb. 10:19,22; 1 Ped. 2:9; 4:14.
8o. A segura herança das riquezas da glória de nosso Pai, como herdeiros de
Deus e co-herdeiros com Cristo, Rom. 8:17; Tia. 2:5; 1 Ped. 1:4; 3:7; inclusive a
exaltação de nossos corpos para comunhão com Ele - Rom. 8:23; Fil. 3:21.
5. Qual a relação âas três Pessoas da Trindade com esta adoção, e em que
relação ela nos introduz com cada uma das três Pessoas respectivamente?
2o. Separar de um uso comum para um uso sagrado; consagrar. (1) dito de coisas,
Mat. 23:17; (2) dito de pessoas, João 10:36; (3) ter e venerar como santo, Mat.
6:9; 1 Ped. 3:15.
Io. Puro, limpo: (1) cerimonialmente, Mat. 24:15; Heb. 9:1, (2) moralmente, Ef.
1:4; (3) como substantivo, os santos, os santificados, Rom. 1:7; 8:27.
2o. Consagrado, devotado - Mat. 4:5; Atos 6:13; 21:28; Heb. 9:3. Esta palavra é
empregada também em louvor a Deus -João 17:11; Apoc. 4:8.
4a. A doutrina ortodoxa é que o Espírito Santo, por Suas influências constantes
sobre a alma, em todas a suas faculdades, por meio da verdade, nutre, exerce e
desenvolve os princípios e as disposições santas que implantou por ocasião do
novo nascimento, até que, sendo mortificadas e extirpadas as disposições
pecaminosas e plenamente desenvolvidas as disposições santas, num progresso
constante, o objeto desta graça alcança imediatamente após a morte a medida da
estatura de homem perfeito em Cristo - Conf. de Fé, Cap. 13; Cat. Maior, Perg.
75; Breve Cat., Perg. 35.
mera reforma? - v *
Isso fica provado: Io. Pela experiência. A medida que o espírito se torna mais
depravado, torna-se também mais insensível à luz espiritual. Por outro lado, à
medida que os olhos percebem mais e mais claramente a beleza da
verdade, tanto mais vivos se tornam os afetos e mais obediente a vontade.
2o. Pelo testemunho das Escrituras. Por natureza o homem todo está depravado.
A inteligência está obscurecida e os afetos e a vontade estão pervertidos - Ef.
4:18.
2o. Pelo testemunho das Escrituras - Rom. 6:13; 2 Cor. 4:6; Ef. 1:18; Col. 3:10; 1
Tess. 5:23; 1 João 4:7.
Io. Como consagrado: (1) por ser templo do Espírito Santo, 1 Cor. 6:19; (2) por
ser membro de Cristo - 1 Cor. 6:15.
2o. Como santificado: sendo o corpo parte integrante da nossa pessoa, seus
instintos e apetites operam imediatamente sobre as paixões da alma, e, por isso, é
necessário que os sujeitemos à direção da alma santificada e que façamos
de todos os membros, como órgãos da alma, instrumentos de justiça para Deus -
Rom. 6:13; 1 Tess. 4:4. ■
Io. A teoria mais simples é que os sacramentos apresentam a verdade aos olhos
de uma maneira muito viva, meramente como símbolos, e que são eficazes
somente como um modo de apresentar o evangelho objetivamente.
2o. A teoria do extremo oposto é que eles, por sua eficácia própria, comunicam
graça santificadora ex opere operato, “porque comunicam graça em virtude do
próprio ato sacramental, instituído por Deus para este mesmo fim, e não
pelo mérito do administrador (sacerdote), nem pelo de quem os recebe” -
Belarmino, De Sac., 2, 1.
3o. A teoria verdadeira é “que os sacramentos são meios eficazes de graça, não
só exibindo e sim realmente conferindo aos que os recebem dignamente, os
benefícios que eles representam”; todavia, esta eficácia não reside
propriamente neles, mas acompanha o seu uso devido em virtude da
divina instituição e promessa, mediante a operação do Espírito Santo que os
acompanha, e dependendo isso da fé daquele que os recebe, fé que, ao mesmo
tempo, é a condição e o meio de se receber o benefício - Mat. 3:11; Atos 2:41;
10:47; Rom. 6:3; 1 Cor. 12:13; Tito 3:5; 1 Ped. 3:21.
Io. O de conseguir que se mude a relação do crente com Deus e com a Lei, como
a condição de obter a vida e o favor. Veja acima, Perg. 6.
2o. O de conseguir a união do crente com Cristo - 2 Cor. 13:5; Gál. 2:20; Col.
3:3.
3o. Por sua própria natureza a fé nos santifica, porque, em seu sentido mais lato,
a fé é aquele estado espiritual da alma em que ela tem comunhão viva e ativa
com a verdade espiritual. “Por esta fé o cristão crê que é verdadeiro tudo quanto
é revelado na Palavra, pela autoridade do próprio Deus falando nela; e atua
diferentemente, segundo aquilo que cada passagem dela contém; prestando
obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças e aceitando as promessas de
Deus para esta vida e para a que há de vir - Conf de Fé, Cap.14, § 2.
13. Segundo as Escrituras, o que seria necessário para que uma obra seja
considerada boa?
Io. Que tenha como origem um bom motivo, isto é, que seja praticada por amor
ao caráter de Deus, por respeito à Sua autoridade e por zelo pela Sua glória; o
amor como fruto do Espírito, mesmo que não esteja sempre presente
conscientemente, todavia imperando como princípio permanente e dominante na
alma.
2o. Que esteja em consonância com a Sua Lei revelada -Deut. 12:32; Is. 1:11,12;
Col. 2:16-23.
14. Qual é a doutrina papal a respeito dos “conselhos de Cristo” que não se
acham incluídos nos preceitos positivos da Lei?
Io. Porque Cristo exige a consagração total de todos os cristãos: depois de termos
feito tudo, somos servos inúteis. As obras de supererrogação são, pois,
impossíveis.
2o. Todo culto semelhante é indevido e é uma abominação para Deus - Col. 2:18-
23; 1 Tim. 4:3.
15. Que juízo se deve fazer das boas obras dos não regenerados?
alguns afetos relativamente bons em si e fazem muitas coisas que em si são boas
e estão em harmonia com a letra da lei. Todavia -
Io. Quanto à sua pessoa, todo homem não renovado está sob a ira e maldição de
Deus e, por conseguinte, nada pode fazer que Lhe seja agradável. O rebelde com
armas nas mãos é rebelde em tudo, enquanto não se submete a quem é
seu soberano legal.
2o. Amor a Deus e respeito por Sua autoridade nunca são o motivo supremo dos
atos do homem não regenerado. Assim é que, posto que muitos dos seus atos
sejam civilmente bons com respeito a seus semelhantes, todavia nenhum deles
pode ser espiritualmente bom com respeito a Deus. O pecador, antes da
justificação e renovação, é rebelde; cada um dos seus atos é ato de um rebelde,
ainda que, considerado em si, qualquer dos atos possa ser bom, indiferente ou
mau.
Io. Da santidade de Deus; 2o. do Seu propósito eterno, Ef. 1:4; 2:10; 3o. do
desígnio e da eficácia redentora da morte de Cristo, Ef. 5:25-27; 4o. da união do
crente com Cristo e da energia do Seu Espírito morando nos cristãos, João 15:5;
Gál. 5:22; 5 o. da própria natureza da fé, que primeiro leva a amar e então pratica
obras por amor, Gál. 5:6; 6o. do mandamento de Deus, 1 Tess. 4:6; 1 Ped. 1:15;
7o. da natureza do céu, Apoc. 21:27.
Os antinomistas são, como o seu nome indica, os que negam que os cristãos
tenham a obrigação de guardar a Lei. Argumentam que, tendo Cristo cumprido,
em nosso lugar, tanto as partes preceptivas como as partes penais da lei de
Deus, segue-se que o Seu povo está livre da obrigação de guardá-la, quer como
regra de vida, quer como condição de salvação. Veja acima, Cap. 25, Perg. 3.
Paulo, no capítulo 6 da Epístola aos Romanos, declara que naquele tempo diziam
que esta heresia condenável era conseqüência lógica de sua doutrina. Ele, porém,
não só o nega, mas afirma que, ao contrário, a justificação mediante uma justiça
imputada, sem o merecimento de obras, é a única
condição possível em que o pecador pode aprender a produzir boas obras como
frutos do amor filial. O próprio fim que Cristo teve em vista foi remir para Si um
povo peculiar, zeloso de boas obras, e isso Ele efetuou livrando-os do
cativeiro federal da Lei, a fim de torná-los capazes de conformar-se moralmente
a ela, como libertos do Senhor, cada vez mais nesta vida e absolutamente na vida
que há de vir.
19. Que distinção a igreja católica romana quer assinalar com as expressões
“merecimento de condignidade” e “merecimento de congruência”?
20. Que é necessário para que uma obra seja meritória no conceito verdadeiro
deste termo?
Segundo Turretino, há cinco condições necessárias para esse fim. Io. Que a obra
não seja devida, ou que a pessoa que a pratica não tenha a obrigação de praticá-
la - Luc. 17:10. 2o. Que seja uma obra propriamente nossa, isto é, praticada
por nossas forças naturais. 3o. Que seja perfeita. 4o. Que seja igual à recompensa
merecida. 5o. Que a recompensa seja de justiça devida a tal obra - Turretino,
Loc.17, Ques. 5.
21. Como se pode provar que as nossas boas obras, mesmo praticadas depois
de termos sido restaurados ao favor de Deus pela justificação, não merecem a
vida eterna?
3o. Somos salvos pela graça, e não por obras - Ef. 2:8,9.
4o. Todas as boas disposições são graças ou dons concedidos por Deus - 1 Cor.
15:10; Fil. 2:13; 1 Tess. 2:13.
5o. Dizem as Escrituras que a própria vida eterna é dom de Deus - 1 João 5:11.
22. Que ensinam as Escrituras a respeito das boas obras praticadas pelos
crentes e sobre as recompensas que lhes são prometidas?
Tanto a obra como a recompensa são ramos da mesma raiz benigna da graça. A
aliança da graça faz provisão tanto para a infusão de graça no coração como para
o exercício dessa graça na vida e para as recompensas dessa graça assim
exercida. E tudo de graça, graça por graça, graça acrescentada à graça, e
a recompensa nos é apresentada desta forma:
Io. Para que opere sobre nós como motivo racional para uma obediência
diligente.
2o. Para assinalar que o dom da bem-aventurança eterna é um ato de estrita
justiça legal (1) com respeito aos méritos ou merecimentos perfeitos de Cristo,
(2) com respeito à fidelidade com que Deus adere às Suas próprias promessas
livres - 1 João 1:9.
3o. Para indicar que a recompensa celestial, pela graça divina, está numa certa
proporção com a graça dada para a obediência na terra, (1) porque Deus assim o
quer, Mat. 16:27; 1 Cor. 3:8; (2) porque a graça dada na terra prepara a alma para
receber a graça dada no céu, 2 Cor. 4:17.
Os pelagianos afirmam:
Io. Quanto à natureza do homem, que ela não ficou radicalmente corrompida
pela Queda, e que todos os homens possuem o poder de cumprir todos os
deveres exigidos deles, pelo motivo de que Deus não pode com justiça exigir
nada que o homem não tenha pleno poder de fazer.
2o. Quanto à graça de Deus, que esta não é nada mais que a constituição
favorável de nosso espírito, a influência da verdade que Ele nos revelou, e as
circunstâncias propícias em
que Ele nos colocou. Assim, na Igreja Cristã, e de posse da revelação cristã, os
homens acham-se de fato colocados nas circunstâncias mais propícias para
serem persuadidos a cumprirem os seus deveres. Desse sistema segue-se
diretamente que todo aquele que quiser poderá com certeza alcançar a perfeição,
se usar com o devido cuidado as suas forças ou faculdades naturais e as
vantagens da sua posição - Wigger’s Hist., View ofAugustinianism
andPelagianism.
Quanto à lei que o homem pode cumprir perfeitamente em seu estado atual, eles
afirmam que ela é a única e original lei de Deus, de cujas exigências, porém, a
capacidade de cada homem e as oportunidades tidas para adquirir
conhecimento, são a medida.
Quanto aos meios pelos quais afirmam eles que o homem pode alcançar esta
perfeição, sustentam a capacidade plenária da vontade natural do homem para
cumprir todas as suas obrigações, e admitem o auxílio da graça de Deus só no
sentido de ser ela a influência da verdade e de outras circunstâncias propícias
persuadindo o homem a empregar as suas próprias forças. Assim, pois, os meios
pelos quais se pode alcançar a santificação perfeita são, Io. a vontade do homem;
2o. ajudada pelo estudo da Bíblia, pela atitude de evitar prudentemente
as tentações, etc.
As decisões do Concilio de Trento sobre este assunto, assim como sobre todos os
pontos críticos, são de propósito ambíguas. Elas enunciam o princípio de que a
guarda da Lei deve ser possível àqueles a quem a Lei obriga, porque Deus não
manda fazer impossibilidades. Os justificados (santificados) podem, pela graça
de Deus habitando neles, satisfazer à lei divina,pro hujus vitce statu, isto é, pela
graça de Deus ajustada, por amor de Cristo, às nossas capacidades atuais. Mas ao
mesmo tempo confessam que os justos podem todos os dias cair em
pecados veniais e que, enquanto estamos na carne, ninguém pode
viver inteiramente sem pecado (salvo por especial privilégio concedido por
Deus); e, todavia, que os renovados podem nesta vida guardar perfeitamente a
Lei divina; e observando os conselhos evangélicos, podem até fazer mais do que
Deus manda e, dessa maneira, entesourar, como o fizeram muitos santos, um
fundo de merecimento supererrogatório -Cone. de Trento, Sess. 6. Cf. Caps. 11 e
16, e Cans. 18, 23 e 32. Veja acima, Perg. 14.
27. Em. que sentido sustentam os romanistas que os renovados podem nesta vida
viver sem pecado; em que sentido podem satisfazer plenamente à lei; e pelo uso
de que meios se pode alcançar, segundo o seu ensino, esta perfeição? .
Quanto à lei à qual o crente pode satisfazer plenamente nesta vida, eles
sustentam que, sendo Deus justo e não podendo
exigir de nós o que é impossível, Sua Lei foi bondosamente ajustada à nossa
capacidade presente, ajudada por Sua graça, e que é essa Lei pro hujus vitce
statu que podemos cumprir.
Quanto aos meios pelos quais se pode alcançar esta perfeição, eles sustentam
que a graça divina precede, acompanha e segue a todas as nossas boas obras, e
que esta graça devemos conseguir por meio dos canais sacramentais e
sacerdotais que Cristo instituiu em Sua igreja, e especialmente por meio da
oração, do jejum, das esmolas e da aquisição de méritos supererroga-tórios,
seguindo os conselhos de Cristo quanto à castidade, à obediência e à pobreza
voluntária - Cone. de Trento, Sess. 14, Cap. 5; Sess. 6, Caps. 11 e 12; Sess. 5,
Can. 5; Cat. Rom., Parte 2, Cap. 2, Perg. 32; Parte 2, Cap. 6, Perg. 59; e Parte 3,
Cap. 10, Pergs. 5-10.
Io. Que, posto que todo crente seja regenerado logo que é justificado, e dê os
passos iniciais na santificação, todavia isso não exclui os restos de muito pecado
inerente, nem o combate da carne contra o Espírito, que pode continuar durante
longo tempo, mas que não pode deixar de cessar algum tempo antes do homem
estar preparado para o céu.
30. Em que sentido os wesleyanos ensinam que os homens podem viver sem
pecado?
Não foi Wesley quem pessoalmente fez o emprego da frase “perfeição sem
pecado”, mas também não fez objeção ao seu emprego. Ele distinguia entre “o
pecado propriamente assim chamado, isto é, uma transgressão voluntária de uma
lei conhecida, e o pecado impropriamente assim chamado, isto é, uma
transgressão involuntária de uma lei, quer conhecida quer não”, e declarou:
“Creio que nesta vida não há perfeição tal
31. A que lei, como eles dizem, o cristão pode obedecer perfeitamente nesta
vida?
O Dr. Peck diz, na página 244, de sua citada obra: “A humanidade decaída, ainda
quando renovada pela graça, perfeita obediência à lei moral é impraticável
durante o estado atual de provação. Segue-se que a perfeição cristã não implica
em obediência perfeita à lei moral”.
Eles sustentam que esta lei moral é universal e imutável, que todas as criaturas
morais estão com obrigação perpétua de cumpri-la e que de modo algum ficam
livres dessa obrigação por terem perdido as forças por causa do pecado. Peck,
pág. 271. Esta lei, porém, tem dupla relação com a criatura. Io. E uma regra de
caráter e de procedimento. 2o. E uma condição
para sermos aceitos. Em conseqüência do pecado, tornou-se impossível aos
homens obterem a salvação pela Lei, e, por isso, Cristo veio e ofereceu a essa lei
em nosso lugar uma satisfação perfeita, e assim Ele é, em nosso favor, o fim da
Lei para justiça. Esta Lei, pois, posto que permaneça para sempre como regra de
dever, foi ab-rogada por Cristo como condição da nossa aceitação.
“Nem é homem vivo algum obrigado a guardar a lei adâmica mais que a mosaica
(quero dizer que ela não é a condição quer da salvação presente quer da futura).”
-Doctrinal Tracts (Tratados Doutrinários), pág. 332. -
32. Segundo o ensino wesleyano, por que meio se pode alcançar essa perfeição?
Wesley diz: “Creio que esta perfeição é sempre operada na alma por um simples
ato de fé; por conseguinte, num instante. Entretanto, creio também que há uma
obra realizada gradativamente, tanto antes como depois desse instante” -Citado
pelo Dr. Peck, op. cit., págs. 47 e 48.
Os wesleyanos sustentam que essa santificação não pode ser efetuada nem pelas
forças nem pelos merecimentos do homem, mas unicamente pela graça, por
amor de Cristo, pelo Espírito Santo, mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, fé
que inclui crermos, Io. “na suficiência das provisões do evangelho para livrar a
alma completamente do pecado”. 2o. “Que essas provisões foram feitas para
nós”; 3o. “Que essa bênção é para nós agora” - Peck, Chr. Doct., Sanct., págs.
405-407.
Io. Todas concordam em sustentar que é possível aos homens chegarem nesta
vida a um estado em que podem habitual e perfeitamente cumprir todas as suas
obrigações, isto é, ser e fazer tudo o que Deus exige que sejam ou façam agora.
2o. A teoria pelagiana difere de todas a outras em negar a deterioração das nossas
forças morais naturais, e, por conseguinte, em negar a necessidade da
intervenção de qualquer
- Mat. 5:48. (2) O fato de que no evangelho foram feitas abundantes provisões
para se conseguir a santificação perfeita do povo de Deus; fez-se, com efeito,
tudo o que se poderia fazer neste sentido em qualquer tempo. (3) As promessas
que Deus fez de remir Israel de todas as suas iniqüidades, etc. -Sal. 130:8; Ez.
36:25-29; 1 João 1:7,9. (4) As orações dos santos registradas nas Escrituras com
aprovação implícita - Sal. 51:2; Heb. 13:21.
2o. Os argumentos no sentido de que esta perfeição foi de fato alcançada são: (1)
Exemplos bíblicos, como Davi - Atos 13:22. Veja também Gên. 6:9; Jó 1:1; Luc.
1:6. (2) Exemplos modernos - Peck, Christian Perfection, págs. 365-396.
RESPONDEMOS:
Io. As Escrituras nunca dizem que um cristão pode nesta vida alcançar um estado
em que possa viver sem pecado.
2o. E preciso interpretar o sentido de passagens especiais de conformidade com o
testemunho global das Escrituras.
3o. A linguagem das Escrituras nunca implica que o homem possa viver aqui
sem pecado. Os mandamentos de Deus estão ajustados à nossa responsabilidade,
e as aspirações e orações dos santos remetem o homem a seus deveres
e privilégios, e não à sua capacidade atual. A perfeição é o verdadeiro alvo dos
esforços do cristão em todos os períodos do seu crescimento e em todos os seus
atos. Os termos “perfeito” e “irrepreensível” muitas vezes são relativos, ou são
empregados para significar simples sinceridade ou verdade. Isso se
torna evidente pelo seguinte fato registrado:
-romana? '
3o. Está em ligação essencial com a teoria do mérito das boas obras e do mérito
superior das obras de supererrogação, o que é radicalmente destrutivo às
doutrinas essenciais do evangelho. ...
Essa teoria parece assemelhar-se mais que as outras à terrível regularidade lógica
e ao espírito anticristão da teoria pelagiana. Difere, porém, dessa heresia em
sustentar-
2o. Que aquelas coisas que, julgadas pela lei original de Deus, seriam faltas da
parte dos homens, não são pecados, porque a capacidade do homem é a única
medida do seu dever, jj
CONSIDEREMOS: . ; ,:..v
2o. Essa teoria faz parte da teoria arminiana da aliança da graça, que julgamos
estar em grande desarmonia com o evangelho e que Watson (veja Institutes,
Parte 1, Cap.23) parece
3o. Essa teoria nega que os erros e fraquezas, que resultam dos efeitos do pecado
original, sejam em si mesmos pecados, e ao mesmo tempo admite que devem ser
confessados, que se deve pedir perdão deles, que é necessário que lhes seja
aplicada a propiciação do sangue de Cristo e que, quanto mais santo se torna um
homem, tanto mais ele aborrece o seu estado interior. Isso de certo é uma
confusão de linguagem e um abuso da palavra pecado. Que será pecado senão
(1) uma transgressão da lei original de Deus, (2) que precisa da propiciação de
Cristo, (3) que deve ser confessada e precisa de perdão, (4) e é um motivo
próprio para o homem ter horror de si mesmo?
1 Reis 8:46; Prov. 20:9; Ecl. 7:20; Tia. 3:2; 1 João 1:8.
41. Como se pode provar que está em oposição à experiência dos santos, como
se acha registrada nas Escrituras?
Veja o que Paulo diz de si mesmo, Rom. 7:14-25; Fil. 2:12-14. Veja o caso de
Davi, Sal. 19:12; 51; o de Moisés, Sal. 90:8; o de Jó, 42:5,6; o de Daniel, 9:20.
Veja Luc. 18:13; Gál. 1:11-13; 6:1; Tia. 5:16.
42. Como está ela em conflito com a experiência comum do povo de Deus?
Quanto mais santo se torna um homem, tanto mais ele se torna humilde, mais
renuncia a si próprio, mais sensível se torna a todo pecado, e tanto mais se apega
a Cristo. Sente que as imperfeições morais que ainda lhe aderem são
pecados, lamenta-as e procura vencê-las. Os crentes sabem que sua vida é um
combate constante, que é só fazendo violência que podem arrebatar o reino dos
céus, e que lhes é necessário vigiar e orar sempre. Estão sempre sujeitos às
constantes correções da mão amorosa de seu Pai, as quais só podem visar
corrigir suas imperfeições e confirmar suas graças. E é fato notório que
os melhores cristãos têm sido aqueles que se manifestaram menos dispostos a
dizer que tinham alcançado para si a perfeição.
Cone. de Trento, Sess. 5, “Dec. do Pec. Original”: “Se alguém negar que a culpa
do pecado original é perdoada pela graça do nosso Senhor Jesus Cristo,
conferida no batismo; ou até afirma que não é extinguido tudo o que tem
verdadeira e própria condição de pecado, mas diz que apenas é raspada, ou que
não é imputada: seja anátema... Confessa, porém, este santo concilio que nos
batizados fica a concupiscência ou incentivos (para o pecado)...
Essa concupiscência, a que o apóstolo algumas vezes chama pecado, declara o
sagrado concilio: que a igreja nunca entendera, se lhe dava o nome de pecado,
por que verdadeira e propriamente seja pecado nos renascidos; mas porque
procede do pecado e inclina para o pecado. Se, porém, alguém julgar o contrário,
seja anátema”.
Cone. de Trento, Sess. 5, Can. 18 - “Se alguém disser que ao homem justificado,
e que se acha em estado de graça, é impossível observar os preceitos de Deus;
seja anátema”.
Ib. pág. 589: “A nossa confissão é que as boas obras se seguem certíssima e
indubitabilissimamente a uma fé verdadeira, como os frutos de uma árvore.
Cremos também que não se deve, de modo algum, levar em conta as boas obras,
não só quando se trata da justificação, porém até quando estamos discutindo a
Ib., pág. 700: “Porque não são boas obras aquelas que qualquer pessoa invente
com boa intenção, ou que se façam segundo as tradições humanas; mas aquelas
que Deus mesmo tem prescrito e mandado em Sua própria Palavra. Porque obras
verdadeiramente boas não podem ser praticadas pelas forças naturais, porém
somente quando a pessoa está reconciliada com Deus pela fé, está renovada pelo
Espírito e foi criada de novo para boas obras, em Jesus Cristo”.
Os Trinta e nove Artigos da Igreja da Inglaterra, Art. 12: “Ainda que as boas
obras, que são o fruto da fé, e seguem a justificação, não possam expiar os
nossos pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus; são todavia
agradáveis e aceitáveis a Deus, em Cristo, e brotam necessariamente de uma
verdadeira e viva fé; de modo que por elas se pode conhecer a fé viva tão
evidentemente como uma árvore se conhece pelo fruto”.
Ib., Art. 14. - “Será impiedade e arrogância ensinar que obras arbitrárias, que não
se acham compreendidas nos mandamentos divinos, são boas obras, chamadas
obras de supererrogação; porque por elas os homens declaram que não só
rendem a Deus tudo aquilo a que são obrigados, mas também que por amor dEle
fazem mais do que aquilo que, como rigoroso dever, lhes é exigido, apesar de
Cristo ter dito claramente: “Quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei:
somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” - Lucas
17:10.
Ib., Cap. 13, § 2: “Esta santificação tem lugar no homem todo, e, todavia, é
imperfeita nesta vida; permanecem ainda alguns restos da corrupção em toda
parte, donde nasce uma guerra contínua e irreconciliável, lutando a carne contra
o Espírito e o Espírito contra a carne”.
Ib., § 3:- “Nesta guerra, posto que as corrupções remanescentes possam por
algum tempo prevalecer, todavia, mediante o suprimento contínuo de forças
do Espírito de Cristo, a parte regenerada vence; e assim os santos crescem em
graça, sendo aperfeiçoados na santidade e no temor de Deus”.
A Perseverança dos Santos
chamados e santificados pelo Seu Espírito, não podem cair do estado de graça,
nem total nem finalmente; mas com toda a certeza hão de perseverar nesse
estado até ao fim, e estarão. eternamente salvos” - Confissão de Fé, Cap.17, § 1;
Caí. Maior, Perg. 79.
Io. As asserções diretas das Escrituras - João 10:28,29; Rom. 11:29; Fil. 1:6; 1
Ped. 1:5.
2o. Esta certeza é inferência necessária das doutrinas bíblicas (1) da eleição, Jer.
31:3; Mat. 24:22-24; Atos 13:48; Rom. 8:30; (2) da aliança da graça, na qual o
Pai deu o Seu povo a Seu Filho como recompensa de Sua obediência e de Seus
sofrimentos, Jer. 32:40; João 17:2-6; (3) da união dos cristãos com Cristo, no
aspecto federal, sendo Cristo o seu Fiador, razão pela qual eles não podem falhar
(Rom. 8:1), e no aspecto espiritual e vital, por cuja união eles permanecem
nEle, e necessariamente viverão porque Ele vive, João 14:19; Rom. 8:38,39; Gál.
2:20; (4) da propiciação, na qual Cristo cumpriu todas as obrigações que eles
tinham para com a lei como aliança de vida, e alcançou para eles todas as
bênçãos prometidas na aliança; se, pois, um deles falhasse, o seguro fundamento
de
todos seria abalado, Sal. 53:6,11; Mat. 20:28; 1 Ped. 2:24; (5) da justificação,
que declara cumpridas todas as condições da aliança de vida, e coloca o
justificado para sempre numa nova relação com Deus, de modo que ele não pode
cair sob condenação, porque não está mais debaixo da lei mas sim debaixo da
graça, Rom. 6.14; (6) da habitação do Espírito Santo nos que compõem o povo
de Deus, (a) como selo assinalando que pertencem a Deus, (b) como penhor ou
primeira prestação da redenção prometida, em penhor do cumprimento
completo, João 14:16; 2 Cor. 1:21,22; 5:5; Ef. 1:14; (7) da eficácia
da intercessão de Cristo- João 11:42; 17:11,15,20; Rom. 8:34.
3. Qual é a doutrina católico-romana sobre este ponto? ■ :
Cone. de Trento, Sess. vi, Can. 23: “Se alguém disser que o
homem, uma vez justificado, não pode perder a graça, e que por isso aquele que
cai e peca nunca fora verdadeiramente justificado, seja anátema”. - Veja abaixo,
na apresentação da doutrina católico-romana, neste capítulo, suas idéias
quanto aos “pecados veniais”. , ,....... ..
Os que negam a certeza da perseverança final dos santos sustentam a falsa teoria
segundo a qual o livre-arbítrio consiste na indiferença, ou na faculdade de se
poder escolher o contrário, e que, por conseguinte, certeza é incompatível com a
liberdade. Essa falácia já foi refutada acima, Cap.15; veja especialmente as
Pergs. 25 e 26.
Que Deus dirige as ações livres de Suas criaturas é um fato provado claramente
pela história, pelas profecias e pela consciência e experiência cristã universal, e
pelas Escrituras -Atos 2:23; Ef. 1:11; Fil. 2:13; Prov. 21:1.
E claro também que Deus assegura a perseverança final de Seu povo de um
modo perfeitamente compatível com a sua liberdade. Ele muda os afetos do Seu
povo e determina assim a sua vontade mediante a sua própria livre
espontaneidade. Ele os introduz no estado de filhos pela adoção, cerca-os
de todos os meios santificadores, e quando caem em pecado castiga-os
zelosamente e os restaura. Vê-se, pois, que a doutrina bíblica não é que o homem
que uma vez creu verdadeiramente tem segura a salvação, sejam quais forem os
seus sentimentos e os seus atos subseqüentes; mas, ao contrário, é que
Deus garante a salvação final de todos os que foram uma vez verdadeiramente
unidos a Seu Filho pela fé, assegurando, pelo poder do Espírito Santo, a sua
perseverança, perfeitamente livre, nos sentimentos e obediência cristãos até ao
fim.
A objeção feita é que esta doutrina de “uma vez na graça, sempre na graça”, só
pode ter como resultado natural tornar os homens descuidados, produzindo neles
um falso sentimento
Posto que seja certo que, da parte de Deus, se somos eleitos e fomos chamados,
seremos salvos, são todavia necessárias, da nossa parte, vigilância, diligência e
oração constantes, para que se tornem firmes para nós essa eleição e vocação - 2
Ped. 1:10. O fato de que Deus age poderosamente conosco e assim nos assegura
a vitória em nossa luta contra o pecado é apresentado nas Escrituras como
motivo poderoso, não para que sejamos preguiçosos, e sim diligentes - Fil. 2:13.
A doutrina ortodoxa não afirma a certeza da salvação daqueles que uma vez
creram, e sim a perseverança na santidade dos que creram ou
crêem verdadeiramente; é esta perseverança na santidade, pois, em oposição a
todas as suas fraquezas e tentações, que é a única prova certa da verdade da
experiência cristã passada do crente, e da validade da sua confiança a respeito da
sua salvação futura, e por certo o fato de termos uma certeza como esta não pode
de modo algum promover nem o descuido nem a imoralidade.
7. Qual a objeção fundada nas exortações dirigidas nas Escrituras aos crentes
para que sejam diligentes; e nos avisos de que estarão em perigo se se tornarem
descuidados?
RESPONDEMOS -
e a possibilidade de caírem.
Citam das Escrituras casos como os de Davi e de Pedro, e se referem aos muitos
exemplos de apostasia de bem abonados cristãos professos de que, infelizmente,
todos temos conhecimento.
a uma ou outra de duas classes: ou, Io. Eles nunca sentiram em seu ser a virtude
real da piedade, apesar de parecer tão bela sua vida aos olhos dos seus
semelhantes, Rom. 2:28; 9:5; 1 João 2:19; Apoc. 3:1; ou, 2o. São crentes
verdadeiros que, em conseqüência de um afastamento temporário da graça
restrin-gente, desviaram-se por algum tempo, mas, não obstante isso, são todos
restaurados pela graça divina, e isso geralmente por meio de correções - Apoc.
3:9. A esta classe pertenceram Davi e Pedro. Nenhum cristão verdadeiro é capaz
de apostasia proposital; e o seu maior desvio da justiça é ocasionado
por impulsos súbitos de paixão ou medo - Mat. 24:24; Luc. 22:31.
Ib., Can. 23: “Se alguém disser que o homem, uma vez justificado, não pode
pecar mais, nem perder a graça, e por isso aquele que cai e peca nunca
verdadeiramente fora justificado... seja anátema”.
Ib., Cap. 11: “Ainda que nesta vida mortal, por mais justos e santos que
sejam, (os homens) caiam algumas vezes em pecados leves e cotidianos, que
também se chamam veniais, nem por isso deixam de ser justos”.
Ib., Sess. 14, Cap. 5: “Quanto aos (pecados) veniais, pelos quais não somos
excluídos da graça de Deus, e em que freqüentemente caímos, posto que
com retidão e utilidade se digam na confissão, fora de toda presunção, como
mostra a praxe das pessoas piedosas; contudo, podem calar-se sem culpa e
ser expiados com outros remédios. Mas, como todos os pecados mortais,
mesmo os
Ib., pág. 591: “Condenamos o dogma segundo o qual o homem não perde a fé
e o Espírito Santo continua a habitar nele, mesmo quando ele consciente e
voluntariamente comete pecado, e de que os santificados e eleitos retêm o
Espírito Santo, ainda que cometam adultério ou outros crimes e perseverem
neles”.
Apol. Aug. Conf., pág. 71: “A fé não pode coexistir com pecados mortais”.
7è.,pág. 86: “A fé que recebe a remissão dos pecados... não permanece nos
que se rendem a suas paixões, nem pode coexistir com pecados mortais”.
Conf. de Fé, de Westminster, Cap. 17 § Io: “Os que Deus aceitou em Seu Filho
amado, os que Ele chamou eficazmente e santificou pelo Seu Espírito, não
podem cair do estado de graça, nem total, nem finalmente; mas com toda a
certeza perseverarão nesse estado até o fim e serão eternamente salvos.” §
2: “Essa perseverança dos santos não depende do seu livre-arbítrio, porém
da imutabilidade do decreto da eleição, que brota do livre e imutável amor
de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da
permanência do Espírito e
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A Morte e o Estado da Alma depois da Morte
3. Que é a morte?
8. Que argumento sobre este ponto pode ser tirado da justiça distributiva de
Deus?
10. Como fica estabelecida esta doutrina pelo consenso geral da humanidade?
11. Como se pode mostrar que o Velho Testamento ensina a mesma distinção
entre o corpo e a alma ensinada no Novo Testamento?
Io. Na narrativa da criação. Deus formou o corpo com o pó da terra, mas a alma
(ou o espírito) Ele fez à Sua própria imagem - Gên. 1:26; 2.7.
Quanto aos bons, porém, a sua residência no sheol era considerada como algo
intermediário entre a morte e uma ressurreição feliz - Sal. 49:16. Quando tratam
deste assunto, as Escrituras do Velho Testamento falam antes como se
a existência contínua da alma fosse coisa concedida, e não a afirmam
explicitamente - Fairbairn, Hermeneutical Manual; Josefo, Antigüidades, 18.1.
Veja Luc. 20:37,38. Muito tempo depois da morte de Abraão, Isaque e Jacó, O
Senhor (Yavé) continua a chamar-se seu Deus - Êx. 3:6. Mas Cristo,
argumentando contra os saduceus, que negavam a ressurreição dos mortos,
declara: “Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos”. Isto prova antes a
imortalidade da alma deles; mas, desde que Deus é o Deus pactuai de pessoas, e
desde que as pessoas desses patriarcas incluíam tanto o seu corpo como a sua
alma, o argumento estabelece também a imortalidade final do corpo, isto é,
da pessoa inteira.
Núm. 23:10; Jó 19:26; Sal. 16:9-11; 17:15; 49:15,16; 73:25-28; Is. 25:8; 26:19;
Os. 13:14; Dan. 12:2,3,13.
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16. Que nos ensina o Novo Testamento a respeito do estado da alma logo depois
da morte?
“As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são recebidas nos
mais altos céus, onde vêem a face de Deus em luz e glória, esperando a plena
redenção de seus corpos” - Luc. 23:43; 2 Cor. 5:6,8; Fil. 1:23,24. “E as
almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde ficarão em tormentos e em
trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia final” - Luc. 16:23,24;
Jud., vers. 6 e 7. Conf. de Fé, de West-minster, Cap.32, § 1.
Io. Ao estado das almas, entre a morte e a ressurreição, pode-se com propriedade
chamar intermediário, quando considerado com relação aos estados que lhe
precedem e que se lhe seguem.
3o. As almas, tanto dos justos como dos perdidos, permanecem ativas e
conscientes durante esse estado.
7o. Este estado intermediário difere do estado final dos remidos - (1) Por causa
da ausência do corpo. (2) Porque a redenção ainda não se consumou de maneira
completa.
17. Qual o significado e uso da palavra ádes, hades, nas Escrituras?
O termo ádes, formado pela partícula privativa ou negativa a e pelo verbo ver,
designa em geral o mundo invisível habitado pelos espíritos dos mortos. Entre os
antigos pagãos clássicos, esse mundo invisível era considerado como consistindo
de duas regiões contrastadas, a uma das quais chamavam eliseu ou elísio, a
morada dos bem-aventurados, e à outra tártaro, morada dos viciosos e infelizes.
em que está a “árvore da vida”, junto ao rio que sai do trono de Deus e do
Cordeiro - Apoc. 22:1,2.
2o. Quanto à exposição completa da doutrina dos roma-nistas, veja abaixo, Perg.
22.
4°. Essa opinião é sustentada também pelos defensores da aniquilação final dos
maus, e é defendida muito habilmente por C. E Hudson na América, e
provávelmente pelo falecido arcebispo Whately na Inglaterra - View ofScripture
Concerning a Future State. -
Os argumentos são: (1) Não temos experiência e nem podemos formar idéia de
uma atividade mental consciente num estado separado do corpo. (2) São
obscuras e não conclusivas as provas bíblicas apresentadas em apoio da doutrina
das igrejas. (3) O significado original e simples da palavra morte é “extinção de
existência”. Deus disse a Adão: “No dia em que dela comeres, certamente
morrerás”; não o teu corpo, mas tu mesmo morrerás. Veja Mat. 10:28. (4) Que a
grande proeminência dada no Novo Testamento à futura ressurreição do corpo,
como efeito da redenção e como objeto da esperança cristã, prova que a única
vida futura esperada pelos apóstolos era posterior à ressurreição e dependia dela.
Veja 1 Cor. 15:14.
(5) Citam muitas passagens para provar que, segundo as Escrituras, os mortos
ficam por enquanto em estado de inatividade corporal e espiritual. Veja Sal. 6:5:
“Pois, na morte, não há recordação de ti; no sepulcro (sheol), quem te
dará louvor?” - Sal. 146:4; Jer. 51:57.
Isaac Taylor, em sua Physical Theory ófAnother Life, Cap. 17, tira a conclusão,
fundada somente nas Escrituras, de que o estado intermediário das almas
remidas não é um estado realmente inconsciente, mas de relativa inatividade e de
energia suspensa - um estado de transição durante cuja permanência devem
acordar antes as faculdades passivas da natureza que as ativas”. ‘ ■ '■ "
- 1 Sam. 28:7-20. - ■ •
Luc. 23:43. ^
6o. Em 2 Cor. 5:1-8 Paulo afirma que estar ausente do corpo é estar presente ao
Senhor, e por isso declara (Fil. 1.21-23) que para ele morrer seria lucro, e que
estava constrangido de um e outro lado, “tendo o desejo de partir e estar com
Cristo, o que é incomparavelmente melhor” e “por vossa causa permanecer na
carne”.
7o. Ele declara (1 Tess. 5:10) que o sono da morte é o viver sempre com Cristo.
Veja também Ef. 3:15; Heb. 6.12-20,12.23, Atos 1:25; Jud. 1:6,7; Apoc. 5:9; 6:9-
11; 7:9; 14:1,3.
21. Como se pode mostrar que o estado intermediário não constitui mais tempo
de provação para os que saíram desta vida sem terem sido unidos a Cristo?
Io. Do fato de não ser ensinado em parte alguma das Escrituras. E, quando muito,
uma esperança sugerida pelo desejo, mas sem fundamento algum na Palavra de
Deus. Mesmo que o fato de Jesus Cristo ter pregado “aos espíritos em prisão” (1
Ped. 3:19) significasse realmente o ministério pessoal de Cristo na esfera do
estado intermediário, é certo que não teria aplicação aos que O tinham rejeitado
como seu Salvador aqui na terra, e, nesse caso, provavelmente só teria aplicação
aos verdadeiros crentes que viveram sob a dispensa-ção do Velho Testamento,
como a igreja católica romana sempre tem ensinado.
3o. Todo o ensino de Cristo e dos apóstolos envolve o contrário. “Aos homens
está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” - Heb. 9:27.
“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis
no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir” - João 8:21. “E, além
disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que
quisessem passar daqui para vós não
Hodge escreveu essas palavras em fins do século XIX (o prefácio traz a data de 6 de agosto de 1878). A tradução da qual estamos
fazendo revisão e atualização foi publicada em Lisboa, em 1895. Do nome do tradutor só constam as iniciais: F. J. C. S. Nota de Odayr
Olivetti.
poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá” - Luc. 16:26; Apoc. 22:11.
Io. Que as almas das crianças não batizadas vão para um lugar preparado
expressamente para elas, chamado “Umbus infantum”, onde não estão sujeitas a
sofrimentos positivos, mas também não gozam da presença de Deus. Esse lugar
(imaginário) acha-se colocado numa parte superior do inferno, aonde não
chegam as chamas, e elas sofrem somente apoenam damni (pena de privação), e
não têm parte napoenam sensus (pena de sofrimentos positivos), que aflige os
pecadores adultos.
2o. Que todos os adultos não batizados, e todos os que perderam a graça batismal
em conseqüência de pecado mortal, e morreram sem que estivessem
reconciliados com a igreja, vão imediatamente para o inferno.
3o. Que os fiéis que alcançaram o estado de perfeição vão imediatamente para o
céu. - -■ v,»;' 4
5o. Que os fiéis do Velho Testamento foram recolhidos a uma região chamada
“Umbuspatrum”, descrita como “o seio de
Abraão”, onde ficaram sem a visão beatífica de Deus, mas também sem
sofrimento, até ao tempo em que Cristo, durante os três dias em que Seu corpo
estava no sepulcro, foi libertá-los -1 Ped. 3:19,20. Cat. Rom., Parte 1, Cap. 6,
Perg. 3; Cone. De Trento, Sess. 25, do Purgatório.
E opinião geral, porém, que as suas penas são tanto negativas como positivas.
Que o meio instrumental dos seus sofrimentos é fogo material. Que estes são
terríveis e indefinidos em extensão. Que os termos pelos quais se pode fazer
satisfação neste mundo são muito mais fáceis de cumprir. Que no purgatório as
almas nem podem incorrer em culpa nem ganhar merecimento algum; só podem
expiar seus pecados por meio de sofrimentos passivos.
Confessam que essa doutrina não se acha ensinada diretamente nas Escrituras,
mas afirmam, Io. Que se deduz necessariamente da sua doutrina geral quanto à
satisfação devida pelo pecado; 2o. Que Cristo e os apóstolos a
ensinaram incidentalmente, assim como ensinaram a doutrina do batismo das
crianças, etc. Fazem referência a Mat. 12:32; 1 Cor. 3:15.
Io. É confessado que ela não tem fundamento direto nas Escrituras, e é óbvio que
também não tem nela nenhum fundamento real. Só esta consideração é
suficiente.
3o. E doutrina pagã, derivada dos egípcios por via dos gregos e romanos, e
corrente em todo o império romano -Eneida, de Virgílio, Liv. 6, págs. 739,
43. .
4o. Seus efeitos práticos sempre têm sido (1) sujeição abjeta do povo ao
sacerdócio; (2) vergonhosa desmoralização do povo. A igreja é o autonomeado
depositário e despenseiro dos merecimentos superabundantes de Cristo, e dos
merecimentos supererrogatórios de seus santos proeminentes. Tomando isso por
fundamento, ela dispensa das penas do purgatório os que pagam por seus
pecados já cometidos, ou vende indulgências aos que pagam pela licença de
cometer pecados no futuro. Assim o povo vai pecando e pagando, e o sacerdote
vai recebendo o dinheiro e remitindo a pena. A ficção de um purgatório do qual
o sacerdote tem as chaves é a origem principal da influência que ele tem sobre o
povo por via dos seus temores. Veja Cap.32, Perg. 19.
Breve Cat. da /4m. de Westminster, Perg. 37: “As almas dos fiéis na hora da
morte são aperfeiçoadas na santidade, e imediatamente entram na glória; e os
corpos, que continuam ligados a Cristo, descansam na sepultura até
à ressurreição”.
fí.
r:
A Ressurreição
assunto? 1
6. Por que se pode pensar que a ressurreição final será simultânea e geral?
dos mortos? . .
4o. Ressurgiu somente no terceiro dia, o que prova que foi uma mudança física, e
não uma simples continuação de uma existência espiritual - 1 Cor. 15:4.
5o. Seu corpo foi visto, tocado e examinado, durante o espaço de quarenta dias,
para que se estabelecesse precisamente esse fato - Luc. 24:39. Veja Dr. Hodge.
Io. Porque a Sua ressurreição sela e consuma o Seu poder redentor; e a redenção
das nossas pessoas envolve a redenção do nosso corpo - Rom. 8:23.
3o. Graças ao Seu Espírito, que habita em nós (Rom. 8:11), tornando nossos
corpos em membros de Cristo - 1 Cor. 6:15.
4o. Porque Cristo, em virtude da aliança com o Pai, é Senhor tanto dos mortos
como dos vivos - Rom. 14:9. Esta mesma união federal e viva do cristão com
Cristo (veja acima, Cap. 31) também fará com que a ressurreição do crente
seja semelhante à de Cristo, e não só a conseqüência dela - 1 Cor. 15:49; Fil.
3:21; 1 João 3:2.
11. Até onde podem ser consideradas de peso as objeções científicas contra a
doutrina da ressurreição do corpo?
12. Como se pode conciliar a identidade de nosso futuro corpo com o nosso
corpo atual com 1 Coríntios 15:42-50?
condição, e sofre diversas vezes uma mudança total das suas partículas
constitutivas. Tudo isso é certo; mas não é menos certo que, apesar de todas
essas mudanças, o homem possui o mesmo e idêntico corpo desde a juventude
até à velhice. Isso prova que, nem a identidade do mesmo homem desde
a juventude até à velhice, nem a identidade do nosso corpo atual com o da
ressurreição, consistem em serem as mesmas partículas. Se estamos certos da
nossa identidade num caso, não é necessário tropeçar nas dificuldades do outro.
14. Qual a objeção contra esta doutrina que se baseia no fato conhecido da
dispersão das partículas do nosso corpo depois da morte, e também no da sua
assimilação por outros organismos?
Sua Palavra inspirada, que o nosso corpo ressuscitado em glória será idêntico ao
nosso corpo semeado em desonra, apesar de poderem ter se espalhado até aos
confins do mundo as suas partículas constitutivas.
3o. “A ressurreição do nosso corpo, posto que seja fato certo da revelação, é para
nós um fato do qual não temos experiência, um fenômeno não observado. E
impossível, pois, que
Io. Porque é claramente revelada em seus escritos inspirados. Veja acima, Perg.
2.
2o. É afirmada em seus escritos não inspirados - Sabed. 3:6,13; 4:15; 2 Mac.
7:9,14,23,29. ■■■
3o. Cristo, em vez de provar essa doutrina em Seus discursos, fala dela como já
reconhecida - Luc. 14:14; João 5:28,29.
4o. Paulo afirma que tanto os judeus antigos (Heb. 11:35)* como os seus
contemporâneos (Atos 24:15) criam nessa doutrina.
Explicam-nas de modo que dela nada fica, negando seu sentido claro e dizendo:
Io. Que são modos puramente alegóricos de ensinar a verdade da existência
contínua da alma depois da morte; ou, 2o. Que são concessões feitas aos
preconceitos e superstições dos judeus.
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39
O Segundo Advento e o Juízo Geral
2o. São empregadas, por via de proeminência: (1) No Velho Testamento, para
exprimir a vinda de Cristo em carne e a ab-rogação da economia judaica - Mal.
3.2; 4:5. (2) No Novo Testamento, para exprimir a segunda e definitiva vinda
de Cristo. ......
Io. A analogia do primeiro advento. Tendo sido cumpridas literalmente por uma
vinda pessoal as profecias que a Ele se referiam, podemos estar certos de que
serão cumpridas no mesmo sentido as profecias inteiramente semelhantes que
se referem ao segundo advento.
2o. A linguagem de Cristo predizendo tal advento não admite outra interpretação
racional. A vinda, sua maneira e o fim visado nela são todos definidos. Ele virá
acompanhado de uma multidão celeste, com poder e em grande glória. Virá
na ocasião da ressurreição e do juízo gerais e com o fim de consumar Sua obra
medianeira pela condenação e perdição finais de todos os Seus inimigos e pelo
reconhecimento e completa glorificação de todos os Seus amigos - Mat.
16:27; 24:30; 25:31; 26:64; Mar. 8:38; Luc. 21:27.
v •- •• . 1 ^ •
Mat. 24:36; Mar. 13:32; Luc. 12:40; Atos 1:6,7; 1 Tess. 5:1-3; 2 Ped. 3:3,4,10;
Apoc. 16:15.
Fil. 1:6; 1 Tess. 4:15; Heb. 10;25; 1 Ped. 1:5; Tia. 5:8.
seu ofício público como mestres inspirados, estavam sujeitos aos preconceitos
comuns do seu século e da sua nação, e só gradativamente chegaram ao pleno
conhecimento da verdade.
Durante a vida de Cristo eles esperavam que Ele estabelecesse o Seu reino em
sua glória naquele tempo, Luc. 24:21; e depois da Sua ressurreição a primeira
pergunta que Lhe fizeram foi: “Senhor, será este o tempo em que restaures o
reino a Israel?” -Atos 1:6.
3o. A medida que lhes foram concedidas revelações mais completas, eles
aprenderam e ensinaram explicitamente que não somente era incerto o tempo do
segundo advento, mas também que antes dele aconteceriam muitos eventos,
então ainda futuros, e.g., a apostasia anticristã, a pregação do evangelho a todas
as nações, a plenitude dos gentios, a conversão dos judeus, a prosperidade
milenária da Igreja e a destruição final (da presente ordem de coisas) - Rom.
11:15-32; 2 Cor. 3:15,16; 2 Tess. 2:3. Isso está claro, mesmo porque se
declara que a vinda de Cristo será acompanhada da ressurreição dos mortos, do
juízo geral, da conflagração geral e da restituição (ou renovação) de todas as
coisas. Veja abaixo, logo a seguir.
2o. O período dessa prevalência do evangelho deve durar mil anos e por isso é
chamado milênio - Apoc. 20:2-7.
4o. No fim desses mil anos e antes da vinda de Cristo haverá um tempo
relativamente curto de apostasia e de conflitos entre os reinos da luz e das trevas
- Luc. 17:26-30; 2 Ped. 3:3,4; Apoc. 20:7-9.
8. Qual a teoria dos que sustentam que a vinda de Cristo será “premilenária” *,
e que Ele reinará pessoalmente na terra durante mil anos antes do Juízo? '
Io. Muitos dos judeus, cometendo erro total quanto ao caráter espiritual do reino
do Messias, criam que, assim como a Igreja tinha existido dois mil anos antes de
se lhe dar a Lei, assim também haveria de existir dois mil anos debaixo da
Lei, que o Messias começaria então o Seu reino pessoal, e que este, por sua vez,
haveria de continuar dois mil anos, até ao começo do dia eterno do Senhor. Eles
esperavam que o Messias reinaria visível e gloriosamente em Jerusalém, como
capital, sobre todas as nações do mundo, e que os judeus, como Seu
povo escolhido, seriam exaltados à maior dignidade e gozariam de privilégios
proeminentes.
2o. Não concorda com o que as Escrituras ensinam, (1) Quanto à natureza do
reino de Cristo, e.g., (a) que não é deste mundo, e sim, espiritual, Mat. 13:11-44;
João 18:36; Rom. 14:17; (b) que não se limita aos judeus, Mat. 8:11,12; (c) que a
regeneração é a condição de admissão a ele, João 3:3,5;
4o. O segundo advento não se dará antes do julgamento de todos os homens, dos
bons e dos maus juntos - Mat. 7:21-23; 13:30-43; 16:24,27; 25:31-46; Rom.
2:5,16; 1 Cor. 3:12-15; 2 Cor. 5:9-11; 2 Tess. 1:6-10; Apoc. 20:11-15.
Eis a interpretação espiritual desta difícil passagem: Cristo tem em reserva para a
Sua Igreja uma época de expansão universal e de imensa prosperidade espiritual,
quando o espírito e o caráter do “nobre exército dos mártires” tornará a
ser produzido, de um modo nunca visto, na grande multidão componente do
povo de Deus, e quando esses mártires, na vitória geral da sua causa e no
derrubamento dos seus inimigos, receberão o benefício do juízo sobre os seus
inimigos e reinarão na terra; nesse período, o partido de satanás, “os outros
mortos”,
não tornarão a florescer até que sejam cumpridos os mil anos, quando tornará a
florescer por um pouco de tempo.
2a. Essa interpretação está em perfeito acordo com aquilo que noutras passagens
as Escrituras ensinam mais explicitamente sobre os diversos pontos envolvidos.
3a. A mesma figura, isto é, a de tornar o morto à vida, é empregada muitas vezes
nas Escrituras para exprimir a idéia de revivificação espiritual da Igreja-Is.
26:19; Ez. 37:12-14; Os. 6:1-3; Rom. 11:15; Apoc. 11:11. •
Isso Paulo, em Romanos 11:15-29, não somente assevera, porém também prova
pelas profecias do VelhoTestamento, e.g., Is. 59:20; Jer. 31:31. Veja também
Zac. 12:10; 2 Cor. 3:15,16.
Io. O sentido literal de muitas profecias do Velho Testamento - Is. 11:11,12; Jer.
3:17; 16:14,15; Ez. 20:40-44; 34:11-31; 36:1-36; Os. 3:4,5; Amós 9:11-15; Zac.
10:6-10; 14:1-20; 3: 1-17.
2o. Que o território prometido por Deus a Abraão nunca foi totalmente possuído,
Gên. 15:18-21; Núm. 34:6-12, e a promessa foi repetida por boca de Ezequiel,
47:1-23.
3o. O país, posto que possa sustentar uma população imensa, está agora pouco
ocupado, evidentemente à espera de habitantes. Veja Keith ,Landof Israel*
4o. Os judeus, embora espalhados entre todas as nações, têm sido preservados
miraculosamente como um povo separado e evidentemente à espera de um
destino tão assinalado e peculiar como tem sido a sua história.
Io. O Novo Testamento absolutamente nada diz sobre tal restauração, e isso seria
uma omissão inexplicável nessa revelação mais clara, se esse evento estivesse
realmente no porvir.
2o. A interpretação literal das profecias do Velho Testamento que dizem respeito
a esta questão seria muito forçada -
que seja literal em todas as suas partes. Seguir-se-ia então que o próprio Davi há
de ser ressuscitado para reinar pessoalmente em Jerusalém, Ez. 37:24, etc.; que
há de ser restabelecido do o sacerdócio levítico, e serão oferecidos sacrifícios
cruentos ] aDeus, Ez., capítulos 40 a 46; Jer. 17:25,26; que Jerusalém há j de ser
o centro do governo, que os judeus hão de constituir \ uma classe superior na
Igreja Cristã e que dos confins da terra hão de ir, semana após semana, todos os
adoradores prestar culto na cidade santa - Is. 2.2,3; 66.20-23; Zac. 14:16-
.. , ; '!*! .
> '}
2o. Porque as Escrituras declaram que Deus “deu ao Filho todo o juízo” e “o
poder de exercer o juízo” - João 5:22,27.
2o. Todos os anjos maus - 2 Ped. 2:4; Jud., vers. 6. Os anjos bons estarão
presentes como assistentes e ministros - Mat. 13:41,42.
domínio dEle são deles. São co-herdeiros com Ele, e, se sofrerem com Ele
também reinarão com Ele-Rom. 8:17;
2 Tim. 2:12. Ele julgará e condenará os Seus inimigos como Cabeça e Campeão
da Sua Igreja, e todos os Seus membros darão assentimento ao Seu juízo e se
gloriarão em seu triunfo -Apoc. 19:1-5. Hodge,Comm. on First Corinthians.
(Comentário de 1 Coríntios).
vantagens especiais de qualquer gênero que cada qual gozou -Mat. 11:20-24;
João 3:19.
As principais passagens que dizem respeito a esse ponto são: Sal. 102:26,27; Is.
51:6; Rom. 8:19-23; Heb. 13:26,27; 1 Ped. 3:10-13; Apoc., capítulos 20 e 21.
Muitos dos teólogos antigos foram de opinião que essas passagens indicam que
devia ser destruído inteiramente o universo físico que agora existe. Mas essa
idéia foi abandonada universalmente. Houve também quem afirmasse que esta
terra haveria de ser aniquilada.
do Deus-homem para sempre - Ef. 1:14; Apoc. 5:9,10; 21:1-5. Veja também
Fairbairn, Typology, Vol. 1, Parte 2, Cap. 2, Seção 7. .
18. Qual deve ser o efeito moral da doutrina bíblica do segundo advento de
Cristo? ■ ■ 'i
Deve ser um consolo para os cristãos em suas tristezas e um estímulo para que
cumpram seus deveres - Fil. 3:20; Col. 3:4,5; Tia. 5:7; 1 João 3:2,3. E também
seu dever amar, vigiar e esperar pela vinda do seu Senhor e apressar-se para ela
- Luc. 12:35,37; 1 Cor. 1:7,8; Fil. 3:20; 1 Tess. 1:9,10; 2 Tim. 4:8; 2 Ped. 3:12;
Apoc. 22:20.
Quanto aos incrédulos, esra doutrina deve enchê-los de apreensão e terror e levá-
los ao arrependimento imediato -Mar. 3:35,37; 2 Ped. 3:9,10; Jud., vers. 14,15.
Brown, Second Advent. -a- : ■
Conf. De Augsburgo, Parte 1, Art. 17: “Ensinam também que Cristo aparecerá no
fim do mundo para executar juízo, e que ressuscitará os mortos e dará vida e
felicidade eternas aos justos eleitos, mas condenará os homens maus e
os demônios para serem atormentados para sempre. Condenam os anabatistas
que crêem que terá fim o castigo futuro dos homens e dos demônios perdidos. E
condenam outros que espalham opiniões judaicas, ensinando que antes da
ressurreição dos mortos os justos ocuparão o governo do mundo e os maus
estarão em sujeição em toda parte”.
A Confissão Inglesa de Eduardo VI: “Os que procuram ressuscitar a fábula dos
milenaristas opõem-se às Sagradas Escrituras e se precipitam em loucuras
judaicas.”
Conf. Bélgica, Art. 37: “Em último lugar, cremos, segundo a Palavra de Deus,
que o nosso Senhor Jesus Cristo voltará corporal e visivelmente do céu, na maior
glória, quando chegar o tempo predeterminado por Deus, porém não conhecido
por nenhuma criatura, quando estiver completo o número dos eleitos... Naquele
tempo todos os que terão morrido no mundo ressurgirão”.
Conf. de Westminster, Cap. 32 e 33; Cat. Maior, Pergs. 8789. Estes (símbolos de
fé) ensinam - 1. No último dia haverá uma ressurreição geral, tanto dos justos
como dos injustos. 2. Todos os que estiverem vivos serão transformados
imediatamente. 3. Logo depois da ressurreição acontecerá o julgamento geral e
final dos homens e dos anjos bons e maus. 4. A data desse dia e hora Deus
de propósito mantém em segredo. Nas Perguntas 53-56 ainda nos é ensinado que
a segunda vinda de Cristo só ocorrerá no “último dia”, no “fim do mundo”, e que
Ele virá então “para julgar o mundo com justiça”.
rV \
O Céu e o Inferno
Quanto ao uso da frase “reino dos céus”, veja acima, Cap.27, Perg. 5.
Expressões literais: a vida, a vida eterna - Mat. 7:14; 19:16,29; 25:46. A glória, a
glória de Deus, um peso eterno de glória - Rom. 2:7,10; 5:2; 2 Cor. 4:17. A paz -
Rom. 2:10. A salvação, a salvação eterna - Heb. 5:9”. Veja Hitto, Bibl. Encycl.
Segundo Rom. 8:19-23; 2 Ped. 3:5-13; Apoc. 21:1, parece provável que, depois
da destruição geral da forma atual do mundo, por meio do fogo, que
acompanhará o Juízo, este mundo será reconstituído e adaptado gloriosamente
para ser a morada permanente de Cristo e Sua Igreja. Assim como haverá um
“corpo espiritual”, talvez haja, no mesmo sentido,
um mundo espiritual, isto é, um mundo adaptado para ser o teatro dos espíritos
glorificados dos santos aperfeiçoados. Assim como a natureza foi amaldiçoada
por causa do homem, e a criatura está, por culpa dele, “sujeita à vaidade”, pode
ser que elas também tenham parte com ele em sua redenção e exaltação. Veja
Typology, Parte 2, Cap. 2, Sec. 7, de Fairbairn.
moral que a esperança do céu deveria ter sobre o nosso coração e a nossa vida,
tornando vagas as idéias que formarmos sobre ele e, por conseguinte, distante e
fraca a nossa simpatia por suas características. Para evitarmos tanto um como o
outro extremo, é necessário que fixemos os limites dentro dos quais devem
conter-se as nossas idéias sobre a existência futura dos santos, distinguindo entre
aqueles elementos da natureza do homem e das suas relações com Deus e com os
outros homens, que são essenciais e imutáveis, e aqueles que terão que
ser modificados para que se torne perfeita a sua natureza em
suas relações. ... : l.-^íi>
CONSIDEREMOS: ; -, O.:
2o. Os seguintes elementos são essenciais, e por isso imutáveis: (1) O homem
continuará a existir sempre como composto de duas naturezas, espiritual e
material. (2) Ele é essencialmente intelectual, e necessariamente vive pelo
conhecimento. (3) É também essencialmente ativo, e é necessário que tenha
alguma coisa para fazer. (4) O homem, como criatura que é, só pode conhecer a
Deus indiretamente, isto é, por meio de Suas obras de criação e providência, da
experiência da Sua obra de graça em nossos corações, e por meio de Seu
Filho encarnado, que é a imagem da Sua Pessoa e a plenitude da Deidade,
corporalmente. Segue-se que no céu Deus continuará a ensinar os homens por
meio de Suas obras, e a operar neles por meio de motivos dirigidos à sua vontade
mediante a sua inteligência. (5) A memória do homem nunca perde para sempre
nem a mais leve impressão, e será parte da perfeição
Como lugar, é às vezes designada literalmente por ades, hades, e às vezes por
géena; ambas as palavras são traduzidas por inferno - Mat. 5:22,29,30; Luc.
16:23 (VA). Também pela frase “lugar de tormentos” - Luc. 16:28. Como
condição de sofrimento, é designada pelas frases “ira de Deus”, Rom. 2:5,
e “segunda morte”, Apoc. 21:8.
Expressões figuradas: Fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos - Mat.
25:41. “Para o inferno, para o fogo que nunca se apaga; onde o seu bicho não
morre, e o fogo nunca se apaga” - Mar. 9:44. O lago que arde com fogo e
enxofre -Apoc. 21:8. O abismo - Apoc. 9:2. A natureza terrível dessa morada dos
maus é revelada por expressões como “trevas
exteriores”, o lugar onde há “choro e ranger de dentes”, Mat. 8:12; “estou
atormentado nesta chama”, Luc. 16:24; “fogo que nunca se apaga”, Luc. 3:17;“
fornalha de fogo”, Mat. 13:42; “a negrura das trevas”, Judas, vers. 13;
“atormentado com fogo e enxofre”, Apoc. 14:10; “o fumo do seu tormento sobe
para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite”, Apoc. 14:11 -
Bib. Ency., de Kitto. ■ :
Io. Na perda de todo o bem, quer natural, concedido por intermédio de Adão,
quer resultante da graça, oferecido por Cristo.
Io. A língua grega não possui termos mais enfáticos que esses para exprimir a
idéia de duração sem fim.
2o. Posto que sejam empregados às vezes no Novo Testamento para designar
uma duração limitada, todavia, na maioria imensa dos casos, evidentemente
designam duração ilimitada.
3o São empregados para exprimir a duração sem fim de Deus. (1) A palavramon
é assim empregada em 1 Tim. 1:17, e é aplicada a Cristo em Apoc.l: 18. (2) A
palavraaiónios é assim empregada em Rom. 16:26, e aplicada ao Espírito Santo -
Heb. 9:14.
4o. Ambos os termos são empregados para exprimir a duração sem fim da
felicidade futura dos santos. (1)0 vocábulo aión é assim empregado em João
6:57,58; 2 Cor. 9:9. (2) O vocábulo aiónios é assim empregado em Mat. 19:29;
Mar. 10:30; João 3:15; Rom. 2:7.
8. Qual a prova que a favor da verdade sobre este assunto é fornecida pelo uso
da palavra aídios no Novo Testamento?
Ia. Não há nada nas Escrituras que, mesmo de longe, sugira a idéia de que os
sofrimentos dos perdidos terão fim.
10. Qual a suposição provável que sobre este assunto oferecem a razão e a
experiência?
As Escrituras nos ensinam - (1) Que o homem está morto no pecado e que é
moralmente impotente. (2) Que o arrependimento e a fé são operados na alma
pelo Espírito Santo. A experiência nos ensina que, como deveres, o
arrependimento e a fé são coisas muito difíceis, mesmo nas condições
mais favoráveis. A razão e a experiência juntas nos ensinam que, quanto mais
tempo uma pessoa vive, tanto mais difíceis e raros se tornam o arrependimento e
a fé, e tanto mais defmidamente fixos se tornam o seu caráter moral e os seus
costumes. Daí:
10. As condições mais favoráveis possíveis são aquelas em que estamos nesta
vida, isto é, juventude, caráter ainda imaturo, a Palavra, o Espírito Santo, a
providência de Deus e a Igreja Cristã. Demonstrações sobrenaturais e penas
purgatoriais não teriam efeito moral igual ao das condições que acabamos
de mencionar. “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão,
ainda que algum dos mortos ressuscite” - Luc. 16:31.
2o. A lei dos hábitos e do caráter moral fixo conduz à conclusão de que a
esperança de uma mudança favorável não pode deixar de diminuir rapidamente,
à medida que se adie o arrependimento.
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11. Quais as duas teorias que sobre esta questão têm sido sustentadas por
diversas pessoas, em oposição à fé proclamada por toda a Igreja Cristã e ao
claro ensino da Palavra de Deus?
(2) Naquilo que eles chamam intuição moral de que um castigo eterno seria
indigno de Deus. ■>
12. Quais as objeções que, derivadas da justiça de Deus, se fazem contra esta
doutrina?
A justiça de Deus exige - (1) Que ninguém padeça por aquilo pelo que não é
responsável. (2) Que o castigo esteja em todos os casos à medida exata da culpa
de quem o sofre.
2o. Nenhum pecado de uma criatura finita pode merecer uma pena infinita; mas
um castigo sem fim é uma pena infinita.
3o. O infinito não admite graus, todavia a culpa dos diversos pecadores é maior
ou menor. i r-;-; ,* . .
4o. A diferença moral entre o pior santo salvo e o melhor pecador perdido pode
ser imperceptível, e, no entanto, a diferença dos seus destinos é infinita. - ; - -
13. Qual a objeção que, extraída da benevolência de Deus, se faz contra esta
doutrina?
Há duas reivindicações - ;
quanto está em Seu poder para promover a felicidade de Suas criaturas; e que,
como não temos nenhum direito de limitar esse poder, temos o direito de esperar
que Ele afinal proporcionará a felicidade de todos.
2o. Que as apuradas intuições dos cristãos lhes asseguram que é incompatível
com as perfeições morais de Deus,primeiro trazer à existência seres imortais sob
as condições comuns à maioria dos homens, tdepois condená-los a uma vida
posterior de miséria eterna.
Com base em Rom. 5:18,19, argumenta-se que a frase “todos os homens” tem
exata e necessariamente aplicação tão ampla numa das cláusulas como na outra.
RESPONDEMOS-
Io. Que a frase “todos os homens” é muitas vezes utilizada nas Escrituras em
passagens em que o contexto lhe limita necessariamente o sentido. - João 3:26;
12:32.
3o. Este contraste entre “todos os homens” que estiveram em Adão e “todos os
homens” que estão em Cristo está em harmonia com a analogia de todo o
evangelho.
Io. Que essa é uma interpretação forçada dessas palavras, que não é sua
interpretação necessária ou obrigatória, e que é
2o. Que ela é incompatível com o escopo do assunto de que o apóstolo trata
nessa passagem. Ele declara que desde a eternidade até à ascensão Deus reinou
absolutamente. Da ascensão até à restauração de todas as coisas, Deus reina
na Pessoa do Deus-homem como Mediador. Da restauração até à eternidade,
Deus tornará a reinar como Deus absoluto.
15. Quais as opiniões que sobre este assunto têm prevalecido entre os
arminianos extremistas?
Para evitarem as inferências óbvias que se poderia tirar dos fatos evidentes do
caso, alguns têm suposto que Deus talvez estenda o tempo da prova de alguns
para além da vida presente - Scot., Chnslian Life.
Limborch (Lib. 4, Cap. 11) julga provável que se salvem todos os que neste
mundo fazem bom uso da luz que têm; mas
que, se rejeitarmos esta idéia, dando preferência a crer que a bondade divina
condenaria estes (os ignorantes) ao fogo do inferno, parece que seria melhor
sustentar que, assim como há três estados para os homens neste mundo - o dos
crentes, o dos incrédulos e o dos ignorantes - assim também há de haver três
estados no mundo futuro: o da vida eterna para os fiéis, o das penas do inferno
para os incrédulos, e, além desses, o status ignorantium (o estado dos
ignorantes).
i
Os Sacramentos
Io. E derivada àtsacro, sacrare, tornar sagrado, dedicar aos deuses, ou a usos
sagrados.
2o. Em seu uso clássico significava - (1) Aquilo pelo qual uma pessoa se
obrigava a fazer alguma coisa por outra. (2) Uma soma depositada em juízo
como penhor, e que, no caso do não cumprimento das palavras estipulados no
contrato, era dedicada a usos sagrados. (3) Também um
juramento, especialmente o do soldado, de dedicar-se fielmente ao serviço da
pátria-Dictionary (Dicionário) de Ainsworth.
Ia. De Agostinho: “Signum rei saem”, ou: “Sacramentum est invisibilis gratice
visibile signum, ad nostram justificationem institutum”; “accedit verbum ad
elementum, etfit sacramentum”.
2o. A extrema largueza com que este termo tem sido empregado, tanto em
sentido próprio como palavra latina, como no sentido que se lhe tem atribuído
como o equivalente convencional da palavra grega mystérion, torna evidente
que, nem por meio da etimologia da palavra sacramentum, nem por meio do seu
uso eclesiástico, é possível chegar a uma definição acertada de uma ordenança
evangélica.
3o. O único modo próprio de formular uma definição acertada de uma classe de
ordenanças evangélicas é fazer uma comparação de tudo quanto as Escrituras
ensinam a respeito da origem, natureza e propósito das ordenanças
universalmente reconhecidas como pertencentes a essa classe,
determinando assim os elementos essenciais que são comuns a todos
os membros da referida classe, e que os distinguem como classe de todas as
demais ordenanças divinas.
Quaes. 62, Art. 5, apud Hagenbach. A verdadeira questão é, pois: haveria outras
ordenanças divinas que tenham as características essenciais que são comuns ao
Batismo e à Ceia do Senhor?
Io. A crisma, a penitência e a extrema unção não são de instituição divina, não se
fundamentando de modo algum nas Escrituras.
Io. “Um sinal exterior sensível utilizado segundo a instituição de Cristo; 2o. Uma
graça interior e espiritual por ele representada”- Cat. Maior, Perg. 163. Veja
abaixo,Apol. Conf. DeAugsh. (Hase), pag. 267. -
que era o extremo contrário à da igreja católica romana, a saber, que o sinal
simplesmente representa por símbolos apropriados e por ações simbólicas a
graça à qual ele está relacionado. Assim, os sacramentos são unicamente meios
eficazes para a apresentação objetiva da verdade simbolizada.
Cf. Conf. De Fé, Cap.27, Séc. 3, e Cap. 28, Séc.. 6, e Cat. Maior, Perg. 162.
Essa palavra vem do verbo latino exhibeo, que tinha os dois sentidos, de
comunicar e de descobrir ou revelar. E evidente que o termo exibir tem em
nossos símbolos o primeiro desses sentidos: o de comunicar, conferir.
3o. Que, como selos que assim acompanham por autoridade divina uma
promessa divina, eles realmente comunicam a graça que significam àqueles a
quem essa graça é destinada e que se acham em estado espiritual próprio para
recebê-la, “como uma chave transmite o direito de entrada, uma escritura pública
transmite uma propriedade, ou a cerimônia de casamento confere direitos
maritais”. Veja Turretino, Loc.19, Ques. 4; Conf. de Fé, Cap.27; Cat. Maior,
Pergs. 162 e 163; Caí.
de Gen., Seç. 5à.De Sacramentis-, Conf. da Igr. Francesa, Art. 34; Antiga Conf.
Escocesa, Seç. 21.
2o. Que sejam insígnias visíveis dos que pertencem à Igreja, e estabeleçam uma
diferença visível entre o mundo e os que professam seguir a Cristo - Gên. 34:14;
Êx. 12:48; Ef. 2:19 -Conf de Fé, Cap.27, Seç. 1.
O teólogo católico-romano Pedro Dens (Vol. 5, pág. 127) diz: “Para que a
celebração do sacramento seja válida, é necessário que o ministro celebrante
tenha a intenção de fazer o que a igreja faz. A intenção necessária no ministro
consiste num ato da sua vontade, pelo qual ele se determina a realizar o ato
externo com a intenção de fazer o que faz a igreja”; isto é, celebrar um
sacramento válido. A não ser assim, o ato é nulo, mesmo quando se realizam
regularmente todos os atos externos. Veja Cone. De Trento, Sess. 7, Cân. 11. Isso
deixa o participante inteiramente a mercê do ministro, por depender a validade
do ato inteiro da sua intenção secreta, vindo a ser isto uma das muitas invenções
daquela igreja anticristã para tornar o povo dependente do sacerdote.
Eles admitem que, para tornar o serviço externo em sacramento, é necessário que
seja feito com o propósito ostensivo e professo de cumprir o mandamento de
Cristo e de fazer o que Ele exige que façam os que aceitam a aliança evangélica.
14. Qual a condição que os católicos romanos afirmam ser essencial à
eficácia do sacramento, da parte do participante?
2o. Da parte dos adultos, a única condição é que eles não se lhe oponham com
incredulidade absoluta ou com resistência da vontade (non ponentibus obicem).
Sendo a fé e o arrependimento possíveis à alma não regenerada, eles são também
exigidos como necessários para produzir o efeito do batismo (Cat. Rom., Parte 2,
Cap. 2, Perg. 39). Belarmino, De Sacram., 2,1, diz que a vontade de ser batizado,
a fé e o arrependimento são disposições necessárias para tornar o
sacramento capaz de produzir seus efeitos, exatamente como estar seca a lenha é
a condição para o fogo poder queimá-la, mas nunca é a causa do fogo. :
sacramentos? ■ ■ o
Que os sacramentos não têm o poder de comunicar graça a todos, quer estejam,
quer não estejam incluídos na aliança da graça, e quer possuam, quer não
possuam fé, é certo, porque -
Io. São selos da aliança evangélica (veja abaixo, Perg. 20). Mas um selo só
ratifica uma aliança como aliança. Pode comunicar a graça prometida somente
na suposição de se
4o. Muitos que recebem os sacramentos estão notoriamente sem a graça que eles
significam. Atente-se para o caso de Simão, o mago, Atos 8:9-21, e para os de
muitos dos coríntios e dos gálatas, e para a maioria dos cristãos nominais do
tempo atuai.
5o. Muitos têm tido a graça sem os sacramentos. Disso dão testemunho os casos
de Abraão, do ladrão na cruz, de Cornélio, o centurião, e de uma multidão de
cristãos proeminentes entre os quacres.
8o. O efeito uniforme desse sistema tem sido o de aumentar o poder dos
sacerdotes e de confundir todo o conhecimento a respeito da natureza da religião
verdadeira. Como os batizados nem sempre e geralmente não produzem de fato
os frutos do Espírito, todos os ritualistas concordam em não considerar
esses frutos como essenciais para a salvação. Onde prevalece esse sistema,
morre a piedade.
2o. Eles sustentam que a sua eficácia em conferir graça reside nos sacramentos
intrinsecamente.
4o. Mas a graça comunicada só tem efeito naqueles que têm verdadeira fé para
recebê-la. Como o poder para curar residia em Cristo, quer a mulher tocasse
nEle quer não tocasse (Mat. 9:20); todavia, esse poder não teria sido aproveitado
pela mulher se ela não tivesse crido e tocado.
5o. Eles sustentam que esta eficácia não reside no sinal nem na cerimônia, e sim
na Palavra que acompanha o sinal e o constitui sacramento. A eficácia não é
devida ao simples poder moral da verdade, nem à fé do participante, mas é
sobrenatural, residindo no poder do Espírito Santo; não porém no poder do
Espírito Santo extrinsecamente à verdade, entretanto residindo na verdade e
permanecendo inseparável dela - virtus Spiritus Sancti intrinsicus accedens. Veja
Conservative Reformation, de Krauth, págs. 825-830.
19. Como se pode expor a doutrina das igrejas reformadas sobre este assunto?
Quanto à doutrina sobre a relação do sinal com a graça significada ou
simbolizada, veja acima, Perg. 9.
3o. Que sua eficácia não vem de um mero poder moral da verdade que
simbolizam.
5o. Mas isso eles fazem instrumentalmente, porque a eficácia sobrenatural não é
devida a eles, nem a quem os administra, e sim ao Espírito Santo que, como
operador livre e pessoal, serve-Se deles soberanamente para fazer a Sua vontade
(virtus Spiritus Sancti extrinsicus accedens).
6o. Que, como selos da aliança da graça, eles comunicam e confirmam graça
àqueles a quem ela pertence, isto é, àqueles que estão dentro daquela aliança, e,
no caso dos adultos, somente mediante uma fé viva.
Io. Que os sacramentos não somente são sinais da graça de Cristo, mas também
são selos da aliança evangélica, oferecendo-nos aquela graça sob a condição de
termos fé, “é evidenciado pelo fato de que Paulo diz que a circuncisão foi o selo
da justiça da fé” - Rom. 4:11. E que o apóstolo pensava do mesmo modo a
respeito do batismo torna-se evidente de Colossenses, 2:11. Com referência à
Ceia do Senhor, o Salvador disse: “Este cálice é o Novo Testamento no meu
sangue”, isto é, a nova aliança foi ratificada por Seu sangue. O cálice desse
sangue é o memorial instituído por Cristo e é, por conseguinte, o memorial e
também a confirmação da própria aliança... O evangelho nos é apresentado sob a
forma de uma aliança. Os sacramentos são os selos dessa aliança. Deus, por sua
instituição, obriga-Se ao cumprimento das Suas promessas; Seu povo,
recebendo-os, obriga-se a confiar nEle e a servi-lO. Esta idéia está incluída na
representação dada na fórmula do batismo (Rom. 6:3,4) e em todas as passagens
em que se diz que a participação nas ordenanças cristãs inclui a profissão do
evangelho”.
2o. Como selos afixados à aliança, segue-se que realmente transmitem a graça
significada, como forma legal de investidura, àqueles a quem ela pertence -
segundo os termos da aliança. Assim como se diz que os títulos de uma
propriedade, quando assinados e selados, transmitem a propriedade que
eles representam, por serem eles a forma legal pela qual a intenção do
proprietário original fica expressa publicamente e ratificado o seu ato. E por esse
motivo que nas Escrituras, como também na linguagem geral, os nomes e os
atributos das graças seladas são atribuídos aos sacramentos pelos quais eles são
selados e transmitidos aos seus legítimos possuidores -Conf. de Fé, Cap. 27, Seç.
2. Diz-se que os sacramentos (as ordenanças) lavam-nos do pecado, que nos
unem a Cristo, que nos salvam, etc. - Atos 2:38; 22:16; Rom. 6:2,6; 1 Cor.
10:16; 12:13; Gál. 3:27; Tit. 3:5-0 Caminho da Vida, Dr. Hodge.
21. Qual a doutrina mantida pelos católicos romanos quanto ú necessidade dos
sacramentos?
Os romanistas distinguem -
Io. Entre uma condição absolutamente necessária para alcançar um fim, e uma
que só é muito conveniente e ajuda muito em sua consecução.
2o. Entre a necessidade que pertence a meios essenciais, e aquela obrigação que
vem de um mandamento positivo de Deus. De conformidade com isso, eles
sustentam que os diversos sacramentos são necessários em sentidos diferentes.
2o. Que, não obstante isso, a graça oferecida na aliança evangélica não reside
fisicamente nesses sacramentos, nem está ligada inseparavelmente a eles, de
modo que, posto que sejam obrigatórios como deveres, e ajudem muito como
meios aos que estão preparados para recebê-los, todavia não são em sentido
algum os meios essenciais sem os quais seria impossível alcançar a salvação.
Isso fica provado pelos argumentos apresentados acima, sob a Perg. 16.
3o. A “intenção” verdadeira, o propósito sério de fazer aquilo que Cristo mandou
fazer quando instituiu o rito.
verdadeira ninguém que não creia na deidade suprema de Cristo, no Seu ofício
como Redentor e na personalidade do Hspírito Santo. Por isso a Assembléia
Geral, em 1814 (Moore’s Digest, pág. 660) decidiu: “É opinião decidida e
unânime desta Assembléia que os que renunciam às doutrinas fundamentais da
Trindade e negam que Jesus Cristo é o mesmo em substância e igual em poder e
glória ao Pai, não podem ser reconhecidos como ministros do evangelho, e que
as suas ministrações (batismo etc.) não são válidas”. Todas as igrejas concordam
que “a eficácia de um sacramento não depende da piedade de quem o
administra” -Conf. de Fé, Cap. 27, § 3; Cone. de Trento, Sess.7, Cân. 11. E a
Conf. Gálica, Art. 28, expõe a opinião e a prática comuns de todas as igrejas
protestantes com respeito ao batismo católico romano: “Não obstante isso,
permanecendo ainda no romanismo alguns vestígios da verdadeira Igreja, e
especialmente a substância do batismo, cuja eficácia não depende de quem o
administre, reconhecemos que os que foram batizados por eles não precisam ser
rebatizados, embora, por causa da corrupção contagiosa, ninguém possa oferecer
seus filhos para serem por eles batizados sem que também quem o fizer
se contamine”.
Cone. de Trento, Sess. 7, “De Sacramentis”, Cân. 1: “Se alguém disser que os
sacramentos da nova lei não foram todos instituídos por Jesus Cristo, Senhor
nosso, ou que são mais ou menos do que sete, a saber: Batismo, Confirmação,
Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio; ou que algum
desses sete sacramentos não é verdadeira e propriamente sacramento; seja
anátema”.
Cân. 4 - “Se alguém disser que os sacramentos da nova lei não são necessários
para a salvação, mas (são) supérfluos; e que sem eles, e sem o desejo deles, só
pela fé os homens alcançam de Deus a graça da justificação; ainda que
nem todos sejam necessários a cada um; seja anátema”.
Cân. 6 - “Se alguém disser que os sacramentos da nova lei não encerram a graça
que significam, ou que não conferem a mesma graça aos que lhes não põem
óbice; e que só são sinais externos da graça, ou justiça, que se recebe pela fé, e
certos sinais da profissão cristã, com que entre
Cân. 8 - “Se alguém disser que pelos mesmos sacramentos da nova lei não se
confere graça ex opere operato, mas que a fé na divina promessa somente basta
para conseguir a graça; seja anátema”.
Cân. 9 - “Se alguém disser que por estes três sacramentos, a saber, Batismo,
Confirmação e Ordem, não se imprime caráter na alma; isto é, um sinal
espiritual e indelével, pelo que eles não podem ser repetidos; seja anátema”.
Cân. 11 - “Se alguém disser que dos ministros, quando celebram e conferem
sacramentos, não se requer ao menos a intenção de fazer o que a igreja faz; seja
anátema”.
são necessários para efetuar a ação sacramental propriamente dita, que depois
opera imediatamente... Vontade, fé e arrependimento são necessariamente
exigidos como disposições do adulto que receber um sacramento, não como
causas ativas, porque nem mesmo a fé, nem o arrependimento, podem efetuar
graça sacramental, nem dar eficácia aos sacramentos, mas só (podem) tirar
os obstáculos que impediriam os sacramentos de exercerem a sua própria
eficácia; por conseguinte, no caso das crianças, não sendo exigida delas
disposição, a justificação se efetua sem essas coisas. Se, para queimar lenha,
seca-se primeiro a lenha, tira-se depois fogo da pederneira, aplica-se em seguida
o fogo à lenha, dando então em resultado a combustão, ninguém diria que a
causa imediata da combustão é, ou a sequidão, ou o ato de tirar o fogo
da pederneira, ou sua aplicação à lenha, e sim que a causa primária é só o fogo, e
a causa instrumental só o aquecimento”.
Apol. da Conf. de Augsb., Pág. 267: “E por haver duas coisas num sacramento, o
sinal e a palavra; esta é a promessa do Novo Testamento de remissão do
pecado... e a cerimônia é como que uma representação pictórica da Palavra, ou
como um selo pondo em distinção a promessa. Por isso, assim como a promessa
será inoperante se não for aceita com fé, assim também a cerimônia não
produzirá efeito se não houver fé. E assim como a Palavra foi dada para
estimular a fé, assim também o sacramento foi instituído para que essa
representação, sendo percebida, mova o coração levando-o a crer”.
Ib., pág. 203 - “Condenamos toda a classe de doutores escolásticos que ensinam
que os sacramentos conferem graça ex opere operato a quem não lhes oponha
obstáculos,
Art. de Esmalcalda, Part. 3, Cap. 8: “E, quanto às coisas que dizem respeito à
Palavra falada ou externa, deve-se manter firmemente que Deus não concede a
ninguém o Seu Espírito ou a Sua graça, a não ser por meio da Palavra e com a
Palavra externa precedendo... Portanto, é necessário que perseveremos nisso
constantemente, porque Deus não quer tratar conosco por outro modo que não
seja pela Palavra falada e pelos sacramentos (ordenanças), e porque tudo aquilo
de que as pessoas se gabem como sendo do Espírito sem a Palavra e os
sacramentos, é o próprio diabo”.
Cat. de Heidelberg, Perg. 66: “Os sacramentos são sinais visíveis e santos
estabelecidos por Deus, para que, por meio do seu uso, a promessa do evangelho
se nos torne mais clara e seja selada; a saber, que Deus, por amor da
oblação única de Cristo, dá-nos o perdão dos pecados e a vida eterna”.
Os Trinta e Nove Artigos, Art. 25: “Os sacramentos instituídos por Cristo não
são unicamente designações ou indícios da profissão (de fé) dos cristãos, mas,
antes, são testemunhos firmes e certos, e sinais eficazes da graça e da boa
vontade de Deus para conosco, pelos quais Ele age invisivelmente em nós, e não
somente vivifica, porém também fortalece e confirma a nossa fé nEle. ...é
somente nas pessoas que os recebem dignamente que produzem saudável efeito
ou ação; todavia os que os recebem indig-namente adquirem para si mesmos
condenação, como diz o apóstolo Paulo”.
Conf. de Fé, de Westminster, Cap. 27; Cat. Maior, Pergs. 161-168; Breve Cat.,
Pergs. 91-93. Veja acima, Perg. 2.
Termo empregado nos textos em inglês. Na Perg. 162 do Cat. Maior, e.g., temos
em português o verbo “conferir” em lugar de “exibir”. Nota de
Odayr Olivetti. . 1 . ' -. r ■
O Batismo: Natureza, Propósito, Objetos, Modo, Eficácia e
Necessidade
1. Como expor os fatos que dizem respeito ao costume que existia entre os
judeus e as nações gentílicas antes da vinda de Cristo, de lavar com água como
símbolo de purificação espiritual?
Nenhum outro símbolo religioso é tão natural e óbvio, e nenhum outro tem sido
empregado tão universalmente. Indícios claros nos ensinam que esse costume
existia entre os discípulos de Zoroastro, os brâmanes, os egípcios, os
romanos, os gregos e especialmente entre os judeus. No tabernáculo original,
cujo modelo Deus mostrou a Moisés no monte, achava-se uma grande bacia,
colocada entre o altar sobre o qual se fazia expiação pelo pecado, e o tabernáculo
do testemunho, e ali os sacerdotes deviam lavar-se sempre, antes de entrarem na
presença de Deus - Êx. 30:18-21. Este simbolismo entranhou-se em sua língua e
em seu culto religioso, Sal. 26:6; Heb. 9:10, e no tempo de Cristo entrou em
todos os detalhes da vida secular - Mar. 7:3,4.
Portanto, a lavagem religiosa do corpo com água já estava pronta para ser
empregada como símbolo por João Batista e pelos discípulos do nosso Senhor.
O Concilio de Trento (Sess. 7, “De Baptismo”, Cân. 1) decidiu que, “Se alguém
disser que o batismo de João Batista teve a mesma eficácia que o batismo de
Cristo, seja anátema”. Por motivos controversiais, muitos protestantes,
principalmente os das escolas de Zwínglio e de Calvino, tomaram partido
contrário e decidiram que os dois eram idênticos (.Institutas, Livro 4, Cap. 15 §§
7-18; Turretino,Instit., Loc. 19, Qutes. 16).
3o. A igreja judaica ainda ficava em sua forma antiga. A Igreja Cristã, como tal,
ainda não existia. João pregava, “é chegado o reino dos céus”, Mat. 3:2, mas ele
não reuniu nem selou, por meio do batismo, súditos desse reino numa sociedade
visível e separada.
5o. Alguns dos que foram batizados por ele foram rebatizados pelo apóstolo
Paulo - Atos 18:24-19:7.
Até ao tempo da Sua morte, Cristo, como também o havia feito João,
conformou-se aos usos e ensinou as doutrinas da dispensação judaica. Sua
crucificação e Sua ressurreição demarcam a real transição da antiga dispensação
para a nova. A natureza do Seu reino e a Sua própria deidade, e por isso a
Cremos, pois, que o batismo ministrado pelos discípulos de Cristo antes da Sua
crucifixão foi, como o de João, simplesmente um rito preparatório e purificador,
obrigando ao arrependimento.
perpétua? r
Isso tem sido negado pelos socinianos por motivos racionalistas, e pelos quacres
(Barclay, Apol. Prop., 12, com. § 6), em razão de uma falsa espiritualidade, e por
alguns partidos de anti-batistas (ou anabatistas), que sustentam que o batismo foi
instituído para a iniciação na Igreja dos que estão fora dela, e, por isso, não
deveria ser aplicado aos que nasceram dentro dela, em comunidades cristãs já
estabelecidas.
Que foi instituído com o fim de ser observado em toda parte e sempre deixam-no
claro -
Io. O mandamento dado nas palavras da sua instituição: (1) “todas as nações”, e
(2) “todos os dias, até à consumação dos séculos”.
2o. Os preceitos e a prática dos apóstolos - Atos 2:38; 10:47; 16:33, etc.
4o. A prática uniforme da Igreja, toda ela, em todos os seus ramos, desde o
princípio.
Conf. de Fé, Cap. 28; Cal. Maior, Perg. 165; Breve Cat.,
Perg. 94.
3o. E feito com o propósito de significar e selar “a nossa união com Cristo, a
participação das bênçãos do pacto da graça, e a promessa de pertencermos ao
Senhor”.
Io. Porque o mandamento não prescreve nenhum modo especial. Veja abaixo,
Pergs. 12-21.
Para a validade do sacramento, é essencial que seja ministrado “em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo”. Isso é certo - Io. Porque está incluído no
mandamento - Mat. 28:19. 2o. Pela significação do rito. Além de ser um
símbolo de purificação, é também, essencialmente, o rito de iniciação na Igreja
Cristã, uma ordenança com força de aliança, em que
o batizando reconhece seus deveres para com Deus e promete ser-lhe fiel
naquele caráter e naquelas relações em que Ele Se nos tem revelado nas
Escrituras. A fórmula do batismo é, pois, uma resumida exposição de toda a
doutrina bíblica do Deus Triúno (Yavé), como Lhe aprouve revelar-Se a nós, e
em todas as relações que cada uma das Pessoas da Trindade, por Sua graça,
mantém com o crente, no plano da redenção. Por isso é nulo o batismo de todas
as seitas que rejeitam a doutrina bíblica da Trindade.
As frases que dizem batizar “em nome de Jesus Cristo”, ou “em nome do
Senhor”, ou “em nome do Senhor Jesus”, Atos 2:38; 10:48; 19:5, não
apresentam a fórmula de palavras empregada pelos apóstolos na administração
deste sacramento, mas são empregadas simplesmente para designar o
batismo cristão em distinção ao de João, ou para indicar o efeito uniforme
daquela graça espiritual que o batismo simboliza, a saber, a união com Cristo -
Gál. 3:27.
9. Qual a significação da fórmula com a qual se batiza “em” ou “no nome de
alguém”?
Ser batizado “em nome de Paulo”, 1 Cor. 1:13, ou “em Moisés” (i Moyse,
segundo a Vulgata*), 1 Cor. 10:2, é, da parte do batizado, tornar-se discípulo
crente e obediente de Paulo ou de Moisés, objetos do seu cuidado e participantes
de quaisquer bênçãos que eles possam conceder. Sermos batizados em nome da
Trindade (Mat. 28:19), ou “em nome do Senhor Jesus”, Atos 19:5, ou “em Jesus
Cristo”, Rom. 6:3, é sermos unidos a Cristo, ou à Trindade, por Cristo, por meio
do batismo, ou, antes, pela graça da qual o batismo cerimonial é símbolo, como
Seus discípulos, crentes em Sua doutrina, herdeiros de Suas promessas, e
participantes de Sua vida espiritual.
2o. Tem por propósito, em segundo lugar: (1) Ser uma insígnia visível do nosso
voto de pertencermos ao Senhor, isto é, de aceitarmos a Sua salvação e de nos
dedicarmos a Seu serviço. (2) E, por isso, ser uma insígnia da nossa
profissão pública, da nossa separação do mundo e da nossa iniciação na Igreja
Visível. Como insígnia, assinala-nos como pertencentes ao Senhor e, por
conseguinte, (a) o batismo nos distingue do mundo, e (b) simboliza a nossa
união com os cristãos, nossos irmãos.
“da água e do Espírito”, João 3:5, isto é, que somos regenerados pelo Espírito
Santo, regeneração da qual o batismo com água é o emblema; e que somos
“batizados em um só Espírito em um corpo”,1 isto é, que somos batizados no
corpo espiritual de Cristo, 1 Cor. 12:13; que somos “batizados em Cristo”,
de modo que nos revestimos de Cristo, Gál. 3:27; e que somos “batizados na sua
morte (de Cristo)” e “sepultados com ele pelo batismo na morte”,2 para que
“andemos nós também em novidade de vida”, Rom. 6:3,4, porque o sacramento
do batismo é o emblema daquela regeneração espiritual que nos une a Cristo
tanto federal como espiritualmente, de modo que temos parte com Ele tanto em
Sua vida como em Sua morte, e que, assim como Ele morreu para o pecado
como sacrifício, assim também nós morremos para o pecado, deixando o
pecado de ser o princípio diretor da nossa vida; e assim como Ele ressuscitou
para tornar a assumir Sua vida natural, nós ressurgimos para tomar posse e para
o exercício de uma nova vida espiritual.
obra, diz: “A imersão do corpo inteiro é essencial ao batismo, não porque nada
senão a imersão possa ser emblema da purificação, mas sim porque a imersão é
o que Cristo nos manda fazer, e porque sem a imersão não há emblema da morte,
sepultamento e ressurreição, que estão no emblema juntamente com a
purificação”. Ele fundamenta a sua asserção de que o sinal externo do
sacramento do batismo haveria de ser o emblema da morte, sepultamento e
ressurreição do crente em união com Cristo, em Rom. 6:3,4 e em Col. 2:12.
Impugnamos essa interpretação -
Io. Em nenhuma das passagens citadas diz Paulo que o nosso batismo na água é
o emblema do nosso sepultamento com Cristo. Ele está falando evidentemente
do batismo espiritual do qual o com água é o emblema; e é este
batismo espiritual que nos faz morrer para o pecado e viver para a santidade, e
nesta morte e vida nova ficamos conformados à morte e ressurreição de Cristo.
O que a Palavra de Deus diz é que somos “batizados em Cristo”, que é obra
realizada pelo Espírito Santo, e não “no” ou “em nome de Cristo”, que é a frase
empregada sempre que se fala do batismo cerimonial. -Mat. 28:.19: Atos 2:38;
19:5.
2o. Ser “batizado na sua morte” (Rom. 6:3) é frase perfeita-mente análoga a ser
batizado “no arrependimento” (Mat. 3:11, - ARA, veja margem inferior; in
pcenitentiamy Vulgata); “na remissão dos pecados” (Mar. 1:4; veja a Vulgata e
Mat. 3:11, margem inferior), “em um corpo” ou “num só corpo”, 1 Cor. 12:13,
isto é, para que, ou para o efeito de que participemos dos benefícios da Sua
morte.
3o. A interpretação dos batistas envolve uma completa confusão com respeito ao
emblema. Quererão eles acaso dizer que o sinal externo da imersão é emblema
da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, ou da morte, sepultamento
e ressurreição espirituais do crente? Mas o apóstolo, nas passagens citadas,
evidentemente não faz comparação entre o nosso batismo e a morte,
sepultamento e ressurreição de Cristo,
6o. A nossa união com Cristo por obra do Espírito, e suas conseqüências
espirituais, acham-se representadas nas Escrituras por meio de muitas figuras,
como sejam - a substituição do coração de pedra por um de carne, Ez. 36:26; a
edificação de uma casa, Ef. 2:22; a enxertia de um ramo numa videira, João
15:5; o despir-se da roupa suja e vestir-se de roupa limpa, Ef. 4:22-24; uma
morte, sepultamento e ressurreição espirituais, e o ser plantado à semelhança da
morte de Cristo, Rom. 6:3-5; e a aplicação ao corpo de um elemento purificador,
Ez. 36:25. Ora, o batismo com água representa todas estas coisas, porque é o
emblema de purificação espiritual, da qual todas essas figuras são ilustrações
analógicas. Por isso nos é dito que somos “batizados em um corpo”, 1 Cor.
12:13, e que pelo batismo nos revestimos de Cristo, Gál. 3:27. Ao mesmo tempo,
seria um absurdo ter o batismo com água como emblema literal de tudo isso, e os
nossos irmãos batistas não têm nenhuma base bíblica para a asserção de que o
sinal externo deste sacramento é um emblema de uma das analogias mais do que
da outra. Veja Doctrine ofBaptisms, Parte 2, Cap. 2, do Dr. Armstrong.
O MODO DE BATIZAR
12. Quais são as palavras empregadas no idioma original das Escrituras para
transmitir o mandamento para ministração do batismo?
Além desses dois verbos, temos os substantivos derivados da mesma raiz e tendo
o mesmo uso,báptisma, que se encontra vinte e duas vezes e é traduzido batismo,
e baptismos, quatro vezes, traduzido batismos em Heb. 6:2, lavar em Mar.
7:4,8,4 e em Heb. 9:10 (sempre no plural).
A única questão de que temos que tratar é o uso bíblico dessas palavras, porque é
princípio importante e reconhecido universalmente que muitas vezes há grande
diferença entre os usos bíblico e clássico da mesma palavra.
Este efeito é devido à influência de três causas. VejaBap-tism, its Modes and
Subjects, por Dr. Alex. Carson; Meaning and Use of the Word Baptizein
(.Baptízo), pelo Rev. Dr. Conant; e Classic, Judaic, Johannic and Christian
Baptism, por Rev. James
Ia. As principais obras clássicas foram escritas no dialeto ático. Mas a língua em
geral usada pelos povos que falavam grego no começo da era cristã era o dialeto
comum ou helênico do grego do tempo de Cristo, que resultou da fusão dos
diversos dialetos que existiam anteriormente. ■ *
2a. O idioma utilizado pelos escritores do Novo Testamento veio a ser mais
modificado ainda por estes fatos: sua língua vernácula era uma forma do
hebraico - o siro-caldaico (ou ara-maico); o uso constante que fizeram da
tradução das Escrituras hebraicas para o grego, a Septuaginta, influiu muito em
seu modo de falar e escrever em grego, particularmente quando tratavam de
assuntos religiosos; e, no próprio ato de comporem o Novo Testamento, eles
estavam ocupados na exposição de idéias religiosas, e na inauguração de
instituições religiosas que tiveram seus tipos e símbolos na velha díspensação,
como essa se achava revelada na língua sagrada das Escrituras hebraicas.
13. Qual a posição das igrejas batistas com respeito ao significado da palavra
bíblica baptízo, e por quais argumentos elas procuram provar que a imersão é o
único modo válido de ministrar o batismo?
“...ela significa sempre imergir, e nunca exprime outra coisa senão o modo” -
Carson, on Baptism, pág. 55. Quanto à essa afirmação ele confessa: “Tenho
contra mim TODOS os lexicógrafos e comentadores”. Os batistas insistem,
portanto, em traduzir sempre as palavras baptízo e báptisma pelas
palavras imergir e imersão.
14. Qual a posição mantida sobre este ponto por todos os demais cristãos?
Io. É costume estabelecido pelo uso bíblico atribuir aos sinais as coisas
sacramentais que esses sinais significam ou simbolizam; e, por outro lado,
empregar o nome do sinal para designar a graça significada. É assim que, em
Gên. 17:11,13, a circuncisão é chamada pacto ou aliança; em Mat. 26:26-
28, Cristo chama o pão Seu corpo, e o vinho Seu sangue; e em Tit. 3:5 (segundo
o grego e a Vulgata), o batismo é chamado “lavagem da regeneração” (como
ARC). E assim também as palavras BATIZAR e BATISMO muitas vezes são
empregadas para designar aquela obra efetuada na regeneração pelo Espírito
Santo da qual o batismo com água é o sinal significativo ou simbólico -Mat.
3:11; 1 Cor. 12:13; Gál. 3:27; Deut. 30:6. Segue-se, pois, que essas palavras
muitas vezes são empregadas em sentido espiritual.
2o. Quando essas palavras se referem ao batismo cerimonial, ou ao sinal que
representa a coisa significada, elas
Dos argumentos dos batistas expostos sob a Perg. 13 dei resposta ao segundo sob
a Perg. 11; ao primeiro e ao terceiro darei resposta em seguida. . .. . .. . . . .
■ -------
15. Como se pode provar, por seu uso bíblico, que as palavras baptízo e
báptisma não significam imersão e sim LAVAGEM para significar
PURIFICAÇÃO, sem referência alguma ao modo?
2o. A questão agitada entre alguns dos discípulos de João e os judeus, João 3:22-
30; 4:1-3, a respeito do batismo era acerca da purificação, peri katharismoü.
3o. Mat. 15:2; Mar. 7:1-5; Luc. 11:37-39- Nessas passagens a palavra baptízo é
empregada (1) para designar o costumeiro ato de lavar as mãos antes das
refeições, para limpá-las (ou purificá-las), e se fazia habitualmente derramando
água sobre elas, 2 Reis 3:11. (2) É trocada pela palavra nípto, que
sempre significa um lavar parcial. (3) Declara-se que o seu efeito era purificar,
katharizein. (4) As mãos batizadas, ou lavadas, acham-se opostas às imundas ou
impuras, koinais.
16. Que argumento a favor deste modo de considerar o assunto se pode tirar
daquilo que a Bíblia diz do batismo com o Espírito Santo?
Mat. 3:11; Mar. 1:8; Luc. 3:16; João 1:26,33; Atos 1:5; 11:16; 1 Cor. 12:13.
aplicável ao uso figurado que nessas passagens se faz dela. Mas se, como nós
dizemos, ela significa purificar, limpar, então o batismo com água, como um ato
de lavar, porém nunca como uma imersão, pode bem representar a obra
purificadora realizada pelo Espírito Santo. Veja a Perg. subseqüente.
18. Que argumento se pode tirar do modo de purificação adotado sob o Velho
Testamento?
19. Como se pode mostrar, com base em 1 Coríntios 10:1,2 e 1 Pedro 3:20,21,
que batizar {nessaspassagens) não quer dizer imergir?
20. A respeito do verdadeiro modo de batizar, que argumento se pode tirar das
narrativas dos batismos feitos por João?
Io. O batismo de João não era o sacramento (a ordenança) cristão, mas sim um
rito de purificação, administrado por um judeu a judeus, sob a lei judaica. Disso
inferimos (1) que esse batismo não foi praticado por imersão, porque não se
efetuava a purificação levítica de pessoas desse modo; (2) que, não obstante, era
preciso, para o fim em vista, ou de um rio de água corrente, como o Jordão, ou
de muita água, como em Enom, que significa “fontes”, porque, segundo essa lei,
tudo o
que uma pessoa tocasse antes da sua purificação tornava-se imundo, Núm.
19:21,22. Havia “fontes, cisternas e depósitos de água”, Lev. 11:36, mas não no
deserto onde João Batista pregou. Depois da introdução da dispensação
evangélica, nada ouvimos sobre os apóstolos batizarem em rios ou de precisarem
de “muita água” para a administração do sacramento do batismo.
20. Em nenhuma das narrativas há um só caso em que se diga qúe João batizou
por imersão. A linguagem empregada tem aplicação natural e exata ao batismo
ministrado por aspersão (o batizando em pé na água pouco funda, e o ministrante
derramando água sobre ele com a mão). Neste caso, as frases “batizou no
Jordão”, “saíram da água”, etc., têm aplicação de igual peso tanto ao batismo por
imersão como por aspersão. Que o batismo de João foi mais
provavelmente ministrado por meio de aspersão vê-se (1) pelo fato de que
era uma purificação feita por um judeu em judeus, e que as abluções judaicas
eram feitas derramando água com as mãos. Era costume geral, e esse costume
tem permanecido até aos nossos tempos. (2) Aspersão ou derramamento é o
modo mais provável, em vista das grandes multidões batizadas por um
só homem. -Mat. 3:5,6; Mar. 1;5; Luc. 3:3-21. (3) As mais antigas obras de arte
cristã ainda existentes representam o batismo de Cristo, ministrado por João,
como ministrado por afusão* -Doctrine ofBaptisms, Parte 2, Cap. 3, do Dr.
Armstrong.
21. Que provas se pode tirar dos casos de batismo cristão mencionados no
Novo Testamento?
Ia. Foi demonstrado acima que o mandamento para batizar é mandamento para
purificar pelo ato de lavar com água, e daí se segue que, mesmo que fosse
provado que os apóstolos batizaram por imersão, isso não provaria que esse
modo particular de lavar é essencial à validade da ordenança, a não ser que fosse
provado também que, segundo as analogias das outras instituições evangélicas,
Deus tornou o mero modo de obedecer a um mandamento tão essencial como
aquilo que Ele manda. Mas é notório que o contrário disso é a verdade. A Igreja
foi organizada e o culto público do evangelho foi ordenado segundo certos
princípios gerais, mas não foram prescritos os pormenores do modo pelo qual se
deveria alcançar esses fins. Cristo instituiu a Ceia à noite, reclinado em
camilha e com pão sem fermento. Contudo, em nenhum desses aspectos é
essencial o “modo”.
2a. Não há de fato um só caso em que a narrativa torne provável que os apóstolos
batizassem por imersão, e em quase todos os casos essa suposição é muitíssimo
improvável.
(1) 0 batismo do eunuco, ministrado por Filipe, Atos 8:26-39, é o único caso que
parece favorecer a teoria da imersão. Entretanto, note-se (a) que a linguagem
empregada por Lucas, mesmo quando a tradução não é muito clara, tem
aplicação tão natural ao batismo efetuado por afusão como por imersão, (b) As
preposições gregas eis, aqui traduzida por à, e ek, aqui traduzida por da, acham-
se empregadas em inúmeros casos a fim de exprimir movimento para ou de
algum lugar - Atos 26:14; 27:34,40. É provável que Filipe e o eunuco
tenham descido com o “carro” até à margem da água. De Filipe também se diz
que desceu “à água” e que saiu “da água”, mas ele certamente não foi imerso, (c)
Na própria passagem que o eunuco estava lendo, Is. 52:15, está escrito que o
Messias, em quem ele cria, iria borrifar “muitas nações”, (d) Lucas informa que
a região estava “deserta”, e até hoje não se descobriu naquele caminho um lugar
com água suficiente para a imersão de uma pessoa.
(2) Todos os outros casos de batismo cristão registrados nas Escrituras trazem
provas positivas contra a imersão. Veja: (a) O batismo dos três mil em Jerusalém
numa só ocasião, no dia de Pentecoste - Atos 2:38-41; (b) O batismo de Paulo -
22. Qual tem sido no passado, e qual é no presente, o uso das igrejas quanto ao
modo de batizar?
Nos primeiros tempos da Igreja Cristã o modo comum foi o de imergir o corpo
nu. Durante alguns séculos batizava-se imergindo três vezes o corpo, ou só se
derramava ou aspergia água na cabeça da pessoa em pé na água. Em casos de
grande perigo de morte, e onde escasseava água, considerava-se válido o
batismo por afusão ou aspersão (Christian Antiquities, de Bingham, Liv. 3, Cap.
11; Ch. Hist., de Neander, vol 1, tradução de Torrey, pág. 310; Ch. Hist., de
Schaff, vol. 2, § 92). A Igreja Grega insiste na imersão. A igreja católica romana
e as igrejas protestantes admitem uma e outra forma (mas em geral praticam a
aspersão). Os costumes modernos favorecem a aspersão. • : - . ■:>
Conf. de Fé, Cap. 28, Seç. 4; Cat. Maior, Perg. 166; Breve Cat., Perg. 95.
Todos aqueles, e somente aqueles, que são membros da Igreja visível devem ser
batizados. Esses são, 1°., os que fazem profissão digna de crédito da sua fé em
Cristo; e, 2°., os filhos cujos pais, ou um deles, são crentes. ■ .
24. No caso dos adultos, quais são os requisitos necessários para o batismo?
Uma profissão digna de crédito da sua fé em Jesus como seu Salvador. Isso é
evidente - Io. Pela própria natureza da ordenança como simbólica de dons
espirituais, e como selo do nosso pacto de que pertencemos ao Senhor. 2o. Pela
prática uniforme dos apóstolos e dos evangelistas - Atos 2:41; 8:37. Para a
resposta completa a esta pergunta, veja abaixo, Cap. 43, Perg. 25, sobre as
condições de admissão à mesa da Ceia do Senhor, que são idênticas às
necessárias para o batismo.
í E segundo esse princípio que Deus sempre tem tratado a raça humana na
economia da redenção. A família, e não o I indivíduo, é a unidade compreendida
em todas as alianças e dispensações. Pode-se notar esse fato em todo o
procedimento de Deus para com Adão, Noé, (Gên. 9:9) Abraão, (Gên. 17:7
e Gál. 3:8) e o povo de Israel (Êx. 20:5; Deut. 29:10-13). Esse i mesmo princípio
continua a reger também a dispensação cristã, como Pedro assevera em seu
primeiro sermão - Atos 2:38,39.
entrada?
3o. Mas a Igreja visível e universal consiste em “todos aqueles que, no mundo
inteiro, professam a religião verdadeira, juntamente com seus filhos, e é o reino
do Senhor Jesus Cristo, a casa e família de Deus, fora da qual não
há possibilidade ordinária de salvação” - Conf. de Fé, Cap. 35, Seç. 2. Este reino
visível Cristo, como Mediador da aliança da graça, instituiu como provisão
administrativa, com o fim de, por meio dele, administrar as provisões dessa
aliança; e este reino, como sociedade externa e visível de pessoas que
se professam cristãs, Ele estabeleceu na aliança que fez com
4o. Cristo tem administrado essa aliança por três modos, ou em três dispensações
sucessivas. (1) No período entre Abraão e Moisés, durante o qual lhe afixou o
selo comprobatório, ratificando a circuncisão. (2) No período entre Moisés e o
Seu advento (porque a lei que lhe foi acrescentada temporariamente não tornou
nula a promessa, mas antes administrou-a de um modo especial, Gál. 3:17,
acrescentou-lhe um novo selo, a Páscoa, emblemática da obra propiciatória da
semente prometida, como exposta na revelação mais clara que então lhe foi
concedida. (3) No período entre Cristo e o fim do mundo, em que, sendo a
promessa explicada por meio de uma revelação muito mais perfeita, os selos
originais se acham substituídos pelo Batismo e pela Ceia do Senhor. Veja abaixo,
Perg. 27.
5o. Segundo o propósito divino, a aliança feita com Abraão abrangia a Igreja
visível de Cristo, e não somente sua posteridade natural em seu caráter de
família ou nação. Isto se vê claramente pelas seguintes ponderações: (1) Nessa
aliança Deus prometeu salvação mediante Cristo e tendo a fé como
condição. Comparar Gên. 12:3 com Gál. 3:8,16; Atos 3:25,26. (2) O sinal e selo
afixado a ela simbolizava bênçãos espirituais e selava a justificação pela fé -
Deut. 10:15,16; 30:6; Jer. 4:4; Rom. 2:28,29; 4:11. (3) A aliança feita com
Abraão como o representante da Igreja visível e universal tinha estas
características: (a) Foi feita com ele como o “pai de muitas nações”, e Paulo
afirma que Deus o constituiu “herdeiro do mundo” e “pai de todos os que
crêem”, Rom. 4:11,13, e que todos os que crêem em Cristo agora, quer judeus
quer gentios, são “descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”,
Gál. 3:29. (b) Continha provisão para que fossem incluídos em seus privilégios
outras pessoas não nascidas como posteridade natural de Abraão - Gên. 17:12.
Multidões de tais prosélitos haviam sido introduzidas dessa forma (na esfera da
aliança) antes do advento de Cristo, e muitos deles achavam-se presentes em
Jerusalém como membros da Igreja em sua forma antiga,
no dia de Pentecoste, procedentes “de todas as nações que estão debaixo do céu”
- Atos 2:5-11.
6o. Está claro que a Igreja assim compreendida nessa aliança administrativa não
é composta só dos eleitos, como tais, e sim consiste na Igreja visível composta
de pessoas que se professam cristãs, e seus filhos, porque, (1) a aliança contém a
oferta do evangelho, inclusive a apresentação de Cristo, e a oferta da salvação
realizada por Ele a todos os homens (todas as famílias da terra), tendo a fé como
condição - Gál. 3:8. Mas isso pertence à Igreja visível e só pode ser administrado
por meio de oráculos inspirados e de um ministério visível. (2) Como fato
incontestável, existia semelhante sociedade visível sob a antiga dispensação; e
sob a nova dispensação, todos os cristãos, sejam quais forem as suas teorias,
procuram tornar realidade o ideal de semelhante sociedade visível, para
conseguirem a comunhão cristã e ministerial. (3) Sob uma e outra dispensação
Cristo entregou à Sua Igreja, como a um reino visível, documentos escritos,
ordenanças sacramentais, instituições eclesiásticas e um ministério que ensina e
governa. Posto que tudo isso tenha por desígnio ministrar as provisões da aliança
da graça e efetuar como seu fim supremo a salvação dos eleitos, é evidente que
sinais e selos visíveis, a palavra escrita e um ministério visível só podem, como
tais, pertencer a uma Igreja visível - Rom. 9:4; Ef. 4:11. (4) No Novo Testamento
dá-se a mesma representação da Igreja, na parábola do joio, etc. -Mat. 13:24-30,
e 47-50; 25:1-13. Ela deveria consistir numa comunidade mista de bons e maus,
de crentes verdadeiros e de outros somente professos, e a separação
deveria efetivar-se só no fim do mundo, “na consumação dos séculos”.
7o. Esta Igreja visível tem sido transmitida e propagada, desde o princípio, de
dois modos: (1) Os que nasceram “estranhos aos concertos da promessa”, ou
“hóspedes dos testamentos (das alianças) da promessa”, e “separados
da comunidade de Israel”, Ef. 2:12, eram introduzidos nessa relação somente
pela profissão de sua fé e pela conformidade
de sua vida. Debaixo da velha dispensação eles eram chamados prosélitos, - Atos
2:10; Núm. 15:15. (2) Todos os nascidos dentro da aliança tinham parte em todos
os benefícios próprios do fato de pertencerem por herança à Igreja visível. A
aliança foi feita com Abraão para si e para os seus “vindouros no decurso das
suas gerações, como aliança eterna”, e por isso eles receberam o sacramento
que era o sinal e o selo dessa aliança. Por isso também o dever de ensinar e de
educar foi imposto na aliança - Gên. 18:18,19; e a Igreja ficou sendo escola ou
instituição de educação, Deut. 6:6-9. De conformidade com essa verdade, Cristo
deu a Seus apóstolos a comissão ou incumbência de fazer discípulos de todas as
nações, batizando-as e ensinando-as - Mat. 28:19,20. Vemos, pois, que a Igreja é
representada sob a figura de um rebanho que inclui cordeiros e ovelhas,
Is. 40:11, e sob a de uma videira de cujos renovos se cuida, podando-se e
cultivando-se a planta infrutífera ou cortando-a, se for de todo imprestável - Is.
5:1-7; Luc. 3:7,8.
27. Como se pode mostrar que a Igreja é idêntica sob as duas dispensações, e
que argumento se pode tirar daí para provar que as crianças, quando filhos de
crentes, devem ser batizadas?
Io. A Igreja, sob ambas as dispensações, tem a mesma natureza e tem em vista o
mesmo fim. A Igreja do Velho Testamento, compreendida na aliança feita com
Abraão, confiava na oferta evangélica de salvação pela fé - Gál. 3:8; Heb., cap.
11. Tinha por fim preparar uma semente espiritual para o Senhor. Por
conseguinte - (1) Seu fundamento era o mesmo - o sacrifício e a mediação de
Cristo. (2) As condições impostas aos membros eram as mesmas, (a) Todo
verdadeiro israelita era verdadeiro crente - Gál. 3:7. (b) Todos os israelitas ao
menos professavam a verdadeira religião. (3) Seus sacramentos simbolizavam e
selavam a mesma graça que os da Igreja do Novo Testamento. A Páscoa, assim
como a Ceia do Senhor, representava o sacrifício de Cristo -1 Cor. 5:7. A
Circuncisão, assim como o Batismo, representava o “despojo do corpo da
2o. Elas têm exatamente o mesmo nome. A expressão ekklesía kyríou, igreja do
Senhor, é a tradução exata para o grego das palavras hebraicas hal Yavé,
traduzidas em nossa versão (a versão utilizada pelo autor) por “congregação do
Senhor”.5 Comparar o Salmo 22:22 com Hebreus 2:12. Vemos, pois,
que Estêvão chamou à congregação do povo de Israel que estava ao pé do Sinai
“a congregação (ou igreja) no deserto” - Comparar Atos 7:38, no grego, com
Êx., cap. 32. Assim também Cristo é a forma grega de Messias, e os anciãos
ou.presbíteros da Igreja do Novo Testamento são idênticos, em função e nome,
aos das sinagogas.
3o. Nos escritos apostólicos não se acha prova alguma de haver sido abolida a
Igreja antiga e de haver sido organizada em lugar dela uma Igreja nova e
diferente. Os apóstolos nunca dizem uma só palavra a respeito de semelhante
organização nova. A preexistência de tal sociedade visível é sempre pressuposta
como um fato. Seus discípulos sempre foram acrescentados à “igreja”, ou à
“corporação” já existente - Atos 2:47. Verdade é que estava abolida a lei
cerimonial de Moisés, por meio da qual o caráter abraâmico da Igreja havia
sido administrado durante cerca de mil e quinhentos anos. Mas Paulo argumenta
que a introdução dessa lei, quatrocentos e trinta anos depois, não podia fazer
nula a promessa, Gál. 3:17, e, por conseguinte, a anulação da lei só podia dar
lugar a uma administração mais perfeita da aliança e a um maior
desenvolvimento da Igreja nela compreendida.
(2) De perfeito acordo com essas profecias, Paulo declara que a Igreja judaica
não foi ab-rogada, mas que os judeus incrédulos foram cortados da sua própria
oliveira e que os ramos gentílicos foram enxertados em seu lugar; e prediz
que chegará o tempo em que Deus tornará a enxertar os judeus na sua própria
oliveira, e não noutra - Rom. 11:18-26. Diz ele também que os gentios
adventícios são feitos cidadãos junto com os judeus crentes, e domésticos de
Deus na antiga família da fé-Ef. 2:11-22.
(3) A aliança que constituiu a Igreja antiga constituiu também a Abraão pai de
muitas nações. A promessa da aliança foi que Deus seria “o seu Deus e o da sua
posteridade depois dele”. Essa aliança abrangia, pois, as “muitas nações”
junto com seu pai Abraão. Por conseguinte, nunca poderia ter sido cumprida
antes do advento do Messias e da abolição da lei restritiva, e a aliança feita com
Abraão, em vez de haver sido substituída pelo evangelho, está só agora
principiando a cumprir-se realmente. Por isso foi que, no dia de
Pentecoste, Pedro exortou a todos a se arrependerem e a que
fossem BATIZADOS, PORQUE A ALIANÇA FEITA COM ABRAÃO
AINDA ERA VÁLIDA para todos os judeus, e para seus filhos, e para todos os
que estavam longe, isto é, os gentios, quantos o Senhor
haveria de chamar a Si - Atos 2:38,39. Por isso é também que Paulo argumenta
com tanta seriedade que, sendo ainda válida a aliança feita com Abraão, por essa
razão, por seus próprios termos, os gentios que criam em Cristo tinham o mesmo
direito que os judeus tinham a um lugar naquela antiga Igreja que nEle tinha o
seu fundamento. “Todas as nações serão benditas em ti. DE SORTE QUE” (ou
ASSIM QUE”), diz Paulo, “os que são da fé são benditos com o crente Abraão”,
e todos os que crêem em Cristo, quer judeus quer gentios, são, segundo
a intenção da aliança, “descendência de Abraão, e herdeiros conforme a
promessa” - Gál:l 3.6-29. E essa promessa foi: “SEREI O TEU DEUS E O DA
TUA DESCENDÊNCIA DEPOIS DE TI”.
batizar as crianças teria sugerido dúvidas quanto ao seu antigo direito na Igreja.
3o. Sendo declarado expressamente que a aliança, com sua promessa, “serei o
Deus do crente e de sua posteridade”, ainda está firme debaixo do evangelho, os
filhos dos crentes têm direito ao selo dessa promessa - Dr. John M. Mason,
Essays on the Church. M
Nosso argumento é que o costume de batizar crianças tem existido (a) desde o
século apostólico, (b) em todas as diversas partes da Igreja Primitiva, (c) sem
interrupção até ao tempo presente, (d) em todas as grandes Igrejas históricas da
Reforma; ao passo que os seus impugnadores (a) tiveram origem depois da
Reforma, (b) cometem geralmente o grave pecado cismático de não permitirem
que os pedobatistas comunguem com eles.
32. Como se deve responder à objeção de que aféé necessária para o batismo? .
,
Os batistas argumentam - ■
Io. Que, tendo o Senhor dito, “Ide, pregai...quem crer e for batizado será salvo;
mas quem não crer será condenado”, Mar. 16:15,16, por isso as crianças não
devem ser batizadas, porque não podem crer.
2o. Que, sendo o batismo o sinal de uma graça espiritual e o selo de uma aliança,
por isso as crianças não devem ser batizadas, por não poderem entender o sinal
nem fazer uma aliança.
2o. A circuncisão era sinal de uma graça espiritual; para que um adulto a
recebesse, exigia-se dele que fizesse profissão de fé; e a circuncisão era também
o selo de uma aliança. Apesar disso, porém, Deus mandou circuncidar as
crianças. A verdade é que a fé é necessária, porém (no caso das crianças) a fé é a
dos pais ou de um deles, representando seu filho. A aliança, da qual o batismo é
o selo, é feita com os pais a favor da criança, a quem se aplica então com
propriedade o selo.
Além disso, devemos estar lembrados de que a criança não é uma coisa, e sim
uma pessoa que nasceu com uma natureza moral má, inteiramente suscetível de
ser regenerada na infância e de receber do Espírito Santo o “hábito” ou estado da
alma do qual a fé é a expressão. Por isso é que Calvino diz (Jnstitutas, Liv. 4,
Cap. 16, § 20): “A semente do arrependimento e também da fé jaz escondida
nelas pela operação secreta do Espírito”.
Não têm aplicação aos dois sacramentos os motivos acima exarados. Vejamos
por quê:
Io. O Batismo é um ato que reconhece e sela o fato de que o batizado pertence à
Igreja; a Ceia do Senhor é um ato comemorativo.
3o. As crianças nunca foram admitidas à Páscoa, enquanto não fossem capazes
de compreender a natureza da ordenança.
4o. Os apóstolos batizaram famílias, mas nunca admitiram famílias, como tais, à
Ceia do Senhor.
“Os filhos daqueles que são membros da Igreja visível devem ser batizados”i?
rm? Cat., Perg. 95; isto é, teoricamente, os filhos cujos pais, ou só um deles, são
crentes “(embora só um deles o seja)”, Conf. de Fé, Cap. 28, Seç. 4; e,
praticamente, “as crianças cujos pais, ou um só deles, professarem fé em Cristo e
obediência a Ele”, Cat. Maior, Perg. 166. Os episcopais, os católicos romanos, os
protestantes do continente europeu e os presbiterianos da Escócia (e antigamente
os deste país - os Estados Unidos da América) seguem o princípio de que
toda pessoa batizada, e não excomungada, sendo ela mesma membro da Igreja
Visível, tem o direito de ter também seus filhos reconhecidos e tratados como
tais. Mesmo quando os pais são incrédulos, os católicos romanos e os episcopais
mandam batizar seus filhos sobre a fé professa de padrinhos.
2o. Padrinhos que não sejam os pais ou tutores efetivos, e que provavelmente
nunca o serão, evidentemente não são os representantes providencialmente
designados da criança, e não estão em condições de cumprir suas promessas.
3o. Aqueles que, tendo sido batizados, não cumprem, pela fé e obediência, seus
votos batismais quando chegados à idade madura, estão ipso facto suspensos os
privilégios da aliança, e por isso (seus pais ou responsáveis) não podem recorrer
a eles a favor de seus filhos.
A EFICÁCIA DO BATISMO
(5) imprime na alma um caráter indelével; (6) abre as portas do céu - Newman,
Lectures onjustification, pág. 257; Cat. Rom., Parte 2, Cap. 2, Pergs. 32-44.
Io. O batismo é meio eficaz de conferir o perdão dos pecados e a graça de Cristo.
3o. Sua eficácia não reside na água, mas sim na Palavra e no Espírito Santo na
Palavra.
Que o rito externo é um mero sinal, uma representação objetiva da verdade por
meio de um símbolo, mas sem ter eficácia alguma além da que é devida à
verdade representada.
38. Qual é a doutrina das igrejas reformadas, e, entre elas, da nossa, sobre
este assunto?
2o. Que o batismo, além de ser um sinal, é também o selo da graça e, por
conseguinte, uma presente e sensível comunicação e confirmação da graça ao
crente que tem o testemunho em si mesmo, e para todos os eleitos é um selo dos
benefícios da aliança da graça, que, mais cedo ou mais tarde, serão comunicados
no tempo que for do agrado de Deus.
3o. Que essa comunicação não é efetuada pela ação do ato sacramental, mas sim
pelo Espírito Santo, que acompanha a Sua própria ordenança.
5o. Que os benefícios comunicados pelo batismo não lhe são peculiares, porém
pertencem ao crente anteriormente ao batismo, ou sem ele, e lhe são muitas
vezes renovados depois.
“Io. Pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida não somente é
oferecida, mas realmente exibida e conferida pelo Espírito Santo àqueles (quer
sejam adultos quer crianças) a quem esta graça pertence.
“3o. Nos casos em que as consegue, o dom não está necessariamente ligado ao
momento da administração da ordenança.
(1) o uso devido da ordenança; (2) o propósito secreto de Deus” -Dr. Hodge.
Fundam essa doutrina numa numerosa classe de passagens das Escrituras, como
sejam: “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar,
purificando-a com a lavagem da água, pela palavra”,* Ef. 5:25,26; “Levanta-te,
e batiza-te, e lava os teus pecados”, Atos 22:16. E também João 3:5; 1 Ped. 3:21;
Gál. 3;27; etc.
Io. Em todo sacramento há duas coisas: (1) um sinal externo e visível; (2) uma
graça interna e invisível, significada pelo sinal. Entre essas duas coisas existe
uma relação sacramental ou simbólica que dá lugar a um modo de falar pelo
Que o batismo não pode ser o único meio, e nem mesmo o meio comum, regular,
de comunicar a graça da regeneração (isto é, de iniciar a alma num estado de
graça), é evidente. Veja -
2o. Essa doutrina é idêntica à dos fariseus, que Cristo e Seus apóstolos
censuraram constantemente - Mat. 23:23-26. Diz o apóstolo Paulo: “Porque em
Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma; mas sim
a fé que opera por caridade”, e “mas sim o ser uma nova criatura” - Gál. 5:6 e
6:15 Veja também Rom. 2:25-29. As Escrituras dizem que somente a fé salva, e
que somente a sua ausência condena-Atos 16:31; Mar. 16:16.
séculos e as comunidades em que essa doutrina tem estado mais arraigada têm
sido os que se tornaram mais conspícuos por sua esterilidade espiritual. -
5o. O grande mal do sistema do qual faz parte a doutrina da regeneração batismal
está em sua tendência de tornar a religião uma coisa de formas externas e
mágicas, de criar e nutrir assim um ceticismo racionalista entre os inteligentes
e uma superstição entre os ignorantes e os mórbidos, como também de efetuar,
entre todas as classes, o divórcio entre a religião e a moralidade.
A NECESSIDADE DO BATISMO
Que ele é, por instituição de Deus, o único meio sine qua non da justificação
(regeneração, etc.), tanto para as crianças como para os adultos. No caso dos
adultos, eles excetuam somente aqueles que formaram o sincero propósito de
receber o batismo sem que, na providência de Deus, lhes fosse possível levá-lo a
efeito. No caso das crianças, não admitem nenhuma exceção.
41. Qual é a doutrina luterana sobre este ponto?
a privação, mas sim o desprezo do batismo, que condena o homem, e (b) pelo
fato de que todas as bênçãos são prometidas sob a condição da fé. (4) O batismo
nem sempre é seguido pela regeneração, e ela nem sempre é precedida pelo
batismo, e os homens podem ser salvos mesmo sem o batismo. (5) Todas
as crianças que se acham dentro da igreja são salvas, mesmo que não sejam
batizadas. (6) Quanto às crianças entre os pagãos, o ponto fica sem decisão,
porque não está revelado, mas nutrem-se esperanças - Conserv. Reform., por Dr.
Krauth, págs. 557564.
Ib., Parte 2, Cap.2, Perg. 33: “Porque, não havendo outro meio de salvação para
as crianças, exceto o batismo,
é fácil entender quanto é enorme a culpa em que incorrem os que permitem que
elas sejam privadas da graça do sacramento por mais tempo do que a
necessidade exige”.
Art. Esmalcalda, Parte 3, Art. 5, “De Batismo” - “O batismo nada mais é do que
a Palavra de Deus junto com a imersão na água, segundo a sua instituição e
mandamento... A Palavra é acrescentada ao elemento e torna-se em sacramento”.
Institutas de Calvino, Liv. 4, Cap. 16, § 26: “Não desejo que me entendam como
que insinuando que se possa desprezar impunemente o batismo. Longe de
desculpar tal desprezo, sustento que com isso se viola a aliança do
Senhor. A passagem (João 5:24) tão-somente mostra que não devemos julgar o
batismo tão necessário que nos leve a supor que todo aquele que não teve
ocasião de obtê-lo tenha perecido”.
Conf. de Fé, Cap. 28; Cat. Maior, Pergs. 165-167; Breve Cat., Pergs. 94 e 95.
Provam-no:
2o. As palavras de Paulo - 1 Cor. 11:25,26: “Fazei isto, todas as vezes que
comerdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e
beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”.
4o. As muitas referências feitas a ela nos escritos apostólicos como de obrigação
perpétua - 1 Cor. 10:16-21; etc.
5o. A prática da Igreja Cristã, toda ela, em todos os seus ramos, desde o
princípio.
Ia. “Ceia do Senhor” - 1 Cor. 11:20. A palavra grega deipnon, traduzida “ceia”,
designava o jantar, ou a refeição principal dos judeus, que se comia de tarde ou
pouco antes do anoitecer, e daí este sacramento recebeu esse nome, tendo
sido instituído na ocasião dessa refeição. Chama-se “do Senhor” porque foi por
Ele instituído, para comemorar Sua morte e significar e selar a Sua graça.
2a. “O cálice de bênção” - 1 Cor. 10:16. O cálice foi abençoado por Cristo, e a
bênção de Deus é agora invocada sobre ele pelo ministro oficiante - Mat. 26:27.
3a. “A mesa do Senhor” - 1 Cor. 10:21. “Mesa”, aqui, por uma figura comum,
representa as provisões postas em cima dela. E a mesa para a qual o Senhor
convida Seus hóspedes e à qual Ele preside.
4a. “A comunhão” -1 Cor. 10:16.0 ato de participar deste sacramento, em que se
dá e se recebe mutuamente, estabelece e exerce a comunhão do crente com
Cristo e, por conseguinte, também a dos crentes uns com os outros, por Cristo.
5a. “O partir do pão” - Atos 2:42. Aqui o ato simbólico do ministro oficiante é
usado para designar o ato completo da celebração. •
Io. “Eucaristia”, de eukaristéo, dar graças. Veja Mat. 26:27. Esta palavra
qualifica com muita propriedade este sacramento como um ofício divino de ação
de graças. E tanto o cálice de ação de graças, com o qual celebramos a graça de
Deus e prometemos ser-Lhe gratos, como o cálice de bênção, ou
cálice consagrado.
porque (2) comemorava o verdadeiro sacrifício de Cristo na cruz; porque (3) era
verdadeiramente um sacrifício de louvor e de ação de graças, Heb. 13:15; porque
(4) no estilo dos antigos, todos os atos religiosos em que se consagrava qualquer
coisa a Deus para a Sua glória e para a nossa salvação eram chamados
sacrifícios.
7o. Missa, (termo derivado do particípio passado do verbo latino mitto, que
significa, entre outras coisas, despedir), é a designação principal usada pela
igreja latina (católica). A derivação mais provável deste termo (em conexão com
o sacramento) é da antiga fórmula de despedir os irmãos reunidos. Quando
estavam concluídos os ritos sagrados, os diáconos diziam em voz alta: “Ite,
missa est”, Ide, despedida está -Turretino, Lib. 19, Quaes. 21.
Seu Espírito, “de modo que aqueles que o recebem dignamente tornam-se
participantes do corpo e do sangue de Cristo, com todos os seus benefícios, não
de uma maneira corporal e carnal, e sim pela fé, para seu alimento espiritual e
crescimento na graça”.
Cristo serviu-Se de pão asmo ou não levedado porque este estava na mesa,
tendo-se acabado de celebrar a Páscoa. Os primeiros cristãos celebravam a
comunhão na ocasião de uma refeição comum, com o pão comumente usado,
que era levedado. Desde o século oitavo, a igreja católica romana tem usado pão
não levedado e manda que se faça uso dele como o único que convém (na
verdade, criou o elemento específico para esse uso, chamado “hóstia”), mas não
o torna essencial (Cat. do Cone. de Trento, Parte 2, Cap. 4, §§ 13 e 14). A
Igreja Grega insiste no uso de pão não levedado, e é deste que a Igreja Luterana
faz uso. As igrejas reformadas, a Igreja Anglicana inclusive, consideram mais
próprio o uso de pão fermentado, por ser o pão da vida comum, e porque, na
Ceia do Senhor, o pão é símbolo de alimento espiritual. O uso do
bolo, introduzido nalgumas de nossas igrejas, é provinciano e arbitrário, e não se
funda nem nas Escrituras, nem na tradição, nem no bom gosto.
O uso dessa palavra no Novo Testamento torna evidente que era propósito dos
escritores sagrados designar por ela o suco fermentado da uva - Mat. 9:17; João
2:3-10; Rom .14.2 , Ef. 5:18; 1 Tim. 3:8; 5:23; Tit. 2:3. ^
A igreja católica romana, fundada na tradição, pleiteia que se deve misturar água
com o vinho (Cat. do Cone■ de rento, Parte 2, Cap. 4, Pergs. 16 e 17). Mas isso
não consta do mandamento, nem está envolvido de nenhum modo na sigoi
maçao simbólica do rito. Que é vinho, e nenhum outro líquido, que se deve usar
ficará evidente para quem ler as palavras a instituição, Mat. 26:26-29, e o que o
Novo Testamento diz sobre o uso dos apóstolos.
11:24. , .
fazem ao sacramento nas Epístolas -1 Cor. 10:16. Todo o ofício é designado pelo
nome deste único ato - Atos 2:42.
No texto grego mais geralmente em uso não consta. Nota de Odayr Olivetti.
que será derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados” -Cat. do
Cone. de Trento, Parte 2, Cap. 4, Pergs.
10. Como se mostra que a distribuição dos elementos entre o povo, e sua
aceitação deles, é parte essencial deste sacramento?
Sendo este sacramento uma “comunhão” (1 Cor. 10:16,17) dos membros uns
com os outros e de todos com Cristo, é um abuso do rito enviar os elementos a
pessoas ausentes da companhia em que é celebrado, e um absurdo a
comunhão particular de ministros ou leigos. Em caso de necessidade, todas as
igrejas reformadas permitem que os seus pastores e presbíteros, acompanhados
de tantos irmãos em Cristo quantos as circunstâncias permitirem, celebrem a
comunhão nas casas de crentes enfermos ou de outro modo incapacitados
de comparecer ao culto público-Gen. Assemb., O. S., 1863, Aíoore^s Digest,
pág. 668.
11. Qual deve ser a natureza dos exercícios praticados durante a distribuição
dos elementos?
“Os sacramentos são selos da aliança da graça” feita entre Cristo e Seu povo, e
na Ceia do Senhor “os participantes dignos real e verdadeiramente recebem e
aplicam a si mesmos Cristo crucificado”, sendo cada crente “feito sacerdote
para Deus” (1 Ped. 2:5; Apoc. 1:6), “tendo liberdade de entrar no santuário pelo
sangue de Cristo” (Heb. 10:19). De tudo isso segue-se necessariamente que neste
sacramento os comungantes devem fazer tudo, sem mediação, na aliança que
fazem com o Senhor.
12. Qual é a doutrina católico-romana sobre este ponto? E como é ela expressa
pelo termo transubstanciação?
Io. A inteira substância do pão fica mudada no mesmo corpo de Cristo que
nasceu da virgem, e se acha agora assentado à destra do Pai no céu, e que toda a
substância do vinho fica mudada no sangue de Cristo.
2o. Que, assim como em sua Pessoa teantrópica a alma não é separável do corpo,
nem a deidade o é da alma, assim também no sacramento a alma e o corpo do
Redentor estão presentes, junto com Sua carne e Seu sangue.
4o. Que esta conversão das substâncias é permanente, de modo que a carne e o
sangue permanecem para sempre e devem ser conservados e adorados como tais.
Baseiam essa doutrina nas Escrituras (Hoc estcorpus meum), na tradição e na
autoridade de certos concílios.
13. Por quais motivos a igreja católica romana recusa o cálice ao povo e só o
concede ao sacerdote oficiante? E qual é sua doutrina sobre “concomitância”?
Io. O único argumento bíblico dos católicos romanos é tirado das palavras da
instituição: “Este é meu corpo” - Mat. 26:26. Os protestantes respondem: “Essa
frase, nesse lugar, quer dizer necessariamente, “este pão representa, ou
simboliza, meu corpo”. Isso é evidente - (1) Porque muitas vezes não se
pode deixar de interpretar assim linguagem semelhante nas Escrituras,e. g., Gên.
41:26- “As sete vacas formosas são* sete anos; as sete espigas formosas também
são sete anos”. Dan. 7:24 - “Os dez cornos serão dez reis” (Figueiredo, aqui
mais de acordo com o hebraico; igualmente a NIV: “Os dez chifres são dez
reis...”. Ez. 37:11: “Estes ossos são toda a casa de Israel”. Mat. 13:19,38 - “Este
é o que foi semeado”; “O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do
reino”. Apoc. 1:20 -“As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete
castiçais são as sete igrejas”. (2) No caso em foco, o fato de Cristo achar-Se
corporalmente presente, assentado à mesa, quando pronunciou as palavras, e o
fato dEle mesmo comer do pão, torna outra qualquer interpretação impossível.
(3) Também o que Cristo disse do cálice torna impossível outra
interpretação: “Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue” - Luc. 22:20.
“Isto (o cálice) é o meu sangue” - Mat. 26:28. Diz o apóstolo Paulo (1 Cor.
10:16) que o cálice é akoinonía do sangue, e que o pão é a koinonía do corpo de
Cristo.
2o. Paulo chama pão um dos elementos, tanto antes como depois da sua
consagração - 1 Cor. 10:16; 11:26-28.
A Vulgata Latina aqui temsunt, são. Figueiredo afastou-se e pôs “denotam”. Nota
do tradutor.
4o. Os sentidos, dentro da esfera que lhes é própria, são uma forma de revelação
de Deus como qualquer outra. Nenhum dos milagres narrados na Bíblia
contradizia os sentidos, mas, ao contrário, a realidade dos milagres
ficava estabelecida pelo testemunho dos sentidos. Veja a transformação da água
em vinho - João 2:1-10, e também Luc. 24:36-43. Mas a doutrina da
transubstanciação contradiz absolutamente os sentidos, porque para a vista, o
cheiro, o sabor e o tato os elementos são pão e vinho depois da
consagração como o eram antes.
5o. Também a razão, na esfera que lhe é própria, é uma forma de revelação
divina; e, posto que outra revelação, quer sobrenatural quer não, possa
transcendê-la, nunca pode estar em contradição com ela. Veja acima, Cap. 3,
Perg. 14. Mas a doutrina da transubstanciação contradiz os princípios da
razão (1) com respeito à natureza do corpo de Cristo, ensinando que, apesar de
ser material, pode estar, sem divisão, no céd e em muitos lugares diferentes deste
mundo ao mesmo tempo. (2) Sustentando que o corpo e o sangue de Cristo estão
presentes no sacramento, sem nenhuma de suas qualidades sensíveis, e que todas
as qualidades sensíveis de pão e de vinho estão presentes, apesar de se acharem
ausentes as substâncias a que elas pertencem. Todavia qualidades não podem ter
existência à parte dos corpos a que pertencem.
Logo, eles afirmam - Io. Que a Pessoa inteira, o corpo e o sangue de Cristo, está
real e corporalmente presente em, com e sob os elementos sensíveis. 2o. Que são
recebidos na boca. 3o. Que tanto o incrédulo como o crente os recebem, com a
ressalva de que o incrédulo os recebe para sua própria condenação.
Por outro lado, eles negam - Io. A transubstanciação, sustentando que o pão e o
vinho permanecem (quanto à sua substância) o que parecem ser. 2o. Que a
presença de Cristo no sacramento é efetuada pelo ministro oficiante. 3o. Que
a presença de Cristo nos elementos é permanente. Afirmam que, sendo
sacramental, cessa quando se conclui o sacramento. 4o. Que o pão e o vinho só
representam o corpo de Cristo. 5o. Que a presença do corpo e do sangue
verdadeiros é “espiritual”, no sentido de ser mediada ou (a) pelo Espírito Santo,
ou (b) pela fé daquele que recebe o sacramento.
Io. Quanto à “presença” da carne e do sangue de Cristo, (1) Sua natureza humana
está somente no céu. (2) Sua Pessoa como D eus-homem é onipresente e,
portanto, está em toda parte e sempre, e a nossa comunhão é com Sua Pessoa
inteira, e não (somente) com Sua carne e sangue. (Veja acima, Cap.lB, Pergs. 13
e 16.) (3) A presença da Sua carne e do Seu sangue no sacramento não é física
nem local, e sim somente pelo Espírito Santo, que pela graça influencia neste
sentido a alma.
2°. Quanto àquilo que o crente come e de que se sustenta, elas (as Confissões)
todas concordam em que não é a “substância”, mas sim a virtude (poder) e a
eficácia do Seu corpo e do Seu sangue, isto é, sua virtude sacrificial,
como quebrado e derramado pelo pecado.
3o. Quanto aos crentes “comerem” esse “corpo e sangue”, elas concordam em
que - (1) Não é de modo algum com a boca. (2) É somente com a alma. (3) E
pela fé, que é a boca ou a mão da alma. (4) Pelo ou mediante o poder do Espírito
Santo. (5) Não se limita à celebração do sacramento, mas acontece sempre que
se exerce fé em Cristo. -Bib. Rep., abril de 1848.
A EFICÁCIA DO SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR
Com respeito à sua finalidade, esta deve distinguir-se nos seguintes atos e
aspectos:
4o. Imperatorium, porque por meio dele alcançamos muitas bênçãos espirituais e
temporais - Pedro Dens, vol. 5., pág. 368.
Io. Não tem fundamento algum nas Escrituras. O apelo para a profecia de
Malaquias e para a relação típica de Melquisedeque com Cristo é patentemente
um absurdo.
3o. O sacrifício de Cristo na cruz foi sacrifício perfeito e, por sua própria
natureza essencial, exclui todos e quaisquer outros-Heb. 9:25,28; 10:10-
14,18,26,27.
4o. Não está em harmonia com as palavras da instituição proferidas por Cristo -
Luc. 22:19; 1 Cor. 11:24-26. O sacramento comemora o sacrifício de Cristo na
cruz, e, por conseguinte, não pode ser, ele mesmo, um novo
sacrifício propiciatório. Pela mesma razão, a essência de um sacramento é
diferente da de um sacrifício. Os dois não podem coexistir na mesma
ordenança. :
6o. Onde há sacrifício deve haver sacerdotes para o oferecerem; mas o ministério
cristão não é sacerdócio. Veja acima, Cap. 24, Perg. 21. v>r; chiv
A teoria luterana quanto a este ponto é que a eficácia do sacramento não está nos
sinais, e sim na Palavra de Deus que os acompanha, e que ela só é operante
quando o comungante tem verdadeira fé. Este efeito é idêntico ao da Palavra e
pela fé inclui os benefícios da comunhão viva com Cristo e todos os frutos dela.
A teoria dá, porém, muita importância à virtude ou poder do corpo e do sangue
verdadeiros, presentes em, com e sob as espécies do pão e do vinho. Este corpo e
seu sangue são recebidos fisicamente tanto pelos incrédulos como pelos fiéis,
mas é só nestes que, pela graça divina, eles se tornam eficazes - Pequeno Cat.,
de Lutero, Parte 5; Conserv. Reform., por Krauth, págs. 825-829.
Io. Somente aqueles que foram verdadeiramente regenerados pelo Espírito Santo
têm as qualificações necessárias, e somente aqueles que professam fé em Cristo
e andam em conformidade com essa profissão devem ser admitidos
à participação na Ceia do Senhor.
2o. Pessoas más ou ignorantes, e as que sabem que nunca foram regeneradas, não
possuem as qualificações necessárias e não devem ser admitidas pelos oficiais
das igrejas - Conf de Fé, Cap. 29, § 8; Cat. Maior, Perg. 173.
3o. Mas, apesar do fato de que há muitos que duvidam que estão em Cristo,
todavia, são cristãos verdadeiros; por isso, se aquele que duvida assim realmente
deseja ser achado em Cristo e apartar-se da iniqüidade, ele deve procurar meios
de resolver as suas dúvidas e, fazendo isso, chegar-se à mesa do Senhor para
receber mais força espiritual - Cat. Maior, Perg. 172.
24. Como se pode provar que, segundo a intenção de Cristo, a Ceia do Senhor
não épara os não renovados?
E evidente que foi instituída somente para os que têm a preparação espiritual
necessária para fazer aquilo que todo comungante professa fazer no próprio ato
de participar do sacramento. Esta ordenança é essencialmente -
25. Que é que a igreja e seus oficiais têm o direito de exigir daqueles que eles
admitem à Ceia do Senhor?
“Os oficiais da igreja são os juizes das qualificações daqueles que eles admitem
à participação nos sacramentos.” Eles “examinarão sobre o seu conhecimento e
piedade aqueles que forem assim admitidos” - Diretório para o Culto, Cap. 9.
Não tendo Deus dado a nenhum desses oficiais o poder de ler o coração, segue-
se que as qualificações das quais eles são juizes são simplesmente as de
conhecimento suficiente, pureza de
vida e uma profissão digna de crédito de fé em Cristo. (Por “digna de fé” não se
entende aquilo que convence, e sim aquilo que se pode considerar como
verdadeiro.) E de seu dever examinar o candidato quanto ao seu conhecimento,
observar a sua vida e indagar a respeito dela, explicar-lhe com fidelidade quais
as qualificações espirituais e internas necessárias para se comungar dignamente,
e ouvir a sua profissão de fé e o seu propósito espirituais. A responsabilidade do
ato fica então com a pessoa que faz a profissão, e não com a sessão ou conselho
da igreja, a cujo fespeito nunca se deve entender que os oficiais passam juízo
sobre as provas apresentadas, ou sobre a validade delas.
26. Qual a diferença que a respeito deste ponto há entre as igrejas presbiteriana
e congregacional?
Entre essas duas corporações de cristãos existe uma diferença em suas opiniões
tradicionais e sua prática a respeito da capacidade, do direito e do dever dos
oficiais das igrejas de formarem e afirmarem um juízo oficial positivo sobre o
caráter interno e espiritual dos que lhes são apresentados para serem admitidos
aos privilégios da igreja. Por uma “profissão digna de crédito” os
congregacionais entendem provas positivas de experiência religiosa tais que
produzam nos oficiais juizes a convicção de que as pessoas admitidas são
regeneradas. Os presbiterianos, porém, entendem por essa frase somente
uma profissão inteligente de verdadeira fé espiritual em Cristo, e que não seja
desmentida pela vida.
crédito e à vida santa de quem pede que seja recebido na igreja. E preciso que
eles determinem negativamente que não há motivo para dizer que ele não é
cristão; mas eles não tomam sobre si a responsabilidade de julgar positivamente
a sua conversão. Esta é a regra presbiteriana de disciplina e, quer se considere
boa ou má, difere muito da dos congregacionais. Na prática, tanto uma regra
como a outra dão lugar a que se fale seriamente à consciência, e as pessoas sem
conhecimento e cuja profissão não seja digna de crédito são excluídas (ou não
são recebidas).
quando se recebe, e nem antes nem depois; e que nas hóstias ou partículas
sagradas, que se guardam, ou sobejam, não fica o verdadeiro corpo do
Senhor; seja anátema”.
Cân. 7 - “Se alguém disser que não é lícito reservar no sacrário a sagrada
eucaristia, mas que imediatamente após a consagração deve ser distribuída
aos circunstantes; ou que não é lícito levá-la aos enfermos pomposamente;
seja anátema”.
Cân. 10 - “Se alguém disser que não é lícito ao sacerdote que celebra, dar a
Comunhão a si mesmo; seja anátema”.
Sessão 21, Cân. 1 - “Se alguém disser que todos e cada um dos fiéis de
Cristo, por preceito de Cristo, e necessidade de salvação, devem receber
ambas as espécies do ss. sacramento da eucaristia; seja anátema”.
Cân. 2 - “Se alguém disser que a santa igreja católica, sem ter justas causas
e razões, se resolvera a conceder a comunhão aos leigos e aos clérigos que
não celebram, debaixo da espécie de pão somente, ou que nisto errara; seja
anátema”.
Cân. 3 - “Se alguém negar que Cristo, todo inteiro, fonte e autor de todas as
graças, se recebe debaixo da espécie só de pão; porque, como muitos
afirmam com falsidade, não se recebe conforme a instituição de Cristo,
debaixo de ambas as espécies; seja anátema”.
Sessão 22, Cân. 1 - “Se alguém disser que na missa não se oferece a Deus
verdadeiro sacrifício; ou que oferecê-lo não é outra coisa do que dar Cristo
a nós para o comun-
Cân. 2 - “Se alguém disser que Cristo não instituiu os apóstolos sacerdotes,
naquelas palavras: fazei isto em minha comemoração; ou que não ordenou
que eles e os demais sacerdotes oferecessem o seu corpo e o seu sangue; seja
anátema”.
Cân. 8 - “Se alguém disser que as missas em que comunga só o sacerdote são
ilícitas... seja anátema”.
que esta recepção virá a ser para seu juízo, a não ser que sejam convertidos e se
arrependam”.
Conf. Escocesa: “E ainda que haja grande distância de lugar entre o Seu corpo
glorificado, que está agora no céu, e nós mortais, que estamos agora na terra,
todavia cremos, apesar disso, que o pão que partimos é a comunhão do
Seu corpo, e que o cálice que abençoamos é a comunhão do Seu sangue... Assim
também confessamos que os crentes, no uso devido da Ceia do Senhor, comem
assim o corpo e bebem o sangue de Jesus Cristo; e cremos firmemente que Ele
permanece neles e eles nEle, e, mais ainda, que se tornam de tal modo carne da
Sua carne e osso dos Seus ossos que, assim como a Deidade dá vida e
imortalidade à carne de Jesus Cristo, assim também a Sua carne quando comida,
e o Seu sangue, quando bebido por nós, conferem-nos os mesmos privilégios”.
Institutas, de Calvino, Livro 4, Cap. 17, § 10: “Em suma, a carne e o sangue de
Cristo alimentam a nossa alma do mesmo modo que o pão e o vinho mantêm e
sustentam a nossa vida corporal... Mas, ainda que pareça coisa incrível que a
carne e o sangue de Cristo, embora tão distantes de nós quanto a lugar, sejam
alimento para nós, lembremos quanto o poder secreto do Espírito Santo excede a
nossa débil capacidade. Aquilo, pois, que o nosso espírito não compreende,
conceba-o a fé; e é que o Espírito Santo une verdadeiramente coisas separadas
pelo espaço. Aquela sagrada comunhão de carne e sangue pela qual Cristo
nos comunica Sua vida, exatamente como se ela penetrasse os nossos ossos e a
nossa medula, Ele testifica e sela em Sua Ceia; e isso Ele não faz apresentando-
nos um sinal vão e vazio, mas o faz exercendo no sacramento uma
Abelardo - 586
Acaso, última prova que mostra ser absurda a hipótese da evolução - 47 Adoção
- 718-724
Adão representou a raça - 423, 424 diferentes sentidos da palavra - 421 doutrina
definida - 421-425 doutrina provada - 422, 423 em que sentido ainda em vigor -
428, 429 natureza da morte prenunciada - 426, 427 partes e condições - 423-
426 selo da aliança - 428 Alogi - 263, 265 Ambrósio de Milão - 123 Amésio -
491, 719
depois do juízo final - 814-816 durante estado intermediário - 774 Anjos - 337-
348 arcanjo - 339 corpos - 341, 342 da guarda - 343
Arminianismo - 125, 128, 300-302, 311, 140-143 vocação eficaz - 622, 628,
631 fé justificadora - 701 perfeiçã - 439 pecado original - 458, 459
exposição - 682-684
exposições autorizadas - 688-690
Batismo - 843-884
a ordem para batizar é uma ordem para lavar, significando purificação - 855,
856 a ordenança é de obrigação perpétua - 845, 846 água o símbolo de
purificação - 843 ,
modo - 852-862
filhos de quem deve ser batizados? - 874,875 Igreja idêntica sob as duas
dispensações - 866-870 Igreja Visível, sua natureza e seu propósito - 863-866
Bevan - 889 ,
Beza - 313, 491 Bickersteth, Rev EH- 774 Bingham - 861, 872 Bissel, E Cone -
76 Blunt - 878
Bruno, Giordano - 62
Bullinger - 898
Bushnell - 586
Butler, Bispo - 58
Catecismos:
perfeição - 738-740, 744, 747 perseverança - 757, 761, 762 purgatório e estado
intermediário - 777-779 regeneração - 682-690 sacerdócio cristão -
554 sacramentos - 825, 826, 828-831, 834-840 sacramentos, sua eficácia - 828,
829 transubstanciação - 890-896, 907-909 Ceia do Senhor - 885-913
Christlieb, Dr - 76
Constantinopla VI - 124
Latrão IV - 893
Milevo - 125
Trento, decretos - 101, 118, 156, 460, 477, 489, 554, 590, 574, 617,625,636,
646,683,684,685,686,688,690,695, 710-
712,714,735,738,739,740,752,757,761,778, 823, 826, 829, 830,
837,844,891,900,904, 907-909 Vaticano, decretos -
102,118,119,120,121,159,601
Westminster - 103, 166, 244, 245, 268, 315, 331, 349, 355, 419,422,426,
431,445,479,492, 501,513,541, 558, 559, 578,591,633,
670,676,678,716,726,755,756,771,795, 805,824,826, 827, 828,837,842,
846,874,877,881, 883, 891,903,912,913 Consciência - 384-388 Consensus:
Genevensis - 168
Tigurinus - 167, 898, 902 '
doutrina romana da relação entre igreja e estado - 601, 602 finalidade de Igreja e
Estado - 603 fins - 597
quando Cristo tomou sobre Si - 597,598 uso de frases “reino de Deus”, “reino
dos céus”, etc.
-598,599 o
Sua “sessão” à direita de Seu Pai - 616, 617 Sua ascensão - 615, 616 Sua
ressurreição - 613-615 Cristo, Seu estado de humilhação - 613-617
até onde eficazes e permissivos - 280 com o uso de meios - 284, 285
consistentes com livre agência do homem - 281, 282 diferem da antiga doutrina
do fatalismo - 280, 281 dificuldades - 269
eternos - 272
incondicionais - 278-280
sabedoria - 198 santidade - 218, 219 simplicidade - 180, 181 soberania - 217,
218 unidade - 183, 226 .
verdade - 216, 217 vontade - 200-204 Deus, Sua existência - 30-32 argumento a
priori - 53-55 argumento bíblico - 52,53 argumento cosmológico - 35
argumento cosmológico, objeções e respostas - 36-38 argumento moral - 48
em que sentido inata e em que sentido intuitiva - 32-34 idéia, até onde se deve
tradição - 31 origem da idéia - 30 teorias antiteístas - 55-63 Deus, decretos de -
Veja decretos Deus, Seus atos classificados - 268, 269 não o autor do pecado -
283, 284 Dick, Dr John - 514 Dollinger - 63
Ceia do Senhor, sua eficácia - 902 sacramentos - 827, 832 batismo e sua eficácia
- 877 Doutrinas, História das - 23 Dualismo - 56, 57 Dwight - 587
Enciclopédia - 11
Episcopais - 134
Episcópio - 138
Etnologia - 15
Eucaristia - 133 : -
Êutico - 534,536
Eutiquianismo - 536
Exegese - 19
Fé - 648-671 :
definida - 648-650
sua relação com teologia - 78, 79 Filosofia Aristotélica - 79 Finney, Prof - 744 '
Gerhard, João - 318, 223, 322 Gess, DrWF- 537, 538 Gibbon - 293
Gladstone, Hon Wm E - 602 Gnósticos - 56, 264 Gomaro - 313, 482 Graça -
126 .
Green, Prof Wm H - 403, 404 Gregório, o Grande - 588 Grotio - 138, 208, 573,
587
■ ::>■ ••nuigdvq >i
Hamilton, Sir Wm - 58, 171, 176, 383, 397, 415 ' • - ■>. t
Hardwicke - 57 Hare, Júlio C - 561
Idealismo - 58, 59
Igreja: ■
Jacobi - 62 Jâmblico - 62
Jansênio - 130 »
Josefo - 403 - ‘
Judeus, futura conversão e restauração - 799, 800 Juízo Final - 801-805 Juízo
Particular - 117 Juliano-125
Kant-79
Macedônio - 233
Malebranche - 352
Martensen - 537
Materialismo - 59-61
Maurice - 70
Maurício - 624
Merecimento:
Missa, doutrina da - 887, 899, 900, 907-909 Moehler - 417 Molina, Luiz - 129,
196
Neo-platônicos - 62, 79
Nestório - 536
Newman, J H - 876
Nicole - 130
Niemeyer, Dr H A - 169
Noeto - 266
-483,484 b: f
perfeição - 572-574
teoria da satisfação - 587, 588
Quenstedt, André - 490, 497, 882, 322 Querubins - 338 Quesnel - 130,
625 Quilianismo - 795-797
Razão: -
diferentes sentidos - 68 ■
eu-
Renan - 70 ' i ■
Ressurreição 782-790
5*í- i
Schaff, Dr Philip - 27, 71, 146, 150, 153, 163, 169, 499, 504, 588,
i 7 í - zwidgisnic' •.ohoitbr.
861,889 Schelling - 61, 62, 70, 79 Schleiermacher - 62, 65, 586 Schwenkfeld -
586
-793,794 ;
- 792, 793
Simbólica - 28
Símbolos doutrinários:
Teodicéia - 329
Teodoto - 135
Teologia:
Tulloch - 56, 71
Turretino, Francisco - 168, 181, 193, 203, 221, 245, 255, 349, 355, 362, 369,
393,431,490,491,496,497,522, 557,628,641,670, 671,692,702,718,719,734,735,
827,844,887 Twisse - 482, 571 Tyler, Prof - 57 Tyndal - 60 - .
Ulrici - 56
Underdonk, Bispo H U - 636 União com Cristo - Veja Cristo Unitários - 134,
234, 265 Universalismo condicional - 580 Updegraff, Caso de - 605 «
Valdenses - 589
Watson, Ricardo - 138, 413, 414, 522, 579, 581, 588, 749
Weeks, Dr W B - 559
Zoroastro - 56 »'• ; *